Post on 19-Jun-2015
1
Prof. EVERTON LIMA
TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA
LICENCIADO EM PEDAGOGIA
PÓS GRADUADO-ESPECIALISTA EM PEDAGOGIA EMPRESARIAL
Culturas Regionais
2
Importância econômica
No Brasil, a área plantada com frutas cítricas está ao redor de 1 milhão de hectares e a
produção supera 19 milhões de toneladas, a maior no mundo há alguns anos. O país é o maior
exportador de suco concentrado congelado de laranja, cujo valor das exportações, juntamente
com as de outros derivados, tem gerado cerca de 1,5 bilhão de dólares anuais.
Apesar da produção estar concentrada na região sudeste, com destaque para o estado de São
Paulo, que é responsável por aproximadamente 80% da produção brasileira, a região Nordeste
responde por 8,65% da produção nacional e 12,70% da área colhida. Com relação à região
Nordeste, destacam-se os estados da Bahia e Sergipe como o 2° e 3° produtores nacionais,
respectivamente, onde a Bahia responde por 54% da produção e 45% da área colhida, e
Sergipe responde por 39% da produção e 43% da área colhida. Juntos, Bahia e Sergipe,
representam cerca de 8% da produção citrícola brasileira.
A produção integrada de citros, portanto, vem contribuir como elemento de sustentabilidade e
competitividade para o agronegócio citros, e permitir além do aumento da qualidade dos
frutos, a possibilidade de abertura de novos nichos de mercado e a exportação dos mesmos,
devido o uso de normas que atendem rigorosos padrões de controle baseados na
sustentabilidade, aplicação de recursos naturais e regulação de mecanismos para a
substituição de insumos poluentes, utilizando instrumentos adequados de monitoramento dos
procedimentos e a rastreabilidade de todo o processo, tornando-o economicamente viável,
ambientalmente correto e socialmente justo.
Dessa forma, percebe-se que a produção integrada pode alavancar mais o cultivo de citros,
sobretudo em regiões onde existe uma maior carência na organização da base produtiva, na
obtenção produtos de maior qualidade, no desenvolvimento da citricultura mais competitiva,
com redução nos custos de produção, que permita ao produtor apresentar um produto
diferenciado, que agregue mais valor e garanta a permanência no mercado consumidor,
interno ou externo.
Distribuição geográfica e aspectos gerais
O gênero Citros tem como centro de origem a Ásia, porém se encontra em várias regiões em
todo mundo, onde representa em muitas delas a principal fonte de renda. Os elementos
climáticos exercem influência sobre os citros, destacando-se dentre esses a temperatura que,
além de ter efeito acentuado sobre a qualidade do fruto, foi o fator que determinou a
distribuição geográfica das plantas cítricas na grande faixa de 40º ao norte e sul do equador. É
interessante notar que as condições climáticas do Brasil permitem ao país desenvolver uma
citricultura tropical, dos arredores do equador até as proximidades do paralelo 20º Latitude
Sul, onde predominam temperaturas mais altas, e uma citricultura menos tropical, na região
que se estende da referida latitude até o Rio Grande do Sul, de clima mais frio. Com relação a
produção mundial de citros, o Brasil figura como primeiro produtor mundial com cerca de um
milhão de hectares plantados resultando em produção de mais de 18.500.000 toneladas. No
cenário nacional, o Estado de São Paulo é o primeiro produtor, seguido pela Bahia e Sergipe
respectivamente.
Insumos
3
O que são e Classificação
Os insumos podem ser classificados genericamente como todas as despesas e investimentos
que contribuem para formação de determinado resultado, mercadoria ou produto até o
acabamento ou consumo final. (Dicionário do Agrônomo, Editora Rígel, 1999).
Na atividade agrícola os insumos são compreendidos como todos os produtos necessários à
produção vegetal e animal: adubos, vacinas, tratores, sementes, entre outros.
Para serem considerados como insumos alternativos e serem aceitos na agricultura
agroecológica, todos os produtos e substâncias ( químicos, orgânicos, biológicos ou naturais)
devem atender os seguintes requisitos:
Terem mínima ou nenhuma toxicidade (pertencentes ao grupo toxicológico IV).
Terem eficiência no combate a insetos ou microorganismos nocivos às plantas.
Terem custo reduzido para sua aquisição e emprego no campo.
Serem de manejo e aplicação simples
Devem ser fáceis de se obter.
Classificação dos Insumos:
Os insumos independentemente do sistema de produção (agroecológico
ou convencional) classificam-se em três tipos:
1) Biológicos: Compreendem produtos de origem animal ou vegetal.
Exemplos: restos de culturas (palhas, ramos, folhas) ou estercos usados
como adubos, sementes e mudas, extratos de plantas (caldas à base de
vegetais), fertilizantes orgânicos líquidos, adubos verdes, microorganismos
encontrados no ambiente natural, algas e outros produtos de origem
marinha, resíduos industriais do abate de animais (sangue, pó de chifres, pêlos, penas, etc.).
2) Químicos ou Minerais: Compreendem tanto substâncias provenientes
de rochas, quanto aquelas produzidas artificialmente pela indústria.
São eles: temofosfatos, caldas bordalesa e sulfocálcica, pós de rochas,
micronutrientes, calcários (para calagem), agrotóxicos, fertilizantes
altamente solúveis (usados na agricultura convencional), fertilizantes de
baixa solubilidade (aceitos pelas correntes agroecológicas).
3) Mecânicos: Compreendem máquinas e equipamentos agrícolas.
Exemplos: tratores e seus implementos (arados, adubadoras, roçadoras, pulverizadores, etc.),
Armadilhas para insetos, plásticos para cobertura de canteiros, equipamento de irrigação, etc.
Insumos: Modos de Utilização
A classificação, por si só, não fornece pistas suficientes sobre os insumos permitidos ou
proibidos na agricultura orgânica. Isso ocorre porque, tanto no modelo convencional quanto
no agroecológico de produção de alimentos, utiliza-se os três tipos de insumos. O que
distingue o uso de insumos entre um modelo e outro é o modo de se desenvolver o sistema de
produção.
O modelo de produção agrícola convencional baseia-se no uso de tecnologias voltadas para
priorizar a produtividade das lavouras, através do uso intensivo de adubos químicos sintéticos
(produzidos pela indústria) e mecânicos com alto consumo de petróleo, um recurso não-
4
renovável.
Além disso, é fundamental ressaltar a visão de curto prazo do modelo convencional. Esta
visão faz com que se procure extrair máximas produtividades da produção vegetal e animal,
desconsiderando os limites físicos e biológicos das espécies e do meio natural,
assim como o aspecto social da produção.
Com isso, ocorre, por exemplo, que o calendário de aplicação de fertilizantes e agrotóxicos ao
invés de seguir as necessidades das culturas, obedece a datas mensais de acordo com a
conveniência do agricultor. Ao mesmo tempo em que se injetam hormônios e antibióticos nos
animais se aumenta a suscetibilidade destes a doenças com rações ou instalações inadequados.
Compram-se sementes híbridas que necessitam de altas doses de adubos sintéticos altamente
solúveis e de agrotóxicos para terem altas produtividades, aumentando a dependência do
agricultor diante das indústrias de insumo. Estas, por sua vez, possuem o mesmo objetivo
primordial da produção convencional: maximizar seus lucros cada vez mais,
independentemente das conseqüências para a saúde das pessoas e do ambiente natural.
Exemplo de modelo agroecológico
O modelo agroecológico, por sua vez, considera que a atividade agropecuária precisa estar
apoiada numa base técnica de conhecimento adequada à diversidade e à complexidade dos
sistemas de produção de alimentos. Mais do que produtos isolados, o modelo agroecológico
busca desenvolver processos de produção capazes de integrar de modo harmônico todas as
dimensões que compõem o meio rural (ecológica, econômica, social , cultural) a fim de
promover a manutenção equilibrada do sistema no longo prazo.
Os conceitos de “otimização” e “manejo” da Agroecologia, substituem o de “maximização” e
“controle” do modelo convencional. A finalidade passa a ser a de produzir alimentos no longo
prazo, otimizando todos os recursos naturais disponíveis e priorizando a qualidade do produto
final.
Daí, o fato de se utilizarem no modelo agroecológico apenas os insumos que não agridam a
estrutura e a vida do solo, que não desequilibrem o metabolismo de plantas e animais , que
não causem riscos de vida para o agricultor e para o consumidor. Todas as proibições e
permissões de produtos consideram essas questões, pois as normas nada mais são do que o
reflexo dos princípios da Agroecologia, nos quais os insumos são meros coadjuvantes de um
sistema em que a inteligência humana assume o papel principal.
A seguir são apresentados, os mais conhecidos insumos agroecológicos:
1. Plantas Defensivas O emprego de extratos, chás ou sucos de plantas, é uma alternativa viável para o combate de
muitas pragas e doenças.
Alho
5
O extrato de alho tem ação fungicida, combatendo doenças como o míldio e ferrugens, e ação
bactericida. É utilizado também como repelente de insetos nocivos como a lagarta da maçã e
o pulgão.
Chá de Cavalinha (Equisetum arvense ou Equisetum giganteum) Indicado e empregado na horticultura, aumenta a resistência da planta contra insetos nocivos
em geral.
Cravo de Defunto Combate pulgões, ácaros e algumas lagartas.
Fumo (Nicotina) A nicotina contida no fumo é um excelente inseticida, tendo ação de contato contra pulgões,
tripes e outras pragas. Quando aplicada como cobertura do solo, pode prevenir o ataque de
lesmas, caracóis e lagartas cortadeiras.
Neem ou nim (Azaridachta indica) Têm como princípio ativo a azadiractina, encontrada nas folhas e nos frutos, é indicada para o
combate à traças, lagartas, pulgões, gafanhotos, agindo como inseticida e repelente de pragas
em geral.
Pimenta Tem boa eficiência quando concentrada e misturada com outros defensivos naturais no
combate aos pulgões, vaquinhas, grilos e lagartas.
Primavera ou Maravilha (Bougainvillea spectabilis ou Mirabilis jalapa) Resultante da extração do suco das folhas destas plantas, torna-se um método eficiente para
imunizar mudas de tomate contra vira cabeça do tomateiro.
Urtiga Planta empregada principalmente na horticultura, ela é útil no combate aos pulgões e para
aumentar a resistência natural.
2. Produtos Orgânicos como Agentes Defensivos
Cinzas
A cinza de madeira é um material rico em potássio, recomendado no controle de pragas e até
de algumas doenças, podendo ser aplicado na mistura com outros produtos naturais.
Farinha de Trigo
A farinha de trigo de uso doméstico pode ser efetiva no controle de ácaros, pulgões e lagartas
em hortas domésticas e comunitárias. Pulverizando-se de manhã as folhas atacadas, a farinha
seca ao sol, formando uma película que envolve as pragas e fazendo com que estas caiam com
o vento.
Leite
O leite em sua forma natural ou como soro é indicado para o controle de ácaros e ovos de
diversas lagartas, assim como no combate à várias doenças fúngicas e viróticas.
Sabão e suas Misturas
O sabão (não detergente) tem efeito inseticida e quando acrescentado a outros defensivos
naturais pode aumentar a sua efetividade. Sozinho, tem bom efeito sobre muitos insetos de
corpo mole como o pulgão, as lagartas e moscas brancas. A emulsão de sabão e querosene
transforma-se em um inseticida de contato, bastante indicado para o combate a insetos
sugadores.
3. Fertilizantes Agrícolas Alternativos Utilizados como adubos foliares, estes fertilizantes têm como principal função a manutenção
de uma nutrição equilibrada da planta, levando-a desta forma a um aumento de sua resistência
natural contra pragas e moléstias.
6
Calda Biofertilizante É preparada com estercos animais, restos de culturas, capins e resíduos orgânicos em um
processo de fermentação anaeróbica ou aeróbica. Existem vários produtos que podem ser
utilizados para enriquecerem o biofertilizante.
Supermagro Indicado como fonte suplementar às plantas, o supermagro consiste em um biofertilizante
enriquecido com micronutrientes. É importante que a diluição correta seja respeitada na
aplicação.
Mudas e sementes
Os novos plantios devem ser realizados com mudas produzidas em ambiente protegido e
proveniente de viveiros registrados no órgão fiscalizador e devem trazer consigo o certificado
fitossanitário, além da identificação exigida por Lei mediante notas fiscais. Como não existem
programas de certificação de mudas no Estados citrícolas brasileiros, à exceção de São Paulo,
cabe ao viveirista enorme parcela de responsabilidade na produção das mudas, preparando
seus lotes de matrizes – copa e porta-enxerto – provenientes de material básico existente nas
instituições governamentais, garantindo dessa forma a multiplicação de material de boa
qualidade genética e fitossanitária. O padrão de qualidade das mudas deve atender o que está
disposto na legislação de cada estado que trata da produção e certificação de mudas.
Atualmente, nas regiões produtoras mais evoluídas do mundo citrícola, especialmente
naquelas onde ocorrem doenças disseminadas por insetos-vetores, as mudas são produzidas
em ambientes protegidos, com borbulhas e sementes originárias de blocos cultivados em
telados, que garantem a propagação de material sadio e produtivo. No Brasil, a Clorose
Variegada dos citros (CVC), está forçando o emprego dessa tecnologia. Nesses ambientes, a
utilização de técnicas apropriadas, como o uso de substratos, água de irrigação tratada contra
patógenos, fertirrigação, melhor combate a pragas e doenças, preparo da muda sem copa e
outros cuidados, o tempo de formação da muda é encurtado para cerca de 12 meses a partir da
semente.
As normas para produção de mudas cítricas estabelecem que elas devem ser podadas, quando
maduras, a 40-50cm do solo no caso de tangerineiras e 50-60cm quando forem laranjeiras,
limoeiros e pomeleiros. Para formar a copa, deixa-se desenvolver três ou quatro brotações, as
mais vigorosas e espaçadas convenientemente, distribuídas em espiral em torno da haste. No
método mais moderno e vantajoso, de muda vareta, faz-se apenas o desponte antes do plantio,
levando-se a muda para campo, onde a copa é feita. Além do menor tempo que leva para ficar
pronta, esse tipo de muda facilita bastante o transporte e o plantio.
Para o caso específico da CVC, será exigido um laudo adicional da ausência da bactéria
Xillela fastidiosa. As mudas podem ser provenientes de enxertos, desde que atendam todos os
padrões estabelecidos na Lei de Produção de Mudas:
Fitossanidade Geral
Garantia de que as mesmas estejam livres de vírus e outros organismos patogênicos.
Verificação varietal
7
Identificação do tipo de porta-enxerto usado e da cultivar-copa que compõe o lote, em
etiqueta própria, conforme Normas e Padrões da respectiva Comissão Estadual de Sementes e
Mudas;
Qualidade da enxertia
Soldadura do enxerto uniforme, lisa, sem necrose e com diferença entre o diâmetro do porta-
enxerto, a 5 cm abaixo do ponto de enxertia, e o da cultivar-copa na base da brotação, não
superior a 0,5 cm;
Sanidade do sistema radicular do porta-enxerto
Raízes livres de doenças e pragas de solo, nematóides ou quaisquer outros fungos ou pragas;
Qualidade nutricional da muda
Livre de qualquer desequilíbrio nutricional;
Vigor da muda
Apresentar a 5 cm do ponto de enxertia, pelo menos, 12 mm de diâmetro e altura mínima de
60 cm;
Idade da muda
O porta-enxerto não deve ter mais do que 6 meses, a partir da data de semeadura, e a muda
enxertada, não mais do que 12 meses;
Qualidade das raízes do porta-enxerto
O sistema radicular, além de ser isento de agentes fitopatogênicos, deve apresentar boa
distribuição das raízes ao redor da raiz pivotante;
Aspecto geral da muda
No momento do plantio, a muda deve apresentar sistema radicular e aéreo perfeitos.
Produção Integrada de Citros - BA
Plantio
O plantio deve ser feito no período chuvoso de cada região ou em outra época, desde que
exista água suficiente para irrigar ou regar as mudas. Evitar sempre os dias ensolarados e
quentes, dando preferência aos nublados e de temperatura mais amena, sem ventos. A cova é
preparada para o plantio misturando-se a terra da camada superficial com a matéria orgânica.
A essa mistura acrescentam-se superfosfato simples e calcário em função da análise do solo.
Esse material deve ser misturado à terra da superfície, jogando-se a mistura no fundo da cova.
Procede-se o plantio dispondo-se a muda de modo que seu colo fique um pouco acima do
nível do solo (mais ou menos 5 cm). Os espaços entre as raízes são cheios com terra,
permanecendo elas estendidas em posição semelhante à que tinham no viveiro. Comprime-se
8
a terra sobre as raízes e ao redor da planta. Em seguida, faz-se uma “bacia” em torno da muda
e rega-se com 10 a 20 litros de água, para finamente cobrir-se com palha, capim seco ou
maravalha. Tutorar a muda se houver incidência de ventos fortes. As mudas de torrão ou
forradas na própria embalagem oferecem maior segurança, isto é, apresentam índice de
pegamento muito maior que as de raiz nua e requerem menores cuidados no plantio.
Implantação do pomar (plantio)
Para a escolha da área a ser implantado o pomar, a mesma deve estar de acordo com as leis de
preservação ambiental, com destaque para cuidados com a proteção das nascentes, flora e
fauna local, além de atender às recomendações técnicas para os citros.
O preparo do solo deve seguir as práticas conservacionistas. Recomenda-se a subsolagem que
pode ser realizada em área total ou no sulco de plantio (preparo mínimo), em substituição a
aração e gradagem. A subsolagem ou não em área total vai depender do estado do solo.
Pomares cítricos a serem implantados em área onde previamente existia elevado tráfego de
máquinas e na renovação de pomares velhos e improdutivos geralmente necessitam de
subsolagem total. Adicionar nesta etapa os corretivos e fertilizantes quando demonstrada a
necessidade através da análise de solo.
Na implantação de pomares, o espaçamento de plantio a ser utilizado dependerá do vigor da
variedade, porta-enxerto, fertilidade do solo e irrigação. O espaçamento entre as árvores
deverá ser aquele que minimize a erosão do solo, seguindo sempre que possível as curvas em
nível.
Cada talhão deverá ter um número de plantas que facilite e otimize as inspeções e tratamento
fitossanitário, devendo ser identificados e homogêneos quanto: a variedade, porta-enxerto,
tratos culturais, fitossanitários e providos de carreadores.
Nesta fase de implantação e formação do pomar fica proibido o cultivo intercalar de outros
gêneros que demandem controle fitossanitário específico com defensivos não registrados aos
citros.
O solo deve ser mantido protegido com cobertura verde ou morta e a área da propriedade deve
ser cercada, possuindo cerca viva ou quebra-vento.
Variedades
Porta-enxertos e Variedades para Copa
Como procedimento estabelecido nas Normas Técnicas da Produção Integrada de Frutas –
PIF, o produtor deve utilizar no talhão uma única variedade tanto para porta-enxerto como
para copa.
Tabela 1 – Principais copas, porta-enxertos e espaçamentos recomendáveis para a
cultura dos citros na Bahia e Sergipe.
Copa Porta-enxerto Espaçamento
(m)
Laranja Lima Limão Cravo 6 x 4
Baianinha, Salustiana, Pineapple, Limões Cravo,
Volkameriano e
6 x 4.
9
Parson Brown, Midsweet, Jaffa,
Sunstar, Gardner, Kona, Biondo,
Torregrosa
Rugoso da Flórida,
citrumelo Swingle
Pêra Cravo, Rugoso e
tangerina Cleópatra.
6 x 3, 6 x 2.
Natal, Valência Montemorelos e
Tuxpan
Limões Cravo,
Volkameriano e Rugoso
da Flórida
6 x 2, 6 x 4
Tangerinas e híbridos Cravo,
Ponkan, Swatow, Dancy, Murcott,
Lee, Page, Minneola, Robinson
Limão Cravo, tangerinas
Cleópatra, Sunki, Oneco
e Swatow
6 x 4, 6 x 2.
Lima da Pérsia Limões Cravo e
Volkameriano
7 x 4, 6 x 4
Limão Tahiti Limões Cravo e
Volkameriano, citrumelo
Swingle
7 x 4, 6 x 3
Pomelo Flame Limões Cravo e
Volkameriano, cit.
Swingle, citrange Carrizo
7 x 4, 6 x 4
Fonte: Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical
OBS.: São apresentadas várias opções de espaçamentos, considerando-se a
existência de solos mais e menos férteis, diversos tipos de manejo dos pomares,
possibilidade de irrigação e plantio de culturas intercalares e mesmo o uso de
diferentes porta-enxertos.
Tratos Culturais
Podas
As podas empregadas em pomares cítricos são de três tipos: poda de formação, de limpeza e
de rejuvenescimento. As podas, de um modo geral, devem supervisionadas por um técnico e
programados com antecedência os aspectos técnicos, tais como intensidade, época de
execução e tratamento de proteção dos locais cortados. A poda de formação tem como
objetivo formar a estrutura de sustentação, evitar a quebra de ramos e tornar a planta mais
equilibrada. A poda de formação é realizada na muda logo após a implantação do pomar,
sendo muito importante para as mudas do tipo palito ou vareta. Deve-se formar três pernadas
básicas, a partir de 45 cm até uma altura de 60 cm do solo.A poda de limpeza é feita para
retirada de ramos secos, atacados por pragas ou doenças e de ramos ladrões, improdutivos.
Essa poda elimina focos de pragas e doenças, e permite um melhor arejamento da planta.
10
Quando algum ramo doente é podado deve ser, preferencialmente, tratado com pasta cúprica.
Essa operação pode ser feita utilizando-se tesouras e serras de poda.
A poda de rejuvenescimento é recomendada para pomares velhos, que produzam safras
pequenas ou frutos de má qualidade, mas cujas plantas estejam sadias. Essa operação pode ser
feita com serrotes ou moto-serra e retirada toda a copa 30-40cm acima das pernadas, expondo
todo o tronco e a parte restante dos ramos principais, que devem, por isso, ser caiados, para
proteção contra os raios solares e eliminação de fungos e parasitas. Essa poda deve ser
empregada depois da colheita, efetuando-se as adubações recomendadas pela análise de solo e
folhas e, sempre que possível, efetuando-se o plantio de leguminosas nas ruas. Todo o
material resultante da operação deve ser retirado do pomar e queimado, podendo-se também,
triturá-lo nas entrelinhas com roçadeiras, caso não seja um material muito atacado por pragas
e doenças.
Fitorreguladores
Os fitorreguladores devem ser de uso restrito e somente devem ser empregados produtos
registrados para citros, mediante recomendações técnicas e legislação vigente. O emprego de
reguladores de crescimento deve ser específico para variedades em que se torne
imprescindível seu uso e quando não for possível ser substituído por outras práticas de
manejo.
Quadro 1. Normas técnicas específicas para a produção integrada de citros -
NTE.
Poda, desbrota e raleio
Obrigatório Recomendado Proibido
Permitido
com
restrição
Proceder poda de
limpeza quando
aplicável;
proteger os ferimentos
e regiões podadas com
produtos recomendados;
Eliminar as brotações
no porta-enxerto de
acordo com as
recomendações
técnicas;
Retirar do pomar os
restos da poda que
ofereçam riscos
fitossanitários;
Proceder a desinfestação
das ferramentas.
Podar as plantas mediante
finalidade preestabelecida
e com acompanhamento
técnico, maximizando sua
eficácia e rentabilidade;
Proceder ao raleio de
frutas para otimizar peso,
tamanho e qualidade;
Proceder poda no período
de formação;
Realizar poda de abertura
em plantas adultas,
quando necessário;
Triturar os restos de poda
não contaminantes,
mantendo-os sobre o
solo.
Manter no
pomar os
ramos
contaminantes
retirados na
poda.
---
Fitorreguladores de síntese
Utilizar somente
produtos químicos
Evitar o uso generalizado
de fitorreguladores para
Proceder à
aplicação de
Proceder à
aplicação
11
registrados constantes
na grade PIC, mediante
receituário agronômico,
conforme legislação
vigente.
controle de crescimento
da planta, raleio e
desenvolvimento das
frutas.
agroquímicos
sem o devido
registro,
conforme
legislação
vigente e
utilizar
recursos
humanos sem
a devida
capacitação.
somente
quando
não puder
ser
substituído
por outras
práticas de
manejo.
Fonte: Normas Técnicas Específicas de Citros, 2004, MAPA.
Manejo e Conservação do solo
A redução da movimentação do solo é um dos princípios básicos em manejo e conservação do
solo, em função dos seguintes benefícios que proporciona: menores possibilidades de
compactação do solo; manutenção da estrutura do solo; maior infiltração de água no solo;
menores perdas de solo e água por erosão; maior disponibilidade de água para as plantas e
redução de custos.
A cobertura do solo, seja ela viva ou morta, é outro princípio básico em manejo e conservação
do solo, proporcionando os seguintes benefícios: redução dos efeitos negativos das chuvas e
enxurradas, ao evitar ou reduzir o impacto das gotas de chuva na superfície do solo;
incorporação de matéria orgânica e de nutrientes; melhoria da estrutura do solo; aumento da
infiltração e do armazenamento da água no solo; redução da temperatura do solo e de custos
relativos às capinas.
Quadro 2. Normas técnicas específicas para a produção integrada de citros - NTE.
Obrigatório Recomendado Proibido Permitido com
restrição
Utilizar somente
herbicidas
registrados e
permitidos para
PIC e mediante
receituário
agronômico;
Utilizar
estratégias que
minimizem sua
utilização dentro
do ano agrícola;
Proceder o
registro das
aplicações no
caderno de
campo; respeitar
o período de
carência para
Controlar as plantas
infestantes,
preferencialmente por
meios manuais e/ou
mecânicos;
Reduzir o uso de
herbicidas;
Não aplicar
herbicidas pré-
emergentes.
Aplicar herbicidas
em área total,
exceto para plantio
direto;
Controlar o mato
exclusivamente
com equipamentos
que revolvam o
solo.
Utilizar
excepcionalmente
herbicidas pré-
emergentes em áreas
localizadas, mediante
justificativa técnica.
12
colheita.
Fonte: Normas Técnicas Específicas de Citros, 2004, MAPA.
Subsolagem
Em pomares adultos e em formação (1 a 2 anos), recomenda-se, quando necessário, subsolar o
solo nas entrelinhas dos citros o mais profundo possível (60 a 70cm) para reduzir a
compactação e o adensamento. Após essa operação, deve-se implementar as práticas de
manejo do solo recomendadas. A faixa a ser subsolada nas ruas da cultura é a mesma onde se
passa a grade e roçadeira para controle do mato. De uma maneira geral, deve-se respeitar uma
distância de 0,50 m para fora da copa. A subsolagem deve ser efetuada logo após as primeiras
chuvas de inverno, evitando solos extremamente secos ou úmidos até a camada a ser
trabalhada.
Quadro 3. Normas técnicas específicas para a produção integrada de citros -
NTE.
Obrigatório Recomendado Proibido
Permitido
com
restrição
Controlar os
processos de erosão;
Promover a melhoria
das condições
biológicas do solo,
manejando as plantas
infestantes, mantendo
a cobertura vegetal
para incrementar a
proteção do solo.
Evitar a gradagem e o
tráfego desnecessário de
máquinas nos pomares;
Efetuar subsolagem quando
for constatada tecnicamente
a sua necessidade;
Manter a diversidade de
espécies vegetais;
Cultivar e manejar espécies
vegetais (leguminosas e
outras) protetoras do solo;
evitar a roçagem rente ao
solo;
Manejar o mato em ruas
alternadas;
Eliminar espécies
hospedeiras de pragas.
Manter o solo
sem cobertura.
---
Fonte: Normas Técnicas Específicas de Citros, 2004, MAPA.
Mecanização do solo
O tráfego de máquinas no pomar deve ser minimizado por provocar compactação e
deformação na estrutura do solo, bem como, equipamentos desestruturadores como as grades
A subsolagem é recomendada quando forem detectados camadas de impedimento no perfil do
solo através de trincheiras, teste de compactação, penetrômetro ou coleta de amostras
indeformadas. Detectada a região compactada, o produtor deve procurar orientação técnica
sobre equipamentos e época adequada para efetuar a operação, prosseguindo com práticas de
13
adubação verde e manejo de plantas infestantes e redução de trânsito no pomar. O uso de
grade nos pomares deve ser limitado, devido aos efeitos prejudiciais que pode proporcionar
como corte de raízes, erosão, compactação, destruição de plantas benéficas, oscilação da
temperatura do solo, favorecer a perda de umidade e formar poeira.
Manejo de cobertura do solo
Tem a função de controlar processo de erosão e prover a melhoria das condições biológicas
do solo. Realizar o manejo integrado de plantas invasoras. Manter a diversidade de espécies
vegetais, favorecendo a estabilidade ecológica e minimizando o uso de herbicidas e roçar as
entrelinhas, posicionando o material sobre a superfície do solo "mulching" e/ou sob a copa
dos citros.
Em um experimento conduzido num solo de Tabuleiros Costeiros classificado como
Latossolo Amarelo álico coeso sob as combinações laranja "Pêra"/limoeiro ‘Volkameriano’ e
laranja ‘Pêra’/limoeiro ‘Cravo’, avaliou-se dois sistemas de preparo do solo na implantação
do pomar e controle de plantas infestantes. No sistema convencional adotado pela maioria dos
produtores, procedeu-se a aração, gradagem, abertura de covas e plantio das mudas cítricas e
controle mecânico do mato com três a quatro capinas nas linhas e mesmo número de
gradagens nas ruas durante o ano agrícola. No sistema melhorado, realizou-se um ano antes
do plantio uma subsolagem cruzada com profundidade média de 0,55 m, plantio direto do
feijão-de-porco como cultura de espera e melhoradora do solo. Realizou-se o plantio direto na
palhada, abrindo-se apenas as covas para colocação das mudas. Nesse sistema, o controle
integrado de plantas infestantes foi realizado dessecando-se o mato nas linhas com glifosato
duas vezes ao e nas ruas o plantio direto do feijão-de-porco em maio/junho e roçado
setembro/outubro para formação de cobertura morta. Observa-se pela tabela abaixo que três
anos após a implantação do pomar o manejo melhorado proporcionou melhorias significativas
dos atributos físicos do solo nas linhas e entrelinhas da cultura quando comparado ao sistema
convencional do produtor, proporcionando condições mais favoráveis para o crescimento e
produção da planta cítrica. Esse mesmo trabalho, mostrou que a melhoria da estrutura do solo
pelo preparo inicial com subsolagem e sua manutenção com a redução do trânsito de
máquinas pelo manejo integrado de plantas infestantes com coberturas vegetais, contribuiu
tanto na linha como na entrelinha da cultura, para maior retenção de água no perfil do solo em
71% dos meses avaliados em relação ao sistema convencional. Dessa forma, o período de
disponibilidade para a planta cítrica foi ampliado tanto nas linhas como nas entrelinhas da
cultura. Para as condições do Nordeste brasileiro e dos solos em estudo, esses resultados
contribuíram significativamente, para o aumento da produtividade pela redução das perdas de
frutos nos estádios cotonete, chumbinho e em muitos casos, na fase de pré-colheita (Carvalho
et al., 2003a).
Tabela 1. Médias das propriedades físicas do solo, na profundidade de 0 a
0,40 m, de dois sistemas de controle de plantas infestantes nas linhas e
entrelinhas da laranja ‘Pêra’ sobre dois porta-enxertos diferentes,
submetidas a dois manejos de solo em (Cruz das Almas, BA, 2002).
Manejos
Médias das propriedades físicas do solo
Porosidade Densidade
do solo
Condutividade
hidráulica Total Macro Micro
Linha de plantio 42,93 18,52 24,41 1,41 19,45
14
(subsolagem +
plantio de
leguminosa)
Linha de plantio
(três capinas
manuais nas linhas
+ três gradagens
nas entrelinhas)
34,94 9,38 25,56 1,61 1,33
Alterações Médias
(%) na linha de
plantio
+22,9 +97,4 -4,7 -14,2 +1362
Entrelinha de
plantio
(subsolagem +
plantio de
leguminosa)
39,44 14,40 25,05 1,49 6,29
Entrelinha de
plantio (três
capinas manuais
nas linhas + três
gradagens nas
entrelinhas)
34,42 8,42 26,01 1,60 4,87
Alterações Médias
(%) nas entrelinhas
+14,6 +71 -3,8 -7,3 +29,1
Fonte: Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical.
Herbicidas
Em pós-emergência, o glifosato é hoje o herbicida mais utilizado por proporcionar uma
cobertura morta, adequando-se muito bem ao manejo de coberturas vegetais na cultura. A
dose a ser aplicada dependerá da composição matoflorística e seu estádio de desenvolvimento.
A aplicação de herbicida em citros pode ser realizada por pulverizadores tratorizados e não
tratorizados. No primeiro caso, uma barra aplicadora própria para os citros é acoplada ao
trator, equipada com bicos em leque 110.01 (cor laranja) e um bico TK 0,5 na sua
extremidade para fazer o acabamento próximo ao tronco das laranjeiras. Recomenda-se para
esse tipo de aplicação velocidade do trator de 3-4 km/h, para proporcionar boa deposição da
calda do produto sobre o alvo (plantas daninhas) evitando falhas de aplicação. Desta forma, e
a depender do tipo do mato, pode-se limpar 2.000 a 3.000 plantas por dia, numa faixa de 1,80
a 2,00 m de cada lado da planta cítrica, com consumo médio de calda de 150 a 200 l/ha. São
suficientes 1.000 litros da calda para uma jornada diária de trabalho.
Nos pulverizadores costais, o bico mais indicado para a aplicação do glifosato é em leque
“Teejet” 110.02 de cor amarela, que permite boa cobertura sobre as plantas daninhas e um
consumo médio de calda, a depender do operador, de 250 a 300 l/ha. Para aumentar o
rendimento operacional, redução do custo de aplicação e simular a aplicação tratorizada,
recomenda-se aplicar em “varredura”.
15
Esse método de aplicação consiste na rotação da ponta do bico, deixando sua fenda paralela
(no mesmo sentido) da haste do pulverizador e, simulando a varredura de um terreiro, efetua-
se movimentos lentos na vareta do equipamento sentido direita e esquerda ao caminhar,
conseguindo-se assim, em uma só passagem aplicar numa faixa aproximada de 1,60 a 1,80 m
em cada lado da laranjeira. Nesse método de aplicação, um homem pode limpar 500 a 700
plantas por dia. Nas duas modalidades de aplicação, o ideal é que não ocorram chuvas nas
primeiras seis horas. Pode-se, também, optar pela utilização de métodos mecânicos e culturais
no controle de plantas daninhas.
Manejo do Solo e Mato nas entrelinhas
A cobertura vegetal protege o solo do impacto das gotas de chuva e irrigação que provocam
dispersão de partículas, mais tarde arrastadas pela enxurrada, do trânsito de máquinas,
reduzindo seu efeito sobre a compactação.
O produtor deve manejar melhor o mato, evitando concorrência pelos fatores de produção
como a água, explorando também, seu efeito benéfico como cobertura no período das chuvas.
Na época seca o mato deve ser mantido, preferencialmente, roçado baixinho, minimizando
sua concorrência por água com os citros.
Manejo de coberturas em citros
As práticas convencionalmente utilizadas no preparo e manejo dos solos em pomares e o
controle inadequado de plantas infestantes têm contribuído para aumentar sua degradação,
com redução da macroporosidade e aumento da compactação, refletindo na redução da
velocidade de infiltração e retenção de água no solo, atribuindo-se como as principais causas
da queda de rendimento da planta cítrica. A maioria dos pomares cítricos da Bahia e Sergipe,
está estabelecida em solo de Tabuleiros Costeiros caracterizados como de baixa fertilidade,
com reduzida capacidade para segurar água e adensados. Isso resulta em plantas de baixo
vigor e longevidade, com a concentração do sistema radicular (60 a 70%) nos primeiros 20cm
do perfil do solo. A presença de horizontes coesos em solos de tabuleiros reduz sua
profundidade efetiva, prejudicando a dinâmica da água no seu perfil e, principalmente, o
aprofundamento do sistema radicular das plantas cítricas em função da elevada resistência do
solo à penetração (Rezende et al., 2002). Esses fatos, associados aos constantes períodos de
estiagem que ocorrem durante o ano, fazem com que as plantas cítricas tornem-se vulneráveis
aos freqüentes estresses hídricos ao longo do ano, causando prejuízos à sua produtividade e
longevidade (Carvalho et al.,1999).
A cobertura vegetal protege o solo do impacto das gotas de chuva e irrigação que provocam
dispersão de partículas, mais tarde arrastadas pela enxurrada, do trânsito de máquinas,
reduzindo seu efeito sobre a compactação. O produtor deve manejar melhor o mato, evitando
concorrência pelos fatores de produção como a água, explorando também, seu efeito benéfico
como cobertura no período das chuvas. Na época seca o mato deve ser mantido,
preferencialmente, roçado baixinho, minimizando sua concorrência por água com os citros. O
citricultor deve plantar as coberturas vegetais nas entrelinhas do pomar nos meses maio e
junho para as condições da Bahia e Sergipe. Chama-se atenção para o manejo da vegetação
espontânea e coberturas vegetais (gramíneas e leguminosas) em ruas alternadas do pomar.
A citricultura convencional praticada em diferentes regiões é responsável por intensa
degradação ambiental, necessitando o desenvolvimento de sistemas de produção agrícola
economicamente viáveis, energeticamente eficientes pois atualmente não basta apenas
16
produzir, mas produzir com sustentabilidade, com riscos reduzidos e ao mesmo tempo,
protegendo e conservando os recursos naturais e o meio ambiente em geral.
São grandes os avanços que a citricultura brasileira tem dado nos aspectos relacionados à
planta para aumentar a produtividade, entretanto pequenos têm sido os avanços nas áreas de
manejo do solo (físico e químico) e relação solo planta, as quais têm sido importantes fatores
para a baixa produtividade dos pomares, relacionando-os ao uso e manejo inadequados do
solo no controle de plantas infestantes e com o trânsito exagerado de máquinas nos pomares
comprometendo sua capacidade produtiva. Dessa forma, as leguminosas devido as suas
características particulares e potencial para múltiplos usos, exercem mais que qualquer outra
família de plantas um papel significativo no sistema de produção de citros, seja como adubos
verdes ou como coberturas vegetais melhoradoras do solo no controle integrado de plantas
infestantes, associadas a outras práticas de manejo conservacionista.
O manejo adequado do solo no controle de plantas infestantes deve relacionar a condição
física do solo ao desenvolvimento radicular, crescimento da planta, mantendo a qualidade e
produtividade do solo, garantindo níveis adequados dos seus atributos físicos e químicos para
o desenvolvimento da planta como densidade do solo, estrutura, teor de matéria orgânica,
aeração, taxa de infiltração, drenagem e retenção de água.
Em experimento comparativo de uma parcela de laranja ‘Pêra’ em sistema PIC X área
convencional, em Cruz das Almas, BA, no ano de 2005 verificou-se que o pomar submetido à
PI obteve resultados satisfatórios e superiores ao convencional, como pode ser verificado nos
quadros a seguir:
Tabela 2. Características físicas dos frutos em Produção Integrada e
convencional (produtor), Cruz das Almas-2005.
Características
Físicas do fruto
‘Pêra’/limão ‘Cravo’ ‘Pêra’/limão
‘Volkameriano’
Produtor PIC Produtor PIC
Peso (g) 203,9 223,5 214,9 265,7
Altura (cm) 7,18 7,47 7,34 7,98
Diâmetro (cm) 7,24 7,50 7,26 7,9
Fonte: Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical.
Tabela 3. Produtividade da planta cítrica, sobre dois porta-
enxertos, submetidas a dois tratamentos de preparo e manejo do
solo em Cruz das Almas - BA, 2005.
Produtividade média (t/ha)
Tratamentos
Laranja
‘Pêra’/limão
‘Cravo’
Laranja
‘Pêra’/limão
‘Volkameriano’
Subsolagem + plantio de
leguminosa – Produção
Integrada de Citros
34,4 25,5
Três capinas manuais nas
linhas + três gradagens nas
entrelinhas (Convencional)
26 20,1
Incremento de produção 32% 27%
17
(%)
Fonte: Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical.
Os valores para o carbono da biomassa microbiana do solo (BMS-C) no plantio de laranja ´
Pêra ` sob diferentes manejos do solo, são apresentados na Figura 1. Não foram observados
efeitos significativos dos diferentes manejos do solo, da época e do local de amostragem
(linha e entrelinha) para a variável BMS-C, ou seja não diferiu estatisticamente entre os dois
tratamentos (PIF e convencional).
Fonte: Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical.
Fig. 1. Valores médios do carbono da biomassa microbiana do solo em função de diferentes
sistemas de produção na profundidade de 0-10 e 10-30 cm nas linhas e entrelinhas de plantio
de citros Cruz das Almas,BA, 2006.
A liberação de C-CO2, pela atividade microbiana do solo foi maior no tratamento em PIF que
envolve uso de subsolagem. Este efeito foi demonstrativo para a camada de 10-30cm na linha
e de 0-10cm na entrelinha. Como a subsolagem foi feita na linha, infere-se que esta maior
atividade microbiana na camada de 10-30cm na linha é resultado daquele manejo, ou seja,
foram criadas melhores condições para a atividade microbiana (Figura 2).
Fonte: Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical.
Fig. 2. Valores médios para a respiração microbiana do solo em função de diferentes manejos
do solo, nas linhas e entrelinhas do plantio de citros.
Os resultados médios dos indicadores selecionados para avaliar a qualidade do solo foram, em
sua maioria, estatisticamente diferentes, entre os dois tratamentos testados (Quadro 3).
Verificou-se que a resistência do solo à penetração de raízes (RP100KPa) foi 10 % maior no
18
tratamento com gradagem + capinas manuais (T1 - Convencional), quando comparado ao
tratamento utilizando subsolagem + cobertura vegetal com feijão-de-porco (T2 – Produção
Integrada de Citros PIC). Porém, em ambos os tratamentos a RP100KPa manteve-se
limitante, pois seus valores foram acima do limite crítico estabelecido para este indicador. A
macroporosidade (MP) foi, aproximadamente, duas vezes maior no T2 em relação ao T1. O
valor da MP encontrada no T2 foi 90 % superior ao limite critico (0,10 m3 m-3) e 80 %
inferior no T1. Esses resultados podem ser atribuídos aos efeitos positivos da prática da
subsolagem e dos bioporos deixados no solo pela decomposição das raízes do feijão-de-porco
utilizado como cobertura vegetal. Segundo Reichert et al., (2003) o uso de espécies vegetais
que produzam grande massa radicular e cujas raízes possuam a habilidade de penetrar em
camadas compactadas deve integrar os sistemas de cultivo. Pois a decomposição dessas raízes
deixa poros contínuos e de maior estabilidade, que aumentam a infiltração de água no solo e
as trocas gasosas, agindo como subsoladores naturais.
Tabela 4. Valor dos indicadores de qualidade para um Latossolo Amarelo sob
dois sistemas de manejos para o cultivo de citros
Indicadores (1) T1 -
Convencional
T2 – Produção Integrada de
Citros
Função crescimento radicular em profundidade
RP 100 KPa (MPa) 3,20 B 2,90 A
MP (m 3 m-3) 0,08 A 0,19 B
Ds (Kg dm-3) 1,55 A 1,46 B
m (%) 3,67 A 1,51 A
Função condução e armazenamento de água
Ko (cm h-1) 7,08 A 12,49 B
MP (m 3 m-3) 0,080 A 0,186 B
UV33KPa/PT 0,250 A 0,253 A
AD/PT 0,119 A 0,137 A
Função suprimento de nutrientes
pH em água 6,00 A 5,70 A
CTCpot (cmolc dm-3) 6,17 A 7,69 B
V (%) 52,63 A 77,75 B
M.O. (g Kg-1) 8,10 A 13,18 B
Fonte: Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical.
(1) RP100KPa = resistência à penetração a 100KPa de umidade no solo; MP =
macroporosidade do solo; Ds = densidade do solo; m = saturação por alumínio;
Ko = condutividade hidráulica do solo saturado; UV33KPa/PT = relação
umidade volumétrica retida a 33 KPa/porosidade total do solo; AD/PT = relação
água disponível/porosidade total do solo; CTC = capacidade de troca de cátions;
V = saturação por bases e M.O. = matéria orgânica. Letras maiúsculas
comparam, na linha, valores dos indicadores, em cada tratamento, pelo teste de
Tukey a 5%.
O valor da densidade do solo (Ds) foi significativamente menor no T2, ficando abaixo do
limite critico de 1,52 Kg dm-3 (Souza et al., 2003), quando comparados ao T1 que,
apresentou valores de Ds elevados refletindo na baixa aeração e condução de água no
solo (Abercrombie & Du Plessis, 1995).
A saturação por alumínio (m %) foi um dos indicadores que não diferiu entre os tratamentos
testados, seus valores foram muito baixos como era esperado tendo em vista, que a
subsolagem não produz diretamente efeitos químicos no solo. E por ser um indicador regido
pela função de padronização do tipo “menos é melhor”, seus escores padronizados foram
19
muito altos, não indicando limitação de ordem química ao crescimento radicular da planta
cítrica.
Na função condução e armazenamento de água (CAA) a condutividade hidráulica no solo
saturado (Ko) não foi limitante para ambos os tratamentos. Porém observou-se no T1, que seu
valor médio foi mais próximo do limite inferior (5,0 cm h-1) enquanto em T2 esse valor
aproximou-se do limite superior (15,0 cm h-1), indicando possível efeito da subsolagem mais
cobertura vegetal na condução de água, o que esta coerente também com os resultados da
macroporosidade, visto que a capacidade do solo em permitir a infiltração da água é reflexo
do seu volume de macroporos (Thomasson, 1978).
Os indicadores relacionados à disponibilidade de água desse solo para as plantas constituíram-
se em fatores limitantes da qualidade e não diferiram entre os tratamentos. Os valores da
relação UV33KPa/PT foram muito abaixo do limite critico de 0,55. Enquanto, a relação
AD/PT foi superior ao limite de 0,125 no T2 e inferior para T1. Esses resultados no T1 podem
ser atribuídos aos efeitos da gradagem aumentando a densidade do solo na superfície e
provocando diminuição da capacidade de retenção de água a baixas tensões, o que diminui a
água disponível às plantas (Portela et al., 2001).
Quando e como plantar as leguminosas
Deve-se dar preferência ao plantio direto dessas coberturas para evitar o efeito danoso da
gradagem sobre as propriedades físicas do solo, sistema radicular dos citros e pelo próprio
efeito benéfico e cumulativo sobre essas propriedades, proporcionado por essas leguminosas
como melhoradoras de solo. Nesse sistema de plantio é necessária a aplicação de um
herbicida pós-emergente à base de glifosate, para dessecação do mato presente nas entrelinhas
do pomar; após uma semana, procede-se o plantio mecanizado das leguminosas em sulcos ou
manual em covas ou buracos, neste último caso espaçados a cada 25 cm x 25 cm, colocando-
se duas a quatro sementes por buraco. O consumo de sementes por hectare é de 60 a 80 kg
para feijão-de-porco (Canavalia ensiformis), 20-30 kg para crotalária (Crotalaria juncea) e de
12 a 15 kg para milheto (Pennisetum glaucum). No sistema de plantio direto, aponta-se
algumas vantagens em relação ao convencional a lanço, que são a retirada por completo da
grade do pomar para o controle de plantas daninhas, a segurança de que dificilmente
necessitará de uma replanta em função da melhor condição competitiva dada as leguminosas
pelo dessecamento do mato e pela disponibilidade de água, em virtude da formação da
cobertura morta, o menor risco de erosão, o menor gasto de sementes por hectare e,
consequentemente a redução de custos.
Roçagem das leguminosas
A roçagem dessas leguminosas pode ser mecanizada ou manual a depender da condição do
citricultor, e efetuada a 20-25 cm do solo para formação de uma boa cobertura verde. Para os
estados da Bahia e Sergipe, recomenda-se a roçagem em setembro/outubro. Esse manejo
recomendado para as leguminosas é muito importante, pois no período de deficiência hídrica
no solo (período de seca), não se recomenda a convivência do pomar com estas plantas para
evitar a concorrência por água. Quando ceifadas, o sistema radicular permanece no solo,
decompõe-se, promovendo a descompactação biológica do solo.
Material propagativo
Os novos plantios devem ser realizados com mudas produzidas em ambiente protegido e
proveniente de viveiros registrados no órgão fiscalizador e devem trazer consigo o certificado
fitossanitário, além da identificação exigida por Lei mediante notas fiscais. Para os Estado que
20
ainda não possuem programas de certificação de mudas, cabe ao viveirista uma maior parcela
de responsabilidade na produção das mesmas, preparando seus lotes de matrizes – copa e
porta-enxerto – provenientes de material básico existente nas instituições governamentais,
garantindo dessa forma a multiplicação de material de boa qualidade genética e fitossanitária.
O padrão de qualidade das mudas deve atender o que está disposto na legislação de cada
estado que trata da produção e certificação de mudas.
Quadro 4. Normas técnicas específicas para a produção integrada de citros - NTE .
Sementes, porta-enxertos, borbulhas e mudas
Obrigatório Recomendado Proibido Permitido com
restrição
Utilizar
mudas
produzidas de
acordo com a
legislação
vigente em
cada estado
da federação.
Utilizar mudas fiscalizadas ou
certificadas, produzidas em
ambiente protegido, a partir de
material sadio e com certificação
genética;
Priorizar o uso de porta-enxertos e
variedades-copa compatíveis,
resistentes ou tolerantes a pragas;
Analisar os materiais em
laboratórios credenciados
principalmente quanto a
Phytophthora, nematóides e
clorose variegada dos citros.
Transitar
portando
material
propagativo
sem a
competente
autorização e
registro de
procedência,
conforme
legislação
pertinente.
É permitido uso
de borbulhas de
lima ácida Tahiti
clone Quebra-
galho, desde que
a produção de
mudas atenda as
demais exigências
previstas em
normas da
legislação
vigente.
Fonte: Normas Técnicas Específicas de Citros, 2004, MAPA.
As normas para produção de mudas cítricas estabelecem que elas devem ser podadas, quando
maduras, a 40-50cm do solo no caso de tangerineiras e 50-60cm quando forem laranjeiras,
limoeiros e pomeleiros. Para formar a copa, deixa-se desenvolver três ou quatro brotações, as
mais vigorosas e espaçadas convenientemente, distribuídas em espiral em torno da haste. No
método mais moderno e vantajoso, de muda vareta, faz-se apenas o desponte antes do plantio,
levando-se a muda para campo, onde a copa é feita. Além do menor tempo que leva para ficar
pronta, esse tipo de muda facilita bastante o transporte e o plantio.
Para o caso específico da Clorose Variegada dos Citros - CVC, será exigido um laudo
adicional da ausência da bactéria Xillela fastidiosa. As mudas podem ser provenientes de
enxertos, desde que atendam aos padrões estabelecidos na Lei de Produção de Mudas:
Fitossanidade geral: garantia de que as mesmas estejam livres de vírus e outros organismos
patogênicos.
Verificação varietal: identificação do tipo de porta-enxerto usado e da cultivar-copa que
compõe o lote, em etiqueta própria, conforme Normas e Padrões da respectiva Comissão
Estadual de Sementes e Mudas;
Qualidade da enxertia: soldadura do enxerto uniforme, lisa, sem necrose e com diferença entre
o diâmetro do porta-enxerto, a 5 cm abaixo do ponto de enxertia, e o da cultivar-copa na base
da brotação, não superior a 0,5 cm;
21
Sanidade do sistema radicular do porta-enxerto: raízes livres de doenças e pragas de solo,
nematóides ou quaisquer outros fungos ou pragas;
Qualidade nutricional da muda: livre de qualquer desequilíbrio nutricional;
Vigor da muda: apresentar a 5 cm do ponto de enxertia, pelo menos, 12 mm de diâmetro e
altura mínima de 60 cm;
Idade da muda: o porta-enxerto não deve ter mais do que 6 meses, a partir da data de
semeadura, e a muda enxertada, não mais do que 12 meses;
Qualidade das raízes do porta-enxerto: o sistema radicular, além de ser isento de agentes
fitopatogênicos, deve apresentar boa distribuição das raízes ao redor da raiz pivotante;
Aspecto geral da muda: no momento do plantio, a muda deve apresentar sistema radicular e
aéreo perfeitos.
Implantação do pomar
Para a escolha da área a ser implantado o pomar, a mesma deve estar de acordo com as leis de
preservação ambiental, com destaque para cuidados com a proteção das nascentes, flora e
fauna local, além de atender às recomendações técnicas para os citros. O preparo do solo deve
seguir as práticas conservacionistas. Recomenda-se a subsolagem que pode ser realizada em
área total ou no sulco de plantio (preparo mínimo), em substituição a aração e gradagem. A
subsolagem ou não em área total vai depender do estado do solo. Pomares cítricos a serem
implantados em área onde previamente existia elevado tráfego de máquinas e na renovação de
pomares velhos e improdutivos geralmente necessitam de subsolagem total. Adicionar nesta
etapa os corretivos e fertilizantes quando demonstrada a necessidade através da análise de
solo.
Na implantação de pomares, o espaçamento de plantio a ser utilizado dependerá do vigor da
variedade, porta-enxerto, fertilidade do solo e irrigação. O espaçamento entre as árvores
deverá ser aquele que minimize a erosão do solo, seguindo sempre que possível as curvas em
nível. Cada talhão deverá ter um número de plantas que facilite e otimize as inspeções e
tratamento fitossanitário, devendo ser identificados e homogêneos quanto: a variedade, porta-
enxerto, tratos culturais, fitossanitários e providos de carreadores.
Nesta fase de implantação e formação do pomar fica proibido o cultivo intercalar de outros
gêneros que demandem controle fitossanitário específico com defensivos não registrados aos
citros. O solo deve ser mantido protegido com cobertura verde ou morta e a área da
propriedade deve ser cercada, possuindo cerca viva ou quebra-vento.
Quadro 5. Normas técnicas específicas para a produção integrada de citros
- NTE.
Plantios novos
Obrigatório Recomendado Proibido
Permitido
com
restrição
22
Respeitar a
legislação
ambiental e
considerar a
aptidão
edafoclimática da
área;
Manejar o solo,
restos vegetais e
pragas mediante
técnicas de
manejo
sustentável;
Analisar o solo
física e
quimicamente
para definir as
correções
necessárias;
Utilizar uma
combinação
copa/porta-
enxerto por talhão.
Plantar adubos verdes
em área total antes do
plantio dos citros e
como cultura
intercalar em pós-
plantio;
Realizar análise
biológica do solo;
Utilizar técnicas de
cultivo mínimo nos
pomares;
Definir o espaçamento
e densidade levando
em consideração o
vigor da combinação
copa/porta-enxerto, a
fertilidade do solo, os
tratos culturais e a
irrigação;
Dispor o plantio
acompanhando as
curvas em nível.
Proceder à
desinfestação
química do solo
sem supervisão do
responsável
técnico;
Realizar cultivo
intercalar de outras
espécies que
demandem
controle
fitossanitário com
agroquímicos não
registrados para
citros.
Implantar
pomares em
terrenos com
declividade
acima de 20%
dentro dos
limites
permitidos
pelas leis
ambientais,
somente com
o uso de
patamares;
Plantar em
áreas
encharcadas
desde que
feita a
drenagem
adequada,
atendendo a
legislação
ambiental.
Localização
Observar as
condições
edafoclimáticas e
compatibilidade
com os requisitos
da cultura dos
citros e do
mercado.
Implantar quebra
ventos em áreas
sujeitas à alta
incidência de ventos
fortes.
No caso de replantio,
realizar antes rotação
de cultura por pelo
menos um ciclo da
cultura em rotação.
---
---
Porta-enxertos e copas
Utilizar cultivares
de porta-enxertos
e copas
recomendados
pela pesquisa.
---
---
---
Sistema de plantio
Realizar análise
física e química
do solo e proceder
as correções
necessárias
conforme
requisitos
Realizar análise
biológica do solo.
---
---
23
técnicos.
Fonte: Normas Técnicas Específicas de Citros, 2004, MAPA.
Cultura - Laranja
Aspectos Gerais:
A planta tem origem provável na Ásia - Índia, China, países vizinhos de clima subtropical
úmido - daí foi para a Europa e para o Brasil trazida por portugueses no século XVI.
O cultivo da laranjeira está disseminado por mais de 60 países e, na produção mundial de
cítricos, a laranja participa com 69%. Em 1994 foram produzidas 58.731.000 toneladas
participando o Brasil com 31,6%, E.U.A com 16,2%, China com 10,5%, Espanha com 4,42%
e México com 4,4% (FAO). Em 1993/94, no mercado internacional, a laranja in natura
ofertou 4,4 milhões de toneladas; a Espanha (33%) e E.U.A (14%) lideram esse mercado. No
de processados de citros o Brasil destaca-se como maior exportador mundial de suco
concentrado suprindo 80% da demanda mundial.
No Brasil a citricultura é significativa para os estados de São Paulo (80% da oferta nacional),
Sergipe (4,8%), Bahia (3,8%) e Minas Gerais (3,8%); em 1994, o país produziu 17.420.377
toneladas de frutos em área próxima a 900.000 hectares (IBGE).
Em 1994 a Bahia produziu 668.873 toneladas de frutos, em área colhida de 42.748 ha. com
rendimento de 15.647 kg/ha (80% da variedade Pêra); as principais regiões econômicas
produtoras foram Litoral Norte, Recôncavo Sul, Nordeste e Sudoeste (juntas alcançaram 90%
da produção). Destacaram-se, entre os municípios maiores produtores, Rio Real (44%),
Inhambupe (7%), Cruz das Almas (6%), Sapeaçu (5%) e Alagoinhas (4%), (IBGE - PAM).
A produção baiana destina-se ao consumo da fruta fresca e a agroindústria; o suco
concentrado é quase todo exportado para a Europa (Alemanha, Inglaterra), E.U.A, e Canadá
(1994/95 - Promoexport).
Botânica/Descrição/Variedades:
Cientificamente a laranja-doce é conhecida como Citros sinesis e a laranja-azeda como Citrus
aurantium, ambas Dicotyledonae, Rutaceae. Na laranja-doce destacam-se as variedades Pera
(maturação semi-tardia), Natal (tardia), Valencia (tardia), Bahia (semi-precoce), Baianinha
(semi-precoce); Lima, Piralima, Hamlim (semi-precoce), a espécie laranja-azeda é
representada pelas laranjas-da-terra.
A laranja doce tem porte médio, folhas tamanho médio com ápice ponteaguda base
arredondada, pecíolo pouco alado, flores com tamanho médio, solitárias ou em racimos, com
20-25 estames, ovário com 10-13 lóculos. Sementes ovóides, levemente enrugadas e
poliembrionicas.
A laranja azeda tem porte médio a grande, folha com lâmina estreita, ponteaguda, base
arredondada, flores grandes, completas; fruto ácido e amargo, de difícil consumo. Dos brotos,
24
folhas e casca do fruto retira-se uma série de óleos essenciais, aromáticos, de alto valor em
perfumaria e farmacopéia.
Composição por 100 g. da fruta fresca é: calorias (63), glicídios (9,9 g), proteína (0,6 g),
lipídios (0,1), cálcio (45 mg), fósforo (28 mg), ferro (0,2 mg), magnésio (26 mg), Vitamina A
(14 mcg), Vitamina B (40 mcg), Vitamina B2 (21 mcg), Vitamina C (40,9 mcg), potássio.
Utilização da laranjeira:
Folhas : Contém óleo essencial utilizado em indústria.
Flores : Procuradas para ornamentação diversa; é melifica.
Fruto : O sumo da laranja-doce é utilizado, em nível caseiro, para preparo de sucos, refrescos
e sorvetes; na indústria o sumo compõe sucos concentrados e refrigerantes. A casca da
laranja-da-terra é utilizada para o preparo de geléias, doces (em calda, cristalizados), bebidas.
Necessidades da Planta:
Clima - A faixa de temperatura para vegetação está entre 22ºC e 33ºC (nunca acima de 36ºC e
nunca abaixo de 12ºC) com média anual em torno de 25ºC; sob altas temperaturas a laranjeira
emite, ao longo do ano, vários surtos vegetativos seguidos de fluxos florais que possibilitam
maturação de frutos em várias épocas.O ideal anual de chuvas está em 1.200 mm. bem
distribuídos ao longo do ano; déficit hídrico deve ser corrigido com irrigação artificial. A
umidade do ar deve estar em 80%.Clima influi na qualidade e composição do fruto (teor de
suco, de sólidos, maturação, volume de frutos, outros).
Solos : Embora possa desenvolver-se em vários tipos de solos- de arenosos a argilosos desde
que sejam profundos e permeáveis- a laranjeira prefere os solos areno-argilosos e até argilosos
porosos, profundos e bem drenados. Evitar solos rasos e sujeitos a encharcamentos; pH na
faixa 6,0 a 6,5.
Formação do Pomar:
A muda de laranjeira: deve ser obtida a viveiristas credenciados por órgãos oficiais. Deve
ser enxerto (por borbulhia) maduro vigoroso, enxertia a 20 cm de altura do solo, com 3 a 4
brotações (ramos) a 60cm. de altura (espaçados para formação da copa) distribuídos em
espiral em torno do caule e sistema radicular abundante. As mudas raiz nua devem ter raízes
barreadas (com barro) para transporte.
Para compor o pomar: sugere-se plantio de variedades Lima e Hamlin (10%), Baianinha
(15%), Valencia e/ou Natal (15%) e Pera (para sucos), com 60%.
Localização do pomar: próximo a estradas e mercado consumidor, de fácil acesso. O terreno
deve ser plano a ligeiramente ondulado; em áreas com declividade até 5% alinhar plantas em
nível e em terrenos com declividade superior usar outras práticas conservacionistas além das
curvas de nível. O plantio, em terreno plano, deve ser feito em retângulo.
Preparo do solo: se possível retirar amostras de solo e enviar a laboratório de análises, com
boa antecedência ao plantio (150 dias) para recomendações para corretivos e adubos.As
operações de preparo de solo passam por desmatamento, destoca, queima, controle de
formigas e cupins, aplicação de corretivo, aração e gradagens. A destoca pode ser feita em
período de 2 a 5 anos (segundo extensão da área de plantio) e o produtor poderá cultivar
lavouras de ciclo curto entre os tocos.
25
A aplicação do corretivo (calcário dolomítico) deve ser feita antes da aração (metade da
dose) e antes da primeira gradagem (segunda metade) a 60 a 90 dias antes do plantio.
Os espaçamentos recomendados para o plantio são: 6 m x 4 m (Baianinha, Valencia) que
proporciona 416 plantas/hectare e 6 m x 3 m (Pera, Natal e Rubi) o que proporciona 555
plantas por hectare.
Covas/adubação básica: as covas devem ter dimensões de 60 cm x 60 cm x 60 cm e na sua
abertura separar a terra dos primeiros 15-20 cm de altura. A abertura deve ser feita 30 dias
antes do plantio. Em plantios extensos sulcos podem ser feitos com sulcador de cana segundo
as linhas de nível (terrenos acidentados). Caso não haja recomendação de análise de solo
colocar 1 kg de calcário dolomítico no fundo da cova e cobrir com um pouco de terra logo
após a abertura da cova em seguida misturar 200 g de superfosfato simples, 15-20 litros de
esterco de curral curtido à terra separada e lançar na cova.
Plantio:
No período chuvoso típico da região ou em qualquer época, com auxílio da irrigação, efetuar
o plantio; escolher dias nublados, sem ventos e com temperatura amena.No plantio colocar
colo da muda 5 cm acima da superfície do solo; as raízes das mudas nuas devem ficar
estendidas (sem dobras) e os espaços entre as raízes cheios com terra. Comprime-se a terra a
medida que se enche a cova, faz-se "bacia" com terra e cobre-se a bacia com palha ou
maravalha ou capim seco (sem sementes); se houver ventos fortes tutora-se a muda.
Tratos Culturais:
- Caso não haja chuvas no pós-plantio irrigar a cova com 20 l. de água por semana.
Eliminar brotações (ainda novas) que se apresentem abaixo do ponto de enxertia
notadamente nos primeiros 2 anos de vida.
Podar ramos secos, doentes, ramos ladrões vegetativos; efetuar limpeza do tronco e
ramos grossos (com escova) caiando em seguida com calda bordalesa a 3%.
Capinar, nas ruas de plantio e na época seca, com grade de disco e com ceifadeira no
período chuvoso. Em coroamento sob copa da planta, capinar com enxada (época
seca) ou com foice ou estrovenga no período chuvoso.
Se o custo permitir plantar leguminosas (mangalô, feijão-de-corda, feijão-de-porco)
nas ruas.
Adubação:
Deficiências de micronutrientes mais comuns (Cruz das Almas) são de zinco e manganês; são
corrigidas com aplicações em pulverização foliar, com solução contendo 300 g de sulfato de
zinco e 300 g de sulfato de manganês em 100 litros de água.
Caso não haja recomendações de laboratório para adubações sugere-se a utilização das
quantidades da Tabela 1. Aplicar as doses logo após o início do período chuvoso e, pouco
antes do seu fim. 60 dias e 90 dias pós plantio aplicar 50 g. de uréia fertilizante por cova e por
vez. Aplicar sob a copa da planta com leve incorporação (2/3 para dentro e 1/3 para fora da
projeção da copa).
Tabela 1 - Adubação de Laranjeira (por pé)
26
Ano Início das
chuvas
Fim das
chuvas
Esterco Uréia
S.S (1) KCl (2)
Ureia
KCl (2)
2º 20 l 100g 200g - 100g -
3º 25 l 150g 300g - 150g -
4º 30 l 200g 400g
40g
200g
40g
5º 30 l 250g 500g
200g
250g
200g
6º 35 l 250g 500g
200g
250g
200g
7º 35 l 350g 650g
250g
300g
200g
8º 40 l 350g 650g
250g
300g
200g
9º(3) 45 l 500g 1000g
300g
500g
250g
(1) Superfosfato Simples
(2) Cloreto de Potássio
(3) Em diante
Consorciação:
O uso de culturas intercalares é indicado; sugere-se culturas de amendoim, batata-doce,
inhame, feijão, abobora, abacaxi, mamão e maracujá. Deve-se preferir culturas de baixo porte
e de curta duração; a linha mais externa do seu plantio deve ficar a 1,5 a 2,0m. da linha de
plantio da laranjeira. O seu plantio deve ser orientado no sentido leste-oeste e a cultura deve
ser adubada.
Tratamento Sanitário:
Tratos culturais adequados (para equilíbrio populacional entre pragas x inimigos naturais),
idade das plantas no pomar (até 4 anos exige aplicação de químicos), inspeção periódica do
laranjal (verificar presença de pragas, grau de infestação, presença de inimigos) aplicações de
químicos em focos, período do dia a efetuar tratamento, dentre outros, são procedimentos
imprescindíveis para eficiência do controle de pragas/doenças.
Pragas:
Inúmeras pragas atacam a laranjeira a saber:
27
Ácaros: da falsa ferrugem, das gemas e da leprose e que podem ser controlados com produtos
a base de enxofre, de quinometionato e de dicofol.
Coleobrocas: que podem ser controladas com fosfina pasta, paratiom, DDVP em injeção
(orifício do caule).
Pulgões: controlados com paratiom ou acefato ou pirimicarb.
Mosca-das-frutas: controlar com fentiom ou tricloform ou malatiom.
Cochonilhas: de placas (Orthezia), de escamas (farinha, virgula) cabeça-de-prego, são
controladas por aplicação de óleo mineral + inseticidas fosforados (paratiom, malatiom,
diazinom).
Na Bahia as pragas mais importantes são:
Broca-da-laranjeira: Cratosomus flavofosciatus (Guerim, 1844) Coleóptera, Curculionídea.
O adulto é besouro com forma convexa, tem 22mm. de comprimento e faixas e manchas
amarelas no dorso; a fêmea faz orifício no tronco da planta e aí deposita um ovo. Eclodindo o
ovo libera larva (lagarta) volumosa, esbranquiçada e sem patas que broqueia o tronco e ramos
grossos abrindo galerias longitudinais. Os sinais de ataque são galerias e orifícios que
expelem serragem em forma de pelotas.
Controle:
Limpeza do(s) orifício(s) e destruição mecânica (com arame da larva).
Desobstrução do orifício e aplicação através dele de fosfina pasta (1cm.) ou de
paratiom metil (2cm3.) em injeção. Vedar orifício com argila ou cera-de-abelha.
Iniciar controle logo que apareça serragem no solo.
Plantio no pomar (evitar excesso de população) da planta Maria Preta que atrai os
besouros. Capturar o inseto na Maria Preta e exterminá-lo.
Cochonilhas: Cabeça-de-prego: Chrysomphalus ficus (Ashmead. 1880)
Escama farinha: Pinnaspis aspidistrae (Signoret, 1869)
Escama virgula: Mytilococcus beckii (Newman, 1869) Homoptera, Diaspididae.
De placas: Orthezia praelonga (Douglas, 1891), Homoptera, Ortheziidae.Todas alimentam-se
da seiva da laranjeira e podem eliminar secreções açucaradas que atraem formigas e fungos
(fumagina).
Cabeça-de-prego: inseto provido de escama circular, cor violácea escura, que ataca folhas e
frutos.
Escama farinha: inseto com carapaça alongada que vive no tronco, haste e folhas que tomam
aspecto esbranquiçado.
Escama vírgula: carapaça de forma em vírgula, cor marrom claro, vivendo em folhas e
frutos.
28
De placas: corpo provido de placas ou laminas cereas, esbranquiçadas, com cauda alongada
(ovissaco); vive em folhas e ramos.
Controle:
Capinar sob-copa da planta e aplicar aldicarb a 1,5cm. de profundidade no solo;
pulverizar plantas infestadas com fosalone ou dicrotofos para a cochonilhas de placas.
Para as outras escovar tronco e ramos e aplicar calda, contendo óleo mineral e
inseticidas dimetoato ou malatiom ou metidatiom.
OBS: não misturar enxofre e óleo mineral, não aplicar óleo em horas quentes do dia e sobre
frutos com menos de 5cm. de diâmetro e a menos de 50 dias de colheita.
Doenças:
Estiolamento: (Damping-off) - Sementeira (fungos). Sementes apodrecem sem germinar
plantas novas ficam amareladas (colo apodrecido), tombam e morrem.
Controle: aplicação de PCNB (regar superfície de canteiro com 2 l. de calda/M2), ou aplicar
benomyl ou quintozene preventivamente, semeando-se 48 horas depois.
Verrugose: Sementeira e viveiro (fungo). Lesões em folhas e brotos impedem o crescimento
apical da planta; afeta alguns porta enxertos.
Aplicar benomyl, logo no aparecimento dos sintomas; 15 dias após aplicar mancozeb ou
oxicloreto de cobre.
Gomose: Pomar (fungo). Afeta casca e parte externa do lenho nas raízes, tronco (colo) e até
ramos. A região afetada apresenta goma marrom; planta pode morrer. Pulverizar com Fosetyl
ou Metalaxil em intervalos de 20 dias; raspar parte doente e pincelar com pasta bordalesa.
Melanose: Pomar (fungo). Pequenas lesões arredondadas, coloração escura, recobrem
grandes áreas de frutos, folhas e ramos. Podar galhos secos e pulverizar, pós florada, com
benomyl ou oxicloreto de cobre.
Colheita/Rendimento/Comercialização:
Colheita - Evitar machucar o fruto, romper a sua casca e o apodrecimento.
Usar escada (madeira leve e arredondada) sacolas de colheita (de lona, com fundo falso) com
capacidade de 20Kg., tesoura ou alicate de colheita, (lâminas curtas e pontas arredondadas) e
cestos ou caixas plásticas com capacidade de 27Kg.
- No ato de colher rejeitar frutos orvalhados ou molhados, evitar derrubar fruto ao solo, colher
frutos no mesmo estágio de maturação e evitar exposição do fruto ao sol. Um homem pode
colher 10 mil frutos/dia.
Rendimento - Considerando-se início de produção aos 4 anos de vida colhe-se 100 frutos por
laranjeira/ano, 150 frutos (5º ano), 200 frutos (6º ano), 250 frutos (7º ano), 300 frutos ( 8º
ano), em geral. Pés safreiros (10 anos), podem produzir 350 frutos (Bahia), 420 frutos
(Baianinha) e 580 frutos (Pera).
29
Comercialização - Há forte presença de agente intermediário com poucos produtores
vendendo diretamente ao consumidor; empresas fornecem, sob contrato, laranjas à rede de
supermercados. A laranja Pera deteve em 1990, 82,24% dos frutos comercializados na Bahia;
a oferta cresce de maio a setembro quando alcança o pico (69% do total anual colhido).
Cultura - Limão Tahiti
Aspectos Gerais:
Tornou-se conhecido em 1875 na Califórnia (EUA) com origem provável em Tahiti;
estabeleceu-se, definitivamente, no sul do estado da Flórida.
Entre os principais produtores mundiais de limas ácidas encontram-se o México, Estados
Unidos da América, Egito, Índia e Brasil.
No Brasil, com plantios acima de 40 mil hectares, o limão Tahiti tem grande importância
comercial; os estados maiores produtores são: São Paulo com 70% e Rio de Janeiro com 8%
da produção nacional.
A Bahia, situada entre os cinco maiores produtores nacionais, tem as regiões econômicas do
Litoral Norte e Recôncavo Sul como maiores produtores do limão Tahiti. Sua área plantada
está acima de 1.000 hectares (1990).
Botânica/Descrição/Composição:
- O limão Tahiti é propriamente uma limeira ácida conhecida por Citrus latifólia, (Tanaka),
Dicotyledonae, Rutaceae.
- Com porte médio a grande a planta é expansiva, curvada, vigorosa; as folhas adultas têm cor
verde e são lanceoladas e as folhas novas e brotos tem cor purpúrea. A floração ocorre ao
longo do ano (principalmente setembro e outubro); os frutos são ovais, oblongos ou
levemente elípticos, casca fina, superfície lisa e cor amarelo-pálida na maturação. Estão
maduros em torno de 120 dias após a floração; as sementes são raras ou ausentes.
- O suco representa 50% do peso do fruto; tem teores médios de 9% (brix), acidez em 6%, 20
a 40 mg de ácido ascórbico (Vit. C).
Usos do Limão Tahiti:
- O suco do limão Tahiti é usado em culinária, na limpeza e preparo de alimentos (carnes,
massas, bolos, confeitos) e no preparo de refresco - limonada.
- Em medicina caseira o fruto é utilizado como auxiliar no tratamento de gripes e deficiência
de Vit. C.
- Óleo da casca do fruto é aromático.
Necessidades da Planta:
Clima - Temperatura deve estar entre 26 e 28ºC (25 a 31ºC) as chuvas em torno de 1.200 mm
anuais
30
(1.000 - 2.000) bem distribuídos (120 mm mensais), a umidade relativa do ar entre 70% e
80%. Em locais com ventos fortes tutorar a planta.
Solos - Solos mais adequados para o limão Tahiti são os leves, bem drenados, arejados,
profundos, sem impedimento para penetração da raízes. Solos areno-argilosos (de arenoso a
levemente argiloso) são preferidos, pH entre 5,5 e 6,5. Topografia plana a levemente
ondulada.
Implantação do Pomar:
Mudas - Devem resultar de enxertos sobre limão Cravo ou limão Rugoso que proporcionam
crescimento rápido, boa produção, frutos de qualidade e maior tolerância à seca embora
sensíveis à podridão radicular.
Os enxertos sobre tangerina Cleópatra são aceitáveis. A muda, de indiscutível qualidade, deve
ter procedência e sanidade garantidas, enxertia feita a 25-30 cm de altura, possuir três a
quatros ramos (galhos) a 60 cm do solo e raízes desenvolvidas, sem estarem enoveladas.
Preparo da área:
Consiste na roçagem destoca e enleiramento do mato; essas operações devem ser feitas 5-6
meses antes do plantio.
Em seguida efetuar aração e gradagens; em caso de aplicação de corretivo do solo em área
total aplicar metade da dose antes da aração e a segunda metade antes da 1ª gradagem.
Marcação/Espaçamento:
Nivelado o terreno efetua-se a marcação da área; para o Nordeste do Brasil adota-se os
espaçamentos de 7,0m x 6,0m e 7,0m e 5,0m. Em plantios extensos dividir o pomar em
talhões de 10.000 a 20.000 plantas (quadras de 3.000 a 5.000 plantas) com corredores para
caminhões.
Coveamento/Adubação:
As covas podem ser abertas à mão ou com implementos, devem ter dimensões 40 cm x 40 cm
x 40 cm a 60 cm x 60 cm x 60 cm; na abertura separar a terra dos primeiros 15-20 cm de
altura.
- Em caso de não haver recomendações (decorrentes de análises de solo) para calagem e
adubação, aplicar 1 kg de calcário dolomitico ao fundo de cada cova cobrindo-o com um
pouco de terra; misturar 50 g de cloreto de potássio com 200 g de super fosfato simples e 10
litros de esterco de curral bem curtido à terra separada e lançar em cada cova.
Plantio:
O plantio deve ser feito em horas frescas do dia ou em dias nublados com o solo úmido. Deve
-se usar régua de plantio para bom alinhamento. Ajusta-se a muda na cova de modo que o
colo da planta fique ligeiramente acima do nível do solo e os espaçamentos entre raízes cheios
com terra. Após plantio fazer uma "bacia" em torno da muda regar com abundância sem
encharcar e cobrir solo com capim seco (sem sementes) ou com palha.
Tratos Culturais:
Controle de Ervas Daninhas - O cultivo do solo, controle de ervas pode ser feito com grade
(2 operações/ano) na época seca e com ceifa do mato na época de chuvas. Em cultivos
irrigados no semi-árido usa-se roçadeira nas entrelinhas e herbicidas na projeção da copa. As
plantas devem ser "coroadas" sempre que houver mato alto (com enxada).
31
Irrigação:
A irrigação aumenta a produção e eleva a qualidade do fruto; no semi-árido a irrigação é
indispensável. Os sistemas de irrigação mais utilizados são os de aspersão e o de irrigação
localizada (gotejamento, microaspersão) que aplica água em geral abaixo da copa da planta.
Sulcos, bacia de inundação temporária são outros métodos. Nos cerrados maiores
produtividades foram obtidas utilizando-se sistema de gotejo a cada metro (120 l água/planta
em turnos de rega de 4 dias). Em regiões úmidas a irrigação pode elevar a produção em 35% a
75%.
Culturas intercalares:
Cultivo intercalar é prática em pequenas/médias propriedades; pode-se usar leguminosas
(feijão de porco, leucena, crotalaria) ou abacaxi, amendoim, batata doce, feijão, mandioca,
milho, no pomar jovem do limão Tahiti.
As culturas intercalares devem ter baixo porte e ciclo curto, e situar-se a distância de 1,5 - 2 m
da linha de plantio do limoeiro.
Podas:
Devem reduzir-se à eliminação de galhos secos, doentes ou praguejados e nascidos abaixo do
ponto de enxertia.
Adubação:
60 dias após plantio recomenda-se aplicar 50 g de uréia/planta repetindo-se 30-40 dias após.
A partir do 2º ano recomenda-se as seguintes doses, em gramas/planta (para a Bahia):
Anos Ureia
Março
Julho
Super
Simples
Março
Cloreto
Potássio
Março
Julho
2º 100 100 200 - -
3º 150 150 300 - -
4º 200 200 400 40 40
5º 250 250 500 200 200
6º 250 250 500 200 200
7º 350 300 650 250 200
8º 350 300 650 250 200
9º
(diante)
500 500 1.000 300 250
Para deficiências de zinco e manganês recomenda-se pulverizações foliares com solução
composta de 300 g. de sulfato de zinco, 300 g. de sulfato de manganês, 300 g. de cal em 100
litros de água.
32
Pragas: Orthezia: Orthezia praelonga (Doug., 1991) Homoptera, Ortheziiae.Também chamada
cochonilha de placas; tem corpo provido de placas ou lâminas cereas com cauda alongada que
acumula ovos; eficiente sugador o inseto injeta toxina na planta ao sugar a seiva e sua
excreção estimula aparecimento da "fumagina" (cobertura escura) nas folhas. Mudas, vento,
vestimentas disseminam o inseto. A praga é mais prejudicial no período seco e expolia a
planta, atacando folhas e frutos.
O controle é efetuado pela aplicação de inseticidas sistêmicos granulados aplicados ao solo
em torno da planta a 10 - 15 cm de profundidade. Observar o período de carência do produto
químico. Entre os indicados cita-se aldicarb, dissulfoton, carbofuran.
Escama-Farinha: Pinnaspis aspidistrae (Sing, 1869) Homoptera, Diaspididae.Cochonilha
com carapaça, ataca tronco e ramos que apresentam coloração esbranquiçada. A sucção da
seiva da planta pelo inseto causa rachadura na casca e facilita a penetração de agentes de
doenças (gomose).
Controle via pincelamento de tronco e ramos com o seguinte preparo: 1 Kg (enxofre
molhável), 2 Kg de cal, 0,5 Kg de sal de cozinha, 15 g. de diazinom ou 35 g. de malatiom e 15
litros de água.
Ácaro-da-Ferrugem: Phyllocoptruta oleivora (Aslm. 1879), Acari, Eriophyidae.Infesta
folhas, ramos e frutos causando nestes cor prateada à casca além de aspecto áspero; os frutos
apresentam tamanho, peso e percentagem de suco reduzidos. As folhas podem desenvolver
doença (mancha de graxa). Em infestação severa há queda acentuada de folhas e frutos.
Controle, efetuar controle quando 10% de frutos apresentarem 30 ou mais ácaros. Acariciadas
à base de dicofol, quinometionato ou enxofre molhável são indicados para o controle.
Coleobroca: Cratosomus flavofasciatus (Guerin, 1844) Coleoptera, Curculionidae. Inseto
adulto é besouro preto com faixas amarelas no tórax e asas. Ovos são depositados no tronco e
ramos; a lagarta esbranquiçada penetra, cava galerias no sentido longitudinal e expele
serragem, em forma de pétalas, pelo orifício de entrada.
Controle feito pela injeção de calda inseticida via orifício utilizando-se formicida liquido,
gasolina, querosene, ou pasta de fosfato de alumínio (que libera gás). Após aplicação fechar
orifício com cera de abelha, argila ou sabão.
Cochonilha Cabeça de Prego: Crysomphalus ficus (Aslmd., 1880) Homoptera, Diaspi-
didae. Importante na fase jovem do pomar a cochonilha tem forma circular, convexa, cor
violácea. Períodos secos com alta temperatura favorecem a multiplicação do inseto. Localiza-
se na face inferior das folhas e nos frutos, suga seiva e líquidos e deprecia os frutos
comercialmente.
Seu controle é feito por pulverizações com produtos químicos à base de óleo mineral a 1% ou
óleo mineral + inseticidas fosforados (diazinom, malatiom, paratiom).
Doenças: Causadas por vírus, fungos, bactérias e distúrbios fisiológicos.
Tristeza: (Vírus)
Planta apresenta redução no crescimento já nos viveiros. Em galhos ou ramos, retirando-se
33
sua casca, observa-se caneluras (riscos). Folhas novas com nervuras polidas
e frutos com diâmetro reduzido (coquinhos).
Controle: uso de borbulhas vindas de plantas imunizadas.
Exocorte: (Vírus)
Crescimento limitado, vegetação esparsa e folhas com coloração de pouco brilho. Doença
transmitida por enxertia ou ferramentas contaminadas (canivete, tesoura de poda).
Controle: uso de borbulhas comprovadamente sadias.
Gomose: (fungo)
Doenças das mais prejudiciais em regiões tropicais úmidas; lesões pardas aparecem na base
ou colo da planta, nas raízes e galhos baixos, com exsudação de goma pelo
fendilhamento. Mais adiante ocorre apodrecimento dos tecidos.
Controle: usar variedades resistentes, enxertia alta, facilitar aeração da base da planta e
drenagem do terreno, usar de fungicidas sistêmicos (fosetyl-Al) em pulverizações ou
pincelamento do tronco.
Declínio: (distúrbio fisiológico)
Murchamento irreversível da folhagem, demonstração de deficiência de manganês e zinco em
níveis elevados, sem brotações; depois há queda de folhas, morte de ponteiros.
Controle: uso de porta-enxertos diversificados.
Colheita:
O material deve ser: sacola de colheita (20 kg), feita de lona com fundo falso, cestos e caixas
plásticas para 27 kg. Evitar retirar frutos com varas ou ganchos, frutos molhados ou
orvalhados, derrubar frutos ao solo, frutos excessivamente maduros ou verdes. Usar tesoura
cortando o pedúnculo, rente ao cálice. Não machucar os frutos na colheita e transporte.
Produção:
Precoce, a limeira ácida Tahiti apresenta produção significativa a partir do 3º ano de vida; no
Recôncavo Baiano um pomar aos 4 anos produz 107.000 frutos hectare (300 frutos por
planta). Aos 11 anos de vida a produção alcança 1.128 frutos/planta (113 kg) ou 403.000
frutos/hectare.Pomares paulistas produzem 8-15 kg/planta (3º ano), 64 a 86 kg/planta (5º ano)
e 98-117 kg/planta (7º ano).
Cultivo do Coqueiro
Apresentação
O coqueiro (Cocos nucifera L.) é uma palmeira perene originária do Sudeste Asiático e foi
introduzida no Brasil em 1553 pelos portugueses. A planta é considerada uma das árvores
mais importantes do mundo, devido ser uma atividade que gera emprego e renda em vários
países do globo, onde seus frutos podem ser consumidos in natura ou industrializado na forma
de mais de 100 produtos e subprodutos. Além disso, raiz, estipe, inflorescência, folhas e
palmito geram diversos subprodutos ou derivados de interesse econômico. Além disso, o
coqueiro é utilizado como planta paisagística para embelezar praças, canteiros públicos,
chácaras e fazendas.
34
Aspectos climáticos
Os principais municípios produtores de coco se caracterizam por apresentar clima tropical,
úmido e quente, com classificação de Köppen tipo Aw. Apresenta um período seco bem
definido durante a estação de inverno, quando ocorrem precipitações inferiores a 50 mm/mês,
nestes meses, junho, julho e agosto a média de precipitação é inferior a 20mm /mês. A média
anual de precipitação varia de 1.400 a 2.500 mm/ano, e a média anual da temperatura do ar
fica entre 24° e 26° , com temperaturas máximas entre 24° C e 26° C e mínimas entre 17° e
23° C. A média anual de umidade relativa do ar varia de 80% a 90% no verão, e em torno de
75%, no outono inverno.
Aspectos edáficos
Os solos se distribuem em: 58% Latossolos (sendo vermelho-amarelo 26%, Amarelos 16% e
Vermelho, também 16%); 12% Argissolo (Podzólico, Terra Roxa, Alissolo, Nitossolo e
Luvissolo), 11% Neossolos (Solos litólicos, Areias Quartzosas, Regossolos e Solos Aluviais),
10% Cambissolo, 9% Gleissolo.
As áreas cultivadas com coco são predominantemente de solos do tipo Latossolo, que
apresentam como características serem: profundos, bem drenados e geralmente ácidos.
Apresentam fertilidade natural baixa, havendo necessidade de correção e adubação.
Clima
O coqueiro é uma palmeira nativa de regiões quentes, úmidas e com bastante luz. Para o seu
bom desenvolvimento, necessita de temperaturas médias anuais em torno de 27°C, sendo que,
temperaturas menores que 15°C e superiores a 36° são prejudiciais.
A umidade relativa ideal é de 80%. Níveis de umidade relativa inferiores a 60% prejudicam a
planta devido ao aumento na taxa de transpiração. Umidade relativa superior a 90%, causa
queda de frutos e aumento na incidência de doenças.
A precipitação ideal para o desenvolvimento e produção da cultura, está entre 1.500 a
1.600mm bem distribuídos durante o ano todo, com uma média de 130 mm/mês. Para
precipitações inferiores a 50mm/mês, durante 3 meses, recomenda-se o uso de irrigação, pois,
o déficit hídrico é extremamente prejudicial à cultura, causando queda de frutos. Por outro
lado, chuvas excessivas podem causar redução na incidência de luz, na polinização e na
aeração do solo, podendo ainda provocar lixiviação de nutrientes. Locais com lençol freático
raso (um a quatro metros) são recomendados para o coqueiro e não há necessidade de
irrigação pois, as raízes da planta conseguem absorver água a esta profundidade.
Luz, o coqueiro precisa de, pelo menos, 2.000 horas anuais, com um mínimo de 120
horas/mês, os dias nublados causam redução da fotossíntese e consequentemente redução na
produtividade. Com base nestes exigências de clima verifica-se que o Estado de Rondônia
apresenta boas condições para o desenvolvimento da cultura.
Solo
Deve se escolher áreas com textura areno-argilosa, ou levemente argilosa, com boa
disponibilidade de água, boa aeração, profundidade mínima de um metro, e com ausência de
impedimentos físicos ou químicos. Evitar solos rasos, pedregosos, extremamente argilosos e
sujeitos a encharcamento.
35
Cultivares
O coqueiro pode ser anão, gigante ou híbrido. As variedades de coqueiro anão verde,
vermelha e amarela são as mais recomendadas para a produção de frutos visando ao mercado
de água de coco, sendo o anão verde o preferido pelo consumidores. As variedades vermelha
e amarela estão associadas à idéia incorreta de que o fruto amarelo ou vermelho está maduro.
As variedades anãs são de porte baixo, podendo atingir 12 m. São bastante precoces, iniciando
a produção entre 30 e 36 meses de idade. Apresentam produção variando de 80 a 200
frutos/planta/ano, distribuída durante o ano todo. Estas variedades apresentam vida útil de 30
a 40 anos, e têm os frutos pequenos, com pouca polpa, apresentando água muito saborosa. Em
Rondônia praticamente toda a produção esta voltada para a comercialização da água de coco,
com predominância da variedade anã verde.
Instalação do coqueiral
O preparo do solo deve ser feito de forma convencional com uma aração e duas gradagens.
Deve-se fazer a análise química do solo para avaliação da necessidade de calagem e
adubação.
Marcação da área
Feito o preparo do solo, deve-se fazer a marcação e o piqueteamento da área observando-se o
espaçamento de 7,5 m x 7,5 m, em quadrado (177 plantas/ha) ou em triângulo equilátero (205
plantas/ha). É comum encontrarmos espaçamentos de 8 x 7 metros os pomares do Estado que
também é recomendado.
Época de plantio
A melhor época para plantio é o inicio da estação chuvosa. Em cultivo irrigado o plantio pode
ser realizado em qualquer época do ano. A maioria dos pomares de Rondônia são plantados
sem utilização de irrigação, o que causa redução de produtividade e atraso no início da
colheita, uma vez que a Região apresenta cerca de 3 meses com precipitações inferiores a 50
mm.
Aquisição de mudas
As mudas devem ser adquiridas de viveiristas idôneos que apresentem o certificado de origem
destas. As mudas devem ser eretas, ter entre quatro e seis folhas, altura de 50 cm a 70 cm,
com idade entre cinco e seis meses. Além disso, devem apresentar bom aspecto, com ausência
de sintomas de deficiência nutricional, e de ataque de pragas e doenças. No Estado existem
pouquíssimos viveiros registrados o que dificulta a implantação de pomares com mudas de
boa qualidade, uma alternativa é a aquisição de sementes certificadas de outras Regiões (o
Nordeste por exemplo) ou o produtor selecionar plantas de alto padrão genético de sua área
para produzir suas próprias mudas. É bastante comum encontrar em Rondônia pomares
formados com misturas de variedades, com cultivares híbridas, gigantes e anãs num mesmo
local.
Produção das mudas
Escolha da planta matriz
O coqueiro anão apresenta uma alta taxa de auto-fecundação, com isso, existe uma grande
probabilidade da semente selecionada dar origem a uma planta bastante semelhante à planta
36
matriz. Portanto, recomenda-se selecionar plantas com bom aspecto nutricional; em plena
produção; precoces; com tronco reto; livres de sintomas de pragas e doenças; grande número
de folhas (30 a 35); grande número de cachos, bem apoiados sobre as folhas e com pedúnculo
curto; grande número de flores femininas; grande número de frutos (acima de 10) e frutos de
formato redondo.
Colheita dos frutos-sementes
Os frutos-sementes devem ser colhidos quando estiverem totalmente maduros, o que ocorre
após 11 a 12 meses após a abertura do cacho floral da planta. Não deve-se colher frutos caídos
por apresentarem baixo poder germinativo. O ponto de colheita é reconhecido pelo secamento
e coloração marrom do fruto, depois da ocorrência de perda acentuada de peso do fruto, que
passou de 2kg, quando verde, para 1,0 a 1,5 kg quando no ponto ideal.
Preparo das sementes
Os frutos-sementes após a colheita devem ser estocados ao ar livre e na sombra, durante 10
dias, para terminar o processo de maturação. Embora tenha alguns autores que recomendam o
entalhe do fruto, ou seja o corte de uma parte da casca fibrosa do fruto, visado aumentar a
hidratação e germinação da semente, existem dados de pesquisa mostrando que esta prática
não trouxe ganhos significativos na germinação das sementes, sendo portanto uma prática não
recomendada, uma vez que aumenta o custo de produção das mudas.
Implantação do viveiro
O viveiro deve ser instalado em área de topografia plana, próximo da fonte de água, em local
ventilado, de fácil acesso, longe de coqueirais velhos e doentes, além disso deve-se preferir
locais com solos de textura média a arenosa e bem drenados.
Dimensões do canteiro
O canteiro deve ter entre 1,0 e 1,5 m de largura, 15 cm de profundidade e comprimento
variável, em função do número de sementes e tamanho da área. Recomenda-se deixar um
espaço entre os canteiros de 0,5m para facilitar o trânsito de pessoas no viveiro. Além disso, o
viveiro deve ser instalado a pleno sol, sem necessidade de cobertura.
Posição das sementes
As sementes são colocadas no viveiro, na posição vertical, com a região de inserção no cacho,
voltada para cima. Alguns autores recomendam a colocação das sementes na posição
horizontal, entretanto, pesquisadores observaram que a utilização de sementes na posição
vertical, apresentaram vantagens, como: maior facilidade de transporte, redução do problema
de quebra de coleto, dispensa o entalhe, permite maior número de sementes/m², possibilita
melhor centralização da muda na cova, favorece um maior enraizamento da planta no campo e
permite o plantio da muda em maior profundidade. Um problema seria um maior gasto com
mão de obra para "equilibrar" a semente na posição vertical.
Irrigação
As sementes no viveiro necessitam de cerca de 6 a 7mm de água por dia, isto corresponde a 6
a 7 litros de água/m²/dia. Recomenda-se que a irrigação seja diária e em dois turnos, de manhã
e a tarde.
37
Descarte de sementes e mudas
Pesquisadores mostraram que existem uma correlação entre início de germinação e
precocidade de produção. Neste sentido, recomenda-se eliminar as sementes que não
germinarem até 120 dias após o plantio. Nesta oportunidade elimina-se também as mudas
raquíticas, deformadas, estioladas, albinas e de aspecto ruim. Todo o material descartado deve
ser queimado.
Tipos de produção de mudas
Basicamente existe duas maneiras de se produzir as mudas do coqueiro, 1- coloca-se a
semente no germinador, deste para o viveiro e depois para o campo, ou 2- a semente fica no
germinador e depois vai para o campo. O mais utilizado em Rondônia e de uso mais frequente
atualmente juntos aos cocoiculturores do Brasil é o segundo método que permite um menor
gasto com mão de obra, leva-se uma muda mais jovem para o campo, facilitando o seu
pegamento. A seguir detalharemos os dois métodos.
Produção de mudas: Germinador – Viveiro - Campo.
Este método consiste na produção de mudas que passam por duas fases antes de ir para o local
definitivo. Na primeira, as sementes são colocadas para germinar e depois repicadas no
viveiro.
Germinador: nesta fase as sementes são distribuídas no canteiro na densidade de 25 a 30
sementes/m² e cobertas com 2/3 de sua altura com terra. Em seguida, na medida do possível,
cobre-se o 1/3 restante com palha de arroz ou serragem. As sementes iniciam a germinação
entre 40 e 60 dias após o plantio no germinador. Quando a brotação apresentar cerca de 15 cm
deve ser repicada para o viveiro.
Viveiro: no viveiro, o solo deve ser preparado com antecedência, utilizando-se o método
tradicional, 1 aração e 2 gradagens. Além disso, recomenda-se fazer a análise de solo e se
necessário fazer a calagem do solo. A área deverá ser piqueteada, num espaçamento de 60 x
60cm, em triângulo equilátero, para se realizar a repicagem das mudas. Estas deverão ser
plantadas, se possível, em dias nublados, tendo as raízes cortadas a 2 cm da semente. A
repicagem deve ser feita tomando-se o cuidado de não enterrar o coleto da planta. As mudas
permanecerão no viveiro por 4 a 5 meses. Por ocasião do transplantio eliminam-se as mudas
raquíticas, com poucas folhas e que apresentarem baixo desenvolvimento. Neste método
produz-se 3 mudas/m² de canteiro.
Produção de mudas: Germinador – Campo.
Este método consiste na produção de mudas do germinador direto para o campo. As sementes
são distribuídas nos canteiros na densidade de 15 sementes/m² e também cobertas com 2/3 da
sua altura com terra, e o restante com palha de arroz ou serragem. As mudas permanecerão no
germinador por 5 a 7 meses quando, também, deve-se fazer um descarte das mudas mais
fracas. Neste método produz-se de 10 a 15 mudas/ m² de canteiro.
Padrão da muda
A muda de boa qualidade é ereta, com 4 a 6 folhas, altura de 50 a 70 cm, mais de 11 cm de
diâmetro do coleto, cor uniforme, sem deformações e ausência de sintomas de ataques de
pragas e doenças.
38
Adubação
Sementeira
Quando se opta pelo método germinador-campo, o solo deste germinador deve ser adubado,
para isso geralmente, aplica-se em solos pobres, por m², antes de se colocar as sementes, 5
litros de esterco de curral curtido, 200 g de superfosfato simples, 100g de cloreto de potássio,
5 gramas de FTE BR 12 (micronutrientes) e calcário, na quantidade a ser calculada, conforme
resultado da análise de solo. Após esta adubação deve-se fazer uma incorporação deste
material, a 5 cm de profundidade.
Viveiro
Caso se opte pelo sistema germinador-viveiro-campo, o solo do germinador não precisa ser
adubado, mas, sim o solo do viveiro. Neste sentido, deve-se aplicar por planta a quantidade de
30 gramas de uréia, 60 gramas de superfosfato simples e 30 gramas de cloreto de potássio,
esta adubação deverá ser aplicada 30 dias após a repicagem das mudas. Após 60 dias aplica-se
50 gramas de uréia mais 30 gramas de cloreto de potássio.
Tratos culturais
Controle de plantas daninhas
O viveiro deve ser mantido livre de plantas daninhas, pois, algumas são hospedeiras de
insetos vetores ou de fonte de inoculo de doenças do coqueiro. O controle deve ser realizado
dentro do viveiro e numa faixa de no mínimo 10 metros de largura ao redor das plantas. Os
herbicidas recomendados para a cultura são: Paraquat dicloreto (extremamente tóxico) e
Gliphosato (altamente tóxico).
Controle de pragas e doenças
Para obtenção de mudas de bom padrão, necessário se faz o monitoramento periódico das
mudas visando identificar o ataque de pragas e doenças e realizar o seu controle.
COVA
A cova de plantio deve ter as dimensões de 0,80 x 0,80 x 0,80 m, para solos arenosos e 0,60
m x 0,60 m x 0,80 m para solos argilo-arenosos, Estas covas podem ser abertas manualmente
ou com broca acoplada ao trator com bitola de 50 cm, terminando-se a abertura, com o auxílio
de uma pá reta, por exemplo, para chegar às dimensões desejadas evitando-se o espelhamento
(compactação das paredes da cova).
Deve-se separar a terra retirada dos primeiros 40cm da cova e misturar com 800 g de
superfosfato simples + 30 a 50 litros de esterco bovino + 30 g de FTE BR 12 (ou 20 gramas
de bórax + 20 gramas de sulfato de cobre). Esta recomendação de adubação refere-se a solos
de baixa fertilidade; em solos mais férteis deve-se fazer uma redução proporcional à
fertilidade.
Plantio Realizar o plantio 30 dias após o enchimento das covas. O plantio deve ser feito de
preferência em dias nublados e no início do período chuvoso. As mudas devem ter suas raízes
podadas, ficando com dois cm de comprimento, e ser colocadas no centro da cova, cobertas
39
por uma camada de terra suficiente para cobrir as sementes, mas não o coleto. Deve-se fazer
uma leve compactação da terra ao redor da muda para melhor fixação da planta.
Adubação de cobertura
Durante o primeiro ano da cultura deve ser feita a adubação de cobertura com 500g de sulfato
de amônio mais 200 g de cloreto de potássio (adubação recomendada para solos de baixa
fertilidade). Esta mistura de adubos deve ser espalhada em volta das plantas, a uma distância
de 30 cm a partir do coleto e, em seguida, incorporada ao solo com auxílio de enxada. Esta
adubação deve ser parcelada, sendo que, para plantios de sequeiro, aplica-se 20 %, 30 dias
após o plantio, 60 %, após 90 dias e 20 %, 150 dias após o plantio. Para os plantios irrigados,
esta adubação pode ser dividida em quantidades iguais, aplicadas 6 vezes por ano, começando
30 dias após o plantio definitivo.
Adubações subsequentes
Os fertilizantes devem ser espalhados em volta da planta e incorporados ao solo dentro de
uma faixa circular, cuja área é crescente em função da idade e da projeção da copa da planta.
Nos primeiros três anos de idade da planta deve-se adubar numa faixa entre 30 cm e 100 cm
da estipe da planta. Em coqueiros entre quatro e dez anos em diante, a faixa fica entre 50 e
100cm e, finalmente, em coqueiros adultos a faixa deve ficar entre 150cm e 200cm. A
adubação dos anos subsequentes deve ser realizada de acordo com as Tabelas 3 e 4. Em
plantios de sequeiros, esta deve ser parcelada em 3 vezes, no início, meio e próximo do final
da estação das chuvas. Para os plantios irrigados, divide-se a adubação em 6 parcelas iguais
por ano.
A adubação com fósforo deve ser feita uma vez por ano, no início da estação chuvosa. Nesta
oportunidade, aplica-se também 50 litros por cova de esterco bovino. Em Rondônia existe
pouca tradição em se realizar adubações de cobertura no coqueiro, entretanto as salutares
exceções tem trazido resultados satisfatórios.
Deficiência nutricional
Os principais sintomas de deficiência relatados pelos produtores é com relação ao boro e o
cobre.
Deficiência de boro
A deficiência de boro se caracteriza pela redução do tamanho dos folíolos, presença de
folíolos unidos, folhas novas retorcidas, ausência de folíolos na base da ráquis, deformações e
escurecimento do ponto de crescimento, paralisando o desenvolvimento da planta.
A correção é realizada aplicando-se três vezes, espaçadas em 30 dias cada uma, 20 g de bórax
em coqueiros jovens e 30 g em coqueiros adultos. Esta adubação deve ser realizada na
projeção da copa da planta e quando ocorrer umidade no solo.
Deficiência de cobre
A deficiência de cobre se caracteriza pelo arqueamento da folhas mais novas, seguido de um
secamento da extremidade dos folíolos.
40
A correção é realizada aplicando-se 100 g de sulfato de cobre por coqueiro na projeção da
copa da planta e quando ocorrer umidade no solo.
Tratos culturais
Consorciação
Pode ser utilizado o consórcio no período do plantio até 3 anos e após 20 anos de implantação
da cultura. Recomenda-se, principalmente, olerícolas e o feijão. Deve-se evitar banana, cana
de açúcar, mamão e abacaxi por servirem de alimento para a broca do olho do coqueiro.
Também deve-se evitar o consórcio com gramíneas (arroz, milho, pastagens) na implantação
do coqueiral pois as mudas são muito suscetíveis à doença helmintosporiose e estas gramíneas
além de serem altamente agressivas, servem de fonte de inoculo para a referida doença.
Irrigação
Sendo o coqueiro uma planta que apresenta produção contínua durante o ano todo, qualquer
estresse pode acarretar queda de produção no coqueiral. Por isso, recomenda-se irrigação em
áreas que não apresentem uma boa distribuição de chuvas durante o ano todo.
A escolha do sistema de irrigação a ser utilizado, depende das condições locais de clima,
topografia e solo, bem como da disponibilidade de água e da capacidade de investimento do
produtor.
Controle de plantas daninhas
As plantas daninhas devem ser controladas. Para isso recomenda-se o coroamento das plantas,
que consiste em manter limpo uma área circular em torno da estipe do coqueiro. O raio do
coroamento varia com a idade da planta, sendo de 1,0 m nas plantas de até 3 anos; 1,5 m nas
plantas de 3 a 10 anos ; e 2,0 m nas plantas com mais de 10 anos de idade. O coroamento
pode ser manual ou com o uso de herbicidas. Nas entrelinhas recomenda-se fazer a roçagem.
Controle de pragas e doenças
Tabela 1 - Principais pragas de importância econômica e seu controle.
Nome
Vulgar Nome
Científico
Danos Controle
Ácaro Eriophyes
guerreronis
Atacam folhas novas de plantas
no viveiro, causando seca total
das folhas e morte do broto da
planta. A flecha, após secar, não
se destaca da planta. Causam
necroses na superfície dos frutos,
os quais podem ficar imprestáveis
para a comercialização.
Em plantas jovens deve-se
eliminar e queimar as plantas
atacadas, aplicar acaricida em
todo o viveiro/coqueiral.
Usar: Vamidothion (Kilval
300) ou
Aldicarb (Temik 100 ou
Temik 150)
Barata do
coqueiro
Coraliomela
brunnea
A larva se aloja na flecha das
plantas, alimentando-se dos
folíolos ainda fechados, causando
redução foliar, prejudicando o
desenvolvimento do coqueiro.
Eliminação de adultos através
da catação manual.
Pulverização com produtos
químicos, dirigida às folhas
centrais nos primeiros
41
sintomas.
Usar: Carbaryl (Sevin 480 SC
ou Agrivin 850 PM) ou
Triclorfon (Dipterex 500 ou
Triclorfon 500 Defensa).
Broca do
estipe do
coqueiro,
broca do
tronco do
coqueiro,
rhina
Rhinostomus
barbirostris
No interior da planta, a larva
forma inúmeras galerias, que
podem causar quebra de folhas e
morte da planta. O dano também
pode causar enfraquecimento da
planta, que pode tombar pela ação
de ventos.
Catação e eliminação das
posturas e das larvas.
Eliminação e destruição das
plantas muito atacadas. Injeção
de produtos nos orifícios
recém - abertos pelas larvas.
Usar Malation (Malatol 1000
CE) ou Triclorfon (Dipterex
500 ou Triclorfon 500
Defensa).
Broca do
olho do
coqueiro
Rhynchophorus
palmarum
É vetor da doença Anel Vermelho
do Coqueiro. O inseto faz a
oviposição no broto da planta. As
larvas se alimentam da parte
interna do estipe e fazem galerias
em todas as direções, culminando
com a morte da planta. O sintoma
externo é a má formação de
folhas novas.
Deve-se cortar e queimar as
plantas atacadas. Para os
insetos adultos confeccionar
armadilhas com iscas atrativas.
Não cortar as folhas ainda
verdes; Evitar o consórcio com
mamão, abacaxi e banana, que
também atraem o inseto.
Broca do
pedúnculo
floral
Homalinotus
coriaceus
Sulcos superficiais no estipe. O
inseto adulto provoca a queda de
flores e frutos novos.
Limpeza da copa (folhas e
cachos secos). Pulverizações
com Malation(Malatol 1000
CE)
Cochonilha
transparente
do coqueiro
Aspidiotus
destructor
Os folíolos vão ficando amarelos
pela ação sugadora do inseto,
secando em seguida.
Realizar o controle quando
verificar-se 5 a 10% das
plantas com 3 folhas muito
atacadas, Usar Dimethoato ou
Aldicarb (Temik 100 ou
Temik 150).
Lagarta das
folhas
Brassolis
sophorae
Pode causar desfolhamento total
da planta
Localização e destruição das
lagartas
Pulgão
preto do
coqueiro
Cerataphis
lataniae
Em coqueiros jovens, causa
retardo do início de produção. Em
coqueiros adultos, provoca
abortamento de flores femininas,
queda de frutos pequenos e/ou
frutos em desenvolvimento.
Pulverização das plantas
infestadas com produtos
sistêmicos. Carbosulfan –
(Marshal 200 SC).
Tabela 2 - Principais doenças de importância econômica e seu controle.
Nome vulgar Nome cientifico Danos Controle Anel vermelho Rhadinaphelenchus
cocophilus
É uma doença letal
ao coqueiro. A
planta fica com
aspecto de guarda-
chuva fechado. O
42
sintoma
característico da
doença é interno.
Ao se cortar a
estipe, observa-se
um anel, de
coloração
vermelha.
Helmintosporiose Drechslera incurvata Manchas marrons e
ovaladas nas
folhas, que podem
coalescer,
formando lesões
maiores
AduNão fazer
sementeiras em locais
de plantas doentes.
Não usar sementes de
áreas contaminadas.
Erradicação e queima
das plantas doentes e
controle do inseto
vetor (Rhincoporus)
através de
armadilhas.bação
nitrogenada
equilibrada, controle
de ervas daninhas,
plantio no viveiro
que permita uma boa
aeração.
Pulverizações com
fungicidas. Usar:
Captan (Captan 500
PM ou Captafol).
Mancozeb (Dithane
PM, Manzate BR ou
Fungineb 80),
Tebuconazole
(Folicur PM)
Murcha de Fitomonas Protozoário Phitomonas
sp.
Queda parcial ou
total de frutos
imaturos, queda de
flores,
empardecimentos e
ressecamento das
espiguetas na
inflorescência,
inflorescência não
aberta fica com
coloração cinza
amarronzado, nas
folhas basais os
folíolos terminais
ficam amarelos
seguidos de
empardecimento
rápido, quebra da
Controle:
Erradicação e queima
de plantas afetadas,
coroamento, corte
das folhas que tocam
o chão, controle do
percevejo.
Produtos
Momocrotofos,
Deltametrine
43
ráquis e
apodrecimento do
meristema central
Queima das folhas . Botryosphaeria
cocogena
Lesão marrom-
avermelhada em
"V". Esta lesão
evolui e pode
causar a morte
prematura das
folhas, provocando
a diminuição da
área foliar e, como
as folhas servem de
apoio para os
cachos, também
podem causar a
queda dos frutos.
Realizar o manejo
cultural e as
adubações
adequadas. Eliminar
e queimar folhas
mortas. Amarrar ou
escorar, quando
possível, os cachos.
Em ataques mais
severos, pulverizar
com fungicidas
Usar: Benomyl 0,1%
(benlate 500) +
Carbendazin
(Derosal)
Lixa Sphaerodothis
acrocomiae – Lixa
grande
Phyllachora torrendiella
– Lixa pequena
Lixa grande –
pontos marrons
ásperos, nas folhas
mais velhas que se
destacam
facilmente. A
doença não causa
necrose das folhas.
Lixa pequena –
pequenos pontos
negros e ásperos
que não se
destacam
facilmente. A
doença provoca
seca prematura das
folhas.
Difenoconazole (6x
de 15 em 15 dias)
Colheita e Pós colheita
Colheita
O coqueiro anão inicia a produção com cerca de 30 a 36 meses, sendo que, esta será contínua
com produção de 12 a 16 cachos por ano e uma média de 8 a 20 frutos por cacho. A
expectativa de produção de frutos por planta durante o ano é mostrada na tabela 7.
Tabela 3 - Expectativa de produção de frutos do coqueiro anão verde, em função da idade da
planta, em plantios de sequeiro e irrigado.
Ano de Plantio Lavoura de sequeiro
(frutos/planta/ano)
Lavoura Irrigada
(frutos/planta/ano) 1 0 0
44
2 0 0
3 20 50
4 35 80
5 50 120
6 70 150
7 e seguintes 80-100 150-200
O ponto ideal de colheita do fruto está associado a diversos indicadores relacionados à planta,
ao fruto e às características de produção. Depende também de determinadas propriedades
química e sensorial, ligadas aos aspectos nutritivos, alimentares e de saúde humana. Os frutos
dos coqueiros anão destinados ao consumo in natura de água de coco devem ser colhidos,
principalmente, entre o sexto e o sétimo mês, após a abertura natural da inflorescência. Nessa
idade ocorrem os maiores pesos de fruto, as maiores produções de água de coco, os maiores
valores de frutose, glicose e grau brix, e o melhor sabor da água de coco, além de ser rica em
minerais, principalmente em potássio. A água proveniente de frutos com idade em torno de
cinco meses, é menos doce (menores teores de glicose e frutose e menor grau brix), enquanto
na dos frutos com oito meses de idade, já ocorrem quedas nos teores de glicose e frutose e no
grau brix, e aumento no teor de sacarose e no de gordura, ocasionando um sabor rançoso a
água de coco.
O coco para consumo in natura na culinária ou para uso agroindustrial na fabricação de
alimentos, deve ser colhido com onze a doze meses. Estes frutos apresentam cor castanha,
com manchas verdes e pardas irregulares, com peso inferior ao coco verde. Para a produção
de alimentos "light" em gordura seja na culinária ou na agroindústria, recomenda-se utilizar a
polpa do coqueiro anão por possuir menos da metade do teor de gordura da polpa tanto do
coqueiro gigante quanto do híbrido.
Para realizar a colheita de coqueiros com grande altura o colhedor ou "tirador" deve utilizar
"peias" de couro ou nylon para subir nas plantas. O uso de esporas deve ser evitado visto que
estas causam ferimentos no tronco do coqueiros, o que pode transmitir doenças letais às
plantas. Chegando ao topo da árvore, o tirador amarra uma corda no pedúnculo do cacho e o
secciona com um facão. Com isso, a queda do cacho é evitada já que a corda o está
segurando. Aproveita-se este momento para realizar a limpeza das copas, desbastando as
folhas velhas, que são cortadas também com o facão. Não é recomendado cortar folhas ainda
verdes, pois pode ocorrer a atração de insetos causadores de doenças.
O coco verde merece cuidados para ser aceito pelo consumidor, visto que ele será consumido
in natura e o seu aspecto visual é um fator limitante para a sua comercialização. Logo depois
de colhidos, os cachos devem ser limpos, eliminando-se as ráquiles ou rabichos do coco para
que estas não atritem com a casca do fruto no transporte, causando feridas e escurecimento no
mesmo. Em Rondônia é comum encontrar carrinhos onde a água de coco é comercializada em
copos descartáveis, onde a aparência visual do fruto não tem tanta importância para o
consumidor.
PÓS-COLHEITA
Após a colheita, os cachos devem ser transportados com a máxima atenção, para evitar danos
tanto mecânicos provocados pelo impacto quanto a ruptura do endocarpo, ocasionando a
perda da água. Além disso, eles devem ser deixados à sombra dos coqueiros até o momento
de serem transportados para a comercialização.
45
A qualidade da água é extremamente afetada pelo tempo decorrente entre a colheita e o
consumo final. Sendo assim é necessário alguns cuidados para prolongar a vida útil dos
frutos:
Os frutos (cachos) devem ser manuseados com cuidado e o transporte efetuado o mais
rápido possível, em veículos cobertos com lonas de cor clara e em horários de
temperatura amena;
Deve-se ainda forrar o caminhão com palha ou serragem para evitar danos mecânicos
aos frutos das camadas inferiores;
Não sendo possível o transporte logo após a colheita, recomenda-se que os cachos
sejam armazenados em galpão fresco, bem arejado e seco, por, no máximo dois dias;
Se o mercado exigir o fruto a granel por unidade, proceder à retirada dos frutos do
cacho com o auxílio de uma tesoura de poda, tomando o cuidado para não arrancar o
pedúnculo e o cálice floral, estruturas que formam uma proteção natural contra a
entrada de fungos e bactérias que deterioram a água;
Recomenda-se que os frutos cheguem ao distribuidor no prazo máximo de três dias
após a colheita;
Na maioria das vezes o fruto exige armazenamento no local de consumo, onde devem
permanecer ainda nos cachos, em locais com boa ventilação, evitando-se a exposição aos
raios solares e a temperaturas elevadas. Quando armazenados à temperatura ambiente, acima
de 20ºC os cocos devem ser consumidos no período máximo de 10 dias após a colheita. Em
câmara fria a 12ºC esse período pode ser prolongado por mais 15 a 20 dias, após o qual
iniciam os processos de deterioração que comprometem, principalmente, a acidez da água.
Tabela 4 – Coeficientes técnicos para implantação de 1 ha de coqueiro.
Especificação Quantidade Unidade Ano 1
Insumos
Calcário
Superfosfato simples
Uréia
Cloreto de potássio
Esterco
Mudas
Inseticida granulado
Inseticida
Fungicida
Serviços
Roçagem e limpeza da área
2
102
61
41
1.000
226
1
1
1
15
10
2
6
T
Kg
Kg
Kg
Kg
Unidade
Kg
Litro
Litro
D/h
D/h
D/h
D/h
46
Marcação da área
Preparo das covas
Plantio/replantio
Coroamento
Aplicação de agrotóxicos
Adubações de cobertura
10
5
4
D/h
D/h
D/h
Ano 2
Insumos
Superfosfato simples
Uréia
Cloreto de potássio
Esterco
Inseticida
Fungicida
Serviços
Coroamento
Roçagens
Aplicação de agrotóxicos
Adubações de cobertura
143
184
163
1000
1
1
10
2
5
4
Kg
Kg
Kg
Kg
Litro
Litro
D/h
D/h
D/h
D/h
Ano 3
Insumos
Superfosfato simples
Uréia
Cloreto de potássio
Esterco
Inseticida
Fungicida
163
204
163
1000
1
1
10
2
Kg
Kg
Kg
Kg
Litro
Litro
D/h
D/h
47
Serviços
Coroamento
Roçagens
Aplicação de agrotóxicos
Adubações de cobertura
Colheita
5
4
5
D/h
D/h
D/h
Coeficientes técnicos
Tabela 5 - Coeficientes técnicos para implantação de 1 ha de coqueiro.
Especificação Quantidade Unidade Ano 1
Insumos
Calcário
Superfosfato simples
Uréia
Cloreto de potássio
Esterco
Mudas
Inseticida granulado
Inseticida
Fungicida
Serviços
Roçagem e limpeza da área
Marcação da área
Preparo das covas
Plantio/replantio
Coroamento
Aplicação de agrotóxicos
2
102
61
41
1.000
226
1
1
1
15
10
2
6
10
5
4
T
Kg
Kg
Kg
Kg
Unidade
Kg
Litro
Litro
D/h
D/h
D/h
D/h
D/h
D/h
D/h
48
Adubações de cobertura
Ano 2
Insumos
Superfosfato simples
Uréia
Cloreto de potássio
Esterco
Inseticida
Fungicida
Serviços
Coroamento
Roçagens
Aplicação de agrotóxicos
Adubações de cobertura
143
184
163
1000
1
1
10
2
5
4
Kg
Kg
Kg
Kg
Litro
Litro
D/h
D/h
D/h
D/h
Ano 3
Insumos
Superfosfato simples
Uréia
Cloreto de potássio
Esterco
Inseticida
Fungicida
Serviços
Coroamento
Roçagens
Aplicação de agrotóxicos
Adubações de cobertura
163
204
163
1000
1
1
10
2
5
4
5
Kg
Kg
Kg
Kg
Litro
Litro
D/h
D/h
D/h
D/h
D/h
49
Colheita
Cultura do Milho
O milho (Zea mays), também chamado abati, auati e avati, é um conhecido cereal, cultivado
em grande parte do mundo. O milho é extensivamente utilizado como alimento humano ou
ração animal, devido às suas qualidades nutricionais. Todas as evidências científicas levam a
crer que seja uma planta de origem mexicana, já que a sua domesticação começou 7.500 a
12.000 anos atrás na área central da Mesoamérica. É um dos alimentos mais nutritivos que
existem, contendo quase todos os aminoácidos conhecidos, sendo exceções a lisina e o
triptofano.
Tem um alto potencial produtivo e é bastante responsivo à tecnologia. Seu cultivo geralmente
é mecanizado, se beneficiando muito de técnicas modernas de plantio e colheita. Produção
mundial foi 817 milhões de toneladas em 2009-mais que arroz (678 milhões de toneladas) e
trigo (682 milhões de toneladas), com 332 milhões de toneladas produzidas anualmente
somente nos Estados Unidos. O milho é cultivado em diversas regiões do mundo. O maior
produtor mundial são os Estados Unidos. No Brasil, que também é um grande produtor e
exportador, o Paraná é o maior estado produtor, com cerca de 27 por cento da produção
nacional, seguido de Mato Grosso.
Atualmente, somente cerca de cinco por cento da produção brasileira se destina ao consumo
humano e, mesmo assim, de maneira indireta na composição de outros produtos. Isto se deve
principalmente à falta de informação sobre o milho e à ausência de uma maior divulgação de
suas qualidades nutricionais, bem como aos hábitos alimentares da população brasileira, que
privilegia outros grãos.
Etimologia
"Milho" é oriundo do latim miliu. "Avati", "auati" e "abati" são oriundos do tupi.
História
Caverna Guila Naquitz em Oaxaca, México, local dos restos conhecidos mais antigos de
milho
Milho é a variante domesticada do teosinto. As duas plantas
possuem aparência dissemelhante, milho com um pedúnculo
unico, alto com folhas múltiplas e teosinte sendo uma curta,
frondosa planta. A diferença entre os dois é largamente controlado
por diferenças em apenas dois genes.
50
esquerda: teosinto, direita: milho, meio: híbrido de milho-teosinto
Segundo Mary Poll, em trabalho publicado na revista Proceedings of the National Academy
of Sciences, os primeiros registros do cultivo do milho datam de 7.300 anos atrás, tendo sido
encontrados em pequenas ilhas próximas ao litoral do México, no Golfo do México. Vestígios
arqueológicos de milho encontradas na caverna Guila Naquitz no Vale de Oaxaca datam cerca
de 6.250 anos atrás, os mais antigos restos em cavernas de Tehuacan, Puebla são de cerca de
5.450 anos atrás.
Começando por volta de 2.500 antes de Cristo, o cultivo de milho começou a se espalhar fora
da Mesoamérica para outras partes do Novo Mundo. Seu nome de origem indígena caribenha
significava "sustento da vida". O milho era o alimento básica de várias civilizações
importantes ao longo dos séculos, os Olmecas, Maias, Astecas e Incas reverenciavam o cereal
na arte e religião.
O milho era plantado por indígenas americanos em montes, usando um sistema complexo que
variava a espécie plantada de acordo com o seu uso. Esse método foi substituído por
plantações de uma única espécie. Com as grandes navegações do século XVI e o início do
processo de colonização da América, a cultura do milho se expandiu para outras partes do
mundo. Hoje, é cultivado e consumido em todos os continentes e sua produção só perde para
a do trigo e do arroz.
O plantio de milho na forma ancestral continua a praticar-se na América do Sul,
nomeadamente em regiões pouco desenvolvidas, no sistema conhecido no Brasil como de
roças. No final da década de 1950, por causa de uma grande campanha em favor do trigo, o
cereal perdeu espaço na mesa brasileira. Atualmente, embora o nível de consumo do milho no
Brasil venha crescendo, ainda está longe de ser comparado a países como o México e aos da
região do Caribe.
Composição
Puro ou como ingrediente de outros produtos, é uma importante fonte energética para o
homem. Ao contrário do trigo e o arroz, que são refinados durante seus processos de
industrialização, o milho conserva sua casca, que é rica em fibras, fundamental para a
eliminação das toxinas do organismo humano. Além das fibras, o grão de milho é constituído
de carboidratos, proteínas e vitaminas do complexo B. Possui bom potencial calórico, sendo
constituído de grandes quantidades de açúcares e gorduras. O milho contém vários sais
minerais como ferro, fósforo, potássio e zinco. No entanto, é rico em ácido fítico, que
dificulta a absorção destes mesmos.
Usos
O milho é basicamente utilizado na alimentação, seja ela indireta (como ração animal) ou
através do consumo humano direto.
51
Uso na Alimentação Humana Direta
Taxa de consumo "per capita" de milho: ██ mais de 100 kg/ano ██ de 50 a 99 kg/ano ██ de
19 a 49 kg/ano ██ de 6 a 18 kg/ano ██ 5 ou menos kg/ano
Nos Estados Unidos, o uso do milho na alimentação humana direta é relativamente pequeno -
embora haja grande produção de cereais matinais como flocos de cereais ou corn flakes e
xarope de milho, utilizado como adoçante. No México o seu uso é muito importante, sendo a
base da alimentação da população (é o ingrediente principal das tortilhas, e outros pratos da
culinária mexicana).
De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, no Brasil apenas cinco por
cento do milho produzido se destina ao consumo direto humano. No Brasil, é a matéria-prima
principal de vários pratos da culinária típica brasileira, como canjica, cuscuz, polenta, angu,
mingaus, pamonhas, cremes, bolos, pipoca ou simplesmente milho cozido. Na indústria, pode
ser usado como componente para a fabricação de rebuçados, biscoitos, pães, chocolates,
geleias, sorvetes e maionese.
Apesar de serem usados para fazer pães, o milho não contém a proteína glúten. Isso faz com
que os assados de milho não sejam especialmente nutritivos (como é o caso dos assados feitos
de trigo).
Usos Alternativos
O uso primário do milho nos Estados Unidos e no Canadá é na alimentação para animais. O
Brasil tem situação parecida: 65 por cento do milho é utilizado na alimentação animal e onze
por cento é consumido pela indústria, para diversos fins. Seu uso industrial não se restringe à
indústria alimentícia. É largamente utilizado na produção de elementos espessantes e colantes
(para diversos fins) e na produção de óleos.
Recentemente, Europa e Estados Unidos têm incentivado seu uso para produção de etanol. O
etanol é utilizado como aditivo na gasolina, para aumentar a octanagem. O uso do milho para
produção de biocombustíveis tem encarecido seu uso para alimentação.
Pesquisas Genéticas
O milho é a espécie vegetal mais utilizada para pesquisas genéticas. Em 1940, Barbara
McClintock ganhou o Prêmio Nobel de Medicina pela sua descoberta de transposões,
enquanto estudava o milho. A produção de milho é uma das mais difundidas entre as de
alimentos transgênicos, em parte por que seu consumo é basicamente para ração animal, onde
a resistência do consumidor é menor.
52
Algumas variedades não comerciais e selvagens de milho são cultivadas ou guardadas em
bancos de germoplasma para adicionar diversidade genética durante processos de seleção de
novas sementes para uso doméstico - inclusive milho transgênico.
Variedades Especiais
Milho Branco
Uma das variedades mais difundidas no Brasil é o milho branco. Tem, como principais
finalidades, a produção de canjica, grãos e silagem. A planta tem altura próxima de 2,20
metros, sendo que a espiga nasce a 1,10 metro do solo. A espiga é grande, cilíndrica e
apresenta alta compensação. O sabugo é fino, os grãos são brancos, profundos, pesados e de
textura média. O colmo tem alta resistência física e boa sanidade. A raiz tem boa fixação.
A planta é especialmente resistente às principais doenças foliares do milho, em diferentes
altitudes e épocas de plantio. Podem ser colhidas até duas safras de milho branco por ano. Em
algumas épocas e regiões do Brasil, a cotação da saca de milho branco pode ser até cinquenta
por cento superior à do milho tradicional. O auge da demanda ocorre no período
imediatamente anterior à quaresma, pois a canjica é um prato típico destas festividades.
No Brasil, o milho branco é bastante difundido nos estados do Paraná e São Paulo, mas há
também plantações isoladas nos estados de Santa Catarina, Minas Gerais e Mato Grosso.
Entre os principais municípios produtores, estão Londrina, Irati e Pato Branco no Paraná e
Quadra - que é considerada a "Capital do Milho Branco" -, Tatuí e Itapetininga, em São
Paulo. Nos Estados Unidos, a produção de milho branco em 2004 correspondia a três por
cento do total. Embora ainda minoritário, o milho branco tem ganho espaço no mercado nos
últimos anos, e a área plantada tem refletido o aumento na demanda. Um dos motivos é que o
mercado reconhece que ainda não existem variedades transgênicas de milho branco, o que
automaticamente aumenta seu valor de mercado em nichos específicos.
Milho Transgênico
Em relatório recentemente divulgado, notou-se que submeter camundongos a dietas contendo
quantidades significativas de determinado tipo de milho transgênico (o MON 863) é
prejudicial à saúde destes animais e pode causar lesões consideráveis em órgãos importantes
(rins, fígado, etc), interferir com a função do sistema imunológico (contagem de linfócitos,
leucócitos, granulócito) e alterar seus metabolismos (glicose).
A variedade transgênica mais conhecida é desenvolvida pela Monsanto, e é conhecida como
RR GA21 (tolerante ao herbicida glifosato). Ela é utilizada extensivamente nos Estados
Unidos. Outras empresas atuantes no ramo incluem a Syngenta, a BASF, a Bayer e a DuPont.
Em 1999, a Novartis foi a primeira empresa a receber autorização do governo brasileiro para
realizar testes no país com o milho transgênico BT, resistente a insetos.
Variedades de milho
Segundo os produtores de sementes, o milho transgênico traz um
aumento médio de oito por cento na produtividade. Nos Estados
Unidos, mais de setenta por cento do milho semeado é
transgênico. A produção de variedades transgênicas na
Argentina e no Brasil é crescente, embora nem sempre a prática do
cultivo dessas variedades seja legal. Há também relatos de
53
milho transgênico em Honduras (terra de origem do milho), onde variedades transgênicas
"contaminaram" as variedades locais. No México, o milho transgênico também enfrenta séria
oposição governamental: em 1998, foi proibida a experimentação, o cultivo e a importação de
milho transgênico.
O milho é um exemplo da manipulação de espécies pelo Homem, sendo utilizado tanto pelos
defensores quanto pelos opositores dos transgênicos. O milho cultivado pelos índios mal
lembra o milho atual: as espigas eram pequenas, cheias de grãos faltando, e boa parte da
produção era perdida para doenças e pragas. Através do melhoramento genético, o milho
atingiu sua forma atual. Os defensores dos transgênicos utilizam este exemplo para dizer que
a manipulação das características genéticas de vegetais não é novidade e já foi feita
anteriormente, com muito menos controle do que atualmente. Os opositores dos transgênicos
utilizam o mesmo exemplo para defender que há alternativas para a manipulação direta dos
genes de espécies vegetais, técnica à qual se opõem.
Nem sempre as remessas de milho importado dos Estados Unidos chegam aos países da
América Latina com rotulagem indicando isso aos consumidores. Apesar disso, pesquisas
mexicanas indicam que a contaminação do milho nativo pode ter sido causada pela
polinização acidental, que talvez tenha ocorrido também em outros países centro-americanos.
Os milhos transgênicos, de propriedade de algumas poucas empresas, ao entrar em contato
com o ambiente natural, se espalham. Há casos nos Estados Unidos em que um pequeno
agricultor planta milho e depois precisa pagar royalties, pois tais espigas eram transgênicas e
estavam patenteadas por grupos financeiros. Já que o milho transgênico está tomando o lugar
com o milho de verdade, natural, tais acontecimentos tem sido cada vez mais comuns.
Os ativistas que enfrentam os transgênicos tentam acabar com a possibilidade de que, algum
dia, uma pessoa faminta não possa plantar uma espiga de milho porque esta pertence a alguma
empresa. O consumidor pode optar por não consumir milhos transgênicos se procurar por o
milho orgânico, já que os demais milhos não especificam o teor do que está sendo vendido.
Cultivo
O milho tem alto potencial produtivo e é bastante responsivo à tecnologia. O nível
tecnológico da cultura está entre o médio e o alto. O cultivo é idealmente mecanizado e se
beneficia bastante da técnica de plantio direto. A utilização de discos de plantio é adequada
para a sua peneira.
Exemplares de milho premiados na Feira do Condado de Olmsted,
em Rochester, em Minnesota, nos Estados Unidos
O plantio de milho é feito tanto na chamada "safrinha" quanto na
safra principal (ou seja, a safra de verão). Na Região Sudeste do
Brasil, o mês de plantio mais indicado geralmente é setembro, mas
o plantio pode ser feito até em novembro. Dependendo do mês de
plantio, o espaçamento entre as linhas e a quantidade de sementes
por metro deve variar. O ciclo do plantio varia entre 115 e 135 dias.
A adubação deve ser feita conforme a análise do solo. O controle de pragas e ervas daninhas
só deve ser feito se necessário. Nem sempre há necessidade de irrigação intensiva: pelo menos
nas regiões tradicionalmente produtoras, a precipitação é suficiente para as necessidades
hídricas da planta. Lavouras bem-sucedidas apresentam valor médio de germinação na faixa
de 95 por cento %. A produtividade média varia entre 250 e 350 sacas por alqueire. Nas
54
regiões de produtividade recorde do Brasil, há produtores que chegam a alcançar 520 sacas
por alqueire.
Colheita
Antes da Segunda Guerra Mundial, a maior parte do milho era colhida à mão. Isso
frequentemente envolvia grandes números de trabalhadores, e eventos sociais associados. Um
ou dois pequenos tratores eram utilizados, mas as colheitadeiras mecânicas não foram
utilizadas até o fim da guerra. Na mão ou através da colheitadeira, a espiga inteira é coletada e
a separação dos grãos e do sabugo é uma operação separada. Anteriormente, isso era feito em
uma máquina especial. Hoje, as colheitadeiras modernas têm unidades de separação de grãos
anexas. Elas cortam o milho próximo à base, separam os grãos da espiga com rolos de metal e
armazenam somente os grãos.
Características da Planta
O milho pertence ao grupo das angiospermas, ou seja produz as sementes no fruto. A planta
do milho chega a uma altura de 2,5 metros, embora haja variedades bem mais baixas. O caule
tem aparência de bambu e as juntas estão geralmente a cinquenta centímetros de distância
umas das outras. A fixação da raiz é relativamente fraca. A espiga é cilíndrica, e costuma
nascer na metade da altura da planta.
Os grãos são do tamanho de ervilhas, e estão dispostos em fileiras regulares presas no sabugo,
que formam a espiga. Eles têm dimensões, peso e textura variáveis. Cada espiga contém de
duzentos a quatrocentos grãos. Dependendo da espécie, os grãos têm cores variadas, podendo
ser amarelos, brancos, vermelhos, azuis ou marrons. O núcleo da semente tem um pericarpo
que é utilizado como revestimento.
Clima e solo
Existe sempre uma preocupação em analisar as características ambientais em termos da
adequação ao uso que se tem em mente. Isto é da mais alta relevância, porque a capacidade
ambiental de dar suporte ao desenvolvimento possui sempre um limite, a partir do qual todos
os outros aspectos serão inevitavelmente afetados. Em outras palavras, o uso e a ocupação de
uma determinada paisagem são condicionados pelas suas características intrínsecas. Estas
determinam as potencialidades de uso/ocupação e a potencialização de conflitos de interesses.
Para qualquer análise do meio-físico, é necessário selecionar critérios que permitam avaliar
características ambientais importantes para o tema enfocado. No caso presente, o interesse é
uma análise das demandas da cultura do milho, para se fazer um balanço com as ofertas
ambientais, visando uma produção sustentável. Ao proceder a essa análise, verifica-se que a
planta capta energia solar (radiação) e necessita de água e nutrientes para manter o seu
crescimento. Esses fatores ambientais são definidos principalmente por clima e solo. Os
fatores edafoclimáticos são referidos como os mais importantes não só para o
desenvolvimento das culturas, como também para a definição de sistemas de produção.
O milho, assim como a maioria das culturas econômicas, requer a interação de um conjunto
de fatores edafoclimáticos apropriados ao seu bom desenvolvimento. Assim, um solo rico em
nutrientes teria pouco ou quase nenhum significado para a cultura se esse mesmo solo
estivesse submetido a condições climáticas adversas ou, ainda, apresentasse características
físicas inadequadas que influenciariam negativamente na condução e desenvolvimento da
cultura, tais como: drenagem e aeração deficientes,
55
percolação excessiva, adensamento subsuperficial, pedregosidade excessiva, profundidade
reduzida, declividade acentuada, etc.
Em termos de solos, serão aqui discutidas algumas características físicas mais importantes
que, isoladas ou em conjunto, servirão para orientar a escolha de um solo adequado para a
cultura.
Textura - Solos de textura média, com teores de argila em torno de 30-35%, ou mesmo
argilosos, com boa estrutura, como os latossolos, que possibilitam drenagem adequada,
apresentam boa capacidade de retenção de água e de nutrientes disponíveis às plantas, são os
mais recomendados para a cultura do milho.
Os solos arenosos (teor de argila inferior a 15%) devem ser evitados, devido à sua baixa
capacidade de retenção de água e nutrientes disponíveis às plantas. Apresentam intensa
lixiviação, perdem mais água por evaporação e são normalmente mais secos.
Alguns solos com tipo de argila expansiva (tipo montmorilonita) podem apresentar forte
agregação, prejudicando as condições de permeabilidade e a livre penetração do sistema
radicular, e devem também ser evitados.
Profundidade efetiva - É a profundidade até a qual as raízes podem penetrar livremente em
busca de água e de elementos necessários ao desenvolvimentos da planta. Sendo o milho uma
planta cujo sistema radicular tem grande potencial de desenvolvimento, é desejável que o solo
seja profundo ( mais de 1m).
Os solos rasos, além de dificultarem, o desenvolvimento das raízes, possuem menor
capacidade de armazenamento de água, além de estarem sujeitos a um desgaste mais rápido,
devido à pouca espessura do perfil.
Topografia - Tendo em vista o controle da erosão e as facilidades de mecanização, deve-se
dar preferência às glebas de topografia plana e suave, com declives até 12%.
Não há nenhuma parte da superfície terrestre sem vegetação devido à pobreza dos solos. Há
áreas, às vezes extensas, sem vegetação pela deficiência de água ou por temperaturas muito
baixas ou muito altas, pela ausência de radiação, pelo excesso de sais, mas não pela
deficiência de nutrientes. Disso podem ser generalizados alguns princípios (Resende, 1997):
os elementos essenciais estão todos os solos, ainda que em quantidades muito
pequenas;
quanto à deficiência de nutrientes, a cultura do milho apresenta ampla diversidade
genética para adaptação a qualquer ambiente.
Assim, há abundância de plantas para enfrentar estresses nutricionais ou hídricos, mas não
simultaneamente os dois; por que não? Existem trabalhos na literatura demonstrando que a
seca relaciona-se intimamente com a eficiência na utilização de nitrogênio, ou seja,
variedades de milho tolerantes à seca podem também ser eficientes na absorção do nitrogênio.
Em condições de seca, o nitrogênio disponível no solo está na forma predominante de amônia
e a cultivar tolerante tem que ter mecanismo de eficiência na absorção de nitrogênio nessa
forma. A boa disponibilidade de água permite que plantas exuberantes vivam em solos muito
pobres, por meio de um eficiente mecanismo de ciclagem.
56
A quantidade de água extraível pela planta depende do tipo de solo, ou seja, da capacidade de
retenção de água do solo, da profundidade efetiva de extração, da solução do solo e da idade
da planta. Na região tropical, a literatura tem mostrado que a maior parte das raízes está nos
primeiros 30 cm de solos e as demais raízes raramente ultrapassam 60 cm. Nas regiões
temperadas, há informações de raízes ultrapassando a profundidade de 100 cm. Vale a pena
ressaltar a disponibilidade de água do solo. Dados de vários locais e diferentes tipos de solos
têm mostrado que a quantidade de água no solo não é limitante ao desenvolvimento da cultura
até quando o teor de água extraível for superior a 30% e, abaixo desse valor, o consumo
relativo de água decresce linearmente.
Embora o milho responda à interação de todos os fatores climáticos, pode-se considerar que a
radiação solar, a precipitação e a temperatura são os de maior influência, pois atuam
eficientemente nas atividades fisiológicas interferindo diretamente na produção de grãos e de
matéria seca. No Brasil, pela sua continentalidade, observa-se que os fatores que afetam a
estação de crescimento da cultura de milho variam com a região. Nas regiões temperadas e
subtropicais, a limitação maior se deve à temperatura do ar e a radiação solar, sendo os limites
extremos variáveis com microrregiões agroclimáticas. No Brasil Central, a precipitação tem
um papel de destaque, inclusive afeta indiretamente o regime de radiação pois altas chuvas
implicam na baixa radiação solar que chega na superfície. Inclusive, milhos adaptados a
elevadas taxas de radiação sofrem, nessas regiões, drástica alteração no seu metabolismo e,
consequentemente, alteração no seu potencial de produção.
A temperatura tem um papel de destaque principalmente nas regiões Sul e Nordeste, daí ser
vasta a literatura mostrando o efeito da temperatura do ar e do solo no crescimento e
desenvolvimento da cultura do milho. Fancelli & Dourado Neto (2000) citam que, quando a
temperatura do solo é inferior a 10 º C e superior a 40 º C há prejuízo sensível à germinação e
que o ideal seria entre 25 e 30 º C. Por ocasião da floração, temperaturas medias superiores a
26 º C aceleram o desenvolvimento dessa fase e inferiores a 15,5 º C o retarda. Cada grau
acima da temperatura media de 21,1, nos primeiros 60 dias após a semeadura, pode acelerar o
florescimento dois a três dias. Quando a temperatura é acima de 35 º C, devido a diminuição
da atividade da redutase do nitrato, o rendimento e a composição protéica do grão podem ser
alterados. Temperaturas acima de 33 º C durante a polinização reduzem sensivelmente a
germinação do grão de pólen. Verão com temperatura média diária inferior a 19 º C e noites
com temperatura média inferior a 12,8 º C não são recomendados para produção de milho.
Temperaturas noturnas superiores a 24ºC proporcionam um aumento da respiração de tal
forma que a taxa de fotossimilados cai e, com isso, reduz a produção. Redução da temperatura
abaixo de 15 º C ocasiona retardamento na maturação do grão.
Por pertencer ao grupo de plantas C 4 , a cultura do milho responde com elevados
rendimentos ao aumento da intensidade luminosa. O milho, dentre as plantas do tipo C 4 , é
uma das que possuem um mecanismo foliar interno para utilização muito eficiente de CO 2 ,
por folha individualmente, porem a eficiência do dossel não é maior que 10%. Necessita-se
mais pesquisa sobre a influência do microclima nas condições de crescimento.
A maior sensibilidade à variação de radiação ocorre no início da fase produtiva, ou seja, nos
primeiros 15 dias após o pendoamento, densidade dos grãos. Uma redução de 30 a 40% da
intensidade luminosa ocasiona atraso na maturação dos grãos, principalmente em cultivares
tardias, que mostram-se mais carentes de luz. A maior sensibilidade à variação de luz ocorre
no início da fase reprodutiva. O aproveitamento efetivo de luz pelo milho depende muito da
estrutura da planta, principalmente da distribuição espacial das folhas. É importante que se
tenha uma distribuição espacial das plantas na área de modo que o número de plantas não
exceda a 65.000 pl/ha. Sabe-se que a arquitetura da planta tem um papel muito importante. O
57
milho apresenta uma taxa fotossintética muito elevada, podendo atingir taxa maior que 80
mg.dm-2h-1 . O milho apresenta taxa fotossintética maior que qualquer outra espécie e nunca
satura, mesmo em elevada irradiancia.
O milho, por razões principalmente econômicas, é plantado na maioria das áreas, no período
chuvoso, ou seja, é uma cultura típica de sequeiro. Portanto, conhecer o número de dias secos
consecutivos é de muita importância na determinação da época de plantio. Dias secos são
considerados como sendo aqueles em que a precipitação é inferior a 5 mm. A literatura tem
mostrado que as máximas produtividades ocorrem quando o consumo de água durante todo o
ciclo está entre 500 e 800mm e que a cultura exige um mínimo de 350-500 mm para que
produza sem necessidade de irrigação. Na cultura do milho, em condições de clima quente e
seco, o consumo de água raramente excede 3 mm/dia, quando a planta apresenta em torno de
30 cm de altura e, no período que vai da iniciação floral a maturação, pode atingir valores de
5 a 7 mm/dia.
Em resumo, o uso consultivo de água pela cultura é função das características físico-hídricas
do solo e da demanda de água pela atmosfera. Portanto, a interação clima e solo tem um papel
primordial no processo produtivo de uma cultura. Enquanto o conteúdo de água no solo não
atinge um teor critico que, para a cultura do milho, está em torno de 30% da água extraível, o
que governa o consumo de água pela cultura são as condições climáticas. A partir desse limite
crítico, o que define o consumo são as condições físico-hídricas do solo.
Ecofisiologia
Germinação e Emergência
Em condições normais de campo, após a semeadura, as sementes absorvem água e começam a
crescer. A radícula é a primeira a se alongar, seguida pelo coleóptilo, com plúmula incluída.
Esse estádio, conhecido como VE, é atingido pela rápida elongação do mesocótilo, o qual
empurra o coleóptilo em crescimento para a superfície do solo. Em condições de temperatura
e umidade do ar adequadas, a emergência ocorre 4 a 5 dias após a semeadura, porém, em
condições de baixa temperatura e pouca umidade, a germinação pode demorar até duas
semanas ou mais. Assim que a emergência ocorre e a planta expõe a extremidade do
coleóptilo, o mesocótilo pára de crescer.
O sistema radicular seminal, que são as raízes oriundas diretamente da semente, tem o seu
crescimento nessa fase e a profundidade onde elas se encontram depende da profundidade da
semeadura. O crescimento dessas raízes, também conhecido como sistema radicular
temporário, diminui após o estádio VE e praticamente inexiste no estádio V3 (três folhas
desenvolvidas).
O ponto de crescimento da planta de milho, nesse estádio, está localizado cerca de 2,5 a 4,0
cm abaixo da superfície do solo e encontra-se logo acima do mesocótilo. Essa profundidade
onde se acha o ponto de crescimento é também a profundidade onde vai-se originar o sistema
radicular definitivo do milho, conhecido como raízes nodais ou fasciculada. A profundidade
do sistema radicular definitivo independe da profundidade da semeadura, uma vez que a
emergência da planta vai depender do potencial máximo
de alongamento de mesocótilo, conforme pode ser visto na Fig. 1.
Fig. 1 Duas profundidades de plantio, mostrando detalhe do alongamento do mesocótilo.
58
O sistema radicular nodal inicia-se, portanto, no estádio
VE e o alongamento das primeiras raízes inicia-se no
estádio V1, indo até o R3, após o qual muito pouco
crescimento ocorre.
No milho, não é constatada a presença de fatores
inibitórios ao processo de germinação, visto que, sob
condições adequadas de umidade, os grãos podem
germinar imediatamente após a maturidade fisiológica,
mesmo ainda estando presos à espiga.
Em síntese, na germinação, ocorre a embebição da semente, com a conseqüente digestão das
substâncias de reserva, síntese de enzimas e divisão celular.
Baixa temperatura do solo no plantio geralmente restringe a absorção de nutrientes do solo e
causa lentidão no crescimento. Esse fato pode ser parcialmente superado por uma aplicação
de pequena quantidade de fertilizante no sulco de plantio, ao lado ou abaixo da semente.
A lentidão na germinação predispõe a semente e a plântula a uma menor resistência a
condições ambientais adversas, bom como ao ataque de patógenos, principalmente fungos do
gênero Fusarium, Rhizoctonia, Phytium e Macrophomina . Para uma germinação e
emergência mais rápidas em plantio mais cedo, deve-se optar por uma profundidade de
semeadura mais rasa, onde a temperatura do solo é mais favorável. Em plantios tardios, as
temperaturas do solo são geralmente adequadas em qualquer profundidade e a umidade do
solo, nesse caso, é o fator limitante para rápido crescimento.
Se a irrigação está disponível ou uma chuva recente aconteceu,
não há com que se preocupar. No entanto, na falta dessas
situações, as camadas mais profundas do solo possuem maior teor
de umidade nos plantios tardios.
Estádio V3 (três folhas desenvolvidas, Fig. 2 )
Fig. 2 Estádio de três folhas
O estádio de três folhas completamente desenvolvidas ocorre
aproximadamente duas semanas após a emergência. Nesse estádio, o
ponto de crescimento encontra-se ainda abaixo da superfície do solo
e a planta ainda possui pouco caule formado (Fig. 3). Pêlos
radiculares do sistema radicular nodal estão agora em crescimento e
o desenvolvimento das raízes seminais é paralisado.
Fig. 3 Planta no estádio V3, mostrando o ponto de crescimento abaixo da superfície do solo.
Todas as folhas e espigas que a planta eventualmente irá produzir estão sendo formadas no
V3. Pode-se dizer, portanto, que o estabelecimento do número máximo de grãos ou a
definição da produção potencial estão sendo definidos nesse estádio. No estádio V5 (cinco
folhas completamente desenvolvidas), tanto a iniciação das folhas como das espigas vai estar
completa e a iniciação do pendão já pode ser vista microscopicamente na extremidade de
formação do caule, logo abaixo da superfície do solo.
59
O ponto de crescimento, que encontra-se abaixo da superfície do solo e é bastante afetado
pela temperatura do solo nos estádios iniciais do crescimento. Assim, temperaturas baixas
podem aumentar o tempo decorrente entre um estádio e outro, alongando o ciclo da cultura,
podendo aumentar o número total de folhas, atrasar a formação do pendão e diminuir a
disponibilidade de nutrientes para a planta. Uma chuva de granizo ou vento nesse estádio vai
ter muito pouco ou nenhum efeito na produção final de grãos. Disponibilidade de água nesse
estádio é fundamental; por outro lado, o excesso de umidade ou encharcamento, quando o
ponto de crescimento ainda encontra-se abaixo da superfície do solo, pode matar a planta em
poucos dias.
O controle de plantas daninhas nessa fase é
fundamental para reduzir competição por luz, água e
nutrientes. Como o sistema radicular está em pleno
crescimento, mostrando considerável porcentagem de
pêlos absorventes e ramificações diferenciadas,
operações inadequadas de cultivo (profundas ou
próximas à planta) poderão afetar a densidade e a
distribuição de raízes, com conseqüente redução na
produtividade. Portanto, é recomendada cautela no
cultivo.
Estádio V6 (seis folhas desenvolvidas, Fig. 4 )
Fig. 4 Estádio de seis folhas completamente desenvolvidas.
Nesse estádio, o ponto de crescimento e o pendão estão acima
do nível do solo (Fig. 5), o colmo está iniciando um período de
alongação acelerada. O sistema radicular nodal
(fasciculado) está em pleno funcionamento e em crescimento.
Fig. 5 Planta no estádio V6, mostrando o ponto de crescimento
acima da superfície do solo.
Nesse estádio, pode ocorrer o aparecimento de eventuais perfilhos, os quais encontram-se
diretamente ligados à base genética da cultivar, ao estado nutricional da planta, ao
espaçamento adotado, ao ataque de pragas e às alterações bruscas de temperatura (baixa ou
alta). No entanto, existem poucas evidências experimentais que demonstram a sua influência
negativa na produção.
No estádio V8, inicia-se a queda das primeiras folhas e o número de fileiras de grãos é
definido. Durante esse estádio, constata-se a máxima tolerância ao excesso de chuvas. No
entanto, encharcamento por períodos de tempo maior que cinco dias poderá acarretar
prejuízos consideráveis e irreversíveis.
Estresse hídrico nessa fase pode afetar o comprimento de internódios, provavelmente pela
inibição da alongação das células em desenvolvimento, concorrendo, desse modo, para a
diminuição da capacidade de armazenagem de açúcares no colmo. O déficit de água também
vai resultar em colmos mais finos, plantas de menor porte e menor área foliar.
60
Evidências experimentais demonstram que a distribuição total das folhas expostas nesse
período, mediante ocorrência de granizo, geada, ataque severo de pragas e doenças, além de
outros agentes, acarretarão quedas na produção da ordem de 10 a 25%.
Períodos secos, aliados à conformação da planta, característica dessa fase (conhecida como
fase do "cartucho"), conferem à cultura do milho elevada suscetibilidade ao ataque da lagarta-
do-cartucho ( Spodoptera frugiperda ), exigindo constante vigilância. De V6 até o estádio V8,
deverá ser aplicada a adubação nitrogenada em cobertura.
Estádio V9 Nesse estádio, muitas espigas são facilmente visíveis, se for feita uma dissecação da planta
(Fig. 6). Todo nó da planta tem potencial para produzir uma espiga, exceto os últimos 6 a 8
nós abaixo do pendão. Assim, uma planta de milho teria potencial para produzir várias
espigas, porém, apenas uma ou duas (caráter prolífico) espigas
conseguem completar o crescimento.
Fig. 6 Título: Estádio V9, mostrando detalhes de várias espigas
potenciais.
Nesse estádio, ocorre alta taxa de desenvolvimento de órgãos
florais. O pendão inicia um rápido desenvolvimento e o caule
continua alongando. A elongação do caule ocorre através dos entrenós. Após o estádio V10, o
tempo de aparição entre um estádio foliar e outro vai encurtar, de quatro dias para cada dois
ou três dias.
Próximo ao estádio V10, a planta de milho inicia um rápido e contínuo crescimento, com
acumulação de nutrientes e peso seco, os quais continuarão até os estádios reprodutivos. Há
uma grande demanda no suprimento de água e nutrientes para satisfazer as necessidades da
planta.
Estádio V12
O número de óvulos (grãos em potencial) em cada espiga, assim como o tamanho da espiga,
são definidos em V12, quando ocorre perda de duas a quatro folhas basais. Pode-se considerar
que, nessa fase, inicia-se o período mais crítico para a produção, o qual estende-se até a
polinização.
O número de fileiras de grãos na espiga já foi estabelecido, no entanto, a determinação do
número de grãos/fileira só será definida cerca de uma semana antes do florescimento, em
torno do estádio V17.
Em V12, a planta atinge cerca de 85% a 90% da área foliar, e observa-se o início de
desenvolvimento das raízes adventícias ("esporões").
Devido ao número de óvulos e ao tamanho da espiga serem definidos nessa fase, a deficiência
de umidade ou nutrientes pode reduzir seriamente o número potencial de sementes, assim
como o tamanho das espigas a serem colhidas. O potencial desses dois fatores de produção
está também relacionado com o período de tempo disponível para o estabelecimento deles, o
qual corresponde ao período de V10 a V17. Assim, genótipos precoces, geralmente, nesses
estádios, possuem um período mais curto de tempo e usualmente têm espigas menores que as
61
dos genótipos tardios. Uma maneira de compensar essa desvantagem dos precoces seria
aumentar a densidade de plantio.
Estádio V15
Esse estádio representa a continuação do período mais importante e crucial para o
desenvolvimento da planta, em termos de fixação do rendimento. Desse ponto em diante, um
novo estádio foliar ocorre a cada um ou dois dias. Estilos-estigmas iniciam o crescimento nas
espigas.
Em torno do estádio V17, as espigas atingem um crescimento tal que suas extremidades já são
visíveis no caule, assim como a extremidade do pendão já pode também ser observada.
Estresse de água no período de duas semanas antes até duas semanas após o florescimento vai
causar grande redução na produção de grãos. Porém, a maior redução na produção poderá
ocorrer com déficit hídrico na emissão dos estilos-estigmas (início de R1). Isso é verdadeiro
também para outros tipos de estresse como deficiência de nutrientes, alta temperatura ou
granizo. O período de quatro semanas em torno do florescimento é o mais importante para a
irrigação.
Estádio V18
É possível observar que os "cabelos" ou estilos-estigmas dos óvulos basais alongam-se
primeiro em relação aos "cabelos" dos óvulos da extremidade da espiga. Raízes aéreas,
oriundas dos nós acima do solo, estão em crescimento nesse estádio. Essas raízes contribuem
na absorção de água e nutrientes.
Em V18, a planta do milho encontra-se a uma semana do florescimento e o desenvolvimento
da espiga continua em ritmo acelerado.
Estresse hídrico nesse período pode afetar mais o desenvolvimento do óvulo e espiga que o
desenvolvimento do pendão. Com esse atraso no crescimento da espiga, pode haver
problemas na sincronia entre emissão de pólen e recepção pela espiga. Caso o estresse seja
severo, ele pode atrasar a emissão do "cabelo" até a liberação do pólen terminar, ou seja, os
óvulos que porventura emitirem o "cabelo" após a emissão do pólen não serão fertilizados e,
por conseguinte, não contribuirão para o rendimento.
Híbridos não prolíficos produzirão cada vez menos grãos com o aumento da exposição ao
estresse, porém, tendem a render mais que os prolíficos em condições não estressantes. Os
prolíficos, por sua vez, tendem a apresentar rendimentos mais estáveis em condições variáveis
de estresse, uma vez que o desenvolvimento da espiga é menos inibido pelo estresse.
Pendoamento, VT (Fig. 7)
Esse estádio inicia-se quando o último ramo do pendão está completamente visível e os
"cabelos" não tenham ainda emergido. A emissão da inflorescência masculina antecede de
dois a quatro dias a exposição dos estilos-estigmas. No entanto, 75% das espigas devem
apresentar seus estilos-estigmas expostos, após o período de 10 a 12 dias posterior ao
aparecimento do pendão. O tempo decorrente entre VT e R1 pode variar consideravelmente,
dependendo do híbrido e das condições ambientais. A perda de sincronismo
entre a emissão dos grãos de pólen e a receptividade dos estilos-estigmas da
espiga concorre para o aumento da porcentagem de espigas sem grãos nas
extremidades. Em condições de campo, a liberação do pólen geralmente ocorre
nos finais das manhãs e no início das noites. Nesse estádio, a planta atinge o
62
máximo desenvolvimento e crescimento. Estresse hídrico e temperaturas elevadas (acima de
35 o C) podem reduzir drasticamente a produção. Um pendão de tamanho médio chega a ter
2,5 milhões de grãos de pólen, o que equivale dizer que a espiga em condições normais
dificilmente deixará de ser polinizada pela falta de pólen, desde que o número de óvulos
esteja em torno de 750 a 1000.
Fig. 7 Estádio de pendoamento da planta.
A planta apresenta alta sensibilidade ao encharcamento nessa fase. O excesso de água pode
contribuir inclusive com a inviabilidade dos grãos de pólen.
A falta de água nesse período, além de afetar o sincronismo pendão-espiga, pode reduzir a
chance de aparecimento de uma segunda espiga em materiais prolíficos.
Nos estádios de VT a R1, a planta de milho é mais vulnerável às intempéries da natureza que
qualquer outro período, devido ao pendão e todas as folhas estarem completamente expostas.
Remoção de folha nesse estádio por certo resultará em perdas na colheita.
O período de liberação do pólen estende-se por uma a duas semanas. Durante esse tempo,
cada "cabelo" individual deve emergir e ser polinizado para resultar num grão.
Estádio R1, Embonecamento e Polinização Esse estádio é iniciado quando os estilos-estigmas estão visíveis, para fora das espigas. A
polinização ocorre quando o grão de pólen liberado é capturado por um dos estilos-estigmas
(Fig. 8). O grão de pólen, uma vez em contato com o "cabelo", demora cerca de 24 horas para
percorrer o tubo polínico e fertilizar o óvulo. Geralmente,
o período requerido para todos os estilos-estigmas em uma
espiga serem polinizados é de dois a três dias. Os
"cabelos" da espiga crescem cerca de 2,5 a 4,0 cm por dia
e continuam a alongar-se até serem fertilizados.
Fig. 8 Estádio R1, estilos-estigmas captando grãos de
pólen.
O número de óvulos que será fertilizado é determinado nesse estádio. Óvulos não fertilizados
evidentemente não produzirão grãos.
Estresse ambiental, nessa fase, especialmente hídrico, causa baixa polinização e baixa
granação da espiga, uma vez que, sob seca, tanto os "cabelos" como os grãos de pólen tendem
à dissecação. Não se deve descuidar de insetos com a lagarta-da-espiga, que se alimentam dos
"cabelos". Deve-se combater essas pragas, caso haja necessidade. A absorção de potássio
nessa fase está completa, enquanto nitrogênio e fósforo continuam sendo absorvidos.
A liberação do grão de pólen pode iniciar ao amanhecer, estendendo-se até o meio-dia. No
entanto, esse processo raramente exige mais de quatro horas para sua complementação. Ainda
sob condições favoráveis, o grão de pólen pode permanecer viável por até 24 horas. Sua
longevidade, entretanto, pode ser reduzida quando submetido a baixa umidade e altas
temperaturas.
63
O estabelecimento do contato direto entre o grão de pólen e os pêlos viscosos do estigma
estimula a germinação do primeiro, dando origem a uma estrutura denominada de tubo
polínico, que é responsável pela fecundação do óvulo inserido na espiga. A fertilização ocorre
de 12 a 36 horas após a polinização, período esse variável em função de alguns fatores
envolvidos no processo, tais como teor de água, temperatura do ar, ponto de contato e
comprimento do estilo-estigma.
Assim, o número de óvulos fertilizados apresenta estreita correlação com o estado nutricional
da planta, com a temperatura, bem como com a condição de umidade contida no solo e no ar.
Evidencia-se, portanto, a decisiva influência do ambiente nessa etapa de desenvolvimento,
recomendando-se criterioso planejamento da cultura, com referência principal à época de
semeadura e à escolha da cultivar, de forma a garantir as condições climáticas favoráveis
exigidas pela planta nesse estádio.
A escolha do genótipo para uma determinada região, assim como a época de semeadura, deve
ser fundamentada em fatores como finalidade da produção, disponibilidade de calor e água,
ocorrência de veranicos durante o ciclo, bem como no nível tecnológico a ser adotado, entre
outros.
Estádio R2, Grão Bolha d'água Os grãos aqui apresentam-se brancos na aparência externa e com aspectos de uma Bolha
d'água (Fig. 9). O endosperma, portanto, está com uma coloração clara, assim como o seu
conteúdo, que é basicamente um fluido, cuja composição são açúcares. Embora o embrião,
esteja ainda desenvolvendo-se vagarosamente nesse estádio, a radícula, o coleóptilo e a
primeira folha embrionária já estão formados. Assim, dentro do embrião em desenvolvimento
já encontra-se uma planta de milho em miniatura. A espiga está próxima de atingir seu
tamanho máximo. Os
estilos- estigmas, tendo
completado sua função no
florescimento,
estão agora escurecidos e
começando a secar.
Fig. 9 Grão no estádio R2, conhecidos como Bolha d'água.
A acumulação de amido inicia-se nesse estádio, com os grãos experimentando um período de
rápida acumulação de matéria seca, N e P continuam sendo absorvidos e a realocação desses
nutrientes das partes vegetativas para a espiga tem início nesse estádio. A umidade é de 85%
nos grãos.
Estádio R3, Grão Leitoso
Essa fase é iniciada normalmente 12 a 15 dias após a polinização. O grão apresenta-se com
uma aparência amarela e, no seu interior, um fluido de cor leitosa. Este açúcares são oriundos
da translocação dos fotoassimilados presentes nas folhas e no colmo, para a espiga e grãos em
formação. A eficiência dessa translocação, além de ser importante para a produção, é
extremamente dependente de água. Embora, nesse estádio, o crescimento do embrião ainda
seja considerado lento, ele já pode ser visto caso haja uma dissecação. Este estádio é
conhecido como aquele em que ocorre a definição da densidade dos grãos.
64
Os grãos, nessa fase, apresentam rápida acumulação de matéria seca e com cerca de 80% de
umidade, sendo que as divisões celulares dentro do endosperma apresentam-se essencialmente
completas. O crescimento a partir daí é devido à expansão e ao enchimento das células do
endosperma com amido.
Um estresse hídrico nessa fase, embora menos crítico que na fase anterior, pode afetar a
produção. Embora, nesse período, a planta deva apresentar considerável teor de sólidos
solúveis prontamente disponíveis, objetivando a evolução do processo de formação de grãos,
a fotossíntese mostra-se imprescindível. Em termos gerais, considera-se como importante o
caráter condicionador de produção a extensão da área foliar que permanece fisiologicamente
ativa após a emergência da espiga.
Essa fase é crítica para o consumo do milho verde, pois representa a época de colheita. O
descarregamento e transporte de açúcares para os grãos em desenvolvimento se dá via floema;
a sacarose, penetrando no apoplasto, é dividida em frutose e glicose pela enzima invertase
ácida.
Na verdade, os estádios de desenvolvimento da planta de milho para o consumo verde, em
"R3" ou "Grão leitoso" (Fig. 10) não diferenciam-se do desenvolvimento da planta para
consumo de grãos secos. Entretanto, é preciso ficar atento para as características exigidas pelo
mercado consumidor dessa modalidade de milho, principalmente quanto à cultivar a ser
utilizada, uma vez, que, dependendo do ciclo, o momento de colheita (R3) é variável, assim
como o tempo de permanência no campo na fase de grão leitoso apto para colheita.
Fig. 10 Estádio R3 ou grão leitoso, com umidade em torno de 80%.
Estádio R4, Grão Pastoso Esse estádio é alcançado com cerca de 20 a 25 dias após a emissão dos estilos-estigmas; os
grãos continuam desenvolvendo-se rapidamente, acumulando amido. O fluido interno dos
grãos passa de um estado leitoso para uma consistência pastosa (Fig. 11) e as estruturas
embriônicas de dentro dos grãos encontram-se já totalmente diferenciadas. A deposição de
amido é bastante acentuada, caracterizando, desse modo, um período exclusivamente
destinado ao ganho de peso por parte do grão. Em condições de campo, tal etapa do
desenvolvimento é prontamente reconhecida, pois, quando os grãos presentes são submetidos
à pressão imposta pelos dedos, mostram-se relativamente consistentes, embora ainda possam
apresentar pequena quantidade de sólidos solúveis,
cuja presença em abundância caracteriza o estádio R3 (grão leitoso).
65
Fig. 11 Grãos no estádio R4, pastoso.
Os grãos encontram-se com cerca de 70% de umidade e já acumularam cerca da metade do
peso que eles atingirão na maturidade. A ocorrência de adversidades climáticas, sobretudo
falta de água, resultará numa maior porcentagem de grãos leves e pequenos, o que
comprometeria definitivamente a produção.
Estádio R5, Formação de dente Esse período é caracterizado pelo aparecimento de uma concavidade na parte superior do
grão, comumente designada de "dente", coincide normalmente com o 36 o dia após o
princípio da polinização (Fig. 12). Nessa etapa, os grãos encontram-se em fase de transição do
estado pastoso para o farináceo. A divisão desses estádios é feita pela chamada linha divisória
do amido ou linha de leite. Essa linha aparece logo após a formação do dente e, com a
maturação, vem avançando em direção à base do grão. Devido à acumulação do amido, acima
da linha é duro e abaixo é macio (Fig. 13). Nesse estádio, o embrião continua desenvolvendo-
se, sendo que, além do acentuado acréscimo de volume experimentado pelo endosperma,
mediante o aumento do tamanho das células, observa-se também a completa diferenciação da
radícula e das folhas embrionárias no interior dos grãos.
Fig. 12 Estádio R5, formação de dente.
Fig. 13 Detalhe do desenvolvimento da linha de leite.
Alguns genótipos do tipo "duro" não formam dente, daí, nos referidos materiais, ser mais
difícil notar esse estádio de ser notado, podendo apenas relacioná-lo ao aumento gradativo da
dureza dos grãos.
66
Estresse ambiental nessa fase pode antecipar o aparecimento da formação da camada preta,
indicadora da maturidade fisiológica. A redução na produção, nesse caso, seria relacionada ao
peso dos grãos e não ao número de grãos. Os grãos nesse estádio apresentam-se com cerca de
55% de umidade.
Materiais destinados a silagem devem ser colhidos nesse estádio, pois as plantas apresentam
em torno de 33 a 37% de matéria seca. O milho colhido nessa fase apresenta as seguintes
vantagens: apesar do decréscimo na produção de matéria verde, obtém-se significativo
aumento na produção de matéria seca por área; decréscimo nas perdas de armazenamento,
pela diminuição do efluente, e aumento significativo no consumo voluntário da silagem
produzida.
Estádio R6, Maturidade Fisiológica Esse é o estádio em que todos os grãos na espiga alcançam o máximo peso seco e vigor,
ocorre cerca de 50 a 60 dias após a polinização. A linha do amido já avançou até a espiga e a
camada preta já foi formada. Essa camada preta ocorre progressivamente da ponta da espiga
para a base.(Fig. 14). Nesse estádio, além da paralisação total do acúmulo de matéria seca nos
grãos, acontece também o início do processo de senescência natural das folhas das plantas, as
quais gradativamente começam a perder a sua coloração verde característica.
Fig. 14 Detalhe do desenvolvimento da camada preta (ponto da maturidade fisiológica).
O ponto de maturidade fisiológica caracteriza o momento ideal para a colheita, ou ponto de
máxima produção, com 30 a 38% de umidade, podendo variar entre híbridos. No entanto, o
grão não está ainda em condições de ser colhido e armazenado com segurança, uma vez que
deveria estar com 13 a 15% de umidade, para evitar problemas com a armazenagem. Com
cerca de 18 a 25% de umidade, a colheita já pode acontecer, desde que o produto colhido seja
submetido a uma secagem artificial antes de ser armazenado.
A qualidade dos grãos produzidos pode ser avaliada pela percentagem de grãos ardidos, que
interfere notadamente na destinação do milho em qualquer segmento da cadeia de consumo.
A ocorrência de grãos ardidos está diretamente relacionada ao híbrido de milho e ao nível de
empalhamento a que estão submetidas as suas espigas. Ainda de forma indireta, a presença de
pragas, adubações desequilibradas e período chuvoso no final do ciclo, atraso na colheita e
incidência de algumas doenças podem influir no incremento do número de grãos ardidos.
A partir do momento da formação da camada preta, que nada mais é do que a obstrução dos
vasos, rompe-se o elo de ligação da planta-mãe e o fruto, passando o mesmo a apresentar vida
independente.
Manejo de solos
É importante usar corretamente as técnicas de preparo do terreno, para evitar a progressiva
degradação física, química e biológica do solo. O preparo do solo tem por objetivo básico
67
otimizar as condições de germinação, emergência e o estabelecimento das plântulas.
Atualmente, deve ser visto também como um sistema que deverá aumentar a infiltração de
água, de modo a reduzir a enxurrada e a erosão a um mínimo tolerável. Nesse tópico serão
discutidos aspectos relacionados ao preparo convencional do solo, envolvendo o preparo
primário do solo através da aração e do preparo secundário, realizado por meio de gradagem.
Serão também comentados aspectos relacionados ao plantio direto e rotação de culturas um
sistema iniciado no inicio da década de setenta e consolidado como uma tecnologia
conservacionista largamente aceita entre os agricultores, havendo sistemas adaptados a
diferentes regiões e aos diferentes níveis tecnológicos, do grande ao pequeno agricultor que
usa a tração animal. Grande parte do sucesso do Sistema de Plantio Direto (SPD) reside no
fato de que a palha deixada por culturas de cobertura sobre a superfície do solo, somada aos
resíduos das culturas comerciais, cria um ambiente extremamente favorável ao crescimento
vegetal, contribuindo para a estabilização da produção e para a recuperação ou manutenção
das características e propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, de tal modo que a sua
qualidade seja melhorada (plantas de cobertura de solo ).
A escolha e utilização dos equipamentos agrícolas, nos diferentes sistemas de manejo do solo,
são dependentes do tratamento que se quer dar ao solo para exploração agrícola. Além disso,
os requerimentos de energia nos sistemas de manejo do solo poderão definir a viabilidade
econômica dos referidos sistemas, assim nesse tópico serão também apresentados aspectos
relacionados a equipamentos para o manejo de solo
Fertilidade de solos
A análise do solo, num sentido amplo, é uma medida físico-química, mas, no agronômico, seu
objetivo é determinar a habilidade do solo em fornecer nutriente às plantas, e também
determinar as necessidades de calcário e fertilizantes, além de diagnosticar problemas de
toxidez de alguns elementos, excesso de sais e outros. Nesse tópico é fundamental discutir
aspectos relacionados à amostragem do solo e a interpretação de resultados de análise do solo
levando em consideração que os resultados de uma análise química de solo para que tenham
validade e representatividade, é indispensável o máximo cuidado e critério na coleta de
amostras que deverão ser enviadas aos laboratórios. Nenhuma análise é melhor que uma boa
coleta de amostras, pois elas é que irão representar toda a área da propriedade onde deverão
ser aplicados os corretivos e fertilizantes.
Além dos sintomas característicos de uma ou outra desordem, que só se manifestam em casos
graves, a identificação do estado nutricional da planta somente é possível pela análise química
da mesma.
A utilização da diagnose foliar como critério diagnóstico baseia-se na premissa de existir uma
relação bem definida entre o crescimento e a produção das culturas e o teor dos nutrientes em
seus tecidos.
Os solos brasileiros, na sua maioria, são ácidos, destacando-se aqueles sob vegetação de
cerrado. Tais solos são caracterizados por baixas concentrações de cálcio e de magnésio,
elementos diretamente envolvidos no desenvolvimento das raízes, e por valores elevados de
alumínio trocável e baixa disponibilidade de fósforo do solo.
Nos últimos anos, a cultura do milho, no Brasil, vem passando por importantes mudanças
tecnológicas, resultando em aumentos significativos da produtividade e produção. Entre essas
tecnologias, destaca-se a necessidade da melhoria na qualidade dos solos, visando uma
produção sustentada. Essa melhoria na qualidade dos solos está geralmente relacionada ao
adequado manejo, o qual inclui, entre outras práticas, a rotação de culturas, o plantio direto e
68
o manejo da fertilidade, através da calagem e gessagem , nutrição e adubação do milho
(adubação equilibrada com macro e micronutrientes, utilizando fertilizantes químicos)
adubação orgânica (estercos, compostos, adubação verde, etc.).
Cultura - FEIJÃO
Aspectos Gerais:
Originário da América do Sul ( segundo alguns autores)e México e Guatemala (segundo
outros) o feijão (Phaseolus vulgaris, L., Leguminosae) é um dos principais alimentos da
população brasileira especialmente a de baixa renda. Na maioria das regiões produtoras
predomina a exploração do feijoeiro por pequenos produtores, com uso reduzido de insumos,
obtendo-se baixas produções. Na Bahia as principais zonas de produção estão no semi-árido e
zona de tabuleiros onde destacam municípios de Irecê, Ribeira do Pombal e Barreiras como
centros de comercialização.
O Brasil produz cerca de 2,6 milhões de toneladas de feijão comum (faseolus) com
produtividade média de 732 kg/ha; em áreas irrigadas a produtividade alcança 3.000 kg/ha.
Usos:
O grão do feijoeiro é utilizado na alimentação do homem, na maioria das ocasiões de modo
obrigatório, no cardápio diário. Cozido ele é consumido em mistura com arroz e farinha, em
saladas frias, transformado em pastas - tutu - ou ainda compondo feijoadas.
O grão pode servir como componente de rações animais bem como a planta pós colheita.
Restos de cultura podem ser incorporados ao solo para melhoria das suas condições físicas.
Necessidades da Planta:
Clima - tropical, com temperatura média em 25ºC (18º a 30ºC) com chuvas de 100 mm
mensais bem distribuídas.
Solos - férteis, areno-argilosos, com bom teor de matéria orgânica, bem arejados, pH em torno
de 6,0 (5,0 a 6,5).
Preparo do Solo:
O feijoeiro é planta exigente e não deve ser plantado no mesmo terreno por mais de 2 anos
seguidos; os restos da cultura anterior devem ser incorporados ao solo e nunca queimados.
Para correção da acidez do solo e adubação amostras de solo devem ser enviadas a
laboratórios para orientar quantidades, tipos de corretivo e adubo e épocas de sua aplicação.
Correção da Acidez:
Com recomendações provenientes da análise de solos tipo e quantidade de calcário - este deve
ser aplicado antes da aração - metade da dose - e antes da gradagem - metade restante -
esparramado ao solo via aplicações manuais ou com aplicadores de calcários.
Movimentação do Solo:
Para facilitar germinação das sementes e aprofundamento das raízes indica-se aração e
gradagem.
A aração em terreno sem uso por muito tempo deve ser feita com arado de aiveca; em terrenos
trabalhados aração com 20 cm de profundidade é suficiente (segundo tipo de solo). A
69
gradagem é feita com grade niveladora de discos à profundidade de 10 cm. Essas operações
podem ser feitas com equipamentos tração animal ou tratorizada (segundo tamanho da área).
Épocas de Plantio:
Na Bahia planta-se entre outubro e janeiro (região de Irecê) e entre março e maio (região de
Ribeira do Pombal).
Sistema de Plantio/Espaçamentos/Covas:
Dois sistemas: feijão solteiro e feijão consorciado.
Cultivo Solteiro:
As fileiras devem estar espaçadas de 50 cm, com 14-15 sementes/m; em espaçamentos de 40
cm entre fileiras deve-se usar 10-12 sementes por metro corrido (linear) no plantio em sulco.
No plantio em covas, com espaçamento de 40 cm x 40 cm coloca-se 2-3 sementes por cova.
Dessa forma alcança-se a população de 200 mil a 240 mil plantas por hectare.
Cultivo consorciado:
Na Bahia o consorcio mais comum é feito com o milho. O milho deve ter espaçamento de 1m
entre fileiras e 4 plantas / metro linear enquanto o feijão é semeado nas linhas do milho com
10 plantas por metro.
Variedades Indicadas:
Para Bahia, Região Além - São Francisco - Aporé, Carioca, Epaba-1.
Região Nordeste/Paraguaçu - Epaba-1, Carioca, Mulatinho, Vagem Roxa.
Região de Irecê - Aporé, Carioca, Epaba 1.
Sementes:
Devem ser usadas com bom poder germinativo e de boa procedência. A germinação deve
estar em torno de 90%. Se possível usar sementes tratadas com fungicidas.
Adubação:
Caso haja possibilidade de utilização de esterco para adubação orgânica ele pode ser
incorporado ao terreno com antecedência de 30-40 dias. A adubação mineral, por
recomendação de análise de solos, deve conter NPK: metade do adubo nitrogenado mais
totalidade de adubo com fósforo e adubo com potássio devem ser aplicados ao solo (cova ou
sulco) antes do plantio. Em cobertura ao lado da planta a outra metade do adubo com
nitrogênio é aplicada antes da floração. A adubação básica, pré-plantio, deve ser feita a uma
profundidade de 15 cm. E a semeadura a 5 cm.
Tratos culturais:
Controle das plantas daninhas: importante manter a lavoura a limpo até início da floração. A
limpeza pode ser feita manualmente (enxada), com cultivador (tração animal ou tratorizada)
ou com herbicida. As capinas (manual e cultivador) devem revolver o solo até 3 cm de
profundidade.
Pragas e doenças:
De ordinário as pragas mais comuns são: Lagarta-elasmo (mariposa), larva-alfinete (besouro)
no solo. Vaquinhas (besouro), lagarta-da-folha (mariposa), acaro branco, cigarrinha verde,
70
mosca-branca, mosca minadora nas folhas. Lagarta (mariposa) e percevejo nas vagens.
Caruncho (besouro) no grão armazenado. O controle químico deve ser feito no momento em
que as pragas atinjam níveis de danos econômicos. Alguns produtos químicos defensivos
agrícolas indicados para controle de pragas de feijão são: cigarrinha e vaquinhas; carbaryl
(Carvim 85 M, Sevin 480 SC), fenitrotion ( Sumithion 500 CE). Mosca branca:
monocrotophos (Nuvacron 400) metamidofós (Tamaron BR). Acaro branco: triazophos
(Hostathion) tetradion (Tedion 80). Lagartas: Cloropirifós (Lorsban 480 BR) Carbaryl
(Carvim 85 M, Sevin 480 SC), triclorfom (Diplerex 50). Percevejos; fenitrotion (Sumithion
500 CE), triclorfom (Dipterex 50).
O feijoeiro é atacado por doenças causadas por fungos, bactérias, vírus e nematóide. O
controle das doenças é feito com plantio de variedades resistentes, de sementes livres de
doenças e de uso de produtos químicos. Pulverizações foliares protetoras com produtos
químicos com base química Benomyl (Benlate), Captan (Captan), Mancozeb (Manzate,
Dithane) tiofonato metílico (Cerconil) entre outros podem ser de utilidade. As doenças mais
comuns são ferrugem, antracnose, oídio, mela, tombamento, mosaico dourado.
Colheita:
A colheita do feijão pode feita: Manualmente: plantas pós arranquio são postas a secar, com
raízes para cima no solo e depois vão para o terreiro para a trilha c/ varas flexíveis. Semi
mecanizada: arranquio manual ou automotriz. Mecanizada: arranquio e trilha com maquina
colhedora-trilhadeira. Melhor colher o feijão pela manhã e em horas frescas; de ordinário o
feijão é colhido com 18% de umidade. O ciclo de produção dentre as variedades de feijão
situa-se entre 70 e 95 dias.
Armazenamento:
Para o armazenamento a curto prazo a umidade do feijão deve ficar em 14-15%; para
armazenamento a longo prazo a umidade deve ficar em torno de 11%. O ambiente para
estocagem deve ficar seco, fresco e escuro; se bem construídos tulhas e paióis são eficazes. Os
locais de armazenamento devem estar rigorosamente limpos (livres de resíduos de colheitas
anteriores) e os grãos tratados com produtos apropriados (fumigação e proteção). Para
comercialização o grão é acondicionado em sacos com 60 Kg de peso.
Cultura - Mandioca
Aspectos Gerais:
Planta é de origem sul-americana, da parte oriental tropical, de onde foi levada para a Ásia e
África. No Brasil existe cultivo da mandioca em quase todas as unidades da federação.
Produz-se no país acima de 24 milhões de toneladas de raízes/ano, principalmente nos estados
do Nordeste - que contribui com 49% para a produção nacional; - a Bahia contribui com cerca
de 17% da produção do Brasil e situa-se entre os principais produtores. O Brasil contribui
com 15% para a produção mundial.
Botânica/Descrição/Variedades: A mandioca é conhecida cientificamente, como Manihot esculenta, Crantz, Enphorbiaceae,
Dicotyledonae.
A palavra mandioca parece derivar da língua dos índios tupis - Mani (nome da filha de um
chefe) e oca = casa.
71
Na língua inglesa é manioc e em língua espanhola manioca.
A planta é um arbusto perene, resistente à seca, com raízes tuberosas (que acumulam amido)
de formato variado e em número de 5 a 20. O caule (sem ramificação no período vegetativo)
pé ereto, de cor cinza ou prateada ou pardo-amarelada; as folhas são simples, com 5-7 e
lóbulos, as flores unissexuadas masculinas ou femininas e o fruto é uma cápsula (tricoca) com
3 sementes e que se abre quando seco. A semente, parecida com a da mamona, contém óleo.
Há 2 tipos de mandioca: mandioca brava ou amarga e a mandioca doce ou mansa (aipim,
macaxeira).
Mandioca brava: contém a substância linamarina (no látex, notadamente na casca da raiz e nas
folhas) em teor elevado; essa substância transforma-se em ácido cianídrico (altamente tóxico)
no estômago do homem e dos animais. É de uso industrial.
Mandioca mansa: contém baixíssimo teor de linamarina podendo ser consumida ao natural
(uso culinário).
Obs.: há variedades de mandioca mansa cujas flores tem teor de linamarina mais alto que nas
raízes de mandiocas bravas. Cuidados devem ser tomados na utilização de folhas de
variedades mansas na alimentação animal.
- Conforme uso há variedades de mandioca para indústria, para a mesa, para forragem, mistas
(vários usos).
Ainda separa-se mandiocas segundo finalidades de uso: indústria (farinha, amido, raspas,
álcool), consumo humano(mesa) para forragem (raízes frescas e desidratadas, parte aérea
fresca e fenada), mistas (para farinha e forragem), e segundo o ciclo de colheita: precoces (10
a 12 meses), semi-precoces (14 a 16 meses) e tardias (18 a 20 meses).
As variedade (cultivares) para indústria devem ser precoces e de grande produtividade, com
elevado teor de amido (30%), com raízes cilíndricas, com película fina facilmente destacável.
As variedades para mesa devem ter baixo teor de ácido cianídrico (50 mg/kg de polpa fresca),
raízes curtas, grossas, com casca facilmente removível, polpa branca ou amarelada de odor
agradável, de cozimento rápido.
As variedades para forragem devem produzir grande quantidade massa verde (ramas tenras e
folhas), e raízes, devem ter teor baixo de ácido cianídrico, folhas persistentes, alta capacidade
de brotação pós corte, bom teor de proteínas.
Variedades indicadas para o Nordeste trópico sub-úmido: Mmex e Fio de Ouro (indústria),
Saracura e Abacate (para mesa) Maragogipe, Casca Roxa e Paraguai (mesa e forragem).
Variedades para o semi-árido: Platina (mesa, indústria e forragem fenada) para região de
Itaberaba; Branquinha (mesa) região de Irecê; Alagoana (mesa) para região de Ribeira do
Pombal e Caetité (mesa) para a região de Caetité.
Obs : aipins Maragogipe, Paraguai, Casca Roxa, Manteiga são indicados para consumo
humano e para forragem (raízes frescas e parte aérea fresca).
72
A composição química de 100g. de raízes de mandioca é: umidade (65g.), glucídios (30g.),
lipídios (0,8g.), protídeos (1,5g.), celulose (1,6), cálcio (0,2g.) fósforo (0,1g.).
Utilização da mandioca: A utilização da mandioca é feita através das raízes, do caule (maniva) e folhas.
Raízes: produzem farinhas (para mesa, para indústria) beijus diversos, tapioca (mingau,
cuzcuz, bolinho de estudante), puba ou carimã (mingau, amido, álcool etílico).
Da raiz do aipim faz-se aipim frito, aipim cozido, angu de aipim, sopa, bolinhos, mingau,
bolo, broa. Ainda a raiz é forragem de alto poder calórico.
Caule: é o principal órgão multiplicador da planta e presta-se também como forragem para
animais.
Folhas: frescas, sob forma de fenos e de silagem prestam-se ao forrageamento de animais e
até para alimentação do homem.
Necessidades da Planta: Clima: desenvolve-se bem em climas tropicais e sub-tropicais e é cultivada no mundo na
faixa compreendida entre 30º latitude norte e 30º latitude sul.
A planta medra em temperaturas entre 18e35ºC com faixa de 25 - 28ºC de temperatura media
anual como ideal para desenvolvimento e produção. As chuvas anuais devem estar entre 1.000
a 1.500mm. com suprimento adequado de chuvas para os primeiros 90 dias de vida da planta;
em alguns locais em condições especiais, a mandioca vive com menos de 600mm./ano de
chuvas. A planta requer alta luminosidade para desenvolvimento e produção.
Solos: devem ter topografia plana, com boa profundidade efetiva, arenosos a argilo-arenosos,
leves, frouxos, frescos bem drenados, pH entre 5,0 e 6,0. Evitar solos sujeitos a
encharcamento e solos massapés. Altitude até 2.000m.
Solos encharcados ou pesados podem induzir apodrecimento das raízes e dificultam seu
desenvolvimento.
Plantio:
Material de plantio: A escolha da variedade deve ser feita segundo objetivo da exploração
(alimentação humana, produção de amido ou para alimentação animal). Variedades diferentes
devem ser plantadas individualmente em áreas separadas.
As manivas devem estar maduras (apresentam queda de folhas da base para o topo
naturalmente), com 10-14 meses de idade. A maniva deve ter diâmetro de 2,5cm. (com
medula com 50% do diâmetro), verificando-se se há fluxo de látex logo após corte (denota
bom teor de umidade). Utilizar somente o terço médio da maniva.
A maniva deve ser cortada em pedaços de 20cm. de comprimento contendo pelo menos 5 a 7
gemas; o corte (com facão ou serra circular) deve formar angulo reto em relação a haste o que
facilita o enraizamento.
A quantidade de maniva para o plantio de 1 hectare de mandioca é estimada entre 4,0m3. e
5,0m3. 1 hectare da cultura com 12 meses de vida, produz hastes para plantio de 4 a 5
73
hectares. Um metro cúbico de hastes pesa 150Kg. e pode fornecer 2.500 a 3.000 pedaços de
maniva - semente com 20cm. de comprimento. -
Por fim a haste deve estar sadia, livre de pragas e doenças.
Preparo da área: áreas devem ser planas a suavemente onduladas (declividade máxima em
10%). A profundidade da aração deve ser 20cm. podendo-se utilizar a sequencia gradagem -
aração - gradagem.
Os sulcos de plantio devem ter 10cm. de profundidade; em terrenos sujeitos ao
encharcamento efetuar plantio em camalhões.
Correção do solo / adubação básica: em aso de necessidade de aplicação de calcário não se
deve aplicar quantidades acima de 1 tonelada/ha.. A mandioca parece tolerar certas condições
de acidez do solo.
Aumentos de produção da mandioca tem sido devidos à adubações orgânica e fosfatada (esta
indispensável para a maioria dos solos). Recomenda-se aplicação paralela de adubos contendo
nitrogênio e potássio (para maior efeito do fósforo).
Calagem: efetuar 60 dias antes do plantio aplicando-se metade da dose antes da aração e a
outra metade antes da gradagem incorporando a 20cm. de profundidade. Utilizar calcário
dolomitico.
Adubação: Os adubos fornecedores de fósforo (superfosfatos) devem ser aplicados no sulco
de plantio numa quantidade de 20 a 60Kg. de fósforo (P2O5) por hectare (110 a 330Kg. de
superfosfato simples) segundo recomendação de análise de solo.
O nitrogênio (N) deve ser colocado no sulco do plantio na quantidade de 30Kg. de N, através
de adubos orgânicos (6t. de esterco de curral ou 600Kg. de torta de mamona) se disponíveis.
Se torta aplicar 30 dias antes do plantio.
O potássio (K2O), deve ser fracionado em solos muito arenosos aplicando-se 50% na cova
junto do superfosfato (20 a 40Kg. de cloreto de potássio por hectare) e o restante em cobertura
junto ao nitrogênio (30-40 dias pós plantio).
Em cerrados recomenda-se aplicar também 20Kg. de sulfato de zinco/ha., na adubação de
fundação
Espaçamento: os melhores rendimentos em raízes tem sido obtidos pelo uso de espaçamentos
para plantio com 1m. x 0,5m. ou 1m. x 0,6m. (fileiras simples) e 2,0m. x 0,6m. x 0,6m. (
fileiras duplas); em solos férteis o espaçamento pode ser 1,2m. x 0,6m.
Para produzir ramas para ração animal usar 0,8m. x 0,5m. Segundo necessidades da
mecanização espaçamento de 1,2m. e até 3,0m.
Plantio: Planta-se mandioca em sulcos (abertos a enxada ou sulcador) ou covas (preparada
com enxada) na profundidade de 10cm. Utilizando-se a plantadeira mecanizada esta sulca,
aduba, planta e cobre a maniva. Em solos pesados (argilosos) e em regiões chuvosas
recomenda-se preparo de cova alta ou camalhões.
74
Planta-se a maniva - semente nas posições horizontal (facilita a colheita) vertical e inclinada
(45º); estas duas ultimas posições aumentam rendimentos em raízes mas dificultam a colheita
(raízes profundas).
O plantio deve ser feito no inicio da estação chuvosa.
Consorciação:
A mandioca pode ser plantada sozinha ou em consórcio com feijão (predominante), com
milho ou com feijão e milho. Também a mandioca é plantada com culturas perenes.
Mandioca x feijão: (comum ou macassar).
Feijão plantado intercaladamente nas fileiras de mandioca.
Espaçamento da mandioca 1m. x 0,5m. até 2,0m. x 1,0m. e espaçamento para feijão 0,6m. x
15 sementes por metro. linear de sulco ou 0,5m. x 0,2m.
Mandioca x milho: Em geral uma a duas fileiras de milho entre as de mandioca (fileiras
simples ou duplas). O milho tem espaçamento de 1m. x 0,2 ou 0,4m.
Mandioca x feijão x milho: Espaçamento entre fileiras de mandioca 1m. x 0,5m. até 2m. x
1m. com fileiras de feijão e milho alternadas, lançando-se três sementes por cova.
Para reduzir despesas na formação de culturas permanentes (citros, café, coco, dendê, banana
) usa-se consorcio com mandioca em fileiras duplas mais estreitas (0,6m. entre fileiras e 2m.
entre duplas).
Tratos culturais:
Controle de ervas daninhas: a mandioca sente muito a concorrência das ervas nos quatro
primeiros meses do ciclo (a partir de 20 dias após a brotação) e durante 100 dias a planta deve
estar livre da interferência do mato.
O controle de ervas é feito à enxada exigindo 2 capinas no período de 100 dias ou através do
emprego de cultivador mecanizado ou através do uso de herbicidas (a base de clomazone,
diuron, linuron, outros).
O controle integrado - herbicida + capina mecânica - é feito aplicando-se herbicida na linha
de plantio e cultivador mecanizado nas entre linhas; este tem sido o controle com custo mais
baixo.
O crescimento rápido da lavoura e o fechamento da cultura é uma ação complementar -
cultural - no controle de ervas.
Poda: nem sempre é recomendada. É justificável quando se necessitar material para plantios
de ramas para a alimentação animal, como proteção em áreas sujeitas à geadas e no caso de
alta infestação de pragas / doenças. A poda, se necessária, deve ser feita no inicio do período
chuvoso cortando-se a 15cm. de altura do solo em plantas com 10-12 meses de idade. A
colheita de raízes deve ser feita 4 a 6 meses após a poda.
As manivas podem ser conservadas em local fresco, com umidade moderada, sombreado,
protegido de ventos. As estacas com 0,8m. a 1,2m. podem ser dispostas verticalmente
75
(enterradas cerca de 10cm. em solo fofo e úmido), ou horizontalmente (quando as estacas
devem conservar a cepa).
Adubação em cobertura: trinta a quarenta dias após o plantio procede-se, em plantios
comerciais, a adubação em cobertura com 30Kg. de N (uréia 65Kg. ou sulfato de amônio
150Kg. por hectare) seguindo-se leve incorporação.
Pragas:
Mandarová: Praga de grande importância para a cultura. Lagartas consomem enormemente
as folhas nos primeiros meses do cultivo. As lagartas podem ter cores verde, castanho escuro,
amarela, preta.
Controle: boa preparação do terreno e controle adequado de ervas podem reduzir a população
do inseto. Em plantios pequenos costuma-se catar as lagartas; inseticida biológico à base do
Bacillus, Thuringiensis, é eficaz contra a lagarta até o seu 3º instar (3,5cm. de comprimento).
Outro agente biológico para o controle é o Baculovirus erinnyis preparado com lagartas
doentes encontradas no mandiocal.
Percevejo de renda: praga que ocorre na época seca; o adulto é de cor cinzenta e o jovem de
cor branca. São encontrados sugando a face inferior das folhas baixeiras e medianas.
Pontuações amarelas que se tornam marrom-avermelhadas na folha são sinais da presença do
inseto.
Controle: uso de variedades resistentes ou tolerantes ao percevejo e uso de inseticidas
fosforados (dispendioso).
Mosca-branca: os adultos são encontrados na face inferior das folhas da parte superior da
planta que sacudida, faz as moscas voarem. O inseto suga a seiva deixando as folhas
amareladas e encrespadas e cobertas com substância escura (fumagina). Folhas podem secar e
cair.
Controle: uso de cultivares resistentes ou tolerantes e uso de inseticida sistêmico - à base de
dometoato - (altas populações).
Ácaros: pragas mais severas que atacam a mandioca e encontrados em grande número na face
inferior da folha, notadamente na época seca. Os ácaros mais importantes são o ácaro verde
(tanajoá) e o ácaro rajado.
O verde suga a seiva de folhas em brotação no alto da planta deixando pontuações amarelas
nas folhas (que se deformam).
O rajado tem preferência pelas folhas na parte media e basal da planta, sugam a seiva
deixando pontos amarelos na base da folha e ao longo da nervura central.
Controle: umidade relativa alta e contínua da e chuvas ajudam a reduzir as populações das
pragas; o uso de variedades resistentes e/ou tolerantes, destruição de outros hospedeiros,
destruição de restos de cultura são também ações de controle.
Formigas: podem atacar as folhas e gemas desfolhando a planta; a perda das folhas reduz teor
de amidos. O ataque da formiga dá-se nos primeiros meses do ciclo (vida) da mandioca. Logo
que se observa folhas cortadas iniciar o controle pelo uso de formicidas granulados (iscas)
76
colocadas ao longo dos "caminhos" das formigas (épocas secas) ou fumigação de
formigueiros (época chuvosa).
Doenças: Bacteriose: doença mais importante da mandioca, é fator limitante da produção. Murchas das
folhas novas, seguida de morte da planta além do escurecimento e obstrução dos vasos são
sintomas. Manchas angulares aquosas também aparecem e que resultam em coloração parda
da folha.
Controle: uso de material sadio no plantio, uso de variedades resistentes ou tolerantes, rotação
de cultura, evitar transporte de material contaminado para áreas sem a doença.
Antracnose: Doença por fungo que provoca morte dos ponteiros das hastes que mostram
lesões elípticas com pontuações róseas na região central. Em plantas jovens a doença causa
seca descendente das hastes.
Controle: uso de variedades tolerantes, poda da parte afetada e aplicação de fungicida à base
de mancozeb ou cobre.
Podridão das raízes: causada por vários fungos de solo que podem atacar a cultura ao longo
do ciclo. Podridão mole (com odor forte), podridão seca (cor negra), falhas na germinação são
sintomas da doença.
Controle: uso de variedades tolerantes, seleção rigorosa do material de plantio, cultivo em
sistema de camalhão, rotação de culturas.
Superbrotamento: o sintoma básico é brotação excessiva na região das gemas (dezenas de
brotos saindo de um só ponto). Esses brotos são raquíticos e finos com cor amarelada (ataque
severo). Pode comprometer quase que totalmente a produção de raízes, de farinha, de ramas
para plantio.
Controle: evitar introdução de material doente em áreas sem a doença, eliminar plantas
doentes dentro da lavoura. Selecionar material sadio para o plantio e uso de variedades
tolerantes.
Colheita: Operação que onera os custos de produção;pode ser feita com as mãos ou com auxílio de
ferramentas (enxada, enxadeta e picareta). A poda das ramas a 20 a 30cm. de altura do solo é
seguida pelo arranquio das raízes. Um homem colhe de 800 a 1.000Kg. de raízes em 8 horas
de trabalho. Existem equipamentos mecanizados para a colheita da mandioca.
Colhidas as raízes devem ser amontoadas em locais dentro da lavoura e serem apanhadas em,
no máximo, 24 horas e transportadas em cestos, caixas, sacos, grades de madeira para local de
beneficiamento.
Para indústria ou alimentação animal indica-se a colheita na segunda fase do ciclo (maior
produção de raízes e amido).
De ordinário o ciclo das variedades indica época de colheita.
Os aipins para consumo humano podem ser colhidos entre o 8º e 10º mês do ciclo. A
produção de raízes é de 10 a 25 toneladas por hectare podendo chegar a 45 toneladas.
77
Cultura - Maracujá
Aspectos Gerais:
Tem como origem a América Tropical; onze países do mundo (1993) são responsáveis por 80
a 90% da produção dentre eles Brasil, Peru, Venezuela, África do Sul, Sri Lanka, Austrália.
Mais da metade da produção mundial é exportada sob a forma de suco concentrado. Quênia e
outros países africanos exportam fruta "in natura" (fresca). Sulcos e polpas são produzidos
pelo Brasil, Colômbia. Peru, Equador, Venezuela, Costa Rica, entre outros.
O Brasil destaca-se como maior produtor mundial ressaltando-se os estados do Pará (8.000
ha), São Paulo (4.300 ha) Minas Gerais (4.000), Bahia (3.500), Rio de Janeiro (2.500) como
principais produtores nacionais. No período 1990 - 1993 produziu (média) 221.570 t, de área
colhida (média) 30.323 ha e com rendimento (médio) de 7.312 Kg/ha. O Nordeste brasileiro
contribuiu, em 1993, com 34% para a produção nacional e a Bahia com 12,86% da produção
em área colhida de 18,76% (1993).
A participação do Brasil no mercado internacional vem caindo por concorrência forte dos
países Colômbia, Peru e Equador na exportação de sucos.
- As principais regiões baianas produtoras de maracujá (média 1990-94 IBGE) amarelo
foram: Nordeste (13.438 t), litoral Norte (10.863 t), Sudoeste (2.030 t), Extremo Sul (1.923 t
), Litoral Sul (1.056 t). Dentre delas destacam-se os municípios produtores de Nova Soure,
Itapicuru, Rio Real, Satiro Dias e Inhambupe.
A Bahia exportou, em 1966, suco concentrado para diversos países como Países Baixos
(73%), Estados Unidos (14%) seguindo-se Israel, Porto Rico, Canadá, Formosa, Argentina,
Uruguai.
É fruteira predominante em pequenos pomares de 1 a 4 hectares.
Botânica/Descrição/Espécies Importantes:
O maracujazeiro é planta dicotiledônea da família Passiflorácea onde destaca-se o gênero
Passiflora com 3 espécies importantes economicamente: Passiflora edúlis Sims f. flavicarpa
Deg - o maracujá amarelo ou azedo ou peroba -, P. edúlis Sims - a maracujá roxo e o P. alata
Ait - o maracujá doce.
É uma planta trepadeira, sub lenhosa, de crescimento vigoroso continuo; sistema radicular é
pouco profundo, caule trepador, folhas lobadas e verdes com gavinhas (órgão de sustentação)
gema florífera e gema vegetativa (origina rama) na axila da folha.
Entra em floração com 4-5 meses de vida. A flor é hermafrodita com estigmas localizados
acima das anteras (dificultando a polinização); o fruto - o maracujá - tem formato variado -
globoso, ovóide oblongo, piriforme, peso 30 a 300g, 9cm de diâmetro - cor variada - amarela
roxa, esverdeada, avermelhada - Quando maduro, o fruto desprende-se e cai ao chão. A polpa
do fruto, de cor amarela à laranja, envolve sementes numerosas, ovais, pretas, em número de
200 por fruto; 1g de semente contém 45 sementes. O fruto murcha após 6 dias de caído. O
suco do fruto tem acidez, elevada (maracujá amarelo), acidez, média (maracujá roxo e acidez
baixa (maracujá doce), e sabor e aroma agradáveis. É rico em vitaminas e possui propriedades
sedativas.
78
A composição química do suco é (por 100 gramas): Brix (13 a 15º), calorias (54 a 90),
glicídios (92,2g), proteínas (2,2g), lipídios (0,7g), cálcio (13g), fósforo (17g), ferro (1,6g),
potássio (360mg), vit. A (70mcg), vit. B1 (150mcg), vit. B2 (100mcg), vit. C (15,6mcg).
- As espécies importantes possuem as seguintes características:
Maracujá Amarelo: é a espécie de maior interesse comercial, é a mais cultivada (95% da
área) no Brasil, a mais vigorosa, mais adaptada aos dias quentes. Planta com caule circular,
apresenta polinização cruzada, predominantemente (responsável por frutificação tamanho do
fruto e % de suco).
Fruto completa desenvolvimento em 18 dias e amadurece em 80 dias (pós abertura da flor);
tem formato ovóide (alguns oblongos), peso de 70-130g.. O fruto maduro possui casca fina,
cor amarelo-canário, polpa ácida, suco amarelo a amarelo-alaranjado. A planta tem produção
entre 12-15t./ha mas tem potencial para produções de 30-35t./ha. Fruto com 30% de
rendimento em suco.
Maracujá Roxo: espécie mais indicada para regiões de altitude maior e climas frios. Frutos
ovóides ou globosos, coloração purpúrea quando maduros, peso de 60 a 100 gramas, com
rendimento e qualidade do suco semelhantes aos do maracujá amarelo e suco com maior % de
açúcar e maior teor em sólidos solúveis (brix), acidez menor (suco mais "doce"),
potencialidade de produção 30-40t./ha.
Maracujá Doce: Planta trepadeira, vigorosa, com caule quadrangular, as flores permanecem
abertas durante o dia (abrem-se pela manhã e fecham-se à noite). Frutos ovais ou periformes ,
peso 80 a 300g., polpa com sabor "doce acidulado" (enjoativo se tomado como refresco),
próprio para consumo como fruto fresco. O rendimento em suco é menor que o do amarelo
(14-20%), possui baixa acidez. É muito apreciado pelos consumidores europeus por boas
características (tamanho, cor externa e aroma).
Existem cerca de 530 variedades tropicais e sub-tropicais de maracujazeiro sendo 150 nativas
do Brasil e 60 delas produzem frutos que podem ser aproveitados na alimentação.
Floração/Polinização/Frutificação:
A flor do maracujá tem 5 estames e três estigmas em plano superior aos estames o que
dificulta a polinização; a autofecundação é rara (auto-incompatibilidade) e produz frutos
menores com poucas sementes, A polinização predominante é feita por insetos (mamangavas)
com pólen de outra flor (polinização cruzada). A produção de flores sempre se da em ramos
novos do ano que favorece podas). Em regiões quentes (Bahia) não há paralisação de emissão
de flores no inverno. As flores (maracujá amarelo) abrem-se depois das 12 horas e fecham-se
em torno das 18 horas e maracujá-doce entre 5 horas e 18 horas. O mais importante agente
polinizador é a mamangava (abelha grande cor preta e amarela) insetos não sociais, com
ninhos na madeira mole; a preservação da mamangava e incremento da sua população é feito
pela construção de abrigos usando tocos secos de bambu e pelo plantio de plantas que
produzem flores atrativas como hibriscus, corriola (Ipomoea) e cássia (Cássia sp).
Paralelamente os defensivos agrícolas só devem ser aplicados cedo, pela manhã. Em áreas
acima de dez hectares recomenda-se a polinização artificial; o homem utiliza-se de dedeiras
de flanela para a polinização nas épocas de maior floração em um dos lados da fileira de
maracujazeiro (plantio orientado, sentido norte-sul) entre as 13 e 15 horas.
79
Irrigações via aspersão e pivot central devem ser feitas pela manhã ou final da tarde ou a
noite; em períodos de chuvas intensa espera-se redução no índice da frutificação.
O rendimento da polinização artificial é de 50 flores por minuto, 2 a 3 pessoas polinizam 1
hectare por tarde. Obtêm-se valores de 60-80% de rendimento (frutificações). Deve-se efetuar
a polinização cruzada desde o inicio da floração (e não concentrá-la nos picos da florada) e
saber que a flor do maracujá amarelo permanece disponível por 4 horas para a polinização. A
safra dura 10 meses no Nordeste.
Após a abertura da flor o fruto alcança máximo desenvolvimento no 18º dia, maturação
completa no 80º dia e ponto de colheita entre 50º e 60º dia (máximo de peso, maior índice em
Brix). Plantas eleitas para colheita de frutos para sementes devem ter flores com alta
percentagem de estiletes curvos (flores TC).
Usos do Maracujazeiro:
Folhas e raízes contém uma substância semelhante à morfina - a passiflorina - muito usada
como calmante. As folhas são usadas, também, para combater as febres intermitentes, as
inflamações cutâneas e a erisipela.
- Casca do fruto e sementes prestam-se à alimentação animal.
- A polpa que envolve sementes presta-se ao preparo de refrescos, pudins, sucos, sorvetes,
batidas, musse e molhos (para acompanhar carnes, aves e peixes); industrialmente produz-se
sucos concentrados.
- Com polpa branca (aderente a casca) e o suco prepara-se maracujada, geléia de maracujá,
compota de maracujá.
- A composição do suco do maracujá é a seguinte: calorias (51 a 53), proteínas (0,39 a 0,67g),
carboidratos (13,6 a 13,7g), gordura (0,05g), cálcio (3,6-3,8mg), fósforo (12,4-24,6mg), Vit.
A (717 a 2.410mg).
Clima e Solos:
Clima: O maracujazeiro é planta de clima quente e úmido medrando bem em regiões de clima
tropical e sub-tropical; a planta não resiste à geadas notadamente o maracujá amarelo e não
frutifica sob temperaturas baixas.
- Temperatura: ideal para desenvolvimento frutificação em 25-26ºC, para frutificação a
temperatura de 26ºC é ideal.
- Chuvas: precipitação pluviométrica ideal entre 1.200 mm a 1.400 mm bem distribuída ao
longo do ano é adequada para o maracujazeiro (limites 800 mm a 1.700 mm / ano);
precipitações intensas em picos de floração dificultam a polinização por romper-se o grão de
pólen e por afastar os insetos polinizadores. De ordinário a água é fator importante para a
frutificação.
- A umidade relativa do ar deve ser baixa; a luminosidade deve ser alta (planta necessita de 11
horas de luz / dia para entrar em floração para produção de frutos com ótimo aspecto, sabor e
aroma; ventos não devem ser fortes ou frios ou quentes e secos. Planta de dias longos.
Solos: A planta desenvolve-se em diferentes tipos de solo-preferencialmente os areno-
argilosos com bom teor de matéria orgânica – desde que sejam profundos, férteis e com boa
80
drenagem, com pH entre 5,0 e 6,5. Evitar solos arenosos e argilosos de baixa fertilidade e com
pH abaixo de 5. Medra bem em regiões com altitude entre 100 e 900 m e em terrenos planos a
ligeiramente ondulados.
Em locais sujeitos a ventos fortes estabelecer barreira quebra-ventos; ela proteger, a área de
plantio equivalente a 15 a 20 vezes a altura da planta adulta. Bambu, eucaliptos, hibiscos,
capim napier são algumas espécies que podem constituir barreiras quebra-ventos.
Propagação do Maracujazeiro/Formação de Mudas:
Propagação: A propagação utilizando-se sementes (produção de pé de franco) é o método
usual para atender ao estabelecimento de pomares comerciais. Os métodos de propagação
vegetativa são: estaquia (estacas lenhosas maduras com 20-25 m de comprimento e diâmetro
igual ao lápis, enraízam bem); mergulhia e enxertia, ainda não bem estudadas, não são
utilizadas para plantios comerciais.
Obtenção de sementes:
- Frutos: os frutos fornecedores de sementes devem ser grandes ovalados, casca fina, cor
amarelo-intensa, bem conformados, sadios, maduros com grande quantidade de polpa
alaranjada; esses frutos devem ser oriundos e plantas sadias (sem pragas / doenças), de alta
produtividade, precoces, vigorosas. Deve-se colher poucos frutos em várias plantas
selecionadas (nunca abaixo de 20 plantas).
- Sementes: coletados os frutos são cortados em duas metades donde retira-se a polpa (com
sementes) que é depositada em recipiente de vidro ou louça e deixada a fermentar ( sem
adição de água) por 2 a 4 dias à sombra. Fermentada a polpa é lavada em água corrente sobre
uma peneira o que separa semente da mucilagem; coloca-se as sementes em recipiente com
água mexendo-se para que fiquem em suspensão e elimina-se as que boiarem após 25
minutos. Escoa-se a água, coloca-se as sementes, em camadas finas sobre papel absorvente
(jornal) ou tecido para secar á sombra por 2 a 3 dias.
Se não utilizadas após sua obtenção as sementes podem ser armazenadas em sacos plásticos
(donde retira-se a maior parte do ar) por três meses em condições ambientais; para
armazenamento por até 12 meses as sementes são colocadas em sacos de papel, estes
colocados em sacos plásticos e mantidos na parte inferior de geladeira doméstica (5ºC-10ºC).
Antes do armazenamento a semente pode ser tratada com mistura de 1 g de oxicloreto de
cobre + 1 g de carbaryl por kg. de semente.
1 (um) quilo de sementes é suficiente para formar 15.000 mudas (colocando-se 3 sementes
por recipiente). A germinação da semente pode dar-se entre 15 a 30 dias pós semeio (2 a 4
semanas).
Formação de mudas via sementes: Mudas em sacolas de plástico:
- O viveiro deve ser instalado em local de fácil acesso, em terreno com boa drenagem,
arejado, exposto ao sol, próximo a fontes de água de boa qualidade, em terrenos planos a
levemente ondulados livre de plantas adultas. A maior dimensão do viveiro deve acompanhar
o sentido Norte-Sul; a altura mínima da cobertura do viveiro deve ser 1,5 m (ideal 2,0 m) e ela
deve deixar passar 50% da insolação. O viveiro deve estar protegido de animais domésticos.
- Os recipientes são sacolas de plástico de coloração preta com furos no terço inferior com
dimensões 14 cm X 28 cm X 0,02 cm (espessura)ou próximas com capacidade para 8 a 12
81
litros. Essas sacolas são enchidas com mistura (substrato) de terra, esterco, areia, outros. As
sacolas cheias são dispostas em canteiros (encanteiradas) com máximo de 1,2 m de largura;
cada metro quadrado de canteiro deve comportar, em média, 120 sacolas. Entre os canteiros
deve haver espaços (ruas com 0,5 m de largura) para facilitar tratos e retirar sacolas.
- O substrato para enchimento das sacolas pode ser constituído por: terra de barranco (2
partes), esterco de curral bem curtido (2 partes) uma parte de material volumoso curtido
(serragem, bagaço de cana ) ou três partes de terra (de mata), 1 parte de esterco de curral e 1
parte de areia; a cada metro cúbico de substrato, adicionar 2 quilos de calcário dolomítico, 1,0
Kg de superfosfato simples e 0,5 Kg de cloreto de potássio . A mistura deve ser peneirada e
disposta em camada, ser levemente umedecida e disposta em canteiro de 20cm. de altura
sobre superfície cimentada para ser submetida ao tratamento de esterilização com brometo de
metila, sob lona, com dose de 150cm3 do brometo para cada m
3 de substrato em exposição por
72 horas, deixando-o o canteiro exposto ao ar por 24 horas pós tratamento.
OBS.: caso não haja possibilidade de tratamento com brometo pode-se preparar PCNB 75 PM
400g./100 litros de água) e regar as sacolas 48 horas antes do semeio com 2l. de calda/sacola.
Cada m3 de substrato é suficiente para encher 580 sacolas de plástico; o enchimento deve ser
feito 30 dias antes do plantio.
- O enchimento da sacola é feito manualmente; no ato deve se bater levemente com a sacola
no chão para compactar o substrato e manter a sacola de pé. Deixar os sacos em repouso por
30 dias molhando-os regularmente, para assentamento natural do substrato.
- A semeadura é feita colocando-se 3 sementes por sacola a 1cm. de profundidade cobrindo-as
com o substrato. Dependendo da temperatura rega-se 2 vezes/dia até a emergência das
plantinha; depois rega-se só uma vez por dia, passando a dias alternados ou mais segundo
desenvolvimento da muda. Tenha-se o cuidado de não encharcar o substrato.
- As regas devem ser efetuadas se necessárias em duas ocasiões, cedo pela manhã e no fim da
tarde; a partir de 15 dias antes do plantio em campo espacejar a irrigação.
- A cobertura deve ser retirada gradativamente, a partir do aparecimento da 1ª folha
verdadeira; uma semana antes do plantio as mudas deverão estar em pleno sol. Efetuar
desbaste cortando com tesoura, plantinhas mais fracas, quando as plantinhas tiverem 2 folhas
verdadeiras, deixando a mais vigorosa.Capinas manuais devem ser feitas e as plantinhas
devem ser conduzidas em haste única.
- Controlar pragas (lagartas de folhas, besourinhos) com pulverizações preventivas com
malatiom 50 E (25ml em 17 litros de água) aplicados a 10m2 de canteiro a cada 15 dias;
caldas de mancozeb (20g./17l. água) podem ser pulverizadas em cada 10m2 a cada 15 dias.
Caso haja tombamento de mudinhas reduzir irrigação e eliminar plantas doentes; em caso de
verrugose eliminar todas as mudas.
- Entre 60/80 dias (verão/inverno) pós-emergência, planta com 15/25 a 30cm. de altura, entre
a formação da 7ª folha verdadeira e emissão da 1ª gavinha, a muda estará apta ao plantio em
campo.
Exigências Nutricionais/Adubações: As raízes do maracujazeiro concentram-se num raio de 50cm. em torno do caule e até
30/40cm. de profundidade. A absorção de nutrientes intensifica-se a partir de 250º dia
82
de vida (estádio de pré - frutificação).
Além de nitrogênio, fósforo e potássio (NPK) a planta necessita de cálcio, fósforo e enxofre
além dos micronutrientes manganês, ferro, boro, zinco e cobre (por ordem de
importância).Os requerimentos dos principais elementos para nutrição do maracujazeiro é:
Nitrogênio (N): 30 a 300g de N/planta/ano aplicados fracionados em 4 a 8 parcelas em
cobertura segundo chuvas; a parcela maior deve ser aplicada aos 250 dias de vida.
Fósforo (P2
O5); 40, 80 a 120g. de P
2O
5/planta/ano segundo diversos índices de fósforo
no solo; aplica-se 2/3 na cova e restante 1/3 em cobertura na floração.
Potássio (K2O); 160, 320 a 480g. de K
2O/planta/ano com aplicação de ¼ na cova e
restante em 3 aplicações anuais em cobertura junto ao nitrogênio.
Cálcio (OCa) e Magnésio (MgO); geralmente fornecidos pelo calcário dolomítico
aplicado à área total ou na cova.
Enxofre (S): fornecido no superfosfato simples ou através de gesso agrícola aplicado
junto ao calcário.
Micronutrientes: pode aplicar 20g. de sulfato de zinco e 10g. de bórax na cova junto à
adubação de fundação (da cova) ou podem ser usadas formulações completas de
micronutrientes (FTE) na dose de 50g./planta; em culturas em produção aplicar o FTE na
primeira parcela anual de NPK (inicio das chuvas). Ainda pode usar a solução de 0,3% de
sulfato de zinco, 0,1% de ácido bórico, 0,5% de uréia e se necessário, 0,01% de molibidato de
amônio em pulverização foliar.
Para a Bahia indica-se uso dos seguintes níveis de nutrientes: Quadro. Recomendações para
adubação do maracujazeiro (em função de análise de solos).
Análise Nutrientes Plantio
Em
cobertura
1º,2,3ºano
N(Kg/ha)
Nitrogênio Mineral 20 80 160
120
Orgânico 30 - - -
Fósforo
no
solo(1)-
ppm.
P2O5
(Kg/ha)
Até 6 40 60 90 -
7-13 30 30 40 -
14-20 20 20 30 -
Potássio
no solo(1)
ppm
K2O)
(Kg/ha)
Até 30 40 60 120
83
100
31-60 30 50 100 80
61-90 - 40 80 60
1. Mehlich
Fonte: Comissão Estadual de Fertilidade do Solo 1989 - Bahia
Produtividade esperada: 6-8t/ha (1ºano), 14-16t/ha (2ºano), 10-12T/ ha (3ºano)
Nos pomares em formação as aplicações de adubos em cobertura devem ser feitas em faixa de
20cm. de largura ao redor da planta e distante 10cm. dela (aumentando com idade do pomar).
Em pomares adultos em faixa de 3m. de comprimento por 1m. de largura (distante do caule)
de ambos os lados da planta. O solo deve ter bom índice de umidade.Os adubos orgânicos são
empregados na cova utilizando-se preferencialmente o esterco de curral bem curtido (20-30
litros) ou esterco de galinha ou torta de mamona (5 a 10 litros) 30 dias antes do plantio.As
coberturas com fertilizante: 1º ano: nitrogênio (60 dias pós plantio, na floração, 90 dias pós
floração); potássio (na floração e 90 dias após). 2º / 3º anos: nitrogênio e potássio devem ser
aplicados na floração, 90 dias e 180 dias após.
Fósforo: 1º e 2º ano dose única no período da floração.
Em caso de impossibilidade de contar com análise de solo usar a seguinte indicação:
Quadro : Indicação de adubação para maracujazeiro.
( gramas/planta )
Adubo Plantio(1) 1º
ano
(2)
2º
ano
(2)
Esterco 15
litros(3)
- -
Uréia - 65 65
Superfosfato
simples
170(3) 170 220
Cloreto de
potássio
100(3) 50 50
(1) Na cova de plantio: (2) por vez em três aplicações; (3) 30 dias antes do plantio. Fonte:
EPBA Circular Técnica nº 9, nov./1998
Se deseja-se produzir no 3º ano reduzir as quantidades de adubo para ¾ da do 2º ano.
Implantação do Pomar:
- Escolha da área/trabalhos iniciais:
84
- De preferência terrenos planos a levemente ondulados; em terrenos com declividade suave a
moderada usar plantios em nível; para os acidentados usar banquetas individuais para as
mudas.
- Plantar em áreas protegidas de ventos ou alinhar plantio na direção do vento dominante para
reduzir danos à planta. Usar, se possível, áreas já trabalhadas para outras lavouras.
- Coletar amostras de solo a 0-20cm. e 20-40cm. de profundidade com antecedência hábil
(150 dias antes plantio) e enviar a laboratório.
Preparo do Solo:
- Arações a 20-30cm. de profundidade em terrenos pesados seguida de 2 gradagens cruzadas;
em terrenos leves basta operações com gradagens. Em caso de aplicação de cal calcário em
área total aplicar metade da dose antes da aração e a outra metade antes da 1ª gradagem. Essas
operações devem ser realizadas, 90-60 dias antes do plantio.
Solo úmido esfarelando (após comprimido) com toque do dedo indica ponto ideal para aração.
Espaçamento/Condução/Coveamento/Adubação:
- O espaçamento está condicionado ao plantio em grandes áreas - que indicam uso de
mecanização e em pequenas áreas - uso de tratos manuais -.
Para grandes áreas usa-se espaçamento de 5 ou 3m. entre plantas por 3m. entre fileiras; para
pequenas áreas 3m., entre plantas por 2,5 a 2,0m. entre fileiras. A densidade de plantas é,
respectivamente, 666 plantas (5x3), 1.111 plantas (3x3), 1.333 plantas (3,0 x 2,5) e 1.666
plantas (3,0 x 2,0). Orientar plantio sentido Norte-Sul.
- Condução: planta semi-lenhosa, o maracujazeiro precisa de suporte para vegetar e produzir
satisfatoriamente. Para tal pode-se construir espaldadeira vertical (com 1 a 3 fios de arame),
espaldadeira em T (com 2 a 3 fios de arame) e caramanchão ou latada. Fácil de construir, de
custo mais baixo, e por propiciar boas condições para tratos na planta, a espaldadeira vertical
é eleita.
Espaldadeira vertical: é uma cerca formada por postes (mourrões, estacas) com 2,5m. de
comprimento, enterrados 50cm. no solo espaçados de 5 em 5m. (4a6), com 1,2,3 fios de arame
liso nº 12 - superior deve ficar a 2,0m. de altura do solo e os outros 40cm. espaçados entre si -
. Para regiões onde há ventos fortes usar 2 fios de arame em vez de um. As linhas de plantio
devem ter 60m. de comprimento deixando espaço de 3-4m. para movimentação do pomar.
Mourões devem ter a parte superior chanfrada (para escorrer água) e a parte a ser enterrada
descascada e tratada com pixe.
Os mourões de calibre maior devem ser colocados no meio e nas extremidades da
espaldadeira. O arame superior deve ser fixado 10cm. abaixo do topo do poste.
- As covas devem ser abertas nas filas entre as estacas da espaldadeira, com dimensões 40cm.
x 40cm. x 40cm.. Na sua abertura separa-se terra retirada dos primeiros 15cm. de
profundidade. Essa terra é misturada ao esterco, calcário e adubos químicos, lançada no fundo
da cova. Enche-se a cova; essa operação deve ser efetuada 30 dias antes do plantio.
Plantio:
- Deve ser feito no início da estação chuvosa em horas frescas do dia; retirar envoltório de
plástico colocar torrão no centro da cova com sua superfície nivelada à superfície da cova.
85
Irrigar com 15 litros de água e colocar tutor - vara fina de bambu ou barbante - fixada para
conduzir o ramo principal até o arame mais elevado da espaldadeira. Se possível colocar
capim seco (sem sementes) ou palha em volta da muda.
Tratos culturais:
- Indica-se controle de ervas daninhas através de capinas à enxada ou química na linha e uso
da roçadeira na entrelinhas; para evitar danos a planta fazer arranquio manual de ervas
invasora num raio de 50cm. em volta da planta. Herbicidas podem ser pré ou pós emergentes
(evitar contato com a planta); produtos à base de diuron e glifosato são indicados bem como
paraquat, dalopon. Evitar uso da grade, enxada rotativa e carpideira. 15 dias pós plantio
inicia-se poda de formação; a planta deve ser conduzida em haste única – deve-se eliminar
periodicamente as brotações laterais. Ao atingir altura de 10cm. acima do último fio de arame,
deve ser eliminado o broto terminal para estimular o crescimento de brotos laterais. Esses
brotos são conduzidos em sentido contrários na posição horizontal em direção aos fios sendo
aí fixados. Na espaldadeira vertical tem-se 2 brotações opostas laterais por fio.
Posteriormente estes brotos deverão ser despontados para forçar o desenvolvimento de gemas
laterais que formarão os ramos produtivos; as ramificações que surgem em direção ao solo
devem ficar livres (elimine-se as gavinhas que aparecem na haste e ramos descendentes) para
facilitar o arejamento e penetração de luz importantes na produção e redução do ataque de
pragas/doenças.
- no período da entressafra deve ser feita uma poda de limpeza quando retira-se todos os
ramos secos e/ou doentes para melhor aração da folhagem e diminuição do risco de
contaminação de novas brotações:
- A poda de renovação tem sido recomendada com restrições pois não aumenta a produção
mas facilita penetração de luz, ar e defensivos, melhores frutos, permitir renovação dos ramos
(elimina ramos velhos e doentes); a planta deve estar bem adubada e com solo úmido. Poda-se
os ramos produtivos próximo a haste horizontal; em seguida pulveriza-se com fungicida
oxicloreto de cobre e mancozeb, alternadamente, a cada 10 dias.
A poda elimina a ramagem 40cm. abaixo do arame.
Irrigação:
- Na região Nordeste, sem limitações de luminosidade e temperatura, o déficit hídrico é fator
limitante; a irrigação pode antecipar o início do período produtivo. A irrigação pode ser feita
por métodos como gotejamento (4 gotejadores por planta espaçados de 50cm.), aspersão (por
pivot existente para sementes/grãos), e em sulcos (por queda natural). Gotejamento e sulcos
tem sido as melhores opções.
É importante que a lavoura não seja submetida a nenhum stress hídrico.
Pragas:
Lagartas das folhas; Dione juno juno, Agraulis vanillae vanillae – Lepidóptera.
Dione: adulto é borboleta amarelada com margens das asas pretas; a lagarta é escura, com 30
a 35mm. de comprimento e corpo coberto de espinho. Vive de forma gregária (em grupos). O
adulto coloca ovos agrupadamente (70-130) na face inferior da folha.
Agraulis: adulto é borboleta cor alaranjada com manchas pretas nas asas; adulto põe ovos,
isoladamente na face inferior das folhas e no caule. A lagarta madura (30mm.) tem cor
86
amarelada com corpo coberto por espinhos.As lagartas alimentam-se das folhas, retardam o
crescimento da planta o que afeta a produção; desfolhamento sucessivos causam morte da
planta. As lagartas da Dione pode raspar a casca dos ramos, também.
Controle: em áreas pequenas catar e destruir ovos e lagartas; em áreas extensas há
recomendação de pulverizações de calda contendo Bacillus thuringiensis (Dipel PM,
Thuricide) na dosagem de 100g. do produto comercial/100l. água – 300 a 600g. por hectare
em aplicações semanais. A lagarta morre 3 a 5 dias depois.
Outros lagarticidas indicados são carbaryl 85 PM (Carvim, Sevin) Triclorfom 50 S (Dipterex).
Broca da haste (broca do maracujazeiro): - Philonis passiflorae, Cooleoptera.Adulto é
besouro cerca de 5mm. de comprimento e coloração marrom com manchas amareladas no
dorso; a fêmea ovipõe no ramo. A lagarta é branca, sem pernas, desenvolve-se no interior da
planta formando galerias na haste e nos ramos. Externamente nota-se, na planta, aparecem
dilatações nos ramos que podem partir-se longitudinalmente. Ataque à haste principal causa
morte da planta.
Controle: a ocorrência mais freqüente dá-se em plantios novos localizados em áreas recém-
desbravadas, na periferia da plantação.Vistorias periódicas podem identificar focos iniciais de
infestação quando se recomenda poda e queima de ramos atacados. Em infestação da haste
principal utilizar fosfeto de alumínio (Gastoxim pasta) ou injeção com paration metílico
(2ml.). Pode-se, também, pincelar haste principal com inseticida (ação de contato ou de
profundidade).
Percevejos: Diactor bilineatus, Holumenia clavigera, Leptoglossus gonagra, Hemiptera.
Diactor: cor verde-escuro com manchas alaranjadas e pernas traseiras com expansão em
forma de folha.
Holymenia: bastante ágil, tem cor escura com manchas alaranjadas, antenas pretas com
extremidade branca.
Leptoglossus: percevejo do melão-de-S. Caetano, cor marrom, ultimo par de patas com
expansões laterais. Percevejos sugam a seiva de todas as partes da planta ocasionando queda
de botões florais e frutos novos além de murchamento dos frutos desenvolvidos.
Controle: em áreas pequenas com catação de ovos, formas jovens e adultos, manutenção do
mato roçado, eliminação de melão-de-S. Caetano.
Em áreas grandes pulverizações de caldas inseticidas, contendo fentiom 50 E a 0,1%,
triclorfom 50 S a 0,24%, malathion 50 E a 0,25%, endolsulfam 35 E a 0,2%.
Mosca das frutas: Anastrepha spp., Ceratitis capitata, Diptera, Tephridae.
Adultos da Anastrepha são amarelos com 2 manchas amareladas nas asas, 6,5 a 8mm. de
comprimento; adultos da Ceratitis são amarelados com asas de tonalidade rosada e medem 4-
5mm. de comprimento.As fêmeas ovipõe em frutos ainda verdes causando seu murchamento
antes da maturação ou com destruição da polpa e queda de frutos.
87
Controle: catação e enterrio de frutos atacados, plantio em áreas distante de cafezais; aplicar
de 15 em 15 dias 100 a 200ml./planta, uma calda contendo 5kg. de melaço, 250ml. de Malatol
em 100l. de água pulverizando de um lado da planta 100 a 200ml. da calda em 1 m2.
Outras Pragas: lagarta-da-teia, pulgões (Myzus, Aphis), abelhas (Irapuá e Apis mellifera),
besouro de flores que podem ser controlados com carbaryl (lagarta, besouro) malatiom,
diazinom (abelhas e pulgões). Além desses ácaros (plano, branco, vermelhos) atacam folhas e
ramos tenros sugando a seiva; para seu controle indica-se enxofre molhável (Kumulus,
Thiovit) triazofós (Hostathion 400) em pulverizações em ambas as faces da folha.Nematóides
(Metoidogyne, Pratylenchus) atacam o sistema radicular.
Doenças:
Tombamento (damping-aff) ou mela:
Doença causada por fungos; caracteriza-se por lesão no colo da plantinha provocando seu
tombamento e morte. Excesso de água e sombreamento na sementeira favorecem a doença.
Controle: manejo adequado da sementeira e uso de calda da mistura dos fungicidas
PCNB+benomil+fosetyl-Al.
Antracnose:
Doença por fungo que ataca folhas causando manchas pequenas que juntam-se e tornam-se
pardo-avermelhadas ; os ramos podem mostrar manchas alongadas que
evoluem a cancros e morte dos ponteiros.
Controle: aplicação em pulverização, de caldas contendo exicloreto de cobre + mancozeb ou
benomyl.
Verrugose ou Cladosporiose:
Doença por fungo com maior incidência em temperaturas amenas (15 – 22ºC) ataca frutos,
brotações, ramos, gavinhas, pecíolo de folha geralmente em tecidos novos. Manchas
circulares de 5mm. que se cobrem com tecido corticoso, áspero, de cor parda
podem deformar o fruto e enrugar a folha.
Controle: doença não atinge a polpa do fruto; indica-se pulverizações com caldas fungicidas a
base de cobre em aplicações semanais sob chuvas e quinzenais em épocas de chuvas esparsas.
Podridão do colo:
Doença no solo causada por fungo, que afeta o colo da planta e lesionando a parte interna do
caule, pode penetrar para cima e em direção das raízes. Folhas tornam-se
murchas, amareladas e há morte da planta.
Controle: não plantar em solos compactados, sem aeração, e em solos contaminados pelo
fungo. Evitar ferimento do caule nas capinas.Retirar lesões iniciais, raspar a área afetada e
aplicar pasta bordaleza. No plantio mergulhar as raízes até 20cm. acima do colo em solução
contendo o produto metalaxil (200g./100l. água).Ainda podem acontecer as doença;
bacteriose, definhamento precoce, murcha (fusariose).
Colheita/rendimento: O período de colheita dos frutos varia de 6 a 9 meses após o plantio definitivo no primeiro
ano (segundo a região e condições climáticas); no Nordeste o maracujazeiro produz durante
dez meses. O ponto de colheita é caracterizado pela coleta dos frutos no chão; antes da coleta
efetuar passagem entre as filas e derrubar frutos maduros que não caírem ou presos entre os
ramos da planta. A coleta de frutos e feita 2-3 vezes por semana ou 1 vez por semana.Após
colheita os frutos perdem peso rapidamente a medida que permanecem no chão ficam
murchos dificultando a comercialização.O rendimento médio é de 8 a 10t. (1º ano), 15 a
20t.;ha (2ºano) e 12 a 14t./ha (3º ano).
88
A comercialização do fruto dá-se através da fruta fresca para CEASAS, mercados municipais,
atacadistas, para indústria de sucos e para exportação.
OBS. Fruto caído no solo tem idade acima de 80 dias; ele está maduro com 75 a 80 dias de
idade. Para mercado de frutas frescas colha frutos ainda presos à planta e com 50 a 70 dias
pós abertura da flor; o fruto deve ter preso a ele 1 a 2cm. de pecíolo.Frutos coletados no solo
devem ser destinados a indústria.
Cultura - Mamão
Aspectos Gerais:
O mamoeiro - Carica papaya L. Dicotyledonae, Caricaceae - tem como origem provável uma
região entre noroeste da América do Sul e sul do México (América Tropical).
A produção mundial de mamão foi de 6.200.000 toneladas em 1994, sendo Ásia (46%),
América do Sul (33%) e África (12%) principais responsáveis pela produção mundial. O
Brasil destacou-se como maior produtor com 29% da oferta mundial, seguido pela Índia
(24%), Tailândia (*8,8%), Nigéria (8,1%) (FAO).
Dentro do Brasil a região Nordeste ocupou o 1º lugar no ranking nacional em 1993 com 54%
da oferta de mamão (869.000 toneladas em área colhida de 49.940 hectares - IBGE).
Em relação ao Brasil a Bahia contribuiu, em 1993, com 50% da produção (888.000 t), e com
61% da área colhida (17.537 ha). No mesmo ano foi responsável por 94% da produção
nordestina.
As principais regiões econômicas baianas produtoras de mamão (IBGE - 1994), foram
Extremo Sul (858.000 t), Baixo Médio São Francisco (12.825 t.) Oeste (7.365 t.). Os
principais municípios produtores (média 1990-94), foram Nova Viçosa (20%), Mucuri (17%),
Porto Seguro (12%), Itabela (9%), Prado, Teixeira de Freitas.
A produção regional destina-se aos mercados do Sul e Sudeste (São Paulo, Rio de janeiro e
Rio Grande do Sul). Em 1994 a Bahia exportou 690 toneladas (US$ 380 ml) dirigidos aos
Países Baixos (87%), Suíça (9%) e Uruguai.
Descrição / Variedades: O mamoeiro é uma planta herbácea, altura entre 2 e 10m., podendo viver até os 20 anos.
Sistema radicular superficial com raízes brancas e pouco abundantes, caule geralmente único,
fibro-esponjoso, verde a cinza-claro, fácil de quebrar e encimado por coroa de folhas terminal
(em capitel). Folhas grandes, alternas, lobadas com pecíolo longo (25-100cm.), ôco e frágil;
flores masculinas ou femininas ou hermafroditas (em indivíduos distintos), cor branco-
amarelada a amarela com ovário com formato arredondado ou alongado (cilíndrico).
Fruto é uma baga, nasce do caule ou de pendúculo longo (macho) é arredondado, cilíndrico ou
periforme e amarelo ou alaranjado quando maduro; polpa de consistência suave e sucosa, cor
salmão, vermelha e até amarela com até 1.000 sementes negras que se inserem na cavidade
interna do fruto.
89
A composição por 100g. de polpa é: calorias 32, água 90g., carboidratos totais 8,3g., fibra
0,6g., proteínas 0,5g. gorduras 0,1g., cálcio 20mg., ferro 0,4mg., fósforo 13mg., caroteno
110mg., Vit. B1 0,03mg., Vit. B2 0,04,g., Vit C 46mg.
O sexo da flor do mamoeiro determina a existência de mamoeiros masculinos (mamão
macho) mamoeiro femininos e mamoeiros hermafroditas. As flores podem ser unissexuais -
masculinas ou femininas - e bissexuais (hermafroditas).
Plantas masculinas: Com flores distribuídas por inflorescências de pendúculos
longos e pendentes (pendulas); órgão reprodutor masculino existente, ativo e órgão
reprodutor feminino rudimentar mas que pode tornar-se funcional produzindo mamões
deformados - mamão-macho, mamão-de-calo ou mamão-de-corda - sem valor
comercial.
Plantas femininas: Apresentam flores femininas, amarelas, isoladas ou em grupo de 2
a 3 que se inserem diretamente no caule. Os frutos decorrentes são arredondados a
ligeiramente ovais. Um pomar com plantas femininas necessita de mamoeiros
masculinos - em 10-12% dos indivíduos - uniformemente distribuídos no pomar para
assegurar a produção.
Plantas hermafroditas: Apresentam flores com órgãos masculinos e femininos na
mesma flor e não dependem de outras para a fecundação. Tem forma alongada
(elongata) ou arredondada (pentandrica) e seus frutos podem ser cilíndricos
(preferidos comercialmente) ou arredondados.
Vários fatores induzem variabilidade nas flores ao longo do ciclo da planta; os frutos em
decorrência podem apresentar-se em formas diversas. Assim flores hermafroditas podem
tornar-se femininas, e masculinas tornarem-se hermafroditas (produzindo o mamão-macho);
as flores femininas são mais estáveis. O sexo da planta é identificado após a emissão das
flores.
A variedade comercial é caracterizada por haste vigorosa com pequena distancia entre nós,
entra em floração 3 a 6 meses após semeio, precoce, porte baixo e maturação do fruto em 5-6
meses pós floração, ausência de ramificação lateral. Algumas variedades de interesse
comercial são:
Sunrise Solo: procedente do Havaí é planta precoce, frutos periformes ou arredondados, com
peso de 400-600 g, polpa laranja-avermelhada de excelente sabor indicada para consumo in
natura e pode produzir 37 t/ha/ano.
Formosa: híbrida de origem chinesa, frutos com peso de 0,8 a 2,5 kg, polpa amarela ou
avermelhada, com produção acima de 70 t/ha/ano.
Tainung nº 1: Híbrido altamente produtivo (mamão da Costa Rica X Sunrise Solo), frutos
redondos ou alongados, polpa laranja-avermelhada, de ótimo sabor, produtividade média 60
t/ha/ano.
Improved Sunrise Solo CV. 72/12: Precoce (8 meses pós plantio), produtivo, inserção das
primeiras flores a 60 cm de altura, fruto periforme a ovalado com 450 g de peso, polpa
vemelho-alaranjada, produção abaixo da Sunrise Solo.
Usos do Mamoeiro:
Planta: Produz látex que contém papayna (enzima proteolítico) com propriedades digestivas;
o látex é extraído, principalmente, do fruto verde e contém 0,15 a 3,75% de papayna
90
empregada em culinária (digestão, amaciamento de carnes), em indústria (de cerveja, queijo,
chicletes, couro) e em farmacêutica (produtos para dispepsias). Da semente, folha e fruto
extrai-se um alcalóide - a carpaina - empregado em medicina como ativador do músculo
cardíaco.
Fruto: a polpa suave, saborosa e aromática é consumida, ao natural, só ou em mistura com
polpas de outros frutos, sob forma de purês, cremes gelados, cubos cristalizados, sucos.
Processada a polpa compõe doces, geléias, compotas, polpa congelada, aguardente.
A polpa do fruto desenvolvido e ainda verde é utilizada como legume em culinária
doméstica.
A semente é usada na propagação comercial do mamoeiro ( formação de mudas).
Necessidades da planta:
Clima: temperatura entre 22 e 26ºC (21 a 33ºC), chuvas entre 1.500 a 1.800 mm (1.200 a
2.000 mm) anuais, umidade relativa do ar entre 60% e 80%, luminosidade acima de 2.000
horas/luz/ano, ventos moderados, brandos e altitude ideal de 200 m. (nunca acima de 800 m).
Solos: De preferência areno-argilosos, planos a levemente ondulados, porosos, profundos (2
m a mais), sem impedimentos na sub-superfície, ricos em matéria orgânica, e com pH 5,5 a
6,7. Evitar solos em baixadas ou sujeitos a encharcamento e os pedregosos.
Propagação: Propagação/Sementes: O mamoeiro pode ser propagado por sementes, estaquia e enxertia;
comercialmente é multiplicado por sementes. As plantas fornecedoras de sementes devem ser
hermafroditas, (elongata) em plantações distantes das de outras variedades, plantas com bom
estado sanitário, baixa altura de inserção das primeiras flores, precocidade, alta produtividade,
entre outras características.
Frutos fornecedores devem ser colhidos maduros, cortados superficialmente e sementes
retiradas com colher. Elas são lavadas em peneira sob jato de água (eliminar mucilagem) e
dispostas em camadas finas sobre jornal para secar à sombra por 2 a 3 dias. Em seguida são
tratadas com fungicidas PCNB 75 PM13 g/kg de semente ou Thiram 70 S -2,5 g/kg ou Captan
3,0 g/kg. Por fim a semente é ensacada e armazenada na parte inferior da geladeira (6ºC), se
necessário.
Formação de mudas:
Característica do viveiro: a céu aberto, com cobertura a 2 m de altura, ou a 80 cm de altura
(bambu, folhas de palmeira, etc...). As ripas ou a maior dimensão do viveiro devem estar
orientados no sentido Norte-Sul; a cobertura deve permitir que as mudas recebam,
inicialmente, 50% de sol e gradualmente permite-se mais e mais entrada de luz solar até o
transplantio.
Os canteiros devem ter 1 m a 1,2 m de largura e comprimento variável; entre os canteiros
deve existir rua com 50-60 cm de largura.
O viveiro deve estar em local de fácil acesso, em terreno de boa drenagem, longe de plantio
de mamoeiros, próximo a fonte de água e em terreno plano a levemente ondulado.
Preparo das mudas:
Como recipientes a receber as sementes são utilizados sacos de polietileno preto com furos,
tubetes, bandejas de isopor, outras. Muito usado, o saco de polietileno deve ter dimensões 7
91
cm x 18,5 cm x 0,06 cm ou 15 cm x 25 cm x 0,06 (largura x altura x espessura). O substrato -
mistura para enchimento do saco - deve conter terra de mata (terriço): areia lavada; esterco de
curral bem curtido na proporção 3:1:1. Esse substrato deve sofrer fumigação com brometo de
metila e depois, cada m³ da mistura, deve receber 1 kg de cloreto de potássio e 4,0 kg de
superfosfato simples, 10 kg de calcário dolomítico.
- Com sementes de flores hermafroditas lança-se 3 sementes por recipiente (6 a 8 sementes de
origem desconhecida) e 2 sementes da variedade Formosa; lançadas ao recipiente as sementes
devem estar distantes entre si por 1 cm e serem cobertas com 1 - 1,5 cm de terra peneirada;
irriga-se sem encharcar e cobre-se levemente a superfície com palha (arroz, outra). A
germinação deve dar-se após 10 a 20 dias.
- Em viveiros cobertos as irrigações devem ser diárias; para os descobertos 2 vezes por dia
(micro-aspersão); após o desbaste aumentar o volume de água e espacejar os turnos de rega.
Quando as plantinhas alcançarem 5cm. de altura desbasta-se deixando a mais vigorosa.
Aplicações quinzenais de calda contendo triclofron 50S, (240ml/100l. de água) e mancozeb
(150g./100l.) de água podem prevenir o aparecimento de pragas e doenças 30 a 40 dias pós
emergência das plantinhas, plantinha com 15-20cm. de altura, torna-se muda apta ao plantio
em local definitivo. Rejeitar mudas fracas e afetadas por doenças ou pragas. Com solução de
uréia a 0,1% fazer adubação foliar se as folhas mais velhas amarelecerem.
Preparo do solo:
Uma aração a 60 dias antes do plantio e uma a duas gradagens 20 a 30 dias após consistem no
preparo do solo. Antes da aração deve-se efetuar o controle de formigas e grilos e antes e
depois da aração a calagem.
Espaçamentos/Coveamento/Adubação:
O mamoeiro pode ser plantado em fileiras simples e fileiras duplas. No sistema simples os
espaçamentos podem ser 3,6m x 1,8m ou 4m x 2,5m;
No sistema duplo os espaçamentos podem ser de 36m x 1,8m x 1,8m ou 4m x 2,5m x 2,5m.
Em terreno declivoso as linhas de plantio devem seguir as curvas de nível; em terreno plano a
linha de plantio são marcadas no sentido da maior dimensão (comprimento).
- As covas devem ter 30cm x 30cm x 30cm a 40cm x 40cm x 40cm e os sulcos 30 a 40cm de
profundidade (grandes plantações).
- A adubação básica na cova pode ser constituída pela mistura de 6,5 kg de esterco de curral
bem curtido ou 1,2 kg de torta de mamona + 50g de cloreto de potássio + 400g. de
superfosfato simples + 70g. de FTE Br-8; essa mistura é adicionada à terra retirada dos
primeiro 10-15cm. (na abertura da cova) e lançada no fundo da cova. Usando tortas aplicar
adubo 30-40 dias antes do plantio. Sem recomendação, de análise do solo aplicar 300g. de
calcário dolomítico no fundo da cova.
Plantio:
O plantio deve ser efetuado no início do período chuvoso, em dia fresco e nublado, com solo
úmido. No plantio retira-se o envoltório plástico e o torrão é plantado ao nível do solo.
Plantios da variedade Formosa, recebem 1 muda/cova; para as outras variedades 3 mudas por
cova. Cobrir o solo, em volta da muda, com palha ou capim seco (s/sementes).
92
Tratos Culturais:
Controle de ervas daninhas: pode ser feito com capinas manuais ou mecânicas (grades ou
roçadeira - grades até primeiros 6 meses). Deve-se evitar lavras profundas. Capina química
(herbicida) pode ser usada; o uso do controle conjunto (químico - mecânico) parece ser
melhor opção.
Irrigação: o consumo anual de água pelo mamoeiro oscila entre 1.200 e 3.100mm.; há maior
exigência hídrica quando as plantas são jovens. Com déficit hídrico na produção aparecem
áreas do tronco sem frutos.
Desbaste de Plantas: no início da floração 3-5 meses pós plantio, efetuar desbaste deixando 1
planta por cova, sempre com flores hermafroditas. Para mamoeiros do grupo Formosa
desbasta-se plantas masculinas.
Desbrota: brotação lateral que nasce na axila das folhas deve ser eliminadas quando ainda
pequena. Iniciar essa pratica 30 dias pós-plantio.
Desbaste de Frutos: no início da frutificação desbasta-se frutos defeituosos e de pequeno
tamanho; é uma operação periódica (uma vez por mês) em frutos pequenos e verdes; Deixar 1
a 2 frutos por axila da folha.
Erradicar plantas atacadas de viroses e outras doenças, de modo sistemático.
Adubação pós-plantio: (em cobertura c/ incorporação): no primeiro ano aplicar por planta/vez,
aplicar 40g. de uréia + 55g. de superfosfato simples + 15g. de sulfato de potássio aos 30, 60,
90, 120 e 180 dias pós plantio.
No segundo ano, a cada 3 meses, aplicar por planta e por vez, mistura de 50g. de uréia, 65g.
de superfosfato e 20g. de sulfato de potássio.
Consórcios:
Milho, feijão, arroz, batata-doce, amendoim, adubos verdes consorciam-se com mamoeiro
(este cultura principal). Evitar abobora, melão, melancia, pepino. O mamoeiro é usado como
cultura intercalar em culturas de macadamia, café, abacate, manga, citros, coco, goiaba, entre
outras.
Pragas:
- Ácaro branco: Polyphagotarsonemuis latus (Banks 1904), Tarsonemidae; Conhecido como
ácaro tropical ou ácaro da queda do chapéu. Ataca a superfície inferior de folhas novas e
brotações laterais. A folha torna-se amarelada, pálida, coriácea e por fim a lamina rasga-se.
Há perda do ponteiro (queda do chapéu), paralisação do crescimento e até morte da planta.
Controle: desbastar brotações laterais, aplicar acaricidas visando ponteiros e brotações
laterais.
Produtos indicados: enxofre molhável 80 PM (300g./100l.), dimetoato 5.E (75g./100l. água).
- Ácaro rajado: Tetranychus urticae, ácaro vermelho: Tetranychus desertorum - Acari,
Tetranychidae; vivem nas folhas mais velhas, face inferior, nas nervuras mais próximas ao
pecíolo onde tecem teias, efetuam posturas. Provocam amarelecimento, necrose e perfuração
na folha. Há desfolha da planta afetando o desenvolvimento e estragos nos frutos por ação
direta dos raios solares.
93
Controle: aplicar acaricidas indicados para ácaro branco visando face inferior das folhas e a
eliminação de focos iniciais da praga.
Outras pragas: Cigarrinha (Empoasca sp.): ao sugarem a seiva causam amarelecimento e
encurvamento das folhas mais velhas que podem cair sob ataques severos. Controla-se
cigarrinha com pulverizações de triclofrom 50 S (240 ml./100 l. de água).
Lagarta de folhas: infestações severas são controladas com Bacillus thuringuensis 3,2 PM
(250-500g./ha).
Lagarta rosca: controle idêntico ao acima.
Mosca-das-folhas: monitoramento com frascos caça-moscas e pulverização com iscas tóxicas
(produtos a base de malatiom, fentiom, triclorfom).
Doenças: Podridões de Phytophthora - palmivora P. parasita
Em solos argilosos e mal-drenados e em condições de umidade e temperatura elevadas há o
apodrecimento do colo e raízes, amarelecimento de folhas e queda de frutos.
Controle: erradicar plantas afetadas, evitar plantio em solos pesados e controle químico com
Fosetyl-Al.
Viroses: Mosaico - caracterizada pelo amarecimento das folhas mais novas que se tornam
rugosas seguindo-se clareamento das nervuras; posteriormente a lamina da folha apresenta
porções amarelas misturadas com verdes (mosaico).
Controle preventivo: treinar pessoal para reconhecimento da doença, localizar viveiros em
áreas bem distantes de mamoais, erradicar e ou evitar o plantio de solanáceas (berinjela,
pimenta, fumo), brassicaceae (repolho, couve), abobora, melão, melancia, pepino, próximo de
áreas com mamoeiros, vistoriar plantio 2-3 vezes por semana erradicando plantas doentes.
Antracnose: causada pelo fungo Colletotrichum gloesosporioides, ocorre em frutos em
qualquer fase do seu crescimento (tem preferência por frutos maduros). Pontos negros
aparecem e transformam-se em lesões deprimidas com até 5cm. de diâmetro. Lesões velhas
produzem esporulação rósea intensa. Controle: enterrar frutos atacados, colhê-los ainda
verdoengos, desinfetar galpões e vasilhames de transporte e pulverizar frutos quinzenalmente
com fungicidas à base de cobre ou mancozeb (3-8l. calda/planta).
Ainda cita-se doenças: tombamento (sementeira), varíola (folhas, frutos), oidio.
Colheita:
O mamão completa a maturação 4 a 6 meses após a abertura da flor; todavia os frutos devem
ser colhidos antes da maturação total. Para comercialização os frutos devem ser colhidos
quando apresentam estrias ou faixas com 50% de coloração amarela. Destinados a exportação
ou armazenamento por período longos devem ser colhidos no momento em que a coloração
da casca passa do verde escuro para o verde claro (sementes negras, início de coloração rósea
da polpa).
O mamão é colhido manualmente (torção) até ruptura do pedúnculo; para indivíduos de porte
alto utiliza-se o "canguru" (equipamento ligado ao hidráulico do trator) ou a vara de colheita
94
(de bambu com copo de borracha - pressionado contra ápice do fruto até a ruptura do
pedúnculo - semelhante a desentupidor de pia).
Para evitar vias de penetração de fungos cortar o pedúnculo do fruto à faca sem torcer o fruto.
Operários devem usar luva e blusa com mangas compridas (prevenir contato com o látex).
O rendimento esta indicado em variedades de mamoeiros.
Beneficiamento dos Frutos:
Tratamento dos frutos pós-colheita visando prevenção contra doenças fungicas e mosca-das-
frutas (tratamento térmico a 47ºC por 20 minutos e rápido resfriamento) para mosca - e de
thyabendazol ou benomyl para fungos.
- Classificação pelo tamanho em pequenos, médios e grandes, etiquetagem ( nome/ endereço
do produtor) embalagem em caixa de madeira ou de papelão (exportação).
- Frigoconservação entre 13ºC e 16ºC.