DIQUES E SOLEIRAS DE DIABÁSIO DA FORMAÇÃO … · FIGURA 1: Mapa geológico da região de...

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FIGURA 1: Mapa geológico da região de Piraju-Ourinhos (região SW do Estado de São Paulo), Negri et al. (2006).

Corpos subvulcânicos (diques e soleiras) relacionados à Fm. Serra Geral são abundantes por toda aregião sudoeste do Estado de São Paulo e norte do Estado do Paraná FIGURA 1. Atingem até 200 mde espessura e formam “enxames de diques” que configuram os alinhamentos Guapiara (N45oW) e,subordinadamente, Paranapanema (N70-80oW). Os diques de diabásio de direção preferencial N45Wocorrem nas proximidades de soleiras e cortam os sedimentos pré-vulcânicos, os dacitos (queformam localmente a base da pilha vulcânica) e os basaltos (FOTOS 1, 2, 3 e 4). Aqueles de direçãoNE-SW, além de finos (espessura métrica), aparecem cortando - pelo observado - as vulcânicasácidas (FOTO 05). Diques de composição ácida são subordinados e ocorrem abaixo do contatoinferior dos derrames ácidos. As ocorrências mais espessas (<50 m) foram encontradas na regiãoda Serra da Fartura (FOTO 06). Em todos os casos, a posição dos diques em relação aos derramesde mesma natureza indica que eles podem ter constituído dutos alimentadores.

Francisco de Assis Negri 1; Valdecir de Assis Janasi 2; Tarcísio José Montanheiro 1; Vivian Azor de Freitas 2

1Instituto Geológico – Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São PauloAv. Miguel Stéfano, 3900. CEP 04301-903 São Paulo/SP – negri@igeologico.sp.gov.br

2 Instituto de Geociências, USP, Rua do Lago, 562, 05508-800, São Paulo-SP, vajanasi@usp.br

DIQUES E SOLEIRAS DE DIABÁSIO DA FORMAÇÃO SERRA

GERAL, NA REGIÃO SW DO ESTADO DE SÃO PAULO

As soleiras de diabásio são encontradas ao longo dedescontinuidades, seja no interior das unidades sedimentarespré-vulcânicas ou entre elas, e podem formar corpos dedimensões expressivas, como a Soleira de Fartura (60 Kmextensão x 25 Km largura x 80~150 m espessura), FOTO 7. Apresença de corpos desse tipo encaixados na porção superiorda Fm. Botucatu (FOTOS 8 e 9), ou seja, abaixo do contatocom dacitos (região de Timburi, Tejupá, Piraju e Sarutaiá) ebasaltos (região entre Ribeirão Claro e Jacarezinho) é notável.Na região norte do Paraná e Sarutaiá (SP) é freqüente ocorrersoleiras na interface das Fm. Rio do Rastro-Pirambóia e/ousoleiras de diabásio intrudindo derrames basálticos; emparticular, rocha basáltica de granulação grossa é comum nocontato inferior dos derrames e pode ter sido cristalizadacomo corpo intrusivo.

FOTO 7 - SOLEIRA DE DIABÁSIO –FARTURA / SP

FOTO 2 –DISJUNÇÃO COLUNAR EM DIQUEDE DIABÁSIO - IPAUÇU/SP

As rochas de soleiras diferem dos derramespor sua textura fanerítica fina (~0,3 mm),menor presença de vidro ou materialdevitrificado (FOTOS 10 e 11). Elas podemexibir fenocristais de andesina (<3 mm),clinopiroxênio (até 1 mm) e minerais opacos(<1 mm). Amostras de granulação grossapodem apresentar típicas feições de rochasintrusivas como o intercrescimentogranofírico (Qz + Kfs). Em geral, asamostras de diabásio dos diquescaracterizam-se por apresentarem texturafanerítica equigranular fina (<1 mm), FOTOS12 e 13) e mineralogia idêntica aosderrames e aos diabásios das soleiras, ouseja, uma associação de plagioclásio cálcico,clinopiroxênios, minerais opacos e apatita.No entanto, distinguem-se das soleiras porapresentarem inclusões de vidro que podemformar até 30% da rocha. Geralmente de cormarrom e com cristais esqueléticos demineral opaco distribuídos por toda a suaextensão, o vidro tem inclusões de mineraiscom geometrias indicativas de “quenching”.

Agradecimentos à FAPESP pelo Projeto de Auxílio à Pesquisa (Proc.03/06259-4)

Em relação à geoquímica de rocha total (FIGURA 2), amaioria das amostras de diabásio das soleiras é similar aosbasaltos dos derrames alto Ti tipos Pitanga (Piraju-Ourinhos)e Paranapanema (Ourinhos-Assis e N Paraná). Algumasamostras de soleiras da região de Timburi apresentam teoresmais elevados de Sr, sugerindo afinidade com basalto tipoUrubici, em parte semelhantes aos basaltos aflorantes naregião de Itaí, SP. As amostras dos diques mostram-seligeiramente mais primitivas (MgO > 4,5%; maiores teoresde elementos-traço incompatíveis, como Cr, Ni e Sc) e têmteores de TiO2 menores do que os derrames e soleiras,colocando-as no campo de composição dos basaltos de“médio Ti”, correlacionáveis aos tipos Paranapanema ePitanga, o que também é sugerido por seus teores maisbaixos de Sr.

FOTO 13 -TEXTURA INTERGRANULAR DEDIABÁSIO DE SOLEIRA

FOTO 12 - TEXTURA INTERSETAL DEDIABÁSIO DE DIQUE

FOTO 9 – SOLEIRA DE DIABÁSIO COM ~20m X 2mENCAIXADO EM DERRAME DACÍTICO – IPAUÇU / SP

FIGURA 2: Classificação das rochas básicas, baseado emPeate et al. (1992). Legenda: círculo – amostras de derramesbasálticos; triângulo azul escuro – amostras de diques;losango – azul claro – amostra da soleira de Fartura; losangovermelho – amostras da soleira de Timburi; losango verde –soleira de Ipauçu.

FOTO 05 – DIQUE DE DIABÁSIOCORTANDO DACITO / CHAVANTES-RIBCLARO

FOTO 6

FOTO 1 – DIQUE DE DIÁSIO EM CONTATOCOM ARENITO – RIBEIRÃO CLARO/PR

FOTO 3 – PEDREIRA EM DIQUE DEDIABÁSIO – JACAREZINHO / PR

FOTO 4 – DIQUE DE DIABÁSIOCORTANDO DACITO VÍTREO –OURINHOS / SP

FOTO 8 – SOLEIRA DE DIABÁSIO – ROD.RAPOSO TAVARES, PIRAJU, SP)

FOTO 10 - AMOSTRA DE DIABÁSIO DESOLEIRA – CHAVANTES / SP

FOTO 11 – AMOSTRA DE DIABÁSIO DEDIQUE – ITAÍ / SP

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0 200 400 600 800 1000 1200

Sr (ppm)

Zr/Y

Paranapanema

Pitanga

Urubici