Post on 27-Jul-2020
Anais do Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI 2016 - ISSN: 2318-698 | Juiz de fora/MG -
01 e 02 de dezembro de 2016
- 2504 -
ARTIGO - CAF – CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
COMPARAÇÃO DAS INFORMAÇÕES DIVULGADAS NOS RELATÓRIOS
ANUAIS DA ADMINISTRAÇÃO E OS RESULTADOS FINANCEIROS DA
EMPRESA OGX PETRÓLEO E GÁS S.A. NOS PERÍODOS DE 2011 A 2014
GABRIELLE MOTA DE QUEIROZ, FABRÍCIO AFONSO DE SOUZA, MÔNICA DE
OLIVEIRA COSTA, FARANA DE OLIVEIRA MARIANO, CÍCERO GUERRA
O objetivo deste artigo é comparar as informações divulgadas nos relatórios anuais da
administração e os resultados financeiros da empresa OGX Petróleo e Gás S.A. no período de
2011 a 2014 para verificar se há harmonia, ou seja, coerência entre elas. A análise de dados
compreendeu 08 relatórios, sendo 04 relatórios anuais da administração e 04 demonstrações
financeiras. Foram escolhidas palavras-chave referentes a dois temas centrais: rentabilidade e
crescimento. Por meio de análise de conteúdo analisou-se o contexto em que essas palavras-
chave apareciam nos relatórios (positivo quantitativo, positivo qualitativo, negativo
quantitativo e negativo qualitativo). Obtidas as frequências, foram realizadas comparações do
texto com os números. Os resultados indicaram que nas informações vinculadas ao tema
rentabilidade, não existe harmonia entre as seções narrativas e o desempenho financeiro das
empresas. Nas informações vinculadas ao crescimento, a coerência não é total. Concluiu-se
que não há uma total harmonia entre as informações do texto e os números da organização, ou
seja, existe um viés nas informações.
Palavras-Chave: Relatórios anuais; Comparação de informações; Análise de conteúdo.
1. INTRODUÇÃO
Este estudo realizou uma comparação entre as informações divulgadas nos relatórios
anuais da administração e os resultados financeiros da empresa OGX Petróleo no período de
2011 a 2014 para verificar se existe harmonia entre elas.
Os relatórios contábeis divulgados pelas empresas têm por objetivo trazer informações
dos resultados contábeis e financeiros para seus usuários, e são denominados: Demonstrações
Contábeis, Notas Explicativas e o Relatório da Administração (LORANDI; MUNARI, 2007).
As demonstrações contábeis são os relatórios mais utilizados para medir o desempenho
financeiro patrimonial da organização em determinado período. Esse instrumento de gestão é
fundamental para auxiliar na tomadas de decisões (CUNHA; SILVA, 2008). Porém, a
Anais do Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI 2016 - ISSN: 2318-698 | Juiz de fora/MG -
01 e 02 de dezembro de 2016
- 2505 -
informação textual encontrada nas seções narrativas do relatório da administração pode ser
relevante na hora de avaliar a empresa.
Para Ferreira et al (2015) as seções narrativas do relatório da administração buscam
relatar as atividades desenvolvidas pela empresa, suas ações, planos e projetos frente ao
mercado.
Rodrigues e Silva (2015) citam que o relatório da administração inclui um conjunto de
informações sobre os negócios e os substanciais episódios administrativos de uma empresa.
Pode apresentar maleabilidade que os demais por ser menos técnico, como qualquer outro
relatório, sendo necessário ter harmonia com a situação exposta nas demonstrações
financeiras da organização. Segundo os mesmo autores, o relatório da administração pode
atrair e manter investidores e deve respeitar os aspectos qualitativos da informação contábil
como representação fidedigna, comparabilidade e compreensibilidade.
Todavia, pode haver um viés acerca da fidelidade das informações divulgadas nas
seções narrativas dos relatórios da administração já que pode haver a tendência da
organização em usar a informação para se apresentar favorável aos demais, melhorando sua
imagem (GUIMARÃES, 2011).
Neste contexto, em que a relevância do relatório da administração pode ser
questionada pelo viés entre suas informações divulgadas e o conteúdo das suas demonstrações
financeiras, essa pesquisa respondeu o seguinte problema de pesquisa: Existe distorção entre
as seções narrativas do relatório da administração divulgadas pela empresa OGX Petróleo e as
suas demonstrações financeiras nos períodos de 2011 a 2014.
Por esse motivo justifica-se a pesquisa a ser realizada com a importância das
narrativas contábeis e sua relação com o desempenho financeiro da organização, podendo
afetar sua continuidade, sendo também uma grande ferramenta para o gerenciamento de
resultados (CLATWORTHY; JONES, 2007).
Esta pesquisa visa contribuir para melhoria do conteúdo das seções narrativas do
relatório da administração ao trazer discussões sobre a harmonia de suas informações
divulgadas aos seus usuários com as demonstrações financeiras. Podendo contribuir também
para a ampliação de estudos que verificam a harmonia entre as informações passadas pelas
seções narrativas dos relatórios da administração e o seu desempenho financeiro. Além disso,
a presente pesquisa analisou a empresa OGX Petróleo em situações financeiras diferentes,
sendo uma pesquisa mais direcionada.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Anais do Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI 2016 - ISSN: 2318-698 | Juiz de fora/MG -
01 e 02 de dezembro de 2016
- 2506 -
2.1. RELEVÂNCIA DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL
A informação se tornou um importante instrumento nos negócios, quem a dispor com
qualidade, permanecerá à frente de seus concorrentes, pois gerenciar uma organização seja ela
grande ou pequena requer que os administradores disponham de informações relevantes para
o sucesso empresarial (LUCENA; VASCONCELOS, 2004).
Mcgee e Prusak (1994) defendem que no atual contexto empresarial, a informação é
um recurso substancial para as organizações, podendo efetivamente representar um benefício
competitivo para determinadas empresas.
Segundo Simon (1998), muitos indivíduos têm um pensamento errôneo quando
acreditam que quanto mais elevada a quantidade de informações, melhor, visto que os
indivíduos possuem habilidades limitadas de captação e análise de informações, e isso
proporciona dificuldade para as pessoas processarem essa informação. Paiva (2000) defende
que a divulgação de uma série de informações poderia provocar dispersão em pormenores que
nada auxilia a tomada de decisão, logo, a informação contábil deve ser revestida de qualidade,
objetividade, clareza, concisão, admitindo que o usuário possa analisar a situação econômica e
financeira da organização.
A informação contábil possui a função de diminuir a assimetria informacional
(LOPES; MARTINS, 2005). De modo suplementar, um dos atributos qualitativos da
informação contábil é a de que a mesma deve ser relevante para o usuário, contendo valor
preditivo que auxilia os usuários a prever eventos futuros (LONGARAY; PORTON, 2006).
E como fonte de informação, a contabilidade deve estar atenta à qualidade da
informação oferecida aos seus usuários, pois apesar de se pensar que ela está baseada apenas
na escala monetária, como nas demonstrações contábeis, ela também está ligada às seções
narrativas como no relatório da administração (CFC, 2008).
Almeida (1988) contribui afirmando que as organizações necessitam constantemente
de melhorar o conteúdo informacional de seus relatórios, além de dar-lhes harmonia. Lopes e
Martins (2005, p. 55) argumentam que ao mesmo tempo em que a contabilidade deu uma
vantagem ao mercado ao instituir a obrigatoriedade das empresas divulgarem suas
informações através das seções narrativas do relatório da administração, ela também criou a
possibilidade, o direito da empresa de escolher o que elas vão publicar, por essa razão, existe
um viés, pois eles obrigam a divulgação, mas não conseguem controlar a qualidade daquilo
que é divulgado, pois essa qualidade depende da decisão do administrador, por esse motivo
que é necessário existir ferramentas para atestar a qualidade das informações.
2.2. RELATÓRIOS ANUAIS DA ADMINISTRAÇÃO
Anais do Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI 2016 - ISSN: 2318-698 | Juiz de fora/MG -
01 e 02 de dezembro de 2016
- 2507 -
O Relatório da Administração tem sido utilizado como mecanismo que os gestores
utilizam para apresentar ao público externo e aos acionistas os conteúdos relevantes sobre as
atividades sociais e principais fatos administrativos realizados no exercício financeiro do ano
anterior ao de sua publicação.
No Brasil a Lei n° 6.404/76 define a obrigatoriedade da publicação dos relatórios da
administração para todas as sociedades anônimas de capital aberto. Para Lopes (2001) o maior
usuário das informações divulgadas no relatório da administração é o mercado financeiro.
Na CVM nº 15, de 28 de dezembro de 1987, esclarece o conteúdo mínimo que a ser
apresentado nas seções narrativas, como a apresentação dos negócios, produtos e serviços;
esclarecimento sobre a situação econômica, investimentos, fundos de seguridade e planos
sociais, as pesquisas e avanços; novos produtos e serviços; proteção ao meio ambiente,
direitos dos acionistas e dados de mercado; visão e desígnios para o exercício atual e futuros.
Ainda segundo o parecer, os relatórios devem:
[...] ser redigido com simplicidade de linguagem para ser acessível ao
maior número possível de leitores, devendo ser evitados adjetivos e
frases tais como "excelente resultado", "ótimo desempenho", "baixo
endividamento", "excelentes perspectivas", a menos que corroborado
por dados comparativos ou fatos (Parecer CVM 015, p.2).
O parecer de orientação da CVM nº 15, p.4 afirma que “convém observar que essas
sugestões não devem inibir a criatividade da administração em elaborar o seu relatório”. Por
não existir um padrão e por esse viés na orientação, os gestores se sentem na liberdade de
redigir o relatório conforme os interesses da organização, tornando as situações mais
favoráveis, essa atitude é facilitada já que a fiscalização sobre esses relatórios ocorrem com
pouca frequência (GUIMARÃES, 2011).
Tessarolo et al (2010) citam que a tendência da empresa apropriar qualidades com o
objetivo de construir uma imagem positiva da empresa é amplo, já que o mercado está cada
vez mais competitivo. Por isso há motivação do estudo da harmonia da parte textual dos
relatórios anuais da administração com suas demonstrações.
Balata e Breton (2005), como outros autores já levantaram dúvidas acerca da
fidelidade das informações divulgadas nos relatório da administração, pois as mesmas não são
controladas e nem sujeitas à auditoria como nas demonstrações financeiras, deixando assim,
os usuários expostos a informações possivelmente manipuladas ou contraditórias.
2.3. ESTUDOS ANTERIORES
Anais do Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI 2016 - ISSN: 2318-698 | Juiz de fora/MG -
01 e 02 de dezembro de 2016
- 2508 -
Inúmeros pesquisadores têm evidenciado a relevância das demonstrações através dos
números divulgados, mas vários estudos têm sido realizados na área das informações
narrativas, mostrando sua importância. Alguns estudos foram realizados para verificar se
existe a harmonia entre o relatório da administração e a demonstrações contábeis. Para
Beynon et al (2004), as pesquisas realizadas nessa área, das seções narrativas, são
classificadas em dois tipos: legibilidade e a análise de conteúdo.
Mendonça e Andrade (2003), concluíram que as organizações buscam criar e enviar ao
seu público informações que retratam estruturas ou ações, reais ou fictícias, harmônico com
as demandas do ambiente técnico-institucional.
Guimarães (2011) verificou se existe consistência na mensagem apresentada pelo texto
das seções narrativas dos relatórios anuais de empresas listadas na Bovespa, contrastando ao
desempenho financeiro divulgados por essas organizações. E para obter seu objetivo, foram
selecionadas 120 empresas listadas na Bovespa, no ano de 2009. Foi realizada uma análise de
conteúdo no texto dos relatórios anuais da administração com seu desempenho financeiro. O
autor concluiu “não há uma total consistência entre texto e números, ou seja, existe um
conflito nas informações, porém, de forma parcial” (GUIMARÃES, 2011, p.46).
Ferreira et al (2015) afirmou em sua pesquisa que as organizações buscam levantar
narrativas a fim de encobrir a percepção do público quando o desempenho financeiro é
negativo, porem, os mesmos autores alegaram que outros estudos utilizando seções narrativas
ainda são contraditórios. Abrahamson e Amir (1996), por conseguinte, encontraram
evidências de harmonia entre os relatórios de informações analisados.
2.4. METODOLOGIA
A pesquisa baseou-se no estudo anterior de Guimarães (2011), sendo desenvolvido um
estudo de caso em uma única empresa, a fim de verificar a partir da seleção de seus momentos
de crise se houve a intenção de melhorar a imagem das demonstrações nas seções narrativas
do relatório da administração. E ela se define pela abordagem empírica com informações
levantadas em demonstrações contábeis, incluindo os relatórios anuais da administração.
Quanto ao estudo, a pesquisa se classifica como descritiva, pois estabelece uma busca para
identificar ligação entre variáveis, definindo sua natureza (GIL, 1999).
Utilizou-se a técnica de análise de conteúdo, que tem por finalidade utilizar o conteúdo
de mensagens para evidenciar indicadores que afetam a realidade empresarial (BARDIN,
2012).
A construção da pesquisa contou com a empresa OGX Petróleo listada na Bovespa e
que teve seus relatórios anuais divulgados referentes aos anos de 2011 a 2014 e a coleta
desses relatórios foi efetuado diretamente no site da Bovespa e contou com uma amostra
Anais do Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI 2016 - ISSN: 2318-698 | Juiz de fora/MG -
01 e 02 de dezembro de 2016
- 2509 -
inicial de 08 relatórios (4 relatórios anuais da administração e 04 demonstrações financeiras).
A empresa foi escolhida para pesquisa, pois no período analisado estava passando por uma
crise econômica, na qual a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) deliberou investigações
para verificar se existiram falhas nas divulgações de informações ao mercado.
É necessário atenção à remuneração dos gestores. O motivo está relacionado com o
pagamento de incentivos em curto prazo que impulsiona os administradores a terem um
discurso positivo e a seguir estratégias que podem comprometer o desempenho operacional a
longo prazo. Por essa razão, essa procedência foi examinada na OGX, uma vez que resultados
operacionais negativos impedem que executivos obtenham remuneração significativa
(ROCHA, 2013).
No período estudado, a OGX Petróleo divulgou no mercado campos de petróleo que
ela almejava explorar na Bacia de Campos (Tubarão Areia, Tubarão Gato e Tubarão Tigre), e
que tinham sido declarados anteriormente como sendo vantajosos, não eram viáveis
comercialmente. Essas revisões deixaram a OGX em uma delicada crise de credibilidade,
comprometendo seus créditos e reduzindo o valor de suas ações (BBC, 2013).
Para atender o objetivo da pesquisa que foi realizar uma comparação entre as
informações divulgadas nos relatórios anuais da administração e os resultados financeiros,
representado pelo seu lucro líquido, para verificar se existe coerência entre as informações,
foram aplicadas as mesmas hipóteses utilizadas no estudo anterior de Guimarães (2011, p.
22), que são:
H1a: Quanto melhor o desempenho da empresa, maior a frequência de
informações quantitativas positivas a respeito dos temas Rentabilidade
e Crescimento;
H1b: Quanto pior o desempenho da empresa, maior a frequência de
informações quantitativas negativas a respeito dos temas Rentabilidade
e Crescimento;
H2a: Independente do desempenho da empresa espera-se que não haja
diferença na frequência de informações qualitativas negativas e
positivas sobre os temas Rentabilidade e Crescimento.
Visto que as informações qualitativas são mais subjetivas, dando abertura a
relativizações e interpretações ampliadas ou levemente modificadas à função do interesse do
interlocutor, ou seja, aquele que produz as informações. Então, espera-se que haja um viés nas
informações da organização em seu momento de desempenho negativo, tendo uma frequência
de informações similar se estivesse tendo resultados positivos (DALFOVO, 2008).
Anais do Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI 2016 - ISSN: 2318-698 | Juiz de fora/MG -
01 e 02 de dezembro de 2016
- 2510 -
2.5. ANÁLISE DE DADOS
A seguir apresenta-se a análise de dados da pesquisa, que tem por finalidade comparar
as frequências encontradas com o lucro/prejuízo líquido do período para encontrar as
hipóteses estipuladas anteriormente.
Na etapa seguinte foram extraídos os dados referentes ao resultado contábil líquido
(lucro/prejuízo) da empresa para definir aquelas com maior variação positiva e negativa.
Para examinar os tipos de mensagens divulgadas nas seções narrativas dos relatórios,
foram selecionados grupos de palavras-chave que se relacionam aos temas rentabilidade e
crescimento da organização, conforme já utilizado por Balata e Breton (2005). As palavras-
chave escolhidas para rentabilidade foram: custo, despesa, ganho, lucro, margem, perda,
prejuízo, receita e retorno; para crescimento, tem-se: aquisição, crescimento,
desenvolvimento, investimento, mercado, oferta, venda e volume (GUIMARÃES, 2015).
Outro relatório foi produzido com os intervalos dos relatórios anuais onde cada uma
das palavras-chave era utilizada. Com isso foi realizada manualmente a avaliação dos
arquivos para definir em que circunstâncias cada uma das palavras estavam inseridas nos
relatórios (positivo quantitativo, positivo qualitativo, negativo quantitativo ou negativo
qualitativo) relacionados aos temas escolhidos (rentabilidade e crescimento). Palavras que não
estavam intercaladas em nenhum dos contextos indicados, ou seja, aquelas inseridas em
títulos e subtítulos e, as que apresentavam sentido neutro no texto foram eliminadas, ficando
um total de 154 palavras válidas.
Para esclarecer como sucedeu essa avaliação, a seguir alguns trechos onde aparecem
as palavras-chave relativas aos temas escolhidos em cada um dos sentidos analisados.
Relativo ao tema de Rentabilidade tem-se como exemplo de Rentabilidade positiva
quantitativa em 2011: “As despesas gerais e administrativas passaram de R$ 319,1 milhões
em 2010 para R$ 308,1 milhões em 2011”. Nesse trecho, a palavra-chave despesa está
relacionada com o trecho “passaram de”, ou seja, uma notícia positiva e de forma quantitativa.
Em 2012 tem-se: “Ao longo do ano, atingimos um total de 2,4 milhões de barris
entregues a partir do Campo de Tubarão Azul e contabilizamos receita de R$325 milhões.”
Nesse trecho, a palavra-chave receita está relacionada com o trecho “atingimos um total”, ou
seja, uma notícia positiva e de forma quantitativa.
Em 2013 tem-se: “Dentre os principais efeitos positivos no resultado de 2013 destaca-
se a receita líquida de R$ 82 milhões (16% da receita líquida) na produção offshore dos
campos de Tubarão Azul e Tubarão Martelo”. Nesse trecho, a palavra-chave receita está
relacionada com o trecho em destaque “efeitos positivos”, ou seja, uma notícia positiva e de
forma quantitativa.
Em 2014 tem-se: “Em termos de resultado contábil, a Companhia apurou um lucro
líquido de R$ 9,9 bilhões em 2014, em comparação ao prejuízo de R$ 16,9 bilhões em 2013”.
Anais do Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI 2016 - ISSN: 2318-698 | Juiz de fora/MG -
01 e 02 de dezembro de 2016
- 2511 -
Nesse trecho, a palavra-chave lucro está relacionada com o trecho em destaque “em
comparação”, ou seja, uma notícia positiva e de forma quantitativa.
Um exemplo de Rentabilidade positiva qualitativa em 2011: “Estudo de Impacto
Ambiental elaborado para a bacia, a administração da Companhia optou por desmobilizar os
equipamentos e profissionais envolvidos e não mais incorrer nesses custos até que a licença
fosse concedida”. Nesse trecho, a palavra custo está associada a “não mais incorrer”, portanto,
aparece num contexto positivo e de forma qualitativa.
E em 2012 tem-se: “Os números demonstram que a OGX vem tendo sucesso na
melhora de sua margem EBITDA proforma, enquanto reduz seu custo de logística”. Nesse
trecho, a palavra margem está associada a “melhora”, portanto aparece num contexto positivo
e de forma qualitativa.
Em 2013: “Posteriormente, conforme fato relevante divulgado em 03 de fevereiro de
2014 foi assinado um acordo para realização de testes com o uso do FPSO OSX-1 para
viabilizar o retorno à produção do Campo”. Nesse trecho, a palavra retorno está associada a
“viabilizar”, portanto, aparece num contexto positivo e de forma qualitativa.
Em 2014 tem-se: “Reduzimos as despesas operacionais através da renegociação dos
acordos de leasing com a OSX, diminuímos nossas despesas gerais e administrativas e
cortamos significativamente os custos de exploração para focar os nossos esforços nos ativos
em produção, Tubarão Martelo e Tubarão Azul”. Nesse trecho, a palavra despesa está
associada a “reduzimos”, portanto, aparece num contexto positivo e de forma qualitativa.
Foram gerados relatórios com as frequências das palavras-chave citadas com efeito
positivo quantitativo e qualitativo no tema de rentabilidade. Os resultados foram apresentados
conforme a tabelas 1.
TABELA 1: Frequência do tema de Rentabilidade
Positivo
Quantitativo
Positivo
Frequência Qualitativo Frequência
Palavras-chave 2011 2012 2013 2014 Palavras-chave 2011 2012 2013 2014
Custo - - - 3 Custo 1 1 2 7
Despesa 2 2 2 1 Despesa - - - 2
Ganho - - - - Ganho - - - -
Lucro - - - 1 Lucro - 2 - -
Margem - 1 - - Margem - - - -
Perda 1 - - 1 Perda - - - -
Prejuízo - - 1 1 Prejuízo - - - -
Receita - 3 2 1 Receita - 1 - -
Retorno - - - - Retorno - - 1 -
Anais do Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI 2016 - ISSN: 2318-698 | Juiz de fora/MG -
01 e 02 de dezembro de 2016
- 2512 -
Fonte: Elaborada pelos autores
Para exemplificar o tema Rentabilidade negativa quantitativa, tem-se em 2011 o
trecho: “As despesas com exploração passaram de R$ 97,8 milhões em 2010 para R$ 425,8
milhões em 2011”. Nesse trecho, a palavra-chave despesa aparece associada à palavra
“passaram”, ou seja, num contexto negativo e acompanhado por valores numéricos, que
produzem um sentido quantitativo ao trecho.
Em 2012 tem-se: “Em 2012, a Companhia apresentou uma despesa líquida de variação
cambial de R$364 milhões, ante R$72 milhões em 2011, registrando um aumento de R$293
milhões no período”. Nesse trecho, a palavra-chave despesa aparece associada à palavra
“aumento”, ou seja, num contexto negativo e acompanhado por valores numéricos, que
produzem um sentido quantitativo ao trecho.
Em 2013: “O investimento total (inception to 8 date) baixado ou provisionado para
perda nessas áreas exploratórias no exercício de 2013 totalizou aproximadamente R$ 2,2
bilhões”. Nesse trecho, a palavra-chave investimento aparece associada à palavra “perda”, ou
seja, num contexto negativo e acompanhado por valores numéricos, que produzem um sentido
quantitativo ao trecho.
Em 2014 tem-se: “No entanto, a revisão do Business Plan concluída em fevereiro de
2015 apontou que no cenário de custos e despesas atuais, os preços projetados para o Brent
não seriam suficientes para garantir a viabilidade econômica do projeto e, por isso, foi
constituída uma provisão para não realização dos ativos (impairment) de Tubarão Martelo e
Rêmora, no valor de R$ 2,6 bilhões.”. Nesse trecho, a palavra-chave custo aparece associada
às palavras “n”, ou seja, num contexto negativo e acompanhado por valores numéricos, que
produzem um sentido quantitativo ao trecho.
Rentabilidade negativa qualitativa em 2011 não houve aparições. Em 2012 tem-se:
“Os Serviços da OSX (custos com O&M), no entanto, apresentaram leve alta em 2013 devido
à despesa de aluguel da Bomba Centrífuga Submersível (BCS) usada no terceiro poço
produtor (TBAZ-1HP)”. No trecho citado, a palavra-chave custo aparece coligada à palavra
“alta”, ou seja, um contexto negativo para empresa, num sentido qualitativo.
Em 2013: “Adicionalmente, a análise econômica da área revelou um perfil risco
versus retorno inadequado. Por esta razão a Companhia decidiu não contestar a decisão da
agência sobre o cancelamento dos contratos, mas estuda medidas para reduzir as penalidades
aplicáveis”. No trecho citado, a palavra-chave retorno aparece coligada à palavra
“inadequado”, ou seja, um contexto negativo para a empresa, num sentido qualitativo.
Em 2014 tem-se: “A queda expressiva nas cotações do petróleo, a partir do quarto
trimestre de 2014, tem afetado significativamente as empresas produtoras, em especial suas
receitas e margens operacionais, além de dificultar a obtenção de financiamentos e a
capacidade de realizar investimentos”. No trecho citado, a palavra-chave receita aparece
Anais do Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI 2016 - ISSN: 2318-698 | Juiz de fora/MG -
01 e 02 de dezembro de 2016
- 2513 -
coligada à palavra “afetado”, ou seja, um contexto negativo para empresa, num sentido
qualitativo.
Na tabela 2 encontram-se as palavras-chave relativas ao tema de rentabilidade, com
efeito, negativo quantitativo e qualitativo.
TABELA 2: Frequência do tema de Rentabilidade
Negativo
Quantitativo
Negativo
Frequência Qualitativo Frequência
Palavras-chave 2011 2012 2013 2014 Palavras-chave 2011 2012 2013 2014
Custo - - 2 2 Custo - 1 2 2
Despesa 2 2 1 1 Despesa - 1 1
Ganho - - - 1 Ganho - - - -
Lucro - - 1 - Lucro - - - -
Margem - - - - Margem - - - -
Perda - - 5 1 Perda - - - -
Prejuízo 1 1 1 - Prejuízo - - - -
Receita - - - - Receita - 1 - 1
Retorno - - - - Retorno - - 1 -
Fonte: Elaborada pelos autores.
Referente ao tema Crescimento tem-se um exemplo com contexto positivo
quantitativo em 2011: “Além disso, captamos US$ 2,6 bilhões através de nossa primeira
emissão de títulos de dívida, possibilitando a continuidade do desenvolvimento de nossas
descobertas.”. Nesse trecho, a palavra-chave “desenvolvimento” aparece associada à palavra
“continuidade”, ou seja, um sentido positivo e de forma quantitativa.
Para 2012 tem-se: “Com um sólido portfólio de ativos, investimentos estimados de
US$1,3 bilhão em 2013, um time de profissionais experientes e motivados (...)”. Nesse trecho,
a palavra-chave investimento aparece associada à palavra “sólido”, ou seja, um sentido
positivo e de forma quantitativa.
Em 2013: “Em 19 de fevereiro de 2014 um fundo de investimento gerido pela
Cambuhy e a E.ON fizeram aumentos de capital de R$ 200 milhões e R$ 50 milhões,
respectivamente, na PGN”. Nesse trecho, a palavra-chave investimento aparece associada à
palavra “aumentos”, ou seja, um sentido positivo e de forma quantitativa.
Em 2014 tem-se: “As Vendas em 2014 totalizaram R$989 milhões, um crescimento de
93% quando comparado à 2013”. Nesse trecho, a palavra-chave vendas aparece associada à
palavra “crescimento”, ou seja, um sentido positivo e de forma quantitativa.
Anais do Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI 2016 - ISSN: 2318-698 | Juiz de fora/MG -
01 e 02 de dezembro de 2016
- 2514 -
Para o crescimento positivo qualitativo, um exemplo é o trecho: “Além das
importantes conquistas na bacia de Campos em 2011, a OGX realizou importantes
desenvolvimentos nas bacias de Santos e Parnaíba”. Nessa citação, a palavra chave
“desenvolvimento” aparece associada à palavra “importantes”, ou seja, um sentido positivo e
de forma qualitativa.
Em 2012 tem-se: “Continuamos absolutamente concentrados na otimização do volume
total recuperável do campo de acordo com as melhores práticas da indústria, mas
reconhecemos que o volume total de barris recuperáveis deverá ser reduzido”. Nessa citação,
a palavra chave “volume” aparece associada à palavra “otimização”, ou seja, um sentido
positivo e de forma qualitativa.
Em 2013: “A Licença de Operação foi emitida no fim de novembro de 2013, pelo
Instituto brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis – IBAMA,
autorizando a operação da Unidade FPSO OSX-3 e respectivas estruturas submarinas
referentes à atividade de desenvolvimento e escoamento da produção de petróleo nos blocos
BM-C-39 e BM-C-40, localizados na Bacia de Campos”. Nessa citação, a palavra chave
“desenvolvimento” aparece associada à palavra “atividade”, ou seja, um sentido positivo e de
forma qualitativa.
Em 2014 tem-se: “Apesar do contexto atual de baixa do preço de petróleo, os
fundamentos do setor permanecem fortes e continuaremos a garantir que o nosso negócio
esteja bem posicionado para beneficiar-se de uma retomada do mercado”. Nessa citação, a
palavra chave “mercado” aparece associada à palavra “forte”, ou seja, um sentido positivo e
de forma qualitativa.
Foram gerados em seguida relatórios com frequências de palavras-chave ligadas ao
tema crescimento com efeito positivo/negativo quantitativo e qualitativo, conforme as tabelas
3 e 4.
TABELA 3: Frequência do tema de Crescimento
Positivo
Quantitativo
Positivo
Frequência Qualitativo Frequência
Palavras-chave 2011 2012 2013 2014 Palavras-chave 2011 2012 2013 2014
Aquisição 2 1 - - Aquisição - 1 - -
Crescimento - - - - Crescimento 1 1 - -
Desenvolvimento 4 1 - - Desenvolvimento 9 4 2 -
Investimento - 1 2 - Investimento - - - 1
Mercado 1 - - - Mercado 1 - - 1
Oferta - - - - Oferta - - 2 -
Venda - 3 - 4 Venda - 1 1 1
Anais do Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI 2016 - ISSN: 2318-698 | Juiz de fora/MG -
01 e 02 de dezembro de 2016
- 2515 -
Volume - 4 1 - Volume 1 2 - -
Fonte: Elaborada pelos autores
TABELA 4: Frequência de Crescimento
Negativo
Quantitativo
Negativo
Frequência Qualitativo Frequência
Palavras-chave 2011 2012 2013 2014 Palavras-chave 2011 2012 2013 2014
Aquisição 1 1 - - Aquisição - - - -
Crescimento - - - - Crescimento - - - -
Desenvolvimento - 2 - 1 Desenvolvimento - 1 - -
Investimento - - 5 - Investimento - - 4 2
Mercado - - - - Mercado - - - 11
Oferta - - - - Oferta - - - -
Venda - - - 1 Venda - 1 - 1
Volume - - - - Volume - - - 1
Fonte: Elaborada pelos autores
Não foi encontrada nenhuma das palavras-chave utilizadas para exemplificar o
contexto de Crescimento negativo quantitativo, em 2011. Em 2012 tem-se: ”O desembolso de
caixa da OGX atingiu US$611 milhões no quarto trimestre. Comparado ao trimestre anterior,
a Companhia apresentou leve aumento no desembolso, principalmente devido ao
desenvolvimento dos campos de Tubarão Azul e Tubarão Martelo”. Nesse trecho, a palavra-
chave “desenvolvimento” aparece associada à “aumento de desembolso”, ou seja, um sentido
negativo e de forma quantitativa.
Em 2013: “Em decorrência desses eventos a OGX P&G constituiu provisão para perda
(impairment) integral dos investimentos realizados nesses campos num total de R$ 3,7
bilhões”. Nesse trecho, palavra-chave “investimento” aparece associada à palavra “queda”, ou
seja, um sentido negativo e de forma quantitativa.
Em 2014, tem-se: “Conforme Fato Relevante divulgado em 27 de fevereiro de 2015,
em virtude da queda vertiginosa do preço do petróleo no mercado internacional de
aproximadamente US$104/barril em agosto de 2014 para US$45/barril em janeiro de 2015. A
Companhia se viu impossibilitada de obter os financiamentos necessários para garantir o
incremento da produção, conforme previsto no Plano de Desenvolvimento do Campo de
Tubarão Martelo”. Nesse trecho, a palavra-chave “desenvolvimento” aparece associada à
“impossibilitada”, ou seja, um sentido negativo e de forma quantitativa.
No tema Crescimento, com sentido negativo qualitativo não foi encontrado nenhuma
das palavras-chaves em 2011. Em 2012 tem-se: “Ao mesmo tempo, apesar de termos
Anais do Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI 2016 - ISSN: 2318-698 | Juiz de fora/MG -
01 e 02 de dezembro de 2016
- 2516 -
confirmado e informado à ANP sobre a existência de calcário microbial com presença de gás
e óleo leve no poço OGX-85 (acumulação de Fortaleza), decidimos não continuar o seu
desenvolvimento e devolvemos o bloco BM-S- 57 à ANP em março de 2013”. Nesse trecho, a
palavra-chave “desenvolvimento” está ligada a “não continuar”, o que demonstra um sentido
negativo e de forma qualitativa.
Em 2013: “Com a queda do volume produzido, causando danos às bombas centrífugas
submersas, e dados os custos de produção, a Companhia decidiu, naquele momento, paralisar
a produção no referido campo”. Nesse trecho, a palavra-chave “volume” aparece associada à
palavra “queda”, ou seja, um sentido negativo e de forma qualitativa.
Em 2014 tem-se: “A contínua redução da produção é uma consequência natural do
negócio de exploração de petróleo quando não há investimentos adicionais para incremento
da produção”. Nesse trecho, a palavra-chave “investimentos” está ligada à palavra “redução”,
o que demonstra um sentido negativo e de forma qualitativa.
A partir das definições dos termos positivo quantitativo e qualitativo, e negativo
quantitativo e qualitativo, foram elaboradas tabelas com a representação de cada terma para
exemplificar.
Para elaboração das tabelas 5 e 6, foram encontradas a quantidade de palavras
selecionadas para análise no tema de rentabilidade e crescimento, que foram 154 palavras
válidas. Após verificar a quantidade de palavras calculou-se a representatividade das palavras-
chave individuais, analisando seu sentido (positivo ou negativo, quantitativo ou qualitativo)
dentro dos trechos dos relatórios anuais da administração. Assim encontrou-se a porcentagem
de utilização anual por tema.
TABELA 5: Percentual de utilização do tema rentabilidade (%)
PERÍODO
TERMOS 2011 2012 2013 2014
Positivo quantitativo 43% 38% 24% 31%
Positivo qualitativo 14% 25% 14% 35%
Negativo quantitativo 43% 19% 48% 19%
Negativo qualitativo 0% 19% 14% 15%
Fonte: Elaborada pelos autores
TABELA 6: Percentual de utilização do tema crescimento (%)
PERÍODO
TERMOS 2011 2012 2013 2014
Positivo quantitativo 35% 60% 5% 0%
Positivo qualitativo 41% 38% 13% 8%
Anais do Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI 2016 - ISSN: 2318-698 | Juiz de fora/MG -
01 e 02 de dezembro de 2016
- 2517 -
Negativo quantitativo 18% 29% 29% 24%
Negativo qualitativo 17% 13% 8% 62%
Fonte: Elaborada pelos autores
De acordo com as hipóteses relacionadas na metodologia, quanto melhor o
desempenho da organização, maior a frequência de informações quantitativa e qualitativa, e
quanto menor o desempenho, maior a frequência de informações quantitativa e qualitativa
negativas (GUIMARÃES, 2015).
A tabela 7 demonstra o lucro/prejuízo líquido em milhares de reais do período
analisado:
TABELA 7: Resultado Financeiro (Lucro/Prejuízo) Líquido Anual (milhares de reais)
PERÍODO
EMPRESA 2011 2012 2013 2014
OGX Petróleo e Gás S.A. -509.885 -1.172.774 -16.873.259 9.921.481
Fonte: Elaborada pelos autores
As análises 2011, 2012 e 2013 a empresa apresentou prejuízo líquido anual. De acordo
com a teoria, esperava-se uma frequência maior de palavras-chave negativo qualitativo ou
quantitativo. Porém, no tema de rentabilidade, nesses anos, houve maior frequência de
palavras-chave positivo quantitativo e qualitativo, não existindo harmonia entre as
informações já que o desempenho financeiro nesse período foi negativo.
Em 2014 a empresa teve desempenho financeiro positivo, com maior frequência de
palavras positivas qualitativas no tema rentabilidade, apresentando harmonia entre as suas
informações.
Quanto ao tema crescimento, conforme tabela 6, houve em 2011 e 2012 frequência
maior de palavras positivo qualitativo e quantitativo, respectivamente, embora tenha
apresentado prejuízo líquido nesse período.
Em 2013 e 2014 prevaleceu a frequência de palavras negativo quantitativa e
qualitativa, respectivamente, sendo que em 2013 o desempenho ainda era negativo, e em 2014
sendo positivo, porém, a empresa estava em recuperação judicial.
Anais do Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI 2016 - ISSN: 2318-698 | Juiz de fora/MG -
01 e 02 de dezembro de 2016
- 2518 -
2.6. CONCLUSÃO
Essa pesquisa teve como objetivo comparar as informações divulgadas nos relatórios
anuais da administração e os resultados financeiros da empresa OGX Petróleo. Para atingir
esse objetivo, foram selecionados relatórios anuais da administração e suas respectivas
demonstrações financeiras representadas pelo resultado líquido, no período de 2011 a 2014.
Foi realizada análise de conteúdo no texto dos relatórios da organização, verificando o
sentido em que as palavras-chave pré-determinadas relativos aos temas de rentabilidade e
crescimento da organização que apareciam nos relatórios (positivo ou negativo, quantitativo
ou qualitativo). Em seguida, foram realizadas comparações para verificar a associação entre
“texto e números”.
Os resultados apontam que quando se trata de informações referentes à rentabilidade e
crescimento, ocorreu forte presença de viés nas informações, não sendo coerente com a
situação financeira.
Concluiu-se que não há uma completa consistência entre texto e números, ou seja, não
existe uma total harmonia entre as informações, mas sim de forma parcial.
Verificou-se, que quanto mais uma informação for qualitativa, mais subjetiva ela se
torna e a probabilidade de existir desarmonia entre seus números será crescente. Além do que
foi visto em estudos anteriores, que os relatórios geralmente apresentam informações
positivas acerca das organizações, produzindo evidência aos pontos positivos, mostrando
algum estado negativo com contextos que diminuam essa situação.
Considera-se como limitação da pesquisa, o período analisado, pois a empresa iniciou
suas atividades e em poucos anos entrou com recuperação judicial, finalizando suas
operações. Observou-se apenas o lucro/prejuízo líquido e as seções narrativas dos relatórios
da administração. Não foram observados aspectos como situação patrimonial, por exemplo.
Sugere-se estudos futuros que analisem períodos mais longos, com número maior de
empresas, ou a utilização de outras variáveis e hipóteses que sejam capazes de explicar
melhor a atitude dos administradores na realização e apresentação das seções narrativas dos
relatórios da administração.
2.7. REFERÊNCIAS
ALMEIDA, P. S. A divulgação de informações voluntárias em relatórios anuais de
companhias abertas. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis). Orientador: Prof. Dr.
Moacir Sancovschi. Instituto Superior de Estudos Contábeis da Fundação Getúlio Vargas -
ISEC / FGV, Rio de Janeiro, 1988.
Anais do Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI 2016 - ISSN: 2318-698 | Juiz de fora/MG -
01 e 02 de dezembro de 2016
- 2519 -
BALATA, P; BRETON, G. Narratives vs. Numbers in the Annual Report: Are they
Giving the Same Message to the Investors? Review of Accounting & Finance. v. 4,
N.2, p. 5-25, 2005.
BARDIN, L. Análise de conteúdo. 3. ed. Lisboa: Edições 70, 2004.
BEYNON, M.J., CLATWORTHY, M.A.; JONES, M.J. The prediction of profitability
using accounting narratives: a variable precision rough sets approach. International Journal
of Intelligent Systems in Accounting, Finance and Management, Vol.12, p. 227-242, 2004.
BEUREN, I. M. Gerenciamento da informação: um recurso estratégico no processo de
gestão empresarial. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2000. 104p.
BBC, BRASIL. Entenda o ‘calote’ das empresas de Eike. Disponível em: <
http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2013/10/131009_ogx_calote_ru>. Acesso em 10 de
nov. de 2015.
BRASIL. Lei das Sociedades por Ações. Lei 6.404, de 15/12/1976. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404consol.htm. Acesso em 28 set 2015.
DALFOVO, M. S.; LANA, R. A.; SILVEIRA, A. Métodos quantitativos e qualitativos: um
resgate teórico. Revista Interdisciplinar Científica Aplicada, Blumenau, v.2, n.4, p.01- 13,
Sem II. 2008
CLATWORTHY, M.; JONES, M. J. Differential patterns of textual characteristics and
company performance in chairman’s statement. Accounting, Auditing & Accountability
Journal, v. 19, n. 4, 2006.
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Princípios fundamentais e normas
brasileiras de contabilidade. 3 ed. .Brasília: CFC, 2008.
CUNHA, R. K. C.; SILVA, C. A. T. Análise da facilidade de leitura das demonstrações
contábeis das empresas brasileiras: uma investigação do gerenciamento de impressões nas
narrativas contábeis. 9º Congresso USP de Controladoria e Contabilidade. Anais. São Paulo,
2009.
Anais do Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI 2016 - ISSN: 2318-698 | Juiz de fora/MG -
01 e 02 de dezembro de 2016
- 2520 -
CARVALHO, L. N.; MARTINS, E. A. Ciência da Contabilidade: Um Ensaio Teórico
sobre seu objetivo e objeto. 10º Congresso USP de Controladoria e Contabilidade. Anais.
São Paulo, 2010.
FERREIRA, T. A.; GUIMARÃES, T. N.; PAGLIARUSSI, M. S. Harmony Between The
Information Contained In The Text And Figures Of Brazilian Companies’ Annual
Reports. Journal of Education and Research in Accounting. REPEC, Brasília, v. 9, n. 1,
art. 3, p. 44-61, Jan. /Mar. 2015
GUIMARÃES. T. N. Conflito de informações em relatórios anuais: um comparativo
entre seções narrativas e o desempenho financeiro de empresas listadas na Bovespa.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis, da Fundação
Instituto Capixaba de Pesquisa em Contabilidade, Economia e Finanças (FUCAPE). Vitória,
2011.
LAFOND, R. The influence of ownership structure on earnings conservatism and
the informativeness of stock prices: an international comparison. Working paper,
2005. Disponível em: <http://areas.kenanlagler.unc.edu/Accounting/Documents/
LaFond%20Paper%2010-20-05.pdf> Acesso em: 26/10/2015.
WATTS, R. L. The information role of conservatism. The Accounting Review, 83, p. 447-
478, 2008.
LONGARAY A. A.; PORTON R. A. Relevância das Informações contábeis nos processos
decisionais. Revista Angrad – vol. 7, n. 4, out-nov-dez/2006. p. 89-110, Rio de Janeiro, 2006.
LOPES, A. B.; MARTINS, E. Teoria da Contabilidade: uma nova abordagem. São Paulo:
Atlas, 2005.
LOPES, A. B. Uma contribuição ao Estudo da Relevância da Informação Contábil para
o Mercado de Capitais: O modelo de Ohlson Aplicado à BOVESPA. São Paulo: 2001, 308f.
Tese (Doutorado em Controladoria e Contabilidade) – Departamento de Contabilidade e
Atuaria. Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo,
São Paulo.
LORANDI, J. A.; MUNARIA, D. Estudo das informações que compõem o relatório da
administração das empresas catarinenses segundo a ótica do parecer de orientação da
Anais do Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI 2016 - ISSN: 2318-698 | Juiz de fora/MG -
01 e 02 de dezembro de 2016
- 2521 -
CVM. 5º Congresso UFSC de Controladoria e Finanças & Iniciação Científica em
Contabilidade. Anais. Florianópolis, 2007.
MENDONÇA, J. R. C.; ANDRADE, J. A. Gerenciamento de impressões: em busca da
legitimidade organizacional. RAE – Revista de Administração de Empresas. V 43, n. 1,
jan./fev./mar. 2003.
PAGLIARUSSI M. S.; SCOTÁRCO R. O uso do disclosure narrativos em relatórios
anuais corporativos para inferência da continuidade das empresas. Revista de
Contabilidade e Organizações – FEARP/USP, v. 3, n. 5, p. 3 - 24 jan./abr. 2009.
PAIVA, S. B. O processo decisório e a informação contábil: entre objetividades e
Subjetividades. Revista Brasileira de Contabilidade, Brasília, ano XXIX, n. 123, p. 76- 82,
maio/junho 2000.
ROCHA, A. Todos os problemas da OGX se resumem em um. Disponível em:
<http://www.valor.com.br/valor-investe/o-estrategista/3238532/todos-os-problemas-da-ogx-
se-resumem-um >. Acesso em 10 de novembro de 2015.
RODRIGUES, M. G.; SILVA C. A. T. Determining factors of the information disclosed in
the management reports of Brazilian open companies. Business and Management - Vol. 4,
nº 10, p. 41-56, April/2015.
SIMON, H. A. Information 101: It’s not what you know, it’s how you know it. The Journal
for Quality and Participation, v.21, n.4, p. 30-33, 1998.
TESSAROLO, I. F., PAGLIARUSSI, M. S. & Luz, A. T. M. (2010). The justification of
organizational performance in annual report narratives. Brazilian Administration Review
- BAR, 7(2), 198-212.
VILAR, I. P. A importância e a relevância da informação contábil nas micros e pequenas
empresas da região do Cariri Paraibano ocidental. 2º Congresso UFSC de Controladoria e
Finanças. Anais. Florianópolis, 2008.
VASCONCELOS, Y. L.; VIANA, A. L. Evidenciação: forma e qualidade. Revista Brasileira
de Contabilidade n°134 Março/Abril, 2002.