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CriseCrise InternacionalInternacional, , ConjunturaConjuntura EconômicaEconômicae e FinançasFinanças PúblicasPúblicas
•A cada momento em que o cenário em geral colocar ao acionista o risco de um
ConjunturaConjuntura EconômicaEconômicae e FinançasFinanças PúblicasPúblicas
02 de 02 de MarçoMarço de 2009de 2009
A crise internacional
� É uma crise financeira, monetária, creditícia e econômica de grandes proporções, com profundas implicações e rápida difusão para todo o mundo.
� Antecedentes:� Antecedentes:� liberalização dos fluxos internacionais de capital,� expansão financeira com liberalização de regulação
e supervisão,� multiplicação de inovações financeiras com a criação
de novos produtos
Origens da crise
� “Estopim” da crise:empréstimos imobiliários “subprime”
� isto é, empréstimos feitos no mercado de imóveis aos tomadores de mais alto risco, que não oferecem segurança e garantias aos agentes financeiros (Ninja*)(Ninja*)
� A partir de meados de 2007, o aumento da inadimplência no pagamento das hipotecas e o processo de queda do preço dos imóveis nos EUA sinalizaram a crise
* Sem renda, sem emprego e sem patrimônio (do inglês “No income, no job and no assets”)
muitos países se transformaram, de alguma forma, em sócios da expansão do mercado imobiliário dos EUA. Seja pelo lado do
Origens da criseOs mecanismos de transmissão da crise
imobiliário dos EUA. Seja pelo lado do consumo e da produção oupelo lado das movimentações e dos ganhos financeiros
A deflagração da crise
� Os papéis ancorados nas hipotecas e difundidos pelo mundo financeiro global começam a perder valor. Essa queda se reflete na rentabilidade dos diversos fundos que neles aplicaram seus recursos.que neles aplicaram seus recursos.
� Para muitas instituições financeiras, a desvalorização dos títulos e dos imóveis significou um desequilíbrio entre seus ativos (os imóveis, títulos e outros créditos) e passivos (os recursos que devem a terceiros), gerando situação falimentar.
A deflagração da crise
� A espiral de desvalorização do preço dos ativos gera difusão da desconfiança e pânico.
� Os “investidores” tentam se proteger, correndo para vender seus ativos e retendo moeda forte ou aplicando em títulos do Governo dos EUA.em títulos do Governo dos EUA.
� Risco de “corridas aos bancos”(para tirar recursos depositados).
� Risco de falências e quebras.
� Travamento do mercado de crédito.
A deflagração da crise
� O bom funcionamento da economia capitalista depende essencialmente de crédito (para investimentos, produção e consumo de bens duráveis).
� O travamento do crédito vai arrastando para baixo todo o processo econômico, afetando a produção e o emprego.
� O travamento do crédito vai arrastando para baixo todo o processo econômico, afetando a produção e o emprego.
� As famílias dos EUA tendem a reduzir seu consumo para tentar compensar seu “empobrecimento” (imóveis e ações valendo menos e dívidas altas).
� A desvalorização dos ativos atinge os fundos de pensão colocando em risco o valor das aposentadorias e comprometendo o financiamento da economia
Cenário Internacional� Os números internacionais de produção e
emprego, especialmente dos EUA, Europa, Japão apontam para uma recessão/estagnação mais duradoura do que o previsto inicialmente. � As taxas de desemprego em elevação� As taxas de desemprego em elevação� Queda no o nível de atividade� Queda nos números do comércio internacional
desabam.� Expectativas negativas dos resultados no balanço de
grandes empresas . � Aumento do risco-país
Cenário Internacional� destaque conjuntural:
� seguidos pacotes anunciados pelo novo governo dos EUA desde a sua posse:
� cerca de US$ 870 bilhões de apoio à reativação da economia;economia;
� US$ 1,5 a 2 trilhões de novo apoio ao setor financeiro;� US$ 270 bilhões de apoio ao setor imobiliário.
Vias de contágio do Brasil
� Desvalorização cambial: impacto direto sobre as importações e as dívidas das empresas em moeda estrangeira.
� Redução dos preços internacionais dos produtos das � Redução dos preços internacionais dos produtos das empresas exportadoras (em especial dos produtos básicos e semi-manufaturados de origem mineral).
� Redução da oferta e elevação do custo do crédito para empresas e consumidores brasileiros.
� Redução, adiamento ou cancelamento de investimentos.
Vias de contágio do Brasil
� Efeito dúbio sobre a inflação:� de um lado, as importações ficam mais caras; e� de outro lado, caem as cotações das commodities
(alimentícias e minerais, inclusive petróleo).(alimentícias e minerais, inclusive petróleo).
Índice do Custo de Vida (ICV-DIEESE)Taxas mensais acumuladas em doze mesesGeral – de janeiro de 2008 a janeiro de 2009
Município de São Paulo
Efeitos da crise no Brasil
� Problemas de crédito para empresas e bancos médios e pequenos.
� Forte flutuação e instabilidade do câmbio.
� Desvalorização de ativos na bolsa de valores.
� Perdas financeiras expressivas de empresas que tomaram empréstimos apostando que o Real não se desvalorizaria.
Efeitos da crise no Brasil
� O Brasil não está blindado contra a crise financeira, que afeta crédito e comércio internacionais e, portanto, produção e investimento internos.investimento internos.
� Mas as condições estão melhores em função de uma maior solidez da economia.
Redução da vulnerabilidade
� O país está menos vulnerável externamente.� A partir de 2003, o setor público passou de
devedor para credor sua posição em moeda estrangeira, por meio de:� redução expressiva da dívida cambial doméstica � redução expressiva da dívida cambial doméstica
pública;� redução da dívida externa pública;� aquisição de reservas, que alcançam cerca de
US$ 200 bilhões.
Redução da vulnerabilidade
� A dívida líquida do setor público vem caindo em relação ao PIB:� de 53% em 2003 para estimados 39% em � de 53% em 2003 para estimados 39% em
setembro de 2008.� O sistema bancário brasileiro é relativamente bem
regulado pelo Bacen, ainda que bancos pequenos e médios venham enfrentando dificuldades de acesso a crédito.
Prováveis impactos sobre o Brasil
� Qualquer projeção dos impactos efetivos da crise sobre os países, neste momento, é muito incerta.
� É difícil quantificar os efeitos da crise e estimar como eles irão se distribuir ao longo do tempo.como eles irão se distribuir ao longo do tempo.
Prováveis impactos sobre o Brasil
� Espera-se uma desaceleração no crescimento do PIB brasileiro em 2009
� Retração da demanda interna � Retração da demanda interna
� Queda da taxa de investimento
Medidas adotadas pelo governo para enfrentar a governo para enfrentar a crise
Medidas Anunciadas pelo Governo para estender pagamento de tributos
Imposto Dia do Vencimento
De Para
IPI 15 25IPI 15 25
PIS/Cofins 20 25
IR retido na Fonte 10 20
Contribuição
Previdenciária
10 20
Fonte: Ministério da Fazenda
** As medidas necessitam ser regulamentas por medida provisória
Medidas do Governo
�BNDES – O Banco terá mais R$ 10 Bilhões de aporte no orçamento, correspondendo a R$ 100 bilhões no anoano
� Fonte: recursos virão do tesouro ou de títulos que serão emitidos pelo BNDES
� Finalidade: o recurso será direcionado para linhas de capital de giro, pré-embarque para exportações e empréstimos-ponte
Fonte: Ministério da Fazenda
Medidas do Governo para o Setor Automobilístico
�Banco do Brasil vai usar R$ 4 bilhõesdo seu compulsório para ajudar bancos e montadoras;bancos e montadoras;
� A operação será como uma espécie de redesconto. O BB oferece o empréstimo e recebe em troca
um CDI. A garantia do negócio é a carteira de crédito do banco da montadora.
� [ segundo Miguel Jorge o setor não precisa de crédito para a produção, mas para o consumidor]
Fonte: Ministério da Fazenda
Medidas do Governo Dez-2008� Governo federal anunciou dia 11/12 um conjunto de medidas para
enfrentar a crise � As medidas estão divididas em quatro grandes eixos:
� Redução de IPI que incidem sobre a Produção de veículos� Criação de novas alíquotas e faixas do IRPF� Redução do IOF para compras a Prazo e Cheque especial. � Redução do IOF para compras a Prazo e Cheque especial. � Empréstimo para bancos que refinanciarem compromissos
externos de empresas brasileiras
� O Governo estima que essas medidas representam uma renúncia fiscal de R$ 8,4 bilhões (2009)
Brasil : setor externo� O saldo da balança comercial acabou fechando em
US$24,7 bilhões, frente a US$40,0 bilhões no ano anterior
� Após o recorde em 2008, o fluxo de investimento estrangeiro direto para o Brasil caiu em janeiro para US$ 1,9 bilhão1,9 bilhão
� as empresas aqui instaladas remeteram, a título de lucros e dividendos, cerca de US$ 33,9 bilhões, contra US$22,4 bilhões em 2007, com um crescimento de cerca de 50%.
Indicador Produção e Emprego Industrial – Indústria Geral* (Variações %)
VariáveisDez/08
Nov/08
Dez/08
Dez/07
Jan-
Dez/08
Acumulado 12
meses
Produção Física -12,4 -14,5 3,1 3,1
Horas Pagas -1,7 -1,8 1,9 1,9
Folha de Pagamento -0,7 4,1 6,0 6,0
Pessoal Ocupado -1,8 -1,1 2,1 2,1
Fonte: IBGE. Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física -PIM-PF; Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário (PIMES). * Série com ajuste sazonal
Mercado de Trabalho
TAXA DE DESEMPREGO*
Taxas de Desemprego Regiões Metropolitanas
1998- 2007
18,720,2
18,7 18,8 19,520,8
19,6
Taxas de Desemprego Regiões
Metropolitanas mensal - 2008
14,5
15,0 15,014,8
14,6 14,6 14,518,720,2
18,7 18,8 19,520,8
19,617,9
16,815,5
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Fonte: Convênio Dieese – Seade; MTE – FAT e convênios regionais. Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED. *Correspondem ao total das Regiões Metropolitanas de Belo
Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador, São Paulo e o Distrito Federal.
14,5 14,6 14,6 14,5
14,1
13,4
13,012,7
14,2
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Emprego Formal – Saldo mensal CAGED (mil vagas)
205,3
124,6 142,9
205,0 206,6
294,5
203,0
309,4
203,2239,1
282,8
61,4
-40,8
-319,4
-40,8
-654,9
out/07 nov/07 dez/07 jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08
Em Jan/09:- 101,7 mil demissões, em SP:38,7 mil
Arrecadação
Arrecadação Imposto de Renda
13,3% 13,3%
31,7%
13,3% 13,3%
6,8%
32,6%
14,8% 15,8%12,7% 14,2%
38,5%
-6,1%
6,8%
-5,5%
-23,3%
-2,4%
Acumulado 12 meses Acumulado no ano Mesmo mês ano
anterior
Mês anterior
dez/08 dez/07 nov/08 nov/07
Arrecadação IPI exceto vinculado exportação
5,2% 5,2%
14,6% 14,6%
26,5%
18,4%
10,9% 9,4%
-2,3%
11,6% 13,3%15,6%
-29,2%
-14,2%
-2,3% -4,5% -4,8%
Acumulado 12 meses Acumulado no ano Mesmo mês ano
anterior
Mês anterior
dez/08 dez/07 nov/08 nov/07
Arrecadação Imposto Importação e IPI vinculado
30,9% 30,9%
41,6%
18,9% 18,9%13,9%
28,7% 29,9%
37,9%
18,8% 19,3% 18,1%
-8,8%-11,2%
-7,8%-5,1%
Acumulado 12 meses Acumulado no ano Mesmo mês ano
anterior
Mês anterior
dez/08 dez/07 nov/08 nov/07
FPM
� A crise financeira afeta diretamente a lucratividade das empresas
� A queda de lucratividade gera possível impacto na arrecadação do IR impacto na arrecadação do IR
� IR compõe cerca 80% do FPM� Portanto o aprofundamento da crise
pode ter impacto negativo sobre o fundo
Fundo de Participação nos Municípios
� O peso das transferências e das receitas tributárias varia conforme tamanho do município: enquanto a primeira é predominante nos pequenos municípios (princípio FPM), cresce a importância das receitas tributárias conforme aumenta o tamanho do tributárias conforme aumenta o tamanho do município;
� Enquanto que para o município de Dirce Reis as transferências correspondem a quase 90% da receita do município, na capital paulista (São Paulo) este mesmo item representa 39,2%, sendo inclusive inferior à participação da receita tributária (que é aproximadamente de 41,0%).
ICMS
� O ajuste das empresas diante do cenário de crise pode levar a redução de pessoal e revisão do nível de produção e investimentosprodução e investimentos
� Com impacto sobre o ritmo da atividade econômica
� E consequente impacto sobre impostos como IPI, ICMS e ISS
ICMS – Estado em 2008: + 10,2%.
200,00
250,00
300,00
350,00
400,00
ICMS – Município de SP
0,00
50,00
100,00
150,00
Fonte: http://www.fazenda.sp.gov.br/repasse/r1c.aspObs.: Valores líquidos, descontados o montante transferido para o FUNDEB, de acordo com a Lei 11.494 de 20/06/200 No ano de 2008, valores com desconto de 18,33%; e a partir de janeiro de 2009, valores com desconto de 20%.
Expectativa de MercadoProjeção para os próximos 12 meses
Fonte: Banco Central, Relatório Focus (06/02/2009)
Expectativa de MercadoProjeção para 2009 e 2010
Fonte: Banco Central, Relatório Focus (06/02/2009)
Prováveis impactos sobre os trabalhadores� Intensidade da desaceleração dependerá das
opções de política econômica que o governo adotar, especialmente o papel do gasto público e da política monetária (juros)
� Duas posições se contrapõem:1. Medidas anti-cíclicas (enfrentando a crise)2. Medidas pró-cíclicas (podem dificultar o enfrentamento da crise)
Prováveis impactos sobre os trabalhadores
1. Medidas anti-cíclicas (enfrentando a crise)
� Contrapartidas sociais e de emprego� Preservação da política de salário mínimo acordada
com o movimento sindical� Ampliação do Investimento e do Gasto Público� Ampliação do Investimento e do Gasto Público� Redução do superávit primário� Redução da taxa básica de Juros (Selic)� Ampliação da liquidez (compulsório, entre outros)� Desoneração tributária� Apoio financeiro aos setores em dificuldade com
transparência na aplicação dos recursos públicos� Reforço do orçamento do BNDES� Flexibilidade no cumprimento da meta de inflação
Prováveis impactos sobre os trabalhadores
2. Medidas pró-cíclicas (podem dificultar o enfrentamento da crise)
� Política monetária restritiva. Manutenção ou elevação da taxa básica de juros elevação da taxa básica de juros
� Diminuição do gasto público� Manutenção ou ampliação do superávit
primário � Rigidez no cumprimento da meta de inflação
Observações sobre a crise
� A crise atual é a crise do esgotamento de um modelo que vigorou por cerca de 20 anos.
� necessidade de construção de um projeto � necessidade de construção de um projeto de futuro e alertar para o fato de que tal projeto envolve disputa entre os interesses dos atores sociais;
Observações sobre a crise
� A crise tem origem no cenário internacional, na desregulamentação financeira, na utilização desregrada de inovações financeiras e na liberalização comercial ampliada. Entretanto, em cada comercial ampliada. Entretanto, em cada país, ela deve tomar características particulares. É preciso, portanto, ver quais são essas características no Brasil, e como elas podem ser mitigadas por políticas públicas.
Dificuldades de pensar cenários
� À medida que a crise no sistema financeiro internacional se arrasta, as dúvidas quanto às consequências na atividade econômica aumentam. Apesar atividade econômica aumentam. Apesar da clara desaceleração da produção e da consolidação de processos recessivos nos países desenvolvidos, há incerteza sobre o alcance de seus efeitos nos emergentes e, particularmente, no Brasil
Dificuldades de pensar cenários
� Em meio a indicadores nebulosos, frequentemente contraditórios, aumentam os riscos para os tomadores de decisões nos setores público e privado. de decisões nos setores público e privado. Os dados disponíveis sinalizam tendências inequívocas de desaceleração da economia, mas não são capazes de apontar a exata dimensão do efeito no país.
E o ano de 2009?� Os números que estão saindo agora estão
desenhando, sem a suficiente nitidez ainda, os efeitos da crise no Brasil. Assim, é preciso primeiro perceber se os números do último trimestre de 2008 são um “susto”, último trimestre de 2008 são um “susto”, que vão apenas fazer alguns setores reavaliarem suas trajetórias e perspectivas de crescimento, ou se vão configurar efetivamente uma tendência de marcha a ré
Finanças Municipais
� A crise econômica mundial:
- alterou as expectativas para a negociação devido a um
provável impacto na arrecadação;
- alguns municípios já anunciaram contenção de
despesas;
- por outro lado, o governo federal tem incentivado os
governantes a manter os planos de investimento como
uma das formas de enfrentamento da crise;
Finanças Municipais
� A LOA já está aprovada:
� Maioria dos servidores em início de campanha salarial
� apesar de existir a possibilidade de alteração na LOA, despesas
“fixas” (como por exemplo pessoal e de manutenção da
máquina pública) geralmente não são modificadas.
� Ano de discussão do Plano Plurianual nos municípios
Negociações e Finanças Públicas
� O contexto de crescimento de arrecadação verificado até o início de 2008 provavelmente irá sofrer reversão em função do contexto de crise econômica, com revisão das perspectivas de crescimento;
� Neste caso, dada a estrutura tributária brasileira, com predomínio de impostos sobre consumo, a diminuição do ritmo de crescimento irá impactar na arrecadação e assim nas estimativas de receita;
� Com isso, o cenário relativamente favorável observado nas negociações salariais pode sofrer reversão a partir do ano de 2009.
ObrigadaObrigadaElianaEliana EliasEliaseelias@dieese.org.br
www.dieese.org.br