Post on 11-Nov-2018
Conselho de Segurança das Nações Unidas –
Conferência de Paz de Genebra II
Guerra Civil na Síria: Os Desafios para Resolução do Conflito
Frederico Augusto Ribeiro da Silveira Diretor
Carol Telfser e Silva
Diretora Assistente
Juliana Ferreira Alvim Soares de Senna Diretora Assistente
Letícia Bevilaqua de Oliveira Campos Diretora Assistente
SUMÁRIO
1 A GUERRA CIVIL NA SÍRIA .............................................................................................. 3 2 CONFERÊNCIA DE GENEBRA II ...................................................................................... 6 3 O CONSELHO DE SEGURANÇA ...................................................................................... 7 3.1 Estrutura do Comitê ...................................................................................................... 8 4 POSIÇÕES DOS PRINCIPAIS ATORES ......................................................................... 10 4.1 Membros Contrários ao Governo Assad .................................................................... 10 4.1.1 Estados unidos, Reino Unido , França e Alemanha ............................................... 10 4.1.2 Arábia saudita ........................................................................................................... 11 4.1.3 Turquia....................................................................................................................... 12 4.2 Membros Favoráveis ao Governo Bashar .................................................................. 12 4.2.1 Rússia ........................................................................................................................ 12 4.2.2 Irã ............................................................................................................................... 13 4.2.3 China .......................................................................................................................... 13 5 QUESTÕES RELEVANTES NAS DISCUSSÕES............................................................. 13 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 15
1 A GUERRA CIVIL NA SÍRIA
Ao longo da história, diversas batalhas foram travadas para que reinos, impérios e
países pudessem impor sua influência sobre o Oriente Médio e todos os seus recursos naturais
e minerais. A Síria, estando inserida dentro deste espaço, não foi diferente. Sua história é
marcada por influência e rivalidades da Mesopotâmia e Egito, iniciando temporalmente a
história da região, até o último golpe militar que colocou em 1963 o Partido Baath1 no poder
da então República Árabe Síria. Atualmente o país se encontra em um novo conflito, A
Guerra Civil Síria, que é causa dos descontentamentos da população do país ao governo do
segundo líder do partido presente, Bashar al-Assad. (GENEVA, 1932).
MAPA I – Território da Síria em 2014
Fonte: GOVERNO DA VENEZUELA, 2014.
Em março de 2011, explode na Síria a guerra civil que hoje assola o país. O conflito
que teve início pacífico se transformou em uma onda de mortos e refugiados, causando
destruição à infraestrutura do país e gerando uma crise humanitária regional que até a
atualidade (JANEIRO DE 2014) afeta milhares de pessoas.
1 Partido Baath: é uma forma experimental de adaptar o panorama social árabe e os códigos do islamismo, ao
socialismo. As localidades em que o Partido Baath teve sucesso foram o Iraque e a Síria, nações em que foram
estabelecidos, sob esse ideal, os sistemas de governo, respectivamente, de Saddam Hussein e Hafez Assad.
Bashar al-Assad, da minoria étnico-religiosa alauíta, é o atual presidente da República
Árabe da Síria e governa o país desde a morte de seu pai e ditador, Hafez al-Assad.
Contestado pela maioria sunita que reivindicava democracia e liberdade de imprensa, o
governo de Assad continua praticando nepotismo, favorecendo a ascensão social e econômica
de seu povo, enquanto que a outra parcela da população sunita é omitida pelo governo.
(ECONOMIST, 2011).
Um mês após a morte de seu pai, Bashar al-Assad, seu filho e herdeiro político,
assumiu o comando do país. Na época (JULHO DE 2000), Bashar foi eleito por meio de um
referendo e tornando-se general do Estado-Maior e chefe supremo das Forças Armadas da
Síria. No começo de seu mandato, fez pronunciamentos que apontavam para dias de
democracia, liberdade de imprensa e respeito aos Direitos Humanos. Politicamente era uma
forma de agradar aos Estados Unidos e a maioria dos países da Europa, contrários ao regime
imposto por seu pai. Porém, esses pronunciamentos não se concretizaram de fato. A repressão
aos opositores permaneceu a mesma, e os alauítas2 prosseguiam sendo beneficiados pelo
governo Bashar, enquanto a maioria sunita continuava a ser negligenciada (KOELBL, 2011).
Os protestos continuavam acontecendo em toda a Síria, mas em episódios pontuais e
sem muita repercussão na esfera internacional. Esse cenário começaria a mudar em maio de
2007, quando, após um referendo, Bashar al-Assad foi reeleito com 97% de aprovação.
(ALBAWABA, 2007). Sua reeleição, e o fato do presidente terem concorrido ao cargo
sozinho geraram mais manifestos por parte da oposição. A fim de buscar apoio internacional,
al-Assad iniciou em 2010 uma série de viagens por vários países. No entanto, a situação na
Síria continuava tensa e sairia totalmente do controle do governo sírio no início de 2011.
Quando influenciados pela queda de dois ditadores – o tunisiano Zine El Abidine Ben Ali, em
janeiro, e o egípcio Hosni Mubarak, em fevereiro –, no episódio conhecido como Primavera
Árabe3, seus opositores decidiram sair às ruas. ( KOELBL, 2011).
Em março de 2011, protestos e passeatas eclodiram em toda a Síria, exigindo a
renúncia de Bashar al-Assad. O presidente reagiu exatamente como o pai fizera em fevereiro
de 1982, quando também era reivindicado sua saída do governo, devido ao Massacre de
2 Alauítas: são do Islã xiita. Como os demais muçulmanos, têm o Alcorão como o livro sagrado, mas dão aos
capítulos e versículos interpretações esotéricas. Acreditam na reencarnação. 3 Primavera Árabe: é conhecida internacionalmente como uma onda revolucionária de manifestações e protestos
que vêm ocorrendo no Oriente Médio e no Norte da África desde 18 de dezembro de 2010. As manifestações
reivindicavam mudanças do governo vigente, caracterizados pelo despotismo, pela restrita liberdade de
manifestação, pela pouca ou nenhuma participação dos povos na condução de seus países, graças a regimes
monárquicos e ditaduras que os governam. (BRANCO,2011).
Hama4: enviou tropas do Exército às cidades nas quais a oposição era mais fervorosa. Em
apenas dois dias – 18 e 19 de março -, estima-se que mais de 500 pessoas, quase todas civis,
tenham sido mortas pelas forças do regime. À época, o secretário-geral das Nações Unidas,
Ban Ki-moon, classificou o uso da força letal de “inaceitável”, e a representante da União
Europeia para Assuntos Estrangeiros e Políticas de Segurança, Catherine Ashton, declarou
que a situação na Síria era “intolerável” e que o país precisava passar por reformas políticas
(ALJAZEERA, 2011).
A violência, no entanto, prosseguia. Em algumas das cidades sitiadas, o Governo Sírio
chegou a suspender o fornecimento de água e de energia elétrica para determinados bairros.
(OWEIS, 2012). Foi o que aconteceu em Daraa, Hama, Latakia e Homs, a maior cidade síria
contrária a al-Assad. Nessas localidades, começaram a surgir relatos de truculência extrema
por parte do Exército e suas milícias: assassinatos de famílias inteiras diante dos vizinhos,
estupros, homicídios de crianças, decapitações em praça pública, tornando-se assim uma
ameaça e violação aos direitos humanos. A situação chegou a tal ponto que, ao final de 2011,
cerca de três mil soldados e oficiais desertaram do Exército Sírio por discordar das ações do
governo. Unidos a civis, eles formaram o chamado Exército Livre da Síria, a maior força
armada contrária ao regime. Foi criado, também, o Conselho Nacional Sírio, constituído pela
oposição para ser uma espécie de governo paralelo. Nesse cenário, os combates se
intensificaram ainda mais. (ALJAZEERA, 2011).
Em meio aos confrontos entre as forças do governo e dos rebeldes, estes primeiros, o
exército da Síria, foram acusados pela oposição de usar armas químicas no final de agosto de
2013 na região ao leste de Ghouta, próximo a capital Damasco e na província de Rif
Dimashq, que são zonas controladas por simpatizantes da oposição ou que ainda estavam em
disputa. Nesse ataque foram totalizadas mais de 1.700 mortes, dentre eles muitas crianças,
inclusive recém-nascidos, segundo algumas fontes. (SPENCER,2013). Esse ataque,
presumivelmente com recurso a gás sarin5, acontece numa altura em que peritos das Nações
Unidas se encontravam no terreno precisamente para investigar as denúncias da utilização de
armas químicas por parte do regime sírio. Em pronunciamento, o regime de Bashar al-Assad
negou ser autor destes ataques com armas químicas e acusou os rebeldes de o terem feito para
4 Massacre de Hama: Foi um bombardeio em resposta aos movimentos de revolta contra o governo de Hafez Al-
Assad, sublevação esta comandada pela Irmandade Mulçumana, que estima-se , segundo a Anistia Internacional,
a morte entre 10 mil a 25 mil pessoas em Hama. 5O gás sarin é conhecido pelo seu poder neurotóxico. Desde 1991, segundo a ONU, é um gás considerado como
arma de destruição em massa, pois, ao ser absorvido pela respiração humano ou pela pele e mucosas, invade a
corrente sanguínea, consequentemente, a vítima sofre desmaios e bloqueio dos impulsos nervosos, na última
hora falecendo por parada cardiorrespiratória.
divulgar notícias falsas ao seu respeito e desviar a atenção das suas derrotas. (REUTERS,
2013).
Os Estados Unidos, apoiados pela França e Reino Unidos, em resposta aos ataques
químicos por parte do governo sírio, ameaçaram atacar com forças militares o regime de
Bashar al-Assad. Em contraposição e aliados a Bashar, China e Irã repudiaram a possibilidade
de ataque à Síria ( ZEENEWS,2013). O Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU),
então, se reuniu em 21 de agosto de 2013, a pedido de vários países, para discutir a questão da
utilização de armas químicas pela Síria. Estados Unidos, França, Reino Unido, Luxemburgo e
Coreia do Sul, cinco dos 15 países que integram o Conselho de Segurança das Nações Unidas
(CSNU), demandaram a reunião imediata do órgão. A ONU também foi pressionada pela
manifestação da Arábia Saudita, em tomar providências para o fim da tragédia na Síria
(GLADSTONE, 2012)
2 CONFERÊNCIA DE GENEBRA II
Na busca por uma resolução para o fim da guerra civil na Síria, acontecerá de 22 a 31
de janeiro de 2014, a segunda rodada de negociações, da Conferência de paz Genebra-II. O
Objetivo da Conferência é atingido pelo enviado de Paz da ONU e mediador do conflito
Lakhdar Brahimi, em cooperação com os Estados Unidos e Rússia. De acordo com o
Observatório Síria para os Direitos Humanos-(OSDH)6, enquanto a conferência estiver
ocorrendo estima-se que pelo menos 1.000 pessoas morrerão em toda a Síria, mais uma vez
reforçando a necessidade do fim da guerra civil síria.
Nessa rodada será debatido entre o governo atual da Síria de Bashar al-Assad, e seus
opositores, medidas e resoluções para o conflito. O presidente Bashar al-Assad, de acordo
com a TV estatal, disse que a paz na Síria depende do „fim do apoio a grupos terroristas e às
pressões de estados patrocinadores‟, o que culmina em um fortalecimento da oposição
considerada como terrorista pelo governo sírio e que sem os seus apoiadores internacionais
não teriam recursos para continuar na guerra. Enquanto essas medidas não são implantadas e
as negociações não acontecem, a guerra civil na Síria não tem um fim, confrontos continuam
6 Observatório Síria para os Direitos Humanos: é um organização opositora ao governo sírio de Bashar al-Assad
financiada pela união europeia e países ocidentais. É uma organização que obtém informações do conflito sírio,
principalmente, dados sobre direitos humanos e quando este é violado. O Observatório conta com integrantes em
território sírio que tem a função de passar informações para a organização.
sendo direcionados a cada dia para novos rumos e maiores números de mortos, gerando mais
preocupações nos fóruns internacionais.
Em junho de 2012 foi realizada em Genebra, pela iniciativa do enviado de paz da
ONU na época, Koffi Annan, a primeira conferência sobre a Síria. Nessa rodada foi discutido
que qualquer acordo político realizado deveria proporcionar uma boa perspectiva de futuro
para a Síria, de maneira que não haja mais derramamento de sangue e violência no país. Para
as negociações do país, devem incluir todos os grupos e segmentos da sociedade na Síria, que
seja feito uma revisão da ordem institucional e do sistema legal sírio, eleições multipartidárias
e participação integral das mulheres em todos os aspectos da transição.
(MIDDLEEASTLIVE,2012).
Logo após a reunião de 2012, já com o novo enviado de paz da ONU para a Síria,
Lakhdar Brahimi, foi iniciando os preparativos para a nova Conferência de paz da Síria, com
cooperação com a Federação Rússia e os Estados Unidos. Os dois lados de apoio objetivaram
através dos debates do governo e Oposição Síria acabarem com o derramamento de sangue,
iniciativa esta impulsionada após os ataques químicos em Damasco, capital da Síria, que
resultou em milhares de mortes, incluindo grandes números de crianças, em agosto de 2013.
(DEPASQUALE,2012).
A Conferência de Genebra II pretendeu resultar nos debates realizados com os dois
lados da guerra, meios de se implementar um governo em transição, o fim da guerra e o início
do processo para a criação da Nova República da Síria. (BRITISH BROADCASTING
CORPORATION,2014). Para as negociações, Brahimi explicou que os convites foram feitos
incluindo para a ONU, os cincos membros permanente do Conselho de Segurança (China,
França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos), a Liga dos Estados Árabes, a União
Europeia, a Organização para Cooperação Islâmica e outros vinte e seis países.
3 O CONSELHO DE SEGURANÇA
O Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) é um órgão criado em 1949
após o fim da Segunda Guerra Mundial. Possui poderes normativos com caráter mandatório,
sendo assim os membros da organização obrigados a acatar suas decisões, assim não
ocorrendo o mesmo com a decisão dos demais órgãos com característica recomendatória.
(SILVA, 2009). O art. 24 da Carta da ONU (1945) denota a responsabilidade e o papel do
Conselho de Segurança no âmbito internacional:
A fim de assegurar uma ação pronta e eficaz por parte das Nações Unidas, os seus
membros conferem ao Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) a
principal responsabilidade na manutenção da paz e da segurança internacionais, e
concordam em que, no cumprimento dos deveres impostos por essa
responsabilidade, o Conselho de segurança das Nações Unidas (CSNU) aja em nome
deles. No cumprimento desses deveres, o Conselho de Segurança das Nações Unidas
(CSNU) agirá de acordo com os objetivos e os princípios das Nações Unidas. Os
poderes específicos concedidos ao Conselho de Segurança das Nações Unidas
(CSNU) para o cumprimento dos referidos deveres estão definidos nos capítulos VI,
VII, VIII e XII. O Conselho de Segurança submeterá à apreciação da Assembleia
Geral relatórios anuais e, quando necessário, relatórios especiais.
A finalidade essencial do Conselho de Segurança é propor resoluções de conflitos e
guerras internacionais para garantir a manutenção da paz e a segurança internacional. Esse
objetivo é atingido através de autorização de missões políticas e de resguardo da paz, assim,
como autorizar intervenções em alguns países, caso seja necessário. A Carta da ONU é o
resultado da necessidade de criação de laços e meios para se evitar que novas catástrofes de
guerras retornassem a assolar o mundo. Dessa maneira, a Organização buscou direito
legalmente estabelecida para conduzir os Estados em normas e diretrizes executáveis e
obrigatórias para a manutenção da paz. Originou-se assim o Conselho de segurança, o órgão
da ONU com poderes capazes de ser responsável pela manutenção da paz e proteção
internacional ( KENNEDY,2006).
3.1 Estrutura do Comitê
O Órgão é constituído por quinze membros no total, sendo cinco países como
membros permanentes e dez como rotativos. Os membros permanentes possuem direito ao
veto7, são: China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos da América. Os membros
rotativos são eleitos na Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU), por maioria
qualificada, ara mandato de dois anos. Para que sejam eleitos, os candidatos devem obedecer
a dois critérios, que são: (i) que os candidatos a membro contribuem de alguma forma para a
paz e a segurança internacional, (ii) deverá estar assegurada uma representação geográfica de
7 Veto: Refere-se ao poder de veto exercido exclusivamente pelos cinco membros permanentes do Conselho de
Segurança da ONU (China, Estados Unidos, França, Rússia e Reino Unido), permitindo-lhes evitar a adoção de
qualquer projeto "adicional" pela Resolução do Conselho, independentemente do apoio internacional para o
projeto. O veto não se aplica aos votos processuais, o que é significativo na medida em que os membros
permanentes do Conselho de Segurança podem votar contra um projeto de resolução "processual", sem
necessariamente bloquear a sua aceitação pelo Conselho.
forma equilibrada, equitativa. (PATRIOTA, 1998).
Atualmente, o Conselho de Segurança possui dez membros rotativos eleitos, sendo
que destes, cinco foram eleitos em 2013 e cinco passaram a ocupar essas cadeiras a partir do
dia 1° de janeiro de 2014. Esses novos membros foram eleitos através dos critérios
mencionados e das distribuições regionais, sendo assim, destina-se dois assentos para África,
dois assentos para a América Latina e Caribe, dois assentos à Ásia e dois assentos são
destinados à Europa Ocidental. Temos ainda, a destinação de mais um assento não
permanente para um país do Leste Europeu, e um último assento rotativo sendo direcionados
alternadamente a cada dois anos para um país asiático e africano. Assim, o Conselho de
Segurança busca assegurar em suas reuniões a representatividade de todos os continentes.
Dessa maneira, o corpo de membros não permanentes do Conselho de Segurança e seus
respectivos mandados são compostos por: Argentina (2013), Austrália (2013), Chade (2014),
Chile (2014), Coréia do Sul (2013), Jordânia (2014), Lituânia (2014), Luxemburgo (2013),
Nigéria (2014) e Ruanda (2013) (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS [ONU],2013).
Logo, conforme mencionado, o Conselho de Segurança tem seu corpo organizador composto
obedecendo ao art 23 da Carta (1945) que dita:
1. O Conselho de Segurança será constituído por 15 membros das Nações Unidas. A
República da China, a França, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, o
Reino Unido da Grã-Bretanha e a Irlanda do Norte e os Estados Unidos da América
serão membros permanentes do Conselho de Segurança. A Assembleia Geral
elegerá 10 outros membros das Nações Unidas para membros não permanentes do
Conselho de Segurança, tendo especialmente em vista, em primeiro lugar, a
contribuição dos membros das Nações Unidas para a manutenção da paz e da
segurança internacionais e para os outros objetivos da Organização e também uma
distribuição geográfica equitativa.
2. Os membros não permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas
(CSNU) serão eleitos por um período de dois anos. Na primeira eleição dos
membros não permanentes, depois do aumento do número de membros do
Conselho de Segurança de 11 para 15, dois dos quatro membros a adicionais serão
eleitos por um período de um ano. Nenhum membro que termine o seu mandato
poderá ser reeleito para o período imediato.
3. Cada membro do Conselho de Segurança terá um representante.
De acordo com o Artigo 23 da Carta, e a ordem destacada por ele, os membros
permanentes do Conselho de Segurança são, a República da China, a França, a União das
Repúblicas Socialistas Soviéticas, sucedida pela Federação Russa, o Reino Unido da Grã
Bretanha e Irlanda do Norte e os Estados Unidos da América.
O processo de adoção de resolução pelo Conselho ocorre somente com a aprovação
deste pelos cincos membros permanentes, portanto, sem manifestar seu poder de veto, e ao
menos mais quatros nações entre os membros não permanentes no Conselho de Segurança.
Dessa maneira, todos os membros permanentes devem acordar com o que tange a resolução
em votação, caso contrário, será configurado como veto e a resolução não será aprovada. No
entanto, a abstenção de um membro permanente ou seu voto negativo não dá o direito a veto,
podendo ser, a resolução, aprovada nessas circunstâncias. Em suma, uma resolução só será
inviabilizada caso não consiga os noves votos afirmativos ou pelo uso do veto de pelo menos
um dos membros permanentes do Conselho de Segurança (MARQUES, 2005).
4 POSIÇÕES DOS PRINCIPAIS ATORES
Perante as relações de alianças com o Estado Sírio e com a Oposição ao governo de
Bashar al-Assad os países foram classificados como aliados a Assad, apoio à oposição e
países neutros. As posteriores mudanças das posições dos atores podem mudar de acordo com
o desenrolar dos acontecimentos na Síria, assim como surgimento de novos atores estatais no
conflito.
4.1 Membros Contrários ao Governo Assad
Todos os membros contrários ao Governo de Assad tem uma postura de defesa das
reivindicações da oposição do governo sírio.
4.1.1 Estados unidos, Reino Unido , França e Alemanha
O “Chamado Grupo de Apoio Sírio” passou a ser financiado em julho de 2012 pelo
governo dos Estados Unidos, que ajudou a financiar o Exército Livre da Síria. A Agência de
Inteligência Americana, a CIA, teria agentes trabalhando na região, que estariam facilitando a
entrada ilegal de armas antitanque, rifles e munições para fuzis, e outros equipamentos
bélicos, para a oposição de Bashar al-Assad. O Departamento de Estado americano também
reportou ter dado uma ajuda financeira no valor de US$15 milhões de dólares a grupos de
oposição na Síria. Estariam sendo mantidos até 150 soldados americanos na Jordânia onde
trabalham para treinar e dar suporte a membros das organizações de guerrilheiros sírios.
(SPENCER, 2012).
Logo no início de 2012, os Estados Unidos, o Reino Unido e a França passaram a
disponibilizar para a oposição síria grandes quantidades de armamentos não letais, onde
destes também se encontram equipamentos de comunicação e suprimentos médicos. Os
apoios com inteligência também são fornecidos pela Inglaterra a partir de sua base no Chipre,
em cooperação com militares turcos e com rebeldes anti-Assad. A CIA também fornece apoio
técnico à oposição, realizando operações ilegais na fronteira entre o país sírio e a Jordânia,
ajudando a oposição anti-assad a contrabandear armas e fornecendo outros tipos de apoio
logístico. Além disso, também estariam ajudando em formar novas rotas de suprimentos e
treinamento no uso de equipamentos eletrônicos e de comunição. O Serviço Federal de
Inteligência Alemão (BND) monitora movimentos do exército sírio, faz o uso do grampo de
ligações telefônicas de membros do governo de Bashar al-Assad e intercepta sinais de ligação
de rádio a partir da Base Aérea na Turquia, e também a partir de navios de reconhecimento da
classe Alster próximos a costa síria. De acordo com o jornal Bild, o BND tem uma rede de
pessoas informantes dentro do Partido Baath. No início de 2013, a Inglaterra e a França
anunciaram o desejo e a possibilidade de iniciarem o envio de armamento pesado para a
oposição a Assad, mesmo que na União Europeia estivesse até então em vigor o embargo de
armas. Em 27 de maio, a União Europeia votou por suspender este embargo. Em contraponto,
os Estados Unidos advertiram sobre o risco de enviar armas pesadas, pela possibilidade destas
serem logradas para grupos jihadistas. (DOUGHERTY, 20013)
4.1.2 Arábia saudita
O Governo da Arábia Saudita contribui, supostamente, com a oposição síria por meio
de fornecimento de armamento pesado e com ajuda financeira para sua sustentação no
conflito. Através da fronteira com a Jordânia, a oposição recebe munições e armas, muitas
destes vindos da Croácia. O recebimento dessas armas pelos rebeldes começou em dezembro
de 2012, assim retirando a oposição da defensiva em várias localidades da Síria contra as
forças do governo de Bashar al-Assad. (CHIVERS,2013). Ahmad Jarba, o novo líder da
oposição contra Assad, afirmou em julho de 2013, que o governo saudita estaria fazendo
envio de diversas novas “armas avançadas” para uso de seu exército. (OWEIS,2013).
4.1.3 Turquia
A Turquia, após estar aliada a Síria, passou a ser uma das principais oposições ao
governo de Bashar al-Assad. Desaprovou a violência da repressão do governo sírio e passou a
pedir que o líder deste renunciasse. A Turquia estaria unificando os grupos armados de
oposição, que em seu território, em julho de 2011, foi criado o chamado Exército Livre da
Síria, dando abrigo e treinando os membros das guerrilhas que lutam contra Assad. Os
rebeldes recebem armamentos pesados e outros equipamentos militares advindos da Arábia
Saudita, Qatar e também da Turquia. Além de equipamentos, os rebeldes também recebem
vasto apoio dos serviços de inteligência turco. Istambul, a capital turca é utilizada como um
ponto onde se encontram os opositores do regime de Assad, e o comandante do Exército Livre
da Síria, o principal grupo de oposição armada da Síria, o coronel Riad al-Asaad, toma
refúgio em território do país. Ao passo que o conflito ganha novos acontecimentos, a Turquia
tem tornado-se cada vez mais contrária ao governo do ditador Bashar al-Assad. Desde maio
de 2012, os turcos tem, supostamente, dado treino e armamento em larga escala para os
opositores sírios.(WIESS, 2012).
4.2 Membros Favoráveis ao Governo Bashar
Todos os membros favoráveis ao Governo de Assad tem uma postura de defesa das
reivindicações de soberania do governo sírio.
4.2.1 Rússia
A Rússia é a principal e uma das maiores fontes que apoia o governo de Bashar al-
Assad. Os russos auxiliam a síria com o envio de armas, suprimentos, apoio militar técnico
desde antes do início da guerra civil síria. De acordo com pesquisas e investigações, a Rússia
estaria dando apoio financeiro à fraca economia que o regime Assad enfrenta, recebendo até
mesmo dinheiro líquido. O governo russo também é considerado como um dos maiores
fornecedores de armas para as forças armadas sírias durante o conflito. (SIPSE, 2012)
4.2.2 Irã
Grande aliado a Bashar al-Assad é o Irã, que foi, até o momento, o único país a fazer
envios oficiais de tropas para lutarem na guerra civil na Síria. Grande parte dos soldados
enviados pelo Irã é pertencente a sua Guarda revolucionária iraniana. O Iraque, localizado
entre a Síria e o Irã, foi criticado pelo governo americano por permitir que aviões iranianos
sobrevoem o país fazendo o transporte de armas bélicas e suprimentos de guerra para o
regime Assad. O Irã, por meio de seu líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei, já se declarou
dar e ser de apoio ao governo sírio. (GORDON, 2012).
4.2.3China
Dentro do Conselho de Segurança, a China tem tomado posturas que vão a favor do
governo sírio. Em 2012, os chineses vetaram sanções sobre o país sírio e em setembro,
declarou sua adoção de postura “imparcial” na guerra civil síria, se distanciando do governo
de Bashar al-Assad. Em pronunciamento, a China disse está de apoio com um novo governo
de transição na Síria, mesmo não dando apoio a qualquer intervenção externa na guerra civil.
(REUTERS,2012).
5 QUESTÕES RELEVANTES NAS DISCUSSÕES
Nesta seção, vamos introduzir questionamentos que devem ser discutidos nas
simulações. Com a criação da agenda, elaboramos algumas questões que darão norteamento e
orientação para as pesquisas e para formulação de estratégias de negociação do comitê.
-Quais medidas devem ser adotadas para que o conflito cesse e se tenha uma negociação
pacífica?
- Qual o papel do Conselho de Segurança como intermediador entre as partes do litígio?
-Quais os mecanismos o Conselho de Segurança possui para responder a possíveis
intervenções militares de urgência na Síria?
- Como elaborar medidas para que não se tenha o uso de armas químicas na Síria e estas não
caiam nas mãos de terroristas?
- Como conciliar as inspirações dos rebeldes com a manutenção do poder de Bashar al-Assad?
- Em que medida o conflito na Síria pode culminar em uma 3° Guerra Mundial, e o que fazer
para evitá-la?
- O Conselho de Segurança tem como missão zelar pela continuidade da paz e da segurança
internacional, em que medida esse objetivo é alcançado com a Conferência de Paz de
Genebra-II ?
REFERÊNCIAS
ALBAWABA. Over 97% of Syrian voters back Bashar Assad for new seven-year
mandate. 2007 . Disponível em: <http://www.albawaba.com/news/over-97-syrian-voters-
back-bashar-assad-new-seven-year-mandate> Acesso em 9 março 2014.
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AL JAZIRA, UN chief slams Syria's crackdown on protests. Catar, 2011. Disponível em: <
http://www.aljazeera.com/news/middleeast/2011/03/2011318231622114396.html> Acesso
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DOUGHERTY, Jill. Kerry: U.S. not planning to arm Syrian rebels 'at the moment'.
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Tabela de demanda das representações
Na tabela a seguir cada representação do comitê é classificada quanto ao nível de
demanda que será exigido do delegado, numa escala de 1 a 3. Notem que não se trata de
uma classificação de importância ou nível de dificuldade, mas do quanto cada
representação será demandada a participar dos debates neste comitê. Esperamos que essa
relação sirva para auxiliar as delegações na alocação de seus membros, priorizando a
participação de delegados mais experientes nos comitês em que a representação do colégio for
mais demandada.
Legenda
Representações pontualmente demandadas a tomar parte
nas discussões
Representações medianamente demandadas a tomar parte
nas discussões
Representações frequentemente demandadas a tomar
parte nas discussões
REPRESENTAÇÃO DEMANDA
1. África do Sul
2. Alemanha
3. Arábia Saudita
4. Argélia
5. Austrália
6. Bahrein
7. Bélgica
8. Brasil
9. Canadá
10. Catar
11. China
12. Coreia do Sul
13. Dinamarca
14. Egito
15. Emirados Árabes
16. Espanha
17. Estados Unidos
18. França
19. Grécia
20. Índia
21. Indonésia
22. Iraque
23. Itália
24. Japão
25. Jordânia
26. Kuwait
27. Líbano
28. Luxemburgo
29. Marrocos
30. México
31. Noruega
32. Omã
33. Países Baixos
34. Reino Unido
35. Rússia
36. Santa Sé