Post on 02-Jul-2015
Cultura, Patrimônio e Desenvolvimento
José Márcio Barrosjosemarciobarros@gmail.com
www.observatoriodadiversidade.org.br
PRECONCEITOS
A atividade cultural é vista com freqüência, a partir da economia, como um campo secundário alheio à via central pela qual se deve tratar de fazer avançar
o crescimento econômico.
É com freqüência tratada como uma área que consome recursos, que não gera retornos sobre o
investimento, que é de difícil medição e cuja gerência é de duvidosa qualidade.
Por sua vez, existe também, a partir do terreno da cultura, uma certa tendência ao autofechamento, sem buscar
ativamente conexões com os programas econômicos e sociais.
A cultura não pode ser tratada como mero instrumento.
O desenvolvimento cultural é um fim em si mesmo.
Como superar tais preconceitos
Como pensar a cultura
Modos de viver, fazer e criar” que inauguram referencias, identidades
direitos culturais: criação,fruição, difusão, identidade,
cooperação e participação
Cadeia produtiva da culturaEconomia criativa
Tridimensionalidade da Cultura
As 3 dimensões não são naturais e nem espontâneas, resultam de nossas trocas e
experiências
Dependem dos sistemas de produção, reprodução e circulação dos bens
simbólicos
O que essa visão demanda das políticas públicas de cultura:
reconhecer que para além das artes, dos circuitos instituídos e dos sujeitos produtores de bens artísticos, as políticas públicas de cultura devem se voltar a todos os sujeitos e cidadãos produtores de bens simbólicos
POR QUE TRATAR DA DIVERSIDADE CULTURAL É TÃO
IMPORTANTE?
MINHA DESCONFIANÇA
Preservação, proteção e promoção ainda não se articulam devidamente.
Os critérios de herança e excepcionalidade ainda dominam, mesmo quando migram das elites para as periferias, do
material para o imaterial.
A memória das trocas, o diálogo intercultural e a emergência de um pluralismo simbólico, ainda são ideais
inoperados.
Como articular cultura, memória e desenvolvimento?
Reconhecendo a diversidade cultural como centro de um projeto de desenvolvimento
baseado na memória e na criatividade.
Isso pressupõe:
SUSTENTABILIDADE, ou seja, desenvolvimento que busca integrar passado,
presente e perspectiva de futuro
EQUILIBRIO entre as lógicas do simbólico e as razões de mercado. Relacioná-las de forma
produtiva, criativa e respeitosa
REDUÇÃO das desigualdades locais, regionais e mundiais e RESPEITO aos direitos humanos
CONSOLIDAÇÃO de um modelo democrático de participação e decisão
Pensar a articulação entre a diversidade cultural, a memória e o desenvolvimento , demandaria
uma ação multi-direcional:
PRÁTICAS E TÉCNICASPRÁTICAS E TÉCNICAS
SUJEITOSSUJEITOS
SABERES SABERES
PRODUTOS E SERVIÇOSPRODUTOS E SERVIÇOS
DIMENSÕES DA CRIATIVIDADE
Tornar a memória, criatividade e diversidade “lados de uma mesma moeda” tomadas como
BENS mas também como RECURSOS
Como realidades dinâmicas, memória, diversidade e criatividade nos remetem a permanências, mas também a mudanças
Como mostra o Relatório da Unesco (Investir na diversidade e no diálogo intercultural) as
tradições reinventam a si mesmas.
Daí a necessidade de se pensar a diversidade cultural, a memória e a criatividade também
em suas relações com as mudanças, as inovações e as trocas e influencias mútuas
Como mostra o Relatório da Unesco (Investir na diversidade e no diálogo intercultural) as
tradições reinventam a si mesmas.
Daí a necessidade de se pensar a diversidade cultural, a memória e a criatividade também em
suas relações com as mudanças, as inovações e as trocas e influencias mútuas
ALGUNS DESAFIOS
A articulação proposta impõe a necessidade de articular a proteção, especialmente das práticas e
expressões em perigo de extinção, com a promoção especialmente sensível às mudanças.
A experiência cultural contemporânea é marcada pelo deslocamento, pela mistura, pelo hibridismo.
Gerir a diversidade é gerir a relação entre pólos e processos e não a conservação do singular e do
passado.
Articular diversidade cultural, memória e criatividade é enfrentar o desafio de relacionar
nossas raízes e nossas antenas de forma a equilibrar contextos de inovação e tradições.
Tanto o novo quanto o tradicional são fontes que alimentam a criatividade e a diversidade.
Essa articulação deve considerar novos modelos de criação, produção, circulação e consumo de bens culturais que não mais cabem na equação
centro e periferia.
Mapear, entender e se apropriar de novos circuitos e modelos de trocas é fundamental, mas deve
considerar alguns desafios:
uma face das trocas aponta para a riqueza da interculturalidade, outra para os perigos da
padronização e exotização das diferenças pelo mercado.
Ha um vínculo indissolúvel entre diversidade cultural, patrimônio e a política
Diversidade cultural pensada sem a tensa, dinâmica e política relação entre sociedade civil,
Estado e mercado, e os projetos políticos em disputa, limita-se a um arranjo de diferenças, um
mosaico de singularidades curiosas, um calendário de festividades
Para além da preservação das expressões da diversidade cultural
É preciso promover as condições para continuarmos diferentes, aprendermos a ser
diversos e transformarmos esta experiência em uma modo plural de existir
A perspectiva do desenvolvimento humano
DESENVOLVIMENTO HUMANO NÃO É APENAS CRESCIMENTO ECONÔMICO
1 - a substituição da perspectiva de desenvolvimento econômico pela perspectiva de desenvolvimento humano
medido pelo :
• processo de mudança social e econômica em termos de potencialidades e capacidades do ser humano,
• os graus de liberdade social, econômica e política,
• as oportunidades de saúde, educação, criação e identidade
• a possibilidade de desfrutar de respeito pessoal e dos direitos humanos.
2 - o reconhecimento e a articulação equilibrada no projeto de desenvolvimento, de 4 modelos de capital:
• o CAPITAL NATURAL, constituído pela dotação de recursos naturais com que conta um território;
• o CAPITAL CONSTRUÍDO, gerado pelo ser humano, que inclui infra-estrutura, bens de capital, capital financeiro,
comercial etc.;
• o CAPITAL HUMANO, determinado pelos graus de nutrição, saúde, cultura e educação de sua população,
• e o CAPITAL SOCIAL, descoberta recente das ciências do desenvolvimento e entendido como conjunto de valores e
atitudes
Como pensar o turismo como agente de um modelo de desenvolvimento humano que proteja e promova
a memória e a diversidade?