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COTIDIANO ESCOLAR, FAMÍLIA E COMUNIDADE: UM ESTUDO EM UMA
ESCOLA PÚBLICA DE PERÍODO INTEGRAL
RESUMO: O presente artigo tem como objetivo colaborar com a reflexão e a discussão sobre a relação da família/comunidade com a escola, analisando o quanto essas relações afetam o processo educacional dos alunos, uma vez que a participação da família na instituição é um importante segmento para a construção de uma escola de qualidade. Aborda uma pesquisa realizada em uma escola pública da rede estadual de ensino fundamental de período integral, discutindo a prática cotidiana escolar e sua relação com as famílias envolvidas no interior da escola colhendo impressões de algumas delas sobre esta relação. O trabalho teve como metodologia um estudo qualitativo, através da aplicação de questionários em 108 famílias de alunos de 4 salas escolhidas aleatoriamente – 1º ano A, 2º ano A, 2º ano B e 4ª série A. A direção escolar também respondeu a um questionário referente às relações entre família e escola. O estudo também contou com observação de campo durante o primeiro semestre de 2011 e conversas informais com algumas famílias e professoras. O que chamou a atenção foi a pequena participação efetiva das famílias na escola pesquisada, sendo que as mesmas não estão preocupadas com a melhoria da qualidade de ensino desta instituição mas sim, preocupadas em ter um lugar para deixar seu filho durante oito ou nove horas por dia em um lugar seguro. As relações entre escola, família e comunidade tem importante papel no processo educacional dos alunos. Família atuando juntamente com a escola reforça os laços emocionais e afetivos das crianças. A necessidade de se construir essa relação estabelece compromissos entre as partes e torna-se possível alcançar o maior objetivo: o desenvolvimento integral da criança e assim uma educação de qualidade para elas.
PALAVRAS-CHAVE: Cotidiano escolar, Família, Comunidade, Escola de Período Integral.
INTRODUÇÃO
O presente artigo tem como objetivo colaborar com a reflexão e a discussão
sobre a relação da família/comunidade com a escola, analisando o quanto essas relações
afetam no processo educacional dos alunos, uma vez que a participação da família na
escola é um importante segmento para a construção de uma escola de qualidade.
O texto pretende abordar questões sobre o conceito de escola e de família
construídos historicamente e discutir a importância do papel da família na escola.
Pontuamos alguns aspectos que influenciam a participação da família na escola através
das Políticas Públicas e por consequência influencia na qualidade da educação.
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Daniela Cristina De Menezes Cosso
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Também discute a prática cotidiana escolar e sua relação com as famílias envolvidas no
interior da escola, através de uma pesquisa realizada em uma escola da rede estadual de
ensino de período integral colhendo impressões de algumas famílias sobre suas relações
com a escola, através de questionários, observação de campo e conversas informais com
algumas famílias e professoras.
ESCOLA E FAMÍLIA: INSTITUIÇÕES HISTORICAMENTE CONSTRUIDAS
Desde os primeiros tempos da civilização, sempre houve formas de educação.
Porém, eram formas de ensino espontâneas, os conhecimentos eram transmitidos
oralmente para os jovens em qualquer hora ou lugar, sem instituições. Na Grécia Antiga
os sofistas gregos cuidavam da educação de seus discípulos de forma mais organizada e
sistematizada. A Escola Elementar, como era chamada na Grécia Antiga, não tinha um
espaço, um prédio. Acontecia nas ruas, nas praças, na entrada de templos. Já os
romanos, criaram o edifício chamado escola. Preocupados em impor seus costumes e
valores aos povos dominados, construíram espaços onde as crianças se reuniam para
receber a típica educação romana. Durante a Idade Média, a educação estava restrita às
igrejas, o conhecimento era reservado a um número pequeno de clérigos e misturavam-
se as diferentes idades. Philipe Ariès acredita que a instituição escolar, após a Idade
Média, servia para adestrar as crianças no sentido de separá-las dos adultos, assim, a
escola e o colégio, segundo este autor:
se tornaram no início dos tempos modernos um meio de isolar cada vez mais as crianças durante um período de formação tanto moral como intelectual, de adestrá-las, graças a uma disciplina mais autoritária, e, desse modo, separá-las da sociedade dos adultos (P. 107, 1987).
Durante muito tempo a escola permaneceu indiferente à distinção das idades,
pois seu objetivo essencial não era a educação da infância. Até o século XVIII o papel
da educação de formação moral e social não existia e as idades eram misturadas dentro
de cada classe, frequentado ao mesmo tempo por crianças de 10 a 13 anos e
adolescentes de 15 a 20 anos. As mulheres eram excluídas, só iam para o colégio os
homens. Além da aprendizagem doméstica, as meninas não recebiam nenhuma
educação.
A instituição ideal do século XIX era o internato, quer fosse um liceu, um
pequeno seminário, um colégio religioso ou uma escola normal (nesse caso eram
escolas para meninas). Também no século XIX escola e colégio eram instituições
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voltadas não somente para a divisão das idades, mas a uma condição social: o Liceu ou
o colégio para os burgueses (o secundário) e a escola para o povo (o primário).
Importante destacar a discussão sobre a história da escola pública, já que
políticas públicas para educação tem como prioridade atender a escola pública e o
objeto de pesquisa deste trabalho se dá em uma escola pública. Nesse sentido, a palavra
“público” não está relacionada somente como oposição à escola privada ou particular,
mas muito mais que isso, no sentido de um lugar coletivo destinada a todas as pessoas.
Demerval Saviani (2005) discute a história da escola pública e salienta que esta é
organizada e mantida pelo Estado e abrange todos os graus e ramos do ensino (p. 4).
Assim, cabe ao Poder Público se responsabilizar por elas, o que implica a garantia de
suas condições materiais e pedagógicas (características da escola do século XX). Hoje a
estrutura da escola continua a mesma dos seus primórdios. Um prédio, dividido em
classes, com carteiras enfileiradas onde as crianças sentam-se umas atrás das outras. O
que realmente mudou ao longo dos séculos foi o pensamento das pessoas que fazem e
frequentam a escola. A função da escola hoje é social e de transmissão moral e cultural.
Deixou de ser apenas o centro de transmissão de conhecimento para se tornar também
responsável pela manutenção de valores e normas de conduta (antigamente de
responsabilidade da família). Nas últimas décadas, especialmente a partir dos anos
1980, no Brasil tem-se verificado uma tendência de democratização da escola pública
acompanhada da universalização da escola pública para o alcance de todos.
A análise iconográfica (uma forma de linguagem visual que utiliza figuras para
relacionar alguns temas), segundo Ariès, nos permite acompanhar a ascensão de um
sentimento novo: o sentimento da família. O sentimento era novo, mas não a família
(p.152). Leva-nos a concluir que o sentimento da família era desconhecido da Idade
Média e nasceu nos séculos XV e XVI, para se exprimir definitivamente no século
XVII. Nessa mesma época ocorreram mudanças importantes na atitude da família para
com a criança. A família transformou-se profundamente na medida em que modificou
suas relações internas com a criança.
Assim, na família do século XVIII a criança tornou-se um elemento
indispensável da vida cotidiana, e os adultos passaram a se preocupar com sua
educação, carreira e futuro. A família moderna separa-se do mundo e opõe à sociedade
o grupo solitário dos pais e filhos.
O tema sobre a origem da família também aparece nos estudos de Friedrich
Engels (1984) o qual estuda a origem da família, da propriedade privada e do estado em
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uma concepção materialista da história (formulada por Marx). Para o presente estudo, a
concepção de Engels sobre a origem da família nos ajuda a pensar sobre a formação das
sociedades e da família estruturadas sob a ótica da propriedade privada (dominação do
homem pelo próprio homem). No prefácio da primeira edição/1884, Engels nos deixa
claro que na concepção materialista o regime familiar está completamente submetido às
relações de propriedade e “o fator decisivo na história é a produção e a reprodução da
vida imediata” (p. 34). A produção é responsável pela geração de riqueza através do
trabalho, a reprodução imediata é a continuação da espécie, através da família. É através
dos laços de parentesco e da família que a sociedade evolui na produção de bens
materiais surgindo a propriedade privada. Essa dependência de um ser humano em
relação ao outro, leva ao surgimento das classes sociais (ENGELS, p. 34).
Desse modo, a história da família está interligada à evolução do processo
educacional, pois nossas políticas públicas educacionais acabam se voltando à discussão
de políticas voltadas às classes sociais e às diferenças de riquezas (escola pública X
escola privada, por exemplo).
Depois da família, é na escola que as crianças permanecem mais tempo e as
expectativas em relação ao seu desempenho escolar aumentam assumindo maior
importância na vida familiar. Mas não compete apenas à escola a função de educar, mas
também à família em primeiro lugar. E se hoje se tem a sobrecarga da vida moderna, é
importante lembrar que o que vale não é o tempo que se passa junto com os filhos, mas
a maneira como estabelecem as relações com eles.
Nas últimas décadas, nossa sociedade passou por mudanças socioeconômicas e
também culturais que se refletiram diretamente nas relações familiares. Os pais de hoje
trabalham mais e ficam menos com os filhos. O conceito de família vem sendo
modificado ao longo do tempo, em discussões teóricas e estudos em torno do tema, o
que demonstra a dificuldade em se determinar exatamente o que é família. Neste
conceito pensamos logo no nosso grupo familiar, comumente formado por pai, mãe e
filhos, todos morando na mesma casa. Hoje, não seria prudente pensar apenas nessa
estrutura familiar, uma vez que já temos leis que determinam o casamento de pessoas
com o mesmo sexo, assim já não é de estranhar alunos com duas mães ou com dois pais
na realidade escolar. Dessa forma, o número de famílias compostas apenas por mãe e
filhos, ou pais e filhos, avós e netos, ou mesmo pessoas do mesmo sexo, podem também
ser vistas como uma família. Mas, estas situações não devem interferir na prática
participativa da família no processo de formação dos filhos na escola e muito menos ser
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o argumento para a não participação da família na escola. No estudo realizado por
MALAVAZI (2000), o qual discute as relações dos pais com a vida escolar dos filhos,
aponta que:
Vários fatores contribuíram para um novo olhar sobre o papel da mãe trabalhadora, da mãe responsável pela educação infantil, do pai provedor. Tais fatores resultaram na reorganização da família e consequentemente em um novo papel para os filhos dentro dessa nova família. Aparece aí a responsabilidade da escola com a educação da criança colocada nesse novo ambiente educativo. (p.286)
Quando a família é presente, e quando essa parceria entre família e escola é
incentivada pela direção escolar, o aluno se beneficia, diminuindo os índices de evasão
e de violência e melhorando o rendimento das turmas de forma significativa. A
responsabilidade da escola é também chamar a família para “dentro” da escola.
POLÍTICAS PÚBLICAS E A QUALIDADE NA EDUCAÇÃO
Este trabalho tomou como referencial a literatura sobre Políticas Públicas,
qualidade na educação e a relação entre família e escola. Desde a década de 1990, temos
aprovações de leis nacionais e elaboração de diretrizes do Ministério da Educação, cujos
conteúdos evidenciam a importância e o dever da família no processo da escolaridade e
o significado de participação.
Além das leis educacionais e do Plano Nacional de Educação que tratam sobre o
papel da família e da comunidade, alguns autores tem se debruçado nas questões
referentes às Políticas Públicas na educação e o papel dessas políticas na contribuição
para a educação de qualidade no Brasil, como FREITAS (2009), MALAVAZI (2002),
BONDIOLI (2002), NOGUEIRA (2002) e SORDI (2004).
O neoliberalismo trouxe uma nova forma (negativa) de se ver a qualidade
educacional associando-a aos princípios mercadológicos de produtividade e
rentabilidade, introduzindo nas escolas a lógica da concorrência e do mercado. Esse
pensamento baseia-se na ideia de que quanto mais termos “produtivos” se aplicam à
educação, mais "produtivo" se torna o sistema educacional (Gentili, 1995). Entre as
décadas de 1980 e 1990, essa política neoliberal somada à concorrência no mercado
trouxe para as escolas uma mudança nas suas inter-relações, transformando quem ensina
num prestador de serviço, quem aprende no cliente, e a educação num produto a ser
produzido com alta ou baixa qualidade. Atualmente no Brasil essa política, ganha um
incentivo silencioso através das avaliações em larga escala (ou de sistemas) como o
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SARESP e a PROVA BRASIL, as quais, através de seus índices – IDESP e IDEB -
instigam a concorrência entre as escolas como uma forma “sadia” de superação das
dificuldades. As avaliações em larga escala, dependendo de como forem utilizadas suas
notas, podem gerar concorrência e estabelecer ranqueamento nas instituições mais bem
colocadas ou mais produtivas, através da política de bônus.
FREITAS (2011) nos ajuda a interpretar o fortalecimento dessa política
neoliberal, hoje entendida como neotecnicista, explicitando seu objetivo:
Hoje, ele se configura de maneira nítida a partir das propostas educacionais de controle do aparato escolar por meio da meritocracia e “responsabilização”, controle dos métodos a partir de apostilamento de redes inteiras, privatizações via Organizações Sociais, entre outras ações. Enfim, seu objetivo é organizar a educação como os negócios são organizados: o que é bom para o mercado é bom para a educação (p.3).
Nesse sentido, a lógica de privatização e do ranqueamento através dos índices,
carrega um caráter meritocrático que só contribui para o aumento das diferenças na
escola, a mercantilização da educação só irá agravar a situação daqueles que já se
encontram excluídos.
Mas que qualidade educacional queremos para nossas crianças? Uma qualidade
onde se ensina a criança, desde a mais tenra idade, a achar que pode ser melhor que
outra através de um simples ranqueamento entre alunos e escolas, ou ensinar as crianças
com uma educação verdadeiramente de qualidade, lhe passando valores, atitudes,
desenvolvendo a capacidade emocional, afetiva, artística destas crianças?
Assim, é importante considerar a possibilidade de colocar em discussão junto
aos pais e aos formuladores de políticas públicas, a seguinte questão: será que nota alta
é sinônimo de educação de qualidade? E, assim, começarmos a pensar em que educação
queremos dar para nossas crianças (futuros adultos) muito além do conteúdo de língua
portuguesa e matemática.
COTIDIANO ESCOLAR E FAMÍLIA: RELAÇÕES POSSÍVEIS EM BUSCA DA QUALIDADE
As políticas públicas inseridas nas escolas de período integral fazem parte de um
projeto do Governo do Estado de São Paulo, nesse sentido segundo o site da CENP
(Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas) o Projeto Escola de Tempo Integral
tem o objetivo de oferecer aos alunos da rede pública do estado de São Paulo uma
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formação mais completa, que contemple tanto os conhecimentos tradicionais quanto os
conhecimentos artísticos e que se direcione para o desenvolvimento de uma
personalidade criativa e cidadã.
A proposta do governo é muito interessante e no “papel” representa um ganho e
um avanço muito grande para a sociedade, mas durante o período de coleta de dados
desta pesquisa em uma escola de período integral na região de Campinas, notamos que
muitas dessas propostas acabam ficando somente no “papel”. Só faz sentido pensar na
ampliação da jornada escolar, ou seja, na implantação de escolas de tempo integral, se
considerarmos uma concepção de educação integral com a perspectiva de que o horário
expandido represente uma ampliação de oportunidades e situações que promovam
aprendizagens significativas e emancipadoras.
Esse projeto foi imposto em algumas escolas, e desde a sua implantação (2006)
não houve nenhuma reforma escolar para adaptação, tais como salas ambiente,
parquinho, sala do sono para as crianças do 1º ano, etc. Neste período, Campinas teve
seis escolas estaduais públicas com o “Projeto Escola de Tempo Integral” para o ensino
fundamental, mas com o passar do tempo, e visto que, em muitos casos, esse projeto
não avançou, quatro escolas voltaram para o período normal. Hoje, somente duas
escolas públicas estaduais de Campinas oferecem as aulas em período integral.
A ESCOLA PESQUISADA
A escola pesquisada está situada em um bairro de classe média/baixa, trabalha
com alunos do 1º ao 5º ano, tem 252 alunos no total. A escola funciona da seguinte
maneira: no período da manhã (das 7h as 11h30m) professoras de Ensino Fundamental
lecionam os conteúdos do currículo básico, já no período da tarde (12h30m as 16h15m)
outras professoras (especialistas) ministram as oficinas nas quais são trabalhadas as
seguintes grades curriculares: Experiências Matemáticas, Atividades Artísticas,
Atividades Esportivas e Motoras, Informática Educacional, Saúde e Qualidade de Vida,
Orientações para o Estudo e Pesquisa e Língua Estrangeira.
Foram aplicados questionários em 108 famílias dos alunos de 4 salas escolhidas
aleatoriamente. Destes 108 questionários entregues, 80 foram devolvidos e preenchidos
(74%). A direção também respondeu a um questionário sobre questões referentes às
relações entre família e escola. Foram colhidas algumas impressões sobre estas relações
na observação de campo. A pesquisa foi realizada durante o primeiro semestre de 2011.
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GESTÃO
A diretora desta escola trabalha a 3 anos como diretora e a 5 anos como vice-
diretora, acredita que a comunidade do bairro não valoriza a escola. Coloca ainda que a
escola “sempre oferece” espaços e oportunidades para a participação da comunidade
muito embora a comunidade não ocupe o espaço oferecido. As festas são os principais
momentos onde há maior participação da família e da comunidade na escola. Segundo
ela, não há participação efetiva da comunidade nas decisões pedagógicas e
administrativas por que as famílias não se interessam.
A escola, ainda segundo a diretora, enfrentou roubos e depredações, como
torneiras arrancadas e quebradas dos bebedouros, dos banheiros do pátio, roubo de
livros e gibis. A procura de vagas na escola foi muito maior que o número de vagas
oferecidas, por ser uma escola de Período Integral, a procura é muito grande, mesmo de
famílias moradoras de bairros distantes. Para ela, o motivo principal para os pais
matricularem seus filhos nesta escola é por ser uma escola de período integral e não pela
qualidade de ensino.
FAMÍLIA
Sobre o nível de escolaridade dos responsáveis dos alunos, dos 80 questionários
respondidos o nível de maior incidência foi o Ensino Médio. As mães com Ensino
Médio completo foram 48,75% do total, e os pais com Ensino Médio completo
compreendem 40% (gráfico 1).
80% dos alunos não moram no mesmo bairro da escola (moram em outros
bairros e optaram por esta escola por ser de período integral). Alguns pais relataram que
preferem deixar o filho na escola o dia todo a deixá-los sozinhos em casa ou na rua.
Apenas 20% dos alunos que estudam nesta escola moram no mesmo bairro da escola
(gráfico 2).
Sobre o motivo dos pais terem matriculado seus filhos nesta escola, nenhum
assinalou o motivo da escola ficar próxima ao ponto de ônibus, 8,75% optaram por esta
escola por ficar perto de casa, 7,5% por causa da qualidade de ensino e a grande maioria
com 83,75% optou por ser uma escola de período integral.
Essa grande procura das famílias pela escola de período integral se dá pelo fato
das famílias trabalharem fora o dia inteiro e não terem com quem deixar seus filhos (o
período integral da escola acaba sendo uma facilidade para a família). Esse argumento
se torna mais importante para as famílias do que a própria qualidade de ensino da
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instituição. Sobre a participação da família na escola, é notório que ainda essa
participação é muito pequena. As famílias dizem participar da escola somente quando
são chamadas em reuniões de pais para saber o desenvolvimento de seu filho ou ainda
quando é chamado por problemas de indisciplina do mesmo. Quando a família é
chamada para eventos na escola a participação é um pouco maior. Se a escola ficasse
aberta nos finais de semana para a comunidade, 38,75% das famílias responderam que
não iriam até ela, 42,5% responderam que iriam às vezes e a minoria respondeu que
sim, iriam até a escola nos finais de semana com 18,75% (gráfico 3).
Mas se a escola ficasse aberta aos sábados com atividades programadas para a
família como jogos, aulas de informática, aulas de inglês, etc a participação seria muito
maior, a maioria respondeu que sim (45%), 31,25% responderam que iriam “às vezes” e
23,75% responderam que não iriam (gráfico 4).
Nas decisões pedagógicas e administrativas da escola, 65% das famílias
responderam que não participam, 22,5% disseram que participam às vezes e a minoria,
com 12,5%, respondeu não participar destas decisões (gráfico 5).
Sobre a participação da família em reuniões pedagógicas sobre o filho, dos 80
questionários respondidos, 49 responderam que participam destas reuniões, 19
participam às vezes e 12 não participam. Interessante notar que as famílias que
responderam não participar das reuniões pedagógicas alegam a falta de tempo, pois são
marcadas no horário de trabalho. Quando perguntado se a participação da família na
escola ajuda no aprendizado dos filhos, a grande maioria respondeu que sim (90%),
7,5% responderam às vezes e apenas 2,5% responderam que a participação da família
na escola não ajuda no aprendizado do filho.
Em observações realizadas na escola há um descontentamento dos professores
sobre a participação das famílias no aprendizado dos alunos, em quase todos os HTPs
professores relatavam alguma experiência: “Nossa, aquele aluno não faz nada e a
Família menos ainda. Se pelo menos o pai ou a mãe ajudasse, já seria uma grande
coisa...”.
Estas falas parecem ser comuns no interior da escola, e para as Professoras desta
unidade escolar a relação da família com a escola parece ser de grande importância para
a melhora de alguns problemas existentes dentro das salas de aula, como a indisciplina,
a falta de comprometimento do aluno em relação ao conteúdo dado e as diversas faltas
reincidentes. Elas acreditam que com a aproximação da família (seja pai, avô, mãe, tia,
avó, etc.) o aluno terá um desenvolvimento melhor na escola, seja emocional ou
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intelectual. Com essa participação da família no processo de ensino-aprendizagem, a
criança ganha mais confiança, vendo que todos se interessam por ela, e também porque
a família passa a conhecer quais são as dificuldades e quais os conhecimentos que ela
tem. Comunicar-se com os filhos é dar apoio, conhecer as suas dificuldades, verificar
pelo que eles estão passando, estimulando suas potencialidades, dando liberdades e
incentivo, e respeitando os sentimentos da criança.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo trouxe aproximações entre instituições historicamente construídas,
como a escola e a família, consideradas como essenciais para a nossa sociedade.
Instituições que se desenvolveram lado a lado, onde a evolução da escola pôde ser vista
paralelamente com a evolução da família e dos sentimentos de infância.
Hoje, as relações entre escola, família e comunidade tem importante papel no
processo educacional dos alunos. Família atuando juntamente com a escola reforça os
laços emocionais e afetivos das crianças. A necessidade de se construir essa relação
estabelece compromissos entre as partes e torna-se possível alcançar o maior objetivo: o
desenvolvimento integral da criança e assim uma educação de qualidade para elas. O
que chamou a atenção neste estudo foi a pequena participação efetiva das famílias na
escola pesquisada, sendo que as mesmas não estão preocupadas com a melhoria da
qualidade de ensino desta instituição mas sim, preocupadas em ter um lugar para deixar
seu filho durante oito ou nove horas por dia em um lugar seguro.
Como profissionais da educação, ainda temos um longo caminho a percorrer em
busca de uma participação efetiva das famílias nas escolas. Parcerias entre escola,
famílias e comunidade seriam alternativas possíveis para a mudança do quadro
educacional vivido nos dias atuais. Muitas famílias delegam à escola toda a educação
dos filhos, desde o ensino das disciplinas específicas até a educação de valores,
formação do caráter, além da carência afetiva que muitas crianças trazem de casa,
esperando que o professor supra essa necessidade. Através dos dados coletados e das
observações realizadas na escola estudada, os professores das séries iniciais reconhecem
a importância da participação da família na vida escolar dos filhos. Quando os pais são
participativos (não só nas atividades realizadas pela escola ou simples reuniões, mas na
participação mais efetiva) o aluno se desenvolve com maior incentivo e confiança.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS:
XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012
Junqueira&Marin Editores Livro 3 - p.001581
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ARIÈS, P. História Social da criança e da Família. Rio de Janeiro: Guanabara, 1981. BONDIOLI, A. O Projeto pedagógico da creche e a sua avaliação: a qualidade
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GRÁFICO 2: “Vocês moram no mesmo bairro da escola?”
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GRÁFICO 3: “Se a escola ficasse aberta nos finais de semana para a comunidade, você e sua família iriam até ela nestes dias?
GRÁFICO 4: “Se houvesse atividades programadas para sua família na escola (jogos, aulas de informática, etc) aos sábados você participaria?
GRÁFICO 5: “Você participa das decisões pedagógicas e administrativas da escola?”
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SIM AS VEZES NÃO
Participação nas decisões pedagógicas e administrativas
Participação nas decisões pedagógicas e administrativas
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