Post on 26-Jun-2015
DISLEXIA
Uma nova abordagem terapêutica
( Método inovador )
Dra. Graciete Serrano –Psicóloga clínica Dr. Orlando Alves da Silva - Médico
Conteúdo • Introdução ao novo método terapêutico • Alterações no desenho da figura complexa de Rey • Alterações da escrita • Alterações electroencefalográficas • Perguntas e comentários • Documentos acessórios:
Descomplicando a dislexia
INTRODUÇÃO A dislexia representa no momento actual um grave problema social na medida em que constitui factor de perda de rendimento escolar com todas as consequências que daí advêm. No mundo do trabalho ela é responsável por errros laborais que podem conduzir a consequências trágicas quer para o disléxico quer para aqueles que dependem do bom resultado do seu trabalho. A dislexia, é em suma, um factor de diminuição da utilidade social do indivíduo e que impede a sua plena realização.
As terapêuticas clássicas ensaiadas para o tratamento da dislexia apresentam resultados tão medíocres que muitos autores a consideram sem tratamento. A dislexia tem sido recentemente ligada anatomicamente a excessos de tecido neural a nível cerebral e também a migrações de certas células corticais. Estas ligações procuram atribuir-lhe o carácter de doença cerebral orgânica e justificar a sua resistência ao tratamento.
Não se nos afigura ser esse o melhor caminho interpretativo pelo simples facto de, mesmo em lesões orgânicas, existir a possibilidade de recurso às funções vicariantes do cérebro. Por outro lado, o aumento de incidência nas populações escolares induz-nos a pensar seriamente num factor funcional tratável desde que se conheçam as causas e dominem os processos terapêuticos.
A nossa experiência clínica tem vindo a reforçar a ideia de que estamos em presença de uma disfunção perceptiva dependente de perturbações mais ou menos graves do sistema proprioceptivo.
A análise da topografia electrofisiológica computorizada (TEC) mostra, nos disléxicos, áreas cerebrais de microvoltagens excessivamente elevadas, susceptíveis de serem alteradas pela posição do olhar que apontam no sentido de estarmos em presença de um processo de características funcionais.
O tratamento consiste na correcção das perturbações proprioceptivas que em nosso entender são a base em que assenta a disfunção disléxica.
Há dois processos que se completam :
1. Reprogramação Postural 2. Modificação da informação visual através de lentes prismáticas
de pequena potência
Este processo implica um conhecimento profundo do modo de funcionamento do sistema proprioceptivo e o domínio das técnicas de diagnóstico e de apreciação da resposta terapêutica.
Nota: Embora os exemplos clínicos apresentados nas páginas seguintes se refiram a crianças, este tratamento é também válido para adultos
Figura complexa de Rey Desevolvemos esta técnica nestas duas últimas décadas e os nossos resultados têm vindo a ultrapassar todos os resultados obtidos com as técnicas clássicas. A titulo de exemplo mostramos a reprodução de memória da Figura Complexa de Rey numa das nossas crianças disléxicas antes e após o nosso método de tratamento.
R.M. 14 anos
Reprodução de F.C.Rey.
Verifica-se que o disléxico fez a reprodução em micrografismo e com uma rotação de 90 graus em relação á posição em que a figura se encontrava colocada.
R.M. 14 anos Reprodução de memória da mesma figura após tratamento.
A figura encontra-se na posição em que foi mostrada e é desenhada com as mesmas dimensões do modelo original.
Topografia electroencefalográfica ou cartografia cerebral
Esta figura corresponde à Topografia Electroencefalográfica Computorizada (TEC) de uma criança disléxica. Esta criança tinha dificuldades na leitura, na escrita e na percepção dos sons. Apresentava também insucesso escolar acentuado, apesar de um teste de WISC (Wechsler Intelligence Scale for Children) revelar um alto grau de inteligência( QI > 110).
Trata-se de um registo onde se mostram os valores absolutos das ondas delta ( onda de baixa frequência cerebral ) onde se pode verificar que o cérebro se encontra todo invadido por potênciais electrofisiológicos superiores a 1000 microvolts2 (ver escala de cores).
Esta imagem corresponde ao registo da Topografia Electroencefalográfica Computorizada da mesma criança disléxica executada nas mesmas condições mas após o nosso tratamento. A análise do registo permite verificar que todos os valores de potência absoluta se encontram abaixo de 1000 microvolts 2 (ver escala de cores). Em termos clínicos, a criança melhorou de imediato e ao fim de 4 meses tinha conseguido ultrapassar a média de aproveitamento da sua classe.
Topografia electroencefalográfica ou cartografia cerebral
Esta figura corresponde à Topografia Electroencefalográfica Computorizada (TEC) de uma criança disléxica. Esta criança tinha dificuldades na leitura, na escrita e na percepção dos sons. Apresentava também insucesso escolar acentuado, apesar de um teste de WISC (Wechsler Intelligence Scale for Children) revelar um alto grau de inteligência (QI > 110).
Trata-se de um registo onde se mostram os valores absolutos das ondas delta ( onda de baixa frequência cerebral ) onde se pode verificar que o cérebro se encontra todo invadido por potênciais electrofisiológicos superiores a 1000 microvolts2 (ver escala de cores).
Esta imagem corresponde ao registo da Topografia Electroencefalográfica Computorizada da mesma criança disléxica executada nas mesmas condições mas após o nosso tratamento. A análise do registo permite verificar que todos os valores de potência absoluta se encontram abaixo de 1000 microvolts 2 (ver escala de cores). Em termos clínicos, a criança melhorou de imediato e ao fim de 4 meses tinha conseguido ultrapassar a média de aproveitamento da sua classe.
DESCOMPLICANDO A DISLEXIA O.Alves da Silva (Médico) G. Serrano (Psicóloga Clínica)
O homem tende a considerar complicado tudo o que desconhece e a considerar fácil tudo aquilo que conhece bem. Tempos houve na história da humanidade em que a simples sucessâo do dia e da noite era vista como uma complexa luta entre o poder da luz e o poder das trevas.
A dislexia também tem sido alvo de interpretações que nada têm a ver com a sua realidade. A dificuldade em ler tem sido muitas vezes interpretada erradamente, como um sinal baixa capacidade intelectual. Uma observação mais atenta mostra que muitos disléxicos conseguem em certas áreas e em certos momentos da sua actividade ,uma performance superior à média do seu grupo etário e isso deixa confusos todos aqueles que apostavam na baixa capacidade intelectual para explicar a dificuldade na leitura. Os resultados obtidos nos testes de inteligência vêm, num plano já mais científico, mostrar que não existe uma correlação aceitável entre o grau de inteligência do disléxico e a sua baixa performance na leitura.
Outro erro comum consiste na noção de que o disléxico tem que ser disléxico durante toda a sua vida. A nível científico não faltam teorias que procuram relacionar a disléxia com perturbações orgânicas . Têm sido apontadas como causas a existência de excesso de tecido neural e a migração de células corticais. Seria assim a dislexia, o resultado de uma malformação orgânica localizada no cérebro. Sabemos todos que a doença não é o resultado directo de uma agressâo ou da acção de um agente agressor mas sim a falência do organismo em termos de capacidade imediata de resistência à agressâo recebida. Todos sabemos que quando surge uma epidemia em que toda uma comunidade se encontra igualmente exposta, há sempre indivíduos que conseguem resistir à acção do agente agressor e não contraem a doença. Para que percebamos a dislexia e as suas causas temos de ter bem presente esta noção de capacidade individual de resistência e que esta capacidade varia consoante os indivíduos. Esta noção não afasta a hipótese de que determinadas pequenas malformações orgânicas possam modificar a capacidade de resistência do indivíduo mas dá-nos a esperança de que se conhecermos o agente agressor e formos capazer de diminuir o nível de agressâo de forma a que esta se situe abaixo da capacidade de resistência do indivíduo, conseguimos eliminar a doença e em consequência, toda
a sua incómoda sintomatologia. Quer isto dizer que para obter a cura não é sempre necessário modificar o factor individual, sendo muitas vezes suficiente reduzir a intensidade da agressão
É esta metodologia que temos vindo a utilizar no que concerne à DISLEXIA . Sabemos hoje que a dislexia comum não é mais do que um sinal de perturbação do sistema proprioceptivo ( o sistema proprioceptivo tem como funções receber informações dos variados locais do organismo, tratá-las adequadamente, compatibilizá-las entre si e enviar ordens de acção em conformidade com o resultado obtido ). Quando a disfunção proprioceptiva tem incidência a nível das funções cerebrais necessárias à leitura surge a disléxia. Sabemos também que essa perturbação do sistema proprioceptivo é provocada por erros sistemáticos e estereotipados de posicionamento do corpo sem que o indivíduo atingido tenha consciência desses erros. De posse destes conhecimentos tudo fica facilitado no sentido de DESCOMPLICAR A DISLEXIA. A nível de tratamento torna-se lógico que o tratamento eficaz e duradouro da dislexia tem que ter por base uma correcção adequada dos factores que conduzem aos erros inconscientes de posicionamento do indíviduo durante o seu dia a dia. Esta técnica é comum a todos os indivíduos com perturbações proprioceptivas sejam ou não disléxicos e consiste na introdução de uma REPROGRAMAÇÃO POSTURAL em que o indivíduo passa a ter consciência dos erros de posicionamento inconsciente que tem vindo a praticar e é ensinado a corrigi-los . Essa aprendizagem é facilitada e complementada atrvés de informação que atinge automáticamente e selectivamente os centros cerebrais nomeadamente através de LENTES PRISMÁTICAS de pequena potência estudadas caso a caso e de modificação selectiva da informação plantar através de palmilhas posturais. Há mais de 20 anos que dominamos esta técnica e os resultados são positivos em mais de 90 por cento dos casos. No que diz respeito à dislexia é necessário completar o tratamento introduzindo a informação correcta que a criança nunca apreendeu em boas condições devido à deformação e bloqueios parciais induzidos a nível do cérebro,.pela perturbação funcional do sistema proprioceptivo . É bem conhecida a baixa eficácia nos resultados obtidos com os tratamentos anteriores ao nosso mas só agora é fácil de compreender a razão dessa baixa eficácia. Essas técnicas consistem em procurar "muletas" para a deficiência enquanto nós procuramos anular os factores que induzem essa deficiência.
Para uma melhor compreensão do que acabamos de referir aconselhamos a leitura da nossa página Dislexia - Uma nova abordagem terapêutica
Dislexia
A Dislexia corresponde a uma perturbação a nível da leitura e escrita, cuja frequência tem vindo a aumentar progressivamente.
O termo Dislexia é aplicável a uma situação na qual a criança é incapaz de ler com a mesma facilidade com que lêem as crianças do mesmo grupo etário, apesar de possuir uma inteligência normal, saúde e órgãos sensoriais intactos, liberdade emocional, motivação e incentivos normais, bem como instrução adequada.
À medida que o tempo passa, aumenta o número de crianças que terminam o seu período escolar obrigatório sem a fluência de leitura e escrita que se considera adequada.
Trata-se de um problema social grave que tem preocupado pais, educadores, psicólogos e médicos. Dessa preocupação tem resultado, a nível mundial, a procura de processos capazes de debelar a situação. Ao longo das últimas décadas essa procura tem conduzido a magros resultados. É de supôr que os resultados pouco satisfatórios, até então obtidos, resultem de uma abordagem incompleta do problema Dislexia.
A observação e acompanhamento de crianças disléxicas mostrou-nos que estas apresentam perturbações que ultrapassam, em larga escala, a simples função da leitura.
O estudo do seu sistema proprioceptivo tem-nos vindo a mostrar alterações profundas que não parecem ser independentes das perturbações disléxicas.
O tratamento dessas perturbações proprioceptivas tem-nos mostrado, também, uma modificação altamente positiva no que concerne à aprendizagem da leitura e escrita.
Definição
O estudo das dificuldades de leitura e escrita, em geral, e da dislexia, em
particular, vem suscitando desde há muito tempo o interesse de psicólogos,
professores, pediatras e outros profissionais interessados na investigação dos
factores implicados no sucesso e/ou insucesso educativo. A dislexia representa no
momento actual um grave problema escolar, para a qual todos os profissionais da
educação estão cada vez mais consciencializados.
As competências da leitura e escrita são consideradas como objectivos
fundamentais de qualquer sistema educativo, ao nível da escolaridade elementar, a
leitura e a escrita constituem aprendizagens de base e funcionam como uma mola
propulsora para todas as restantes aprendizagens. Assim uma criança com
dificuldade nesta área apresentará lacunas em todas as restantes matérias, o que
provoca um desinteresse cada vez mais marcado por todas as aprendizagens
escolares e uma diminuição da sua auto-estima.
Existem presentemente várias definições para a mesma problemática, de entre
as quais se destacam:
• Segundo Víctor da Fonseca a dislexia é uma dificuldade duradoura da
aprendizagem da leitura e aquisição do seu mecanismo, em crianças
inteligentes, escolarizadas, sem quaisquer perturbação sensorial e psíquica já
existente (Fonseca, 1999).
• A World Federation of Neurology define-a como uma perturbação que
se manifesta pela dificuldade na aprendizagem da leitura, apesar de uma
educação convencional, uma adequada inteligência e oportunidades sócio-
culturais.
• Outra definição, surge do Comittee on Dyslexia of the Health Council
of the Netherlands, segundo estes a dislexia está presente quando a
automatização da identificação das palavras (leitura) não e/ou da escrita de
palavras não se desenvolve, ou se desenvolve de uma forma muito incompleta,
ou com grande dificuldade.
• Para Critchley a dislexia trata-se de uma "perturbação que se
manifesta na dificuldade em aprender a ler, apesar de o ensino ser
convencional, a inteligência adequada, e as oportunidades socioculturais
suficientes."
• Dislexia: (do grego) dus = difícil, dificuldade; lexis = palavra.
Esta dificuldade em ler e escrever tem sido muitas vezes erradamente
interpretada, como um sinal de baixa capacidade intelectual. Muito pelo contrário,
muitos disléxicos conseguem em certas áreas e em certos momentos da sua
actividade, uma performance superior à média do seu grupo etário. Só se poderá
diagnosticar uma dislexia em crianças que apresentem pelo menos uma eficiência
intelectual dentro dos parâmetros normativos.
Sinais de Alerta
Aqui estão alguns sinais de alerta que pais e professores devem de ter em
atenção quando suspeitam da existência de problemas nas competências de leitura e
escrita nos seus filhos ou alunos:
• Começou a falar tardiamente ou apresentou problemas de linguagem
durante o seu desenvolvimento.
• Bastantes dificuldades na leitura, escrita com muitos erros ortográficos
e a qualidade da caligrafia é bastante deficiente.
• Dificuldades na compreensão de textos.
• Prefere ler em voz alta para compreender melhor um texto.
• Inventa palavras ao ler um texto.
• Salta linhas durante a leitura, na leitura silenciosa consegue-se ouvir o
que está a ler, acompanha a linha da leitura com o dedo.
• A velocidade da leitura é inadequada para a idade.
• Apresenta dificuldades na rima de palavras.
• Demora demasiado tempo na realização dos trabalhos de casa (uma
hora de trabalho rende 10 minutos).
• Utiliza estratégias e truques para não ler.
• Distrai-se com bastante facilidade perante qualquer estímulo,
parecendo que está a "sonhar acordado".
• Os resultados escolares não são condizentes com a sua capacidade
intelectual.
• Melhores resultados nas avaliações orais do que nas escritas.
• Não gosta de ir à escola ou de realizar qualquer actividade com ela
relacionada.
• Confunde a direita e a esquerda.
• Quando era mais novo tinha problemas de equilíbrio e/ou tropeçava
muitas vezes.
• Bastante imaginativo e criativo, com capacidades acima da média em
determinadas áreas (desenho, pintura, música, teatro, desporto, etc.).
Diagnóstico
Para se fazer um diagnóstico correcto da dislexia deve-se verificar inicialmente
se na história familiar existem casos de dislexia ou de dificuldades de aprendizagem
e se na história desenvolvimental da criança ocorreu um atraso na aquisição da
linguagem.
As pessoas disléxicas pensam primariamente através de imagens e sentimentos,
e não com sons e palavras, sendo bastante intuitivos.
Na leitura notam-se confusões de grafemas cuja correspondência fonética é
próxima ou cuja forma é aproximada, bem como a existência de inversões, omissões,
adições e substituições de letras e sílabas. Ao nível da frase, existe uma dificuldade
nas pausas e no ritmo, bem como revelam uma análise compreensiva da informação
lida muito deficitária (muitas dificuldades em compreender o que lêem).
Ao nível da produção escrita a sintomatologia é semelhante, verificando-se a
presença de muitos erros ortográficos, grafia disforme e ilegível, como também
lacunas na estruturação e sequênciação lógica das ideias, surgindo estas
desordenadas.
As principais manifestações da dislexia nas competências de leitura e escrita
são:
• Um atraso na aquisição das competências da leitura e escrita.
• Dificuldades acentuadas ao nível da consciência fonológica
([des]codificação fonológica, descodificação grafema-fonema).
• Leitura silábica, decifratória, hesitante, sem ritmo, com bastantes
correcções e erros de antecipação.
• Velocidade de leitura bastante lenta para a idade e para o nível escolar.
• Confusão entre letras, sílabas ou palavras com diferenças subtis de
grafia ou de som (a-o; c-o; e-c; f-t; h-n; m-n; v-u; f-v; ch-j; p-t; v-z;…).
• Confusão entre letras, sílabas ou palavras com grafia similar, mas com
diferente orientação no espaço (b-d; d-p; b-q; d-q; n-u, a-e;…).
• Inversões parciais ou totais de sílabas ou palavras (ai-ia; per-pré; fla-fal;
me-em; sal-las; pla-pal; ra-ar;…).
• Substituição de palavras por outras de estrutura similar, porém com
significado diferente (saltou-salvou; cubido-bicudo;...).
• Adição ou omissão de sons, sílabas ou palavras (famosa-fama; casaco-
casa; livro-livo; batata-bata;…).
• Substituição de palavras inteiras por outras semanticamente vizinhas.
• Problemas na compreensão semântica e na análise compreensiva de
textos lidos.
• Dificuldades em exprimir as suas ideias e pensamentos em palavras.
• Ilegibilidade da escrita: letra rasurada, disforme e irregular, presença de
muitos erros ortográficos e dificuldades ao nível da estruturação e
sequenciação lógicas das ideias, surgindo estas desordenadas e sem nexo
(também a nível verbal).
• Outros sintomas que podem estar associados são:
• Dificuldades na memória auditiva imediata
• Problemas ao nível da dominância lateral (lateralidade difusa,
confunde a direita e esquerda)
• Problemas ao nível da motricidade fina e do esquema corporal
• Problemas na percepção visuo-espacial
• Problemas na orientação espacio-temporal
• A escrita pode surgir em espelho
• Etc.
Nota: Não é necessário que estejam presentes todos estes indicadores em
simultâneo, para que seja diagnosticada um caso de dislexia. Estes indicadores
devem apenas alertar para a possibilidade de um possível caso de dislexia, já que é
preciso compreender a razão destes comportamentos.
A dislexia está muitas vezes associada a outros termos e perturbações, como
são o caso da Disortografia, Disgrafia e Discalculia:
Disortografia - Perturbação na produção escrita (presença de muitos erros
ortográficos) caracterizada por uma dificuldade em escrever correctamente as
palavras. É possível haver uma disortografia (erros ao nível da escrita) sem que
esteja presente uma dislexia. Contudo, sempre que existe um diagnóstico de dislexia,
tem como corolário uma disortografia mais ou menos evidente.
Disgrafia - Perturbação de tipo funcional que afecta a qualidade da escrita,
sendo caracterizada por uma dificuldade na grafia, no traçado e na forma das letras e
palavras, surgindo estas de forma irregular, disforme e rasurada.
Discalculia - Perturbação semelhante à dislexia, sendo relativa a uma dificuldade
na simbolização dos números e na capacidade aritmética.
Segundo vário autores, de entre os quais se destaca Debray, não se pode falar
de dislexia (ou melhor, não se pode fazer um diagnóstico definitivo) antes dos 7
anos, ou para ser mais rigoroso antes de pelo menos um ano de escolaridade, pois
anteriormente a esta idade, erros similares são banais pela sua frequência.
Quando a uma perturbação da leitura está associado um Q.I. elevado, a criança
pode estar ao nível dos seus companheiros durante os primeiros anos escolares, e
esta não se manifestar completamente antes do 4º ano de escolaridade, ou mesmo
posteriormente.
Para um correcto diagnóstico de uma perturbação da leitura e escrita é
indispensável recorrer à avaliação de profissionais experientes neste domínio,
nomeadamente psicólogos, neurologistas, pediatras, professores especializados, etc.
CRITÉRIOS DE DIAGNÓSTICO PARA PERTURBAÇÃO DA LEITURA,
SEGUNDO O DSM-IV:
A. O rendimento na leitura, medido através de provas normalizadas de
exactidão ou compreensão da leitura, aplicadas individualmente, situa-se
substancialmente abaixo do nível esperado para a idade cronológica do
sujeito, quociente de inteligência e escolaridade própria para a sua idade.
B. A perturbação do critério A interfere significativamente com o
rendimento escolar ou actividade da vida quotidiana que requerem aptidões de
leitura.
C. Se estiver presente um défice sensorial, as dificuldade de leitura são
excessivas em relação ás que lhe estariam habitualmente associadas.
Prevalência
Nos EUA, e segundo o DSM-IV, é de 4% a estimativa da prevalência da perturbação da leitura nas crianças
com idade escolar. No entanto, conforme os vários autores, percentagens de 5 a 10% têm sido encaradas. Isto
significa que um pouco menos de um estudante inteligente em cada dez apresenta uma dislexia-disortografia mais
ou menos importante. A perturbação da leitura, isoladamente ou em combinação com a perturbação do cálculo ou da escrita, aparece
aproximadamente em 4 de cada 5 casos de perturbação da aprendizagem. Outros estudos referenciam que 40% dos irmãos de crianças disléxicas apresentam de uma forma mais ou
menos grave a mesma perturbação. Uma criança cujo pai seja disléxico apresenta um risco 8 vezes superior à da
população média. Nos vários estudos realizados até então constata-se uma patente desproporção entre rapazes e raparigas
disléxicas, 70 a 80% dos sujeitos diagnosticados com perturbação da leitura são do sexo masculino, ou seja, uma
proporção de 8 a 9 rapazes para uma rapariga. Contudo, estudos mais recentes apontam para uma proporção igual
entes os dois sexos.
Vejamos agora alguns dos disléxicos mais famosos, são os casos de:
Agatha Christie Albert Einstein
Alexander Graham Bell Antony Hopkins
Beethoven Ben Jonhson
Bill Gates Franklin D. Roosevelt
Fred Astaire Galileo
Harrison Ford Jack Nicholson John Lennon
Julio Verne
Leonardo da Vinci Louis Pasteur
Magic Johnson Mozart
Pablo Picasso Steven Spielberg Thomas Edison
Tom Cruise Van Gogh
Walt Disney Winston Churchill,
entre outros.
Problemática Emocional
As repercussões da dislexia são muitas vezes consideráveis, quer ao nível do
sucesso escolar, quer ao nível do comportamento da criança, originando nestes dois
domínios perturbações de gravidade variável, que importa reconhecer e evitar na
medida do possível.
A criança disléxica é geralmente triste e deprimida pelo repetido fracasso em
seus esforços para superar suas dificuldades, outras vezes mostra-se agressiva e
angustiada. A frustração causada pelos anos de esforço sem êxito e a permanente
comparação com as demais crianças provocam intensos sentimentos de inferioridade.
Em geral, os problemas emocionais surgem como uma reacção secundária aos
problemas de rendimento escolar. As crianças disléxicas tendem a exibir um quadro
mais ou menos típico, com variações de criança para criança, cujas reacções mais
características são:
• Reduzida motivação e empenho pelas actividades que implicam a
mobilização das competências de leitura e escrita, o que por sua vez aumenta
as suas dificuldades de aprendizagem.
• Recusa de situações e actividades que exigem a leitura e a escrita,
devido ao temor de viver novamente uma experiência de fracasso.
• Sintomatologia ansiosa perante situações de avaliação ou perante
actividades que impliquem a utilização da leitura e escrita.
• Sentimento de tristeza e de auto-culpabilização, podendo apresentar
uma atitude depressiva diante das suas dificuldades.
• Uma reduzida auto-estima e auto-conceito académico.
• Um sentimento de insegurança e de vergonha como resultado do
seu sucessivo fracasso.
• Um sentimento de incapacidade, de inferioridade e de frustração por
não conseguir superar as suas dificuldades e por ser sucessivamente
comparado com os demais.
• Problemas comportamentais caracterizados por comportamentos de
oposição e desobediência perante as figuras de autoridade (pais, professores,
etc.), hiperactividade, défice atencional, etc.
• Outras problemáticas poderão estar presentes como seja a enurese
nocturna, perturbação do sono, etc.
Esta sintomatologia não permite por seu lado a natural concentração, interesse e
desejo de aprender, perturbando muitíssimo as condições de aprendizagem na
criança.