CURSO FUNDAMENTOS DA PSICANÁLISE- Aula 4: A pulsão e sua aventura

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Fundamentos da Psicanálise

Tema:

A pulsão e sua aventuraCoordenação Alexandre Simões

ALEXANDRE SIMÕES

® Todos os direitos de autor reservados.

Pulsão como conceito-limite:

Situada entre o somático e o psíquico.

Ou seja, o continuum do vivo na vida.

Em 1915, no artigo As pulsões e seus destinos,

Freud

apresenta a pulsão na condição de ‘conceito básico’, ou seja, conceito fundamental da Psicanálise.

Isto, para nos dizer que a pulsão é uma espécie de estímulo que não surge do mundo exterior, porém, de

dentro.

Freud aproxima a pulsão de uma noção mais conhecida:

o estímulo

a pulsão como estímulo, isto é, como força não se apresenta com o um impacto momentâneo,

todavia, como força constante:

Ao mesmo tempo em que há esta aproximação entre pulsão e estímulo há, também, um

distanciamento, na medida em que

“Além disto, visto que ela não incide a partir de fora mas de dentro não há como fugir dela”

Ao ver de Lacan,

“A constância do impulso proíbe qualquer assimilação da pulsão a uma função biológica, a qual tem

sempre um ritmo. A primeira coisa que Freud diz da pulsão é, se posso

me exprimir assim, que ela não tem dia nem noite, não tem

primavera nem outono, que ela não tem subida nem descida.”

(Seminário 11, p. 157)

A partir da noção de força, Freud vai propor que a pulsão há de ser

tomada na experiência clínica como um compósito:

Impulso (força);

Alvo (objetivo);

Fonte;

Objeto;

Temos, assim:

Vejamos alguns detalhes dos elementos da pulsão:

ForçaExigência de trabalho (no

caso, trabalho psíquico)

Alvo

SatisfaçãoFonte

Zona erógena (tem uma

estrutura de borda)

ObjetoÉ aquilo

através do qual a

pulsão se satisfaz; é o que há de

mais intercambiá

vel na pulsão

É esta ideia de um aparelho pulsional que leva Lacan a propor que

“... essa noção em Freud é absolutamente nova. O termo Trieb tem certamente uma longa história, não somente na psicologia, mas na própria física e, seguramente, não é por puro acaso que Freud escolheu este termo. Mas ele deu ao Trieb um emprego

tão especificado, e o Trieb está de tal modo integrado na própria prática

analítica que seu passado é verdadeiramente ocultado.”

(Seminário 11, p. 153)

E Lacan acrescenta um comentário que poderá nos auxiliar em nossos próximos passos:

“Do mesmo modo o passado do termo inconsciente pesa sobre o uso do termo inconsciente na teoria analítica - do mesmo modo, para o que é do Trieb, cada um o emprega como designação de uma espécie de dado radical de nossa experiência.”

(Seminário 11, p. 154)

Uma reflexão sobre a satisfação:

“É claro que aqueles com quem temos que tratar, os pacientes, não se satisfazem, como se diz,

com o que são. E, no entanto, sabemos que tudo o que eles são, tudo o que eles vivem, mesmo

seus sintomas, depende da satisfação. Eles satisfazem algo que vai sem dúvida ao encontro daquilo com que eles poderiam satisfazer-se, ou

talvez melhor, eles dão satisfação a alguma coisa. Eles não se contentam com seu estado,

mas, estando nesse estado tão pouco contentador, eles se contentam assim mesmo.

Toda a questão é justamente saber o que é esse se que está aí contentado.”

(Jacques Lacan, Seminário 11, p. 158)

Satisfação paradoxal

Tão paradoxal, a ponto do objeto ser algo indiferente à pulsão

“A pulsão apreendendo seu objeto, aprende de algum modo que não é

justamente por aí que ela se satisfaz.”

(Jacques Lacan, Seminário 11, p. 159)

A pulsão interessa-se pelo objeto na medida em que o contorna

(cf. Jacques Lacan, Seminário 11, p. 160)

Prosseguiremos com o tema: A tópica do inconsciente

Até lá!

Acesso a este conteúdo:www.alexandresimoes.com.br

ALEXANDRE SIMÕES

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