Disciplina – Sociologia Aplicada para ADM – UFSC 2011/2

Prof Juliana Grigoli

Proposta de abordagem dos Autores Clássicos:

Compreender e analisar o campo de debate das ciências sociais a partir do cruzamento de reflexões sobre os modelos de racionalidade científica e as proposições teóricas desenvolvidas pelos autores clássicos para explicar as diferentes concepções de indivíduo, sociedade e Estado.

O que se pretende é aprofundar o debate sobre esses autores e amadurecer algumas reflexões acerca dos principais conceitos que fundamentaram o campo das ciências sociais.

O positivismo de Augusto Comte

“O amor por princípio, a ordem por base e o progresso por fim.”

O que é o positivismo? Uma diretriz filosófica marcada pelo culto a

ciência e pela sacralização do método científico.

O positivismo expressa um tom geral de confiança nos benefícios da industrialização, bem como um otimismo em relação ao progresso da industrialização, guiado pela técnica e a ciência.

Um dos temas centrais da obra filosófica de Comte é uma reorganização completa da sociedade.

Instituir a ordem de forma soberana, bem como a harmonia entre os indivíduos.

Isto é, reestruturação intelectual das pessoas.

Da obra de Comte, destacam-se 3 partes fundamentais:

A lei dos três estados A classificação das ciências Reforma intelectual da sociedade

Lei dos 3 estados:

Teológica – entendimento dos fenômenos como produzidos pela ação direta e contínua dos agentes sobrenaturais, cuja intervenção arbitrária explica todas as anomalias presentes no universo.

Metafísico – os agentes sobrenaturais são substituídos por forças abstratas, verdadeiras entidades inerentes aos diversos seres do mundo.

Positivo – o espírito humano, consciente da impossibilidade de obter noções absolutas, renuncia a procurar a origem e o destino do universo.

Limita-se a descobrir, a partir do raciocínio e da observação, as leis que efetivamente regem a vida humana e social, suas relações de sucessão e similitude

Características gerais do positivismo:

O objetivo do método positivista de investigação é a pesquisa das leis gerais que regem os fenômenos naturais.

É a elaboração das leis gerais que reside i grande ideal das ciências.

Ver para prever – é o lema da ciência positiva. Nesse sentido o conhecimento científico torna-

se um instrumento de transformação da realidade, do domínio do homem sobre a natureza.

As transformações impulsionadas pelas ciências visam o progresso, subordinado a ordem.

Quais são as características que distinguem o positivismo das demais filosofias?

Senso de realidade – pesquisa dos fatos concretos, deixando de lado a preocupação com mistérios impenetráveis.

Senso de utilidade – conhecimento voltado para o aperfeiçoamento individual e coletivo da sociedade, desprezando as especulações vazias e estéreis.

Senso de certeza – obtenção de conhecimentos capazes de estabelecer a harmonia lógica na mente do próprio indivíduo inserido na sociedade.

Senso de precisão – conhecimento exato da realidade.

Senso organização – sistematizar, organizar, construir de forma metódica o conhecimento humano.

Relatividade – aceitação do conhecimento científico relativos...admite o aperfeiçoamento e ampliação dos conhecimentos humanos.

Émile Durkheim

Marcos históricos:

Instrução laica; Criação do Sindicato dos Trabalhadores; Inovação tecnológica; Desenvolvimento científico ; Desenvolvimento das artes em geral.

Influências teóricas:

Spencer – organicismo inglês; Funcionalismo.

• Durkheim se dedicou a:

• Delimitar o campo de pesquisa e análise da sociologia.

• Definir conceitos e métodos – mensuração e análise das sociedades ocidentais.

• Principais obras – Bibliografia

• Divisão do Trabalho Social• As Regras do Método Sociológico• O Suicídio• Fato social

Formas Elementares da Vida Religiosa Educação e Sociologia

Principais Conceitos: 1 - Fato Social As três características do fato social: Coerção social, exterioridade,

generalização.

2- Consciência coletiva 3- Solidariedade mecânica 4- Solidariedade orgânica 5- Coesão social

Conforme Giddens (1998), Durkheim existem dois níveis de diferentes de interação social – a solidariedade mecânica e a solidariedade orgânica.

Na solidariedade mecânica (modelo das sociedades primitivas – tribais), “cada indivíduo permanece inconsciente de seu isolamento como indivíduo, já que, dominado pela consciente colletive, ele compartilha traços similares com outros membros da sociedade.” (GIDDENS, 1998, p.149).

Já na solidariedade orgânica (modelos das sociedades industriais), o indivíduo e o estabelecimento dos vínculos sociais dependem de sua interação com grupos variados da sociedade, especialmente aqueles criados pela especialização ocupacional na divisão do trabalho.

Não obstante, a sociedade moderna de Durkheim significava muito mais do que uma junção de indivíduos em torno de uma rotina comum e da partilha de valores morais semelhantes.

Era entendida como um complexo social formado de indivíduos e de grupos sociais revestidos por um conjunto de instituições responsáveis pela coesão, harmonia e produção de uma cultura acolhedora e homogeneizante.

Sob essa perspectiva, Durkheim define o Estado como:

“(...) o principal agente de implementação ativa dos valores do individualismo moral; ele era a forma institucional que tomava o lugar ocupado pela igreja nos tipos tradicionais de sociedade. (...) O papel moral específico do Estado democrático não era o de subordinar o indivíduo a ele, mas sim propiciar sua auto-realização. (...) A auto-realização só poderia ocorrer na participação – e por seu intermédio – em uma sociedade na qual o Estado garantisse e levasse adiante os direitos contidos no individualismo moral.” (GIDDENS, 1998, p.131)

Dessa maneira, o Estado é para Durkheim uma instituição responsável por gerenciar as relações sociais e políticas bem como disseminar e manter a harmonia e o diálogo entre os indivíduos e os grupos sociais.

Podemos tomar como exemplo de observação a sua obra Da Divisão do Trabalho Social, na qual analisa os impactos e os resultados da industrialização capitalista nas relações sociais, e ao mesmo tempo, fornece elementos para se pensar num modelo de sociedade organizado de acordo com parâmetros racionais orientados para a garantia do desenvolvimento social.

Para Durkheim a sociedade se assemelha a um organismo humano!

Debate entre as ciências naturais e as ciências humanas......

Relacionado com o processo de validação e legitimação do conhecimento na época – final do século XIX.

A sociedade analisada de maneira: Morfológica – desenho do corpo humano Fisiológica – funcionamento como um organismo

humano. Isto é: Quanto mais fluídico for a interação, a

comunicação e o funcionamento das instituições públicas e privadas de uma dada sociedade, maior será o desenvolvimento, o progresso e a harmonia social.

O desenho do modelo de sociedade de Durkheim se assemelha a configuração de um organismo humano, que depende da boa comunicação e fluidez entre seus órgãos - as instituições, para o bom funcionamento geral do corpo - a sociedade.

Portanto, conclui Durkheim, a evolução e o progresso das sociedades industriais dependem do fortalecimento dos laços de coesão entre os indivíduos e as instituições que seriam as responsáveis por manter a unidade e a coesão social.

O campo de conhecimento que influencia a Administração é mais positiva ou crítica? Como essa teoria chegou para o campo da Administração?

É possível transportarmos essa lógica de entendimento social para compreendermos o universo da Administração?

Como podemos pensar.... os departamento e os processos internos de uma empresa a partir das proposições de Comte e Durkheim? Se assemelham a idéia de um organismo? Existem as patologias dentro de uma empresa? Quais são?