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II CONINTER – Congresso Internacional Interdisciplinar em Sociais e Humanidades Belo Horizonte, de 8 a 11 de outubro de 2013
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E A QUESTÃO URBANO
AMBIENTAL DA INDÚSTRIA DA CONFECÇÃO EM DIVINÓPOLIS-
MG.
NOGUEIRA, Maria L. C. (1); DINIZ, Luciano S. (2)
1. Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais – CEFET-MG.
Coordenação de Produção de Moda – Campus Divinópolis Rua Álvares de Azevedo, nº 400, Bela Vista, Divinópolis/MG, Brasil, CEP 35503-822
Telefone: 55 (37) 3229-1150 bucouto@gmail.com
2.Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais – CEFET-MG
Departamento de Ciências Sociais Aplicadas – DCSA. Av. Amazonas, nº 7675, Nova Gameleira, sala 203 – Prédio principal, Belo Horizonte/MG, Brasil,
CEP 30510-000, Telefax: 55 31 3319-6867 lucianodiniz@dcsa.cefetmg.br
RESUMO
A proteção do meio ambiente é destaque no cenário da sociedade contemporânea. A
partir da revolução industrial, com a aceleração da produção, verificou-se a geração de
um grande volume de resíduos industriais, o que resultou em impactos negativos ao
meio ambiente e a necessidade de promover o desenvolvimento sustentável,
conciliando-se o desenvolvimento econômico e social com a preservação do meio
ambiente. No meio urbano, um dos principais fatores que prejudicam a sustentabilidade
do ambiente é o excesso de lixo produzido por indivíduos e empresas. A cidade de
Divinópolis, com aproximadamente 200 mil habitantes, é considerada o principal polo
confeccionista do estado de Minas Gerais e produz cerca de 120 toneladas/dia de lixo.
Desse total, boa parte são resíduos têxteis destinados à “coleta de lixo domiciliar”.
Assim, a gestão dos resíduos sólidos é um dos maiores desafios da gestão pública nas
cidades, tendo, como marco regulatório, a Lei nº 12.305/10, que instituiu a Política
Nacional de Resíduos Sólidos. O objetivo geral deste artigo é analisar o desenvolvimento
sustentável focado na questão urbano ambiental da indústria da confecção em
Divinópolis-MG, discutindo-se, ainda, a geração e o descarte adequado dos resíduos
têxteis.
Palavras-chave: Desenvolvimento sustentável. Questão urbano ambiental. Setor
confeccionista.
II CONINTER – Congresso Internacional Interdisciplinar em Sociais e Humanidades Belo Horizonte, de 8 a 11 de outubro de 2013
INTRODUÇÃO
Atualmente muito se comenta sobre os diversos fatores que prejudicam o meio
ambiente, como, por exemplo, os resíduos descartados de maneira inadequada e o excesso
de lixo. A sustentabilidade é uma questão de responsabilidade com o meio ambiente e com
a sociedade. Ao se contextualizar no ambiente onde se insere o homem contemporâneo, a
sustentabilidade envolve questões como a inclusão social, a informação, a capacitação, a
educação, a economia criativa e a preservação da fauna, da flora e dos recursos naturais.
O tratamento da questão ambiental em meio urbano é, hoje, um desafio ao
desenvolvimento, e mobiliza instituições que atuam neste âmbito (instituições financeiras,
associações de bairro, ONGs, etc) que contribuem com práticas sociais e modos de gestão
no meio urbano.
O principal objetivo deste artigo é analisar o desenvolvimento sustentável e a
questão urbano ambiental da indústria da confecção em Divinópolis-MG. Pretende-se,
também, discutir a geração e o descarte adequado dos resíduos têxteis produzidos pelas
indústrias confeccionistas do município.
A cidade de Divinópolis possui cerca de 200 mil habitantes e é considerada o
principal polo confeccionista do estado de Minas Gerais. O exagerado volume de lixo
produzido, aproximadamente 120 toneladas/dia, compõe-se, em considerável parte, de
resíduos têxteis gerados na cidade e que são destinados à “coleta de lixo domiciliar”. Neste
contexto, a gestão dos resíduos sólidos é um dos maiores desafios enfrentados pelo
governo municipal.
O presente artigo é classificado como bibliográfico, de cunho descritivo e
documental. Bibliográfico, tendo como base livros, jornais, redes eletrônicas, teses, dentre
outros. Descritivo por buscar conhecer o modo de organização do espaço urbano, podendo,
assim, sugerir propostas adequadas de direcionamento dos resíduos do setor confeccionista
da cidade de Divinópolis. E documental, pois a partir do material existente nos arquivos
públicos e instituições ligadas ao setor confeccionista torna-se possível sugerir propostas
que colaborem para a solução de problemas ambientais.
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1. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E A QUESTÃO AMBIENTAL
O termo sustentabilidade tornou-se destaque em todas as esferas de discussão,
especialmente por ser uma questão de responsabilidade com o meio ambiente e com a
sociedade. Torna-se premente a conscientização da sociedade no que se refere à
compatibilização da produção para atendimento da demanda populacional com a
preservação do meio ambiente.
Mano et al (2010, p.169) afirma que “a Humanidade precisa atingir o equilíbrio entre
o que é produzido e consumido e o que é descartado. Há uma tendência irreversível à
reciclagem dos materiais pós-consumidos. Assim, o Homem terá conseguido integrar
eficiência a sua atividade dentro dos ciclos da Natureza.”
A Revolução Industrial acarretou grandes transformações sociais e econômicas. O
trabalho manual foi substituído por máquinas, favorecendo a produção de bens em larga
escala. Dentre os produtos manufaturados da época, destacavam-se os tecidos de algodão,
linho, lã e seda; materiais de construção, cobre, ferro, além de couro, carvão e papel, os
quais, de origem natural, favoreciam a decomposição natural dos refugos e diminuíam o
impacto ambiental: tinha-se uma demanda e produção reduzida que era totalmente
consumida e sofria uma degradação natural.
Dias (2009, p.7) alerta que “os processos de industrialização aumentaram de forma
espetacular, mas tendo como resultado, grandes problemas ambientais que afetam todo
planeta nos dias atuais. Um dos problemas causados pela industrialização é a destinação
dos resíduos do processo produtivo, afetando o meio natural e a saúde humana”.
Mano et al (2010, p.48) afirma que:
“A manutenção da vida na Terra depende da riqueza e multiplicidade de
ambientes, dos seres e seus relacionamentos, numa rede de interações
globais em que todos os organismos, dos vírus às árvores, colaboram
mutuamente para as condições de existir. O ser humano, no entanto, com
um modelo de desenvolvimento que usa e descarta recursos ambientais em
massa, tem exaurido o planeta.”
Segundo Mano et al (2010, p.42), “pode-se atribuir a duas causas principais a
poluição ambiental: o contínuo aumento da população e o vertiginoso desenvolvimento
industrial. A população mundial que era em torno de 750 milhões por volta de 1750, atingia
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1,5 bilhão em 1900 e mais que dobrou (2,5 bilhões) em 1950, chegando a 5,5 bilhões em
1990.” Atualmente este número já ultrapassa os 6 bilhões. O aumento da população é um
fator que está diretamente relacionado com o aumento da produção de alimentos e
consequentemente o uso de fertilizantes e agrotóxicos.
O necessário questionamento que se faz é: como conciliar a demanda, a produção, o
consumo e o descarte com a manutenção do sistema de forma equilibrada, visto que quanto
maior a população, maior é o consumo e, consequentemente, maior o descarte dos
resíduos, favorecendo o enorme volume de lixo e uma poluição indesejável.
O que se pode perceber, a primeira vista, é uma relação de incompatibilidade entre o
desenvolvimento econômico e a preservação ambiental. Enquanto o desenvolvimento
econômico está essencialmente em busca da geração e acumulação de riquezas, a
preservação ambiental prima-se pela manutenção, proteção e equilíbrio da fauna, flora, dos
recursos naturais e da preservação da vida no e do planeta. A junção simultânea destas
ações na busca por um desenvolvimento sustentável precisa ser a meta principal.
De acordo com a definição clássica de desenvolvimento sustentável, deve-se
“atender às necessidades da geração atual sem comprometer o direito de suas futuras
gerações atenderem as suas próprias necessidades, mas se torna necessário ir além da
condição social e econômica do nosso planeta.” (FERREIRA & KELLER, 2007, p.3)
Para que as gerações futuras tenham segurança e qualidade de vida, é necessário
que haja um equilíbrio entre os três pilares do desenvolvimento sustentável - o meio
ambiente, o setor econômico e a sociedade. Contribuir para a aceleração da consolidação
do desenvolvimento sustentável é essencial para a manutenção da qualidade de vida das
gerações futuras.
Cavalcanti (1998, p.430) afirma que o desenvolvimento sustentável possui seis
aspectos prioritários e que devem ser vistos como metas:
(i) A satisfação das necessidades básicas da população (educação,
alimentação, saúde, lazer); (ii) A solidariedade para com as gerações
futuras (preservar o ambiente de modo que elas tenham chance de viver);
(iii) A participação da população envolvida (todos devem se conscientizar da
necessidade de conservar o ambiente e fazer cada um à parte que lhe cabe
para tal); (iv) A preservação dos recursos naturais (água, oxigênio, vegetais,
animais); (v) A elaboração de um sistema social garantindo emprego,
segurança social e respeito a outras culturas (erradicação da miséria, do
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preconceito e do massacre de populações oprimidas, como por exemplo, os
índios); (vi) A efetivação dos programas educativos.
1.1. A evolução dos conceitos
A preocupação ambiental ocorreu quando a sociedade internacional deparou-se com
situações emergenciais, relativas à deterioração do ambiente, devido a poluições de toda a
natureza produzidas pela intensa utilização de tecnologias mal controladas e uma série de
catástrofes ecológicas, que constituíam graves ameaças à saúde humana (DINIZ, 2008).
Em termos gerais, desde o final da década de 1960, questões como poluição,
crescimento populacional e tecnologia passaram a suscitar debates que se traduziram, mais
tarde, na realização da Conferência da Organização das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente Humano, em Estocolmo (Suécia), em 1972, reunindo 113 países, constituindo o
primeiro fórum intergovernamental destinado a discutir as questões políticas, sociais e
econômicas geradoras de impactos no meio ambiente, com a perspectiva de suscitar
medidas corretivas e de controle.
Tendo-se em vista que o progresso em matéria ambiental fora insignificante, a ONU
convoca uma nova Conferência, iniciando-se pela criação, em 1983, da Comissão Mundial
sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, presidida por Gro Harlem Brundtland, cujas
atividades resultaram na publicação do manifesto “Nosso Futuro Comum”, também
conhecido como “Relatório Brundtland”, em que foi expresso, pela primeira vez, o conceito
de desenvolvimento sustentável.
Passados vinte anos da Conferência de Estocolmo, a ONU promoveu um novo
encontro internacional no Rio de Janeiro, a Conferência da Organização das Nações Unidas
sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, para que se pudesse avaliar como os países
haviam efetivado as diretrizes de proteção ambiental traçadas na Conferência de 1972 e
discutir novos procedimentos a serem adotados. Como principais resultados da Conferência
de 1992, destacam-se: (i) a Declaração do Rio sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento;
(ii) a Agenda 21; (iii) a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima.
A partir das diretrizes traçadas pelos princípios ambientais oriundos da Conferência
de 1972 (posteriormente reprisados na Conferência de 1992), os Estados passaram a
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adotar políticas ambientais destinadas a administrar, controlar e planejar a utilização dos
recursos naturais, com a finalidade de preservar o meio ambiente e garantir o direito dos
cidadãos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado (DINIZ, 2008).
1.2. Gestão dos Resíduos Sólidos
Um dos marcos regulatórios para a temática dos resíduos sólidos é a Lei 12.305/10
que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, tornando obrigatória a elaboração de
planos de gestão de resíduos sólidos nos municípios, trazendo alternativas para a
destinação adequada dos insumos e propostas de projetos de reaproveitamento dos
resíduos industriais e, ainda, alerta para a necessidade de uma educação ambiental para o
cidadão.
Em atendimento à legislação federal, a cidade de Divinópolis tem atuado no sentido
de implementar o Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos de Divinópolis
(PMGIRS). Uma destas ações foi a Audiência Pública ocorrida em Julho/2013, com o intuito
de conhecer, debater, informar e receber sugestões da comunidade, através da
apresentação e disponibilização da minuta de proposta do Plano Municipal de
Gerenciamento Integrado dos Resíduos Sólidos Urbanos.
De acordo com o PMGIRS (2013, p.9-10),
O Gerenciamento Integrado do Sistema de Limpeza Pública Urbana é, em
síntese, produto do envolvimento de diferentes órgãos da administração
pública e da sociedade civil com o propósito de realizar a limpeza pública
urbana, a coleta, o tratamento e a disposição final do lixo, elevando assim, a
qualidade de vida da população e promovendo o asseio da cidade. Para
tanto, são considerados as características das fontes de produção, o
volume os tipos de resíduos, as características sociais, culturais e
econômicas dos cidadãos e as peculiaridades demográficas, climáticas e
urbanísticas locais. (...) Em geral, diferentemente do conceito de
gerenciamento integrado, os municípios costumam tratar o lixo produzido na
cidade apenas como um material não desejado, a ser recolhido,
transportado, podendo, no máximo, receber algum tratamento manual ou
mecânico para ser finalmente disposto em aterros. Trata-se de uma visão
distorcida em relação ao foco da questão social, encarando o lixo mais
como um desafio técnico no qual se deseja receita política que aponte
eficiência operacional e equipamentos especializados.
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O PMGIRS preconiza programas de limpeza urbana, enfocando meios para que
sejam obtidos a máxima redução da produção de lixo, o máximo reaproveitamento e
reciclagem de materiais e, ainda, a disposição dos resíduos de forma mais sanitária e
ambientalmente adequada, abrangendo toda a população e a universalidade dos serviços.
Essas atitudes contribuem significativamente para a redução dos custos do sistema, além
de proteger e melhorar o ambiente.
1.3. A Coleta Seletiva: possibilidade de descarte adequado do lixo
Ao se produzir ou utilizar qualquer tipo de material sólido, seja urbano, industrial ou
agrícola, sobram resíduos, muitas vezes denominados lixo. O lixo é considerado pelos seus
geradores como algo não mais necessário, inútil, descartável e muitas vezes indesejável.
Para Mano et al (2010, p.100), “O problema do acúmulo do lixo surgiu quando o
homem se fixou em determinado local. A preocupação com a eliminação dos resíduos
produzidos implicou sua destinação para locais afastados das aglomerações humanas.”
Inúmeros fatores interferem na composição do lixo, entre eles o número de
habitantes, os hábitos e costumes da população, o poder aquisitivo, o nível educacional.
Também são várias as formas escolhidas de destinação dos resíduos urbanos pós-
consumo, que podem ocorrer através de aterros, reciclagem, compostagem ou incineração.
Todas essas formas têm suas vantagens e desvantagens.
No que se refere ao lixo, o conceito dos 3R’s – Reduzir, Reutilizar e Reciclar pode
ser considerado um dos princípios básicos para a educação ambiental:
- REDUZIR (MINIMIZAR): antes do consumo, é necessário reduzir o volume do material a
ser descartado, o que pode ser feito através do redimensionamento das embalagens em
relação ao material utilizado e modificação no formato dos recipientes.
- REUTILIZAR: tendo em mente a possibilidade de reutilização da embalagem pelo
consumidor, o fabricante deve planejar uma embalagem que possa ter uma nova utilidade,
estendendo a vida útil do artefato.
- RECICLAR: é o aproveitamento do material refugado transformando-o em uma nova peça
ou para recuperar a energia, retornando-a ao ciclo produtivo parte das matérias primas ou
da energia.
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Em sua análise, Barros (2012, p.254) acrescenta aos 3R’s citados, outro R que se
refere ao “reempregar”, que consiste em dar uma nova utilização a um produto ou material
recuperado para uso semelhante a sua primeira função.
Mano et al (2010, p.113) esclarece que “O gerenciamento da destinação dos
resíduos urbanos é um conjunto de ações normativas, operacionais, financeiras e de
planejamento para disposição do lixo de forma ambientalmente segura, utilizando
tecnologias compatíveis com a realidade local.”
Ao se referir ao lixo produzido nas cidades, Barros (2012, p.36) afirma que:
O que define o que de fato é lixo é esta possibilidade de escolher o que
guardar – e usar – ou jogar fora, uma escolha sempre renovada e que está
implícita em cada gesto de cada pessoa. Não é uma noção estática: varia
no tempo e no espaço, segundo contextos socioeconômicos e
comportamentos específicos. Muitos dos objetos comprados e consumidos
se transformam em lixo antes de terem se tornados impróprios para o uso
ou de terem esgotado todas as possibilidades de seus préstimos: os artigos
de moda são o exemplo clássico disto, segundo uma obsolescência
programada. Como corolário do processo de consumo, um detentor de um
bem decide dele se desfazer, segundo critérios variados, e aí gera RS: os
consumidores somos os geradores de lixo.
O autor apresenta um paralelo sobre a questão da sustentabilidade e as cidades, ao
afirmar que:
A gestão sustentável e integrada dos RS municipais é imprescindível para
obter e manter uma boa qualidade de vida de uma comunidade,
principalmente nas áreas urbanas, onde a concentração populacional segue
aumentando. A problemática dos RS tem que ser analisada de maneira
mais abrangente que a mera solução tecnológica (e fundamentalmente
operacional), de modo geral concentrada na etapa da disposição final: é
preciso também ver a montante da produção crescente de RS,
questionando os mecanismos que levam a ela e as consequências daí
advindas. Esta abordagem integrada considera as interfaces com aspectos
culturais, socioeconômicos, ambientais, administrativos, políticos e mesmo
éticos: não é possível constatar que há ainda dezenas de milhares de
pessoas catando informalmente nas ruas e nos lixões do Brasil, sem se
imaginar o que os empurra para esses locais. Não se pode mais
desconsiderar os altos custos e os graves impactos ambientais, de curto e
médio e longo prazos, derivados da aceleração do consumo – do inelutável
aumento da produção de RS –, e a inexorável necessidade de lhes dar uma
destinação ambientalmente correta (2012, p.16).
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A coleta seletiva pode ser caracterizada pela separação dos materiais inicialmente
pela população e posteriormente pela coleta e envio aos centros de triagem, cooperativas
ou catadores. A coleta seletiva é considerada a principal ação para o desenvolvimento da
reciclagem e da reutilização; e pode ser realizada de porta a porta ou através dos postos de
entrega voluntária.
A coleta seletiva proporciona entre outras ações, a redução do volume a ser
descartado; a boa qualidade dos materiais recuperados; a possiblidade de parcerias com
agentes envolvidos no processo; o estímulo à cidadania. No entanto, tem como aspectos
negativos a organização da logística do espaço, necessitando de veículos especiais que
recolham o material em dias diferenciados dos da coleta convencional e a necessidade de
um centro de triagem para a separação dos materiais por tipos especificados.
A educação ambiental é considerada fundamental para o sucesso de qualquer
programa, especialmente, o da coleta seletiva. É através dela que o cidadão se conscientiza
do seu papel na sociedade como sujeito gerador e responsável pelo seu lixo.
2. CONTEXTUALIZANDO DIVINÓPOLIS: A CIDADE POLO DA CONFECÇÃO
Divinópolis, fundada, em 1767, está situada na região Centro-Oeste de Minas Gerais,
a aproximadamente 110 quilômetros da capital, Belo Horizonte. A cidade possui uma
excelente malha rodoviária que a aproxima dos principais centros urbanos do país. A
estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para a população
residente no município de Divinópolis no ano de 2012 era de 217.404 habitantes.
Nogueira (2010, p.13) afirma que:
No final da década de 1970, a grave crise econômica da indústria
siderúrgica, considerada até então a principal fonte de renda da cidade e da
região, culminou na demissão e fechamento de várias empresas do setor.
Pode-se dizer que essas dificuldades provocaram o surgimento da indústria
de confecção do vestuário que contribuiu com o desenvolvimento local
através da quebra da hegemonia da siderurgia e significou novas formas de
geração de trabalho e renda.
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Divinópolis, considerada a 5ª cidade com melhor Índice de Desenvolvimento Humano
(IDH) do estado1, se caracteriza por ser essencialmente industrial e tornou referência nas
áreas de indústrias siderúrgicas, metalúrgicas e de confecções, abrindo oportunidades de
emprego a diversos segmentos da sociedade. A cidade é considerada polo da região
Centro-Oeste de Minas Gerais e está entre os 10 principais municípios do estado.
Dados do relatório anual divulgado pela Federação das Indústrias do Estado de
Minas Gerais (FIEMG)2 mostram que a cidade de Divinópolis é o principal polo
confeccionista no estado, ficando a frente da capital, Belo Horizonte, que ocupa a segunda
colocação e da cidade de Juiz de Fora, que vem em terceira. O setor confeccionista
emprega aproximadamente 10% da população.
Por não ter tido um planejamento estratégico, a cidade expandiu-se
desordenadamente. Seu crescimento urbano, acelerado nos últimos anos e os loteamentos
aprovados indevidamente no passado são fatores que dificultaram ainda mais as obras de
infraestrutura básica.
2.1. O Polo Confeccionista de Divinópolis
O polo têxtil de Divinópolis tem em sua cadeia produtiva, lavanderias, estamparias,
confecções, entre outros. A cidade possui mais de 500 lojas e seis centros comerciais com
estrutura para receber compradores de várias cidades de Minas Gerais e de outros estados
do Brasil.
Atualmente o município possui 786 empresas registradas no setor confeccionista,
que são responsáveis por 21,4% de toda a produção do estado. Quando avaliado apenas o
vestuário, a participação sobe para 24,9%. A cidade também é responsável por 17,7% dos
postos de trabalho, com 26.501 funcionários.
Em Divinópolis, as confecções e facções se espalham por toda a cidade. Várias
residências e até condomínios residenciais abrigam as confecções. É bastante comum
1 Dados obtidos no Anuário Estatístico de Divinópolis – 2009.
2 Dados obtidos em: http://g1.globo.com/minas-gerais/triangulo-mineiro/noticia/2013/02/relatorio-aponta-
divinopolis-como-maior-polo-de-confeccao-do-estado.html
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encontrarmos edifícios com o pavimento térreo destinado à confecção e os demais andares
de apartamentos residenciais.
Divinópolis enfrenta o problema do exagerado volume de lixo produzido, cerca de
120 toneladas/dia. Por se tratar de um polo confeccionista, grande parte do volume de
resíduos têxteis descartados pelas indústrias são direcionados junto ao lixo domiciliar. A
situação do lixo em Divinópolis tornou-se um desafio para toda a comunidade, pois, ao
caminhar pelas ruas da cidade, é comum encontrarmos nas calçadas sacos cheios de
retalhos de tecidos, bem como resíduos das confecções.
A crescente busca por soluções para a diminuição do lixo e do desemprego, e de
educação ambiental na sociedade atual, mostra a necessidade de enfrentamento destes
problemas socioambientais.
A pesquisa intitulada Diagnóstico Ambiental das Confecções de Divinópolis,
desenvolvida entre os anos de 2008/2009, pelo CEFET/MG mostra que em relação aos
tipos de resíduos gerados direta e indiretamente na produção, 93% das empresas
entrevistadas afirmam ter como principal fonte de resíduos os retalhos de tecidos. Em
relação ao destino destes resíduos têxteis, a pesquisa revela ainda que 16% destes são
vendidos, ou seja, retornam como lucro para a empresa. No entanto, nota-se preocupação
por parte das empresas que doam seus resíduos, seja para terceiros, para instituições,
programas sociais ou ainda colocados na rua para coleta urbana e/ou catadores de retalhos.
A pesquisa mostra ainda, que em 31% das empresas consultadas, a preocupação com a
preservação do meio ambiente não é realizada de forma efetiva, e que em 78% das
empresas pesquisadas existe perda de matéria-prima antes ou durante a produção.
A pesquisa mostra também que a maioria das empresas de pequeno porte não tem
acesso às tecnologias de mapeamento e corte informatizados o que dificulta a etapa de
corte das peças. O setor de corte é o responsável pela sobra dos retalhos, pois um corte
mal planejado compromete toda uma produção, encarecendo a peça e produzindo uma
maior quantidade de retalhos. Esta informação pode mostrar que grande parte dos
empresários das confecções de pequeno porte não conhecem os princípios básicos da
sustentabilidade (produtos devem ser economicamente viáveis, socialmente justos e
ambientalmente corretos). Os dados apresentados demonstram que possivelmente estes
empresários não tem consciência da questão ambiental e provavelmente desconhecem ou
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não aplicam ações que destinam a tratar adequadamente ou a minimizar o volume dos
resíduos têxteis.
A pesquisa mostra, ainda, que existe por parte dos empresários, preocupação com a
preservação do meio ambiente, pois 48% das empresas consultadas selecionam
fornecedores que trabalham com matérias-primas ambientalmente corretas. Para 31% das
empresas consultadas, a preocupação com a preservação do meio ambiente não é
realizada de forma efetiva, e em 78% das empresas pesquisadas se verifica perda de
matéria-prima antes ou durante a produção. Em 76% destas empresas, o setor de corte foi o
que apresentou maior perda de matérias-primas.
No que tange ao destino dos resíduos têxteis, a pesquisa mostra que, parte destes,
16% são vendidos, ou seja, retornando em forma de lucro para as empresas. No que se
refere à doação dos resíduos têxteis, os empresários não tem controle se estes foram
recebidos por instituições, programas sociais ou ainda colocados na rua para coleta urbana
e/ou catadores de retalhos.
Em relação à adoção de medidas que causem menor impacto ambiental, as
empresas afirmaram que os maiores complicadores são a limitação de recursos físicos,
funcionários e/ou instalações adequadas e, a falta de informação/conhecimento das
questões ligadas ao impacto ambiental o que acaba por denunciar a necessidade de uma
educação ambiental, bem como, programas de gestão ambiental destinados ao setor.
Outros estudos e propostas para a gestão dos resíduos têxteis em Divinópolis
encontram-se em andamento, dentre eles o projeto Retalhos Sustentáveis: a criatividade
urbana; a proposta de criação da ONG Lixo & Cidadania, do projeto Retalhos e Cidadania,
que tem como objetivo a montagem de uma central de retalhos, onde serão acolhidos,
triados e distribuídos para serem reaproveitados na confecção de produtos artesanais ou
afins.
2.2. Impactos gerados pelas indústrias de confecções em Divinópolis: a visão
dos agentes envolvidos
A geração de resíduos constitui uma das principais dificuldades de uma comunidade
que busca conciliar o desenvolvimento econômico, social e ambiental de forma equilibrada.
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Outro projeto também desenvolvido pelo CEFET-MG e que se encontra em fase de
conclusão é o Sustentabilidade e a Questão Urbano Ambiental na cidade de Divinópolis, em
que foram realizadas várias entrevistas3 com sujeitos comprometidos com a questão
ambiental para que fosse possível verificar as diversas opiniões sobre o tema em questão.
Um dos entrevistados foi o então Secretário do Meio Ambiente de Divinópolis – MG,
que informou que os problemas graves do município já estão sendo solucionados. O antigo
“Lixão”, que anteriormente retratava uma situação caótica de crianças e adultos convivendo
com o lixo, aves e chorume, foi transformado em aterro sanitário controlado onde será
instalada uma usina de compostagem. O tratamento do esgoto está em andamento e com
previsão para estar completo até 2016. A coleta seletiva foi ampliada e beneficiada pela
criação do Centro Municipal de Triagem, além de outros projetos como os de combate à
poluição sonora e visual e também o de arborização urbana.
O secretário afirma que grande parte dos resíduos das indústrias de confecção são
deixados nas ruas para serem encaminhados como lixo doméstico, assim, é a comunidade
que paga por tonelada de lixo aterrada, o que deveria ser de responsabilidade e ônus da
própria indústria. É possível que a partir do momento em que as indústrias forem
responsabilizadas pelo ônus do lixo produzido, possivelmente várias ações sustentáveis
tendem a ser incrementadas, minimizando a geração dos resíduos têxteis e encaminhando-
os para outras formas de reaproveitamento.
Ao ser questionado sobre qual seria os motivos desta má destinação dos resíduos, o
secretário afirma que: “o que falta realmente é essa união de poder público e empresarial
para poder discutir uma ação correta e concreta que efetive a realização deste trabalho que
não é só ambiental, mas também social, de aproveitamento destes resíduos.”
Outra entrevistada foi a Coordenadora do Núcleo Técnico de Projetos da ONG Lixo &
Cidadania. A referida ONG, criada em 1999, é voltada para a conscientização ambiental e a
sustentabilidade, principalmente através do reaproveitamento de resíduos. Os trabalhos são
desenvolvidos com todo tipo de resíduos, doados pelas empresas colaboradoras. A ONG
tem como foco a educação ambiental, que se sintetiza na própria realização desses
trabalhos artesanais: aquilo que é aprendido sobre reaproveitamento e sustentabilidade é
praticado. A criatividade se faz a partir de resíduos que iriam tornar-se mais lixo acumulado.
3 As entrevistas foram feitas pela bolsista do projeto Sarah Ferreira Rodrigues.
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O descartável se torna reaproveitável, podendo inclusive gerar renda para aquele que
produziu algo com o “lixo”.
Para a coordenadora um dos motivos pelo qual o Programa de Gestão de Resíduos
Têxteis (PGRT) ainda não foi implementado pode ser o desinteresse dos empresários,
talvez por não perceber vantagens ou pela falta de efetividade política. A coordenadora
acredita que até 2014, o programa será incorporado, pois, é este o prazo limite estipulado
pelo governo para a implementação do programa, sendo que, o município que não possuir
um plano de gestão para seus resíduos sólidos, incluindo a reciclagem e o tratamento do
lixo, não poderá contar, por exemplo, com os recursos da União para a melhoria da coleta e
a construção de aterros.
Outra entrevistada pelo projeto foi a superintendente da SUPRAM –
Superintendência Regional de Meio Ambiente do Alto São Francisco, órgão responsável em
executar uma política de proteção, conservação e melhoria da qualidade ambiental no que
concerne a prevenção, a correção da poluição ou da degradação ambiental provocada pelas
atividades industriais.
De acordo com a Superintendente da SUPRAM, após a concessão da licença
ambiental e definição das medidas de controle a serem adotadas, não há, por parte do
órgão, a regular fiscalização das atividades, de modo a certificar se as medidas estão sendo
implementadas.
Em se tratando da cadeia de produção da indústria têxtil quase todos os processos
são passíveis de regularização ambiental, como é o caso das lavanderias, estamparias,
tinturarias e tecelagem. As confecções não necessitam de licença ambiental para seu
funcionamento, pois seus resíduos, especialmente os retalhos, possuem baixo teor
poluente.
A superintendente afirma que
“O cidadão precisa entender que ele também faz parte do meio ambiente.
Pois quando se fala que a geração de resíduos afeta a condição ambiental
de uma cidade, não se fala apenas da condição de um rio, de um solo, fala-
se da condição de vida da população também. Prejudica-se também o
conforto, e a qualidade de vida sadia da população também. Ninguém quer
um pacote de retalho ou um lodo de uma estamparia do lado de sua casa.
Então o cidadão precisa entender que quando se fala em meio ambiente ele
está inserido nesse contexto e que se o próprio cidadão não conseguir
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fiscalizar e denunciar o que está vendo para o órgão ambiental, é difícil
fazermos este controle sozinhos. Desta forma, seria ótimo para a melhoria
da qualidade ambiental que o próprio cidadão se conscientizasse e
cobrasse dos empreendimentos esta atitude correta de descarte de
resíduos. O empreendimento iria corrigir suas falhas não devido a cobrança
do órgão ambiental, mas sim da própria comunidade.”
Outra entrevista realizada foi com as idealizadoras do projeto “Retalhos
Sustentáveis”, que tem como principal objetivo capacitar pessoas para trabalhar com os
resíduos têxteis (retalhos) de forma sustentável. Em 2011, o projeto foi aprovado pela Lei
Municipal de Incentivo à Cultura e, em 2012, pela Lei Estadual de Incentivo à Cultura
ampliando a área de atuação para Divinópolis e região. Por falta de interesse por parte dos
empresários, que em contrapartida ao investimento poderiam abater em seus impostos
parte do valor investido, o projeto não se concretizou. Ainda assim, as idealizadoras do
projeto iniciaram as atividades na ONG Lixo & Cidadania. Para elas é urgente a
necessidade de uma educação ambiental destinada especialmente aos empresários do
ramo que ainda estão desinteressados nas questões relacionadas à sustentabilidade
ambiental.
A última entrevista da pesquisa ocorreu com os responsáveis pelo Centro de
Triagem do Lixo de Divinópolis, onde os resíduos domésticos depois de coletados pelos
catadores são triados, pesados e preparados para a venda. Ao cidadão cabe separar seu
lixo e disponibilizá-lo para que os catadores possam recolhê-los. Infelizmente não é esta a
realidade de Divinópolis onde a população ainda não se conscientizou da necessidade de se
separar corretamente o lixo amenizando os impactos ambientais. Especificamente em
relação aos resíduos têxteis, estes estão sendo direcionados ao aterro sanitário.
A partir das declarações dos entrevistados fica clara a necessidade de
conscientização por parte de todos os sujeitos envolvidos, aqui especialmente, no setor
confeccionista.
Diniz reforça esta necessidade ao afirmar que
“a crise ambiental contemporânea configura-se, essencialmente, no
esgotamento dos modelos desenvolvimentistas levados a efeito nas últimas
décadas, notadamente as de sessenta e setenta, que, a despeito dos
benefícios científicos e tecnológicos daí decorrentes, trouxeram, no seu
bojo, a devastação do meio ambiente e a escassez dos recursos naturais
em nível planetário, manifestadas principalmente por acontecimentos
globais como o efeito estufa, a chuva ácida, a perda da biodiversidade, o
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desmatamento, a poluição do ar, a exaustão do solo, a erosão e a morte
dos rios e dos lagos. Manifestações essas decorrentes da maciça ausência
de políticas governamentais capazes de conter a atuação parasita e
desenfreada do homem sobre o meio ambiente, tomando o que dele deseja
com pouca atenção pelo sistema de sustentação da sua vida. (2008, p.458-
475)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O último século foi marcado pelo aceleramento do desenvolvimento tecnológico que
trouxe benefícios, mas também problemas socioeconômicos, causando prejuízos
ambientais, especialmente ao sobrepor à questão da preservação e do equilíbrio ambiental.
Conscientizar a sociedade para a responsabilidade socioambiental torna-se
imprescindível. O que se pode perceber é que, atualmente, no meio empresarial existe uma
maior preocupação em assumir formas de gestão mais limpas (Empresas Verdes) do que a
conscientização da necessidade de um desenvolvimento econômico sustentável. A busca
por este desenvolvimento não pode ser vista isoladamente como uma ação pontual, ela faz
parte de um processo e assim sendo, necessita de continuidade.
O gestor tem um papel fundamental neste processo, pois cabe a ele a
responsabilidade e a dedicação pessoal na busca pela redução do impacto ambiental da
organização, especialmente ao conseguir engajar todos os sujeitos envolvidos na
organização.
A sustentabilidade precisa ser vista como um processo contínuo de melhoria e a
indústria da confecção tem sua parcela nos graves impactos gerados ao meio ambiente,
seja através do uso de agrotóxicos das lavouras; do descarte de efluentes das tinturarias e
lavanderias ou ainda, pela promoção do consumismo e da cultura do descartável.
A conscientização da necessidade de uma produção mais sustentável por parte das
empresas, mesmo que incipiente, começa a se tornar uma realidade. A moda está deixando
de ser a vilã da sustentabilidade para se tornar uma aliada, colaborando para que o
consumo ocorra de forma mais consciente.
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É premente a busca por alternativas que visam a redução dos resíduos,
especialmente em relação aos resíduos têxteis e a primeira ação seria a redução das sobras
de retalhos através da otimização do mapeamento usado como guia para o corte dos
tecidos. Outra ação seria a separação das sobras de tecidos por cor e por tipo de fibra,
facilitando a reutilização por parte dos artesãos.
Torna-se necessário também uma maior conscientização dos consumidores no
momento da compra do produto. Se o consumidor optar por produtos ecologicamente
corretos, as empresas irão se adequar e consequentemente minimizarão os prejuízos ao
meio ambiente.
Embora a sustentabilidade seja uma questão atual e frequentemente discutida, este
artigo não tem a pretensão de esgotar o assunto e sim contribuir para o desenvolvimento
sustentável, especialmente do setor confeccionista. Espera-se que outras pesquisas
possam abordar outros aspectos da sustentabilidade e tragam propostas de discussões e
soluções aos problemas relacionados a esta temática.
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REFERÊNCIAS
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