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CONSUMO HORÁRIO E ESPECÍFICO DE COMBUSTÍVEL POR UM TRATOR
AGRÍCOLA EM OPERAÇÃO DE ESCARIFICAÇÃO
Lucas Barros de Souza¹; Airton Alonço do Santos²; Mateus Potrich Bellé³;
Tiago Rodrigo Francetto³; Cristian Josue Franck³; Otavio Dias da Costa
Machado³; Mariana Weber Rodrigues³
¹ Apresentador, ² Orientador, ³ Co-autores
1. INTRODUÇÃO
Com a expansão da agricultura na década de 80 e a adoção maciça do
sistema de semeadura direta (SSD) pelos produtores, houve um aumento na
produtividade das lavouras e redução dos níveis de erosão. Entretanto, no
decorrer do tempo a ausência de mobilização aliada a má condução do SSD
acentuou a compactação do solo, isso devido ao tráfego de implementos, que
estão cada vez maiores e mais pesados, e também em razão de algumas
propriedades adotarem a integração lavoura e pecuária. Araújo et al. (2001),
afirmaram que no SSD é comum a ocorrência de uma camada superficial
compactada que pode, dependendo do nível de compactação, prejudicar o
desenvolvimento das plantas.
De acordo com Bellé (2013), esta compactação, além de prejudicar o
desenvolvimento das raízes das plantas, aumenta o requerimento de força dos
implementos. Para Rosa (2007), além da deterioração da estrutura do solo, a
compactação em solos sob o SSD traz consigo a desvantagem de aumentar a
força por área trabalhada, gerando consequências como aumento do consumo
de combustível e redução da vida útil dos mecanismos da semeadora.
Então, a elevação destes fatores, aliada a redução ou estagnação nos
níveis de produção têm justificado a intervenção no sistema com algum tipo de
equipamento de preparo de solo, e o implemento que melhor se enquadra
pelas características de desenvolver um preparo conservacionista é o
escarificador.
2. OBJETIVOS
Tendo em vista estes problemas, o trabalho objetivou diagnosticar o
consumo horário de combustível e consumo específico operacional de uma
operação de escarificação em diferentes velocidades de operação sob um
sistema de semeadura direta.
3. MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido na fazenda Santa Helena, localizada no
município de Boa Vista do Incra, Rio Grande do Sul. O histórico de cultivo da
propriedade resume-se à cultura da soja no verão e aveia-branca ou trigo no
inverno. A palha presente em cobertura é oriunda basicamente dos dois
cultivos anteriores, soja e aveia-branca. O solo que compõe a área
experimental na propriedade foi classificado como LATOSSOLO VERMELHO
Distrófico típico. Foram coletadas amostras para análise de densidade,
umidade e textura do solo, sendo que as duas primeiras foram analisadas nas
dependências do LASERG, segundo método pregado pela EMBRAPA (1997),
e as amostras de textura foram encaminhadas para o laboratório de física do
solo da UFSM. Além dessas, foi determinado o índice de cone a partir da
utilização de um penetrômetro digital, marca Falker Automação Agrícola¹,
modelo PLG 1020. O escarificador utilizado é representado por uma única
haste e ponteira, tal conjunto denominado elemento descompactador (ED), a
haste tem largura de 0,03m e perfil parabólico, a ponteira é do tipo estreita com
largura de 0,05m e ângulo de ataque de 20º.
Para o acoplamento desses mecanismos foi utilizada uma estrutura
porta-ferramentas (EPF), desenvolvida por Gassen (2011). Essa é acoplada na
barra de tração do trator e a sustentação da sua massa se dá pelo apoio na
barra de tração e por duas rodas. Para tracionar a EPF, foi utilizado um trator
de rodas 4x2 com tração dianteira auxiliar, motor com 132,4 kW (180cv) de
potência a 2200 rpm, marca Massey Ferguson1, modelo 7180. O trator foi
equipado com uma instrumentação similar a desenvolvida por Russini (2009),
1 A citação de marcas e modelos comerciais não implica em nenhuma forma de aprovação ou
recomendação dos mesmos por parte do autor.
usou-se uma célula de carga unindo a barra de tração ao cabeçalho da EPF,
para a extração da força média na barra de tração e posterior cálculo da
potência média na barra de tração e, futuramente, calculo do consumo
específico, uma roda odométrica para a medida da velocidade de
deslocamento do conjunto e um fluxômetro para a aferição do consumo horário
de combustível, ambos os instrumentos conectados a um datalogger, para
armazenamento destes dados.
O delineamento utilizado foi blocos casualizados e os dados coletados
foram submetidos a análise ANOVA e ao teste de Tukey à 5 % de
probabilidade de erro. Os dados apresentaram-se normais após verificação
pelo teste de normalidade de Kolmorogov-Smirnov e, ao aplicar o teste de
Cochran, verificou-se que houve homogeneidade de variâncias.
4. RESULTADO E DISCUSSÃO
A umidade do solo foi de 16,61 % e a densidade do solo encontrada de
0 a 0,15 m foi de 1,59 g cm³ e 0,15 a 0,25 m de 1,66g cm³. A textura do solo
encontrada foi franco-argilo-arenosa. A resistência à penetração na camada de
0 a 0,10 m foi de 1816 kPa, 0,10 a 0,20 m 2333 kPa e de 0,20 a 0,25 m de
1818 kPa.
Os dados da ANOVA estão dispostos na Tabela 1, bem como a média
das variáveis, consumo horário de combustível e consumo específico. Pode-se
constatar que o aumento da velocidade de deslocamento do conjunto trator-
escarificador proporcionou aumento significativo no consumo horário de
combustível, provavelmente provocado pelo aumento da demanda de tração do
implemento. Sendo que da primeira velocidade para a segunda e desta para a
terceira velocidade, houve incremento de 20,66 % e 8,31 % no consumo do
trator. Entretanto, o consumo específico comportou-se de forma inversa,
demostrando que para uma mesma potência demanda, houve menor consumo
com o incremento da velocidade de deslocamento. Sendo que houve redução
de 53,21% e 25,49% nas variações de 2,93 para 5,87 e desta para 8,84 km h-1.
Tabela 1 - Resultados médios das variáveis, consumo horário de combustível (Ch) e consumo específico operacional (CeO).
**Médias seguidas pela mesma letra, minúscula na coluna, não diferem significativamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro.
5. CONCLUSÃO
A elevação da velocidade de deslocamento provocou aumento do
consumo horário de combustível. Em contrapartida, esta mesma condição
promoveu redução do consumo específico.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, A. G.; CASÃO JUNIOR, R.; SIQUEIRA, R. Mecanização do plantio
direto: problemas e soluções. Informe de Pesquisa Funcadação Agrônomica
do Paraná, Londrina, n. 137, p. 1-18, 2001.
BELLÉ, M. P.. Desempenho de elementos descompactadores para
escarificação em sistema de semeadura direta. Dissertação de Mestrado
(Mestrado em Engenharia Agrícola – Mecanização Agrícola) – Programa de
pós-graduação em Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Santa Maria,
Santa Maria, 2013, 9 f.
EMBRAPA. Manual de métodos de análise de solo. Centro Nacional de
Pesquisa de Solos. 2 ed. Rio de Janeiro, 212 p., 1997.
FATOR ESTUDADO Ch
(l h-1) Ce
(l kw h-1) VELOCIDADE (km h-1)
2,93 6,58 c 1,09 a 5,87 7,94 b 0,51 b 8,84 8,60 a 0,38 c
Coeficiente de Variação (%) 3,08 8,64 Média geral 7,71 0,66
Teste F 75,64** 174,03**
GASSEN, J. R. F.. Avaliação de ferramenta para escarificação do solo em
camadas de forma simultânea. Tese de doutorado (Doutorado em Engenharia
Agrícola – Mecanização Agrícola) – Programa de pós-graduação em
Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2011,
207 f.
ROSA, D. P. Comportamento Dinâmico e Mecânico do Solo sob Níveis
Diferenciados de Escarificação e Compactação. Santa Maria, 2007.
Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola) – Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Santa Maria.
RUSSINI, A. Projeto, construção e teste de Instrumentação eletrônica para
avaliação do desempenho de tratores agrícolas. 2009. Dissertação (Mestrado
em Engenharia agrícola) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia
Agrícola, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2009. 142 f.
7. AGRADECIMENTOS
À STARA Indústria de Implementos Agrícolas S/A e à CAPES
(Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) pelo apoio
financeiro.