Post on 23-Jan-2020
UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO
LUCIANO FRANZIM NETO
CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DA ESCALA DE
ANSIEDADE NO TRABALHO (EAT-35)
SÃO BERNARDO DO CAMPO 2014
LUCIANO FRANZIM NETO
CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DA ESCALA DE
ANSIEDADE NO TRABALHO (EAT-35)
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Saúde da Universidade Metodista de São Paulo, como requisito parcial a obtenção do título de Mestre em Psicologia da Saúde.
Orientadora: Profa. Dra. Mirlene Maria Matias Siqueira
SÃO BERNARDO DO CAMPO 2014
FICHA CATALOGRÁFICA
F859c
Franzim Neto, Luciano Construção e validação da escala de ansiedade no trabalho (EAT-35) / Luciano Franzim Neto. 2014.
67 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia da Saúde) --Faculdade da Saúde da Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2014. Orientação de: Mirlene Maria Matias Siqueira.
1. Ansiedade 2. Escala - Validação 3. Psicologia do trabalho I. Título
CDD 157.9
A dissertação de mestrado sob o título: “Construção e validação da escala de ansiedade no
trabalho (EAT-35)” Luciano Franzim Neto foi apresentada e aprovada em 12 de maio de
2014, perante a banca examinadora composta por Profa. Dra. Marília Martins Vizzotto
(Presidente/UMESP), Prof. Dr Manuel Morgado Rezende.(Titular/UMESP), Prof.Dr.Dinael
Corrêa de Campos (Titular/Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho - UNESP,
SP).
____________________________________
Profa. Dra. Mirlene Maria Matias Siqueira
Orientadora
_____________________________________
Profa. Dra. Maria Geralda Viana Heleno
Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Saúde
Programa: Pós- Graduação em Psicologia da Saúde
Área de Concentração: Psicologia da Saúde
Linha de Pesquisa: Processos Psicossociais
DEDICATÓRIA
Fale-nos sobre ansiedade:
E ele respondeu:
Não existe nada de errado com a ansiedade. Embora não possamos controlar o tempo de Deus, faz parte de a condição humana desejar receber o mais rápido possível aquilo que se
espera, ou afastar imediatamente aquilo que causa pavor.
Como dizer a um coração apaixonado que fique tranqüilo, contemplando os milagres da criação livres das tensões, dos medos e das perguntas sem respostas?
Como dizer a alguém que investiu sua vida e seus bens não fique preocupado com uma possível crise financeira?
Como pedir a um guerreiro que não fique ansioso antes de um combate?
Portanto, a ansiedade está presente nos seres humanos e como não podemos dominá-la, teremos que aprender a conviver com ela – assim como o homem aprendeu a conviver com as
tempestades.
Minha dedicatória vai para todos aqueles que estiverem lendo esse trabalho, pois acredito que o todo o conhecimento deve ser compartilhado.
AGRADECIMENTOS
Agradeço pela oportunidade de estar vivo para escrever esse trabalho, mas
dificilmente se constrói algo sozinho. Porém, foram muitas pessoas que me ajudaram e serei
eternamente grato por isso, mas não vou correr o risco de não mencionar alguém. Portanto,
agradeço todos meus amigos.
Mas jamais poderia esquecer-se de mencionar o Dr.José Glauco Bardella, que quando
todas as portasparecia estarem fechadas ele me deu apenas um voto de confiança e graças a
essa oportunidade consegui chegar até aqui. Um dia ainda espero retribuir tudo que fizestes
por mim, nessa vida ou na próxima.
FRANZIM NETO, L. Construção e validação da escala de ansiedade no ambiente de trabalho (EAT-35). 2014. Dissertação (Mestrado em Psicologia da Saúde) – Faculdade da Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2014.
RESUMO
Ansiedade é um conceito estudado desde a antiguidade sendo amplamente pesquisado em diversos ramos da ciência. A ansiedade pode ser compreendida como um sinal de alerta, um estado emocional que, por vezes, se torna desagradável, sendo vivenciada por todos os seres humanos. Uma forma de mensurar a ansiedade é por meio de escalas válidas e precisas. Por isso, o objetivo desse estudo foi construir e validar uma escala para avaliação de ansiedade no ambiente de trabalho. Com base em três dimensões da ansiedade contidas na literatura, foi construída a Escala de Ansiedade no Trabalho (EAT-35). Os dados foram coletados a partir das respostas dadas por 220 trabalhadores do Estado de São Paulo, com idade média de 34,27 (DP=9,83) sendo a maioria do sexo feminino (84,5%) e com ensino superior (64,5%). Foram calculadas estatísticas descritivas, análise fatorial e alfa de Cronbach. Os resultados revelaram um modelo de três dimensões da ansiedade e cujas dimensões obtiveram adequadas cargas fatoriais e índices de precisão. Com os resultados produzidos pelas análises deste estudo é possível concluir que a Escala de Ansiedade no Trabalho (EAT-35) pode ser utilizada como uma ferramenta para avaliar a ansiedade no trabalho. Novas pesquisas que realizem a aplicação de análises fatoriais confirmatórias são indicadas com o objetivo de se confirmar os resultados obtidos pelas análises fatoriais exploratórias durante a validação da EAT-35.
Palavras – chaves: Escala. Validação. Ansiedade. Trabalho.
FRANZIM NETO , L. Development and validation of the scale of anxiety in the workplace. 2014. Dissertation (Masters in Health Psychology ) - Faculty, Methodist University of São Paulo , São Bernardo do Campo , 2014.
ABSTRACT
Anxiety is a concept studied since antiquity been widely researched in many branches of science. Anxiety can be understood as a warning sign, an emotional state that sometimes becomes annoying, being experienced by all humans. One way of measuring anxiety is through valid and accurate scales. Therefore, the aim of this study was to construct and validate a scale to assess anxiety in the workplace. Based on three dimensions of anxiety contained in the literature, was built at Work Anxiety Scale (EAT-35). Data were collected from the responses of 220 employees of the State of São Paulo, with a mean age of 34.27 (SD = 9.83) and most were female ( 84.5 % ) and higher education ( 64,5%). Descriptive statistics, factor analysis and Cronbach's alpha were calculated . The results revealed a model of three dimensions of anxiety and the dimensions obtained adequate factor loadings and reliability coefficients. With the results produced by the analyzes of this study it can be concluded that the Anxiety Scale at Work (EAT-35) can be used as a tool to assess anxiety at work. New research conducting the application of confirmatory factor analyzes are given in order to confirm the results obtained by exploratory factor analysis during validation of EAT-35.
Keywords: Scale. Validation. Anxiety. Work.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Dimensões, número de itens e exemplos de itens. 34
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Gráfico de sedimentação dos autovalores com 43 itens. 38
Figura 2 Gráfico de sedimentação dos autovalores com 35 itens. 40
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Definições das dimensões da ansiedade. 20
Tabela 2 Agrupamento dos sintomas de ansiedade de acordo com as dimensões. 21
Tabela 3 Instrumentos disponíveis para avaliar ansiedade. 24
Tabela 4 Descrição dos participantes. (n= 220) 36
Tabela 5 Cargas fatoriais e comunalidades dos 43 itens. (n = 220) 39
Tabela 6 Cargas fatoriais e comunalidades dos 35 itens (n = 220) 41
Tabela 7 Índices de precisão. 42
Tabela 8 Itens correspondentes ao fator. 46
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................... 11
2 REVISÃO DA LITERATURA................................................................................................ 13
2.1 ANSIEDADE........................................................................................................................... 13
2.2 DIMENSÕES DA ANSIEDADE............................................................................................ 18
2.3 AVALIAÇÃO DA ANSIEDADE........................................................................................... 22
2.4 ESCALAS DISPONÍVEIS PARA AVALIAR A ANSIEDADE............................................ 24
2.5 ANSIEDADE E TRABALHO................................................................................................ 26
2.6 PESQUISAS SOBRE ANSIEDADE E TRABALHO............................................................ 29
3 OBJETIVOS....................................................................................................................... 32
4 MÉTODO................................................................................................................................. 33
4.1 PROCEDIMENTOS ............................................................................................... 33
4.2 CONSTRUÇÃO DOS ITENS................................................................................................. 33
4.3 VALIDADE TEÓRICA........................................................................................................... 34
4.4 ASPECTOS ÉTICOS E COLETA DE DADOS..................................................................... 35
4.5 PARTICIPANTES...................................................................................................... 36
4.6 ANÁLISE DE DADOS........................................................................................................... 37
5 RESULTADOS......................................................................................................................... 38 5.1 ANÁLISE FATORIAL............................................................................................................ 38
5.2 ÍNDICE DE PRECISÃO......................................................................................................... 42
6 DISCUSSÃO.............................................................................................................................. 43
6.1 LIMITAÇÕES DO ESTUDO.................................................................................................. 45
6.2 APLICAÇÃO E APURAÇÃO DOS RESULTADOS............................................................ 46
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................... 48
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 49
ANEXOS....................................................................................................................................... 55
11
1 INTRODUÇÃO
Apesar de a ansiedade ser um estado emocional altamente desagradável, ela faz parte
da natureza humana, funcionando como um sinal de alerta, isto é, avisando sobre um perigo
iminente e possibilitando que a pessoa tome medidas para lidar com a ameaça subjacente à
situação de perigo. Na condição de alerta, a ansiedade tem qualidades de preservação da vida
e é, muitas vezes, propulsora do desempenho, preparando o indivíduo para assumir as ações
necessárias para evitar a ameaça ou atenuar suas conseqüências. Desse modo, a ansiedade
alerta o indivíduo para que este realize certos atos que visem remover ou reduzir o perigo
(KAPLAN; SADCOK; GREBB, 1997).
Bonica e Loeser (2001) afirmam que no século XX a ansiedade passou a fazer parte do
cotidiano das pessoas, e nem sempre ela é benéfica, passando a ser patológica e prejudicial à
vida do indivíduo quando é desproporcional à situação que a desencadeia ou quando não
existe um motivo específico para seu aparecimento, afetando a saúde. O indivíduo ansioso
apresenta diversos sintomas como inquietação, cansaço, dificuldade de se concentrar, falta de
ar, sudorese, taquicardia, náuseas, tremores, tontura e insônia, entre outros.
Segundo Sadock (2007) a ansiedade é um tema que desperta interesse tanto na
comunidade científica como na população em geral. Todas as pessoas vivenciam a ansiedade,
sendo que em determinadas ocasiões ela pode ser benéfica, pois de certa forma, favorece a
adaptação do ser humano a novas situações ou pode sertambém é compreendida como um
sinal de alerta, podendoindicar um perigo iminente, desta maneira a pessoa torna-se
capacitada a tomar uma decisão frente à ameaça que é desconhecida ou conflituosa o
autorconsidera que a ansiedade tem um importante papel para advertir o organismo sobre uma
ameaça interna ou externa e pode alertar sobre possíveis dores, lesões, punições, frustrações
ou ameaças. Além disso, conduz o indivíduo a adotar medidas necessárias para evitar perigos
e reduzir as suasconsequências. Assim, pode-se entender que o processo de ansiedade tem um
papel fundamental na vida diária das pessoas, uma vez que torna o organismo mais apto a
enfrentar uma situação interpretada como perigosa ou desconhecida.
Ao falar de ansiedade, é importante ressaltar que o ser humano em geral passa a maior
parte de seu tempo trabalhando, e alguns ambientes de trabalho geram ansiedade no
trabalhador, pois o expõem a diversos fatores que afetam sua saúde, como más condições de
trabalho, número excessivo de horas extras, ambiente físico inadequado (higiene, temperatura,
12
barulho) e relacionamentos difíceis com colegas de trabalho, ou seja, fatores que podem
produzir pressão nociva ao corpo e à mente do trabalhador (DEJOURS, 1992).
Dessa forma, as várias situações presentes no ambiente laboral supracitadas podem
tornar-se nocivas aos trabalhadores, dependendo de sua intensidade e, também, do tempo de
contato dos indivíduos com as mesmas (LOPES; SPINDOLA; MARTINS,1996). Portanto,
nesses locais de trabalho há uma multiplicidade de fatores/agentes de riscos psicossociais que
podem favorecer a ocorrência de acidentes de trabalho e adoecimentos entre os trabalhadores
(CARAN, 2007).
Assim, o presente estudo propôs-se a elaboração e validação fatorial de uma Escala de
Ansiedade no Trabalho (EAT-35). O instrumento foi denominado EAT-35 por conter trinta e
cinco itens que tem o objetivo de avaliar a ansiedade no ambiente de trabalho.
Este trabalho iniciou-se a partir de observações empíricas sobre ansiedade no ambiente
de trabalho, pois se percebeu que habitualmente as pessoas conversam sobre suas profissões e,
consequentemente, sobre sua rotina laboral, relatando que ficam ansiosas durante a jornada de
trabalho, fator que afeta diretamente sua saúde. Também foi observada a dificuldade por parte
das organizações em avaliar a ansiedade no contexto do trabalho.
Para melhor investigar o fenômeno, foi feito um breve levantamento sobre as escalas
existentes que tenham como objetivo avaliar a ansiedade. Constatou-se que existem diversas
escalas que buscam avaliar a ansiedade, porém, não foi encontrada nenhuma escala que tenha
como objetivo avaliar a ansiedade no ambiente de trabalho, o que dificulta às organizações
verificar se seus funcionários estão vivenciando ansiedade durante a jornada de trabalho.
Diante do exposto, o presente estudo é justificado, uma vez que poderá contribuir com
a avaliação da ansiedade em trabalhadores, ou seja, permitir a identificação de quais são os
indivíduos que estão se sentindo ansiosos no ambiente de trabalho. Dessa forma, a construção
e validação dessa escala possibilitarão aos futuros pesquisadores um instrumento que reunirá
os principais atributos que caracterizam a ansiedade no trabalho, o que poderá facilitar o
andamento das pesquisas com esse objetivo.
Espera-se que, com a construção dessa escala, os profissionais preocupados com a
saúde do trabalhador possam verificar quais são os ambientes de trabalho que tendem a gerar
mais ansiedade no trabalhador, assim como constatar quais os indivíduos que estão mais
ansiosos no ambiente de trabalho, visto que a ansiedade afeta diretamente a saúde do
trabalhador. Nesse contexto, percebe-se a importância de construir um instrumento que
apresente evidências de validade e precisão paraavaliar a ansiedade no ambiente de trabalho.
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2 REVISÃO DA LITERATURA
Na presente seção estarão descritas concepções de ansiedade, suas definições e
algumas dimensões propostas por pesquisadores para estruturar o construto, um breve relato
sobre o que sugerem os especialistas sobre sua avaliação, bem como algumas escalas
consideradas importantes para realizar sua aferição. Nos domínios do ambiente de trabalho
ansiedade será descrita destacando-se algumas pesquisas sobre o tema neste contexto.
2.1 ANSIEDADE
Desde a Antiguidade até os dias atuais o homem demonstra interesse em entender,
estudar e pesquisar sobre o constructo ansiedade (MAY, 1980). A palavra ansiedade vem do
grego anshein, que tem como significado “estrangular, sufocar, oprimir”. Outro termo
semelhante provém do latim angor, que significa “opressão” ou “falta de ar”.
O dicionário da língua portuguesa (HOUAISS, 2004, p. 228) define ansiedade como;
“1-Grande mal-estar físico e psíquico; aflição, agonia. 2-desejo veemente e impaciente 3-falta
de tranquilidade, receio 4- estado afetivo penoso, caracterizado pela expectativa de algum
perigo que se revela indeterminado ou impreciso e diante o qual o indivíduo sente-se
indefeso”. Para o Dictionaryof Psychology and Psychiatry (1984 apud DRATCU; LADER,
1993), ansiedade refere-se a um conjunto de manifestações física e psicológicas que podem
ocorrer em qualquer indivíduo.
Ao pesquisar outras definições de ansiedade, verificou-se que existe uma grande
diversidade entre as acepções existentes, sendo objeto de estudo de várias áreas do
conhecimento, como Filosofia, Biologia/Psiquiatria, Psicologia, entre outras. Apesar de ser
um fenômeno universal presente em todos os seres humanos, existe pouca concordância
quanto a sua definição, não existindo, assim, um consenso sobre o assunto (GRAEFF;
BRANDÃO, 1999).
Por ser um constructo complexo, não há uma definição única e não é possível definir o
conceito de ansiedade sem se apoiar em um referencial teórico. Para melhor compreensão do
constructo, serão apresentadas as definições de ansiedade de acordo com as diferentes áreas
do conhecimento: filosófica, biológica/psiquiátrica e psicológica.
De acordo com a perspectiva filosófica, as primeiras reflexões sobre a ansiedade foram
registradas na Grécia Clássica, quando filósofos como Platão e Hipócrates apresentaram
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interesse sobre o assunto e relacionaram o conceito com o medo e sintomas corporais. Na
Antiguidade, bem como durante a Idade Média, a ansiedade raramente era tida como doença,
embora Hipócrates já tivesse descrito casos de fobia relacionada ao conceito de ansiedade.
Segundo o pensamento filosófico do século XVII, a ansiedade era tratada basicamente como
um aspecto das limitações humanas, relacionada ao medo da morte ou medo das privações
(BORINE, 2011).
Outro estudioso que compartilhou da mesma definição de ansiedade foi Wolpe (1956),
ao afirmar que o termo é considerado um sinônimo de medo e como um estado emocional.
Posteriormente Ausubel (1968) propôs uma diferenciação dos dois conceitos (ansiedade e
medo), afirmando que a ansiedade seria uma resposta fóbica a determinado estímulo ou uma
tendência a responder com medo a alguma ocorrência ou situação que é percebida como
ameaça em potencial. Já no século XX, LêDoux (1998) propõe outra diferenciação dos dois
conceitos. De modo geral, o autor descreve que a ansiedade se diferencia do medo pela
ausência de um estímulo externo que produz a reação, porque a ansiedade provém do íntimo
da subjetividade, o medo, de estímulos do mundo externo. Ainda assim, o autor concorda que
são conceitos que se relacionam entre si.
Outra área que busca compreender e definir o constructo ansiedade é a biológica, que,
dentro dessa perspectiva, enquadra o constructo dentro do paradigma evolucionário.
DARWIN, em sua obra The Expression of Emotion in Man and in Animals, publicada em
1872, apontou que a ansiedade tem suas raízes nas reações de defesa dos animais, verificadas
em resposta a perigos encontrados no meio ambiente. Quando um animal é confrontado com
uma ameaça ao bem-estar, à integridade física ou à própria sobrevivência, ele apresenta um
conjunto de respostas comportamentais e fisiológicas que caracterizam a reação de medo e
ansiedade. O ser humano também apresenta reações semelhantes diante de situações de perigo
que são acompanhadas de experiência subjetiva desagradável (BONICA; LOESER, 2001).
Definições de ansiedade na Biologia ena Psiquiatria demonstram concordarem entre
si. De acordo com a American Psychiatric Association(1999), a ansiedade é definida como
um estado emocional com alterações dos componentes psicológicos e fisiológicos, sendo
considerada uma emoção normal do ser humano. Dractu e Lader (1993) definem ansiedade
como uma resposta do organismo a certos estímulos ambientais, afirmando que mudanças
fisiológicas e comportamentais ocorrem simultaneamente nos indivíduos, como tentativa de
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um processo de adaptação. A Biologia e a Psiquiatria referem-se, ainda, ao papel do sistema
límbico1 no desencadeamento da ansiedade (GUYTON, 1988).
Dentro dessas perspectivas, a ansiedade pode ser apresentada de duas formas: normal
ou patológica. Kaplan, Sadock e Grebb (1997) consideram a ansiedade normal quando esta é
uma resposta adaptativa do ser humano diante de situações ameaçadoras, preparando o
indivíduo para evitar uma ameaça ou atenuar suas possíveis consequências. A ansiedade passa
a ser patológica na medida em que ela aparece sem que haja um estímulo ou quando o grau de
sofrimento é intenso o suficiente para levar a uma desadaptação do indivíduo.
É difícil estabelecer o limite entre ansiedade normal e patológica, e sabe-se que certo
grau de ansiedade é necessário para um bom desempenho na execução de tarefas. Contudo,
uma ansiedade exagerada pode ser inadequada, perturbando acentuadamente o desempenho;
neste caso, pode-se falar de ansiedade patológica (GRAEFF; BRANDÃO,1999).
A ansiedade é compreendida como quadro patológico, quando: a função adaptativa
original do indivíduo passa a se perder; sua intensidade ou duração ultrapassam o nível
necessário de resposta ao estímulo gerador, podendo chegar a um ponto de total desequilíbrio
da homeostase (KAPLAN; SADOCK; GREBB, 1997). Além das reações motoras e viscerais,
existem os efeitos da ansiedade sobre o pensamento, percepção e o aprendizado, os quais
podem levar o indivíduo a desenvolver quadros confusionais e de distorção perceptiva em
relação a tempo e espaço, a pessoas e ao significado de eventos. Esses agravos podem
comprometer o aprendizado, diminuir a concentração, a memória e alterar a capacidade de
associação de eventos (DRACTU; LADER, 1993).
No que tange à ansiedade enquanto conceito psicológico, Pessotti (1978) afirma que
divergências são comuns e existem em virtude do fato de diferentes autores utilizarem-no em
diferentes contextos e épocas. De acordo com o autor, a evolução cultural impõe a cada
período histórico um dado conceito dominante de ansiedade, seja ele clínico ou filosófico ou
filosófico-clínico.
Dentro da perspectiva psicanalítica, Freud (1926/2009) ao retratar a neurose de
angustiatambém contribuiu para o estudo da ansiedade, pois afirmou que a ansiedade tinha
uma base biológica herdada, tanto nos homens como nos animais. Ao criar o conceito de
neuroses de angústia, o autor possibilitou ao constructo ansiedade fazer parte da nomenclatura
psicológica e psiquiátrica nos séculos XIX e XX, assim como considerou a ansiedade um 1O sistema límbico é responsável pelo processo subjetivo da ansiedade e está relacionado aos fenômenos de emoção, comportamento e controle do sistema nervoso autônomo. Também é o responsável por comportamentos instintivos como reações de luta e fuga, respostas sexuais e maternais, sendo considerado o responsável pelo elo essencial entre a mente e o corpo (GUYTON, 1981).
16
estado ou condição emocional desagradável, incluindo componentes fisiológicos e
comportamentais. Além disso, para o autor, o constructo tem relação com a expectativa. Seu
desenvolvimento teria início a partir do momento em que a psique fosse assaltada por
estímulos, externos ou internos, que dificultassem ou impedissem seu domínio ou descarga.
Dessa forma para a Psicanálise, a função da ansiedade é possibilitar ao ego o controle
ou domínio dos desejos dos impulsos instintivos que lhe pareçam perigosos. Essa função é
muito importante e necessária à vida psíquica e ao desenvolvimento normal do indivíduo; a
ansiedade funciona como um alerta das ameaças contra o ego (BORINE, 2011).
Diversas definições do constructo são encontradas nas teorias psicológicas. Para as
teorias comportamentais, de acordo com Skinner (1974), o medo e a ansiedade seriam formas
de defesa do organismo contra uma ameaça de perigo. Entretanto, enquanto o medo sempre se
instalaria ante uma ameaça concreta, a ansiedade seria um estado emocional motivado por um
estímulo ameaçador antecipado.
Dentro da perspectiva comportamental, a ansiedade também é definida como uma
resposta condicionada a estímulos ambientais específicos. Neste caso, a ansiedade seria uma
resposta emocional resultante da apresentação de um estímulo que antecede um evento
aversivo que influenciaria o comportamento. Segundo Skinner (1974), os efeitos emocionais
podem ocorrer apenas quando um estímulo precede uma situação percebida como aversiva,
sendo possível observar uma mudança de comportamento. Portanto, parao autor, a ansiedade
seria entendida enquanto uma resposta do organismo mediante uma contingência que envolva
um estímulo (pré-aversivo) antecedendo a apresentação de um evento aversivo.
De acordo com a abordagem humanista, Araujo e Vieira (2013) afirmam que a
ansiedade é vivenciada quando o indivíduo percebe uma ameaça a sua autoestima. Segundo
os autores, sempre que a pessoa apresenta um desequilíbrio entre a experiência real e o
simbólico, surge um comportamento desajustado, gerando, assim, estados de ansiedade,
angústia e depressão, os quais, por sua vez, afetam a personalidade e seu respectivo
desenvolvimento.
Outra definição acerca do conceito de ansiedade foi proposta por May (1980), que a
definiu como um estado ou condição emocional desagradável que inclui componentes
comportamentais e fisiológicos, acompanhados por descargas motoras, consequentes à
percepção de situação de perigo, seja em nível biológico ou psicológico. Já para Menon e
Custodio (2005), a ansiedade é um estado de humor desconfortável que muitas vezes é
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representada pela inquietação interna desagradável por uma apreensão negativa em relação ao
futuro.
Segundo Muris et al. (2003), a experiência daansiedade é constituídapela percepção
das alterações motores e viscerais, bem como por um componente cognitivo que seria a
preocupação ou antecipação do medo. Nessa perspectiva, ressalta-se que a ansiedade é uma
reação comum a todos os sujeitos, com potencial adaptativo de autopreservação, pois, à
medida que funciona como um sinal de alerta para ameaças iminentes, prepara o indivíduo
para se esquivar dos riscos e/ou minimizar situações que podem ser percebidas como
conflitosas.
Percebe-se que vários autores buscaram definir o conceito de ansiedade, dentro da
perspectiva cognitivista a ansiedade foi pesquisada em diferentes períodos por Spielberger.
Inicialmente (1966) o autor definiu a ansiedadecomo sentimentos subjetivos, como a tensão e
a apreensão, que são acompanhados de estimulação do sistema nervoso autônomo como uma
resposta a uma ameaça à autoimagem, fator que leva o sistema nervoso central (SNC) a
corresponder com um grande aumento de sua atividade. Posteriormente Spielberger (1972),
afirmou a avaliação cognitiva tem um importante papel em relação à manifestação da
ansiedade, pois o aumento da ansiedadecompreende um processo de eventos que se iniciam
por estímulos externos ou internos e que são percebidos como perigosos pelo sujeito.
Segundo Spielberger (1981), quando o indivíduo interpreta uma situação tensa ou
perigosa, há uma mudança fisiológica e comportamental que resulta na ativação do sistema
nervoso autônomo, produzindo uma perturbação no indivíduo. Para o autor, a ansiedade é um
complexo estado ou condição psicológica do organismo humano que se diferencia de estados
emocionais como o estresse, a ameaça e o medo, pois tais eventos apresentam-se como
possíveis causadores do estado de ansiedade.
Spielberger (1966) definiu que a ansiedade pode ser diferenciada entre estado e traço.
A ansiedade-estado deve variar com as fases pelas quais o sujeito passa durante a vida, ao
passo que a ansiedade-traço se mantém invariável. O autor definiu estado de ansiedade como
reações emocionais a uma tensão específica que é constituída por reações emocionais
caracterizadas por sentimentos conscientes e subjetivos de tensão, apreensão, nervosismo e
preocupação. A ansiedade como traço refere-se a diferenças individuais em relação à
propensão à ansiedade, isto é, quanto à tendência a encarar o mundo como sendo perigoso ou
ameaçador e quanto à frequência com que estados de ansiedade são experimentados.
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O estado de ansiedade pode variar de intensidade conforme o momento pelo qual o
indivíduo está passando, é limitado a uma ocasião ou situação específica, sendo que os
indivíduos tendem a ficar ansiosos apenas em situações particulares (HOLMES, 1997). O
estado de ansiedade caracteriza-se por sentimentos desagradáveis, gerando reações
psicofisiológicas (tensão, taquicardia, apreensão etc.), e são percebidos conscientemente,
sendo que podem variar em intensidade, de acordo com o perigo percebido pela pessoa, sendo
ele real ou não (ANDRADE; GORENSTEIN, 2000).
Por outro lado, o traço de ansiedade está relacionado com as diferenças individuais
relativamente estáveis, pois tem características douradoras na pessoa, estando associado ao
traço de personalidade, que é menos suscetível a mudanças ambientais e permanece
relativamente constante ao longo do tempo (ANDRADE; GORENSTEIN, 2000; HOMES,
1997). Em síntese, a ansiedade-estado refere-se a uma situação específica, algum evento, real
ou não, que o indivíduo vivencia em determinado momento. Já ansiedade-traço seria o quanto
o indivíduo está propenso a sentir-se ansioso ao longo de sua vida.
Spielberger (1981) classifica a ansiedade em vários níveis, a saber: “calma” e
“serenidade” como ausência de ansiedade; “tensionamento”, “apreensão” e “nervosismo”
como nível moderado de ansiedade; e “sentimentos intensos de medo”, “pavor” e o
“comportamento associado ao pânico” como um nível muito alto de ansiedade. Afirma,
também, que intensidade e duração de um estado de ansiedade dependerão dos tensores que
agem sobre a pessoa e sobre a interpretação que ela dá a esses tensores como sendo
pessoalmente perigosos e ameaçadores.
2.2 DIMENSÕES DA ANSIEDADE
Ao longo do tempo, diversos autores buscam definir as dimensões da ansiedade,
Wolpe (1958) chamou a atenção sobre as somatizações das respostas ansiosas que se situam,
principalmente, no sistema nervoso autônomo, cujo as manifestações, são: elevação da
pressão sanguínea, taquicardia, secura da boca, suor nas mãos, aumento da frequência
urinaria. Buss (1966) classificou as reações provocadas pela ansiedade, mostrando a
existência de outras respostas, além das somáticas, tais como:
a) sistema afetivo: agitação, pânico, depressão;
b) sistema cognitivo: distração, receio, esquecimento;
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c) sistema somático: ruborização, suor, dor de cabeça;
d) sistema motor: tensão muscular, tremores, reações de alarme etc.
Até o final do século XIX as perturbações de ansiedade não se separavam de outras
perturbações do humor, porém, com o passar do tempo o conceito de ansiedade foi adquirindo
novas dimensões (GELDER et al., 1996). Dessa forma o conceito sobre as dimensões de
ansiedade modificou-se ao longo dos anos.
Brown, Chorpita e Barlow (1998) explicam que, no que se diz respeito às patologias
de ansiedade, o DSM II (1968) incluía apenas três categorias relevantes de transtornos
ansiosos, enquanto a versão do DSM-IV (1994) inclui 12 categorias. Se por um lado tal
multiplicação pode expressar uma maior precisão para definir transtornos ansiosos, por outro,
pode contribuir para distinguir erroneamente sintomas de uma mesma síndrome (BROWN;
CHORPITA; BARLOW, 1998). Nesse sentindo percebe-se a importância de se estudar e
pesquisar sobre as manifestações da ansiedade, pois quanto mais se pesquisa sobre o assunto
novas definições e manifestações do construto são estabelecidas, o que pode permitir
investigar com mais precisão a ansiedade e suas formas de manifestações.
A ansiedade é um fenômeno complexo, que desafia uma definição uniforme. No
entanto, algumasdefinições desse construto parecem coincidir num aspecto, a ênfase na
ansiedade como uma reação a estímulos estressantes, que consiste numa resposta vivencial,
fisiológica, comportamental e cognitiva caracterizada por um estado de alerta e uma ativação
generalizada que podem emergir em circunstâncias diversas (VIEGAS; OLIVEIRA, 2001).
Segundo Matos (1991), a ansiedade manifesta-se de várias formas, e o número e a
intensidade dessas manifestações podem variar. A ansiedade é caracterizada principalmente
no plano cognitivo, por sentimentos de tensão emocional, inquietação, preocupação,
apreensão ou medo, vivências que trazem, progressivamente, dificuldades de concentração,
irritabilidade e sensação de perda de controle. Essas manifestações podem afetar a vida diária
do sujeito.
As características da ansiedade propostas por Andrade e Gorenstein (2000) abrangem:
sensações de medo, sentimentos de insegurança e antecipação apreensiva, conteúdo de
pensamento dominado por catástrofe ou incompetência pessoal, aumento de vigília ou alerta,
um sentimento de constrição respiratória levando à hiperventilação e suas consequências,
tensão muscular causando dor, tremor, inquietação e uma variedade de desconfortos
somáticos consequentes à hiperatividade do sistema nervoso autônomo.
20
A ansiedade é vista nessas posições teóricas como um termo adequado para
caracterizar situações e reações desagradáveis para a pessoa. A American Psychiatric
Association (2003) traz as seguintes manifestações da ansiedade: irritabilidade, perturbação
de sono ou sono insatisfatório, fatigabilidade, inquietude, tensão muscular e dificuldade em
concentrar-se ou sensação de branco na mente. Sugere, ainda, que os sintomas de ansiedade
causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social ou
ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
Assim como não existe uma definição uniforme sobre ansiedade, também não há um
consenso a respeito de seus indicadores. De acordo com Reppold (2005) a ansiedade
apresenta os seguintes indicadores: humor, somáticos, cognitivos e comportamentais.
As definições de ansiedade e de seus sintomas indicam concordância entre si, pois as
manifestações da ansiedade podem ser agrupadas em categorias como humor, cognição,
comportamento, estado de hiperalerta, sintomas somáticos e “outros”. Essas dimensões foram
proposta por Keedwell e Snaith (1996), ao afirmarem que as escalas de ansiedade tendem a
medir um ou outro aspecto dessas dimensões, mas nenhuma avalia todos esses aspectos.
Numerosos esforços têm sido feitos para definir e avaliar a ansiedade e suas
dimensões. Segundo Keedwell e Snaith (1996), os indicadores para avaliar ansiedade podem
ser agrupados de acordo com os tópicos expostos na Tabela 1.
Tabela 1: Definições das dimensões da ansiedade
Dimensões da ansiedade
Definições
Humor Experiência de uma sensação de medo não associado a nenhuma situação ou circunstância específica; a apreensão em relação a alguma catástrofe possível ou não identificada
Cognição Preocupação com a possibilidade de ocorrência de algum evento adverso a si próprio ou a outros; pensamentos persistentes de inadequação ou de incapacidade de executar adequadamente suas tarefas
Comportamento Inquietação, ou seja, incapacidade de manter-se quieto e relaxado mais do que alguns minutos, andando de um lado para o outro, apertando as mãos ou realizando outros movimentos repetitivos sem finalidade
Estado de hiperalerta Aumento da vigilância, exploração do ambiente, resposta aumentada a estímulos (sustos), dificuldade de adormecer (não devida à inquietação ou à preocupação)
Sintomas somáticos Sensação de constrição respiratória, hiperventilação, espasmo muscular e dor (sem outra causa conhecida), tremor e manifestações somáticas (hiperatividade do sistema nervoso autônomo taquicardia, sudorese, aumento da frequência urinária)
“Outros” Esta categoria residual pode incluir estados como despersonalização, bem como sintomas que se referem a um desconforto, não necessariamente específico de ansiedade
21
Ainda que a dimensão “outros” proposta pelos autores essa dimensão se referem a
manifestações que podem não estar diretamente relacionado com as manifestações de
ansiedade, mas sim com outros fatores, como: comorbidades, patologias, situações
especificas, entre outros. Nesse caso essa dimensão “outros” foi desconsiderada para definir
as dimensões da ansiedade nesse estudo por não se tratar de características exclusivas da
ansiedade.
Para verificar se as dimensões proposta por Keedwell e Snaith (1996) estão de acordo
com as demais definições de ansiedade encontradas na literatura, foram selecionados os
sintomas de ansiedade propostas pela American PsychiatricAssociation(2003), por se tratar de
uma obra de referência na literatura da saúde mental, e as definições propostas por Andrade e
Gorenstein (2000), por se tratarem de autores de referência sobre o conceito de ansiedade.
Tais definições foram agrupadas em categorias e selecionadas de acordo com as
dimensões proposta por Keedwell e Snaith (1996), em que cada sintoma agrupou-se em uma
das dimensões, conforme mostra a Tabela 2.
Tabela 2: Agrupamento dos sintomas de ansiedade de acordo com as dimensões.
Dimensões da ansiedade
American PsychiatricAssociation
(2003)
Andrade e Gorenstein (2000)
Humor Irritabilidade Sensações de medo, sentimentos de insegurança
Cognição Dificuldade em concentrar-se; sensação de branco na mente
Conteúdo de pensamento dominado por catástrofe
Comportamento Inquietude Inquietação Estado de hiperalerta Perturbação de sono Aumento de vigília ou alerta Sintomas somáticos Tensão muscular Constrição respiratória;
hiperventilação; tensão muscular causando dor, tremor
Percebe-se que cada um dos sintomas propostos pela American
PsychiatricAssociation(2003) e por Andrade e Gorenstein (2000) agruparam-se nas dimensões
de ansiedade, indicando, assim, mais uma evidência na literatura de que as dimensões de
ansiedade podem ser definidas por: humor, comportamento, cognição, estado de hiperalerta e
sintomas somáticos.
Outras definições propostas na literatura (VIEGAS; OLIVEIRA, 2001; MATOS,
1991) também seenquadramnessa definição dos indicadores de ansiedade.Por se tratar de um
conceito dinâmico que está sendo constantementepesquisado, as escalas disponíveis não
conseguem avaliar todas as dimensões de ansiedade. Quando determinada escala for escolhida
22
para medir a ansiedade e suas dimensões, deve-se ter em conta quais aspectos a escala em
questão estará medindo, pois a interpretação dos resultados pode ser muito diferente de uma
escala para outra (KEEDWELL; SNAITH, 1996).
2.3 AVALIAÇÃO DA ANSIEDADE
Seja a cultura, a personalidade, a forma de resolver problemas ou de reagir a
determinadas situações, é fato que as diferenças individuais chamam a atenção tanto de leigos
quanto de pesquisadores. Tal curiosidade não ocorre apenas em relação ao que é palpável,
visível, como também se estende, talvez em maior grau, àquilo que se pode medir, ainda que
não esteja visível aos olhos.
Nessa perspectiva, o homem, desde o início da humanidade, busca entender e medir
diferenças individuais. Segundo Anastasi (1977), os primeiros relatos de testesdatam de 3000
a.C.,na China, onde o império buscava selecionar os melhores trabalhadores para o serviço
civil. Entre os antigos gregos, os testes eram utilizados para auxiliar no processo educacional
e, também, para verificar o domínio de habilidades tanto físicas como intelectuais. Na Idade
Média, as universidades européias se utilizavam de exames formais para conferir os títulos de
honraria.
A partir do século XIX surgiu um grande interesse pelos chamados doentes mentais.
Com o crescente interesse pelo tratamento adequado para algumas enfermidades, também
surgiu a necessidade de compreender e estabelecer critérios uniformes para a classificação e
identificação desses casos (ANASTASI, 1977). Nesse contexto, a área da avaliação
psicológica surgiu para contribuir e aprimorar a compressão dos processos psicológicos dos
seres humanos.
A proposição de novos instrumentos de avaliação psicológica é um dos temas de
grande interesse da Psicologia nos últimos anos, em especial pela desatualização e falta de
referências sobre os atributos teóricos e psicométricos de muitos instrumentos disponíveis no
País. Pasquali (1999) afirma que cada vez mais instrumentos de avaliação psicológica e de
desempenho vêm sendo empregados no Brasil nas mais variadas áreas de atuação
profissional. Para o psicólogo, os instrumentos são essenciais para o avanço de conhecimento
psicológico no País.
Anastasie Urbina (2000) argumentam que, para a credibilidade de um instrumento,
avalidade é um aspecto fundamental na construção do instrumento ou teste psicológico, sendo
23
definida como “aquilo que o teste mede e quão bom ele faz isso” (p. 107). Ainda segundoas
autoras, a validade deve comprovar os objetivos do teste, e nesse contexto a validade
estabelece alguns princípios básicos, como a orientação teórica sustentável e a ligação entre a
teoria psicológica e sua averiguação por meio de testagem de hipóteses empíricas
experimentais. A validade é constituída por um conjunto de fontes de evidências que possa
assegurar as interpretações dos testes e é classificada em evidência de validade com base no
conteúdo, no processo de resposta, na estrutura interna, na relação com outras variáveis e na
consequência da testagem.
Outra característica fundamental de um instrumento psicológico é a precisão, que, de
acordo com Urbina (2007),é definida como o nível de confiabilidade do resultado dos testes a
partir da verificação de sua consistência interna e estabilidade. A precisão é caracterizada
como estratégia para minimizar o erro de mensuração; sendo assim, uma escala com uma
precisão considerada alta pressupõe os erros que podem ocorrer em uma testagem psicológica.
Por outro lado, a baixa precisão de um instrumento caracteriza que este não está conseguindo
estimar os erros com eficácia. Além disso, a precisão se refere à consistência dos escores
obtidos pelos mesmos sujeitos quando eles são novamente examinados com o mesmo teste
em diferentes ocasiões, com diferentes conjuntos de itens equivalentes e/ou sob outras
condições variáveis de exame (URBINA, 2007).
Os instrumentos psicológicos representam a expressão cientificamente sofisticada de
um procedimento sistemático de qualquer organismo, biológico ou social, a saber, ao avaliar
as situações para tomar decisões que garantam a sobrevivência do próprio organismo, bem
como seu desenvolvimento (PASQUALI, 1999).
Os instrumentos sejam eles testes, questionários ou escalas, são de extrema
importância para o processo de avaliação psicológica (ALCHIERI; CRUZ, 2003). Alguns dos
instrumentos vastamente utilizados no contexto da avaliação psicológica são as escalas
psicométricas. As medidas escalares são mais utilizadas na Psicologia Social, especificamente
no estudo das atitudes, e também no campo da personalidade (PASQUALI, 1999).
De acordo com Pasquali (1999) as escalas distinguem-se dos testes e inventários,
porque estes são de mais uso da área da avaliação das aptidões em que há respostas certas e
erradas e no campo da personalidade e da psicopatologia, além disso, os testes e inventários,
em confronto com as escalas, apresentam-se como medidas para quais existem normas de
interpretação, ao passo que para as escalas comumente não são elaboradas normas.
24
A expressão escala é utilizada de múltiplas formas: para designar o nível métrico da
medida (escala, ordinal, intervalar etc.), para designar um contínuo de números, como, por
exemplo, uma escala numérica de 5 pontos para designar os próprios itens de um instrumento.
Escalasreferem-se a instrumentos de medida em Psicologia e caracterizam-se por ser
compostas por uma sequência de números que pode ser crescente ou decrescente. Como se
trata de medida, consequentemente eles dizem respeito a algum aspecto da realidade, seja
física ou mental, que indica diferentes magnitudes de uma propriedade dessa realidade
(PASQUALI, 1999).
2.4 ESCALAS DISPONÍVEIS PARA AVALIAR A ANSIEDADE
No ano de 2014 verificou-se que vários instrumentos foram criados para avaliar o
constructo. Os instrumentos mais conhecidos e utilizados estão expostos na Tabela 3.
Tabela 3: Instrumentos disponíveis para avaliar ansiedade. Siglas Nomes dos instrumentos
MASK Mod and Anxiety Symptom Questionnaire
DASS Depression Anxiety Stress Scales
EMAS EndlerMultidimentionalAnxitety Scales
BAI Beck Anxiety Inventory
SCL-90 Symptom Checklist-90
MMPI Minnesota Mutltiphasic Personality Inventory
SAS Taylor Manifest Anxiety Scale, Self-raeing Anxiety Scale
CC-A Costello-Comrey Anxiety, Scale
STAI State-trait Anxiety Inventory.
POMS Profile ofMoodStates
HAM-A Escala de Ansiedade de Hamilton
BAI Escala de Ansiedade de Beck
CAS Escala Clínica de Ansiedade
BAS Escala Breve de Ansiedade
25
BPRS Escala Breve de Avaliação Psiquiátrica
IDATE Inventário de Ansiedade Traço Estado
HADS Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão
ZUNG Escala de Ansiedade de Zung
Um levantamento feito por Borine (2011) constatou que existem, aproximadamente,
20 instrumentos, nacionais e internacionais, que se propõem a avaliar a ansiedade. Os
primeiros instrumentos criados para avaliar o constructo foram: Modand Anxiety Symptom
Questionnaire (MASK) (WATSON et al., 1985), Depression Anxiety Stress Scales (DASS)
(LOVIBON S.H; LOVIBON P.F, 1995) e Endler Multidimentional Anxitety Scales (EMAS)
(ENDLER; EDWARDS; VITELLI, 1991).
Em relação aos instrumentos mais utilizados para avaliar a ansiedade Keedwell e
Snaith (1996) fizeram um levantamento e chegaram à conclusão de que as escalas de
Hamilton (1959), a BAI (BECK; STEER; BROWN, 1985) e o IDATE, (SPIELBERGER,
1979) estão entre as mais utilizadas nos últimos anos. As três escalas serão descritas
separadamente a seguir.
A Escala de Ansiedade de Hamilton é composta por 14 itens subdivididos em dois
grupos, sete relacionados a sintomas de humor ansioso e sete relacionados a sintomas físicos
de ansiedade. Cada item é avaliado segundo uma escala que varia de 0 a 4 de intensidade (0=
ausente; 2= leve; 3 = média; 4 = máxima). A soma dos escores obtidos em cada item resulta
em um escore total, que varia de 0 a 56, quanto maior o escore obtido maior será as
manifestações de ansiedade (HAMILTON, 1959). Para a construção dessa escala o autor se
baseou em variáveis clínicas, ou seja, sintomas físicos e psicológicos da ansiedade.
A BAI é utilizada para medir a gravidade do nível de ansiedade do paciente. A escala
consta de 21 itens, sendo a pontuação mínima 0 e a máxima 63. As indicações para interpretar
a ansiedade de acordo com a adaptação brasileira são: dentro do limite mínimo 0-10;
ansiedade leve 11-19; ansiedade moderada 20-30; ansiedade severa 31-63 (BECK; STEER;
BROWN, 1985).
O IDATE é um instrumento de autorrelato composto por duas escalas paralelas, uma
para medir ansiedade estado (IDATE-E) e outra para medir ansiedade traço (IDATE-T). O
IDATE-E se refere a um estado emocional transitório, e o IDATE-T, que se refere a
diferenças individuais relativamente estáveis na tendência a reagir a situações percebidas
26
como ameaçadoras com elevações de intensidade no estado de ansiedade. Cada uma das
escalas é constituída por 20 itens. As opções de resposta varia de 1 (quase nunca) e 4 (quase
sempre)o escore total pode variar entre 20 a 80 pontos para cada escala.(SPIELBERGER,
1979)
Ainda que as escalas disponíveis busquem abranger diferentes aspectos da ansiedade,
não se encontraram na literatura instrumentos que tenham como objetivo avaliar a ansiedade
no ambiente de trabalho, ou seja, pouco se fala de níveis de ansiedade no ambiente de
trabalho, pois ao estabelecer o grau de ansiedade que o ambiente de trabalho proporciona, fica
mais viável elaborar melhores estratégias de prevenção e intervenção para a saúde do
trabalhador. Nesse contexto, percebe-se a importância de construir um instrumento que
apresente evidências de validade e fidedignidade e que auxilie na identificação de
características de ansiedade no ambiente de trabalho.
2.5 ANSIEDADE E AMBIENTE DE TRABALHO
O trabalho sempre foi importante na vida das pessoas, seja como fator de crescimento
e realização pessoal ou, em uma visão menos idealizada, como meio de sobrevivência. Por
suas determinações históricas e econômicas, pode ser compreendido como organizador da
vida social, embora estabeleça caminhos para a dominação cultural, social e econômica e para
a submissão do trabalhador ao capital (ALVES, 1996).
Segundo Wada (1990) define o conceito de ambiente de trabalho comum local em que
o individuo desenvolve ações de trabalho, permanência e convivência com outros indivíduos
durante o exercício de suas atividades laborais. O ambiente de trabalho também possui fatores
independentes, materiais e abstratos que atua diretamente na saúde do trabalhador.
Nas últimas décadas do século XX, em algumas organizações o trabalhador deixou de
ser meramente operacional e também passou a ser valorizado por sua capacidade intelectual,
visando maior contribuição ao ambiente laboral e ao fortalecimento das organizações. Com
essa nova visão, o trabalhador também passou a ser reconhecido por seu potencial de agregar
valor às organizações, e com isso algumas organizações passaram a buscar estratégias de
melhorar a saúde do trabalhador (PEREIRA, 2009).
Tal interesse é consequência, em parte, do número crescente de transtornos mentais e
do comportamento associados ao trabalho que se verifica nas estatísticas oficiais e não
oficiais. No Brasil, segundo estatísticas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS),
27
referente apenas aos trabalhadores com registro formal, os transtornos mentais ocupam a
terceira posição entre as causas de concessão de benefícios previdenciários como auxílio-
doença, afastamento do trabalho por mais de 15 dias e aposentadorias por invalidez (BRASIL,
2005).
Para Wisner (1994), o trabalho tem três aspectos: o físico, o cognitivo e o psíquico, e
cada um destes pode gerar uma sobrecarga. Essa dimensão ora está oculta, ora está presente, e
ela leva o indivíduo a certo grau de sofrimento mental. Os sinais de sofrimento psíquico estão
presentes na expressão verbal, no comportamento, e podem levar a uma enfermidade
psicossomática.
Também é fundamental a compreensão do termo saúde do trabalhador, que, em seu
conceito mais amplo, envolve aspectos físicos, mentais e sociais (OLIVEIRA, 1997). O
trabalho pode ser gerador de fatores desgastantes e potencializadores e que são determinantes
dos processos saúde-doença vivenciados pelos trabalhadores (MASETTO, 2001). Assim,
ressalta-se que o trabalho profissional é algo tão significativo que é considerado uma
atividade que pode interferir em outros aspectos da vida do indivíduo, de tal modo que as
relações laborais influenciam no comportamento, nas expectativas, nos projetos para o futuro,
na linguagem e, até mesmo, no afeto dos indivíduos (CODO, 1993).
O excesso de trabalho poder ser uma resposta para a desarmonia entre os indivíduos e
seu emprego, já que ele deve realizar o maior número de tarefas no menor tempo possível e
com o mínimo de recursos. Além da falta de controle sobre o trabalho e a ausência de
valorização da pessoa, a atividade laboral pode gerar um desencanto pelo trabalho, acrescida
da falta de união entre os trabalhadores e do desrespeito pela pessoa. Esses elementos são
fatores que contribuem para a ocorrência de conflitos de valores, quando ocorre desarmonia
entre os princípios pessoais do trabalhador e as exigências do trabalho (MASLACH; LEITER,
1999).
Maslach e Leiter (1999) afirmam que o desgaste físico e emocional pode ter um
impacto fatal e ser prejudicial à saúde, à capacidade de lutar e ao estilo de vida de cada um,
além de contribuir para uma grave deterioração do desempenho laboral, ocorrendo uma queda
na qualidade e na quantidade de trabalho produzido. No que diz respeito ao funcionamento
pessoal, o desgaste físico e emocional pode causar problemas físicos como dores de cabeça,
doenças gastrintestinais, pressão alta, tensão muscular e fadiga crônica. Também pode levar
ao esgotamento mental, na forma de ansiedade, depressão e distúrbios dosono e, caso esses
28
sentimentos permeiem o âmbito doméstico, sua exaustão e seus sentimentos negativos
começam a afetar o relacionamento com a família e com os amigos.
O ambiente de trabalho tem um papel essencial na saúde do indivíduo, pois auxilia na
construção da identidade do trabalhador, no sentimento de participar de um grupo ou de uma
cultura, além disso, proporciona o estabelecimento vínculos afetivos entre as pessoas.
Entretanto, experiências negativas com o trabalho podem levar o indivíduo a sofrer de
ansiedade, estresse, síndrome de burnout, entre outras (ALMEIDA, 2012).
Determinados ambientes de trabalho elevam o desgaste ao trabalhador, em geral esses
ambientes exigem altas demandas de trabalho com pouca valorização do trabalhador. Nesses
locais, são esperadas, acima da média, manifestações de desgaste mental, que incluem a
fadiga, a ansiedade, a depressão, além de manifestações de desgaste físico. Seriam expressões
da autonomia limitada ou restringida diante dos estressores do trabalho (MENDES, 2003).
Atualmente as organizações exigem dedicação quase exclusiva do trabalhador e isso
reflete em menos tempo para o individuo se dedicar à sua vida e aos cuidados com a saúde
(FARIAS, 2004). Segundo Dejours (1992), o sofrimento começa quando a relação homem-
organização do trabalho está bloqueada, ou seja, quando o trabalhador usou o máximo de suas
faculdades intelectuais, psicoafetivas, de aprendizagem e adaptação, sem conseguir mudar sua
tarefa. Quanto mais a organização é rígida, mais a divisão do trabalho é acentuada, menor é o
conteúdo significativo do trabalho e menores são as possibilidades de mudá-los.
A insatisfação invoca um sofrimento que antes de tudo é mental, resultado de uma
frustração, por exemplo, o qual pode levar ao desenvolvimento de doenças somáticas. Ao
executar uma tarefa sem envolvimento afetivo; Somente o salário não pode atender às
necessidades básicas do trabalhador, e não reconhecimento por parte dos colegas, chefias ou a
exposição a situações ameaçadores podem gerar ansiedade no trabalhador , o que é comum
em ambientes insalubres, pois produz insatisfação e exige do trabalhador uma adaptação física
e mental para continuar atuando em tal ambiente (DEJOURS, 1992).
Essas condições insalubres, além de conduzir o profissional à frustração, à ansiedade e
à depressão, podem desencadear respostas inadequadas, tais como agressividade com os
familiares, com o grupo de trabalho ou pessoas de seu convívio. Esse comportamento é
reforçado principalmente pelo fato de tais indivíduos não poderem canalizar sua agressividade
com atividades recreativas ou aprendizagem, sobretudo porque a jornada de trabalho não lhes
permite (ORTIZ; PATIÑO, 1991).
29
É relevante mencionar que, muitas vezes, esses trabalhadores com alterações na saúde,
quer físicas e/ou mentais, transferem seus problemas para o trabalho, podendo ocasionar
atrasos, faltas, descuido com o material e queda na qualidade do produto executado. Com
isso, ressalta-se que a carga psíquica do trabalho está articulada principalmente às exigências
ou pressões laborais cotidianas (MOURA, 1992; INOUEI et al., 2008).
Em virtude das condições desfavoráveis presentes no ambiente laboral, os
trabalhadores acabam por buscar meios de compensar o sofrimento, tornando-se resistentes e
adotando posturas defensivas. Tornam-se indiferentes ao processo laboral, optando pela fuga
ao trabalho, que pode ocorrer por meio de atestados, licenças médicas ou, simplesmente, por
faltas injustificadas que afetam os próprios trabalhadores, bem com as organizações,
comprometendo os resultados finais dos serviços (ALVES, 1996).
Por sua vez, programas focados na saúde do trabalhador procuram compreender o
homem não na condição de objeto, mas de sujeito na atenção a sua saúde, privilegiando as
ações de promoção da saúde sem, entretanto, negar a necessidade de prevenir novas doenças e
de tratar os que estão doentes; entendem que há uma hierarquia entre as múltiplas causas das
doenças, umas determinando as outras. Assim, programas de saúde do trabalhador propõem
ações direcionadas à proteção, recuperação e promoção da saúde de forma integrada,
diferentemente de outras abordagens organizacionais, bem como visa o aumento de
produtividade (MENDES; OLIVEIRA, 1995).
Conforme o exposto acima, a ansiedade afeta diretamente o desenvolvimento das
atividades profissionais e gera experiências negativas, com consequências graves para a saúde
e o bem-estar biopsicossocial e saúde organizacional, uma vez que organizações são feitas de
pessoas. Com essa constatação, pode-se afirmar que o ambiente de trabalho interfere na vida
do trabalhador e de sua família, sendo que qualquer mudança na organização de trabalho
implica mudanças também na vida do indivíduo.
2.6 PESQUISAS SOBRE ANSIEDADE E TRABALHO
Segundo Andrade e Gorenstein (2000), os transtornos de ansiedade estão entre os
transtornos psiquiátricos mais frequentes, podendo ser encontrados em 12,5 % da população
geral, e os sintomas ansiosos também estão entre os mais comuns, sendo constatados em
qualquer pessoa, em qualquer período de sua vida.
30
Ao fazer uma consulta em bancos de dados pela internet, pôde-se perceber o quanto o
tema ansiedade é objeto de interesse em pesquisa nas ciências da Saúde. O banco de dados
consultado foi o PsycoInfo, em virtude de sua abrangência internacional e por ser um banco
de dados exclusivos para pesquisas da área de Psicologia. A consulta foi realizada em 9 de
março 2013, e foram computados 275 resultados para a palavra-chave “ansiedade” (anxiety).
Utilizou-se o termo em inglês, dada a amplitude desse idioma, que conta com o maior número
de pesquisas publicadas dentro do contexto da Psicologia. O portal contém um dispositivo que
relaciona a palavra-chave com outros assuntos relacionados ao tema a ser pesquisado.
Pesquisou-se também os termos “trabalho” (work) e “ansiedade e trabalho”
(anxietyandwork). Constatou-se que para o termo “ansiedade” foram encontradas 275
publicações, sendo que 99 foram feitas nos últimos cinco anos, 176 são anteriores a cinco
anos e o ano da primeira publicação sobre o conceito data de 1872. Para o termo “trabalho”
resultaram 1.134 publicações, sendo que 362 pesquisas foram feitas nos últimos cinco anos,
772 são anteriores a cinco anos e a primeira pesquisa publicada com o tema nesse banco de
dados foi no ano de 1806.
Ao relacionar os dois temas ansiedade e trabalho contatou-se que foram publicadas
165 pesquisa no banco, sendo que 61 foram feitas nos últimos cinco anos, 104 são anteriores a
cinco anos e o ano da primeira publicação foi 1931. É importante ressaltar que o banco de
dados consultado refere-se somente a assuntos da área da Psicologia.
Conforme constatado, existem diversas pesquisas sobre o conceito de ansiedade.
Dentre as pesquisas realizadas com o tema pode-se citar o estudo feito por Lepine (2002), que
relata que aproximadamente um em cada quatro indivíduos nos Estados Unidos cita o
histórico de pelo menos um transtorno de ansiedade durante a vida. Tais transtornos
geralmente se concentram em jovens (com prevalência entre 25 e 44 anos), mulheres,
indivíduos com pouca escolaridade, não casados e sem filhos. O mesmo autor afirma que os
transtornos de ansiedade são os transtornos psiquiátricos mais prevalentes nos Estados
Unidos, porém, menos de 30% dos indivíduos procuram tratamento. Tendo os transtornos de
ansiedade uma prevalência significativa na sociedade e considerando que causam sofrimentos
pessoais e encargos sociais, é de fundamental importância identificá-los.
Já no Brasil a prevalência de transtornos mentais pela CID-10, em São Paulo, avaliou
1.464 indivíduos. Nesse estudo, verificou-se que o transtorno de ansiedade generalizada
(TAG) correspondeu a 4,2% da população pesquisada; transtorno de pânico, 1,6%;
31
agorafobia, 2,1%; fobia simples, 4,8%; fobia social, 3,5%; e transtorno obsessivo-compulsivo
(TOC), 0,3% (ANDRADEet al., 2002).
O curso dos diferentes subtipos de ansiedade tende a variar. Fobias específicas são
preditoras desse mesmo diagnóstico na vida adulta, mas o mesmo não ocorre na ansiedade
generalizada (MANFRO et al., 2003; MANFRO et al., 2002) e no transtorno de pânico, os
quais apresentam um curso inespecífico. Ao investigar o histórico de pacientes com
diagnóstico de fobia social, Manfro (2002) observou que 75% de sua amostra apresentavam
um nível de ansiedade exacerbada na infância. Goodwin et al. (2004) também mostra essa
evolução ao apontar que a ocorrência de ataques de pânico na adolescência pode ser um fator
de risco para incidência tanto de um outro transtorno de ansiedade (ansiedade generalizada,
fobia social ou fobia específica) (54,6% de risco) quanto de um abuso de substâncias
psicoativas (60,4% de risco) na vida adulta. A persistência da ansiedade disfuncional parece
estar relacionada ao avanço da idade, à manifestação paralela de somatizações ou abuso de
substância e à experiência prévia de eventos de vida negativos.
Em relação à ansiedade no ambiente de trabalho, contatou que no Brasil existem
poucas pesquisas especificas sobre o tema, as pesquisas existentes geralmente retratam uma
única profissão ou um ambiente de trabalhoespecífico. Como é o caso da pesquisa feita por
Campos e Martino (2004) que comparou a diferença de ansiedade de enfermeiros de
diferentes turnos de trabalho, os autores constataram que para a amostra pesquisada o nível de
ansiedade variou entre baixo e moderado, sendo que os enfermeiros que trabalhavam no
período noturno apresentaram maiores níveis de ansiedade.
Observa-se que apesar dos temas ansiedade e trabalho serem amplamente investigados
pela psicologia e ciências afins, ao relacionar os dois assuntos percebe-se uma carência de
estudos com os abranjam em conjunto. Diante dessa constatação percebe-se a relevância de se
pesquisar o tema.
32
3 OBJETIVOS
Assim, diante do conteúdo apresentado, os Objetivos do presente estudo são:
Objetivo geral: construir e validar fatorialmente a Escala de Ansiedade no Trabalho
(EAT 35).
Objetivos específicos:
1. Construir a EAT 35.
2. Validar a EAT 35.
3. Calcular os índices de precisão da EAT 35.
33
4 MÉTODO
Para a construção da EAT 35 foram seguidas as seguintes etapas: revisão da literatura,
construção dos itens, validação teórica e semântica, coleta de dados, validação fatorial e
cálculo dos índices de precisão. Essas etapas foram propostas por Pasquali (1999) como
importantes para se construir um instrumento de medida psicológica. As etapas citadas serão
expostas de forma detalhada a seguir.
4.1 PROCEDIMENTOS
Inicialmente, foi feita uma revisão da literatura, a partir de pesquisas e conceitos
teóricos publicados em periódicos científicos, anais de congressos e livros que fizeram
menção aos conceitos de ansiedade. Para isso diversos bancos de dados foram consultados
tais como: Scientific Eletronic Library Online (Scielo), American Psychological Association
(APA), Biblioteca Virtual de Psicologia (BVS – Psi) e Google Acadêmico, assim como o
levantamento de livros citados nos artigos científicos. Em seguida foi um levantamento sobre
as escalas existentes que tinham como objetivo avaliar a ansiedade. Constatou-se que existiam
diversas escalas que buscavam avaliar a ansiedade, porém, não foi encontrada nenhuma que
tinha como objetivo avaliar a ansiedade no ambiente de trabalho.
A próxima etapa foi fazer um levantamento sobre os indicadores de ansiedade.
Utilizaram-se como base as dimensões propostas por Keedwell e Snaith (1996), as quais
podem ser agrupadas em categorias como humor, cognição, comportamento, estado de
hiperalerta e sintomas somáticos e “outros”. Dentre os indicadores encontrados na literatura,
optou-se por excluir aqueles que estão relacionados a outras áreas do conhecimento, ou seja,
para este estudo optou-se por pesquisar as dimensões relacionadas à área da Psicologia, sendo
elas: humor, cognição e comportamento.
4.2 CONSTRUÇÃO DOS ITENS
Após feita a revisão da literatura deu-se início à construção dos itens da EAT 35.
Anastasi (1977) definiu itens como frases curtas e de redação simples que façam referência ao
atributo pesquisado. Primeiramente, pesquisaram-se frases que enfatizassem as definições
encontradas na American Psychiatric Association (2003) e em Andrade e Gorenstein (2000)
34
que se enquadrassem nas dimensões humor, cognição e comportamento, propostas por
Keedwell e Snaith (1996).
Houve preocupação em tornar as frases condizentes e que expressassem o humor a
cognição e o comportamento dos trabalhadores ambiente de trabalho. As frases teriam de ser
curtas, expressar uma única idéia, e com expressões simples e inequívocas. Optou-se por
utilizar uma escala de respostas do tipo Likert em que as frases enfatizassem a intensidade de
sua ocorrência (nunca, poucas vezes, algumas vezes, muitas vezes e sempre). Foram
construídas 14 frases para humor, 15 para cognição e 14 para a dimensão comportamento,
totalizando 43 frases sobre ansiedade no ambiente de trabalho.As instruções também foram
padronizadas e elaboradas em uma linguagem simples e de fácil entendimento, a fim de evitar
possíveis erros de interpretação por parte dos participantes da pesquisa (ANEXO A). No
Quadro 1 estão expostas as definições das dimensões, números de itens de cada dimensão e os
exemplos de itens da EAT 35.
Quadro 1: Dimensões, definições, número de itens e exemplos de itens da EAT 35. Dimensões Definições Número de itens Exemplos de itens
Humor Experiência de uma sensação desconfortável não associado a nenhuma circunstância específica ou em relação a alguma catástrofe possível ou não identificada.
14
2. ( )Sinto que oscilo de humor 31. ( ) Sinto desanimo sem motivo aparente.
Cognição Pensamentos persistentes de inadequação ou de incapacidade de executar adequadamente suas tarefas.
15
15. ( ) Não consigo pensar para tomar decisões. 16. ( ) Penso em meus problemas pessoais.
Comportamento Inquietação, ou seja, incapacidade de manter-se quieto e relaxado mais do que alguns minutos, andando de um lado para o outro, apertando as mãos ou realizando outros movimentos repetitivos.
14
5. ( ) Não consigo ficar parado. 10. ( ) Fico mexendo em vários objetos ao mesmo tempo.
4.3 VALIDADE TEÓRICA
Antes de dar inicio à coleta de dados, os 43 itens iniciais da escala passaram pela
análise de juízes. Ao total foram convidados 10 juízes para realizar a análise de validade
teórica, sendo o aceite de livre e espontânea vontade. Os juízes selecionados são estudiosos e
pesquisadores do tema ansiedade e especialistas na construção de instrumentos psicológicos.
35
Todos tiveram a tarefa de analisar cada item quanto à descrição dos atributos, ou seja,
relacionar os itens a cada dimensão de ansiedade proposta neste estudo (ANEXO B). Esse
procedimento visava garantir, segundo Anastasi (1977), uma forma de validade da escala, a
validade de conteúdo. Depois disso, foi calculado o índice de concordância (IC) entre os
juízes, para cada item e os que não que não detiverem valor ≥ 0,80 foram refeitos ou
eliminados da escala.
4.4 ASPECTOS ÉTICOS E COLETA DE DADOS
Com vistas a cuidar dos aspectos éticos, foi estabelecido o contato com coordenadores
de curso e professores das universidades e gerentes e chefes de setoresnas empresas nos quais
foi feita a coleta dos dados, para que estes também autorizassem o momento mais oportuno, a
fim de não prejudicar o andamento das atividades na organização. Foram contatadas duas
universidades da grande São Paulo e empresas do ramo de desenvolvimento de software,
editorial e consultoria de recursos humanos. Obtida essa autorização, foi iniciado o contato
com os participantes para que pudessem ser apresentados os objetivos da pesquisas e para que
eles fossem convidados a participar de forma voluntária. Foi assegurado a eles sigilo de suas
respostas, o sigilo da identidade e a total liberdade de se recusar a responder aos questionários
e a desistir da participação a qualquer momento, sem nenhum prejuízo ou represália.
Além disso, aos participantes foi fornecida uma carta explicando os objetivos
estritamente acadêmicos do estudo e solicitando sua participação no mesmo, por meio do
preenchimento e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), que foi
lido e assinado por aqueles que aceitaram participar (ANEXO C), sendo que uma via
permaneceu com eles e a segunda foi arquivada pelo pesquisador. O TCLE forneceu todas as
informações acerca da ausência de riscos para a integridade física, emocional, social e
financeira dos participantes, assegurando-lhes total sigilo quanto às respostas. Além disso, o
TCLE esclareceu que não era previsto nenhum tipo de ressarcimento para os participantes
(ANEXO C). Estimava-se que seriam necessários cerca de 15 minutos para o preenchimento
da escala, bem como o preenchimento dos dados demográficos e do TCLE. Todos os
procedimentos éticos foram estritamente respeitados.
Apósa validade teórica ter sido concluída e os procedimentos éticos serem
estabelecidos, iniciou-se a coleta de dados. Com o objetivo de obter uma amostra
miscigenada, os dados foram coletados em empresas, universidades e com pessoas que
36
aceitaram participar da pesquisa, sendo todos os participantes residentes na cidade de São
Paulo. Por ter o objetivo de avaliar a ansiedade no ambiente de trabalho, a escala somente foi
aplicada em pessoas que estivessem inseridas no mercado de trabalho. Os dados foram
coletados em sala apropriadas, com mesa, cadeira, ambiente silencioso e com iluminação
adequadas. As aplicações foram feitas tanto de forma individual como coletiva, sempre
acompanhado de um psicólogo responsável pela coleta de dados.
4.5 PARTICIPANTES
A escala foi aplicada em 250 pessoas, no entanto, 30 questionários foram excluídos
por terem mais do que 40% dos itens sem resposta ou dados ilegíveis.A tabulação e a análise
dos dados foram feitas por intermédio do programa estatístico SPSS versão 19.0
(StatisticalPackage for the Social Science).Foram calculadas frequências, médias e desvios-
padrão para caracterização da amostra exposta a seguir.
A amostra foi composta por 84,5% de mulheres e os outros 15,5% de homens. A
idade variou entre 19 e 68 anos (Media=34,27; DP 9,83), sendo que a maioria (51,4%) dos
participantes era casada. Verificou-se que 20 (9,1%) tinham o ensino médio, 142 (64,5%) o
superior e 58 (26,4%) Pós-Graduação completos.
Constatou-se que apenas 4 participantes (1,8%) trabalhavam em ONG, 26 (11,8%) em
empresas públicas e 190 (86,4%) em empresas particulares. Verificou-se que 115 (53,3%)
participantes trabalhavam sozinhos e 105 (47,7%) em grupo, nesse caso também está
incluídos os participantes que trabalhava com outra pessoa.A Tabela 5 apresenta os dados
descritivos da amostra de forma mais detalhada.
Tabela 4 Descrição dos participantes (n= 220).
Dados de identificação Variações N %
Sexo Feminino 186 84,5
Masculino 34 15,5
Estado Civil Solteiro(a) 80 36,4
Casado(a) 113 51,4
Outros (as) 27 12,3
Escolaridade Ensino Médio 20 9,1
Ensino Superior 142 64,5
Pós-Graduação 58 26,4
37
Tipo de Empresa ONG 4 1,8
Pública 26 11,8
Particular 190 86,4
Com quem realiza o trabalho. Sozinho 105 47,7
Em Grupo 115 53,3
4.6 ANÁLISES DOS DADOS
A estrutura interna da EAT 35 foi investigada por meio de análise fatorial exploratória.
Trata-se de uma análise multivaridada cujo objetivo é encontrar agrupamentos (componentes
ou fatores) de variáveis que permitam descrever de forma sintética um conjunto maior de
variáveis. Tabachnick e Fidell (2001) indicam para estas análises a necessidade de que a
amostra contenha 5 sujeitos por item, pressuposto atendido pelo tamanho da amostra do
estudo com 220 participantes que ultrapassou 215 (5sujeitos x 43itens = 215) exigidos.
Para a validação fatorial da EAT 35,seguiram-se os critérios propostos por Pasquali
(2012), para isso foram realizadas análises fatoriais exploratórias com inclusão de análises
descritivas preliminares, como os Testes de Kaiser-Meyer-Olikin (KMO) e de Bartlett,
solicitando três fatores pelo método de extração denominado Principal AxisFactoring (PAF) e
o screeplot, gráfico elaborado pelo SPSS com base nos autovalores extraídos. A rotação
aplicada foi direct oblimin com delta igual a zero, e o critério para manter o item no fator foi a
carga fatorial igual ou maior que 0,40 (positiva ou negativa).
Para verificar a precisão da escala, foi calculado o alfa de Cronbach, para cada fator e
para o total da escala.Anastasi&Urbina (2000), citam que esse métodos é um dos mais
utilizados e aceitos para verificar a precisão de um instrumento e pode ser definido como:
“a consistência dos escores obtidos pelas mesmas pessoas quando elas são reexaminadas
com o mesmo teste em diferentes ocasiões, ou com diferentes conjuntos de itens
equivalentes” (p. 84).
38
5 RESULTADOS
Inicialmente serão apresentados os resultados da análise fatorial exploratória e
posteriormente os resultados dos índices de precisão (Alfa de Cronbrach). Em seguida será
exposta a discussão dos resultados apresentados.
5.1 ANÁLISE FATORIAL EXPLORATÓRIA
Para analisar a fatorabilidade da matriz de dados examinou-se o índice de Kaiser-
Meyer-Olkin (KMO = 0,856), e os resultados do teste de esfericidade de Bartlett (χ²=
6176,003,282; p<0,001). Esses resultados confirmam a fatorabilidade da matriz. Nesta análise
foram identificados 3 componentes, que explicaram 46% da variância total.
O parâmetro utilizado para retenção dos componentes foi de autovalores, também
chamado de eigenvalues, iguais ou maiores que 1. Pasquali (2012) fala que esse critério se
refere à variância explicada do componente ou fator. Sendo assim, valores abaixo de 1
explicariam menos que a variância total de uma única variável, por isso não é relevante reter o
componente nesses casos. No entanto, o ScreePlot revelou três fatores mais claramente
definidos. Esse detalhe é percebido ao se observar com maior cuidado uma pequena separação
após o 3º fator (Figura 1). Os fatores que se seguem a ele estão distribuídos em uma linha
contínua. De acordo com Pasquali (2012), uma das maneiras de se decidir sobre o número de
fatores de uma medida em construção, tendo-se por base os resultados doScreePloté buscar
onde está o “cotovelo” no gráfico, ou seja, todos os fatores que estiverem acima desse ponto
são importantes. Figura 1. Gráfico de sedimentação dos autovalores com 43 itens
39
A análise foi feita a partir da fatoração dos eixos principais (PAF), por se tratar de um
método que conduz a estimativas precisas de cargas fatoriais e correlações entre fatores
(PASQUALI, 2003). Para testar a rotação optou-se pelo método Oblimin, para analisar a
matriz de correlações entre os fatores, pois esse método pressupõe correlações significativas
entre os fatores (Tabela 6).
Tabela 5 Cargas fatoriais e comunalidades dos 43 itens (n = 220) Item / Fator 1 2 3 h²
25 0,80 0,52 36 0,71 0,41 9 0,63 0,47 32 0,58 0,46 29 0,58 0,51 28 0,57 0,39 31 0,56 0,64 23 0,56 0,45 1 0,51 0,31 2 0,50 0,39 30 0,47 0,56 24 0,46 0,51 13 0,45 0,36 14 0,43 0,42
18 0,40 0,45
20 0,63 0,43
21 0,60 0,38
37 0,57 0,34
40 0,56 0,53
15 0,54 0,35
16 0,53 0,37
33 0,52 0,46
41 0,45 0,55
39 0,42 0,50
4 0,40 0,36
12 0,79 0,59
19 0,75 0,54
6 0,73 0,55
11 0,73 0,57
7 0,61 0,43
5 0,49 0,33
10 0,47 0,36
22 0,46 0,48
8 0,43 0,31
43 0,41 0,46
40
3 0,34
17 0,27
26 0,23
27 0,37
34 0,28
35 0,24
38 0,10
42 0,46
Número de Itens 15 10 10 43
Método de extração: Principal AxisFactoring. Método de rotação: Oblimin.
Observa-se na Tabela 6 que, ao se considerar todos os fatores, as cargas fatoriais
variaram entre 0,80 e 0,40, valores estes adequados, segundo Tabachnick e Fidell (2001). Ao
todo 8 itens não carregaram no fator correspondente ou obtiveram cargas fatoriais em mais de
um fator, portanto, foram excluídos da escala, a saber: 3, 17, 26, 27, 34, 35, 38, 42.
Com o objetivo de verificar o resultado da escala em seu formato final, excluíram-se
os itens que não obtiveram cargas fatoriais satisfatórias e calculou-se novamente a análise
fatorial. O critério utilizado nessa análise foram os mesmos adotados anteriormente. Foram
obtidos os seguintes resultados:
O índice de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO = 0,861), e os resultados do teste de
esfericidade de Bartlett (x²= 4704,262, significativo a p < 0,001). Esses resultados confirmam
a fatorabilidade da matriz. Nesta análise também foram identificados 3 componentes, que
explicaram 49,2% da variância total.
OScreePlot também continuou a indicar três fatores mais claramente definidos. É
possível verificar esse resultado após uma pequena separação após o 3º fator (Figura 2).
Figura 2 - Gráfico de sedimentação dos autovalores com 35 itens.
41
Constatou-se que ao excluir os itens que não obtiveram cargas fatoriais satisfatórias,
os resultados da estrutura interna da escala aumentaram. Em relação a cargas fatoriais de cada
item, foi possível observar que tiveram pouca diferença em relação à primeira analise fatorial,
como pode-se observar na Tabela 7 .
Tabela 6- Cargas fatoriais e comunalidades dos 35 itens (n = 220)
Item / Fator 1 2 3 h²
25 0,74 0,45 36 0,69 0,36 9 0,66 0,48 31 0,59 0,63 2 0,59 0,63 32 0,58 0,44 23 0,58 0,46 30 0,55 0,57 28 0,55 0,37 24 0,54 0,53 29 0,52 0,52 1 0,52 0,31 14 0,51 0,44 13 0,46 0,36 18 0,41 0,44 20 0,62 0,42 21 0,62 0,41 40 0,59 0,53 15 0,55 0,36 33 0,53 0,48 37 0,53 0,31 41 0,49 0,57 16 0,47 0,32 4 0,43 0,31 39 0,41 0,49 12 0,79 0,59 19 0,78 0,57 11 0,76 0,51 6 0,75 0,57 7 0,62 0,45 10 0,49 0,34 5 0,49 0,31 22 0,46 0,47 8 0,45 0,30 43 0,40 0,43
Número de Itens 15 10 10 35
42
Com o resultado foi possível definir o formato final da EAT 35. A escala ficou
composta por 35 itens no total, sendo que 15 correspondem à dimensão de humor, 10 para
cognição e 10 para comportamento. Todos os itens obtiveram cargas fatoriais acima de 0,40.
Após a análise fatorial iniciou-se o estudo de precisão da escala (ANEXO D).
5.2 ÍNDICE DE PRECISÃO
Para verificar a precisão da escala foi calculado o alfa de Cronbach, para cada fator
separadamente e para o total da escala. No que se refere à precisão, Anastasi e Urbina (2000,
p. 84) defendem que “a fidedignidade do teste indica a extensão em que as diferenças
individuais nos escores de teste são atribuíveis a diferenças verdadeiras nas características sob
consideração e a extensão em que elas são atribuíveis a erros casuais”. As autoras ainda
afirmam que o alfa de Cronbach é muitas vezes referido como um dos principais estimadores
de precisão de uma escala. Os resultados obtidos são apresentados na Tabela 8.
Tabela 7 – Índices de precisão
Fatores Alfa de Cronbach
Nº de itens α
1 – Humor 15 0,91
2 – Cognição 10 0,85
3 - Comportamento 10 0,86
Total da EAT 35 35 0,93
A Tabela 8 mostra que os coeficientes variaram entre 0,91 e 0,86 entre os fatores e
0,93 ao considerar o total da escala. Anastasi e Urbina (2000), afirmam que valores iguais ou
acima de 0,70 são considerados aceitáveis índices de precisão. Os resultados indicaram que
todos os fatores, assim como o total da escala, apresentam índices de confiabilidade
aceitáveis. O Anexo D mostra a Escala de Ansiedade no Trabalho (EAT 35) em seu formato
final.
43
6 DISCUSSÃO
Nesta seção, pretende-se integrar os resultados obtidos no presente estudo com o
referencial teórico. Para tanto, de modo a facilitar a leitura, primeiramente será discutido o
modelo teórico utilizado nessa pesquisa, em seguida os resultados encontrados,
posteriormente a comparação da EAT 35 com outras escalas e por fim as limitações desse
estudo.
Para definir as dimensões de ansiedade que foi utilizada nesse estudo inicialmente
realizou-se um levantamento teórico sobre o tema que permitiu relacionar uma série de
estudos sobre a ansiedade e suas dimensões na perspectiva de diferentes autores, entre eles:
American Psychiatric Association (2003); Andrade e Gorenstein (2000); Kaplan, Sadock e
Grebb (1997); Keedwell e Snaith (1996).
Constatou-se que entre as dimensões mais citadas foram: humor, somáticos, cognitivos
e comportamentais. Por se tratar de um estudo com ênfase no aspecto psicológico da
ansiedade, optou-se em trabalhar com as dimensões humor, cognição e comportamento, pois
se referem a conceitos estudados dentro do campo da psicologia. A definição dos fatores
também foi definida com base no conteúdo dos próprios itens de acordo com o referencial
pesquisado.
Ainda que para esse estudo tenha buscado definir as dimensões da ansiedade a ser
pesquisada, pode-se afirmar que a definição do construto e suas dimensões ainda estão em
aberto, pois a falta de consenso entre os pesquisadores sobre os atributos que fazem parte da
ansiedade é grande. Constatou-se também que outros termos como manifestações,
características e sintomas por vezes são utilizados como sinônimos de dimensões da
ansiedade. Isso confirmou também a necessidade que havia de se fazer um levantamento,
como o realizado na presente pesquisa, que agrupasse e sintetizasse o que foi publicado sobre
o tema até o momento.
Para verificar se os itens elaborados e que deveriam representar as dimensões de
ansiedade propostas para integrar a EAT 35 (humor, cognição e comportamento) seriam
confirmados, foi realizada a analise fatorial exploratória. O propósito essencial da análise
fatorial é descrever, se possível, a estrutura de covariâncias entre as variáveis, ou seja, em
termos de um número menor de variáveis (não observáveis) chamadas fatores (PASQUALI,
2003). Segundo Laros (2005), é essencial realizar análises fatoriais na construção de
44
instrumentos psicológicos, pois torna os resultados mais evidentes quanto à sua estrutura
interna.
Quanto às análises da estrutura interna da escala, a primeira análise fatorial buscou
identificar se a matriz era possível extrair fatores e qual era o método mais adequado de
rotação a ser utilizado, nesse caso conforme sugere Pasquali (2012) utilizou-se a rotação
Oblimin, pois se identificou que houve correlações significantes entre os fatores, o que já era
esperado, uma vez que o conteúdo teórico dos atributos em questão demonstra familiaridade
entre si. Analisou-se ainda oScreePlot e o KMO para verificar se a fatoração dos itens
estavam de acordo com o referencial teórico proposto. Os itens que não carregaram no fator
correspondente ou tiveram carga dupla foram excluído da escala.
Com os resultados obtidos, verificou-se que os itens se agruparam em três fatores com
cargas fatoriais acima de 0,40 (Tabela 7). Com esse resultado foi possível confirmar as três
dimensões que a escala se propôs a avaliar (Humor, Cognição e Comportamento).
Além da estrutura interna da escala, verificou-se também à precisão da EAT 35,
calculando-se o alfa de Cronbach para os três fatores assim como para o total da escala.
Todos os fatores apresentaram boas qualidades psicométricas e com bons índices de precisão
(Tabela 9) uma vez que Nunnally (1978), afirma que valores ideais são aqueles maiores que
0,70.
Ao examinar outras escalas que buscam avaliar o mesmo construto, contatou-se que as
escalas existentes buscam avaliar diferentes aspectos da ansiedade. Verificou-se que as
escalas Hama (HAMILTON 1959), Escala de Ansiedade de Zung (ZUNG, 1971) e a de Bai
(BECK; STEER; BROWN, 1985) têm construtos semelhantes, com ênfase nos aspectos
somáticos da ansiedade, a IDATE (SPIELBERGER, 1979) tem objetivo de avaliar o Traço-
Estado da ansiedade. Já a BPRS (OVERALL et al., 1962) enfatiza os aspectos cognitivos da
ansiedade.Cabe ressaltar que os autores que trabalham com essa distinção consideram o
construto ansiedade unidimensional,ou seja, trabalham com apenas uma das dimensões de
ansiedade.
Essas constatações vêm ao encontro dasidéias de Keedwell e Snaith (1996), ao
afirmarem que nenhuma das escalas disponíveis avalia todas as dimensões da ansiedade, pois
tendem a medir uma ou outra dimensão de acordo com o objetivo proposto. Os autores ainda
ressaltam que quando determinada escala for escolhida para medir a ansiedade, deve-se ter em
conta qual dimensão que a escala em questão está se propondo a medir, pois a interpretação
dos resultados pode ser muito diferente entre as escalas.
45
Nesse sentido a EAT 35 poderia ser aplicada quando o objetivo for avaliar as
dimensões psicológicas da ansiedade – humor, cognição e comportamento, - voltada para o
ambiente de trabalho. Seu modelo multifatorial é baseado no referencial teórico apresentado,
assim como nos resultados dos resultados advindo das análises contidas neste estudo.
6.1 LIMITAÇÕES DO ESTUDO
A presente pesquisa apresentou algumas limitações. A revisão teórica realizada para
este trabalho tornou evidente a falta de consenso quanto à definição do construto de
ansiedade, assim como suas dimensões. O construto é objeto de estudo de diversas áreas do
conhecimento, o que dificulta obter uma única definição sobre o conceito de ansiedade.
No meio científico, diversas tentativas de conceituação de modelos teóricos são
pesquisados e pospostos de acordo com respectiva área do conhecimento em que é estudado,
cada um com suas contribuições e críticas. Não é raro pesquisadores encontrarem dificuldade
de definir seus limites conceituais, o que pode ocasionar discussões teóricas e falta de
concordância conceitual entre os pesquisadores. Dentre os autores que buscaram definir o
conceito, pode-se citar: Sadock (2007), Bonica e Loeser (2001), Kaplan, Sadock e Grebb
(1997),Spielberger (1966, 1981), Keedwell e Snaith (1996) American PsychiatricAssociation
(2003), entre outros.
Entre as limitações deste trabalho pode-se citar a não realização de estudos
comparativos entre as variáveis sociodemográficas, como: as médias entre idade, sexo,
escolaridade, dentre outras características dos participantes. Tais estudos não foram incluídos
nos objetivos, pois já se havia identificado a falta de tempo hábil para concretizá-los, pois o
objetivo principal era a validação da escala. Ainda assim, pretende-se realizar tais estudos,
pois além dos dados estarem disponíveis irá contribuir com estudos sobre ansiedade.
Outro estudo que poderá contribuir com as pesquisas sobre a EAT 35 é a realização da
análise fatorial confirmatória (AFC), já que este estudo constituiu um primeiro teste da
validade da escala, a análise fatorial exploratória (AFE). Cabe ressaltar que isso não limita a
utilização de um instrumento, pois a AFE é considerada um estudo de validade (PASQUALI,
2012). Ainda que não tenha sido o objetivo dessa pesquisa fazer tais estudos, considerou-se
relevante mencionar por se tratar de um estudo importante para confirmar o modelo de três
fatores resultante dessa pesquisa.
46
6.2 APLICAÇÃO E APURAÇÃO DOS RESULTADOS
A aplicação da EAT 35 pode ser feita presencialmente (individual ou coletiva) ou por
meio eletrônico. É importante que o respondente se sinta tranquilo e seguro de que suas
respostas não lhe causarão nenhum prejuízo ou desconforto no contexto do trabalho. O tempo
de preenchimento é livre, em média o tempo gasto para responder a escala leva
aproximadamente de 10 minutos.
Para obter os resultados fornecidos pela EAT 35, basta somar os valores assinalados
pelo respondente em cada item e dividir esse valor pelo número de itens do fator. Assim,
devem ser somados os valores assinalados para os 15 itens do fator 1 (humor) , dividindo-se
o valor por 15. Quanto ao fator 2 (Cognição), soma-se os valores atribuídos aos seus 10 itens
e divide-se o valor por 10, o mesmo procedimento é utilizado no fator 3 (Comportamento),
soma-se os valores atribuídos para os 10 itens do fator e divide-se por 10. Ao fim dessas
operações matemáticas, existirão três escores médios. Na tabela 9, estão expostos os itens
correspondentes a cada fator.
Tabela 8: Itens correspondentes ao fator.
Fator Itens
1. Humor 1,2,8,12,13,16,21,22,23,24,25,26,27,28 e 30.
2. Cognição 4,5,6,7,9,10,11,17,20 e 35.
3. Comportamento 3, 14,15,18, 19, 29, 31, 32, 33 e 34.
A interpretação dos três escores médios produzidos pela aplicação da EAT 35 deve ser
feita levantando-se em consideração que o valor 4 e 5 indicam altos escores em ansiedade no
trabalho; entre 3 e 3,9, um escore médio; e um valor entre 1 e 2,9 um escore baixo para o fator
avaliado. A mesma interpretação deverá ser aplicada aos escores obtidos quanto se desejar
calcular o escore geral da EAT 35.Quanto à interpretação do conteúdo psicológico
representado pelos valores numéricos dos escores médios, sugere-se que sejam observados os
itens que compõem o fator em análise.
É recomendada a utilização da EAT 35 como uma opção para aferir os aspectos
psicológicos da ansiedade no ambiente de trabalho. O uso da EAT 35 se justifica por seu
potencial psicométrico descrito ao longo desse trabalho, como também, por ser um
instrumento que visa mensurar a ansiedade especificamente na ambiente de trabalho.
47
Deve-se alertar que a EAT 35 seja utilizado conforme as instruções e formatos dos
itens contidos na escala. Qualquer alteração em seu formato invalida os resultados obtidos.
48
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo desse estudo foi elaborar uma escala para avaliar a ansiedade no ambiente
de trabalho, pois se percebeu a escassez de instrumento que visa avaliar esse aspecto. De
acordo com os resultados obtidos nessa pesquisa pode-se considerar que a EAT 35 apresentou
resultados positivos e de acordo com as exigências propostas na literatura (PASQUALI,
2012), evidenciando assim adequados padrões de validade e precisão. Dessa forma, pode-se
afirmar que os objetivos desse estudo foram alcançados.
Como discutido anteriormente o trabalho exerce uma forte influencia no individuo, em
que muitas vezes a pessoa passa a maior parte do tempo no ambiente de trabalho, identificar
fatores que podem afetar a saúde do trabalhador se tornar fundamental. Nesse contexto
percebe-se a importância de construir um instrumento que apresente evidências de validade e
precisão, que auxilie na identificação de características de ansiedade no ambiente de trabalho,
pois ao estabelecer o nível de ansiedade nos trabalhadores, fica mais viável elaborar melhores
estratégias de prevenção e tratamento.
O resultado desse estudo visa contribuir com a atuação de diversos profissionais e
pesquisadores interessados sobre a manifestação ou não da ansiedade e suas implicações no
ambiente de trabalho. Por fim, novos estudos poderão feitos com o intuito de investigar sobre
os resultados encontrados nessa pesquisa.
49
REFERÊNCIAS
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55
ANEXOS
56
ANEXO A – Modelo inicial de 43 itens daEscala de ansiedade no trabalho (EAT).
Escala de ansiedade no trabalho (EAT).
Apresentação:
Essa escala pretende coletar dados para um estudo sobre o que as pessoas pensam e sentem em relação a si mesmas, durante o trabalho. Gostaríamos de contar com a sua colaboração. VOCÊ NÃO PRECISA SE IDENTIFICAR. PORTANTO, NÃO ESCREVA SEU NOME. Dê suas respostas conforme as instruções, não deixando NENHUMA questão em branco.
Agradecemos sua colaboração Pesquisadores: Profa.
Dra. Mirlene Maria Matias Siqueira Mestrando: Luciano Franzim Neto
Pós – Graduação Stricto Sensu em Psicologia da Saúde -UMESP
Instruções
Nesta escala você vai encontrar algumas frases que estão relacionadas à forma com que você reage quando está trabalhando. Não existe resposta certa ou errada, por isso você deve ser o mais sincero (a) possível ao respondê-las.
Leia cada afirmação e marque a opção que mais expressa sua opinião quando você está no ambiente de trabalho.
Para cada questão você deverá escolher, dentre as cinco opções de resposta disponíveis, sendo:
1= Nunca 2= Poucas Vezes 3 = Algumas Vezes 4= Muitas Vezes 5= Sempre
Quando estou no trabalho...
1. ( ) Sinto-me nervoso(a) sem causa aparente.
2. ( )Sinto que oscilo de humor.
3*. ( ) Penso que as outras pessoas são melhores que eu.
4. ( ) Demoro mais tempo do que o necessário para pensar em uma resposta para uma pergunta .
57
1= Nunca 2= Poucas Vezes 3 = Algumas Vezes 4= Muitas Vezes 5= Sempre
Quando estou no trabalho...
5. ( ) Não consigo ficar parado.
6. ( ) Fico movimentando a perna.
7. ( ) Fico andando de um lado para outro.
8. ( ) Fico pouco tempo em uma posição.
9. ( ) Sinto que algo de ruim pode acontecer a qualquer momento.
10. ( ) Fico mexendo em vários objetos ao mesmo tempo.
11. ( ) Fico movimentando os pés.
12. ( ) Fico inquieto (a).
13. ( ) Sinto-me angustiado(a).
14. ( ) Sinto que meu estado de humor se modifica.
15. ( ) Não consigo pensar para tomar decisões.
16. ( ) Penso em meus problemas pessoais.
17*. ( ) Fico roendo as unhas.
18. ( ) Sinto-me irritado (a) com as pessoas a minha volta.
19. ( ) Fico agitado.
20. ( ) Meus pensamentos se tornam dispersos.
21. ( ) Tenho dificuldade em focar meu pensamento em uma única atividade.
22. ( ) Fico impaciente.
23. ( ) Sinto-me tenso(a).
24. ( ) Sinto que não consigo controlar meu estado de humor.
25. ( ) Sinto-me alegre
26*. ( ) Meus pensamentos fogem do meu controle.
27*. ( ) Fico calmo (a).
58
1= Nunca 2= Poucas Vezes 3 = Algumas Vezes 4= Muitas Vezes 5= Sempre
Quando estou no trabalho...
28. ( ) Sinto temor de que algo não possa dar certo.
29. ( ) Sinto-me apreensivo(a).
30. ( ) Sinto que fico bravo (a) com facilidade.
31. ( ) Sinto desanimo sem motivo aparente.
32. ( ) Sinto-me preocupado (a).
33. ( ) Não consigo concluir um raciocínio.
34*. ( ) Penso constantemente em situações que poderão acontecer.
35*. ( ) Meus pensamentos ficam agitados.
36. ( ) Sinto-me animado (a).
37. ( ) Meus pensamentos ficam mais lentos.
38*. ( ) Penso apenas no futuro.
39. ( ) Penso em várias coisas ao mesmo tempo sem me concentrar em uma delas.
40. ( ) Penso com dificuldades quando tento me concentrar em minhas tarefas
41. ( ) Tenho dificuldade de pensar calmamente.
42*. ( ) Fico fazendo movimentos repetitivos sem finalidade.
43. ( ) Fico mexendo em objetos sem uma finalidade especifica.
_______________________________________________________________________________________________________________________________
DADOS COMPLEMENTARES
• SEXO: 1 ( ) FEMININO 2 ( ) MASCULINO • IDADE: ____ANOS. • ESTADO CIVIL:1. ( ) SOLTEIRO 2. ( ) CASADO 3. ( ) OUTROS • ESCOLARIDADE (INDIQUE O NÍVEL MAIS ALTO ALCANÇADO):
1.( ) FUNDAMENTAL 2. ( ) MÉDIO 3.( ) SUPERIOR 4. ( ) PÓS GRADUAÇÃO • TEMPO DE TRABALHO NESTA EMPRESA: ____ ANOS. SE FOR MENOS DE UM ANO ASSINALE AQUI: ( ) • TIPO DE EMPRESA: 1 ( ) PÚBLICA 2 ( ) PARTICULAR 3 ( ) ONG • VOCÊ ATUALMENTE OCUPA CARGO DE CHEFIA? 1 ( ) NÃO 2 ( ) SIM. • A MAIOR PARTE DE SEU TRABALHO VOCÊ REALIZA: 1 ( ) SOZINHO 2 ( ) COM OUTRA
PESSOA 3 ( ) EM GRUPO
*Itens excluídos, por não apresentarem cargas fatoriais satisfatória
59
ANEXO B – Instruções para análise de juízes: validade de construto dos itens da Escala
de Ansiedade no Trabalho.
Análise de Juízes
Abaixo, será exposta a definição de cada fator e os itens da escala. Sua tarefa é, ao ler cada um dos ITENS, fazer a correspondência entre itens e fatores, ou seja, escrever no espaço indicado,o nome do FATOR ao qual o item, em sua opinião, pertence. Caso, em sua opinião, um mesmo item pertença a mais de um fator, você pode anotar ambos, colocando em ordem de relevância.
Caso você tenha alguma sugestão que achar pertinente, por favor, indique ao final da análise no campo observações.
Sua avaliação fará parte do estudo de validade de construto da escala que está sendo construída para avaliar a ansiedade no trabalho. Por isso, pede-se que seja realizada com o maior critério e atenção possíveis.
Desde já, muito obrigado.
Avaliador________________________________________________________
Data: ____ / ____ / _________
60
DEFINIÇÃO DOS FATORES
1-Humor Experiência de uma sensação de medo não associado a nenhuma situação ou circunstância específica; a apreensão em relação a alguma catástrofe possível ou não identificada
2-Cognição Preocupação com a possibilidade de ocorrência de algum evento adverso a si próprio ou a outros; pensamentos persistentes de inadequação ou de incapacidade de executar adequadamente suas tarefas
3-Comportamento Inquietação, ou seja, incapacidade de manter-se quieto e relaxado mais do que alguns minutos, andando de um lado para o outro, apertando as mãos ou realizando outros movimentos repetitivos sem finalidade
61
ITENS FATOR 1. Sinto-me nervoso(a) sem causa aparente.
2. Sinto que oscilo de humor.
3. Penso que as outras pessoas são melhores que eu.
4. Demoro mais tempo do que o necessário para pensar em uma resposta para uma pergunta .
5. Não consigo ficar parado.
6. Fico movimentando a perna.
7. Fico andando de um lado para outro.
8. Fico pouco tempo em uma posição.
9. Sinto que algo de ruim pode acontecer a qualquer momento.
10. Fico mexendo em vários objetos ao mesmo tempo.
11. Fico movimentando os pés.
12. Fico inquieto (a).
13. Sinto-me angustiado(a).
14. Sinto que meu estado de humor se modifica.
15. Não consigo pensar para tomar decisões.
16. Penso em meus problemas pessoais.
17. Fico roendo as unhas.
18. Sinto-me irritado (a) com as pessoas a minha volta.
19. Fico agitado.
20. Meus pensamentos se tornam dispersos.
21. Tenho dificuldade em focar meu pensamento em uma única atividade.
22. Fico impaciente.
23. Sinto-me tenso(a).
24. Sinto que não consigo controlar meu estado de humor.
25. Sinto-me alegre
26. Meus pensamentos fogem do meu controle.
27. Fico calmo (a).
62
28. Sinto temor de que algo não possa dar certo.
29. Sinto-me apreensivo(a).
30. Sinto que fico bravo (a) com facilidade.
31. Sinto desanimo sem motivo aparente.
32. Sinto-me preocupado (a).
33. Não consigo concluir um raciocínio.
34. Penso constantemente em situações que poderão acontecer.
35*. Meus pensamentos ficam agitados.
36. Sinto-me animado (a).
37. Meus pensamentos ficam mais lentos.
38. Penso apenas no futuro.
39. Penso em várias coisas ao mesmo tempo sem me concentrar em uma delas.
40. Penso com dificuldades quando tento me concentrar em minhas tarefas
41. Tenho dificuldade de pensar calmamente.
42. Fico fazendo movimentos repetitivos sem finalidade.
43. Fico mexendo em objetos sem uma finalidade especifica.
28. Sinto temor de que algo não possa dar certo.
29. Sinto-me apreensivo(a).
30. Sinto que fico bravo (a) com facilidade.
31. Sinto desanimo sem motivo aparente.
32. Sinto-me preocupado (a).
33. Não consigo concluir um raciocínio.
34. Penso constantemente em situações que poderão acontecer.
35. Meus pensamentos ficam agitados.
36. Sinto-me animado (a).
37. Meus pensamentos ficam mais lentos.
38. Penso apenas no futuro.
39. Penso em várias coisas ao mesmo tempo sem me concentrar em uma delas.
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40. Penso com dificuldades quando tento me concentrar em minhas tarefas
41. Tenho dificuldade de pensar calmamente.
42. Fico fazendo movimentos repetitivos sem finalidade.
43. Fico mexendo em objetos sem uma finalidade especifica.
64
ANEXO C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido(TCLE).
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Eu, ________________________________________________________________________
consinto de minha livre e espontânea vontade, em participar do estudo CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DA
ESCALA DE ANSIEDADE NO TRABALHO que tem por objetivo construir uma escala para avaliar as
características da ansiedade no trabalho, a ser elaborado por Luciano Franzim Neto aluna do Programa de Pós-
Graduação em Psicologia da Saúde da Universidade Metodista de São Bernado do Campo. O estudo se justifica
por não existir nenhuma escala com esse objetivo.
Caso concorde em participar, o(a) senhor(a) deverá assinar este TERMO DE CONSENTIMENTO
LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE) em 2 vias:uma será arquivada por você e outra pela pesquisadora.
O procedimento adotado é a aplicação de um questionário auto-administrável, a ser respondido por
pessoas com idade mínima de 18 anos. Além disso, serão coletados alguns dados adicionais dos participantes da
pesquisa, como sexo, idade, escolaridade e cidade de origem.
O(a) senhor(a) gastará parte de seu tempo para responder ao questionário. Sua participação na pesquisa
não acarretará nenhum desconforto ou riscos para sua saúde, no entanto, caso deseje interromper sua
participação no estudo, poderá fazê-lo a qualquer momento. Os benefícios não se aplicam diretamente aos
participantes, embora o estudo contribua para com a ciência para uma melhor compreensão do assunto. A
pesquisadora assegura total sigilo sobre as respostas contidas no questionário, visto que os dados da pesquisa
serão analisados e divulgados coletivamente de forma a reunir todos os participantes que responderem ao
questionário.
Caso existam quaisquer dúvidas a respeito desta pesquisa, o(a) senhor(a) poderá, a qualquer momento,
solicitar esclarecimentos à pesquisadora sobre os itens descritos acima. O(a) senhor(a), também, tem assegurado
o direito de recusar-se a participar desta pesquisa ou retirar o seu consentimento, em qualquer fase da mesma,
sem nenhum prejuízo ou ônus.
Como sua participação na pesquisa não implica em custos, despesas, danos ou represálias para você,
não estão previstas formas de ressarcimento nem de indenização. Como o estudo não inclui em seus
procedimentos nenhum tipo de tratamento, não estão previstos acompanhamentos e assistência.
O pesquisador Luciano Franzim Neto (lucianofranzim@yahoo.com.br) e sua orientadora Profa. Dra.
Mirlene Maria Matias Siqueira estarão à disposição para maiores esclarecimentos sobre sua participação.
_______________________________________, _______ de ___________________, 2013.
Local Data Mês
_________________________________________________
Assinatura do participante da pesquisa
Documento de Identificação: __________________________
Assinatura do(a) pesquisador(a)___________________________________________
ANEXO D – Escala de ansiedade no trabalho (EAT 35). Modelo final, 35 itens.
65
Escala de ansiedade no trabalho (EAT 35).
Apresentação:
Essa escala pretende coletar dados para um estudo sobre o que as pessoas pensam e sentem em relação a si mesmas, durante o trabalho. Gostaríamos de contar com a sua colaboração. VOCÊ NÃO PRECISA SE IDENTIFICAR. PORTANTO, NÃO ESCREVA SEU NOME. Dê suas respostas conforme as instruções, não deixando NENHUMA questão em branco.
Agradecemos sua colaboração Pesquisadores: Profa.
Dra. Mirlene Maria Matias Siqueira Mestrando: Luciano Franzim Neto
Pós – Graduação Stricto Sensu em Psicologia da Saúde -UMESP
Instruções
Nesta escala você vai encontrar algumas frases que estão relacionadas à forma com que você reage quando está trabalhando. Não existe resposta certa ou errada, por isso você deve ser o mais sincero (a) possível ao respondê-las.
Leia cada afirmação e marque a opção que mais expressa sua opinião quando você está no ambiente de trabalho.
Para cada questão você deverá escolher, dentre as cinco opções de resposta disponíveis, sendo:
1= Nunca 2= Poucas Vezes 3 = Algumas Vezes 4= Muitas Vezes 5= Sempre
Quando estou no trabalho...
1. ( ) Sinto-me nervoso(a) sem causa aparente.
2. ( )Sinto que oscilo de humor.
3. ( ) Demoro mais tempo do que o necessário para pensar em uma resposta para uma pergunta .
1= Nunca 2= Poucas Vezes 3 = Algumas Vezes 4= Muitas Vezes 5= Sempre
66
Quando estou no trabalho...
4. ( ) Não consigo ficar parado.
5. ( ) Fico movimentando a perna.
6. ( ) Fico andando de um lado para outro.
7. ( ) Fico pouco tempo em uma posição.
8. ( ) Sinto que algo de ruim pode acontecer a qualquer momento.
9. ( ) Fico mexendo em vários objetos ao mesmo tempo.
10. ( ) Fico movimentando os pés.
11. ( ) Fico inquieto (a).
12. ( ) Sinto-me angustiado(a).
13. ( ) Sinto que meu estado de humor se modifica.
14. ( ) Não consigo pensar para tomar decisões.
15. ( ) Penso em meus problemas pessoais.
16. ( ) Sinto-me irritado (a) com as pessoas a minha volta.
17. ( ) Fico agitado.
18. ( ) Meus pensamentos se tornam dispersos.
19. ( ) Tenho dificuldade em focar meu pensamento em uma única atividade.
20. ( ) Fico impaciente.
21. ( ) Sinto-me tenso(a).
22. ( ) Sinto que não consigo controlar meu estado de humor.
23. ( ) Sinto-me alegre
1= Nunca 2= Poucas Vezes 3 = Algumas Vezes 4= Muitas Vezes 5= Sempre
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Quando estou no trabalho...
24. ( ) Sinto temor de que algo não possa dar certo.
25. ( ) Sinto-me apreensivo(a).
26. ( ) Sinto que fico bravo (a) com facilidade.
27. ( ) Sinto desanimo sem motivo aparente.
28. ( ) Sinto-me preocupado (a).
29. ( ) Não consigo concluir um raciocínio.
30. ( ) Sinto-me animado (a).
31. ( ) Meus pensamentos ficam mais lentos.
32. ( ) Penso em várias coisas ao mesmo tempo sem me concentrar em uma delas.
33. ( ) Penso com dificuldades quando tento me concentrar em minhas tarefas
34. ( ) Tenho dificuldade de pensar calmamente.
35. ( ) Fico mexendo em objetos sem uma finalidade especifica.
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DADOS COMPLEMENTARES
• SEXO: 1 ( ) FEMININO 2 ( ) MASCULINO • IDADE: ____ANOS. • ESTADO CIVIL:1. ( ) SOLTEIRO 2. ( ) CASADO 3. ( ) OUTROS • ESCOLARIDADE (INDIQUE O NÍVEL MAIS ALTO ALCANÇADO):
1.( ) FUNDAMENTAL 2. ( ) MÉDIO 3.( ) SUPERIOR 4. ( ) PÓS GRADUAÇÃO • TEMPO DE TRABALHO NESTA EMPRESA: ____ ANOS. SE FOR MENOS DE UM ANO ASSINALE AQUI: ( ) • TIPO DE EMPRESA: 1 ( ) PÚBLICA 2 ( ) PARTICULAR 3 ( ) ONG • VOCÊ ATUALMENTE OCUPA CARGO DE CHEFIA? 1 ( ) NÃO 2 ( ) SIM. • A MAIOR PARTE DE SEU TRABALHO VOCÊ REALIZA: 1 ( ) SOZINHO 2 ( )
COM OUTRA PESSOA 3 ( ) EM GRUPO