Post on 15-Nov-2021
DACEX–
CTCOM
Disciplina:
Análise do
Discurso cfernandes@utfpr.edu.br
Profa. Dr. Carolina Mandaji
Análise do Discurso
Fernanda Mussalim
Condições de produção do discurso
Formação discursiva, formação
ideológica
Formações imaginárias
as relações entre esses lugares acham-se
representadas por uma série de
“formações imaginárias” que designam o
lugar que destinador e destinatário
atribuem a si mesmo e ao outro a
imagem que eles fazem de seu próprio
lugar e do lugar do outro.
Formações ideológicas
Conjunto de valores e crenças a partir
dos quais julgamos a realidade na qual
estamos inseridos;
Identificar nos textos as ideias que
podem estar associadas aos valores, aos
princípios, às crenças de determinado
grupo social.
Texto anterior
FORMAÇÃO IDEOLÓGICA: felicidade
conjugal como decorrente da vida
comum em que cabe à mulher a
organização do contexto familiar.
Formação ideológica da
sociedade brasileira através
das músicas – perfil da mulher
Música “Ai, que saudades da Amélia”
(1941);
Música “Dandara” (2004).
Perfil de mulher
Amélia
Submissa
Companheira
Donas de casa
competentes
Dedicadas ao
marido
Dandara
Independente
Livre
Autonomia
Discursos Categorias que se agrupam e “dão sentido
aos atos da coletividade” (Maingueneau, 2006);
Zonas de falas que instauram relações de poder;
Remete ao processo e aos modos de organização textual e discursiva (sujeitos, tempo e espaço);
Enunciado=conteúdo+modo de dizê-lo (suporte).
Círculo de Bakhtin Grupo de intelectuais [...] que se reuniu
regularmente de 1919 a 1929, primeiro em Nevel
e Vitebsk e, depois, em São Petersbursgo.
As obras expoentes que tematizam questões
sobre linguagem são assinadas por Mikhail
Mikhailovich Bakhtin e Valentin N. Volochinov.
Visa a língua na sua concretude, enquanto
construção verbal e dialógica.
Volochinov ("Marxismo e Filosofia da Linguagem”
-1929)
Círculo de Bakhtin - Volochinov
pontos comuns e divergentes com a
lingüística saussuriana:
relevância para uma construção da noção
de língua - importância histórica;
Visão equivocada ao abordar a língua sob
um ponto de vista meramente abstrato,
como uma entidade incapaz de notar os
fluxos e as mudanças das relações sociais.
Língua – interação verbal a substância da linguagem : seria a interação
verbal, seu alcance e diálogo com o outro;
toda comunicação, seja verbal ou não, se mescla num campo comum de produção (contexto) (Volochinov, [1929] 1999, p. 124)
Os trabalhos do Círculo de Bakhtin possuem dois pilares que fundamentam sua teoria da linguagem: a alteridade, enquanto uma forma de reconhecer
Outro como constituinte do "eu";
e o diálogo, como essa relação/interação com o Outro.
Diálogo: manifestação sígnica
falada ou escrita.
signo como fragmento da realidade: cápsula ideológica que se manifesta no discurso, na interação verbal ou escrita.
surge em um terreno interindividual como uma ponte, no contato entre indivíduos num dado meio social;
“é seu caráter semiótico que coloca todos os fenômenos ideológicos sob a mesma definição geral.” (Volochinov, [1929] 1999, p. 33).
Círculo de Bakhtin - discurso e ideologia
a ideologia (difere parcialmente da
proposta pelo marxismo) é flexível e
dinâmica,
nascida das relações do cotidiano e das
trocas sociais de valores.
Não existe uma ideologia dominante nem
subordinados, nem luta desigual,
mascarando realidades;
Círculo de Bakhtin - ideologia
existe apenas uma ideologia que refrata e
reflete uma realidade concreta, que lhe é
exterior (Volochinov, 1929, p. 31).
Os aspectos ideológicos do signo se
materializam como tema do enunciado, não
devendo ser entendido como um “assunto”.
O tema é uma reação da consciência em
devir ao ser em devir. ” (Volochinov, 1929, p.
129).
Círculo de Bakhtin - enunciação
contexto e sujeitos do discurso: uma
mesma palavra poderia ser pronunciada
repetidamente;
tomaria tonalidades diferentes o gênero
do discurso ou a enunciação – oral ou
escrita – “é diretamente vinculado à vida
em si e não pode ser divorciado dela sem
perder sua significação.” (Volochinov,
1929, p. 4).
consciência competência particular, individual,
mas faz parte do social, do todo.
essa construção da consciência acontece com a “absorção” dos signos exteriores;
o individuo só toma consciência de si, a partir do momento que é integrado num sistema de signos (língua).
Essa assimilação da língua materna ou de outra língua é realizada de forma processual, integrando-se na comunicação verbal (Volochinov, 1929, p. 117).
Relação com a Antropologia
De fato, o aspecto conceitual que o Círculo propõe ao signo, assemelha-se ao que Geertz aponta em Interpretação das Culturas" fazendo uso do termo símbolo. No caso, o Círculo acaba se aprofundando nos fragmentos da engenharia discursiva, diferente de Geertz, que se mantinha preocupado com outros elementos, talvez para não cair numa armadilha lingüística. Segundo o antropólogo, os símbolos são "incorporações concretas de ideais, atitudes, julgamentos, saudades ou crenças" (Geertz, 1978, p. 105), localizado socialmente e utilizado especialmente para significar. O homem seria um animal simbolizante, capaz de ordenar experiências e realidades dando-lhe formas (Geertz, 1978, p. 158).
Cultura: a cultura pode ser entendida e visualizada como um
emaranhado dialógico, semiótico, repleto de signos
exteriores que se cruzam na palavra interior.
Círculo
caráter semiótico (linguagem);
Bakhtin menciona que "Todo ato cultural vive por essência sobre fronteiras: nisso está sua seriedade e importância; abstraído da fronteira, ele perde terreno, torna-se vazio, pretensioso, degenera e morre." (1975, p. 29).
“cada época e cada grupo social têm seu repertório de formas de discurso na comunicação sócio-ideológica" (Volochinov, 1929, p. 23)
Antropologia
caráter semiótico
(interpretação);
Geertz assume que “o
homem é um animal
amarrado a teias de
significado que ele mesmo
teceu, [...] sendo [a cultura]
essas teias e a sua análise.”
(1978, p. 15);
A cultura é um documento
público, onde todos podem
ler e compreender seus
significados (Geertz, 1978, p.
20).
sujeito
CÍRCULO: Um sujeito que é capaz de produzir, transmitir, receber e alterar formas simbólicas.
Referências:
BRANDÃO, Helena H. Nagamine. Introdução à análise do
discurso. 2. ed. rev., Campinas: Editora Unicamp, 2004
BAKHTIN, Mikhail M. Estética da Criação Verbal. Trad. do
russo por Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
________, Problemas da Poética de Dostoiévski. Trad. do russo
por Paulo Bezerra. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária,
2008.
________. Questões de literatura e de estética: a teoria do
romance. São Paulo: Unesp, 2010.
FARACO, Carlos Alberto. Linguagem e diálogo: as ideias
linguísticas do Círculo de Bakhtin. Curitiba, Paraná: Criar,
2003.
LOUZADA, Maria Sílvia Olivi, LOUZADA, Roberto. Identidade
política, literatura de cordel e interdiscurso. Disponível em
http://seer.fclar.unesp.br/casa.
VOLOCHINOV, V. Marxismo e filosofia da linguagem. 9ª ed.
Trad. Michel Lahud e Yara Frateschi Vieira. São Paulo: Editora
Hucitec, 1929 (1999).