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8/7/2019 crianas e tecnologia da fotografia pinhole fotografia digital
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AS CRIANAS E AS TECNOLOGIAS: DA FOTOGRAFIA PINHOLE
FOTOGRAFIA DIGITAL1
Monica Fantin/UFSC
No contexto de uma pesquisa-interveno desenvolvida no campo da educao e
comunicao com crianas de escola pblica, realizei um percurso educativo que
trabalhou com a produo de mdias na escola a partir de uma abordagem ecolgica de
mdia-educao. Este artigo analisa as relaes que as crianas constroem com as
tecnologias, suas falas e atitudes a partir de sua participao em oficinas de fotografia
pinhole e digital, sugerindo que possvel redimensionar a relao da criana com as
tecnologias em contextos educativos. Nesta relao, mais do que estabelecer interaes
com os meios produzindo mdias e configurando espaos de produo de significados,
possvel propiciar outro sentido de pertencimento, em que as crianas, utilizando
diversas linguagens expressivas atravs de diferentes meios, podem significar de
diferentes maneiras a sua relao com o mundo.
Uma abordagem ecolgica de mdia-educao
Quem trabalha com crianas no pode ignorar a crescente importncia das
mdias na vida delas. Nas condies da infncia contempornea, as experincias infantis
esto repletas de histrias, imagens e artigos produzidos por empresas miditicas que
estao redefinindo as interaes das crianas com a cultura. Neste sentido, considerar a
dimenso da atualidade da mdia-educao significa entend-la a partir de seu
paradigma ecolgico, como diz Rivoltella (2002). Ou seja, significa fazer mdia-
educao usando todos os meios e tecnologias: computador, Internet, fotografia,
cinema, vdeo, livro, cd, etc, conforme o objetivo que se pretende, articulando as
propostas educativas com as exigncias do ambiente comunicativo a partir de cadainovao tecnolgica integrando-as umas nas outras.
Por mais que hoje o computador, a Internet e a rede sejam importantes e at
mesmo considerados condio de insero e participao social, no podemos nos
limitar a eles, pois saber trabalhar com, sobre e atravs de todos os meios faz parte da
anlise do contexto de necessidade e da leitura de grupo. De acordo com o paradigma
ecolgico de mdia-educao proposto em Fantin (2005), o objetivo do trabalho
1 Artigo apresentado ao GT Educao, Comunicao e Tecnologia da VI ANPED SUL, Santa Maria/2006
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educativo na escola no apenas sala informatizada e/ou laboratrio multimdias, e sim
a criana que atua nestes espaos, as interaes que estabelece, as relaes e
significaes que constri. Neste sentido, a mediao deve ser pensada tambm como
forma de assegurar e/ou recuperar a dimenso da corporeidade, do gesto, do corpo, da
voz, da postura, do movimento, do olhar como expresso do sujeito e como espao
fundamental atravs do qual se criam e constroem sentidos.
Considerando os contextos instrumental, crtico e produtivo em que a mdia-
educao vem sendo pensada, a produo de mdias na escola uma das dimenses do
trabalho da mdia-educao. Nosso entendimento de produo de mdias na escola
implica a relao entre as diversas linguagens da arte com a tecnologia, envolvendo a
fruio, o uso instrumental como forma de conhecimento, as leituras e anlises diversas
como compreenso criativa, bem como a produo material como produo de cultura
da criana.
Embora o desenvolvimento tecnolgico e o barateamento dos equipamentos
tenham facilitado a prtica de fazer audiovisual em determinados contextos scio-
culturais, na maioria das escolas brasileiras ela ainda est longe de ser uma prtica
cotidiana, diferente do que ocorre em alguns pases do hemisfrio norte. Referindo-se ao
contexto italiano, Rivoltella (2005:81) destaca que o excesso de ateno dado ao
hipertexto e Internet ameaa a possibilidade educativa de fazer audiovisual na escola.
Buckingham (1995:10 e 2002:259) tambm ressalta a facilidade atual na edio de
vdeos nas escolas inglesas, que podem ser feitas com computadores custando uma
frao do que edies similares custariam. Para ele, as primeiras experincias das
crianas de fazer video no tendem tanto a acontecer na escola, pois o lar no mais
um lugar simplesmente de consumo de mdia, tornou-se tambm um lugar chave para a
produo (1995:9).
No entanto, a tecnologia sempre precisa ser pensada em relao ao contextosocial maior do qual ela faz parte, e na nossa realidade to desigual e plural, ela ainda
considerada objeto de desejo. Ao mesmo tempo em que a oferta grande e variada, as
condies de consumo so altamente diferenciadas e o acesso s tecnologia objetivadas
em equipamentos como computadores, filmadoras, tornam-se indicadores da
segmentao social, deste abismo que separa na mesma medida em que une, como diz
Orofino (s/d).
Nessa perspectiva, pensando em oferecer s crianas uma outra relao com astecnologias, foram propostas duas oficinas de fotografia como parte de uma interveno
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escolar com crianas de 4 srie de uma escola pblica de Florianpolis, a fim de
desenvolver um percurso para trabalhar a educao cinematogrfica na escola, que teve
como uma de suas produes, um audiovisual realizado pelas crianas. Neste processo,
as salas de aula transformaram-se em oficinas e laboratrios atravs das atividades que
envolveram: construo de brinquedos ticos, desenhos de animao, experincias com
fotografia, construo de roteiros, filmagens, edio. O desenvolvimento da proposta
envolveu as dimenses prticas e tericas da mdia-educao, articulando momentos de
fruio, estudo, anlise e produo numa proposta de educar para as mdias, entendendo
que o conhecimento, a ao e a compreenso nas artes, na vida e na cincia envolvem o
uso, a interpretao, a aplicao, a inveno e a reflexo. Sendo parte de uma produo
maior, a potencialidade formativa das oficinas de fotografias envolveu as dimenses
cognitiva, psicolgica e social numa perspectiva de uma educao como prtica
cultural, configurando uma experincia terico-prtica-reflexiva-esttica.
Considerando que as oficinas de fotografia pinhole e digital ampliaram
repertrios culturais e desencadearam novas sensibilidades, elas implicaram um trabalho
com o conhecimento, com as mltiplas linguagens, com a expresso e com a
comunicao, aproximando educao, comunicao, arte e cultura atravs de um
processo coletivo e intencional. Neste processo, a relao da criana com a tecnologia
foi ressignificada e uma parte dessa experincia desenvolvida com as crianas no
contexto de uma pesquisa-interveno, que discuto a seguir.
Oficina de fotografia pinhole
Recuperando um pouco do percurso histrico da fotografia, a oficina de pinhole
buscou atualizar o princpio fotogrfico permitindo que as crianas expressassem sua
relao com o mundo atravs de curiosas imagens. Mas afinal, por que fazer uma
oficina de fotografia pinhole com mquinas de latinhas numa poca em que a tecnologianos oferece tantos recursos? Foi com essa pergunta que, em uma sala escura criando um
clima de mistrio, as crianas curiosas lanavam hipteses a respeito do que fazer com
as latinhas, hiptese estas logo confrontadas com a explicao das etapas do trabalho a
ser desenvolvido.
A partir de uma breve retomada sobre a histria da fotografia, sobre a cmera
escura de Leonardo da Vinci (que eles j tinham estudado), sobre os processos e etapas
de trabalho dessa forma de fotografia primitiva, as crianas comearam a se envolvercom a possibilidade de fazer e revelar suas prprias fotografias. A sala escura toda
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reorganizada com materiais diferentes (latas, papel fotogrfico) e equipamentos para a
revelao (recipientes contendo gua, revelador, fixador, guilhotina, luz vermelha, etc.)
criava um clima de excitao geral propiciando alguns momentos deste trabalho:
colocar o papel fotogrfico na lata; seguir as orientaes a respeito do exerccio de
fotografar (apoiar a lata, abrir o furinho com a fita isolante e contar at 12 ou 13, que
ser o tempo de exposio em que a fita ficar aberta permitindo a entrada da luz, no
abrir a latinha, etc.); exerccios de fotografia ao ar livre.
Depois que fotografavam, as crianas traziam suas latinhas novamente para a
sala escura a fim de fazer a revelao: tirar o papel fotogrfico da latinha com cuidado e
seguir a seqncia dos recipientes: revelador (dectol), interruptor (gua), fixador
(hiposulfito de sdio). Lavar a fotografia com gua em abundncia e sec-las no jornal
ou papel absorvente. Aps avaliar as primeiras fotografias, repetir o procedimento com
o acrscimo da revelao do negativo: pegar o papel fotogrfico, o negativo que a
fotografia feita com a pinhole, firmar bem com um vidro em cima, colocar a luz do
ampliador ou de um abajur qualquer e ver como a foto ficou.
Em cada etapa desta atividade, a participao da maioria das crianas era
evidente. Falavam, perguntavam, faziam hipteses sobre o que iriam fotografar e sobre
quem seria o seu modelo. Durante a revelao, enquanto o papel fotogrfico ia reagindo
e fazendo aparecer aos poucos a imagem-fotografia, as crianas diziam palavras
mgicas como se comandassem a imagem que aparecia no papel e quando no aparecia
nada ou ficava tudo preto, a dvida e as hipteses: porque tinha muita luz, porque ele
abriu a latinha, porque deixou pouco tempo de exposio, porque no abriu a fita
isolante no lugar certo e a luz no entrou...
Enfim, uma sesso que misturou alegria, frustrao, decepo, admirao e a
vontade de querer fazer de novo: vamos fazer mais uma? Eu no quero mais, a
gente no consegue ver nada do que vai bater (Darlen, 10), Da que legal, tem
que imaginar e vir ver como ficou... A minha primeira ficou bem diferente do que eu
esperava, mas a segunda foi legal. Vamos fazer mais uma? (Leonardo,9) diziam as
crianas empolgadas. E na revelao do negativo, encanto geral: Olha! Agora ficou
ainda mais bonita... (Carol, 10), Que massa, d para comprar isso e fazer em casa?
(Gabriel,10), Eu tambm vou pedir pro meu pai comprar um desses bem igual...
(Leonardo,9), Pode levar as fotos para casa?Eu gostei tanto das fotos que eu fiz, achei
lindas... (Gabriel,10).
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Enfim, nesta oficina foi possivel perceber o envolvimento e a participao do
grupo e nem mesmo a confuso no escuro da sala impediu a concentrao necessria
nem interrompeu o trabalho que era realizado no momento. Alis, como no era
possvel acender a luz, a escurido, de certa forma foi cmplice das crianas, pois o
inusitado da sala-laboratrio pedia outro de tipo de postura de todos, das crianas, da
professora e da pesquisadora. Assim, tateando, buscvamos reconstruir um pouco do
percurso da histria da fotografia, tentando se expressar com imagens.
Oficina de fotografia digital: dizer, escrever e ler com imagens
Dando continuidade oficina de fotografia, avaliamos e analisamos as
fotografias feitas com pinhole, a fim de contextualiz-las e diferenci-las das que seriam
feitas com a mquina digital. Discutindo o que as imagens comunicam, relacionamos a
fotografia com os outros meios, analisando o que dizem as imagens de jornal, revista,
cinema e TV.
Assim, usando os aspectos-chave da mdia-educao no modelo proposto por
Bazalgette; quem comunica, o que e por qu; que tipo de texto esse; como se produz;
como sabemos o que significa; como representa os temas; quem recebe, que sentido d
(1991), procurei mostrar como as imagens podem ser construdas nas mdias,
problematizando os nveis de linguagem imagtica trabalhados por Castellani: literal, o
que diz o contedo; metafrico, o que querem dizer implicitamente as mensagens; e
emocional: como diz, o impulso emocional sugerido pelo enquadramento, pela luz e
pela composio (1987:64). O objetivo era discutir esta relao com o exerccio do
olhar das crianas, que agora seria enquadrado pela mquina fotogrfica digital.
Primeiras escolhas: o que fotografar (objeto, crianas) e o tipo de ao a ser
representada (alegria, tristeza, criana brincando, estudando). A possibilidade de
fotografar a mesma coisa de diferentes maneiras, foi geradora de discusses a respeitodo que aconteceria com a imagem feita de diferentes formas. Com as hipteses que as
crianas iam levantando, situvamos noes de campo, analisando imagens feitas de
longe, de meia-distncia, de perto e de bem perto, e as crianas iam nomeando os
campos j trabalhados anteriormente. O mesmo foi feito com as noes de ngulos,
encaminhando a discusso para que as crianas percebessem que o significado da
imagem pode mudar de acordo com o modo como fazemos a foto.
J que fotografar escrever com a luz, utilizamos a linguagem da luz e dasombra, do escuro e da cor, e lembramos que na fotografia pinhole tambm
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escrevemos imagens com a luz. As crianas completavam dizendo que muita luz
queimou o papel e no escreveu nada ou que com pouca luz ficou tudo muito claro e
tambm no apareceu nenhuma imagem. Elas foram percebendo que a quantidade, a
direo e o tipo de luz modificam a imagem do objeto fotografado. E continuando a
conversa sobre a importncia da luz, problematizamos como isso poderia ser percebido
em outras mdias, comentando os efeitos de iluminao de alguns filmes de terror, por
exemplio, e elas perceberam que as variaes de luz tambm comunicam e podem
modificar o sentido da imagem.
Se as crianas conseguiram responder com alguma facilidade s questes
tericas dos planos e da luz, no exerccio prtico a histria foi um pouco diferente. E
como s havia uma mquina fotogrfica disponvel para um grupo de 24 crianas, o
exerccio prtico teria que ser feito em etapas. Em duplas, as crianas deveriam
fotografar algo observando certos planos, angulaes e a direo da luz, de forma a que
pelo menos duas delas tivessem a mesma tarefa, inclusive para que pudessem comparar
depois os resultados.
Nesta atividade, os comentrios, as trocas e as observaes dos colegas
enriqueceram demais a atividade. Algumas crianas que tinham como tarefa tirar uma
fotografia em plano geral queriam fotografar uma flor em detalhe. Outras, que deveriam
fotografar em primeiro plano, fotografavam um prdio e uma paisagem. E isso no
passou despercebido pelos colegas que diziam: Aquilo ali um plano geral? Ts
maluco? - ou ento Isso no um plano mdio, , plano mdio do corpo todo...,
gerando uma discusso sobre o que havia sido visto anteriormente na sala. s vezes as
crianas acatavam as sugestes dos colegas e reviam seus objetivos, enquanto outras se
chateavam diante de tantas crticas, e contrariadas diziam: Eu no vou mais fotografar,
no quero mais fazer nada... significando um processo muito rico, pois na mesma
medida em que uns se chateavam e aborreciam, outros consolavam e incentivavam euma frase muito ouvida era: Tira uma foto minha?
Para encerrar a oficina, a integrao de outra tecnologia para a atividade de
observao e anlise dos planos, enquadramento e efeitos da luz com imagens em
movimento, atravs do vdeo Linia nos jardins de Monet. Aproveitando para fazer uma
anlise flmica, contextualizei a obra de Monet e apresentei a ficha tcnica da
animao. Com uma breve sinopse instiguei a curiosidade das crianas sobre o que
iramos ver e mostrei o livro com o mesmo nome. O vdeo belssimo e as crianasficavam perguntando onde eu tinha comprado a fita, se ela podia ser alugada: Tem essa
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fita na locadora? E tem em DVD? e fazendo comentrios sobre os planos: Essa foto
de baixo, (referindo-se imagem feita do lago para mostrar Linia na ponte). Pareciam
sentir-se especialistas em planos e angulaes, sem falar nos comentrios sobre os
efeitos da luz, que um dos grandes temas de Monet.
Tendo a relao da menina com a arte como pano de fundo, fizemos uma anlise
formal ou lingstica do filme, enfatizando os planos e significados da luz, das cores e
da msica. Assim, o fechamento da oficina de fotografia com o vdeo configurou-se
uma atividade em que as crianas puderam conferir em movimento aquilo que haviam
experimentado na imagem congelada da fotografia. Alm disso, ampliaram seu
repertrio ao assistir a um filme diferente (no sentido da dificuldade de acess-lo nas
locadoras e por fugir do padro de filmes que esto acostumadas a assistir), relacionado
ao trabalho realizado, sem falar no prazer de poderem apreciar a arte de Monet.
Por fim, na anlise das fotos feitas reveladas agora na tela do computador da sala
informatizada da escola, discutimos os propsitos de cada dupla e os resultados
alcanados, problematizando a relao entre a inteno inicial e o produto final. De um
modo geral, as crianas se saram bem quanto aos aspectos tcnicos e a qualidade das
fotografias, e conferindo os objetivos da tarefa de cada um com o resultado imaginado e
concretizado, elas mesmas perceberam o que havia dado certo ou o que tinha ficado
diferente do esperado. Discutimos sobre os improvisos e as intuies, to necessrias no
trabalho de criao e que muitas vezes necessrio transgredir certas regras,
enfatizando que numa concepo de aprendizagem em que o erro faz parte do processo,
as fotografias que no foram feitas conforme o que tinha sido proposto serviram para
discutir a intencionalidade em relao ao que se quer fotografar e as melhores maneira
de consegui-lo.
Na avaliao final, interessava saber o que as crianas diziam ter aprendido com
a oficina e como agora entendiam a imagem fotogrfica. Embora por vezes as falas dascrianas paream respostas prontas ou meias palavras, Legal porque podia tirar foto
do que eu quisesse (Marcelo, 9), Foi bom para aprender os planos, de onde vem a
luz, para usar isso nos filmes (Leonardo,9), Gostei porque eu aprendi coisas que eu
no sabia, alm de aprender tirar fotos eu aprendi sobre os planos (Gabriel, 10), Eu
gostei de fazer as fotos e queria fazer mais (Douglas, 10), Eu achei importante para
o filme que ns vamos fazer, eu no sabia mexer na mquina e agora eu aprendi
(Karine,10), de qualquer forma, revelam um pouco do que as crianas acharam daatividade. Alm disso, a avaliao indica a importncia desse tipo de prtica tornar-se
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algo constante no dia-a-dia escolar, em que a fotografia possa ser usada para descobrir e
para contar, como registro e como expresso das crianas e do trabalho educativo.
Redimensionando o modelo de progresso histrica
Embora possamos questionar a idia da progresso no trabalho prtico com a
produo de mdia-educao, como um percurso que vai da foto para a filmagem,
visto que as habilidades podem ser desenvolvidas a partir da tentativa de se comunicar
usando o meio e seus cdigos especficos, nesta experincia isso pde ser
redimensionado. A oficina significou no s o sentido histrico da fotografia, mas,
sobretudo a dimenso do acesso de cada criana a uma mquina fotogrfica, ainda que
de latinha: Agora que eu tenho a minha mquina fotogrfica, vou falar pro meu pai
fazer uma pra ele tambm (Gabriel, 9).
Diante disso, sabemos que no h um modelo nico de percurso na produo de
mdias com crianas e que ele no necessariamente precisa seguir ou reconstruir a
trajetria de sua construo histrica. Nesta experincia, as oficinas de fotografia
pinhole e digital significaram uma possibilidade de interagir com diferentes tecnologias
como base de ancoragem do conhecimento e como auto formao, sinalizando a
importncia de redimensionar a relao com as tecnologias integrando-as umas nas
outras. Assim, as oficinas propiciaram um entendimento do fazer, que - mais do que
recuperar elementos histricos e refletir sobre sua evoluo - significou a possibilidade
concreta de pertencimento para algumas crianas, que ao terem sua mquina de
fotografia, puderam escrever com imagens, redescobrindo outras possibilidades e
dimenses de sua relao com a tecnologia atravs de outras formas de participao na
cultura.
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