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CCG137 - A RELAÇÃO ENTRE SISTEMAS DE CONTROLE GERENCIAL E
INOVAÇÃO: CAMINHOS DE ESTUDOS DA ÚLTIMA DÉCADA
AUTORIA
SIMONE BORUCK KLEIN UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ
DIONE OLESCZUK SOUTES UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ
Resumo A relevância dos sistemas de controle gerencial (SCG) para as políticas de inovação delineia uma
importante linha de estudos. A inovação em organizações fornece não somente oportunidades de
crescimento e manutenção de mercado, mas, proporciona o adaptar-se ao avanço tecnológico. A
evolução dos sistemas de controle gerenciais tem deixado para trás a exclusividade das informações
financeiras e tem fornecido informações para tomada de decisão, o que abrange informações de
mercado, clientes, concorrentes, processos de produção, informações de previsão e tendências. Diante
deste cenário, este estudo teve como objetivo analisar e categorizar as pesquisas que relacionam
sistemas de controle gerencial e inovação, elencar as variáveis mais estudadas e apresentar os
principais objetivos dos estudos analisados. Foram elencadas categorias que relacionavam estas
temáticas, e assim identificou-se novas oportunidades de estudo. Utilizou-se do método de revisão
sistemática da literatura, com pesquisas nas bases de dados Scopus, Web Of Science e Science Direct,
com palavras-chave em inglês e português. Após a leitura dos títulos e resumos foram selecionados
27 estudos e analisados pelo método da análise de conteúdo (Bardin, 2009), com categorização
temática. As cinco categorias emergentes desta pesquisa foram: Uso de SCG, Fundamentos SCG,
Estratégia, Gestão de Tipos de Inovação e Comportamento Humano. As variáveis que predominaram
os estudos analisados foram: alavancas de controle de Simons (1995), estratégias, inovação
incremental e radical. Verificou-se lacunas de estudo em todas as categorias, poucos estudos
relacionaram o SCG, a inovação e o desempenho financeiro, poucos estudos qualitativos, o que
aponta para muitas oportunidades de pesquisa com esta abordagem epistemológica.
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A RELAÇÃO ENTRE SISTEMAS DE CONTROLE GERENCIAL E INOVAÇÃO:
CAMINHOS DE ESTUDOS DA ÚLTIMA DÉCADA
RESUMO
A relevância dos sistemas de controle gerencial (SCG) para as políticas de inovação delineia
uma importante linha de estudos. A inovação em organizações fornece não somente
oportunidades de crescimento e manutenção de mercado, mas, proporciona o adaptar-se ao
avanço tecnológico. A evolução dos sistemas de controle gerenciais tem deixado para trás a
exclusividade das informações financeiras e tem fornecido informações para tomada de
decisão, o que abrange informações de mercado, clientes, concorrentes, processos de produção,
informações de previsão e tendências. Diante deste cenário, este estudo teve como objetivo
analisar e categorizar as pesquisas que relacionam sistemas de controle gerencial e inovação,
elencar as variáveis mais estudadas e apresentar os principais objetivos dos estudos analisados.
Foram elencadas categorias que relacionavam estas temáticas, e assim identificou-se novas
oportunidades de estudo. Utilizou-se do método de revisão sistemática da literatura, com
pesquisas nas bases de dados Scopus, Web Of Science e Science Direct, com palavras-chave
em inglês e português. Após a leitura dos títulos e resumos foram selecionados 27 estudos e
analisados pelo método da análise de conteúdo (Bardin, 2009), com categorização temática. As
cinco categorias emergentes desta pesquisa foram: Uso de SCG, Fundamentos SCG, Estratégia,
Gestão de Tipos de Inovação e Comportamento Humano. As variáveis que predominaram os
estudos analisados foram: alavancas de controle de Simons (1995), estratégias, inovação
incremental e radical. Verificou-se lacunas de estudo em todas as categorias, poucos estudos
relacionaram o SCG, a inovação e o desempenho financeiro, poucos estudos qualitativos, o que
aponta para muitas oportunidades de pesquisa com esta abordagem epistemológica.
Palavras-chave: Sistemas de Controle Gerencial; Inovação; Revisão Sistemática; Alavancas
de Controle
1 INTRODUÇÃO
A grande competitividade no universo organizacional tem trazido às empresas uma
busca constante por diferencial competitivo. Estes ambientes concorrenciais produzem
necessidade de novos produtos, processos, modelos de negócios e a inovação faz-se um
elemento indispensável nas organizações que buscam participação sustentável no mercado
(Porto et al., 2014). O fenômeno da inovação mostra-se necessário às organizações, pois
permite a sustentabilidade e aderência às necessidades de mercado (Cruz, Frezatti & Bido,
2015).
Os sistemas de controle gerencial (SCG) comumente são associados a processos de
barreira à inovação pois suas características são relacionadas à organizações mecanicistas
(Davila, 2005). Entretanto, pesquisas de estudos empíricos têm mostrado que essa premissa de
efeito negativo dos sistemas de controle gerencial sobre os modelos de inovação não se
confirma (Nisiyama, Oyadomari, 2012). Para estes autores, os sistemas de controle gerencial
(SCG) evoluíram nos últimos vinte anos, partiu-se de instrumentos técnicos e altamente
padronizados para instrumentos estratégicos para a organização.
As influências dos sistemas de controle gerencial (SCG) ocorrem nas organizações e
contribuem no delineamento do perfil da gestão, assim, há necessidade de uma combinação de
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instrumentos flexíveis e ajustados à realidade da organização (Chenhall, Kallunki & Silvola,
2011). Para Otley (1999) os controles formais facilitam a inovação, pois fornecem informações
quanto aos passos da produção, qualidade dos produtos, análises de investimentos, desta forma,
evidenciam necessidades de ajustes constante que fornecem inovações em produtos, processos
ou estratégico.
Diante das necessidades das organizações contemporâneas, a relevância dos sistemas de
controle gerencial (SCG) para as políticas de inovação forma uma importante linha de estudos,
esta relevância busca contribuir tanto para a compreensão conceitual da gestão da inovação,
quanto aos sistemas de controle gerencial (Davila, Foster & Oyon, 2009a). Alguns estudos
destacam-se nesta temática integrada, como o estudo de Simons (1995) que elencou quatro
alavancas de controle e suas características de inovação, o estudo de Chenhall et al. (2011) que
apresentou algumas dimensões facilitadores dos sistemas de controle gerencial (SCG) e a
inovação, que são redes sociais, cultura orgânica e controles formais. O trabalho de Davila
(2009a) que desenvolveu um framework com quatro quadrantes que relacionam o perfil do
sistema de controle gerencial (SCG) com o tipo de inovação potencialmente viável.
Com base nestes estudos precedentes, a questão de pesquisa é: quais as características
dos estudos que relacionam os sistemas de controle gerencial e inovação realizados nos
últimos dez anos? Desta forma, este estudo tem como objetivo analisar e categorizar os estudos
que relacionam sistemas de controle gerencial e inovação, elencar as variáveis mais estudadas
e apresentar os principais objetivos estudados.
Busca-se fornecer contribuições ao campo de estudos de sistemas de controle gerencial
(SCG) ao emergir da literatura uma síntese dos achados nesta linha de pesquisa. Esta proposta
de estudo justifica-se pela necessidade de sintetizar e analisar os estudos que estão sendo
desenvolvidos nesta importante área de pesquisa em sistemas de controle gerencial (SCG), visto
que o fenômeno da inovação é uma realidade inerente ao mundo contemporâneo (Porto et al,
2014). Como contribuições, esta pesquisa visa identificar lacunas em pesquisas já realizadas e
desta forma contribuir com a academia com novas oportunidades de pesquisa.
Além desta introdução, este trabalho estrutura-se pelo referencial teórico que divide-se
em sistemas de controle gerencial e sua relação com a inovação organizacional, no terceiro
capítulo apresenta-se as questões metodológicas, seguido da análise das categorias e discussão
dos resultados da pesquisa e suas conclusões.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Sistemas de Controle Gerencial
Um sistema de controle gerencial tem o objetivo de fornecer informações financeiras e
não-financeiras que visam monitorar eventos de forma sistemática, para auxiliar a organização
no diagnóstico e planejamento de ações futuras. Este conjunto de práticas fornece informações
para tomada de decisões e alinhamento dos objetivos empresariais (Atkinson, Banker, Kaplan,
& Young, 2000; Chenhall, 2003). A manutenção e perpetuidade de uma empresa depende do
auxílio de controles gerenciais adaptados às necessidades de cada organização (Otley, 1999),
isto por que o controle é o processo de medir e avaliar o desempenho de cada setor
organizacional além de orientar as ações corretivas que redirecionam aos objetivos planejados
(Welsch, Hilton & Gordon,1988).
O conjunto dos sistemas de controle gerencial(SCG), exercem duas funções primordiais,
que são controle estratégico e controle gerencial. O primeiro controle é direcionado ao ambiente
externo da organização, já o segundo grupo de sistemas é direcionado ao ambiente interno. Os
controles estratégicos visam direcionar os planejamentos organizacionais, coordenar
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atividades, orientar a visão da alta administração e motivar diretores, já os controles gerenciais,
com foco interno, são voltados a influenciar os empregados a direcionarem seus esforços aos
objetivos organizacionais (Merchant & Van der Stede, 2007).
A mensuração das atividades ou processos e os processamentos de dados formam a
estrutura base dos SCG gerencial, seu uso não é limitado ao uso de recursos, mas também aos
processos, produtos, clientes, fornecedores dentre outros (Atkinson, et al, 2000). Alguns
instrumentos de controle gerencial que se destacam nas organizações encontram-se na
dimensão estratégica como: Balanced Scorecard, Sistema de Gerenciamento de Projeto,
Sistema Orçamentário (Bisbe & Malagueño, 2009), Rolling Forecast, Planejamento
Estratégico, Orçamento de Capital, entre outros (Frezatti, Bido, Cruz & Machado, 2015).
Simons (1995) propõe um sistema com quatro alavancas de controle gerencial: sistemas
de crenças, sistemas de restrições, sistemas de controle diagnóstico e sistemas de controle
interativo. O sistema de crenças visam inspirar e direcionar novas procuras por oportunidades,
ele é um conjunto de crenças explícitas que definem a organização, neste sistema são
divulgados documentos, declarações de missão, valores, propósitos e direcionamento para a
empresa. O sistema de restrições propõem-se a estabelecer limites nos comportamentos
incentivados pelos sistemas de crenças, as restrições normalmente são apresentadas pelo código
de conduta ou documentos com comportamentos normativos. Estes dois primeiros sistemas
formam a base para a gestão de risco estratégico organizacional, e segundo Ferreira e Otley
(2006), formam a dimensão desenho do sistema de controle gerencial, pois constitui técnicas
de controle que a organização utiliza para o planejamento e controle de curto e longo prazo,
avaliação de desempenho, custeio e fornecimento de informações que alimentam o processo de
tomada de decisão.
O sistema de controle diagnóstico constitui os mecanismos que a organização utiliza
para motivar, monitorar e recompensar os funcionários pelo comprimento de metas, eles são os
sistemas que comunicam as variáveis críticas de desempenho e monitoram a implementação
das estratégias planejadas, já o sistema de controle interativo, serve para estimular o
aprendizado organizacional e o nascer de ideias e estratégias para a empresa, isto ocorre, porque
estes sistemas focalizam sua atenção às incertezas estratégicas e no ajuste e alteração desta para
adaptação ao mercado. Estas duas últimas alavancas são configuradas por Ferreira e Otley
(2006) como dimensão uso dos SCG. Esta dimensão visa compreender a maneira como os
gestores utilizam-se das informações, tanto por diagnóstico como por interação.
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Figura 1- Alavancas de Controle: utilização de sistemas inovadores de controle Fonte: Adaptado de Simons (1995) e Ferreira e Otley (2006).
A Figura 1 apresenta as quatro alavancas de controle divida em dimensões desenho (que visa o
planejamento e fornecimento de informações para tomada de decisão) e a dimensão uso (que
fornece a interpretação das informações coletadas tanto para diagnosticar quanto para interagir).
Os SCG são utilizados para aumentar a eficiência, portanto, em vez de apresentarem
características estáticas e formais, estes sistemas devem fornecer dinamismo pois, compõem o
sistema social da organização (Davila, 2005).
2.2 Sistemas de Controle Gerencial e Inovação Organizacional
A inovação é caracterizada como uma alteração que provoca evolução ou involução em
dimensões competitivas, e tem o objetivo de fornecer continuidade à organização (Freeman,
1995). A inovação organizacional é definida por Damanpour e Aravind (2012) como um
desenvolvimento ou uma adoção de novas ideias ou comportamentos, que fornecem produtos,
serviços, tecnologias ou novas práticas à organização como um todo ou parte da organização.
As incertezas quanto ao sucesso do novo produto ou novo processo são inerentes à
inovação, por isto, não sabe-se antecipadamente os resultados da inovação, nem quanto tempo
ou quais recursos são necessários (Manual Oslo, 2005).
A inovação organizacional fornece não somente oportunidades de crescimento e
manutenção de mercado, mas, proporciona o adaptar-se ao avanço tecnológico por mudanças
nos modelos de negócios, e sua gestão (Davila, Epstein & Shelton, 2009b). As inovações podem
classificar-se como incrementais, que formam-se a partir de pequenas mudanças nos produtos
já existentes, nos processos ou tecnologias ou inovações radicais, que tem um caráter
revolucionário e fornece um rompimento das plataformas tecnológicas, ou de processos ou com
novos produtos (Damanpour & Aravind, 2012).
A ligação entre os SCG e a inovação ocorre de maneira contraditória. Tradicionalmente,
os SCG foram associados à organizações mecanicistas o que lhe forneceu um arquétipo de
obstruir processos inovativos nas organizações (Davila, 2005), entretanto estudos empíricos e
a teoria recente tem oferecido um novo enfoque para este efeito negativo existente em SCG e a
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inovação (Davila, 2005). Existem diferentes funções atribuídas aos SCG, a maneira de utilizá-
los pode orientar as organização a inovações, como por exemplo, inovação de produtos
(Malagueño & Bisbe, 2010).
A evolução dos SCG tem deixado para trás a exclusividade das informações financeiras
e tem fornecido informações para tomada de decisão, o que abrange informações de mercado,
clientes, concorrentes, processos de produção, informações de previsão e tendências (Chenhall,
2006). Para Otley (1999) as organizações passam por constantes mudanças e os controles
formais facilitam a inovação por fornecerem informações quanto ao andamento da produção,
qualidade dos produtos, retorno dos investimentos o que destaca as necessidades de ajustes
periódicos tanto nas estratégias quanto nos produtos.
A visão estratégica dos SCG dependem mais da visão do gestor do que de sua própria
natureza, para Hall (2010) o que determina a relevância da informação contábil não é seu
designer em si, mas a interpretação e a utilização destas informações para gestão. A forma de
conduzir os processos gerenciais dependem da personalidade e características comportamentais
dos gestores, que podem ser analisadas pelos estilos de liderança (Abernethy, Bouwens & Lent,
2010).
A pesquisa de Utzig e Beuren (2012) apresenta uma classificação que distingue os
trabalhos que relacionam SCG e inovação. Para as autoras quatro correntes de estudos compõe
a literatura, as características de cada corrente são apresentadas na Tabela 1.
Tabela 1- Distinções entre as pesquisas que relacionam SCG e inovação Escopo teórico Características
Primeira corrente Utiliza a literatura de
gestão de inovação
Minimiza o papel potencial do uso do SCG formal para
influenciar as inovações
Segunda corrente Utiliza as duas linhas de
pesquisa
Vê incompatibilidade entre o uso difundido do SCG formal
com a inovação
Terceira corrente Sistemas de controle
gerencial
Considera a contribuição do SCG para o controlar inovação,
analisar ideias e acompanhar desempenhos
Quarta corrente Sistemas de controle
gerencial
Afirma haver estímulo por parte do SCG para inovação, a
geração e aplicação de ideias pelo uso interativo do SCG
aumenta a capacidade inovativa da organização
Fonte: Elaborado de Utzig e Beuren (2012)
Conforme a classificação apresentada na Tabela 1, a quarta corrente, mostra os SGC
interativos como facilitadores da inovação organizacional. Para Simons (1995), o sistema
interativo objetiva envolver os gestores e subordinados em atividades que estimulem a busca
por novas oportunidades e também com a promoção de aprendizagem organizacional e a
permissão de estratégias emergentes. Este sistema fornece diálogos e atua como eixo de
estrutura à renovação estratégica.
Os estudos dos usos de instrumentos de SCG e suas influências no âmbito da inovação
apresentam argumentos para a utilização ou não destes sistemas, além de relacionarem outras
variáveis organizacionais como tamanho, idade, estratégia e presença de capital de risco
(Davila, 2005). Os SCG tem hoje sua utilidade mais relacionada à visão estratégica da
organização do que décadas atrás, e o papel dos SCG no planejamento, execução e descarte de
estratégias ganhou destaque (Nisiyama & Oyadomari, 2012).
Consoante a esta ideia, Davila, et al. (2009a), desenvolveram um framework que analisa
a inovação e os controle sob a perspectiva da estratégia. Nele, os tipos de inovação incremental
e radical são relacionados a sistemas que o acompanham, tanto na alta administração quanto
com o restante da organização. O quadrante 1 associa o controle tradicional com a inovação
que é oferecida pela alta administração, o quadrante 2 utiliza-se de sistemas que auxiliam no
processo de aperfeiçoamento organizacional como por exemplo Kaizen, Custo-meta, Círculos
de qualidade, sistemas de restrições e neste quadrante as inovações são incrementais, porém
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oriundas da base operacional da organização. No quadrante 3 os sistemas interativos que
ampliam a comunicação da alta gestão com os demais participantes da organização, fornecem
vislumbres das incertezas estratégicas do atual modelo e propicia inovações radicais vindas da
alta administração. No quadro e último quadrante, os sistemas de controle incentivam e
propiciam novas inovações, o que proporciona ações estratégias da base da organização, esta
ação é denominada por Davila et al. (2009a) como empreendedorismo corporativo.
3 METODOLOGIA
Com o objetivo de analisar e categorizar as pesquisas que relacionam sistemas de
controle gerencial e modelos de inovação nas publicações científicas internacionais e nacionais
nos últimos dez anos, este estudo utilizou-se dos procedimentos metodológicos inerentes à
pesquisa de revisão sistemática norteado pelos critérios da Preferred Reporting Items for
Systematic Reviewsand Meta-Analyses (PRISMA), este método constitui-se de um protocolo
sistemático que guia a obtenção dos artigos para futura análise (Mother, Liberati, Tetzlaff &
Altman, 2009). Portanto, o delineamento desta pesquisa constitui-se de pesquisa explicativa,
que utiliza-se de dados secundários, de abordagem qualitativa, e para análise dos dados optou-
se por análise de conteúdo com levantamento de categorias emergindo dos dados ((Cooper &
Schindler 2016; Bardin, 2009).
A consulta ocorreu pelo portal Capes Periódicos, com pesquisas nas bases bibliográficas
da Scopus, Web of Science e Science Direct. A busca utilizou-se das palavras-chave:
“management control systems” AND “innotavion” e foi aplicado um corte temporal dos últimos
10 anos, quanto ao tipo de material artigos revisados por pares, o que resultou em 926 artigos.
A seleção de artigos deu-se pela aplicação do filtro para tópicos, e foram selecionados os
seguintes tópicos: control systems, management accounting, innovation, management control
systems e o resultado apresentou 321 artigos para a primeira análise. Após a leitura dos títulos
e resumos destes artigos, foram selecionados as pesquisas que continham os termos:
management control systems e innovation no título ou no resumo, resultou-se em 21 artigos
para avaliação e análise.
Utilizando-se das mesmas bases bibliográficas, numa segunda etapa a pesquisa foi
realizada com os termos em português: sistemas de controle gerencial AND inovação, com
aplicação do corte temporal de 10 anos e material artigos revisado por pares. A pesquisa
retornou 19 resultados, após a busca pelas palavras-chave no título e resumo foram selecionados
15 artigos.
Como resultado das duas etapas têm-se: 15 artigos nacionais e 21 artigos internacionais.
Foram encontrados 8 artigos repetidos, e 1 editorial, portanto, os estudos selecionados para
análise foram 27 artigos. A Tabela 2 mostra a relação dos periódicos onde se encontram os
artigos selecionados para análise.
Tabela 2- Periódicos e número de artigos identificados
Periódicos n Títulos Autores
Management
Accounting
Research
3 The use of management control systems to manage CSR
strategy: A levers of control perspective
Management control systems across different modes of
innovation: Implications for firm performance
The effects of organic and mechanistic control in
exploratory and exploitative innovations
Arjaliès e Mundy, (2013)
Bedford (2015)
Ylinen e Gullkvist (2014)
International
Journal of
2 Examining the Role of Management Control Systems in
the Creation of an Innovative Culture
Mackey e Deng (2016)
7
Innovation and
Technology
Management
Role of Management Control Systems in Quality,
Innovation and Organizational Performance in Portugal
SMES Companies
Antunes, Quirós, e Justino.
(2018)
Revista de
Administração
Contemporânea (
RAC)
2 Relação entre estratégia de diferenciação e inovação, e
sistemas de controle gerencial.
Estilo de liderança, controle gerencial e inovação: o
papel das alavancas de controle.
Beuren e Margarete Oro
(2014)
Cruz, Frezatti e Bido,
(2015)
Revista de
Administração e
Inovação (RAI)
2 Relação entre uso interativo do sistema de controle
gerencial e diferentes modelos de gestão de inovação
Sistemas de controle gerencial e o processo de inovação.
Utzig e Beuren (2014)
Nisiyama e Oyadomari
(2012)
Brazilian Business
Review
1 A estrutura de artefatos de controle gerencial no
processo de inovação: Existe associação com o perfil
estratégico?
Frezatti, Bido, da Cruz e
Machado (2015)
BAR - Brazilian
Administration
Review
1 Impacts of Interactive and Diagnostic Control System
Use on the Innovation Process
Frezatti, Bido, da Cruz e
Machado (2017)
Global Business
Review
1 Management Control Systems and Hofstede’s Cultural
Dimensions: An Empirical Study of Innovators and Low
Innovators
Chatterjee (2014)
Accounting and
Business Research
1 How control systems influence product innovation
processes: examining the role of entrepreneurial
orientation
Bisbe e Malagueño, (2015)
Accounting,
Organizations and
Society
1 Reasons for management control systems adoption:
Insights from product development systems choice by
early-stage entrepreneurial companies
Davila, Foster e Li, M
(2009c)
Review of
Managerial
Science
1 The effects of the interactive use of management control
systems on process and organizational innovation
Lopez-Valeiras, Gonzalez-
Sanchez e Gomez-Conde
(2016)
Accounting and
Business Research
1 Managing different types of innovation: mutually
reinforcing management control systemsand the
generation of dynamic tension
Curtis e Sweeney (2017)
Asia Pacific
Journal of
Management
1 Environment, governance, controls, and radical
innovation during institutional transitions
Yi, Liu, He e Li, (2012)
Journal of
Business Ethics
1 Environmental Innovation Strategy and Organizational
Performance: Enabling and Controlling Uses of
Management Control Systems
Wijethilake, Munir, e
Appuhami, (2018)
European Journal
of Innovation
Management
1 Exploring management control in radical innovation
projects
Chiesa, Frattini, Lamberti e
Noci, (2009)
Management
Accounting
Research
1 The Levers of Control Framework: An exploratory
analysis of balance
Kruis, Speklé e Widener
(2016)
8
Fonte: dados da pesquisa
Posteriormente, foi realizado um levantamento dos temas que emergiram do portfólio
bibliográfico selecionado, este procedimento de análise temática (Triviños, 1987) envolve a
pré-análise com leitura de cada artigo e os principais achados das pesquisas, a exploração do
material, que consiste em buscar a síntese de convergências e divergências de ideias,
interpretação dos dados, decorre da síntese e identifica-se os temas mais recorrentes, e
apresenta-se categorias temáticas que atribuem significado aos principais achados.
4 RESULTADOS E ANÁLISES
De acordo com o portfólio bibliográfico selecionado nesta pesquisa, emergiram cinco
categorias temáticas que são apresentadas na Figura 1, esta categorização foi resultante da
análise das variáveis investigadas em cada pesquisa juntamente com as perspectivas teóricas
utilizada.
Journal of
Management
Control
1 Innovative management control systems in knowledge
work: a middle manager perspective
Martin-Rios (2016)
International
Journal of
Accounting
Information
Systems
1 Enablers of top management team support for integrated
management control systems innovations
Lee, Elbashir, Mahama, e
Sutton, (2014)
The British
Accounting
Review
1 Looking for leaders: ‘Balancing’ innovation, risk and
management control systems
Gurd e Helliar (2017)
Journal of
Management
Control
1 Management control systems in innovation companies:
a literature based framework
Haustein, Luther, e Schuster
(2014)
Innovar: revista de
ciencias
administrativas y
sociales
1 Innovative culture, management control systems and
performance in small and medium-sized Spanish family
firms
Duréndez, Madrid-Guijarro
e García-Pérez-de-Lema
(2011)
Revista de
Ciências da
Administração
1 Relationship between Enviroment Management
Accounting and Innovation: application Ferreira,
Moulang e Hendro (2010) theoretical model in
companies of Rio Grande do Sul.
Beuren e da Silva Zonatto
(2015)
Revista Universo
Contábil
1 Sistemas de controle gerencial: estudo de caso
comparativo em empresas inovadoras no Brasil
Oyadomari, Cardoso, da
Silva e Perez (2010)
Total 27
9
Figura 1- Categorias Temáticas dos Estudos em SCG e Inovação Fonte: elaborada pelos autores (2018)
As cinco categorias: Uso SCG, Fundamentos SCG, Estratégia Organizacional, Gestão
de Tipo de Inovação e Comportamento Humano, representam uma tentativa de classificação de
caminhos que as pesquisas têm adotado para investigar a relação entre as duas variáveis, SCG
e inovação, que são objeto de análise deste estudo. Na sequência, cada categoria é apresentada
de forma individual e também uma síntese dos objetivos dos estudos que a compõem.
Figura 2- Categoria Uso SCG Fonte: elaborado pelos autores (2018)
A categoria Uso de SCG apresenta os trabalhos que utilizaram-se das alavancas de
controle de Simons (1995) de forma conjunta ou de forma isolada. Alguns trabalhos buscaram
análises do uso interativo de sistemas, que contempla uma das alavancas de controle do modelo
de Simons (1995). Este estudos buscam identificar os efeitos do uso interativo de sistemas de
controle gerencial sobre a inovação organizacional e de processos (Lopes-Valeiras et al, 2016),
A relação entre uso interativo do sistema de controle e diferentes modelos de gestão da
inovação, como modelos intuito, sistemático ou estratégico (Utzig e Beuren, 2014) ou a
influência dos estímulos externos sobre a intensidade do processo de inovação (Frezatti et al.,
2017). Outros estudos, utilizam-se de todas as alavancas para verificar a relação entre SCG e
inovação. O estudo de Kruis et al.(2016), buscou analisar o conceito de equilíbrio entre as
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quatro alavancas e fornecer arranjos para o uso balanceado destes sistemas, em seu estudo
apontou quatro clusters: vigilância estratégica, exploração estratégica, capacidade de resposta
estratégica e estabilidade estratégia, para os autores, estes clusters formam combinações das
alavancas, adaptadas à diferentes realidades organizacionais. Outro importante estudo neste
campo é o estudo realizado por Haustein et al (2014), este artigo de revisão bibliográfica
apresenta um modelo teórico do impacto de onze fatores contingenciais externos e
organizacionais relacionados à inovação nos SCG.
Figura 3- Categoria Fundamentos SCG Fonte: elaborada pelos autores (2018)
A categoria Fundamentos do SCG apresenta três pesquisas, a primeira é de Davila et al,
(2009c) estuda as razões para a adoção de SCG em empresas iniciais além de verificar o ponto
de adoção desses sistemas, a pesquisa de Oyadomari et al (2010), foi uma das poucas pesquisas
de abordagem qualitativa, e buscou identificar como se caracterizam os SCG em três empresas
brasileiras inovadoras e verificar evidências do uso diagnóstico e interativo e também traz o
estudo de Antunes et al (2018) que analisar a relação entre SCG (financeiros e não financeiros)
na gestão da qualidade total e inovação, e os efeitos da SCG no desempenho.
Figura 4- Categoria Estratégia Organizacional Fonte: elaborada pelos autores (2018)
Na categoria Estratégia Organizacional foram elencados os trabalhos que utilizaram-se
dos perfis estratégicos organizacionais, como os trabalhos de Chatterjee (2014) e Frezatti et al
(2015) que analisaram a relação entre SCG, inovação e perfil estratégico das organizações. Dois
estudos utilizaram a relação SCG, inovação e estratégia de diferenciação, buscando verificar se
esta estratégia fornece maior propensão para as organizações inovarem (Beuren & Margarete
Oro, 2014; Mackey & Deng, 2016). Wijethilake et al (2018) avalia o efeito moderador do SCG
entre os fatores ambientais, estratégia de inovação e desempenho organizacional.
11
Figura 5- Categoria Gestão de Tipos de Inovação Fonte: elaborada pelos autores (2018)
A penúltima categoria, Gestão de Tipos de Inovação agrupou os trabalhos que
trouxeram ênfase nas relação dos SCG e diferentes tipos de inovação. A inovação incremental
e radical foi o objeto de estudo da pesquisas de Ylinen (2014), os atores estudaram os efeitos
indiretos de SCG sobre o desempenho de projetos de inovação incremental e radical. Já Curtis
& Sweeney (2017), estudaram a relação entre os sistemas de SCG e a geração de tensão
dinâmica entre os diferentes tipos de inovação, Bedford (2015) examina o uso de sistemas de
controle gerencial e diferentes modos de inovação e os efeitos no desempenho da empresa, e
considera que os diferentes modelos de inovação são potencialmente contrários em sua gestão.
Outros estudos analisaram a relação do SCG, com a inovação radical em empresas Chinesas
(Yi, 2012). O estudo de Chiesa et al. (2009) é um estudo qualitativo que explora abordagens de
controle gerencial distintas em processos de inovação radical que estão em diferentes etapas. O
estudo de Bisbe e Malagueño, (2015), verifica como os sistemas de controle influenciam o
processo de inovação de produto. E o estudo de Duréndez et al. (2011), investigar a relação
entre cultura de inovação, sistemas de controle gerencial e desempenho em pequenas e médias
empresas familiares e não familiares espanholas.
Figura 6- Categoria Comportamento Humano Fonte: elaborada pelos autores (2018)
A última categoria Comportamento Humano, apresenta os estudos que buscaram as
relações entre SCG, inovação e o comportamento dos atores envolvidos. O estudo de Lee et al.
(2014), identifica os fatores habilitadores do suporte à alta gestão para integrar sistemas de
controle gerencial, O estudo de Martin-Rios (2016) analisa as metáforas contextualizadas para
compreender as visões distintas existentes sobre as mudanças no SCG pela média gerência e o
estudo de Gurd e Helliar (2017), verifica o conceito de liderança institucional para explorar
como os líderes equilibram a criatividade e a inovação de produtos com os arranjos
administrativos de SCG e gerenciamento de risco.
12
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os sistemas de controle gerencial fornecem atenção e força de diálogo para toda a
organização, além de proporcionar envolvimento pessoal, apresentação de novos programas,
revisões mensais de planos de ação e progresso e o acompanhar de atividades e de inteligência
de mercado (Simons, 1995). Portanto, os estudos que analisam os SCG tanto de maneira
integrada, quanto com variáveis isoladas mostra-se fundamental nesta era do conhecimento, em
que a inovação é essencial para continuidade organizacional (Cruz et al. (2015).
Destarte, este estudo teve como objetivo analisar e categorizar os estudos que
relacionam sistemas de controle gerencial e inovação, elencar as variáveis mais estudadas e
apresentar os principais objetivos de estudo.
Foram apresentadas cinco categorias que emergiram das temáticas dos estudos que
relacionavam SCG e inovação. Uso de SCG, Fundamentos do SCG, Estratégia, Gestão de Tipo
de Inovação e Comportamento Humano. Buscou-se por intermédio destas categorias demostrar
as principais linhas de estudo que estão sendo realizados assim como identificar lacunas e
oportunidades de estudo futuro.
A limitação desta pesquisa aplica-se a interconexões de temáticas que não foram
possíveis de serem abordadas, pois variáveis estudadas em alguns estudos também
classificavam-se em demais categorias. Optou-se em analisar o escopo principal de cada
pesquisa.
Verificou-se lacunas de estudo em todas as categorias, poucos estudos relacionaram o
SCG, a inovação e o desempenho financeiro. Também foram encontrados somente quatro
estudos qualitativos, o que aponta para muitas oportunidades de pesquisa com esta abordagem
epistemológica visto que a análise das contribuições dos SCG nas organizações
contemporâneas torna-se necessária na busca de melhores desempenhos e continuidade
organizacional.
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