Post on 02-Dec-2018
Epidemiologia e achados clínicos da Infecção pelo HEVHEV em países em desenvolvimento
HEV em países desenvolvidos
Epidemiologia
Genótipos 1 e 2 3 e 4
Fonte de infecção Humanos Zoonótico
Via de infecção Fecal-Oral (água contaminada) Ingestão de alimento cru ou mal cozido
Epidemias Sim (pode envolver milhares de casos)
Não
Achados Clínicos
Idade (anos) 15-30 > 50
Curso clínico Auto limitado, hepatite na maioria Auto limitado, hepatite na maioria
Complicações neurológicas Sim Sim
Mortalidade em grávidas Sim (20-25% no terceiro trimestre) Não
Infecção crônica Não Sim (genótipo 3)
Importância da infecção 3,4 milhões de casos /ano70.000 óbitos
3.000 natimortos
Desconhecido
Posttransplantation Hepatitis E: Transfusion-Transmitted Hepatitis Rising from the Ashes.
Transplantation. 96(2):e4-e6, July 27, 2013.
• Sexo Masculino, 55 anos, Tx Hepático em 13 de maio de 2012 devido cirrose e CA
hepatocelular por Hepatite B crônica
• Recebeu: 13 unidades de CH e 01 pool de plaquetas
• Alta no dia +18 após o transplante
• Após um mês: GGT = 446 IU/L, ALT = 206 IU/L, e AST = 55 IU/L.
• Biópsia hepática = hepatite lobular com infiltrado linfocítico moderado, sem sinais de
rejeição aguda
• Marcadores para Hepatite B foram todos negativos
• Sorologia para Hepatites A e C, citomegalovirus, herpes vírus, e HHV-6 = negativos
• Viremia HEV positiva (Ceeram, La Chapelle sur Erdre, France) .
• Genótipo do HEV, determinado a partir das regiões ORF2 e ORF1 = 3c .
• Lookback revelou que a viremia se iniciou no dia +17 do transplante
• Paciente não apresentava fatores de risco para Hepatite E.
• HEV RNA avaliado no fígado e no soro do doador do órgão = negativo
• Todos os doadores de sangue envolvidos foram testados para HEV RNA.
• Uma única amostra deu positiva com carga viral de 3.5 log10 IU/mL.
• Sorologia para HEV deste doador foi negativa (imunoglobulinas M e G)
• Análise filogenética = Grande homologia entre a cepa do doador e a do paciente
• Doador era um homem de 41 anos que vivia em área rural, sem clínica, porém
com contato com animais como galinha, ratos e ovelhas e consumo de carne de
porco crua
• Conclusão = O paciente adquiriu Hepatite E por via transfusional
• Tratamento = Ribavirina (800 mg/day) com negativação da carga viral após 4
meses
A case of transfusion-transmitted hepatitis E caused by blood from a
donor infected with hepatitis E virus via zoonotic food-borne route. TRANSFUSION 2008;48:1368-1375.
• Estudo retrospectivo de um doador de plaquetas HEV-positivo revelou que
as plaquetas doadas 2 semanas atrás continham HEV RNA e foram
transfundidas para um paciente.
• 13 pessoas, incluindo o doador, ingeriram carne de porco grelhada durante
um churrasco 23 dias antes da doação. Além do doador, outros 6 indivíduos
desenvolveram marcadores de infecção para o HEV.
• No soro do receptor das plaquetas foi detectado HEV no dia +22 com pico
de 7,2 log copias / mL no dia +44, seguido por aumento de ALT.
• IgG anti-HEV apareceu no dia +67. Subsequentemente a hepatite foi
resolvida.
Transplantada Renal com rejeição aguda 28 dias pós-transplante
Tratada com imunosupressores + 6 sessões de Plasma exchange
Enzimas hepáticas permaneceram alteradas
Biópsia hepatica F3
HEV-RNA e IgG+
Doador HEV-RNA+ identificado
Tratada com Ribavirina com sucesso
225 mil doações testadas para HEV-RNA
79+ = 1: 2848 (0.04%)
129 hemocomponentes gerados e 62 transfundidos em 60 pacientes.
Destes 60, 43 foram investigados
Dois casos de transmissão de HEV por unidade de plasma tratada com Intercept proveniente do
mesmo doador.
Caso 1 = homem, 36 anos submetido Tx renal com rejeição aguda humoral tratada com plasmaférese.
De março a junho de 2012. Hepatite aguda foi observada em junho de 2012
Diagnóstico de Hepatite E em Out / 2012 = HEV RNA + IgM anti-HEV fracamente reativo.
Tratamento = Ribavirina com negativação da carga viral
Caso 2 = homem, 61 anos submetido a transplante hepático por cirrose alcoólica em Agosto de 2012.
Hepatite foi detectada em Fev 2013 com HEV RNA positiva e sorologia negativa
Tratado com ribavirina com negativação da carga viral
Investigação dos doadores envolvidos foram negativos com exceção de um doador que fez doação de 2
unidades de plasma por aférese, cada uma transfundida em um desses pacientes.
N= 192, anti-HEV+ 28 (15%); HEV-RNA+ 20 (10%),
anti-HEV e HEV RNA+ 4 (2%). História de Transfusão = 69%
ESTUDO DE PREVALÊNCIA DO HEV EM
DOADORES DE SANGUE DA CIDADE DE SP
CASUÍSTICA: DOADORES DA FPS (SET-OUT/2015)
MÉTODOS LABORATORIAIS:
• HEV-RNA - PROCLEIX HEV ASSAY ON THE PROCLEIX PANTHER SYSTEM , GRIFOLS DIAGNOSTIC
SOLUTIONS, EMERYVILLE, EUA
• SOROPREVALÊNCIA – Anticorpos totais anti-HEV e IgM (HEV Ab ULTRA e HEV IgM, DIA.PRO, MILÃO, ITÁLIA)
Soroprevalência anti-HEV Total por IDADE entre doadores de
sangue da Fundação Pró-Sangue/Hemocentro de São Paulo,
Setembro-Outubro 2015
ANTI-HEV = = (DIA.PRO, Itália, HEV Ab V. Ultra)
Soroprevalência anti-HEV Total por SEXO entre doadores de
sangue da Fundação Pró-Sangue/Hemocentro de São Paulo,
Setembro-Outubro 2015
ANTI-HEV = (DIA.PRO, Itália, HEV Ab V. Ultra)
9.664 DOAÇÕES SETEMBRO/OUTUBRO 2015 TESTADAS POR TMA (PROCLEIX HEV-RNA) GRIFOLS
8.910 RESULTADOS VÁLIDOS754 INVÁLIDOS (7.8%)
TODAS AMOSTRAS HEV-RNA NEGATIVAS = 0/8.910
788 AMOSTRAS HEV-RNA NEGATIVAS ALEATORIAMENTE ESCOLHIDAS
Ig Totais anti-HEV (DiaPro, Itália)
78+/788 = 11%
196 Ig- aleatoriamente escolhidasIgM anti-HEV (DiaPro, Itália)
11 Ig+/IgM+ (14%) 1 Ig-/IgM+
”INCIDÊNCIA = 1/196 = 0.51%"
a) Baylis,Vox 2012; b) Vollmer, JCM 2012; c) Slot, EuroSurv.2013; d) Cleland, Vox 2013; e) Hewitt, Lancet 2014; f) Gallian, EID 2014; g) Sauleda, Transfusion 2014; h) Fischer, PlosOne 2015; i) Ikeda, ISS 2009; j) CBS Surveilance Report 2014; k) Stramer S, Transfusion 2015. l) Ren F, Transfusion 2014.
PREVALÊNCIA DE VIREMIA EM DOADORES DE SANGUE
1:3580l (gen4)
0:8910
CONCLUSÕES - A TRANSMISSÃO TRANSFUSIONAL DE HEV OCORRE PROPORCIONALMENTE A PREVALÊNCIA/INCIDÊNCIA DO HEV NA POPULAÇÃO DE DOADORES.
- NO BRASIL AINDA NÃO SE DEMONSTROU A PRESENÇA DE DOADORES VIRÊMICOS PORÉM A SOROPREVALÊNCIA E CASOS IgM+ ISOLADOS INDICAM INCIDÊNCIA/RISCO.
- A REPERCUSSÃO CLÍNICA É MÍNIMA OU NENHUMA, EXCETO EM PACIENTES IMUNOSUPRIMIDOS ONDE CASOS DE HEPATITE AGUDA E CRÔNICA SÃO REPORTADOS.
- MÉTODOS DE INATIVAÇÃO DE PATÓGENOS TEM BAIXA EFICIÊNCIA CONTRA ESTE AGENTE.
- NA EUROPA, A TESTAGEM PARA HEV-RNA É OBRIGATÓRIA NOS POOLS DE PLASMA PARA PRODUÇÃO ALGUNS PAÍSES ESTÃO CONSIDERANDO O SCREENING (NAT) DE DOADORES.
- HEPATOPATAS E TRANSPLANTADOS, NA FRANÇA, TEM SIDO ACONSELHADOS A EVITAR CARNE DE PORCOMAL-COZIDA.
- IMUNOSUPRIMIDOS COM AUMENTO/PERSISTÊNCIA DE TRANSAMINASES ELEVADAS DEVEM SER TESTADOS PARA HEV-RNA/IgM E EVENTUALMENTE TRATADOS COM RIBAVIRINA.
AGRADECIMENTOS:
GRIFOLSREMDIA.PRO
DR. JOÃO RENATO PINHO – HOSPITAL ALBERT EINSTEINE LAB. DE GASTROENTEROLOGIA TROPICAL DO IMT-USP
DRA. MICHELE GOMES-GOUVÊA – LAB. DE GASTROENTEROLOGIA e HEPATOLOGIA TROPICAL DO IMT-USP
DR. CELSO GRANATO – LAB. FLEURY E DIVISÃO DE MOLÉSTIAS INFECCIOSAS DA UNIFESP