Post on 23-Mar-2016
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Cada vez mais brasileirosfazem suas refeições emrestaurantes, no trabalho,na escola e na rua.Saiba mais sobre o temae o que isso representa.
Publicação doConselho Regionalde Nutricionistasda 5ª Região(Bahia e Sergipe)
Ano 4 – nº. 5 – 2012
pág. 16
Educação Nutricional em ambienteescolar
pág. 19
Conselho avança para o bemda categoria
pág. 04
Quando nos candidatamos para assumir a gestão
do Conselho Regional de Nutricionistas da 5ª
Região (CRN-5), o fizemos por meio de uma
chapa que chamamos de “Avanço”, porque nos-
sa motivação era – e continua sendo – colaborar
para o avanço da nossa categoria. Olhando para
trás, percebemos que apesar das dificuldades e
dos muitos desafios, conseguimos avançar em
várias frentes. Nossas principais conquistas em
2011 e 2012, assim como as perspectivas para
2013, estão apresentadas no Balanço Parcial da
Gestão, apresentado na reportagem intitulada
“Conselho avança para o bem da categoria” (Pá-
gina 4). Esperamos que você saiba como o CRN-
5 tem colaborado para a melhoria da fiscalização,
orientação, disciplina e valorização do exercício
profissional de Nutricionistas e Técnicos em Nu-
trição e Dietética (TNDs) nos Estados da Bahia e
de Sergipe.
Nesta primeira edição da “CRN-5 em Revista” em
versão exclusivamente eletrônica, destacamos a
“Alimentação Fora do Lar” por ser o tema da cam-
panha anual do sistema CFN/CRNs, inserindo-o
no contexto do novo padrão alimentar brasileiro.
E compartilhamos outros temas atuais, com o
objetivo de informá-lo(a) a respeito da “Educa-
ção Nutricional em ambiente escolar: desafios e
conquistas”; “Comida de rua: um desafio para a
Saúde Pública”; “Nutricionistas: contra agrotóxi-
cos, em defesa da agroecologia”, entre outros
temas relevantes. Desejamos que você interaja
conosco sobre o conteúdo desta publicação en-
viando sugestões, críticas e elogios através do e-
mail comunicacao@crn5.org.br. Boa leitura!
Valquíria da Conceição AgattePresidente do CRN-5
Alguns links ao longo da revista são interativos, basta clicar para acessá-los. Caso deseje, é pos-sível fazer o download da Revista para o seu computador, tablet ou celular. Para isso, ao abrir o site, logo acima da descrição, no menu de op-ções, clique em
Publicação do Conselho Regional de Nutricioni-stas da 5ª Região (Bahia e Sergipe) - Ano 4 – nº. 5 – 2012Salvador (BA): Avenida Centenário, 2883, Edi-
fício Victoria Center, Sala 106, Chame-Chame.
CEP: 40155-151 – Telefax: (71) 3237-5652.
Aracaju (SE): Praça Tobias Barreto, Centro Médico
Odontológico, Sala 502, São José. CEP: 49.015-
130 - Telefax: (79) 3211-8248.
Diretoria: Valquíria da Conceição Agatte (presi-
dente); Rita de Cássia Ferreira Silva (vice-pre-
sidente); Joelma Claudia Silveira Ribeiro (secre-
tária); Lorenna Marques Fracalossi (tesoureira).
Conselheiros efetivos: Rosemary Lima Barreto;
Tâmara Cristina Ferreira Santos; Thais Madjalane
Queiroz de Oliveira; Gilcélio Gonçalves de Almei-
da; Karla Vila Nova de Araujo Figueiredo.
Conselheiros Suplentes: Ana Karina de Assis
Braga; Bárbara Eduarda Panelli Martins; Lindanor
Gomes Santana Neta; Regiane Assunção Cam-
pos; Maíra Patriarcha Leal.
Redação, Edição, Jornalista responsável: Carla
Santana – DRT 2563
Revisão Técnica: Leny Strauch Ferreira –
CRN-5/1580
Fotos: Arquivo do CRN-5 e sites de domínio pú-
blico.
Editoração eletrônica: Pipa Comunicação
Expediente
Editorial
*
Nesta Edição
04Conselho avança para o bem da categoria.
08Comida de rua: um desafio
para a Saúde Pública.
12Educação Alimentar: lançados espa-ço virtual e Marco de Referência.
14Política Nacional de Alimentação e
Nutrição (PNAN) tem novasdiretrizes.
16Alimentação fora do lar no contexto do novo padrão alimentar brasileiro.
22Nutricionistas: contra agrotóxicos, em defesa da agroecologia.
19Educação Nutricional em ambiente
escolar: desafios e conquistas.
Entre as muitas conquistas do atual colegiado do Conselho
Regional de Nutricionistas da 5ª Região (CRN-5), eleito para
o triênio 2011-2014 após a vitória da Chapa “Avanço” nas últi-
mas eleições da autarquia, destaca-se a realização de dois
importantes convênios. O primeiro, com o Ministério Público
do Trabalho em Salvador, visa preservar o campo de atuação
privativo dos Nutricionistas e apurar os fatos nos quais os pro-
fissionais são submetidos a situações de trabalho exaustivas
e ilegais. O segundo foi firmado com o Ministério Público de
Sergipe (MP-SE), com o mesmo objetivo, mas com um foco
maior na Segurança da Alimentação naquele Estado. “Está
em curso, ainda, a assinatura de um terceiro convênio, desta
vez com a Secretaria de Segurança Pública, objetivando coibir
o exercício da profissão por terceiros não habilitados, garantin-
do a segurança da população e o campo de atuação privativa
do Nutricionista”, anuncia a presidente do CRN-5, Valquíria da
Conceição Agatte.
Também houve avanços na adoção de procedimentos para
ajuizamento de ação de execução fiscal contra as Prefeituras
de vários municípios que se encontram com os cadastros ir-
regulares junto ao CRN-5 e/ou que apresentam irregulari-
dades em relação à contratação de Nutricionistas atuantes
no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). “A
Secretaria Municipal de Educação
do Município de Aracaju (SEMED)
recebeu do MP-SE um prazo para se
pronunciar sobre a necessidade de
contratação de 27 Nutricionistas para
atender a educação infantil e funda-
mental. Isso aconteceu a partir de um
levantamento cuidadoso elaborado
pelo CRN-5 e apresentado ao MP”,
destaca a presidente do Regional.
O mesmo relatório apontou a ne-
cessidade de contratação de 87
Nutricionistas pelo Estado de Ser-
gipe, através de sua Secretaria de
Educação (SEED), fato que também
foi protocolado pelo MP-SE. “Nas
visitas fiscais realizadas pelo CRN-
5, notamos o não cumprimento das
atribuições obrigatórias do nutricio-
nista, prevista pela Resolução CFN
nº 465/10, em decorrência da carga
horária insuficiente e do quadro téc-
nico incompatível, o que compromete
o objetivo do PNAE”, conta a coorde-
nadora da Unidade de Fiscalização
do CRN-5, Mariluze de Pinho Bahia.
“Infelizmente, há casos em que um
mesmo nutricionista é Responsável
por mais de dois municípios, irregu-
laridade que compromete o exercício
profissional. Municípios e estados
precisam adequar os quadros téc-
nicos do PNAE. Só assim será ga-
rantida a qualidade da Alimentação
Escolar, tão importante para os es-
tudantes da rede pública”, pontua a
Nutricionista.
Conselhoavança
para o bem da categoria
04
AVANÇOS JURÍDICOS
De acordo com a assessora jurídica do CRN-5,
Sabrina Batista, entre as conquistas do setor ju-
rídico destacam-se as denúncias apresentadas ao
MP relacionadas à não aceitação, por laboratóri-
os e planos de saúde, de exames clínicos prescri-
tos por nutricionistas. “Habilitamos o Conselho
nos processos judiciais contra os laboratórios e
planos que, ao negarem a liberação dos exames,
estão descumprindo a Lei º 8.234/91, que regula-
menta a profissão de Nutricionista”, informa.
“Também na atual gestão apresentamos recurso
perante o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e Su-
premo Tribunal Federal (STF) contra a Associa-
ção Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel),
que em 2009 impetrou um mandado de seguran-
ça contra o CRN-5 de modo a impedir a obriga-
toriedade da presença de Nutricionistas nos es-
tabelecimentos associados. Nosso objetivo não é
outro senão garantir a presença do Nutricionista
Responsável Técnico em bares e restaurantes,
em defesa da segurança alimentar e qualidade
nutricional. Estamos confiantes”, destaca Sabrina
Batista.
UPGRADE DA FISCALIZAÇÃO
De julho de 2011 a novembro de 2012, as Nutri-
cionistas fiscais do CRN-5, Diva Moniz e Izabelle
Gasparini, realizaram mais de 1.350 visitas fiscais
a Nutricionistas e Técnicos em Nutrição e Dieté-
tica (TNDs) registrados no CRN-5. “A maioria das
visitas é direcionada para orientar e disciplinar os
profissionais, mas também estamos atentas às
denúncias referentes ao exercício ilegal da pro-
fissão, as quais têm sido atendidas com agilidade,
inclusive com o apoio da Assessoria Jurídica nos
casos mais graves”, destaca a Nutricionista Mari-
luze Pinho Bahia, coordenadora da Fiscalização
do CRN-5. “No início deste ano, realizamos um
trabalho interno bastante produtivo com análise
de aproximadamente 1.300 processos”, destaca.
Um dos focos da Fiscalização do CRN-5 são os
Hospitais Estaduais da Bahia. “Elaboramos um
relatório referente ao Quadro Técnico de Nutri-
cionistas dessas instituições e detectamos uma
significativa defasagem no número de Nutricio-
nistas contratados. Notificamos as instituições,
mas não recebemos o retorno esperado. Sabe-
mos que muitos profissionais foram aprovados
em concursos públicos para ocupar as vagas
existentes e que poucos foram contratados até o
momento para suprir a real demanda. Por isso,
enviamos o relatório para o MP-BA, do qual espe-
ramos uma ação enérgica no que concerne a este
especial cuidado com a saúde pública”, declara
Mariluze Bahia.
A Unidade de Fiscalização do Conselho também
foi a promotora de Fóruns Itinerantes voltados
para estudantes de Nutrição de Sergipe e de
eventos pilotos voltados para os Nutricionistas do
PNAE, tanto de Salvador e Região Metropolitana
quanto de Sergipe, através de parcerias com o
Centro Colaborador em Alimentação e Nutrição
do Escolar (Cecane/FNDE/UFBA). “Elaboramos
relatórios importantes sobre o cumprimento das
atribuições dos nutricionistas no PNAE”, conta
Mariluze.
Entre as conquistas do setor de fiscalização na
atual gestão, destaca-se, ainda, a contratação,
através de Concurso Público, de duas novas fis-
cais, as Nutricionistas Andréa Rita Pinto de Al-
meida e Tatiana Rolando dos Santos, que irão
fiscalizar os profissionais que atuam no Estado de
Sergipe e no interior da Bahia, respectivamente.
Estamos atentas às
denúncias referentes
ao exercício ilegal
da profissão.
“
”
CRN-5 com Você
05
Mariluze Pinho Bahia
INTEGRAÇÃO E QUALIFICAÇÃO
Com o objetivo de promover a integração da categoria e a qualificação dos profissionais registrados,
o atual colegiado do CRN-5 promoveu ou apoiou encontros e eventos diversos. Confira os principais:
06
MAIS INTERATIVIDADE
Milhares de profissionais passaram a se relacio-
nar com o CRN-5 através do Facebook na atual
gestão, o que demonstra que o relacionamento
do Conselho com a categoria tem se intensifica-
do. Além disso, boletins online continuam sendo
enviados quinzenalmente por e-mail aos profis-
sionais com informações institucionais e de inte-
resse da categoria.
De acordo com a vice-presidente do CRN-5, Rita
de Cássia Ferreira Silva, o site do Conselho tem
sido constantemente atualizado pela assesso-
ria de comunicação do Conselho. A realização
de chats temáticos mensais também tem sido
aprovada pela categoria. “O de maior repercussão
foi o chat sobre o serviço de Personal Diet, que
tem sido alvo de grande interesse da categoria.
Além disso, os veículos de comunicação têm
nos procurado com frequência para mediarmos
entrevistas com Nutricionistas. Entendemos que
quanto mais visibilidade o Nutricionista tiver na
imprensa, mais a nossa profissão será valorizada
perante a opinião pública”, destaca Rita. Para
otimizar a comunicação, o CRN-5 lançará seu
novo site em fevereiro de 2013, muito mais bo-
nito, interativo e funcional. Aguarde!
Entendemos que
a responsabilidade
social do Conselho
permeia tanto
as ações junto
ao Nutricionista quanto
à comunidade.
“
”07
Rita de Cássia Ferreira Silva
A comida de rua faz parte da história do Brasil.
Como o país é muito extenso, cada região apre-
senta um cardápio de comida de rua próprio, a-
inda que haja influência das migrações e do pro-
cesso de globalização. Nas ruas da Bahia, além
das preparações típicas da culinária africana,
como o acarajé, o abará, o bolinho de estudante e
o mingau, ou ainda de tradição nordestina, como
o queijo de coalho (muito vendido nas praias) e
a tapioca, é possível encontrar uma grande di-
versidade de alimentos e bebidas, como caldo
de cana, cachorro-quente, sanduíches de vários
tipos, salgados (coxinha, quibe, pastel), sucos,
produtos industrializados, refeições completas e
muitas frutas in natura, que variam de acordo com
a estação do ano.
De acordo com a Nutricionista Ryzia de Cassia
Vieira Cardoso, grande parte desses alimentos
e bebidas comercializadas na informalidade não
atende aos critérios de segurança dos alimentos,
seja nos aspectos físicos, químicos ou microbi-
ológicos. Em virtude desta condição, tais alimen-
tos não raramente causam agravos e doenças
diversas. “As pesquisas têm revelado a evidência
de microrganismos patogênicos em diferentes
categorias de alimentos. Entre os microrganis-
mos identificados, há os que desencadeiam um
quadro clínico de menor preocupação, como sen-
sação de desconforto abdominal, náusea, vômito
e diarreia; e os que levam a quadros mais graves,
com a disseminação do patógeno para diversos
sistemas do organismo humano, condição que
pode, inclusive, resultar em morte”, destaca.
Comida de rua: um desafio para a Saúde Pública
Saúde em Dia
08
SUGESTÕES
Para minimizar o problema e reduzir os números relacionados à
toxinfecção alimentar, a nutricionista sugere ações de qualificação
e educação continuada dos vendedores e manipuladores de ali-
mentos que atuam nessa cadeia produtiva através de treinamentos
constantes. “É preciso sensibilizar e qualificar os recursos humanos
do setor público (inclusive os fiscais) para uma melhor atuação junto
ao segmento. Além disso, faz-se necessário o estabelecimento de
uma legislação específica. Os consumidores precisam ser orienta-
dos; os projetos para melhorar as condições estruturais dos pontos
de venda, desenvolvidos e as linhas de crédito para organizar as
redes de fortalecimento do setor precisam ser abertas”, declara a
professora do curso de Nutrição da Universidade Federal da Bahia
(UFBA), Ryzia Cardoso.
Para a especialista, os resultados de um programa de treinamento
devem ser avaliados sob diferentes aspectos, uma vez que educa-
ção em saúde e mudança de comportamento envolvem discussões
complexas. “Para gerar as mudanças esperadas, vale atentar para
algumas questões, tais como: ‘Quem é o público-alvo do treinamen-
to? Qual o seu nível de formação? O que este público demanda, em
termos de conteúdo formativo? Que abordagem pedagógica será
adotada? Qual (is) a(s) metodologia(s) que melhor se aplica(m)
para o desenvolvimento do curso? Qual a duração da atividade?
Como é possível integrar o novo conhecimento à realidade do ma-
nipulador/vendedor, para permitir a troca de saberes?”, detalha.
É preciso sensi-
bilizar e qualifi-
car os recursos
humanos do
setor público
(inclusive os fis-
cais) para uma
melhor atuação
junto ao seg-
mento. Além
disso, faz-se ne-
cessário o esta-
belecimento de
uma legislação
específica...
“
”Ryzia Cardoso
INFORMALIDADE NA ECONOMIA
A comida de rua constitui-se uma realidade nos
mais diversos municípios brasileiros principal-
mente em virtude da baixa oferta de postos de
trabalho no setor formal. Tanto em metrópoles
quando em pequenos vilarejos, ou mesmo à beira
das estradas – nas paradas, é possível encontrar
este tipo de alimento. “Para grande parte dos tra-
balhadores informais, os ganhos na atividade su-
peram o salário mínimo nacional. De acordo com
um diagnóstico que envolveu 449 vendedores
adultos em Salvador, verificou-se que a média de
renda obtida era de 2,2 salários. Adicionalmente,
novos trabalhos mostram a interface do comércio
da comida de rua com o trabalho infantil, cenário
que encerra grande complexidade social”, desta-
ca a Ryzia Cardoso.
ACARAJÉ
Em Salvador, foi iniciado há 10 anos um movi-
mento pela Associação das Baianas de Acarajé e
Mingau, com apoio de vários órgãos e instituições,
com vistas à formação e qualificação de baianas,
promoção da segurança do acarajé e proteção da
saúde dos consumidores, dado o valor cultural
desta iguaria. A intervenção, chamada “Programa
Acarajé 10”, apresentou resultados positivos,
porém não houve continuidade nas ações, o que
prejudicou o alcance dos objetivos propostos.
Fora do Brasil, existem experiências de interven-
ção em relação à comida de rua, apoiadas pelos
governos locais e por organismos internacionais
como o Fundo das Nações Unidas para Alimen-
tos e Agricultura (FAO), Organização Mundial de
Saúde (OMS), Organizações Não Governamen-
tais (ONGs) e programas de desenvolvimento
mantidos por países desenvolvidos. Na África, a
literatura científica reporta experiências de inter-
venção em Gana e na África do Sul, com adoção
de metodologias estabelecidas pela OMS e pela
FAO, que levaram a resultados positivos para o
segmento.
11
No dia 30 de novembro, foram lançados, em Brasília o Marco
de Referência em Educação Alimentar e Nutricional e o es-
paço virtual “Ideias na Mesa”. O Marco foi lançado pelo Minis-
tério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS),
Ministério da Saúde e Ministério da Educação.
O documento foi construído a partir de discussões entre re-
presentantes dos três ministérios, de universidades e da
sociedade civil, especialmente o Conselho Nacional de Se-
gurança Alimentar e Nutricional (CONSEA). O documento
consolida conceitos e práticas de educação alimentar e nu-
tricional e permite um o-lhar multidisciplinar sobre as políticas
que promovem o direito à alimentação adequada e saudável.
“Essa é uma novidade e uma conquista muito importante,
pois dá visibilidade à discussão sobre os hábitos alimenta-
res da nossa população, além de contribuir para qualificar os
debates e práticas em diferentes setores envolvidos”, avalia
a secretária nacional de Segurança Alimentar e Nutricional
do MDS, Maya Takagi. “A educação alimentar é uma medida
fundamental para enfrentar questões como a obesidade, a
desnutrição e as doenças ligadas à alimentação insuficiente
ou inadequada”, disse a coordenadora geral de Alimentação
e Nutrição do Ministério da Saúde, Patrícia Jaime.
Como desdobramento do Marco de Referência, também foi
lançado o espaço virtual “Ideias na Mesa”, dedicado ao de-
bate permanente sobre educação alimentar e nutricional. A
rede virtual, que entrou no ar também
na sexta-feira, foi criada para compar-
tilhar experiências de pessoas, insti-
tuições de governo e organizações
da sociedade civil que pratiquem e
ajudem a promover a alimentação a-
dequada e saudável no país.
“O Marco de Referência e a rede vir-
tual são espaços valiosos que reú-
nem tudo o que sabemos e o que
precisamos saber sobre a educação
alimentar e nutricional e que têm o
papel de integrar o saber científico e
os saberes populares e regionais na
promoção do direito humano à ali-
mentação adequada”, ressalta Elisa-
betta Recine, conselheira do CON-
SEA e coordenadora do Observatório
de Políticas de Segurança Nutricional
e Alimentar, da Universidade de Bra-
sília (OPSAN/UnB), parceiro do MDS
na construção do site.
Para conferir a rede virtual “Ideias na
Mesa”, acesse o site, clicando aqui
Fonte: MDS
EducaçãoAlimentar:lançadosespaço virtuale Marcode Referência
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Essa é uma
novidade e uma
conquista muito
importante, pois dá
visibilidade à
discussão sobre
os hábitos
alimentares da
nossa população...
“
”Maya Takagi
Saúde em Dia
Para intensificar as ações de atenção nutricional nas redes
de atenção à saúde do Sistema Único de Saúde (SUS), o
Ministério da Saúde determinou que seus órgãos e enti-
dades adequem planos, programas, projetos e atividades às
diretrizes da nova Política Nacional de Alimentação e Nu-
trição (PNAN), publicada na portaria nº 2.715, no dia 18 de
novembro de 2011.
“A atualização dessa política envolveu consultas a vários
segmentos envolvidos com o tema, como conselhos de
saúde, trabalhadores e gestores de saúde e de segurança
alimentar e nutricional, especialistas em políticas públicas
de saúde, alimentação e nutrição e representantes da socie-
dade organizada”, observa a coordenadora de Alimentação
e Nutrição do Ministério da Saúde, Patrícia Jaime.
Na prática, isso se traduz em mais apoio do Ministério da
Saúde para ações relacionadas a alimentação e nutrição.
“A Política Nacional de Alimentação e Nutrição prevê, por
exemplo, o fortalecimento da vigilância alimentar e nutri-
cional que terá incentivo para a compra de equipamentos
antropométricos para que Unidades Básicas de Saúde
(UBS) e pólos das Academias da Saúde possam monito-
rar as condições de alimentação e de nutrição das pessoas,
melhorando, inclusive, nossas ações
de prevenção e de tratamento de pro-
blemas nutricionais, como a obesi-
dade”, explica Patrícia.
As diretrizes da PNAN também se
aplicam à promoção da alimentação
saudável de forma intersetorial e ar-
ticulada com diferentes setores, como
nas escolas de educação infantil, fun-
damental e nível médio das redes públi-
cas e privadas.
As ações envolvem ainda capacitação
dos profissionais da atenção básica
para impulsionar a orientação alimen-
tar como atividade de rotina nos ser-
viços de saúde, contemplando a forma-
ção de hábitos alimentares saudáveis
desde a infância, com a introdução da
alimentação complementar em tempo
oportuno e de qualidade, respeitando a
identidade cultural e alimentar das di-
versas regiões brasileiras.
“Os recursos deverão ser aplicados,
pelas secretarias estaduais e munici-
pais de saúde, em medidas relaciona-
das à atenção nutricional no SUS, in-
cluindo prevenção, vigilância e cuidado
integral aos usuários do SUS; princi-
palmente, por meio da atenção bási-
ca”, explica o secretário de Atenção à
Saúde, Helvécio Magalhães.
Conheça a nova versão da PNAN, cli-
cando aqui
Fonte: Instituto Racine
PolíticaNacional deAlimentaçãoe Nutrição (PNAN) tem novasdiretrizes
+
14
Saúde em Dia
Segundo pesquisas recentes, os brasileiros estão
gastando pelo menos 30% de sua renda mensal
com alimentação. Não é à toa: boa parte deles
passa mais tempo no trabalho do que em casa,
o que os leva a se alimentarem em um dos 1,5
milhões de bares e restaurantes espalhados pelo
Brasil, quando não no trabalho, nas instituições
de ensino ou até mesmo na rua. De acordo com
os dados do Instituto Data Popular, o hábito de
comer fora de casa faz parte do dia a dia de
65,3% da população. O valor despendido com
este hábito subiu de R$ 59,1 bilhões, em 2002,
para R$ 121,4 bilhões em 2011 – um crescimento
superior a 100% em nove anos.
O faturamento do setor também impressiona.
Conforme a Associação Brasileira das Empresas
de Refeições (Aberc), este passou de R$ 10,9
bilhões em 2010 para R$ 13 bilhões em 2011.
Foram 10,5 milhões de refeições servidas diari-
amente ao longo de 2011, representando um total
11,2% superior ao de unidades distribuídas por
dia em 2010, que ficou em 9,4 milhões. De acordo
com a Aberc, a tendência é de um crescimento de
10% ao ano ao longo desta década até 2020. Em
sete anos, deverá dobrar.
Diante deste quadro, fica a quesão: A qualidade
nutricional e a segurança dos alimentos estão
sendo considerados na hora de escolher o que
comer fora lar? “As pessoas precisam observar
se o local em que costumam se alimentar é se-
guro do ponto de vista higiênico-sanitário. E, so-
bretudo, saber escolher alimentos saudáveis, po-
bres em gordura, sal, açúcares e conservantes, e
ricos em vitaminas, minerais e outros nutrientes
que previnem doenças e promovem qualidade de
vida”, resume a nutricionista Leny Strauch, as-
sessora técnica do CRN-5. “Consumir alimentos
orgânicos é uma boa opção, sobretudo no sentido
de reduzir a quantidade de agrotóxicos, os quais
comprovadamente fazem mal à saúde”, completa.
Alimentaçãofora do lar
no contexto do novopadrão
alimentarbrasileiro
17
PESQUISA
Dados da última Pesquisa de Orçamentos Fa-
miliares (POF 2009), elaborada pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em
parceria com o Ministério do Planejamento, Orça-
mento e Gestão e o Ministério da Saúde, revela
que o consumo alimentar do brasileiro combina a
dieta tradicional brasileira à base de arroz e feijão
com alimentos de teor reduzido de nutrientes e
de alto teor calórico. Segundo a pesquisa, o con-
sumo está aquém do recomendado para frutas,
verduras e legumes: menos de 10% da popula-
ção atinge as recomendações de consumo. É
também o caso do leite, que ficou muito abaixo do
recomendado e se traduz em elevadas prevalên-
cias de inadequação das necessidades diárias de
vitaminas e cálcio.
Ao lado disso, há elevada ingestão de bebidas
com adição de açúcar, como sucos, refrigerantes
e refrescos, particularmente pelos adolescentes.
Mais de 70% da população consome quantidades
superiores ao valor máximo de ingestão tolerável
para o sódio, assim como também há um consu-
mo excessivo de gordura saturada (82%). Além
disso, 68% da população ingere fibras em valores
abaixo do recomendado.
Em relação às faixas etárias, entre os adolescen-
tes destaca-se a forte presença na alimentação
de biscoitos, embutidos (linguiça, salsicha, mor-
tadela), sanduíches e salgados, e os valores per
capita indicam um menor consumo de feijão, sala-
das e verduras.
A POF mostra, ainda, que o consumo médio de
energia fora do domicílio correspondeu a aproxi-
madamente 16% da ingestão calórica total. As
prevalências de inadequação de ingestão de mi-
cronutrientes foram altas em todas as grandes
regiões do País e refletem a baixa qualidade da
dieta do brasileiro. De acordo com a pesquisa,
correções na dieta permitiriam atingir as reco-
mendações para a maioria dos micronutrientes.
“Essas modificações incluem trocar alimentos
muito calóricos e com baixo teor de nutrientes por
frutas, verduras, leguminosas, leite, grãos inte-
grais, oleaginosas e peixes, todos eles produzi-
dos no país”, destaca Leny Strauch.
BEM VIVER NUTRIÇÃO 2012
Atento à importância da Alimentação Fora do Lar
no Brasil, o Sistema Conselho Federal de Nutri-
cionistas/Conselhos Regionais de Nutricionistas
(CFN/CRNs) adotou este assunto como tema
de sua campanha anual. A partir dela, diversas
ações foram desenvolvidas por todo o Brasil, so-
bretudo com o objetivo de conscientizar a popu-
lação acerca da responsabilidade nas escolhas
alimentares.
Uma das ações foi o Bem Viver Nutrição 2012,
evento comemorativo ao Dia do Nutricionista (31
de agosto) realizado no dia 1º de setembro no
Hotel América Towers, em Salvador. O evento,
voltado principalmente para nutricionistas, reuniu
quase 200 pessoas, em torno de uma rica pro-
gramação, que pode ser conferida nesse link
18
+
Além do trabalho de produção, supervisão de
equipes, treinamentos, auditorias internas e ativi-
dades que garantam a qualidade higiênico-sani-
tária e nutricional dos alimentos, com respeito à
cultura alimentar de escolares, é dever do Nutri-
cionista que atua na alimentação escolar promo-
ver a educação nutricional, com vistas a gerar
mudanças de hábitos. A realidade vivenciada
pela Nutricionista Tatiana Medeiros há quase três
anos em cantinas e refeitórios de escolas particu-
lares de Salvador está dentro deste parâmetro.
“Junto com os professores, promovemos ativi-
dades em sala de aula e agendamos visitas
regulares dos alunos ao refeitório. Também pre-
paramos material didático para ser utilizado pe-
los professores, sugerimos material para mural
e área de cantina, escrevemos textos voltados
aos pais”, conta. “A presença de um nutricionista
torna a difusão do tema da alimentação e nutrição
mais consistente. Nossa meta deve ser aliar
ações teóricas, através de informações aos fun-
cionários, alunos e pais, com a vivência prática,
por meio de mudanças implementadas na cantina
ou refeitório”, completa.
Tatiana conta que reuniões com familiares e pro-
fessores são promovidas nas escolas para abor-
dar o tema da alimentação saudável, mostrar o
perfil nutricional dos alunos e sugerir atividades.
“Acompanhamos o almoço dos estudantes, ob-
servando a aceitação das preparações e cuidan-
do de alguns casos especiais. Disponibilizamos
receitas saudáveis e fáceis para serem prepara-
das pelos próprios alunos. Fazemos avaliação
antropométrica e traçamos o perfil nutricional da
comunidade escolar”, detalha a Nutricionista, que
ressalta que também é dever do Nutricionista atu-
alizar as escolas em relação às legislações, tanto
da Vigilância Sanitária quanto às concernentes à
regularização da alimentação escolar.
EducaçãoNutricional
em ambienteescolar:
desafios econquistas
Atuação Profissional
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BOAS PRÁTICAS
Entre os projetos de educação nutricional adota-
dos por Tatiana Medeiros destaca-se o “Prato
Colorido”, em que ela aborda a importância das
cores dos alimentos para o corpo humano, em
sala de aula. “Combinamos previamente de, na
hora do almoço, cada um fazer um prato bem
colorido e fotografamos. Todos querem ter seu
prato fotografado, por isso acrescentam itens de
salada”, detalha Tatiana.
Para os alunos mais velhos, é desenvolvida,
juntamente com a professora de Ciências, uma
atividade sobre rotulagem, onde a Nutricionista
explica como analisar os rótulos. A partir desta
abordagem, os próprios alunos julgam os itens
da cantina e escolhem as melhores opções de
lanche.
Tatiana costuma incluir no cardápio itens que
remetam a assuntos que os alunos estão estu-
dando. Quando o assunto abordado na sala de
aula é reciclagem, por exemplo, são preparados
pratos com aproveitamento integral dos alimen-
tos. Além disso, “apostamos em pratos africanos
na Copa da África do Sul e pratos ingleses para
serem servidos durante as Olimpíadas de Lon-
dres. Na semana do estudante, pedimos receitas
das famílias dos alunos para preparar em nosso
refeitório. Essas ações motivam os alunos a ex-
perimentar novas preparações e a conhecer ali-
mentos diferentes”, ressalta a Nutricionista.
NEOFOBIA ALIMENTAR
Na infância, a neofobia alimentar, a aversão a
experimentar alimentos desconhecidos, é muito
comum. Este é um dos motivos pelos quais mui-
tas crianças não conhecem grande parte dos ali-
mentos saudáveis, como frutas e verduras. Mui-
tas jamais experimentaram os cereais integrais.
Quando já é hábito da família e a criança já con-
some, ela aceita naturalmente. Além disso, é pre-
ciso considerar que as crianças ainda estão com
o juízo crítico em formação, e a noção de conse-
quências em longo prazo ainda é muito abstrata.
Logo, além de fornecer informação, é preciso
criar um ambiente propício a escolhas saudáveis.
“Não adianta dar a mesma visibilidade a lanches
saudáveis e a opções menos nutritivas. Se, para
a sobremesa, tem fruta e doce, a maioria das cri-
anças opta pelo doce, mas quando só tem fruta,
muitas comem a fruta e adoram”, desta a Nutri-
cionista Tatiana Medeiros. Vale frisar que os ali-
mentos industrializados contam com um enorme
apelo de marketing, com propagandas inseridas
nos desenhos animados e associação com os
personagens. “Tem criança que escolhe o suco
pelo boneco da embalagem e não pelo sabor”,
lembra.
Para incentivar o consumo de itens saudáveis na
escola, o Nutricionista precisa ter persistência. É
comum nas primeiras apresentações haver so-
bra, porém com o tempo, é notável o aumento da
aceitação. “A saída de pratos com soja, arroz in-
tegral, macarrão integral, bolinhos assados com
ricota, tem aumentado. É nítido o aumento do
gosto pelas frutas, mas esta mudança só aconte-
ceu depois de mudarmos a apresentação delas,
que são disponibilizadas já cortadas e bem vi-
síveis, facilitando o acesso. O biscoitinho de aveia
e o misto especial (pão integral com queijo branco
e peito de peru) também tem uma ótima aceitação
atualmente. Esses são resultados à longo prazo”,
conta Tatiana Medeiros.
ESCOLA PÚBLICA
A experiência positiva e exitosa, aplicada nas es-
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colas da rede privada, podem e devem ser repli-
cadas na rede pública. Mesmo diante das limita-
ções, o nutricionista responsável deve montar um
plano de ação e apresentá-lo junto à direção da
escola e Secretaria de Educação, buscando apoio
para atuar na educação alimentar e nutricional. “É
dever do nutricionista priorizar as atividades pre-
vistas na Resolução CFN nº 380/2005 + ”, res-
salta a Nutricionista Amélia Reis, mestranda em
Alimentos, Nutrição e Saúde pela Universidade
Federal da Bahia (UFBA).
“Sabemos que o número de escolares sob a Res-
ponsabilidade Técnica do Nutricionista da rede
pública é muito grande, o que dificulta a realiza-
ção de todas as atividades previstas para o pro-
fissional. Junte-se a isso a existência de estrutu-
ras físicas precárias, escassez de equipamentos,
mão de obra pouco qualificada, má remuneração
e frágeis vínculos empregatícios, fatores que
aumentam os desafios para o nutricionista Res-
ponsável Técnico, mas não impossibilitam a exe-
cução de um bom trabalho nas escolas estaduais
e municipais”, declara Amélia.
Para a nutricionista, nenhum desses obstácu-
los deve justificar a secundarização das ações
de educação alimentar e nutricional nas escolas
públicas, as quais se limitam, muitas vezes, a
ações pontuais (palestras em dias específicos,
como o Dia Mundial da Alimentação e Feiras de
Saúde). “Devemos seguir as recomendações dos
documentos oficiais, que apontam que a nutrição
seja trabalhada transversalmente nas escolas,
compondo projetos pedagógicos e currículos es-
colares. Devemos fazer isso pelo compromisso
com a qualidade do nosso trabalho e com a nossa
profissão”, pontua.
DESAFIOS
Um dos grandes desafios a serem superados na
Alimentação Escolar é a falta de respaldo das
escolas para a implementação de mudanças.
“Sempre haverá pressão de parte dos alunos,
pais, professores e, se a escola não está de fato
empenhada em promover mudanças, acaba re-
trocedendo”, destaca a Nutricionista Tatiana Me-
deiros. Cada escola determina qual será o des-
taque da alimentação saudável dentro de suas
dependências. Por isso, o Nutricionista deve ali-
nhar sua forma de trabalho para que juntos, es-
cola e cantina, defendam o mesmo ponto de vista.
“É interessante quando a escola estabelece algu-
mas regras, tais como a restrição ou redução da
frequência de exposição de alguns itens menos
saudáveis”, completa.
Em relação à Alimentação Escolar da rede públi-
ca, a ex-agente do PNAE Amélia Reis também
aponta como desafio a sensibilização e a articu-
lação dos gestores municipais para que a Ali-
mentação Escolar de qualidade seja prioridade.
“É preciso desenvolver ações intersetoriais para
atender à complexidade do Programa e incluir
gêneros da Agricultura Familiar”, aponta. Amélia
considera, ainda, que para otimizar os resultados
do PNAE, faz-se necessária a aproximação entre
a Saúde e a Educação, sem deixar de envolver as
famílias e a comunidade como um todo. “Precisa-
mos incluir a Educação Alimentar e Nutricional
em currículos escolares e em projetos pedagógi-
cos numa perspectiva maior, não restrita apenas
à área biomédica”, conclui.
> DICAS DE LEITURA
Livro: “É de pequeno que se aprende?
Promoção da alimentação saudável na
Educação Infantil”, organizado pela pro-
fessora Vera Lúcia Xavier Pinto e publi-
cado pela Edufrn – Natal, em 2010.
Artigo: “Programa de educação nutricio-
nal em escolas de ensino fundamental”,
de autoria da professora Maria Cristina
Faber Boog, publicado na Revista de Nu-
trição de Campinas, nov/dez/2010.
+
De acordo com a Organização Mundial de Saúde
(OMS), as intoxicações por agrotóxicos atingem
três milhões de pessoas por ano, em todo o mun-
do. Destes, 2,1 milhões de casos acontecem nos
países em desenvolvimento, com 20 mil mortes
ocasionadas pelo problema. Neste contexto, o
Brasil se destaca por ser o campeão mundial de
uso de agrotóxico, embora não seja o de maior
produção agrícola. O país ainda é o principal des-
tino de agrotóxicos proibidos no exterior.
Segundo o agrônomo Altino Bonfim, pesquisador
e professor da Universidade Federal da Bahia
(UFBA), “não existe uso seguro para os agrotóxi-
cos. Além disso, o uso de agrotóxicos sempre
deixa resíduos em alimentos, contaminam rios,
ar e lençóis freáticos. Isso sem falar nas alergias,
diversos tipos de neoplasias (cânceres) e outras
doenças que o consumo de agrotóxicos podem
causar”, destaca.
“A população, de modo geral, desconhece os
riscos dos agrotóxicos para a saúde e para o
meio ambiente. No entanto, os nutricionistas,
como categoria social preocupada com a segu-
rança dos alimentos, não podem ficar alheios a
esta questão. Pelo contrário, estes profissionais
devem conhecer e se envolver nas ações re-
lacionadas à qualidade dos alimentos desde sua
produção e processamento até o preparo e distri-
buição para consumo”, defende o agrônomo.
Recentemente, os nutricionistas brasileiros
começaram a se inteirar mais a respeito do as-
sunto, fato que tem motivado a categoria a se
envolver na defesa dos alimentos orgânicos. No
entanto, poucos ainda têm familiaridade com os
conceitos de agricultura ecológica ou agroecolo-
gia, alimentos orgânicos, slow food e afins.
ALIMENTOS ORGÂNICOS
Segundo o agrônomo Altino Junior, para um
produto ser considerado orgânico ou ecológico,
ele precisa ser cultivado à moda antiga, sem o
uso de agentes químicos, como agrotóxicos, pes-
ticidas, fertilizantes artificiais ou organismos ge-
neticamente modificados (transgênicos) e “com o
mínimo possível de uso de máquinas agrícolas, as
quais, ao compactarem o solo, acabam criando
condições para a erosão (perda de solo fértil). Por
isso, deve ser privilegiado o plantio direto, que o
agricultor faz sem revolver o solo, facilitando a
criação de matéria orgânica, utilizada como fertili-
zante natural”, esclarece.
Se o produto for de origem animal, ele não pode
conter hormônios do crescimento, antibióticos
ou drogas veterinárias. Os processados, como
geleias e bebidas, não devem ter aditivos sinté-
ticos na fabricação. A planta ou o grão só pode
receber nutrição natural e devem ter crescido e
amadurecido no tempo certo. No que tange ao
modo de produção, as monoculturas devem ser
substituídas por policulturas, já que as primeiras
são muito mais sensíveis às doenças e infesta-
ções de insetos, além de serem extremamente
frágeis. A fazenda, bem como a fábrica, também
Nutricionistas:contra agrotóxicos,em defesada agroecologia
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tem que preservar os recursos naturais e respei-
tar todas as leis trabalhistas. “Ou seja, optar pela
agroecologia não é sinônimo apenas de defender
a saúde, mas também significa defender um país
mais justo e menos poluído”, declara o professor
da UFBA.
AGROECOLOGIA NO BRASIL
A agroecologia é um enfoque científico que apoia
a transição dos atuais modelos de desenvolvi-
mento rural e de agricultura convencionais para
estilos de desenvolvimento rural e de agriculturas
sustentáveis. Sobre a utilização em larga escala
de alimentos orgânicos dentro dos padrões da
agroecologia, Altino aponta que os agricultores
familiares são os maiores investidores, embora
já existam no país grandes produtores de orgâni-
cos. O pesquisador, porém, lamenta o fato de
praticamente inexistirem políticas públicas que
incentivem este tipo de produção. “Há exceções,
como no caso do estado de Santa Catarina, onde
30% da alimentação escolar tem que ser, obriga-
toriamente, orgânica. Mas, de modo geral, não
há incentivos nem linhas de crédito específicas
para agricultores orgânicos”, diz Altino Bonfim de
Oliveira Junior.
Para incentivar o consumo de alimentos orgâni-
cos, mercadistas e comerciantes podem colabo-
rar exigindo de seus fornecedores certificações
confiáveis de não contaminação dos alimentos.
“Além disso, eles podem abrir espaços e gôndo-
las específicos para comercialização de produtos
orgânicos”, sugere o agrônomo. “A maior consci-
entização da população em relação aos perigos
do uso de agrotóxicos e demais venenos tem o
poder de estimular o aumento do consumo de ali-
mentos orgânicos”, completa
.
Vale destacar que a contaminação dos alimen-
tos não se dá apenas na produção, mas também
no processamento, quando são adicionados os
estabilizantes, conservantes, aditivos, irradia-
ção, entre outros venenos que se acumulam no
organismo e provocam doenças. Estes químicos
adicionados no processamento de muitos alimen-
tos industrializados são comuns nos chamados
alimentos fast foods, que precisam ser evitados e
substituídos por aqueles da linha ‘slow food’, ex-
plica o agrônomo.
SLOW FOOD
O Slow Food é uma associação internacional sem
fins lucrativos fundada em 1989 como resposta
aos efeitos padronizantes do Fast Food; ao ritmo
frenético da vida atual; ao desaparecimento das
tradições culinárias regionais; ao decrescente in-
teresse das pessoas na procedência e sabor dos
alimentos e em como as escolhas alimentares
pode afetar o mundo.
Segundo o Slow Food, o prazer de saborear comi-
da e bebida de qualidade deve ser combinado
com o esforço para salvar produtos alimentícios
que correm perigo de desaparecer devido ao pre-
domínio das refeições rápidas e ao agronegócio
industrial. “Existe uma convergência interessante
entre os princípios do Slow Food e os da agricul-
tura ecológica ou agroecologia”, resume Altino.
> DICAS DE LEITURA
Título: “Alimentos Orgânicos:
ampliando os conceitos de
saúde humana, ambiental e social”
Autora: Elaine de Azevedo
Editora: Unisul
> DICAS DE FILMES
Título: O veneno está na Mesa
Ano: 2011 / Diretor: Silvio Tendler
Assista aqui
Título: O veneno nosso de cada dia
Ano: 2011 / Diretor: Marrie Monique
Assista aqui
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