Cru a-019

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Não consigo…Procuro em todos os lugares possíveis…Nos recantos mais profundos da minha mente, nas memórias de beijos no canto dos meus lábios, nas batidas ocas do meu coração…debaixo das pedras, por entre os lençóis, por entre os sopros de vento quente das tardes de Verão…nas névoas frias da madrugada que morre com o brilho do sol, no calor fugidio que se mostra envergonhado nas tardes lon-gas…Nada…nenhum fio de inspiração por entre os tormentos interiores, que tantas vezes transbordam em rios de água salgada que me lavam o rosto.De encontro ao papel branco e fino, a caneta não deixa sair um único curso de tinta que se transforme em palavras…apenas isto…três pontos…três míseros símbolos do vazio de ideias, mísera desculpa de palavras, perfeita desculpa para encobrir estados de espírito…Por mais que tente…às lágrimas chego com o esforço, tento que com a ajuda da minha tristeza líquida a tinta desenhe contornos de palavras sinceras que gritem o tumulto interior, mas recusam-se…e os três pontos choram também com a água que lhes lava a tinta…e o papel transforma-se num borrão escuro de azul como o meu interior…Procuro nas árvores que abanam as suas folhas ao vento, que com os ramos rasgam o ar obstinado que sopra furioso…nas ondas do mar que se desfazem em espuma na margem, que engolem os corpos na metáfora da sua força e que lambem os grãos de areia para que se não esqueçam que o oceano deles não se esqueceu…deambulo nas ruas e por entre as calçadas sujas e irregulares procuro vestígios de algum incentivo, alguma acendalha por entre as pedras pisadas e violentadas (quem mais sofre que pedaços inertes pisados e repisados por vidas alheias)… nas montras das lojas e das pessoas, nas suas faces que voam, nos seus e nos meus reflexos nos vidros…Mas nem um pequeno vestígio, nem um pequeno impulso nos dedos para escrever sem medos, nem hesitações…No escuro dos meus olhos fechados aguço os ouvidos na solidão e obscuridade, na esperança de ouvir ao longe qualquer imagem perdida no vácuo, qualquer retrato carregado no vento de uma vida longínqua…na esperança de uma brisa que me meneie os dedos e no ar se escrevam e se desenhem os contornos do meu imo, para que viajem e me levem para longe, de encontro a quem no meu desespero se afoga também… Exploro o vazio do olhar perdido no nada, perdido no tempo que cessa o seu avanço incessante e tudo se perde no baço esboço do mundo de fora, ao qual é recusada presença no de dentro…Espero, em vão, que no meio deste estado semi-consciente os meus dedos ganhem vida e o sangue que verte do coração rasgado flua na sua direcção, ansioso de gritar ao mundo o seu fluxo afogado em água salgada…Mas nada acontece…e mudo, grito com os lábios cerrados a angústia de ver tudo o que me atormenta contido cá dentro, prestes a implodir e a fazer-me desaparecer…qual buraco negro neste universo interior…E assim aqui me prostro…dedos trémulos, caneta em riste afogada em tinta, mas seca em vontade e impulso de brotar palavras de dentro de mim…Por isso limito-me a quedar inerte, tempos indefinidos esperando que o impulso chegue…esper-ando que uma brisa, ainda que pequena, de inspiração me varra a boca do coração, me percorra as veias e me banhe a ponta dos dedos para que a tinta me tire liberte o peito do peso que carrego…

VAZIO PEDRO PALRÃO

Não consigo…Procuro em todos os lugares possíveis…Nos recantos mais profundos da minha mente, nas memórias de beijos no canto dos meus lábios, nas batidas ocas do meu coração…debaixo das pedras, por entre os lençóis, por entre os sopros de vento quente das tardes de Verão…nas névoas frias da madrugada que morre com o brilho do sol, no calor fugidio que se mostra envergonhado nas tardes lon-gas…Nada…nenhum fio de inspiração por entre os tormentos interiores, que tantas vezes transbordam em rios de água salgada que me lavam o rosto.De encontro ao papel branco e fino, a caneta não deixa sair um único curso de tinta que se transforme em palavras…apenas isto…três pontos…três míseros símbolos do vazio de ideias, mísera desculpa de palavras, perfeita desculpa para encobrir estados de espírito…Por mais que tente…às lágrimas chego com o esforço, tento que com a ajuda da minha tristeza líquida a tinta desenhe contornos de palavras sinceras que gritem o tumulto interior, mas recusam-se…e os três pontos choram também com a água que lhes lava a tinta…e o papel transforma-se num borrão escuro de azul como o meu interior…Procuro nas árvores que abanam as suas folhas ao vento, que com os ramos rasgam o ar obstinado que sopra furioso…nas ondas do mar que se desfazem em espuma na margem, que engolem os corpos na metáfora da sua força e que lambem os grãos de areia para que se não esqueçam que o oceano deles não se esqueceu…deambulo nas ruas e por entre as calçadas sujas e irregulares procuro vestígios de algum incentivo, alguma acendalha por entre as pedras pisadas e violentadas (quem mais sofre que pedaços inertes pisados e repisados por vidas alheias)… nas montras das lojas e das pessoas, nas suas faces que voam, nos seus e nos meus reflexos nos vidros…Mas nem um pequeno vestígio, nem um pequeno impulso nos dedos para escrever sem medos, nem hesitações…No escuro dos meus olhos fechados aguço os ouvidos na solidão e obscuridade, na esperança de ouvir ao longe qualquer imagem perdida no vácuo, qualquer retrato carregado no vento de uma vida longínqua…na esperança de uma brisa que me meneie os dedos e no ar se escrevam e se desenhem os contornos do meu imo, para que viajem e me levem para longe, de encontro a quem no meu desespero se afoga também… Exploro o vazio do olhar perdido no nada, perdido no tempo que cessa o seu avanço incessante e tudo se perde no baço esboço do mundo de fora, ao qual é recusada presença no de dentro…Espero, em vão, que no meio deste estado semi-consciente os meus dedos ganhem vida e o sangue que verte do coração rasgado flua na sua direcção, ansioso de gritar ao mundo o seu fluxo afogado em água salgada…Mas nada acontece…e mudo, grito com os lábios cerrados a angústia de ver tudo o que me atormenta contido cá dentro, prestes a implodir e a fazer-me desaparecer…qual buraco negro neste universo interior…E assim aqui me prostro…dedos trémulos, caneta em riste afogada em tinta, mas seca em vontade e impulso de brotar palavras de dentro de mim…Por isso limito-me a quedar inerte, tempos indefinidos esperando que o impulso chegue…esper-ando que uma brisa, ainda que pequena, de inspiração me varra a boca do coração, me percorra as veias e me banhe a ponta dos dedos para que a tinta me tire liberte o peito do peso que carrego…

Não consigo…Procuro em todos os lugares possíveis…Nos recantos mais profundos da minha mente, nas memórias de beijos no canto dos meus lábios, nas batidas ocas do meu coração…debaixo das pedras, por entre os lençóis, por entre os sopros de vento quente das tardes de Verão…nas névoas frias da madrugada que morre com o brilho do sol, no calor fugidio que se mostra envergonhado nas tardes lon-gas…Nada…nenhum fio de inspiração por entre os tormentos interiores, que tantas vezes transbordam em rios de água salgada que me lavam o rosto.De encontro ao papel branco e fino, a caneta não deixa sair um único curso de tinta que se transforme em palavras…apenas isto…três pontos…três míseros símbolos do vazio de ideias, mísera desculpa de palavras, perfeita desculpa para encobrir estados de espírito…Por mais que tente…às lágrimas chego com o esforço, tento que com a ajuda da minha tristeza líquida a tinta desenhe contornos de palavras sinceras que gritem o tumulto interior, mas recusam-se…e os três pontos choram também com a água que lhes lava a tinta…e o papel transforma-se num borrão escuro de azul como o meu interior…Procuro nas árvores que abanam as suas folhas ao vento, que com os ramos rasgam o ar obstinado que sopra furioso…nas ondas do mar que se desfazem em espuma na margem, que engolem os corpos na metáfora da sua força e que lambem os grãos de areia para que se não esqueçam que o oceano deles não se esqueceu…deambulo nas ruas e por entre as calçadas sujas e irregulares procuro vestígios de algum incentivo, alguma acendalha por entre as pedras pisadas e violentadas (quem mais sofre que pedaços inertes pisados e repisados por vidas alheias)… nas montras das lojas e das pessoas, nas suas faces que voam, nos seus e nos meus reflexos nos vidros…Mas nem um pequeno vestígio, nem um pequeno impulso nos dedos para escrever sem medos, nem hesitações…No escuro dos meus olhos fechados aguço os ouvidos na solidão e obscuridade, na esperança de ouvir ao longe qualquer imagem perdida no vácuo, qualquer retrato carregado no vento de uma vida longínqua…na esperança de uma brisa que me meneie os dedos e no ar se escrevam e se desenhem os contornos do meu imo, para que viajem e me levem para longe, de encontro a quem no meu desespero se afoga também… Exploro o vazio do olhar perdido no nada, perdido no tempo que cessa o seu avanço incessante e tudo se perde no baço esboço do mundo de fora, ao qual é recusada presença no de dentro…Espero, em vão, que no meio deste estado semi-consciente os meus dedos ganhem vida e o sangue que verte do coração rasgado flua na sua direcção, ansioso de gritar ao mundo o seu fluxo afogado em água salgada…Mas nada acontece…e mudo, grito com os lábios cerrados a angústia de ver tudo o que me atormenta contido cá dentro, prestes a implodir e a fazer-me desaparecer…qual buraco negro neste universo interior…E assim aqui me prostro…dedos trémulos, caneta em riste afogada em tinta, mas seca em vontade e impulso de brotar palavras de dentro de mim…Por isso limito-me a quedar inerte, tempos indefinidos esperando que o impulso chegue…esper-ando que uma brisa, ainda que pequena, de inspiração me varra a boca do coração, me percorra as veias e me banhe a ponta dos dedos para que a tinta me tire liberte o peito do peso que carrego

Não consigo…Procuro em todos os lugares possíveis…Nos recantos mais profundos da minha mente, nas memórias de beijos no canto dos meus lábios, nas batidas ocas do meu coração…debaixo das pedras, por entre os lençóis, por entre os sopros de vento quente das tardes de Verão…nas névoas frias da madrugada que morre com o brilho do sol, no calor fugidio que se mostra envergonhado nas tardes lon-gas…Nada…nenhum fio de inspiração por entre os tormentos interiores, que tantas vezes transbordam em rios de água salgada que me lavam o rosto.De encontro ao papel branco e fino, a caneta não deixa sair um único curso de tinta que se transforme em palavras…apenas isto…três pontos…três míseros símbolos do vazio de ideias, mísera desculpa de palavras, perfeita desculpa para encobrir estados de espírito…Por mais que tente…às lágrimas chego com o esforço, tento que com a ajuda da minha tristeza líquida a tinta desenhe contornos de palavras sinceras que gritem o tumulto interior, mas recusam-se…e os três pontos choram também com a água que lhes lava a tinta…e o papel transforma-se num borrão escuro de azul como o meu interior…Procuro nas árvores que abanam as suas folhas ao vento, que com os ramos rasgam o ar obstinado que sopra furioso…nas ondas do mar que se desfazem em espuma na margem, que engolem os corpos na metáfora da sua força e que lambem os grãos de areia para que se não esqueçam que o oceano deles não se esqueceu…deambulo nas ruas e por entre as calçadas sujas e irregulares procuro vestígios de algum incentivo, alguma acendalha por entre as pedras pisadas e violentadas (quem mais sofre que pedaços inertes pisados e repisados por vidas alheias)… nas montras das lojas e das pessoas, nas suas faces que voam, nos seus e nos meus reflexos nos vidros…Mas nem um pequeno vestígio, nem um pequeno impulso nos dedos para escrever sem medos, nem hesitações…No escuro dos meus olhos fechados aguço os ouvidos na solidão e obscuridade, na esperança de ouvir ao longe qualquer imagem perdida no vácuo, qualquer retrato carregado no vento de uma vida longínqua…na esperança de uma brisa que me meneie os dedos e no ar se escrevam e se desenhem os contornos do meu imo, para que viajem e me levem para longe, de encontro a quem no meu desespero se afoga também… Exploro o vazio do olhar perdido no nada, perdido no tempo que cessa o seu avanço incessante e tudo se perde no baço esboço do mundo de fora, ao qual é recusada presença no de dentro…Espero, em vão, que no meio deste estado semi-consciente os meus dedos ganhem vida e o sangue que verte do coração rasgado flua na sua direcção, ansioso de gritar ao mundo o seu fluxo afogado em água salgada…Mas nada acontece…e mudo, grito com os lábios cerrados a angústia de ver tudo o que me atormenta contido cá dentro, prestes a implodir e a fazer-me desaparecer…qual buraco negro neste universo interior…E assim aqui me prostro…dedos trémulos, caneta em riste afogada em tinta, mas seca em vontade e impulso de brotar palavras de dentro de mim…Por isso limito-me a quedar inerte, tempos indefinidos esperando que o impulso chegue…esper-ando que uma brisa, ainda que pequena, de inspiração me varra a boca do coração, me percorra as veias e me banhe a ponta dos dedos para que a tinta me tire liberte o peito do peso que carrego…

Não consigo…Procuro em todos os lugares possíveis…Nos recantos mais profundos da minha mente, nas memórias de beijos no canto dos meus lábios, nas batidas ocas do meu coração…debaixo das pedras, por entre os lençóis, por entre os sopros de vento quente das tardes de Verão…nas névoas frias da madrugada que morre com o brilho do sol, no calor fugidio que se mostra envergonhado nas tardes lon-gas…Nada…nenhum fio de inspiração por entre os tormentos interiores, que tantas vezes transbordam em rios de água salgada que me lavam o rosto.De encontro ao papel branco e fino, a caneta não deixa sair um único curso de tinta que se transforme em palavras…apenas isto…três pontos…três míseros símbolos do vazio de ideias, mísera desculpa de palavras, perfeita desculpa para encobrir estados de espírito…Por mais que tente…às lágrimas chego com o esforço, tento que com a ajuda da minha tristeza líquida a tinta desenhe contornos de palavras sinceras que gritem o tumulto interior, mas recusam-se…e os três pontos choram também com a água que lhes lava a tinta…e o papel transforma-se num borrão escuro de azul como o meu interior…Procuro nas árvores que abanam as suas folhas ao vento, que com os ramos rasgam o ar obstinado que sopra furioso…nas ondas do mar que se desfazem em espuma na margem, que engolem os corpos na metáfora da sua força e que lambem os grãos de areia para que se não esqueçam que o oceano deles não se esqueceu…deambulo nas ruas e por entre as calçadas sujas e irregulares procuro vestígios de algum incentivo, alguma acendalha por entre as pedras pisadas e violentadas (quem mais sofre que pedaços inertes pisados e repisados por vidas alheias)… nas montras das lojas e das pessoas, nas suas faces que voam, nos seus e nos meus reflexos nos vidros…Mas nem um pequeno vestígio, nem um pequeno impulso nos dedos para escrever sem medos, nem hesitações…No escuro dos meus olhos fechados aguço os ouvidos na solidão e obscuridade, na esperança de ouvir ao longe qualquer imagem perdida no vácuo, qualquer retrato carregado no vento de uma vida longínqua…na esperança de uma brisa que me meneie os dedos e no ar se escrevam e se desenhem os contornos do meu imo, para que viajem e me levem para longe, de encontro a quem no meu desespero se afoga também… Exploro o vazio do olhar perdido no nada, perdido no tempo que cessa o seu avanço incessante e tudo se perde no baço esboço do mundo de fora, ao qual é recusada presença no de dentro…Espero, em vão, que no meio deste estado semi-consciente os meus dedos ganhem vida e o sangue que verte do coração rasgado flua na sua direcção, ansioso de gritar ao mundo o seu fluxo afogado em água salgada…Mas nada acontece…e mudo, grito com os lábios cerrados a angústia de ver tudo o que me atormenta contido cá dentro, prestes a implodir e a fazer-me desaparecer…qual buraco negro neste universo interior…E assim aqui me prostro…dedos trémulos, caneta em riste afogada em tinta, mas seca em vontade e impulso de brotar palavras de dentro de mim…Por isso limito-me a quedar inerte, tempos indefinidos esperando que o impulso chegue…esper-ando que uma brisa, ainda que pequena, de inspiração me varra a boca do coração, me percorra as veias e me banhe a ponta dos dedos para que a tinta me tire liberte o peito do peso que carrego…

Não consigo…Procuro em todos os lugares possíveis…Nos recantos mais profundos da minha mente, nas memórias de beijos no canto dos meus lábios, nas batidas ocas do meu coração…debaixo das pedras, por entre os lençóis, por entre os sopros de vento quente das tardes de Verão…nas névoas frias da madrugada que morre com o brilho do sol, no calor fugidio que se mostra envergonhado nas tardes lon-gas…Nada…nenhum fio de inspiração por entre os tormentos interiores, que tantas vezes transbordam em rios de água salgada que me lavam o rosto.De encontro ao papel branco e fino, a caneta não deixa sair um único curso de tinta que se transforme em palavras…apenas isto…três pontos…três míseros símbolos do vazio de ideias, mísera desculpa de palavras, perfeita desculpa para encobrir estados de espírito…Por mais que tente…às lágrimas chego com o esforço, tento que com a ajuda da minha tristeza líquida a tinta desenhe contornos de palavras sinceras que gritem o tumulto interior, mas recusam-se…e os três pontos choram também com a água que lhes lava a tinta…e o papel transforma-se num borrão escuro de azul como o meu interior…Procuro nas árvores que abanam as suas folhas ao vento, que com os ramos rasgam o ar obstinado que sopra furioso…nas ondas do mar que se desfazem em espuma na margem, que engolem os corpos na metáfora da sua força e que lambem os grãos de areia para que se não esqueçam que o oceano deles não se esqueceu…deambulo nas ruas e por entre as calçadas sujas e irregulares procuro vestígios de algum incentivo, alguma acendalha por entre as pedras pisadas e violentadas (quem mais sofre que pedaços inertes pisados e repisados por vidas alheias)… nas montras das lojas e das pessoas, nas suas faces que voam, nos seus e nos meus reflexos nos vidros…Mas nem um pequeno vestígio, nem um pequeno impulso nos dedos para escrever sem medos, nem hesitações…No escuro dos meus olhos fechados aguço os ouvidos na solidão e obscuridade, na esperança de ouvir ao longe qualquer imagem perdida no vácuo, qualquer retrato carregado no vento de uma vida longínqua…na esperança de uma brisa que me meneie os dedos e no ar se escrevam e se desenhem os contornos do meu imo, para que viajem e me levem para longe, de encontro a quem no meu desespero se afoga também… Exploro o vazio do olhar perdido no nada, perdido no tempo que cessa o seu avanço incessante e tudo se perde no baço esboço do mundo de fora, ao qual é recusada presença no de dentro…Espero, em vão, que no meio deste estado semi-consciente os meus dedos ganhem vida e o sangue que verte do coração rasgado flua na sua direcção, ansioso de gritar ao mundo o seu fluxo afogado em água salgada…Mas nada acontece…e mudo, grito com os lábios cerrados a angústia de ver tudo o que me atormenta contido cá dentro, prestes a implodir e a fazer-me desaparecer…qual buraco negro neste universo interior…E assim aqui me prostro…dedos trémulos, caneta em riste afogada em tinta, mas seca em vontade e impulso de brotar palavras de dentro de mim…Por isso limito-me a quedar inerte, tempos indefinidos esperando que o impulso chegue…esper-ando que uma brisa, ainda que pequena, de inspiração me varra a boca do coração, me percorra as veias e me banhe a ponta dos dedos para que a tinta me tire liberte o peito do peso que carrego…

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EXPOSIÇÃO

NUMA JANELA DO EDIFÍCIOPRESTES MAIA 911Fotografias de Júlio Bittencourt (Brasil)

FNAC CHIADODe 10 de Outubro a 10 de Dezembro 2008

Exposição integrada nas comemorações do 10º aniversário da Casa da América Latina