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DETERMINANTES DAS MARGENS BANCÁRIAS: APLICAÇÕES A ALGUNS PAÍSES EUROPEUS
Universidade do MinhoEscola de Economia e Gestão
Dissertação de Mestrado em Economia
Orientação:Professor Doutor Carlos Arriaga Costa
Mestranda:Fernanda Manuel Taveira Veiga
Problema de Pesquisa
Verificar em que medida a margem de juros líquida (MJL) dos bancos, é
determinada por:
variáveis de estrutura de mercado,
variáveis específicas aos bancos,
variáveis regulamentares, e
variáveis macroeconómicas.
Motivação
Apesar da multiplicidade de estudos sobre os determinantes das margens de juro a
questão continua actual.
A deterioração das margens de juro preocupa sobretudo banqueiros e
governantes, num período de instabilidade dos mercados financeiros, impelindo
os bancos a centrarem parte da actividade na intermediação financeira.
Outro facto relaciona-se com a existência de bases de dados cada vez mais
sofisticadas que permitem introduzir novas variáveis nos modelos das margens
de juro.
Os estudos empíricos anteriores procuraram concluir sobre os determinantes das
margens de juro, e apontar uma explicação para o nível das mesmas, porém, os
resultados são por vezes contraditórios e inconclusivos.
Motivação
Este estudo difere dos anteriores por incluir na análise Portugal juntamente com um
conjunto de países Europeus - Bélgica, Grécia, Irlanda, Holanda, Áustria, Finlândia,
Alemanha, Espanha, França, Itália e Reino Unido.
Ambiciona-se sustentar a tomada de decisões relativamente a políticas
microeconómicas e macroeconómicas que permitam reduzir os custos de
intermediação financeira contribuindo para o bem-estar social, e
Auxiliar na definição de políticas regulamentares que possibilitem a prevenção ou
minimização da instabilidade nos mercados financeiros.
Pretende-se aprofundar a estudo sobre os determinantes das margens de juro e
observar em que medida os resultados obtidos corroboram a teoria económica, e
resultados empíricos anteriores.
Evolução Margens de Juro
MEDIANA MARGEM DE JUROS POR PAÍSES
Tendência generalizada de queda
das margens de juro, nos países
analisados.
VALORES MÉDIO DA MARGEM DE JUROS POR PAÍSES
Tendência de evolução decrescente
da margem de juros, com alguma
variabilidade, para o período 1999-2006.
Intermediação Financeira
Actividade Financeira Actividade Financeira IntermediadaIntermediada
Actividade Financeira Actividade Financeira DesintermediadaDesintermediada
INTERMEDIAÇÃO INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA FINANCEIRA
É realizada por instituições
intermediarias, geralmente
instituições financeiras, que captam
recursos junto dos agentes
económicos superavitários, e
obrigam-se a honrar a exigibilidade
destes recursos que emprestam aos
agentes económicos deficitários.
É efectuada directamente entre os
agentes económicos superavitários
e os agentes económicos
deficitários.
O papel das instituições financeiras
consiste em promover a corretagem
de valores.
Teoria dos Custos de Transacção: Stiglitz e Weiss (1981); Bernanke (1983);
Ramakrishnan & Thakor (1984); Rajan e Zingales, 1988; Pereira da Silva (2001);
Levine (1997) e (2004).
Teoria do Seguro de Liquidez: Bryant (1980); Diamond e Tybvig (1983); Freixas e
Rochet (1999); Sáez e Shi (2004).
Teoria da Coalizão (Coalizion): Leland e Pyle (1977)
Teoria da Delegação de Monitorada (delegated monitoring): Diamond, D. (1984)
e (1991); Gale & Hellwig (1985); Campbell & Kracaw (1980); Boyd & Prescott (1986);
Sinkey (1992); Freixas e Rochet (1999).
Teoria dos Contratos: Sharpe, S. (1990).
Teorias da Intermediação Financeira
Modelos das Margens de Juro
Modelos de Empresa Modelos de Empresa Bancária (Monopólio)Bancária (Monopólio) Modelos de Modelos de DealershipDealership
Modelos das Modelos das Margens de JuroMargens de Juro
Klein (1971)
Monti (1972)
Zarruk (1989)
Wong (1997)
Zarruk e Madura (1992)
Barajas, et al. (1999)
….
Ho e Saunders (1981)
McShane e Sharpe (1985)
Allen (1988)
Angbazo (1997)
Brock e Suarez (2000)
Saunders e Schumacher (2000)
Drakos (2003)
Maudos e Guevara (2004)
…
Os determinantes das margens de juro bancárias têm sido analisados à luz de dois modelos alternativos:
Resumo
Analisamos os determinantes das margens de juro líquidas (MJL) no sector
bancário num conjunto de países Europeus (Bélgica, Irlanda, Holanda, Áustria,
Finlândia, Alemanha, Espanha, França, Itália, Portugal e Reino Unido), para o período
1999-2006.
Baseamo-nos no modelo teórico de Ho e Saunders (1981) e posteriores extensões.
Seleccionamos 21 variáveis para representar os 4 factores contemplados no
modelo.
Palavras-chave: Margens de Juros Líquidas; Intermediação Financeira; Bancos;
Europa.
No modelo de Ho e Saunders (1981) o banco é modelado como um agente avesso ao risco que procura
depósitos e concede crédito (actua como um intermediário financeiro).
Hipóteses do Modelo:
Não existem custos de processamento para os depósitos nem para os empréstimos.
O banco representativo define o preço dos empréstimos (b) e dos depósitos (a) no início do
período (inalterados para o resto do período), e a quantidade (Q) é definida exogenamente.
O principal risco de portfólio que o banco enfrenta é o risco da volatilidade das taxas de juro
(G2).
O horizonte de planeamento é de um único período de tempo (que se pressupõe curto).
No período, verifica-se uma entrada de empréstimos e de depósitos com a mesma dimensão de
transacção (Q).
O banco maximiza a utilidade esperada da riqueza final.
O problema de decisão do banco perante o risco de transacção, e o risco da taxa de juro prende-se
com a determinação das taxas de juro dos depósitos e empréstimos, spreads das taxas de juro, (s) que
maximizem a utilidade óptima esperada.
Referencial Teórico - Modelo Ho e Saunders (1981)
Lógica subjacente ao modelo:
Supondo que um novo depósito entra no banco antes de existir uma procura por empréstimos,
então, o banco irá temporariamente investir os fundos recebidos no mercado monetário a uma
taxa (t), assumindo o risco de reinvestimento no final do período, na eventualidade das taxas
de juro no mercado monetário interbancário baixarem.
Similarmente, se ocorre uma nova procura por empréstimos, antes que um novo depósito tenha
sido efectuado, o banco terá que recorrer ao mercado monetário interbancário para se financiar,
enfrentando o risco de refinanciamento, se as taxas de juro subirem.
Simultaneamente, os bancos deparam-se com a incerteza associada ao pagamento dos
empréstimos, uma vez que existe a probabilidade de alguns não serem pagos, i.e. o risco de
crédito (R).
O banco irá aplicar uma margem aos empréstimos (b), e aos depósitos (a), que o irá
compensar pelo risco da taxa de juro e pelo risco de crédito.
Referencial Teórico - Modelo Ho e Saunders (1981)
Modelo de Dealership
Margem Teórica Especificação Empírica
Resultados Obtidos
Variáveis Independentes Efeito Esperado Resultado Empírico
IR - Taxa de Juros Implícita + +
OR - Custo de Oportunidade das Reservas + NS
DP - Prémio de Incumprimento + NS
δt ou G2 - Volatilidade da taxa de juro + +NS: Não Significativa
21( )
2 Is a b R Q
Referencial Teórico - Modelo Ho e Saunders (1981)
Hipóteses de Pesquisa
H0: A margem de juros líquida dos bancos, dos países Europeus
seleccionados neste estudo não é determinada pelas variáveis de
estrutura de mercado; específicas aos bancos; regulamentares; e
macroeconómicas.
H1: A margem de juros líquida dos bancos, dos países Europeus
seleccionados neste estudo é determinada pelas variáveis de estrutura
de mercado; específicas aos bancos; regulamentares; e
macroeconómicas.
Fontes de Informação e Amostra
Bankscope - Balanços e Contas de Exploração (estrutura de mercado, características
específicas aos bancos, e ambiente regulamentar).
Eurostat e Bloomberg - Indicadores macroeconómicos (componente
macroeconómica).
Amostra: painel de dados não equilibrado de 40.256 bancos, de 11 países, período
1999-2006. PAIS Bancos %Alemanha 19.312 47,97
Áustria 2.336 5,8Bélgica 784 1,95
Espanha 1.968 4,89Finlândia 176 0,44França 3.504 8,7
Holanda 712 1,77Irlanda 640 1,59Itália 6.944 17,25
Portugal 384 0,95Reino Unido 3.496 8,68
Total 40.256 100
Modelo Empírico
0 1 2 3 4Re ict ict ct ict ct ct ictMJL Merc Banc g MacroOnde:
MJLict é a margem de juros líquida do banco i , no país c, num determinado período
t.
α0ict é termo constante da regressão, i.e., a estimativa da margem de juros líquida
para todos os bancos i , no país c, no momento t.
β1Mercct é um vector de características específicas da estrutura do sector bancário,
no país c, no momento t.
β2Bancict é um vector de características específicas ao banco i , no país c, no
momento t.
β3Regct é um vector de características regulamentares específicas ao banco i, no
país c, no momento t.
β4Macroct é um vector de características macroeconómicas do país c, no momento
t.
εict é o resíduo do banco i, no país c, no momento t.
Variáveis
MJL
Margem de juros líquida, do banco i no país c num determinado período t, que é calculada
pela diferença entre os juros recebidos e os juros pagos em percentagem do total dos activos
remunerados.
Variável Dependente
Factores de Estrutura de Mercado
Herf.Índice de Herfindahl, somatório dos quadrados das quotas de mercado dos activos dos
bancos .
CR5Rácio de concentração CR5, mede o peso dos activos dos 5 maiores bancos no total do
activo do sector bancário.
QMA quota de mercado (QM), total de activos dos bancos em percentagem do total de activos
dos bancos no país.
Desenv.Sector Desenvolvimento do sector bancário, total de activos dos bancos em percentagem do PIB.
Variáveis Independentes
Variáveis Independentes
Factores Específicos aos Bancos
Cust.Oper.Méd. Custos operacionais médios, rácio custos operacionais/activo total.
Aver.Risco Aversão ao risco, rácio capitais próprios/activo total.
Risc.Créd. Risco de crédito, rácio de empréstimos líquidos sobre o activo total.
Risc.Créd.*DP.TJMM3M
Interacção entre o risco de crédito (Risc.Créd.) e o risco de mercado
(DP.TJMM3M), produto do desvio padrão anualizado das taxas de juro diárias a 3
meses no mercado monetário interbancário, e o risco de crédito.
Risc.Créd.*DP.OT’s3A
Interacção entre o risco de crédito (Risc.Créd.) e o risco de mercado
(DP.OT’s3A), produto do desvio padrão anualizado das taxas de juro diárias das
obrigações do tesouro com 3 anos de maturidade, e o risco de crédito.
Risc.Créd.*DP.OT’s10A
Interacção entre o risco de crédito (Risc.Créd.) e o risco de mercado
(DP.OT’s10A), produto do desvio padrão anualizado das taxas de juro diárias das
obrigações do tesouro com 10 anos de maturidade, e o risco de crédito.
Variáveis Independentes
Factores Regulamentares
Pag.Jur.Imp.Pagamento de Juros Implícitos, diferença entre os custos não relacionados com juros e
os rendimentos não relacionados com pagamentos de juros a dividir pelo total dos activos.
Cust.Oport.Reser.Custo de Oportunidades das Reservas bancárias, rácio activos não remunerados/ total
dos activos remunerados.
Variáveis Independentes
Factores Macroeconómicos
∆PIBTaxa de crescimento real do PIB, mede a variação anual, em %, do valor do PIB calculado a
preços constantes.
PIB.p.Cap.PIB per capita, obtém-se dividindo o valor do PIB pela população de um país, obtém-se um valor
médio per capita.
T.D.(%)Taxa de desemprego, é a taxa que permite definir o peso da população desempregada sobre o
total da população activa.
Inf.Taxa de inflação, calculada pela variação (no fim do ano) do IPC (Índice de Preços no
Consumidor).
DP.TJMM3MVolatilidade das taxas de juro no mercado monetário, medida pelo desvio padrão anualizado
das taxas de juro diárias da taxa de juro a 3 meses no mercado monetário interbancário.
DP.OT’s3AVolatilidade das taxas de juro no mercado monetário, medida pelo desvio padrão anualizado
das taxas de juro diárias das obrigações do tesouro com 3 anos de maturidade.
DP.OT’s10AVolatilidade das taxas de juro no mercado monetário, medida pelo desvio padrão anualizado
das taxas de juro diárias das obrigações do tesouro com 10 anos de maturidade.
Resultados Esperados para os Coeficientes
CoeficientesResultados Esperados
Resultados Estudos Anteriores
Concentração de MercadoHerf.
+ Maudos e Guevara (2004); Claeys e Vander Vennet (2008) (+)
Concentração de MercadoCR5
+
McShane e Sharpe (1985); Ruthenberg e Elias (1996); Williams (1998); Barajas, Steiner, e Salazar (1999); Saunders e Schumacher (2000); Sinkey e Carter (2000); Claessens, Demirgüc-Kunt, e Huizinga (2001) Claeys e Vander Vennet (2008) (+)
Poder de MercadoQM
+McShane e Sharpe (1985), Oreiro et al. (2005); Williams (2007); (+) Abreu e Mendes (2001); Claeys e Vander Vennet (2008) (N.S.)
Desenvolvimento do Sector Bancário
Desenv.Sector- Demirgüç-Kunt, A., e H. Huizinga (1999); Naceur (2003) (-)
Custos Operacionais MédiosCust.Oper.Méd.
+ Brock e Rojas-Suarez (2000); Maudos e Guevara (2004); Gan-Ochir, D. 2006) (+)
Grau de aversão ao risco Aver.Risco
+ ou -
Ho e Saunders (1981) (N.S); McShane e Sharpe (1985); Hanson e Rocha (1986); Berger (1995); Angbazo (1997); Randall (1998); Huizinga (1999); Saunders e Schumacher (2000); Abreu e Mendes (2001); Maudos e Guevara (2004); Gelos (2006); Kosmidou et al (2005); Claeys e Vander Vennet (2008) (+)Wong, (1997) (-)Heffernan, S.A. e Fu, M. 2008 (+ ou -)
Risco de CréditoRisc.Créd.
+Hanson e Rocha (1986); Angbazo (1997); Huizinga (1999); Saunders e Schumacher (2000) (+)
Dimensão Média das OperaçõesDimen.Méd.Oper.
+Hanson e Rocha (1986); Angbazo (1997); Huizinga (1999); Saunders e Schumacher (2000) (+) ; Gan-Ochir, D. (2006) (+ ou -)
Eficiência de GestãoEfic.
+Hanson e Rocha (1986); Angbazo (1997); Huizinga (1999Saunders e Schumacher (2000); Abreu e Mendes (2001); Guevara (2002); Maudos e Guevara (2004); Estrada, D., Gomez, E. e Orozco, I., 2006) (+)
Resultados Esperados para os Coeficientes
CoeficientesResultados Esperados
Resultados Estudos Anteriores
Pagamento de Juros ImplícitosPag.Jur.Imp.
+Ho e Saunders (1981), Angbanzo (1997), Huizinga et al (1999), Saunders e Schumacher (2000); Maudos e Guevara (2004) (+)
Custo de Oportunidade das Reservas Bancárias
Cust.Oport.Reser.+
Ho e Saunders (1981) (N.S); Angbazo (1997); Huizinga et al (1999); Saunders e Schumaker (2000) (+)
Produto Interno Bruto (PIB) per capita
PIB.p.Cap.-
Demirgüc-Kunt e Huizinga (1999); Brock e Rojas-Suárez (2000) (-)Afanasieff e Nakane (2002) (+ ou -)
Taxa de Crescimento Real do Produto Interno Bruto (PIB)
∆PIB-
Demirgüc-Kunt e Huizinga (1999); Brock e Rojas-Suárez (2000) (-)
Taxa de DesempregoT.D.(%)
+ Abreu e Mendes (2001) (-)
Taxa de InflaçãoInf.
+Huizinga et al (1999); Hanson e Rocha (1986; Naceur (2003); Naceur e Goaied (2001); Afanasieff (2002); Casu et al (2004); Diaz e Olivero (2005); Hesse (2007) (+)
Volatilidade das Taxas de JuroDP.TJMM3MDP.OT’s3A
DP.OT’s10A
+Ho e Saunders (1981); Mcshane e Sharpe (1985); Angbazo (1997); Huizinga et al (1999); Saunders e Schumacher (2000); Maudos et al (2003); Gelos (2009) (+)
Interacção entre o Risco de Crédito e o Risco de Mercado
Risc.Créd.*DPTJMM3MRisc.Créd.*DP.OT’s3A
Risc.Créd.*DP.OT’s10A
+Hanson e Rocha (1986); Angbazo (1997); Huizinga (1999); Schumacher e Saunders (2000) (+)
Metodologia de Estimação
O modelo foi estimado através da técnica de dados em painel que permite verificar os
dados tanto em corte transversal, com em série temporal, Programa econométrico EViews 6.0.
Numa fase inicial, relativamente às estimações, utilizamos o mínimos quadrados ordinários
(MQO). Verificamos os dados sem efeito aleatório ou fixo.
Os resultados obtidos não foram satisfatórios. Os dados não permitiam cumprir com todos
pressupostos de validação do modelo – R2 ajustado, multicolinearidade,
homocedasticidade, normalidade e autocorrelação – pelo que conduzimos várias
experiencias até chegar a resultados mais consistentes.
A regressão estimada é globalmente significativa para um nível de confiança de 95%, pelo
que, as margens de juro líquidas são explicadas pelas variáveis incluídas no modelo.
Metodologia de Estimação
Modelo 1: MMQO, sem qualquer tipo de efeitos (fixos, aleatórios, seccionais, temporais, ou
ponderações).
Modelo 2: MMQO, efeitos fixos seccionais, com recurso ao coeficiente de covariância e erros padrão
seccionais de White (White cross-section standard errors & covariance).
Modelo 3: MMQO, efeitos aleatórios seccionais, com recurso ao coeficiente de covariância e erros
padrão seccionais de White.
Modelo 4: MMQ generalizado, com ponderações seccionais (cross-section weights), e com recurso
ao coeficiente de covariância e erros padrão seccionais de White.
Modelo 5: MMQ, com efeitos fixos seccionais, desfazagens AR(1), com recurso ao coeficiente de
covariância e erros padrão seccionais de White.
Modelo 6: MMQ com efeitos fixos seccionais, desfazagens AR(2), com recurso ao coeficiente de
covariância e erros padrão seccionais de White.
MMQ – Método dos mínimos quadrados; MMQO – Método dos mínimos quadrados ordinário
Testes à Especificação do Modelo e aos Resíduos
Modelo 1 R2 0,029118
R2 Ajustado 0,028200
Modelo 2 R2 0,922229
R2 Ajustado 0,901444
Modelo 3 R2 0,074583
R2 Ajustado 0,073709
Modelo 4 R2 0,961143
R2 Ajustado 0,961106
Modelo 5 R2 0,992526
R2 Ajustado 0,990015
Modelo 6 R2 0,984377
R2 Ajustado 0,979565
Qualidade do Ajustamento
Modelo 1 Estatística - F 31,72924
Prob (Estatística - F) 0,000000
Modelo 2 Estatística - F 44,36885
Prob (Estatística - F) 0,000000
Modelo 3 Estatística - F 85,26503
Prob (Estatística - F) 0,000000
Modelo 4 Estatística - F 26168,73
Prob (Estatística - F) 0,000000
Modelo 5 Estatística - F 395,3075
Prob (Estatística - F) 0,000000
Modelo 6 Estatística - F 204,5806
Prob (Estatística - F) 0,000000
Fonte: Elaboração própria. Notas: Teste DW - (+) d < 2 “existe” autocorrelação positiva; (-) d > 2 “existe” autocorrelação negativa; (0) d ≈ 2 “não existe” autocorrelação.
Aderência dos Modelos
Modelo 1 Estatística DW (+) 0,202561
Modelo 2 Estatística DW (-) 2,504068
Modelo 3 Estatística DW (+) 1,437082
Modelo 4 Estatística DW (+) 0,701468
Modelo 5 Estatística DW (-) 2,252316
Modelo 6 Estatística DW (0) 1,926827
Autocorrelação Residual
Autocorrelação ResidualLinearidade Hetecedasticidade
(H0) O Modelo é linear nos Parâmetros
Existe uma relação linear de dependência entre uma variável a explicar ou independente, Y (margem de juros líquida), e (k-1) variáveis explicativas ou independentes, bem como um termo residual, não observável μ.
(H1) E (μ / X) = 0 significa que as variáveis explicativas não estão correlacionadas com μ. E (μ) = 0A covariância entre o termo residual e as variáveis explicativas é nula. Podemos deste modo classificar as variáveis explicativas como exógenas.
Os resultados do teste de Dubin-Watson indicam a existência autocorrelação positiva e negativa nos modelos estimados, para um nível de significância de 5%. Os resultados dos testes de autocorrelação de primeira ordem, indicam-nos que se rejeita a hipótese nula de ausência de autocorrelação de primeira ordem.
(H2) Homocedasticidade Hipótese nula - H0: Homocedasticidade (a variância dos resíduos é constante)
Hipótese alternativa – H1: Heterocedasticidade (a variância dos resíduos não é constante)
Conclusão: para α=5%, rejeitamos a hipótese nula, ou seja rejeitamos a hipótese de homocedasticidade.
Testes de Hipóteses Sobre os Pressupostos do MRLM
NormalidadeMulticolinearidade
(H3) Não existe multicolinearidade.A matriz X tem característica completa, ou seja, Car (x) = k < n. Esta hipótese garante que as colunas de X são linearmente independentes.
Para detectar se existe ou não a presença de multicolinearidade na regressão estimada utilizamos a matriz das correlações onde verificamos o seu valor entre as variáveis explicativas. O resultado encontrado foi baixo.
O que confirma a inexistência de multicolinearidade.
(H4) o termo residual segue uma distribuição normal, condicionada em X, com média nula e variância.
H0: Distribuição normal (os resíduos seguem uma distribuição normal)
H1: Distribuição não normal (os resíduos seguem uma distribuição não normal)
Para detectar a normalidade dos resíduos da equação utilizamos o histograma, e o teste Jarque-Bera.
Os testes evidenciam que a hipótese nula de normalidade não pode ser rejeitada.
Testes de Hipóteses Sobre os Pressupostos do MRLM
Resultado Obtido para os Coeficientes
VariáveisResultado Esperado Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4 Modelo 5 Modelo 6
Herf. + N.S. N.S. N.S. + *** + ** + **CR5 + N.S. N.S. N.S. N.S. N.S. N.S.QM + N.S. N.S. N.S. N.S. N.S. - *
Desenv.Sector - - *** N.S. N.S. - *** - *** N.S.Cust.Oper.Méd. + - *** N.S. N.S. - *** + ** N.S.
Aver.Risco + ou - + *** + * N.S. + *** + *** + ***Risc.Créd. + N.S. + *** N.S. + *** + * + ***
Dimen.Méd.Oper. + - *** - *** N.S. - *** + *** N.S.Efic. - - *** - *** - *** - *** - ** - ***
Pag.Jur.Imp. + + *** + *** + *** + *** + *** + ***Cust.Oport.Reser. + - *** - *** - *** N.S. + *** + **
PIB.p.Cap. - N.S. + * N.S. + *** + ** N.S.∆PIB - N.S. N.S. N.S. - *** N.S. N.S.
T.D.(%) + + * + * N.S. + *** N.S. + *Inf. + N.S. N.S. N.S. + ** N.S. N.S.
DP.TJMM3M + N.S. N.S. N.S. - ** N.S. N.S.DP.OT’s3A + N.S. N.S. N.S. + *** + *** + ***
DP.OT’s10A + N.S. N.S. N.S. + *** - *** - ***Risc.Créd.*DPTJMM3M + + * + * + * + *** N.S. N.S.Risc.Créd.*DP.OT’s3A + N.S. N.S. N.S. - *** - ** - ***
Risc.Créd.*DP.OT’s10A + N.S. + ** + ** + *** + *** + ***Nota: N.S. – a variável não é estatisticamente significativa. * significativa a 10%; ** significativa a 5%; *** significativa a 1%.
Significado Económico dos Coeficientes
Determinantes Modelo 6Herf. 0,00CR5 N.S.QM -0,12
Desenv.Sector N.S.Cust.Oper.Méd. N.S.
Aver.Risco 0,17Risc.Créd. 0,12
Dimen.Méd.Oper. N.S.Efic. -0,04
Pag.Jur.Imp. 0,42Cust.Oport.Reser. 0,04
PIB.p.Cap. 0,00∆PIB -0,34
T.D.(%) 0,65Inf. N.S.
DP.TJMM3M N.S.DP.OT’s3A 0,99
DP.OT’s10A -1,29Risc.Créd.*DPTJMM3M N.S.Risc.Créd.*DP.OT’s3A -0,02
Risc.Créd.*DP.OT’s10A 0,03
Nota: N.S. – a variável não é estatisticamente significativa.
Os dados na tabela indicam a variação em % da margem de juros líquida
em resposta a um aumento de 10% nos seus determinantes.
Os resultados sugerem que a margem de juros responde mais a
variações no pagamento de juros implícitos (Pag.Jur.Imp.), no
crescimento do PIB (∆PIB) e na Volatilidade das Taxas de Juro
(DP.OT’s3A, DP.OT’s10A).
A quota de mercado, a ineficiência de gestão, a Volatilidade das Taxas
de Juro das OT’s10A, a interacção entre o risco de crédito e o risco de
mercado medido pelas OT’s3A, e a variação no PIB, exercem um
impacto negativo nas margens de juro.
A aversão ao risco, o risco de crédito, o pagamento de juros implícitos, o
custo de oportunidade das reservas, a taxa de desemprego, Volatilidade
das Taxas de Juro das OT’s3A, interacção entre o risco de crédito e o
risco de mercado medido pelas OT’s10A , exercem um impacto
positivo nas margens de juro.
Conclusões e Implicações
O facto das margens de juro não serem determinadas pela concentração de mercado é
provavelmente um reflexo do intensificar da concorrência.
O impacto negativo do poder de mercado nas margens de juro sugere que mais
concorrência é uma solução óptima porque pressiona a diminuição das margens de juro.
O impacto positivo do grau de aversão ao risco nas margens enfatiza a importância de
cumprir com os requisitos de capital como forma de evitar que os bancos assumam riscos
excessivos e, simultaneamente, contribui para preservar a confiança dos depositantes.
O impacto positivo do aumento do crédito concedido - o grau de aversão ao risco - resulta
em margens mais elevadas, e reflecte a capacidade dos bancos para integrarem o risco e
considerações sobre o custo nas políticas de definição do pricing dos empréstimos.
Conclusões e Implicações
O impacto positivo da ineficiência de gestão nas margens de juro alerta para a importância
da melhoria dos níveis de eficiência, uma vez que os elevados custos operacionais são, em
parte, passados para os consumidores.
Por outro lado, o impacto da componente regulamentar (Pagamento de Juros Implícitos e
Custo de Oportunidade das Reservas Bancárias) nas margens mostra que a política de
pagar juros sobre as reservas dos bancos pode ter um impacto mais significativo na redução
dos custos de intermediação financeira, e consequentemente nas margens de juro.
O facto da volatilidade das taxas de juro influenciar o nível das margens de juro sugere
que políticas macroeconómicas, com o objectivo de reduzir a volatilidade das taxas de juro,
podem ter um efeito positivo na diminuição das margens de juro.
Sugestões para Pesquisas Futuras
É imprescindível compreender a dinâmica da rendibilidade do balanço dos bancos,
descobrir novas formas de aumentar os rendimentos não relacionados com a actividade
de intermediação financeira pura, e simultaneamente exercer um controlo de custos
mais apertado e eficiente.
Investigações futuras poderiam centrar-se em medidas e políticas que proporcionassem
condições de mercado que contribuíssem para um sistema bancário mais eficiente e
estável.
Seria interessante aprofundar a análise dos determinantes das margens de juro e o
comportamento de definição de preços dos bancos.
Poderiam também ser utilizadas medidas mais amplas de definição da margem de juros.