Post on 25-Nov-2018
“Cuidar da qualidade da nossa relação com Deus”
No passado mês de Fevereiro, primeiro fim-‐de-‐semana do mês, tivemos um encontro de formação de juniores no Lar Universitário do Porto, subordinado ao tema: “Cuidar da qualidade da nossa relação com Deus”, tema que foi muito bem orientado pelos professores nossos associados, Artur Bessa e João Oliveira. Num ambiente muito familiar, simples, próximo e quase de dia de retiro, fomos percorrendo o caminho de “subir à montanha descendo ao mais íntimo de nós
mesmos”, onde Deus se encontra. Recebemos primeiramente o convite de nos libertarmos do que nos impede de descer ao mais íntimo de nós; ousar “passar o mar das sereias”, sendo elas o tempo, a pressa, tudo o que nos impede e atrasa na nossa oração. Foram-‐nos deixadas duas ideias principais – humildade e fascínio – e verbos carregados de sentido na arte da procura, extraídos da passagem de Lc 15, 8-‐10 (a dracma perdida): acender a luz; varrer tudo o que nos impede de encontrar a nossa dracma; procurar cada cantinho de nós mesmos cuidadosamente e poder dizer “alegrai-‐vos comigo porque encontrei…” Seguindo este fio condutor, continuamos a procura, ou melhor, a necessidade de reaprender a procurar e, para esta reaprendizagem, fomos mais uma vez convidadas a guardar estas palavras-‐chave:
1) Autoconhecimento: “Ore como puder. Não tente orar de um modo que não pode. Aceite-‐se como estiver; comece a partir daí.” (Dom Chapman)
2) Responsabilidade: “Nunca rezes num espaço sem janelas.” (Talmude)
3) Entusiasmo pela vida: “quando não cultivamos o sentido da surpresa, sufocamos o sopro da vida que existe em nós.”
4) Disciplina: “Através de um longo processo de disciplina orante, já há 40 anos que deixei de odiar seja quem for.” (Ghandi)
5) Humildade:“Dobrem-‐se, joelhos teimosos!” (Shakespeare)
6) Autenticidade: “Temos que aprender a rezar a partir das nossas fraquezas para que Deus se possa tornar a nossa força.”
7) Deus que se revela no silêncio: “Oh, Senhor! Dá-‐me a graça de ficar silencioso e de perscrutar a Tua voz no meu coração”.
De tarde vimos um filme que cativou particularmente a nossa atenção e nos marcou profundamente, dentro do tema que estávamos a aprofundar: ‘A Vida de Pi’: filho do administrador do jardim zoológico de Pondicherry, na India, Pi Patel possui grande conhecimento
enciclopédico, uma visão da vida muito peculiar e passa a sua infância a fazer a experiência de diferentes religiões para descobrir qual quer decidir seguir. Quando Pi tem dezasseis anos, a família decide emigrar para a América do Norte, num navio cargueiro, juntamente com os habitantes do zoo. Porém, o navio afunda-‐se logo nos primeiros dias de viagem e Pi vê-‐se na imensidão do Pacifico, a bordo de um salva-‐vidas, acompanhado de uma hiena, um orangotango, uma zebra ferida e um tigre de Bengala.
Em pouco tempo ficaram apenas Pi e o tigre… O filme torna-‐se cativante por ser carregado de simbolismo relativamente ao desafio da relação com Deus: a imensidão do Pacífico com as alternâncias próprias do mar, a presença do tigre de Bengala no barco e os desafios que ele representa, a ilha que aparece do nada e com uma aparência que ilude, todos estes e muitos mais símbolos no filme simbolizaram para nós, dentro do contexto do dia de formação, vários desafios, como o da perseverança em procurar os meios de aprender a lidar e superar realidades que se vivem, de aprender a lidar, dominar, relacionar-‐se com “o tigre”, de perscrutar a presença de Deus quando em alto mar, no meio das tempestades; o desafio de perceber os sinais e os cuidados de Deus nas situações difíceis e de luta; etc., etc. Muito bom!
À noite fomos à Igreja de Cedofeita para participar na celebração eucarística do Dia do Consagrado.
Começamos o dia de Domingo com uma oração e terminamos o encontro com uma partilha em grupo sobre os desafios que levamos desta formação e recebemos um “presentinho” da nossa formadora, Irmã Otília – um regador, para não esquecermos que a relação com Deus exige dedicação e cuidado, como uma flor!
Não podemos deixar de agradecer aos Professor Artur Bessa e João Oliveira por nos proporcionarem uma vivência tão familiar e profunda, que tão
positivamente nos marcou! Os nossos agradecimentos, também, às nossas queridas Irmãs do Lar do Porto, que tão bem e tão carinhosamente nos acolheram! Deus vos pague!
Ir. Olinda Ferreira