Post on 10-Nov-2018
Diferentes visões da mídia: Albuquerque, Sella, Ramonet e Drucker
Rosa Maria Ferreira Dales Nava(Rede ALCAR/ Unipac-MG)
Resumo Albuquerque, Sella, Ramonet e Drucker publicaram estudos sobre as profundas e
rápidas transformações no mundo contemporâneo, impostas pela globalização, desde a década de 70. Concordam com o óbvio: as tecnologias da informação e da comunicação desencadearam a transformação das civilizações do mundo. Em diferentes visões sobre mídia, economia e sociedade analisam a substituição da era industrial e da chamada sociedade de consumo pela “sociedade da informação”.
INTRODUÇÃO
Refletir sobre estudos midiáticos e globalização justifica-se pela importância de se
entender e se contextualizar inúmeras mudanças que ocorrem em todas as esferas da
sociedade, principalmente no estágio de evolução das mídias digitais. A mídia e a
globalização viraram “bode expiatório” das mazelas do mundo moderno. Como entender as
interfaces entre comunicação e a influência dessa nova configuração econômico-financeira no
mercado internacional, na visão dos teóricos? Como compreender o complexo conjunto de
transformações pelo qual o mundo está passando? O estudo usa o método dialético baseado
em pesquisa bibliográfica. O procedimento utiliza a técnica de análise de opiniões, com a
finalidade de compará-las. (LAKATOS, 1992, 107).
Em seu processo de aceleração, a globalização modifica e condiciona diversas
mensagens e formas de comunicação, inclusive as noções de tempo e de espaço. A velocidade
crescente que envolve as comunicações, os mercados, os fluxos de capitais e tecnologias, as
trocas de idéias e imagens nesse final de século impõem a dissolução de fronteiras.
Discussões intermináveis e tensos diálogos entre o local e o global, cultura, real e virtual, a
ordem e o caos.
A BARRIGA DA BESTA
Até agora, início do século XXI, a televisão detém a primazia de ser considerada a
mais poderosa de todos os veículos midiáticos. Por diversos fatores. Em primeiro lugar pela
abrangência: os aparelhos de TV invadiram os lares. Estão nas salas, nos quartos das
residências, banheiros, nos bares, restaurantes, nos carros, nos aviões, hotéis, pousadas e
pensões, dos mais diferentes níveis sociais. Melhor refletir: onde não há um aparelho de
televisão? A hegemonia eletrônica é facilitada ainda mais pelo fato de que não exige
conhecimentos específicos para operá-la, preparação ou informações sobre e acesso e
manuseio. Não há necessidade de ler catálogos, o que atrai maior número de fãs. O custo
(geralmente financiado) torna o produto cada vez mais acessível. A atração hipnotizante ou
narcotizante, como preferem alguns autores, continua a seduzir cada vez mais.
Desde o advento da TV, críticas severas prognosticam efeitos perigosos na formação
de crianças e adolescentes. Pais e educadores, psicólogos e uma infinidade de especialistas e
religiosos costumam alertar para os chamados “perigos” da TV. Chamada de “babá
eletrônica” pela fascinação exercida nas crianças, a TV recebeu um número infinito de
acusações:
1. de incentivar a violência;
2. de levar telespectadores ao sedentarismo;
3. diagnosticar um futuro lúgubre
Outra questão polêmica seria o papel político e ideológico da utilização dos veículos
midiáticos como aparato do Imperialismo. Há centenas, talvez milhares, de pesquisas e livros
sobre cada um dos temas. Pedrinho Guareschi (1987) indica uma série de estudos
importantes: de Eliseo Verón (1969), de Louis Althusser (1971), Paulo Freire (1972); Mario
Kaplun (1973), de Antonio Pasquali (1975); Luis Ramiro Beltrán e Elisabeth Fox (1975),
Juan Somavia (1976), Armand Mattelart (1978) e Sérgio Caparelli (1980) entre 75 indicações
de bibliografia.
Transmissão via satélite, produção de programas educacionais em massa para países inteiros, a substituição de notícias locais importantes por notícias internacionais ideologicamente feitas ou apresentadas, principalmente como lazer, tudo isso mostra uma dimensão qualitativamente nova, assumida pelos países imperialistas para novas situações (GUARESCHI, 1987, p. 21).
Peter Burke (2004) lembra que a TV já foi denominada “a barriga da besta”. Exageros
à parte, é notório que a proliferação célere dos aparelhos de televisão nos lares do mundo
modificou profundamente os hábitos arraigados nas culturas sociais.
Em 1971, Guareschi alertava que:
os meios de comunicação de massa substituíram a escola e a religião, como aparato ideológico do estado dominante, e são um instrumento extremamente eficiente do imperialismo, para reforço e perpetuação da condição de dependência no interior mesmo das inteligências e da alma dos colonizados (FREIRE, 1972, apud GUARESCHI, 1971, pp. 21-22).
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Os conceitos atuais referentes a canais e programações seguem um modelo implantado há
mais de 50 anos: vale tudo para prender o telespectador num só canal. Este é o conceito linear
de audiência. Os códigos e, principalmente, a linguagem representam um convite à
esquizofrenia. Um exemplo é apresentado por uma emissora de TV a cabo, a E!.
“Vida social zero! Full TV.” Anunciava o canal de TV a cabo E! Entertainment
Television, numa promessa (ou ameaça) para seus telespectadores durante o ano de 2005. O
cardápio da programação é planejado para que o telespectador viva “a” e “de” TV. A
programação apresenta notícias de ricos e famosos e da própria mídia (produções televisivas,
cinematográficas, discos e vídeos digitais) em um show de divulgação da cultura norte-
americana.
Das conjecturas de estudiosos à realidade confessada: no século XXI, a mídia torna-se
orquestra e maestro, monopolizadora da atenção, do ócio e do lazer. Propõe uma pseudo-
interatividade via Internet, ou por telefone para incentivar o uso de celulares com o envio de
mensagens curtas, chamadas torpedos.
A E! Entertainment Television, apesar de anunciar a participação de artistas sul-
americanos e de programas voltados à América Latina, exibe programação com 1% da grade
mensal voltada diretamente aos latinos, em Más E!. Isto, considerando-se que latinos – para
eles - são todos os de fala castelhana. Assim apresentaram o cantor espanhol Alejandro Sanz.
No total, a pauta centra-se, em um percentual de 99%, em olimpianos de Hollywood, sua
vida particular, amores e escândalos, seus sucessos. Porém, se a E! é pura propaganda do way
of life, não mistifica essa intenção. Poucos programas são dublados (cerca de 40%) e do
restante, poucos se apresentam com legendas. Os títulos também não enganam: E! Specials,
Wild On, Life is Great, Behind the Scenes, Extreme Close-Up, Celebrity Homes, Fashion
Files, Hollywood Secrets. Celebrities Uncensored, The E! True Hollywood History, Coming
Atractions e 101 Most Shocking/Starlicious.
Toda a programação gira em tono dos chamados olimpianos. Olimpiano é um termo
consagrado por Edgar Morin (1969, p. 111-115) e publicado no capítulo 10, do livro Cultura
de massas no século XX (O espírito do tempo). Nominação inspirada na frase de Henri
Raymond (1959, p. 1030-1040): “No encontro do ímpeto do imaginário para o real e do real
para o imaginário, situam-se as vedetes da grande imprensa, os olimpianos.” Morin abre o
capítulo com a reflexão de Rosenberg e White:
È provável que, em média, o conhecimento dos americanos a respeito das vidas, dos amores e neuroses dos semideuses e deusas que vivem nas alturas olimpianas de Beverly Hills ultrapasse de muito seus conhecimentos dos negócios cívicos.
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Nesse contexto está, o Big Brother Brasil, ou simplesmente BBB, transmitido no
Brasil pela Rede Globo. Exemplo de reality show, este gênero de programa trabalha o
conceito de olimpianos e da formação de celebridades, baseado na instigante e irresistível
curiosidade popular sobre a intimidade das pessoas. O voyerismo assumido na televisão e
tornado comum pelas novas tecnologias acopladas à internet e celulares. Mania mundial.
A “inserção” do telespectador no programa acontece via telefone e Internet, para dar a
ilusão de inserção na mídia, para acentuar a ligação com os destinos dos personagens. Esses
participantes do jogo aceitam viver uma personagem, armar estratégias e armadilhas para
conquistar o público e os companheiros, na tentativa de permanecer até o final e ganhar certa
quantia em dinheiro, carros – além da exposição televisiva. Não apenas pela curiosidade,
poder opinar sobre destinos completa o ciclo de superioridade do telespectador frente à
vulnerabilidade de cada participante. Vigiá-los, pagar para espreitá-los (opção nos canais de
TV a cabo, pay-per-view) dá ao telespectador um poder semelhante ao de um deus. Condenar
à saída ou permitir sua continuidade no programa é uma ilusão que incentiva milhares de
pessoas a participar. A ilusão completa o ciclo pela linguagem do apresentador: “você decide
quem sai ou fica”. E o telespectador responde, informa qual seu desejo, grava depoimentos e
expõe as razões de sua escolha. Mas, sua opinião será apenas mais uma.
O interesse pelo assunto pode ser medido em busca por reality shows, no site Google, em
25 de abril de 2004. Cerca de 19 milhões de resultados surgiram em 0,38 segundos. Entre
notícias e bloggs, 90% dos resultados falam do Big Brother, 6 % de O Aprendiz e 4% do
programa global Fama.
Novos formatos são testados, a todo momento, pela televisão, em busca do sistema linear
de fidelizar o telespectador. Um deles era a consulta ao público sobre os destinos de
personagens de novela. A Globo inverteu essa fórmula voltando ao modelo antigo: o autor
decide os destinos e comunica à mídia, deixando apenas os detalhes de produção das cenas
em segredo. Isto aconteceu quando permitiu a Agnaldo Silva declarar, em inúmeras
entrevistas, o que aconteceria com a(s) trama(s) da novela Senhora do Destino.
O desenvolvimento de novas tecnologias de comunicação levou à globalização
econômica. A culpa pela crise que se instala nos mais diferentes países é fruto dela. O
desemprego cada dia mais crescente, tendência maior à especialização, mudanças políticas e
políticas de mudanças na maioria dos países. E, nos veículos de comunicação a
espetacularização da violência.
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1 UM GRANDE CAOSCaos, do grego cháos ao latim chaos é termo usado na História da
Filosofia. Nas mitologias e cosmogonias1 pré-filosóficas designava um vazio obscuro e ilimitado que precede e propicia a geração do mundo. Significa ainda: abismo; grande confusão ou desordem.(FERREIRA, 1986, p. 339).
Neste final de milênio, quem governa o mundo? - pergunta Ramonet, em Geopolítica
do caos. Para a geopolítica, adverte o autor, o mundo está em pleno caos.
Do ponto de vista geopolítico, o mundo apresenta o aspecto de um grande caos: por um lado, multiplicação das uniões econômicas regionais (União Européia, NAFTA, Mercosul, APEC...); por outro, renascimento dos nacionalismos, ascensão dos integrismos, Estados divididos, minorias que reivindicam sua independência (RAMONET, 1998, p. 7)
Na verdade, o grande desconforto provocado pela globalização reside na mudança
radical de padrões em todas as áreas. Fato comprovado pelos inúmeros conflitos internos e
externos entre países, de novos tipos de crimes que os avanços tecnológicos, principalmente
via Internet, fazem eclodir como fios incontáveis e inatingíveis no emaranhado tecido social,
nessa teia, www do planeta.
Uma nova configuração de armas voláteis e não palpáveis que podem roubar,
transferir fortunas, propagar sexo ilícito, prostituição, drogas, armamentos que incitam ao
terror e à morte, difundir e propagar vírus destruidores de máquinas.
Nada parece estar a salvo nesse ambiente. Documentos, segredos de Estado, contas
bancárias, receitas de explosivos repousam no etéreo âmbito digital a salvo de regras de
conduta, ética e leis.
O século XXI enfrenta uma nova onda avassaladora: a da cultura midiática. Chamada, no
século passado, de Terceira Cultura ou cultura de massa, essa nova cultura proveniente dos
veículos midiáticos não apenas se projeta e se desenvolve paralela às culturas clássicas como
analisava Morin (1969, p. 16).
A cultura midiática propõe novos valores, reforça outros, impõe modismos, projeta e
inventa novos ídolos, joga outros no ostracismo ou no descrédito. A fama instantânea seduz.
A TV, mais rapidamente que outras mídias, tem o poder de fabricar celebridades.
Um exemplo de poder da mídia está no depoimento de Agnaldo Silva, autor da
telenovela, “Senhora do Destino” (2004 a março de 2005), transmitida pela Rede Globo.
Recordista de público, segundo o IBOPE, a novela alcançou 67 pontos e média de um
universo de, pelo menos, 45 milhões de telespectadores.
1 Cosmogonias é ciência afim da astronomia que trata da origem e evolução do Universo.
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A mídia também é usada na possibilidade de abrandar preconceitos, criar novos hábitos,
enfim novos padrões de “cultura social”, como registrou o autor em depoimentos. Nos jornais,
Silva confessa que não segue a fórmula do “realismo mágico”. Opta por tratar do preconceito
aos nordestinos, exacerba o nacionalismo na fala de suas personagens e enaltece a violenta
Baixada Fluminense. E tenta colocar, mais uma vez, nos lares brasileiros a temática da relação
homossexual.
Ex-militante homossexual, Aguinaldo Silva já havia tentado em outras produções,
colocar um casal homossexual interagindo com protagonistas de suas histórias. Em entrevista
a Daniel Castro, Silva confessa ter acertado desta vez em criar duas personagens certinhas,
responsáveis e cidadãs para que o público as aceitasse.
Folha – O público, que aceitou as lésbicas de sua novela, está mais tolerante com o
homossexualismo?
Silva - O Brasil sempre foi tolerante. Desde a época da colônia. Os cronistas do começo
do século 20, tipo João do Rio, eram homossexuais. Pelo menos o Rio sempre foi uma cidade
muito liberal. Mas, quando você vai abordar um assunto desses numa novela, tem que tomar
certas precauções, porque você não está escrevendo só para o público mais esclarecido, está
escrevendo para o país inteiro. Provavelmente, se as minhas meninas não fossem duas pessoas
tão certinhas, e isso foi proposital, acho que criaria um mal-estar (CASTRO, 2005, p. E 1).
A protagonista Maria do Carmo (Suzana Vieira) com um sotaque entre o nordestino e
o carioca sofre nas mãos da vilã Nazaré (Renata Sorrah). Imitação da realidade extraída das
manchetes de jornais, Nazaré é uma ladra de bebês que deseja ter um filho e um lar, mas “já
prontos”, nascidos de outra mulher. Sofisticada e brega, a personagem provocou o surgimento
de mais de 50 comunidades virtuais na Internet uma delas chamada “Por favor, não matem a
Nazaré“.
Quando os boatos sobre a morte da malvada começaram a circular, cerca de 50
comunidades virtuais pipocaram na Internet. Na rede de relacionamentos Orkut
(www.orkut.com), mais de 100 internautas se uniram para criar o grupo Por favor não matem
a Nazaré. Prova de que o melhor de Senhora do Destino é justamente o que há de pior em
seus personagens, como o mau-caratismo simpático da ladra de bebês (JORNAL DA
TARDE, 10 de março de 2005).
A novela teve chamada destacada na primeira página do Jornal da Tarde (Nazaré, uma
grande miserável) ao lado de manchete sobre a promessa do Governo de reduzir filas no INSS
pela metade. Os índices de audiência provocaram matérias e sinopses em quase todos os
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jornais do país. Porém, a maioria preferiu ignorar o casal homossexual proposto por Silva.
Caso do Jornal da Tarde (SP), Expresso Popular e A Tribuna (Santos-SP).
Assim como os veículos midiáticos re-elaboram novos valores culturais, também,
reforçam estereótipos e dogmas consagrados pela família, pela religião e pela política.
Embora os pessimistas de plantão gostem de preconizar um complô, não há um consenso
entre os veículos que não seja o do consumo, da hierarquização capitalista, da política do
lucro esboçada e reforçada pelos índices dos institutos de pesquisa.
Podemos definir o que não há: os sonhos dos humanistas em associar mídia e educação,
informação e conhecimento, a consciência de cidadania e de valoração de direitos sociais e
deveres, trabalhos e realizações dos media em favor da erradicação do analfabetismo, das
doenças transmissíveis (AIDS, hepatite), de conscientização pela educação, preservação e
recuperação ambientais.
Em Comunicação e poder, Pedrinho Guareschi advertia:
A influência dos meios de comunicação de massa, na legitimação ou criação de novos valores, é levada a termo, principalmente, através de novelas, histórias em quadrinhos, filmes, programas de televisão e programas de rádio. Grande parte das mensagens de programação estrangeira são contra movimentos políticos de base, ou populares, e apóiam ideologias tradicionais. (GUARESCHI, 2001, p. 64)
No início do século XXI a mídia de massa privilegia o voyerismo, a intriga, a fofoca e a
violência. Os programas em tempo real, ou reality shows são programados e editados, sem
que telespectador perceba que está participando de um jogo com um roteiro montado. Um
jogo em que as peças são seres humanos expostos em suas intimidades e fraquezas por um
“significativo” punhado de moedas, ou pelos minutos de fama que poderão mudar suas vidas.
Há um século acompanhamos o desenvolvimento vertiginoso dos veículos midiáticos e
das indústrias culturais. Os veículos midiáticos convergem para sistemas globais de mídia e
monopólios. Os valores humanistas e aspirações igualitárias não estão na pauta dessa indústria
de entretenimento e cultura.
Sem maiores novidades, nos telejornais, os conteúdos mostram uma padronização
globalizada, com modificações apenas nos formatos de apresentadores.
Muitos profissionais, pesquisadores e professores têm analisado as polêmicas questões
de tratamento de notícias e mensagens dos veículos midiáticos. A maioria dos estudos,
geralmente, mostra reflexões e prognósticos, alguns notáveis pela percepção da realidade
atual.
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Como conviver com o estigma preconizado?
No âmbito político, afirma Octavio Ianni (1997,17) que a globalização desafia
radicalmente os quadros de referência da política, como prática e teoria.
Há categorias básicas da ciência política que parecem ter perdido a vigência ou estão necessitando de reelaboração. Dadas as transformações geo-históricas em curso no século XX, são bastante evidentes os desenvolvimentos da transnacionalização, mundialização ou, mais propriamente, globalização.São transformações que não só atravessam a nação e a região, como conformam uma realidade geo-histórica de envergadura global. Uma realidade emergente, mas já bastante evidente e, simultaneamente, carente de categorias interpretativas.
O processo da globalização não atinge pessoas ou países de forma igual. Além de não
ser uniforme, embora se perceba com clareza suas conseqüências na esfera econômica, ele
atinge e influencia todas as áreas.
Ao contrário de Ianni e Ramonet, Aldaíza SPOSATI (1997, 43) diz ser fundamental
refletir sobre o processo da globalização enxergando-se uma certa neutralidade: nem de forma
negativa e nem positiva.
A globalização de valores éticos em relação aos direitos das crianças, aos direitos humanos, ou contra a violência, é altamente positiva. O mesmo pode ser dito sobre o encontro de Istambul, do Habitat II, quando delegações do mundo todo discutiram os valores universais de habitabilidade nos centros urbanos.
Otimista, Sposati acredita que encontros com representantes de todo mundo tornam,
reivindicações humanistas mais representativas e fortes. Reunidos, questionados, expostos à
mídia e por ela. Mas, na verdade, parece pouco expressiva a possibilidade de delegações
formadas por representantes de diversas partes do globo, com objetivos humanitários e
relevantes, que não têm o poder de modificar as estruturas, de legar à globalização
características não tão boas ou não tão ruins. E, concorda com os demais estudiosos ao
lembrar que o processo manifestado na desregulamentação da força de trabalho, na
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diminuição dos patamares de salários, aumento do desemprego “se torna extremamente
perverso”. E conclui que este é o ângulo da globalização das diferenças.
Os contrastes sociais e econômicos geraram a crise social e completa perda dos
paradigmas. Para Avelino (1997, 298-299) a conjuntura atual, econômica, política e social em
todo mundo vem “gestando uma crise histórica a partir de uma idéia particular de mundo
como ‘aldeia global“. A falta de modelos teóricos e políticos, as discrepâncias econômicas e
sociais, somadas com a volatilidade dos mercados, deixaram a todos sem parâmetros. Como
afirma CORSI (1997, 102).
Não haveria mais sentido falarmos em projetos nacionais, que visassem um desenvolvimento com autonomia nacional, pois todos os projetos com esse objetivo, de caráter capitalista ou socialista fracassaram no século XX.Para os neoliberais a crise dos Estados nacionais parece ser a comprovação cabal da superioridade da auto-regulação dos mercados e do fracasso das experiências de capitalismo com mercados regulados pelo Estado e por forças sociais, que predominaram do imediato pós-guerra até meados dos anos 70.
Mas, é justamente a ausência de pressões ideológicas, da opressão bipolar do mundo
pós Guerra Fria, de dogmas e doutrinas que liberaram indivíduos e sociedades, diz Ramonet
(1998). Agora, livres da imposição, Estados, sociedades e especialistas encontram-se diante
do dilema da falta de modelos, de itinerários previamente construídos, de alternativas
planejadas à sombra e de moldes já construídos.
Esse período excepcional corresponde a uma verdadeira mudança de era; isso provoca uma nova angústia do Ocidente, um profundo mal-estar nas sociedades desenvolvidas. Tanto mais que ninguém sabe qual será o aspecto da nova era que está começando. Conforme observação de Alexander King, co-fundador do Clube de Roma: “Estamos no meio de um processo longo e penoso que conduzirá à emergência, sob uma forma ou outra, de uma sociedade global, cuja estrutura provável ainda não é possível imaginar”.(RAMONET, 1998, 15-17).
Se não conhecemos, ainda, o aspecto dessa nova era que se delineia em todas as
sociedades do planeta, mais complicado se torna imaginar essa nova estrutura de “sociedade
global”. Uma sociedade mundial interligada, exposta e conectada pela mídia.
No campo político e econômico, conceitos de soberania nacional são afetados de
várias formas, mas principalmente pelas transferências financeiras e investimentos em todo
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mundo, conhecida por mundialização. As mudanças, em escalas extraordinárias, atingem
áreas especializadas diferentes, de formas complexas e heterogêneas, com conseqüências
ainda não claras. Farias cita a análise de Habermas, que afirma que a “globalização questiona
certas condições essenciais do Direito Internacional clássico, sobretudo a soberania dos
Estados e a separação rigorosa entre política interna e política externa.” (HABERMAS, 1996,
p. 35, apud Farias, 2001, p. 62).
2 O QUE É GLOBALIZAÇÃO
Grande parte dos teóricos explica o termo globalização como o conjunto de
transformações de ordem tecnológica e econômica que define uma crescente interdependência
de todos os povos e países da Terra. Ou o conjunto de transformações na ordem política e
econômica mundial que vem acontecendo nas últimas décadas.
Para Dowbor (2002, p. 146)
Globalização é o conjunto de transformações na ordem política mundial que vem acontecendo nas últimas décadas. O ponto central da mudança é a integração dos mercados numa aldeia global, explorada pelas grandes corporações internacionais. Os Estados abandonam gradativamente as barreiras tarifárias que existiam para proteger sua produção da concorrência dos produtos estrangeiros e abrem-se ao comércio e ao capital internacional. Este processo tem sido acompanhado de uma intensa revolução nas tecnologias de informações. Isso faz com que os desdobramentos da globalização ultrapassem os limites da economia e comecem a provocar uma certa homogeneização cultural entre os países.
O rápido avanço das tecnologias de comunicações, telefones, computadores e televisão
são responsáveis por acelerar ainda mais o processo de globalização. Isso porque, as fontes de
informação também se uniformizam devido ao alcance mundial e à crescente popularização
dos canais de televisão por assinatura e da Internet.
Sobral (2002, p. 140) explica globalização como tendência à unificação dos países.
Numa reestruturação geopolítica sem precedentes.
Globalização é a tendência crescente de unificação de todos os povos da terra, tornando-os cada vez mais interdependentes tanto em termos econômicos quanto socioculturais.
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Os estudos sobre a globalização envolvem um campo multidisciplinar recente, mas os
processos de globalização não são. A maioria dos artigos escritos sobre o assunto declara que
o processo de globalização teve início com o descobrimento da América e no sistema global
da península Ibérica, referindo-se aos navegadores e comerciantes que cruzavam os oceanos
em busca de mercadorias diferenciadas. Um espaço de tempo que conta mais de mil anos.
Os dados mais recentes da globalização são os avanços recentes e ampliação das
inúmeras áreas que são afetadas.
Holgonsi Soares, professor do Departamento de Sociologia e Política da Universidade
Federal de Santa Maria, Rio Grande do Sul, publicou artigo no jornal A Razão, em 27 de
junho de 1997, chamado “Globalização – sobre a desterritorialização”. Diz que um dos
sintomas mais perversos da globalização é a perda de sentido de território, ficando mais
evidente no contexto do trabalho.
As empresas não possuem mais um espaço interior físico, pois esse muda
constantemente. Aparece a redução do emprego regular, que faz o trabalhador passar por
várias outras empresas, serviços e cargos. O desemprego leva o trabalhador a migrar para
outras cidades, estados, países, num ritmo estressante e constante.
Para os multiqualificados, um tempo maior (quem sabe poderão até fixar domicílio); para os desqualificados, migrações aleatórias, e um "alojamento"provisório. O "telecommuter" (trabalhador que não comparece à sede da empresa), trabalha em casa, em escritórios satélites ou em centros de trabalho, apenas acessando ao "servidor"da empresa.Os produtos. Muitas vezes não sabemos onde começou ou terminou a fabricação. Se com um trabalho dignamente remunerado, ou escravo. Matéria-prima, produção, distribuição em mãos diferentes. Do vestuário ao automóvel, um lugar corresponde um pedaço. O mundo globalizado, é o reino das Corporações Transnacionais. O monopólio supera os limites geográficos e está disperso em "n" locais; elas produzem de tudo. Preocupação: gerar necessidades de consumo.(SOARES, 1997)
Explica que o conceito: "desterritorialização" - não se tem mais um ponto de referência
exato. Empresas.Trabalhadores. Produtos. Tudo se torna mundial, e constantemente em
trânsito. A sociedade econômico-financeira vive o momento da certeza da incerteza, segundo
o professor.
Estamos na era da mídia instantânea. O homem em sociedade havia se acostumado a
resolver e viver tudo na questão de espaço: econômico-financeiro, físico, geográfico, sócio-
político, econômico e psicológico.
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O primeiro sinal reconhecido de globalização surgia claro e nítido no ambiente
projetado em sua própria casa, a mídia audiovisual com seus fragmentos ininterruptos de
imagens e "dobrando o espaço sobre si próprio". Na mídia instantânea o homem está em
contato com lugares e situações distantes. A exposição vertiginosa e célere que nos desafia à
compreensão da realidade e de nosso próprio o espaço em relação ao presente.
Toda a sociedade e cada indivíduo se sentem expostos. Para ele a conseqüência é a
desarticulação do sujeito, por não conhecer mais o seu lugar no mundo. O espaço público é
desmontado. Onde antes havia concentração de indivíduos, o que favorecia a ação política,
hoje há dispersão.
A desterritorialização é uma característica da sociedade global que se organiza neste final de século. Dependendo da região, com maior ou menor intensidade. Não se trata de evitá-la, pois é uma realidade, mas sim de como vivenciá-la. Isto é positivo, pois trata-se de um desafio que exige um rompimento com o marasmo e com referenciais ultrapassados que há muito se instalaram nas Ciências Humanas. (...) É a inexatidão nos circuitos do dinheiro, da informação, da comunicação e da vida, que estimulam a desterritorialização, e conseqüentemente, a globalização.
Dizem que a palavra crise tem mais um sentido segundo os ideogramas japoneses:
oportunidade.
2.1 CORPORAÇÕES TRANSNACIONAIS
A globalização é marcada pela expansão mundial das grandes corporações
transnacionais. A cadeia de fast food McDonald’s, por exemplo, possui 18 mil restaurantes
em 91 países. Essas corporações exercem um papel decisivo na economia mundial. Segundo
pesquisa do Núcleo de Estudos Estratégicos da Universidade de São Paulo, em 1994, as dez
maiores empresas do mundo (Mitsubishi, Mitsui, Itochu, Sumitomo, General Motors,
Marubeni, Ford, Exxon, Nissho e Shell) tiveram um faturamento de 1,4 trilhão de dólares.
Esse valor equivale à soma dos PIBs do Brasil, México, Argentina, Chile, Colômbia,
Peru, Uruguai, Venezuela e Nova Zelândia. Outro ponto importante desse processo são as
mudanças no modo de produção das mercadorias.
Auxiliadas pelas facilidades na comunicação e nos transportes, as transnacionais
instalam suas fábricas em qualquer parte do mundo onde existam as melhores vantagens
fiscais, mão-de-obra e matérias-prima baratas.
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Essa tendência leva a uma transferência de empregos dos países ricos – que possuem
altos salários e inúmeros benefícios – para as nações industriais emergentes, como os tigres
asiáticos.
O resultado desse processo é que, atualmente, grande parte dos produtos não tem mais
uma nacionalidade definida. Um automóvel de marca norte-americana pode conter peças
fabricadas no Japão, ter sido projetado na Alemanha, montado no Brasil e vendido no Canadá.
2.1.1 TRANSAÇÕES FINANCEIRAS
Mas não só o setor industrial tem sentido os efeitos da globalização. Também o setor
financeiro sofre profundas modificações e, nas últimas décadas, apresenta um crescimento
explosivo das transações em todo o mundo. O volume de empréstimos internacionais privados
de médio e longo prazos passa de US$ 1,3 trilhão, em 1995. E dobrou em 2006. Para esse
aumento contribuem a maior abertura dos países à entrada de recursos estrangeiros nos seus
mercados de capitais e a sofisticação do sistema financeiro mundial.
Dessa forma, a riqueza acumulada nas nações desenvolvidas não é mais aplicada em
investimentos tradicionais como cadernetas de poupança e imóveis, mas em operações
complexas no mercado de capitais do mundo inteiro.
As transações são agilizadas por inovações nas áreas de telecomunicações e
informática que possibilitam a movimentação quase instantânea do dinheiro entre os
mercados internacionais.
Essa facilidade de migração do capital fortalece o chamado “capital volátil”,
investimentos estrangeiros feitos principalmente em bolsas de valores. Ele é assim chamado
porque, ao primeiro sinal de crise no país, com aumento de risco para investidores, é
transferido para outro mercado. Com isso, contribui para aprofundar a crise.
O capital volátil movimenta transações entre 2 a 3 trilhões de dólares diariamente.
Esse é um dos pontos mais marcantes de uma economia globalizada: o grande fluxo de
capitais voláteis que circulam na esfera financeira na busca de maior lucro.
A fuga repentina de capitais estrangeiros dos mercados emergentes foi responsável por
graves crises financeiras e a conseqüente desaceleração da atividade econômica e tensões na
estrutura social dos países envolvidos.
Segundo Ventura (2004), as principais crises ocorridas na década de 90 aconteceram
no México (1994), Leste Asiático (1997), Rússia (1998), Brasil (1999) e Argentina (2001).
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Para o autor, a análise desses episódios sugere que a crise deflagrada em um país pode
afetar outros países através do fenômeno do contágio.
Há economistas que acreditam que os padrões de contágio são diferenciados pelos
fundamentos econômicos. Outros, porém, não acreditam na existência de um padrão de
contágio, sob a alegação de que a crise se alastra aleatoriamente para outros países sob a
forma de pânico financeiro.
2.2 REVOLUÇÃO TECNOCIENTÍFICA
A rápida evolução e a popularização das tecnologias da informação (computadores,
telefones e televisão) têm sido fundamentais para agilizar o comércio de transações
financeiras entre países.
Em 1960, um cabo de telefone intercontinental conseguia transmitir 138 conversas ao
mesmo tempo.
Atualmente, com a invenção dos cabos de fibra óptica, esse número sobe para 1,5
milhão. Uma ligação telefônica internacional de três minutos, que custava cerca de US$ 200
em 1930, hoje em dia é feita por US$ 2.
O número de usuários da Internet, rede mundial de computadores, é de cerca de 50
milhões e tende a duplicar a cada ano, o que faz dela o meio de comunicação que mais cresce
no mundo. E o maior uso de satélites de comunicação permite que alguns canais de televisão,
como as redes de notícias CNN e BBC e a MTV, sejam transmitidos instantaneamente para
diversos países. Tudo isso permite uma integração mundial sem precedentes.
2.3 DESEMPREGO ESTRUTURAL
A crescente concorrência internacional tem obrigado as empresas a cortar custos, com
o objetivo de obter preços menores e qualidade alta para os seus produtos. Nessa
reestruturação estão sendo eliminados vários postos de trabalho. Uma tendência que é
chamada de desemprego estrutural.
Uma das causas desse desemprego é a progressiva automação de vários setores, em
substituição à mão-de-obra humana. Caixas automáticos tomam o lugar dos caixas de bancos,
19
fábricas robotizadas dispensam operários, escritórios informatizados prescindem de
datilógrafos e contadores.
Nos países ricos, o desemprego também é causado pelo deslocamento das fábricas
para os países com custos de produção mais baixos.
Não há mais compromisso com uma sociedade trabalhadora. A mão-de-obra pode ser
selecionada entre os países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, com vistas ao menor
salário, menos problemas trabalhistas e outros pontos que desagregam as sociedades de
classes enfraquecendo-as nas reivindicações.
Em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, de 28 de março de 2004, Fabio
Schivartche afirma que a globalização, vista do ângulo de um processo de integração da
economia mundial, “está agravando um problema que, em tese, estaria enterrado nos livros de
história: a exploração do trabalho escravo.”
Ele se refere a uma análise de Roger Plant, chefe do Programa Internacional de
Combate ao Trabalho Escravo da OIT (Organização Internacional do Trabalho) e um dos
maiores especialistas do assunto no mundo.
Plant esteve no Brasil para participar de um seminário no Tribunal Superior do
Trabalho. A entrevista de Schivartche foi realizada por telefone. Ele falou com Plant, na
Genebra, Suíça, por telefone e afirmou que as pressão a pressão das empresas multinacionais
nos mercados de trabalho de países subdesenvolvidos “está provocando um aumento da
exploração de trabalho análogo à escravidão.”
Perguntado sobre em quais países o trabalho escravo é mais grave, Plant declarou que
é onde o Estado é diretamente responsável pelo trabalho forçado. Citou Mianmar, antiga
Birmânia, como exemplo e países da Ásia. Segundo ele, resultado de problemas estruturais,
ligados à globalização.
Quando perguntado se a globalização agrava o trabalho no mundo, Plant afirmou que
sim. Para o analista, com a abolição de fronteiras, empresas investem em países onde o
trabalho é mais barato, forçando produtores a reduzir custos.
O resultado imediato é que o produtor decidirá por diminuir o preço da mão-de-obra,
indo a regiões afastadas onde o uso de trabalho análogo à escravidão não é visto e muito
menos punido.
Enquanto isso, os países industrializados estão impondo mais barreiras para a migração legal, mesmo sabendo que há grande demanda por
20
serviços para os potenciais migrantes. Quando há um desequilíbrio entre a oferta e a demanda de mão-de-obra nos subempregos é que o tráfico entra com força e explora o fato de que milhares de pessoas querem deixar seus países em busca de trabalho. (PLANT, IN: SCHIVARTCHE, 2004).
O crescente desemprego tende a empurrar a população pobre para o trabalho escravo,
alimentado-o. Mas, Plant adverte que este não pode ser visto como responsável direto.
“Pessoas em situação vulnerável de pobreza podem estar mais aptas a aceitar qualquer oferta
de trabalho.”
Quando o governo de Fernando Henrique Cardoso divulgou o número provável de
trabalhadores mantidos em regime de escravidão no Brasil falou em 3.000 escravos no país. O
atual governo divulgou nota com um total de 25 mil.
Plant afirma que não discrepâncias nos números. Para ele, “ninguém mentiu. Mas
quanto mais as equipes de fiscalização procurarem, mais vão encontrar.” O trabalho escravo é
uma realidade em todos os países do mundo.Os imigrantes ilegais exercem várias formas de
trabalho forçado. Pelas estatísticas, há um universo de mais de um milhão de pessoas que
trabalham nesta condição. “No Paquistão, há centenas de milhares,” afirma Plant..
2.3. 1 Desemprego absoluto e crônico
A questão do desemprego estrutural é mais visível nos campos das macro e da
microeletrônica. Com a eliminação dos limites técnicos, cada vez mais surgem possibilidades
infinitas de reproduzir os movimentos humanos mais complexos.
O rápido desenvolvimento tecnológico abriu espaço para novas forças produtivas,
ultra-especializadas, nascido como conseqüência do capital transnacional, conhecido como
capital potenciado.
Lima Filho (1997, p. 241) lembra que, principalmente no campo da especialização do
manuseio de máquinas industriais, encontra-se um problema de conseqüências mais
alarmantes. Esse problema, talvez mais agudo, é o da substituição das forças produtivas. Os
setores da indústria pesada “reduto privilegiado das antigas limitações técnicas e
organizacionais” dessas forças passaram pelo chamado “estágio maquinofatureiro” e deram
ao mundo um novo quadro: o desemprego crônico.
21
Numa visão pessimista, Lima Filho (1997, p. 242) acredita que a uma grande parcela
da força de trabalho vai perder seu caráter e, outra, “será jogada, em escala mundial, às várias
gradações sociais da superexploração”.
O trabalho precário, o abandono, o suicídio e a prostituição infantil, assim como a escravidão brotarão por todos os poros da nova civilização. O desemprego, sob o novo capital, além de expansivo, é crônico e seletivo, golpeando ambas as extremidades geracionais da população economicamente ativa. O novo capital produtivo operará, então, ao escapar de seus limites técnicos, a real subsunção do trabalho ao capital, completando, desse modo, as premissas da primeira revolução industrial. (LIMA FILHO, 1997, p. 242).
O mesmo pessimismo latente de Lima Filho expressa Adriano Sella, em Globalização
neoliberal e exclusão social (2002). Para Sella, o desemprego agrava-se porque houve a total
mudança de ideais de vida nas sociedades e, nesta mudança está a diferença, pois o novo
habitat dos povos não é mais a terra, mas sim, as cidades. Nelas, as relações com a
sobrevivência mudaram radicalmente. Se antes o homem buscava a sobrevivência e a paz,
nos centros urbanos precisam de trabalho remunerado e do comércio “para comprar tudo
aquilo de que precisam para sustentar a própria vida”.
O homem urbano teria descolado seus objetivos e trocado a sustentação pela
acumulação.
Então, o objetivo atual da vida econômica não é mais sustentar a vida do povo, mas acumular riqueza, ou seja, lucrar sempre mais. O mercado livre inaugurou uma verdadeira competição entre as pessoas para um conseguir lucrar mais que o outro (SELLA, 2002, p. 33).
3 O BRASIL E A GLOBALIZAÇÃO
Um novo capitalismo se torna global embasado pelo liberalismo.
No Brasil, este cenário só foi percebido no final de 1980, quando “os paradigmas de
capitalismo de mercado e de Estado já estavam sendo configurados pela lógica econômica e
pelo receituário político ancorados na globalização”. (CAVALCANTI, 1999)
O capitalismo brasileiro não se apóia mais no tripé (anos 70) constituído pelo capital
estatal, o capital privado nacional e o capital estrangeiro. O diretor técnico do Instituto
Nacional de Altos Estudos, Inae-Fórum Nacional, Roberto Cavalcanti de Albuquerque,
escreveu “O Brasil e a globalização”, em 1999. (Acessível em www.fundaj.gov.br) afirma
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que a literatura econômica, social e política deste final de século tem, “com inusitada
freqüência, revelado inquietadoras inclinações apocalípticas”.
Albuquerque (1999) afirma que as teorias administrativas contaminaram a política
que navega ao sabor da correnteza da globalização no universo da teoria do pragmatismo: a
política econômica e geral em torno dos resultados. O avanço das tecnologias sublinhou as
superficialidades: resultado é o imediatismo do que aparece.
Na política como na economia perderam-se os parâmetros de identidade. A direita
tende à esquerda e a esquerda passou a criticar sua própria identidade, reconhecendo um
terreno inexplorado: o de fórmulas alternativas. A cena agora, explica Cavalcanti (1999),
pertence às novas tecnologias: microeletrônica, robótica, telemática. A junção delas com
novos modelos de organização produtiva (centrados no toyotismo-ohnismo e inspirados
principalmente no kaisen e no kan-ban como princípios de gestão) abrem uma nova porta de
acesso para o paradoxo de economias sem emprego.
O Brasil, assim como diversos países do mundo, está repleto de sociedades sem
trabalho, ou ocupação, enquanto se tornam mais escassos os empregos formalmente
contratados, estáveis, em tempo integral, gerando salários previsíveis e direitos sociais
legalmente assegurados.
A forma de inserção produtiva própria do fordismo-taylorismo – institucionalizada, ao custo de muitas lutas, pelos estados nacionais contemporâneos – parece destinada à extinção (RIFKIN; GORZ). Porque cada vez menos novos empregos formais e em tempo integral – mais e mais exigentes em conhecimento, criatividade, autogestão, polivalência, capacidade de intercomunicação flexível – vêm abolindo, em quantidade crescente, o velho proletariado – estreitamente qualificado, rotineiro, comandado de cima para baixo, unifuncional, rigidamente conectado em longas linhas de montagem. Porque a reengenharia das empresas está suprimindo empregos técnicos e gerenciais que o novo paradigma de gestão horizontalizada da produção torna supérfluos. Porque tanto empresas quanto governos vêm transferindo, inclusive para firmas individuais ou trabalhadores por conta própria (sem patrão, donos de seus tempos, embora com remunerações menores e sem garantias sociais), tarefas outrora desempenhadas por assalariados no gozo pleno de seus direitos trabalhistas. Ou ainda porque o novo paradigma tecnológico abriga o teletrabalho, a teleconferência, os correios eletrônicos e outros inventos redutores de empregos ou multiplicadores de sua precariedade.
A nova realidade transformou o local de trabalho, os níveis de ocupação e de
desemprego e “parece estar um curso uma desnorteante mutação cultural”.
23
O movimento sindical, com seus quadros minguados, sua relevância e utilidade questionadas, estaria sendo compelido a submeter-se ao patronato – ou, no melhor dos casos, a assumir cooperação mais consentida do que negociada. O desemprego e a precariedade das novas formas de trabalho estariam ameaçando a sobrevivência econômica de muitos, provocando instabilidade, insegurança, incerteza quanto ao futuro – o que, com a matriz axiológica da agonizante sociedade assalariada se mantendo ainda impositiva, viria gerando desencantos, frustrações, as angústias da inutilidade (CAVALCANTI, 1999).
Relembra as reflexões sobre o término da história e o ocaso das ideologias, o fim do emprego
e o adeus ao movimento sindical, o crepúsculo do nacionalismo e o declínio dos estados,
“como os protagonistas-vítimas” das mortes mais recorrentemente anunciadas.
Há boa dose de exagero nessas sombrias previsões. Não sendo, porém, sensato vinculá-las a surpreendente revivescência da mística milenarista, conviria, em primeiro lugar, considerá-las visões hiperbólicas – com forte apelo publicitário – de questões relevantes e atuais. Reconhecer sua dramatização não significa que se deva ignorá-las. E, em segundo lugar, examinar em que medida elas estão associadas ao fenômeno, mais do que econômico, globalização (ALBUQUERQUE, 1999).
Ao ouvir o termo “fim da história,” todos nos lembramos de Fukuyama, que em 1989.
Fukuyama disse que a vitória mundial do liberalismo como “o ponto final da evolução
ideológica da humanidade”, legitimando a “forma final de governo humano” seria
responsável pelo “fim da história”.
Amplamente divulgada, as reflexões pareciam não fazer sentido, no final de década de
80. Chegou, inclusive, a explicar que não se referia ao fim dos acontecimentos, mas, o
término da História, compreendida como “um processo evolutivo único, coerente”,
conduzido, de um lado, pela lógica da ciência moderna ditando “uma evolução universal em
direção ao capitalismo”, prestes a ser alcançada; e, do outro, pela ampla satisfação do desejo
de reconhecimento das pessoas como seres humanos, que já viria sendo propiciada pela
democracia liberal (FUKUYAMA, 1992). As sociedades, os grupos organizados, a política e
a economia parecem estar à deriva e buscam novo paradigma em lugar de esquerda e direita.
Segundo o IBGE, a globalização provocou o desemprego estrutural desde o início da
década de 90, somado ao desemprego conjuntural associado a baixos níveis de crescimento
(1992-3, 1997-8). Em 1996, a taxa de desocupação alcançou 7%, apresentando tendência a
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elevação, e, entre os ocupados (68 milhões), os com relações formais de trabalho
representavam somente cerca de 1/3 (Fonte: IBGE-Pnad, 1996).
Cavalcanti (1999) vê o progressivo enfraquecimento do Estado como instituição,
encargos e recursos que, há longo tempo, estavam sob seu controle. A gestão de economias
nacionais está ficando vez mais complexa devido à crescente emancipação de sua tutela “à
medida que os espaços políticos estatais, limitados por suas fronteiras, não mais coincidem
com espaço econômico globalizado”.
Há uma forte reestruturação da soberania, “seja na dimensão interna, invadida por um
outro império, o do capital desterritorializado”, seja na projeção externa, com a transferência
acordada “de poderes decisórios e de lealdades para instâncias de concertação política e
econômica supranacionais, como blocos macrorregionais, organismos multilaterais”.
No caso do Brasil, a globalização ainda provoca o mal estar das situações indefinidas.
Os mercados de bens, serviços e capitais mundiais liberados induzem a estratégias
desconhecidas e, por isso, temidas. Essa liberalização crescente fomentada pelas próprias
transnacionais beneficiárias configuram novas estratégias empresariais planetárias.
Todo o mercado se apóia, agora, no domínio de tecnologias de ponta; em modelos
informatizados de gestão, inclusive à distância; no acesso fácil aos mercados financeiro e de
capitais; no apelo de marcas e nomes de prestígio, sustentadas por mídia igualmente
globalizada.
As transnacionais não possuem mais sede de comando. Em qualquer ponto do planeta
podem coordenar redes mundiais de fornecedores, plantas de montagem e cadeias de vendas,
dispersas por vários países segundo critérios de localização e regionalização que livremente
estabelecem.
O agente talvez mais incisivo da globalização é o capital financeiro. Anônimo e
desterritorializado, ele se desloca volátil pelo mundo, movido pela telemática, em busca de
maiores interesses.
O capital financeiro tornou-se fluído e instantâneo, descompromissado, atento apenas
à sua existência e multiplicação. Não há mais as regras conhecidas. Especulativo, rejeita
regras, ignora fronteiras. Vê apenas o lucro. Se há riscos ele mergulha no espaço digital das
redes para buscar melhores oportunidades de lucro. Sob a percepção deste conjunto de
transformações, o Brasil busca uma inserção mais autônoma e dinâmica da economia no
mercado mundial.
4 NOVOS EMPREGOS
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O fim de milhares de empregos, no entanto, é acompanhado pela criação de outros
postos de trabalho. Novas oportunidades surgem, por exemplo, na área da informática, com o
surgimento de um novo tipo de empresa, as de “inteligência intensiva”, que se diferenciam
das indústrias de capital ou mão-de-obra intensivas.
A IBM, por exemplo, empregava 400 mil pessoas em 1990 mas, desse total, somente
20 mil produziam máquinas. O restante estava envolvido em áreas de desenvolvimento de
novos computadores – tanto em hardware como em software -, gerenciamento e marketing.
Mas, a previsão é que esse novo mercado de trabalho dificilmente absorverá os excluídos,
uma vez que os empregos emergentes exigem um alto grau de qualificação profissional.
Dessa forma, o desemprego tende a se concentrar nas classes menos favorecidas, com baixa
instrução e pouca qualificação.
Peter Drucker (2002, p. 15) analisa que estamos vivendo em plena sociedade pós-
capitalista, fruto da globalização tecnológica e econômica. A mudança para a sociedade pós-
capitalista, segundo ele, teve início pouco depois da Segunda Guerra Mundial. Até 1950
vivia-se a sociedade “dos empregados”. Dez anos depois, por volta de 1960, Drucker criou
expressões como “trabalho do conhecimento” e depois, “trabalhador do conhecimento”.
O mesmo autor lembra que publicou em The Age of Descontinuity, o termo “sociedade
de organizações”. Refere-se a essa nova sociedade em que vivemos como usuária de um livre
mercado como mecanismo de integração econômica. Que, para ele, não deverá ser uma
sociedade “anticapitalista” e nem não-capitalista.
Mesmo que algumas instituições do capitalismo sobrevivam, algumas como os bancos,
provavelmente passem a desempenhar papéis bastante diferentes dos que conhecemos hoje.
A sociedade pós-capitalista, entendendo-se assim sua estrutura, sua dinâmica social e
econômica, suas classes e seus problemas sociais apresenta características bem diferentes
daquelas conhecidas profetiza Drucker (2002). Quaisquer que sejam as inovações e
transformações que estão se configurando, o centro de gravidade da sociedade pós-capitalista
é diferente daquele que dominou os últimos duzentos e cinqüenta anos e definiu as questões
ao redor das quais se cristalizavam partidos políticos, grupos e sistemas de valores sociais e
compromissos pessoais e políticos (DRUCKER, 2002, p. 14-18).
Resta lembrar que para os países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, a tragédia
do desemprego e do número crescente de criminalidade resulta da falta de estrutura de
educação para uma nova era. A possibilidade de formação para a nova sociedade globalizada,
tecnológica, altamente especializada e voltada a uma fase completamente nova, depende de
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investimentos em níveis altíssimos. A angústia é lembrar que os índices de analfabetismo e
fome não chegaram sequer a ser minimizados e que o desafio da especialização é o mesmo da
inclusão social numa nova estrutura produtiva.
5 A ERA DO CONHECIMENTO
Ramonet (2001, p.135) afirma que as tecnologias da informação e da comunicação
desencadearam a transformação das civilizações do mundo. Em conseqüência, a era industrial
e a chamada sociedade de consumo são gradativamente substituídas pela “sociedade da
informação”. Mudanças que impõem profundas e rápidas transformações no mundo
contemporâneo, desde a década de 70.
Alguns chegam mesmo a defender que as conseqüências sociais, econômicas e culturais serão muito mais profundas do que as que, em meados do século XIX, tinham sido provocadas pela revolução industrial. Desde agora, setores inteiros da atividade econômica, das finanças, do comércio, do lazer, da pesquisa, da educação, da mídia têm sido profundamente alterados pela explosão das redes eletrônicas, e das tecnologias da multimídia e do digital (RAMONET, 2001, p. 135).
Formar pessoas, capacitá-las para inclusão social passa a ser tarefa prioritária e ao
mesmo tempo contraditória numa sociedade em desenvolvimento ou subdesenvolvida. Nem
se conseguiu a alfabetização e uma nova onda pressiona as nações do chamado terceiro
mundo para um grau de conhecimento mais sofisticado.
O desaparecimento da comunidade da fábrica e a própria necessidade da comunidade
esculpiu novos tipo de cidadania: a do voluntariado, nas escolas, hospitais, nos asilos e em
campanhas. A ausência do sentido de inclusão, ou pertencimento, o desemprego e as crises
econômicas colaboram em todo o mundo para a explosão do surgimento de seitas, crenças e
religiões na linha “auto ajuda”.
Apesar de defender posturas discutíveis da política externa norte-americana, Peter
Drucker (2002, p. 127-132) admite que a cidadania vai ser reestruturada através do setor
social. Mas, Drucker (2002, p. 139-149) ao falar de uma nova “sociedade do conhecimento”
admite que “o conhecimento não custa pouco”. Afirma que “todos os países desenvolvidos
gastam em torno de um quinto do seu PNB (Produto Nacional Bruto) na produção e na
disseminação do conhecimento.”
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Para os países ricos o ensino formal - entendido como a educação dos jovens até que entrem para a força de trabalho - custa menos de um décimo do PNB (custava 2 por cento por ocasião da Primeira Guerra Mundial). Os empregadores gastam outros 5 por cento do PNB na educação continuada dos seus empregados; pode ser mais. E de 3 a 5 por cento do PNB são gastos em pesquisa e desenvolvimento – na produção de novos conhecimentos (DRUCKER, 2002, p. 143).
Japão e Alemanha são citados como exemplo pelo autor de grande investimento para
a formação de capital tradicional, na época do pós-guerra. Mas, a formação de conhecimento
suplanta todos os investimentos feitos pelos países desenvolvidos até agora. Isso porque, cada
vez as nações irão necessitar de pessoas altamente especializadas e de um crescente e
qualitativo avanço em pesquisa e tecnologia.
O retorno que um país ou uma empresa obtém sobre o conhecimento certamente será, cada vez mais, um fator determinante da sua competitividade. Cada vez mais a produtividade do conhecimento será decisiva para seu sucesso econômico e social e também para seu desempenho econômico como um todo. E sabemos que existem diferenças tremendas na produtividade do conhecimento – entre países, entre indústrias e entre organizações individuais (DRUCKER, 2002, p. 143).
Essa nova sociedade que se configura não parece possível a um curto prazo de tempo
para países em desenvolvimento e subdesenvolvidos. Os efeitos de exclusão e desemprego
estes sim já se fazem sentir incisivamente sobre os países ou comunidades emergentes como o
Brasil. Mas a inclusão social talvez seja a etapa mais difícil para a qual o país terá que se
preparar para atingir. Sem saltos ou sobressaltos na educação, como, por exemplo, aprovações
forçadas para mostrar números menos chocantes de analfabetismo, à própria nação, ao
mundo, ou especialmente ao Fundo Monetário Internacional, FMI.
Agora o desafio é tão grande, de proporções tão abrangentes que talvez a crise se
transforme mesmo em oportunidade e seja entendido o novo contexto mundial como uma
necessidade de formar pessoas capazes e investir em conhecimento.
Uma realidade distante, muito distante ainda, para este Brasil.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A palavra globalização na verdade incomoda. Do som ao significado, uma
inquietação, um desconforto igual a uma rajada de vento frio ou de um sopro de vento quente,
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um bafo de calor desagradável, inconveniente. Talvez mais pelo espectro de suas
conseqüências não previsíveis.
Tão volátil quanto a economia nos mostra todos os dias, tão insegura em termos do
sentido de campos e funções de trabalho.
O termo amplo que acaba por abarcar todas as disciplinas e pesquisas em todas as
áreas do conhecimento ainda não tem um final ou diagnóstico. Isso porque, ele próprio é fruto
de um verdadeiro emaranhado de problemas e simbioses tão rápidos, que a própria dissolução
das estruturas construídas ao longo da história da civilização ainda não está definida ou
entendida em todas as suas transformações acontecidas quanto as que ocorrem no dia-a-dia.
E como diagnosticar o desconhecido? Nem mau nem bom. Apenas indecifrável,
impalpável e mutante.
“O objetivo de qualquer transformação social é a felicidade dos indivíduos e a não
realização de leis econômicas inelutáveis”, observou o escritor Raymond Queneau, em 1938
(apud RAMONET, 2001, p. 134).
Não há mais tempo de lamentos pessimistas quanto ao futuro. O futuro chegou e
reserva novos tempos sem regras ou paixões ideológicas, que só pode ser planejado por meio
de acordos, negociações e inserção num mundo diferente.
Já aparecem estudiosos que buscam alternativas ao modelo da globalização. São,
ainda, teorias para fugir à desumanização das novas regras econômicas que causam
desemprego e fuga de capitais.
A esperança que se esboça no horizonte é de que os dirigentes discutam prioridades
tendo como foco a felicidade dos homens e não a simples rentabilidade de capitais
volatilizados.
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