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COMENTARIO/ '
BIBLICO NVIANTIGOE NOVO TESTAMENTOS
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E d i t o r g e r a l
F.F Bruce
Comentario Biblico NVI
A ntig o e N o vo T es ta me nto
T r a d u f a o
Valdemar K r o k e r
1ediciio 2008
l r e i n a p r e s s a o , 2 0 9
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Judas
DAVID E PAYNE
Essa carta nao nos eliznada acerca de seu autor, exceto que 0 seu nome era Judas e que ele tinha um
irmao chamado Tiago. E bem possivel que, alem elisso, esses dois homens nos sejam totalmente
desconhecidos, mas nao ha nada intrinsecamente improvavel na opiniao traelicional amplamente
defenelida de que 0 autor era urn dos filhos de Jose e Maria, mae do nosso Senhor (cf. Mc 6.3; At 1.14).0
seu irmao Tiago se tornou 0 lider reconhecido da igreja deJerusalem.
Versiculos como 0 3 e 0 17 dao a irnpressao de que a carta foi escrita ao menos uma gera<;ao ap6s a
prega<;ao apost6lica inicial. Uma data tao tarelia quanto 70 ou 80 d.C. e geralmente aceitavel- Judas, se foi
um dos irmaos mais novos de Jesus, poderia bem ter vivido ate entao, Se, no entanto, concordarmos que
2Pedro foi escrita depois dessa carta (e se a autoria apost6lica genuina de 2Pedro for aceita), entao
claramente a carta de Judas deve ter existido ao menos dois ou tres anos antes do martirio de Pedro (0 qual
geralmente se considera que ocorreu durante a perseguigao deNero, 64 d.C). Uma data no inicio da decada de
60 nao e impossivel; mas as evidencias a favor c ia data da morte de Pedro sao escassas, e, se 0 ap6stolo de fato
viveu ate a decada seguinte, a datacao comum da carta de Judas nao deve suscitar problemas. 0ivre uso
que Judas faz da literatura nao-canonica aponta no seu todo para uma data no seculo I, visto que depois elisso
eliversos mestres cornecaram a produzir obras ap6crifas e subversivas, e os lideres da igreja gradualmente
cornecaram a se ver obrigados a descartar livros que, por salutares que fossem, nao possuiam a plena
autoridade das Escrituras. Mesmo assim, 1 Enoque manteve a sua popularidade ate 0 seculo III.
Se 0 autor era filho de Jose e Maria, a carta provavelmente foi escrita na Palest ina; mas a carta em si
nao da indicacao alguma de onde foi escrita.Nem citapor nome os destinatarios que 0 autor tinha em mente; e
de fato uma carta "geral", embora, sem duvida, enviada primeiramente a um lugar especifico.
o prop6sito da carta era combater certas heresias que estavam surgindo dentro das igrejas. Os falsos
ensinos eram evidentemente de carater antinomista. 0antinomismo foi uma das manifestacoes do
pensamento gn6stico; homens dessa conviccao consideravam toda materia rna; e tudo que fosse de
natureza espiritual era bom. Por isso, eles cultivavam sua vida espiritual, enquanto davam liberdade a sua
"carne" para fazer 0 que quisesse, como se nao tivessem responsabilidade alguma por seus delitos, com 0
resultado de que eram culpados de imoralidade ostensiva de todos os tipos.
A maior parte dessa breve carta e exttaordinariamente semelhante a 2Pe 2.1-3.3, tanto assim que
geralmente se imagina que urn autor deveter tomado materialdo outto. Provavelmente, Judas e a carta anterior;
mas v. a discussao mais detalhada na Introducao de 2Pedro.
Ha alusoes possiveis a carta de Judas em escritos do corneco do seculo II, mas 0 C d n o n M u ra t dt io (final do
seculo II) faz a primeira mencao da carta pelo nome. Houve demora em aceita-la em alguns lugares, sem
duvida em virtude de sua extrema brevidade e do uso que faz de livros pseudepigrafos do AT. (p. 2208)
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ANALISE
I. SAUDAC;Ao (v. 1,2)
II. 0PERIGO (v. 3,4)
III. OS HOMENS PERIGOSOS (v. 5-16)
IV. CONSELHOS pRATICOS (v. 17-23)
V. DOXOLOGIA (v. 24,25)
I. SAUDAc,:AO(v.1,2
Judas fala de si mesmo de uma forma realmente humilde, reconhecendo ser urn servo (lit. "escravo") de
J e su s C ri st o ) tao insignificante em cornparacao com 0seu irrnao T i a g o . Ele nao da nomes aos seus leitores;
descreve-os como c ba m a do s , a m a do s [ . . . J e g ua rda do s - urna referencia ao passado, presente e futuro dos
cristaos, 0seu desejo para eles e que a mis er icord ia )apa z eo a m o r l he s s e la m m u lt ip li ca d os .
II. 0PERIGO (v. 3,4)
Judas relata 0proposito de sua carta: a je esta em perigo; com "fe" ele quer dizer primeiramente
todo0
corpo de verdades do evangelho. Paulo esboca urn credo desses para nos em 1Co 15.1-11.Os cristaos fieis precisam sempre defender vigorosamente essas verdades contra a diluicao ou
perversao; de um a v e zpo r to da s indica que as verdades evangelic as sao imutaveis - cf. Cl 1.6-9. A palavra
conf iada significa "pass ada adiante" e e usada com referencia a tradicoes: as unicas tradicoes imutaveis
que os cristaos tern sao as verdades do evangelho. Os principais inimigos da verdade, desde os primeiros
dias da igreja, eram hom ens que se introduziram nela, embora interiormente opostos ao
evangelho e a tudo que ele implicava, homens marcados para a condenacdo (ctija condenacdo jli e s ta va
s e n t e n a a d a } ; nao para a salvacao. Esses falsos irrnaos da epoca de Judas eram caracterizados pela
l iber t inagem; Rm 6.1 descreve a aparencia desses pseudo-cristaos. Judas considera essa atitude anti-
nomista equivalence a nega«ao do Senhor Jesus Cristo. (E incerto no original se Soberano aqui e uma
referencia a Deus Pai ou ao Filho; mas a construcao grega parece favorecer a segunda opcao.)
III. OS HOMENS PERIGOSOS (v. 5-16)
Judas sabe que os seus leitores ja tern conhec imen to das historias relatadas nos v. 5-7; ele quer lembrar-
lhes as implicacoes. Os tres grupos citados em certa epoca tinham sitio evidentemente favorecidos;
eles tinham todos sido culpados de presuncao, falta de fe ou grave imoralidade; e todos tinham
sofrido urn castigo terrivel. 0 primeiro eo terceiro exemplos sao biblicos (cf. Nm 14; Gn 19); mas 0
segundo deles, 0 dos an jo s caidos, extraido de livros nao-canonicos como 1Enoque (caps. 6-10),
embora a base dos detalhes apocrifos possa ter sido Gn 6.1-4. Esses livros apocrifos evidentemente
eram bern conhecidos e apreciados pelos leitores de Judas, e assim ele podia seguramente recorrer a
eles tanto quanto as Escrituras. Livros desse tipo podiam nao ser verdadeiramente inspirados ou
imbuidos de autoridade, mas suas licoes morais em particular podiam ser salutares e dignas de pratica,
v. 6. pos i roes : Traduz uma palavra grega que geralmente significa "dominio"; talvez inclua ambas as
ideias nesse contexto, i.e., posicao e s ta tus) e assim "dominio" seria uma traducao adequada dapalavra. v. 7. 0 f ogo que destruiu So do m a e G o m o r r a 6 . descrito por Judas como d e mo . Tinha efeitos
permanentes, com certeza; mas provavelmente 0fogo do inferno (cf. Mc 9.43) estava na mente do
autor.
Os falsos irrnaos conternporaneos de Judas ignoraram esses exemplos que serviam como sinais, e
eram igualmente culpados de imoralidade sexual e de comportamento arrogante contra a autoridade do
proprio Deus (p. 2209) e a de anjos que foram designados por ele. v. 8. A expressao es t e s s onhadores
pode sugerir que esses homens reivindicaram que suas acoes eram justificadas por certas visoes que
haviam recebido. Cf. Dt 13.1-5. Judas contrasta a arrogancia deles com 0comportamento de urn arrania
quando estava enfrentando 0proprio Satanas: Migue l nao falou de forma arrogante nem ao D i a b o . A
fonte dessa alusao ja nao existe, mas Origenes (D e P rin e. iii.2.1) nos informa que era uma obra
intitulada A As sunrcw d e Mois es ; a forrnulacao concreta da repreensao, no entanto, deriva finalmente deZe 3.2.
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v. 10. A atencao e dirigida novamente ao comportamento licencioso dos pseudocristaos. Alern de
tudo, eles sao tipificados por uma falta geral de espiritualidade (com Cain)) por motivacoes impias
(como R a b a o ) e por rebeldia contra a autoridade divina (como Cora). 0e r r a d e B a /a O i J)tambern, aponta
para imoralidade e adoracao falsa (cf. Nm 31.16; Ap 2.14). sao "manchas" (nota textual da NVI),
talvez perigosas r o ch a s s u bm e r s o s (texto da NVI); a primeira interpretacao parece mais natural, mas ambas sao
possiveis, visto que a palavra grega sp i lades e ambigua. 0termo f es t a s d e fr a te r n id a de denota as refeicoes de
cornunhao da igreja primitiva, no curso das quais a ceia do Senhor era com frequencia celebrada (cf.
1Co 11.17-34); evidentemente, esses hom ens tinham se introduzido ate no centro da cornunhao da
igreja crista, alguns deles provavelmente obtendo posicoes de lideranca, pois a expressao
"banqueteando-se" (ARA) significa lit. "pastoreando-se a si mesmos" ( qu e c u id a m s o d e s i m e s m o s ) .
v. 12-14. As fortes metaforas que seguem sao em grande parte auto-explicativas, dua s v ezes m orta s:
Provavelmente, significa, em primeiro lugar, mortos em pecado (cf. Ef 2.1), e depois de professarem
a conversao continuam mortos para as boas obras (cf. Tg 2.17, 26). A Ultimametafora, e s tr e la r e r ra u t es , e
uma alusao ao livro de Enoque, novamente (18.12- 16; 21.1-6). Judas prossegue (v. 14,15) e faz uma
citacao de lEnoque 1.9.0v. 14 pode sugerir que Judas de fato acreditava que 0patriarca Enoque tinha
ele mesmo escrito 0livro que traz 0seu nome; mas essa nao e a unica possibilidade. A frase que
descreve Enoque nao e de Judas, mas e tambern extraida dos pseudepigrafos (cf. lEnoque 60.8). Pode
ser que Judas estivesse simplesmente argumentando com base no que ele sabia ser aceitavelaos seus leitores ou oponentes. Poderiamos comparar com isso 0uso que Paulo faz da poesia grega
quando se dirige a urn publico de Atenas (At 17.28). De todo modo, as afirrnacoes gerais extraidas do
livro de Enoque, e as inferencias delas, sao autenticadas aqui e em outros textos do NT. v. 16. Judas
resume suas descricoes dos falsos irrnaos ao destacar suas tres caracteristicas principais; seus
oponentes eram rebeldes, licenciosos e motivados por suas pr6prias vantagens.
IV. CONSELHOS pRATICOS (v. 17-23)
Os verdadeiros cristaos em tais circunstancias precisam ser muito cuidadosos, obviamente; mas eles
nao precisam ficar alarmados, porque a presen«a de homens maus tinha sido prevista e anunciada (cf.
Mc 13.5,6,21-23; At 20.29,30; 2Ts 2.3-12; 0v. 18 provavelmente 0resumo que Judas faz do ensino
apost6lico acerca desse ponto). Falsos cristaos inevitavelmente criam faccoes dentro de uma igrejalocal (cf. v. 19); os v. 20-23 mostram aos verdadeiros irmaos quais sao suas responsabilidades em
circunstancias tao adversas. Observe que os vacilantes na fe (v. 22) precisam de bondade e ajuda;
alguns manuscritos trazem "convencer", outros, "ter pena de". Mas 0cristae verdadeiro nunca deve
ser complacente nem instilar complacencia em questoes tao vitais.
Hi problemas textuais nos v. 22,23; 0 sentido geral esta claro, no entanto. A mencao anterior a
Sodoma e Gomorra pode ter lembrado Judas dc Am 4.11, texto com que e parecida a expressao
arreba tando-os do fogo .
v. DOXOLOGIA (v. 24,25)
Judas lembra seus leitores de sua grande esperan«a e ajuda presente. A expressao s em m a cu la talvezlembre 0v. 12, embora as palavras gregas nao estejam relacionadas; de todo (p. 2210) modo, e uma
metafora do sistema sacrificial do AT (cf. Lv 1.3 etc.).
BIBLIOGRAFIA
JONES, R. B. T h e E p is tl es o fJ am e s) J oh n a nd J ude . Grand Rapids, 1962.
KELLY, W. L ec ture s o n th e E pis tle o f Jude. London, 1912
WOLFF, R. A C om m euta ry o n th e E pis tle o fJude. GrandRapids, 1960
V. tb. os livros alistados no fim do comentario de 2Pedro. (p. 2211)
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