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CONSERVAÇÃO E RESTAURO EM OBJECTOS DE DESIGN
MESTRADO EMMUSEOLOGIA EMUSEOGRAFIA
MESTRADO EMMUSEOLOGIA EMUSEOGRAFIAMESTRADO EMMUSEOLOGIA EMUSEOGRAFIAMESTRADO EMMUSEOLOGIA EMUSEOGRAFIAMESTRADO EMMUSEOLOGIA EMUSEOGRAFIA
Liliana Lino
PLÁSTICO
Conservação Preventiva e Teoria do Restauro
Liliana Correia Lino
Alice Alves | Nuno Moreira
Mestrado em Museologia e MuseografiaFaculdade de Belas ArtesUniversidade de Lisboa |
CONSERVAÇÃO E RESTAURO EM OBJECTOS DE DESIGNPLÁSTICO
Faculdade de Belas Artes,Universidade de Lisboa
Conservação e Restauro em Objectos de Design - Plástico
Liliana Correia Lino
FTIR - Fourier Transform Infrared Spectroscopy
IDMM - International Design Museum Munich
V&A - Victoria and Albert Museum - Londres
ABREVIATURAS
ÍNDICE
Introdução 1
O Design 2
Plástico nas colecções de Design 4
Restauro em Objectos de Design 6
Casos de Estudo 8
Conclusão 12
Bibliografia 14
Anexo I - Polímeros Indesejados 16
Anexo II - Principais Materiais utilizados em Design 17
Faculdade de Belas Artes,Universidade de Lisboa
Liliana Correia Lino
Conservação e Restauro em Objectos de Design - Plástico
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Faculdade de Belas Artes,Universidade de Lisboa
Conservação e Restauro em Objectos de Design - Plástico
Liliana Correia Lino
No âmbito da disciplina de Conservação Preventiva e Teoria do Restauro, foi pedido aos
alunos do Mestrado de Museologia e Museografia, da Faculdade de Belas Artes, da
Universidade de Lisboa, que elaborassem um trabalho escrito, abordando temas da aula
e do seu interesse. O tema escolhido para a elaboração deste trabalho foi a conservação
e o Restauro de Objectos de Design, pois, para além de ser um tema pelo qual manifesto
interesse, é um desafio contemporâneo para os museus com peças de Design.
A conservação e restauro de peças de Design é importante porque, estes objectos,
evidenciam a época em que foram projectados e mostram-nos informação sobre o tempo
em que foram utilizados. São de extrema importância para retractar, principalmente, o
Séc. XX e contar a história de quem o viveu.
Primeiramente surgiu a necessidade de apresentar uma breve história do Design e
algumas das suas particularidades, durante a evolução deste conceito, como é hoje
conhecido. A mudança da produção artesanal para a produção em massa, implicou
alterações no desenho das peças do quotidiano, principalmente pela modificação
dos materiais utilizados. A importância do plástico, nessas alterações, leva a que este
trabalho se foque neste material, nas suas particularidades e nas principais formas de
deterioração do mesmo.
São abordadas questões pertinentes da teoria do Restauro e da Conservação, em que
o bom senso e as questões éticas devem complementar-se. O preservar as peças nas
suas condições actuais ou intervir para que elas tenham de novo a sua função original?
Para melhor compreensão do tema, são abordados alguns casos de estudo, onde estão
referidos estudos feitos por determinados Museus, com colecções de Design. Nem
sempre possível obter todas as etapas, alguns não foi possível chegar à conclusão do
restauro, ficando apenas pelo estudo da degradação do material.
INTRODUÇÃO
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Conservação e Restauro em Objectos de Design - Plástico
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O DESIGN
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“Hoje, o problema não é o de produzir para que se possa vender
mais. A questão fundamental é a de quais os produtos que devem
de facto existir. (…) A sua repetição (do objecto) seria um acto venal,
com sérias consequências, empobrecendo a riqueza da terra, e
empobrecendo e esbatendo a mente das pessoas… O objecto tem
de ser de boa qualidade, tem de satisfazer um dos parâmetros chave
modernos, que é o da vida longa… Um bom produto é um produto
que dura.”
Philippe Starck
O Design é a concepção e o planeamento de todos os produtos feitos pelo homem,
mas o conceito que temos actualmente nasceu durante o início da produção
mecanizada, na Revolução Industrial. Antes disso, os objectos, eram produzidos por
meios artesanais, onde um criador individual as projectava e concebia.
Foi com William Morris que o Design adquiriu dimensões teóricas e filosóficas. E os
seus resultados foram visíveis no final do século XIX e início do século XX, com o
crescimento do idealismo do Design na Europa, desde o Arts and Crafts à Arte Nova.
A produção industrial é criada devido ao esforço, entre outros, de Walter Gropius, que
cria a Bauhaus na tentativa de unificar a teoria do Design com a produção massificada e
de reconciliar o realismo social com a realidade comercial. Essa fusão do Design com a
indústria torna-se conhecida como o Movimento Moderno ou Estilo Internacional.
A evolução da máquina e dos meios de produção distanciaram o Design do seu fabrico,
o que leva à falta de preocupação do Designer com as problemáticas da produção e
com a duração da peça. Mas a culpa da deterioração da qualidade dos produtos era, na
verdade, do sistema de produção capitalista que privilegiava a quantidade à qualidade.
Tal como as outras Artes, o Design não pode ser entendido fora dos seus contextos
sociais, económicos, políticos, culturais e tecnológicos. A eterna alteração do gosto, por
parte do consumidor, tem levado os Designer e os fabricantes a alterarem os produtos,
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materiais e custos para que se possam adaptar aos diversos contextos da sociedade.
A industrialização ajudou a que os materiais ditos nobres e caros fossem substituídos
por outros mais baratos e leves. É assim introduzido o plástico na indústria.
Desde que foi introduzido, o plástico tem vindo a ser utilizado em diversas formas,
feitios, cores e acabamentos que permitiram aos Designers a criação de peças
diferentes das usuais, construídas através de um grande número de técnicas e em
diversos materiais polímeros. O número de polímeros sintéticos aumentou assim com
o número de produtos onde estes podem ser utilizados
Inicialmente, utilizaram-se polímeros naturais, como a borracha vulcanizada, a goma
laca, o pulp, e o linóleo, e mais tarde, nos meados do Séc. XX, os polímeros sintéticos,
como o baquelite, o poliestireno, o acrílico, a melamina, o vinil… Estes criaram peças
abertas à boa e à má qualidade, ao permanente e ao efémero, ao design culto e ao
design vernacular.
Nos anos 90, começa a haver uma preocupação sobre a durabilidade dos materiais
e por consequente dos objectos. O que veio fazer com que marcas conceituadas,
como a Kartell, viessem a utilizar matérias-primas virgens para diminuir o risco de
‘contaminações’. Esta alteração ajudou a tornar os objectos mais caros e de alta
qualidade, deixando de serem ‘descartáveis’ e passando a serem considerados objectos
de Luxo.
Numa colecção de Design, é possivel encontrar variadíssimos objectos, não só de
plástico, mas também de vidro, cerâmica, metal, e de madeira, de diversas categorias
como mobiliário, iluminação, produto, joalharia, têxteis e moda, veículos, etc e para
diversas funções.
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Ao falar de materiais de um acervo de Design, inevitavelmente fala-se de plástico. Embora
haja peças de outros tipos, foi o plástico com o plástico que o Design revolucionou o dia-
-a-dia da sociedade, no Séc. XX.
Muitas foram e são as peças criadas este material, muitas delas de forma “pouco
confiáveis” o que leva a que hoje tragam enormes problemas de conservação.
Têm sido feitas pesquisas e estudos sobre a evolução deste material, que ajudam a
desvendar novos polímeros e novas utilizações dos mesmos. Mas quando se estuda
o passado dos plásticos e das suas aplicações, esses estudos estão, maioritariamente
preocupados com a preservação dos objectos e atenuação dos processos de
deterioração do material. Quando esta ocorre, as peças de plástico eram geralmente
consideradas como tendo chegado ao fim da sua vida útil e prontas para substituição.
Esta característica era vista tanto em situações museológicas como privadas.
Os mecanismos que levam à degradação destes objectos são incertos e podem ser
provocados por diversos factores, começando pela fusão das matérias-primas, na
criação do polímero. Também a presença de quantidades muito pequenas de impurezas,
como o alumínio e o níquel, utilizados na criação de polietileno e polipropileno podem
ajudar à rápida degradação do próprio material.
Esses aditivos à composição química do polímero tornam mais difíceis a identificação das
propriedades do material. Isso dificulta o trabalho do conservador, pois a identificação do
material, é o primeiro passo a ser tomado quando se intervém num objecto de plástico.
Há vários factores externos que podem diminuir o tempo de vida destes objectos,
acelerando o processo de degradação, como a exposição ao calor, luz, poluentes
atmosféricos ou a radiação UV. Os plásticos são susceptíveis à degradação e
muitos podem até, causar danos a outras peças quando se encontram em estado
PLÁSTICO NAS COLECÇÕES DE DESIGN
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de deteriorização, pois cada tipo de polímero tem a sua composição e podem libertar
químicos, prejudicando a peças armazenadas/expostas nas proximidades.
Geralmente os objectos deste material, degradam de forma mais dramática do que os
materiais tradicionais, porque a deterioração dos plásticos tem um período de indução
relativamente longo, seguido de um período de degradação acelerado. “What looks in
fine shape one day, may be a pile of dust six months later.” (Kenegham, 2005)
Mesmo assim, quanto mais cedo o problema for descoberto, mais cedo se podem
encontrar soluções, logo deve-se criar directrizes para retardar, ou pelo menos entender,
o processo de envelhecimento destes materiais. A aplicação de correctas medidas de
conservação preventiva, tal como em qualquer outra obra, ajuda a prolongar a sua vida
e retardar a necessidade de intervenção de restauro. Não esquecendo que só depois da
correcta identificação da composição do(s) material(is), pode ser feito o devido restauro
no objecto, assim como as indicações para um correcto armazenamento e exposição.
As problemáticas resolvidas nos laboratórios de Restauro dos Museus são uma mais
valia para o desenvolvimento de novos materiais, pois ajudam a responder a algumas
questões do estudo destes, tais como: Quais foram os pontos fracos dos materiais
utilizados? Durante quanto tempo foram utilizáveis? Em que medida podem e devem
ser melhorado? Etc (Barbara Schertel)
No entanto, há muitas questões sem solução, embora se esteja consciente das
perguntas. Uma das prioridades actuais no estudo de conservação destas peças são os
efeitos, a longo prazo, dos tratamentos de conservação, recomendados actualmente.
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A diferença entre o Design e a Arte Contemporânea, no que diz respeito ao restauro,
não tem uma barreira definida. Em muitos casos os objectos de Design são como
obras de Arte Contemporânea, outras vezes não. Mesmo assim o ponto inicial do plano
de restauro e de conservação da peça é o mesmo, recolher a maior quantidade possível
de informação sobre o objecto.
Depois inicia-se a pesquisa de materiais e dos seus constituintes e perceber que tipos
de degradação podem sofrer. No caso de haver mais do que um material, é importante
perceber de que maneira estão ligados e que danos podem causar um ao outro, a longo
prazo.
Tanto na Arte Contemporânea como no Design, a missão e o objectivo da peça são
importantes para seleccionar a melhor forma de intervenção. Deve-se ter em conta a
intenção, o propósito ou até mesmo a função de uma peça quando se cria um plano de
conservação.
Para um museu de Design, interessa, maioritariamente, a estética do objecto
coleccionável, para que se assemelhe ao original, àquele que cumpria uma função
em determinado local, quando foi projectado. Quando não é possível, deve-se utilizar
materiais reversíveis, para que se possa dar à peça a sua condição de pré-restauro e
mais tarde intervir segundo uma técnica entretanto desenvolvida.
A necessidade ou a importância de uma intervenção de restauro está directamente
relacionada com a condição actual do objecto, ou do seu grau de degradação. Há
objectos que requerem mais atenção que outros. Por exemplo, uma peça produzida
em massa, como uma garrafa de Coca-Cola, não tem o mesmo tratamento e cuidados
que um protótipo único, como de uma cadeira dos irmãos Castiglioni. Até porque é
mais difícil encontrar informação sobre o material de objectos produzidos em massa.
RESTAURO EM OBJECTOS DE DESIGN
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do que objectos exclusivos. As peças produzidas em massa, e que continuam a ser
produzidas, vão evoluindo o método de produção e o material de fabrico. Esta evolução
implica estudos mais aprofundados e mais cuidados por parte dos conservadores.
Um Museu quando faz uma aquisição essa peça será a prioridade, caso seja necessário
intervir. A rapidez com que deve ser feito o processo de restauro, antes da exposição,
pode levar a que esta fique comprometida.
Os conservadores de colecções Contemporâneas ou de Design devem estar
constantemente atentos à evolução dos materiais, das diferentes técnicas de fabrico e
também ao facto de que cada Artista ou Designer trabalha de uma maneira ou aplica de
um outra / nova forma. Devem, também, manter o contacto com os Designers, com as
marcas dos produtos e dos materiais, laboratórios de pesquisa e especialistas da área.
Tudo isso é uma ajuda na pesquisa da melhor forma de actuar perante ‘aquele’ dano,
naquele material, daquela época, pois nos últimos anos tem-se vindo a verificar uma
‘onda’ de novos materiais.
A intervenção em plástico obriga a uma exigência superior, pois as reacções químicas
que podem acontecer derivadas de incorrectas operações são irreversíveis. Para não
provocarem estas reacções devem ser utilizados produtos aquosos.
Muitas vezes, o que parece uma intervenção simples, como a desinfestação de uma
superfície ou reconstituir partes quebradas, pode resultar em danos muito graves, num
futuro próximo. Hoje sabe-se que a degradação do plástico deve-se a reacções químicas
irreversíveis, que embora não possa ser revertida, pode ser retardada.
O restauro em peças de Design é, portanto, um equilíbrio entre a possibilidade de manter
a sua função original e a minimização e reversibilidade da intervenção.
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Embora o principal desafio fosse a conservação dos detalhes embutidos, havia outros
problemas menores. Como o acabamento, que estava a empolar do lado esquerdo,
possivelmente como resultado da exposição ao calor. Não foi feito nenhum tratamento
sobre esta superfície, pois isso envolveria a remoção de cerca de 20% do original
e embora fosse visível à luz, a sua remoção teria um impacto menos desejado em
exposição.
O primeiro passo é a identificação e/ou confirmação dos materiais existentes na peça. No
caso dos plásticos deve-se identificar, no mínimo, a base polímera da qual é composta.
Este passo irá determinar a natureza e o tipo de tratamento a utilizar.
No smoker’s cabinet, o polímero dos triângulos amarelos, é descrito nos registos como
ErinoidTM2, embora esse aspecto não tenha ficado totalmente claro. Então foram
colhidas amostras do material original, do material aplicado em 1979 e do adesivo
que foi utilizado para fixar o polímero na madeira, para análise, utilizando o método
Fourier Transform Infrared Spectroscopy (FTIR)3. Foram retiradas pequenas partículas
esfregando suavemente um disco de carboneto de silicone. Após as análises feitas ao
pó, concluiu-se que a peça original era caseína, as peças oriundas do primeiro restauro
era PMMA4 ou PerspexTM(ICI) e o adesivo original foi cola de animal.
CASOS DE ESTUDO
Small Smoker’s Cabinet, 1916 - C.R. Mackintosh
Mesa de madeira com elementos decorativos em
plástico, embutidos na madeira.
Em 1986 a mesa foi restaurada1 e foram recolocados
os triângulos amarelos, depois da madeira limpa e
devidamente tratada e protegida. A peça já tinha sofrido
intervenções anteriores, em 1979, onde parte dos
triângulos decorativos foram alterados.The smoker’s cabinet antes da intervenção. Fotografia de V&A Photographic Studio
1 - Caso retirado do artigo
LANG, Shayne, (1996)
2- Um polímero sintético produzido à
base de caseína
3 - Técnica utilizada
para obter um espectro
de infravermelhos,
que permite a identi-
ficação um composto
ou a composição da
amostra.
4 - Mais conhecido como acrílico ou vidro
acrílico
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Havia três problemas principais com as peças embutidas no smoker’s cabinet. Um
quarto dos triângulos estavam soltos, outro quarto desaparecido e o restauro anterior foi
invasivo, tornando-se visivelmente inoportuno, porque a cor não correspondia à original.
Foram retirados todos os triângulos embutidos, o adesivo (cola animal) removido e a
superfície limpa com um cotonete ligeiramente húmido, antes de serem transpostos.
Após a pesquisa sobre qual o melhor polímero para substituir as peças, concluiu-se que
o Perspex seria a melhor solução, embora a sua espessura de três milímetros fosse
bastante superior à dos triângulos em caseína, originais. O novo material foi raspado,
e, para que o amarelo ficasse igual ao original, foi dada uma camada de cor, com tinta
acrílica em papel artesanal.
Esta solução imperfeita pode ser facilmente reversível no futuro, se for encontrado melhor
solução para os triângulos decorativos da peça.
Sacco - imagem retirada dos arquivos do MOMA.
Sacco, 1968 – Piero Gatti, Cesare Paolini, Franco Teodoro
Sacco é um puff, de Skinflex, um couro sintético feito de
poliuretano e cheio de pequenas esferas brancas de
poliestireno expandido (esferovite).
Foi objecto de restauro em 1996, por se encontrar em péssimo
estado de conservação, pois o couro sintético estava a
degradar-se, abrindo rasgos onde era possível ver-se o forro.
Após a análise ao material (através do método FTIR) foi
confirmado que o tecido era feito de poliuretano. Este material revela maior fragilidade
aquando exposto à luz e ao calor. O oxigénio e a humidade ambiente são também
causas da sua degradação, pois causam oxidação e hidólise5. É lamentável que um
objecto com menos de trinta anos não possa ser exibido/exposto. Não ficou esclarecido
se a degradação da peça foi causada por armazenamento inadequado ou se pela própria
natureza do material.
5- Desdobramento da molécula de certos
corpos orgânicos em presença de um
excesso de água.
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Blow - imagem retirada dos arquivos do V&A Museum.
Blow, 1967 - Gionatan de Pas, Donato D’Urbino,
Paolo Lomazzi and Carla Scolari
A cadeira Blow, feita em PVC, foi a primeira peça
de mobiliário insuflável produzido em massa, com
sucesso. Também objecto de restauro em 1996,
a cadeira Blow encontrava-se numa condição
dramática, pois o PVC tinha amarelecido.
Cozinha da Unidade Habitacional de
Marselha, 1946 – Le Corbusier
Restaurada e exposta depois de 50
anos de uso intensivo. No seu restauro
foram levados em conta os vestígios da
utilização, a intenção do Designer (cor
original, esquema, acabamentos) e a
degradação e conservação dos diferentes materiais. Segundo Tim Bechthold6, em torno
do restauro desta peça resultou uma grande discussão entre restaurar para obter o
aspecto original ou conservar a peça como os vestígios de uso.
6 - Responsavel pelo Laboratório
de conservação e restauro do IDMM.
Cozinha da Unité d’habitation, Marseille. fotografia retirada do site da BBC.
Este tipo de degradação não é reversível e pode ser causado por luz ultra violeta e/
ou pelo calor, mas pode ser retardado se o material for armazenado devidamente ou
exposto em espaços de pouca luz, semelhante às condições exigidas para os têxteis.
A almofada do acento encontrava-se em pior estado que o resto da cadeira, e
possivelmente não será insuflada novamente, pois a cadeira foi acidentalmente furada,
em 1980, e restaurada com um produto chamado Loctite TM, um adesivo irreversível e
que hoje não seria utilizado.
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Mambo Chair - imagem retirada dos arquivos do V&A Museum.
Mambo Chair, 1955 - Michael Inchbald
No início dos anos 90, os conservadores do V&A depararam-
-se com um problema no enchimento das almofadas. As
linhas originais da cadeira tinham desaparecido e a textura foi
completamente alterada, pois o estofamento da cadeira era
de espuma sintética de borracha, que enrijece e deteriora.
Este problema foi visto em muitas outras cadeiras da mesma altura. Os profissionais
encontraram-se perante um problema ético do restauro, bem conhecido da sua
história: tentar preservar o original ou substituir a espuma para que a cadeira possa
voltar a cumprir a sua função original?
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Após a finalização deste trabalho pode-se concluir que o Design é um processo,
através do qual todos os objectos ganham uma função. Um bom Design é um
processo complexo que junta várias exigências, muitas vezes contraditórias, mas que
devem ser obedecidas, para que a peça cumpra o seu objectivo – funcionar. Portanto,
só deve ser considerado um bom Design o projecto que junta num só, o factor estética,
económico, função, ecologia, conforto e durabilidade.
Um material que veio ajudar à evolução deste conceito foi o plástico, que rapidamente se
tornou muito apelativo aos Designers e aos fabricantes, pela sua versatilidade, rigidez e
ao mesmo tempo flexibilidade. E que permitiu o desenvolvimento de um número infinito
de formas e cores impossíveis de alcançar utilizando um material natural.
Os plásticos e derivados são polímeros semi-sintéticos e sintéticos fabricados e
manufacturados como sólidos, espumas, adesivos e vernizes, que, visíveis ou não,
estão cada vez mais presentes em numerosos objectos de valor, que vêm crescendo
desde o Séc. XIX.
No entanto, estes materiais modernos estão a degradar-se mais rapidamente do que o
esperado e em alguns casos este processo afecta não só o próprio objecto como também
os que o rodeiam. A origem e o ritmo do envelhecimento dos vários materiais sintéticos
são extremamente complexos e variados. Dependem da composição do material, dos
processos químicos que ocorrem dentro deles, da qualidade das combinações feitas
durante a produção da peça, da história e do percurso individual de cada objecto e
de como e quando foi armazenado (luz, temperatura, humidade e contaminantes
atmosféricos).
Tendo em conta estes aspectos e principalmente, após a correcta identificação do
material, deve-se estudar o comportamento do envelhecimento do objecto e actuar,
CONCLUSÃO
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utilizando as correctas medidas de conservação. Para prevenir as intervenções de
restauro, os conservadores devem implementar as medidas normais de conservação
preventiva, como vigiar regularmente as condições climatéricas a que estão sujeitos os
objectos, escrever relatórios sobre as condições em que se encontram, seleccionar os
materiais que os rodeiam, etc.
Aquando necessária a intervenção de restauro, os objectos de Design não diferem muito
das peças de Arte Contemporânea. Em ambos é primordial a correcta identificação
do material e da sua constituição para ser intervencionado, conservado e exposto
correctamente. O que leva a que cada peça seja um caso diferente.
Os Laboratórios dos Museus têm contribuído para a identificação e avaliação dos
compostos dos materiais, devido à necessidade de preservar a quantidade e variedade
de peças que estes têm nos seus acervos.
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Conservação e Restauro em Objectos de Design - Plástico
Liliana Correia Lino
FIELL, Charlotte; FIELL, Peter (2001); Design do Século XXI; Colecção ICONS; Taschen,
Colónia
FIELL, Charlotte; FIELL, Peter (2006); Design Handbook; Colecção ICONS;Taschen,
Colónia
Referências Electrónicas
20 | 21 Conservação e Restauro de Arte Contemporânea - Porto
http://www.2021.pt
Design Museum – Londres
http://www.designmuseum.org
INCCA – International Network for the Conservation of Contemporary Art
http://www.incca.org
Kartell Design Museum – Noviglio, Milão
http://www.kartell.it
Designophy – Design Knowledge Intermediary
http://www.designophy.com
Revista Art 21
http://blog.art21.org
The International Desgin Museum, Die Neue Sammlung - Munique
http://www.die-neue-sammlung.de
The Museum of Modern Arte – Nova Iorque
http://www.moma.org
Vitoria and Albert Museum - Londres
http://www.vam.ac.uk
Vitra Desgin Museum - Weil am Rhein
http://www.design-museum.de
BIBLIOGRAFIA
15
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Conservação e Restauro em Objectos de Design - Plástico
Liliana Correia Lino
Artigos Científicos
GRIFFITH, Roger, (1996), “Two Pooped-ou pop Charis: What in the Future for
our Plastic Collections?”, in Conservation Journal, Volume 21
KENEGHAN, Brenda, (1996), “Plastics? Not in my collection”, in Conservation
Journal, Volume 21.
KENEGHAN, Brenda, (2005), “Plastics Preservation at The V&A”, in
Conservation Journal, Volume 50.
KORENBERG, Capucine, (2003), “How fast do Polyester fabrics age in the
Museum Environment?”, in Conservation Journal, Volume 44.
LANG, Shayne, (1996), “Milk and Modernirm: Conservation of a Smoker’s
Cabinet Designed by Charles Mackintoch”, in Conservation Journal, Volume 21.
THEN, Edward, (1993), “A sourvey of plastic objects at The Victoria and Albert
Museum”, in Conservation Journal, Volume 06.
WILLIAMS, Gareth, (1996), “Plastics, Pop and Mass-Porduced Design in the
V&A’s Collections”, in , in Conservation Journal, Volume 21
WILLIAMS, R. Scott, (2002), “Care of Plastics, Malignant Plastics” in WAAC
Newsleters - Western Association for Art Conservation, Volume 24.
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Conservação e Restauro em Objectos de Design - Plástico
Liliana Correia Lino
Anexo I - POLÍMEROS INDESEJADOS
Há quatro polímeros que preocupa os Laboratórios de Restauro - A borracha,
os primeiros semi-sintéticos (nitrato de celulose e acetato de celulose); PVC e o
Poliuretano.
1. A borracha, com o tempo, torna-se seca e quebradiça, esfarelando-se
com o toque, principalmente devido à oxidação. Muito utilizada em brinquedos, calçado
e joalharia.
2. O nitrato e o acetato de celulose, são demasiado instáveis e degradam-
se facilmente, formando vapores ácidos que podem causar a degradação de obejctos
vizinhos. Utilizado, por exemplo, na produção de tecidos como a seda falsa.
3. PVC foi revolucionário na sua época, por ser o mais adaptável dos
polímeros. A perda da substância plastificante e o seu escurecimento são indicadores
da deterioração do material. O objecto fica pegajoso e atrai sujidade. Utilizado, por
exemplo, nas bonecas (Nenucos, Barbies…)
4. Espuma de Poliuretano está principalmente presente nas colecções
com almofadados e têxteis. A oxidação é o grande problema, libertando odores fortes.
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Anexo II - PRINCIPAIS MATERIAIS UTILIZADOS EM DESIGN
Botas de borracha defumada da década de 1820.
Pena em vulcanite.
Armação de óculos em acetato de celulose feito por processos artesanais. O arquiteto Le Corbusier usou um modelo semelhante.
Telefone DHB 1001, de Jean Heiberg, moldado em baquelite para Ericsson, 1932.
Protótipo de cadeira de acrílico sobre aço tubular, design de Gilbert Rohde, 1938
Puff com estofamento em vinil,1950.
LCW (Lounge Chair Wood), em contraplacado,1945
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Conservação e Restauro em Objectos de Design - Plástico
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Batedeira Braun KM321, design de 127 - Gerd A. Müller, moldado em poliestireno,1957.
Unidades de armazenamento Round Up, em ABS injectado, 1969.
Cinzeiro/lixeira 4650, em poliestireno injectado, 1964.
Cadeira Panton,1960. Produzida a partir de 1968 em poliuretano rígido; actualmente feita em polipropileno injectado
Cadeira Selene, de 1967. Produzida a partir de 1969 em Fibra de Vidro.
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Conservação e Restauro em Objectos de Design - Plástico
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Estante Carlton, Laminados plásticos sobre estrutura de madeira, 1981.
Chaleira 9093, Nylon moldado e aço cromado, 1985.
iMac, Apple Computers Inc., em policarbonato injectado, 1998.
Bolsa Melissa, Vinil injectado, 2004.
Cestas de papéis Afterglo e Garbo, feitas em ABS flexível, em 2001 e em polipropileno, em 1998.