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Licenciatura em Ciências Biomédicas Laboratoriais
Crossmatch serológico em tubo
Autor:
Alexandra Fernandes, nº 20150612
Unidade curricular:
Imunohemoterapia Clínico Laboratorial II
Docente Responsável:
António Aleixo Martins
Castelo Branco, 28 de março de 2017
Índice geral
1. Introdução e objetivos........................................................................................................3
2. Material e Métodos............................................................................................................7
2.1. Material/equipamento.................................................................................................7
2.2. Procedimento experimental........................................................................................8
3. Discussão dos resultados................................................................................................11
4. Considerações finais.......................................................................................................13
5. Bibliografia.......................................................................................................................15
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Índice de ilustrações
Figura 1 - Testes pré-transfusionais.........................................................................................4
Figura 2 - Preparação das duas amostras dos dadores...........................................................8
Figura 3 - Preparação das duas diluições a 5% do C.E. dos dadores.....................................9
Figura 4 - Preparação das amostras dador/recetor nos diferentes meios para pesquisa de
um viável dador.......................................................................................................................10
Figura 5 - Resultados do crossmatch serológico em tubo para pesquisa de um viável dador.
................................................................................................................................................11
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1.Introdução e objetivos
A área das transfusões sanguíneas tem sofrido um grande desenvolvimento nos últimos
anos, em virtude da obtenção de resultados mais satisfatórios. A possibilidade de tipificar o
sangue e o acesso facilitado a derivados sanguíneos contribuiu muito para este crescimento
e desenvolvimento, permitindo prestar melhores cuidados numa maior variedade de
patologias [1].
Sempre que se pretende realizar uma transfusão sanguínea deve-se ter em contra os
diversos testes pré-transfusionais, mas essencialmente a tipificação do sangue do dador e
do recetor. No crossmatch incluem-se testes pré-transfusionais que pressupõem o estudo
do doente (recetor) e o estudo da dádiva (dador). É necessário tipificar sempre o dador e o
recetor que consiste na identificação do tipo de antigénios (Ags) presentes na membrana
dos eritrócitos permitindo assim, administrar sangue compatível evitando o desenvolvimento
de uma resposta imune que leve à produção de anticorpos (Acs) no recetor e consequente
destruição prematura dos eritrócitos intervenientes no processo da transfusão sanguínea.
Logo na primeira transfusão, ocorre a formação de anticorpos no recetor contra os eritrócitos
do dador e que poderá induzir uma reação transfusional retardada. Esta acaba por induzir
sempre uma sensibilização e uma reação inflamatória que culmina com a destruição
precoce dos eritrócitos e diminuição da sobrevida dos mesmos. No entanto, em transfusões
futuras com sangue incompatível, os anticorpos já formados durante a primeira transfusão
poderão vir a originar reações agudas hemolíticas fatais [1, 2].
Como já foi referido, os testes pré-transfusionas têm como principal objetivo o estudo do
doente (recetor) e da dádiva (dador) como mostra a figura 1. O estudo do recetor tem por
base a identificação do seu grupo sanguíneo (ABO – Sistema ABO, Rh – Sistema Rhésus e
Kell – Sistema Kell), a realização de um pesquisa de anticorpos irregulares (PAI) que é um
dos testes pré-transfusionais mais importantes e deve ser sempre efetuado a todos os
doentes candidatos a transfusões de sangue e/ou componentes e, consequentemente a
informatização de todos estes dados. Relativamente ao estudo do dador, este tem por base
também a identificação do seu grupo sanguíneo (ABO – Sistema ABO, Rh – Sistema
Rhésus e Kell – Sistema Kell), também deve ser realizada uma PAI, a realização de um
hemograma para a análise, essencialmente dos valores hemateméticos de hemoglobina,
leucócitos e plaquetas que são fundamentais para avaliação do dador e, ao contrário do
estudo do recetor deve ser realizado um estudo de agentes infeciosos desde o vírus da
Hepatite B (VHB), vírus da Hepatite C (VHC), vírus da imunodeficiência humana I e II (VIH I
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e II), sífilis, vírus T-linfo trópico humano I e II (HTLV I e II) e paludismo. O estudo do HTLV
deve ser apenas realizado
Figura 1 - Testes pré-transfusionais.
quando o dador o é pela primeira vez ou se esteve em zonas endémicas (esta questão é
avaliada pelo inquérito inicial preenchido pelo dador). O estudo do paludismo é apenas
realizado quando o dador diz ter vivido ou nascido em zonas endémicas (esta questão é
também avaliada pelo inquérito inicial preenchido pelo dador). O restante estudo infecioso
deve ser sempre realizado em qualquer dádiva. Após a obtenção e análise destes dados, a
dádiva correspondente ao dador é validada e inserida, também no sistema informático como
disponível. Após a obtenção destes resultados, parte-se do soro/plasma do recetor e dos
eritrócitos do dador de unidade isogrupal ABO, Rh e Kell para a realização de um
crossmatch serológico para assim realizar uma transfusão sanguínea em segurança para
ambos os intervenientes. Nesta fase também é realizado um TAI (Teste da Antiglobulina
Humana Indireto) que tem como objetivo determinar a sensibilização dos eritrócitos com
anticorpos e /ou complemento, in vitro em testes de compatibilidade, screening e deteção de
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aloAcs (aloanticorpos) no soro e determinação do fenótipo dos eritrócitos, pesquisando os
antigénios K, Lea, Fya, Fyb, Jka, Jkb e D-variantes recorrendo aos correspondentes
antissoros. Em geral, é a partir dos testes pré-transfusionais que se detetam para além do
que já foi mencionado, erros nas classificações ABO, erros de rotulagem e erros nas
identificações dos dadores e recetores [3].
Um crossmatch, também designado prova cruzada, ao contrário de uma tipificação
sanguínea é um teste que não identifica o grupo sanguíneo, mas testa incompatibilidades
serológicas, isto é, deteta a presença in vitro de níveis significativos de anticorpos contra os
antigénios eritrocitários em que se usa soro/plasma do recetor e células (eritrócitos) do
dador. Ou seja, o objetivo deste teste passa pela deteção da presença de anticorpos
preformados específicos do recetor contra os antigénios do dador garantindo-se assim que a
o componente e unidade sanguínea foram bem selecionados. No entanto, este teste apenas
evidencia a incompatibilidade referida, no caso de já existirem anticorpos do recetor contra
os antigénios presentes nos eritrócitos do dador. Uma prova cruzada positiva representa
uma possível inviabilidade na realização da transfusão, dado que indica que o recetor tem
condições para atacar as células do dador e, consequentemente uma rejeição da dádiva
podendo levar, em casos extremos à morte do recetor. A principal e mais importante função
do crossmatch é confirmar e assegurar a compatibilidade entre dador e recetor [1, 2, 4].
No mundo laboratorial existem vários tipos de crossmatch passíveis de serem realizados
diferindo no método utilizado e na viabilidade do método desde o crossmatch informático, o
crossmatch Type and Screen, o crossmatch Type and Cross, o crossmatch completo, o
crossmatch incompleto, o crossmatch major e o crossmatch minor. Em alguns países, após
a informatização dos dados do recetor e dador, o crossmatch informático é imediatamente
realizado se TAI negativo. Em Portugal este método não está atualmente em prática. O
crossmatch Type and Screen é realizado quando é necessário fazer uma reavaliação do
concentrado de eritrócitos (CE), no entanto só é avaliado o sistema sanguíneo ABO e o TAI
é sempre negativo. No crossmatch Type and Cross, o TAI pode ser negativo ou positivo. Se
o TAI for positivo deve-se fazer a identificação de aloAcs e, de seguida a realização de um
crossmatch completo em AGH (antiglobulina humana). Se o TAI for negativo deve-se
realizar um crossmatch incompleto com utilização de um SPIN que tem como função
garantir a existência de incompatibilidade no sistema ABO na presença de uma aglutinação.
Esta técnica de SPIN passa pela a adição de uma gota de células do dador a duas gotas de
soro/plasma do recetor e, posterior centrifugação desta solução para observação da
presença ou ausência de aglutinação. Caso haja aglutinação o SPIN confirma essa reação e
confirma uma incompatibilidade sanguínea do sistema ABO. O procedimento do crossmatch
major (crossmatch maior) consiste na deteção de anticorpos no plasma do recetor contra os
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eritrócitos do dador sendo uma das técnicas de destaque. No crossmatch minor (crossmatch
menor) consiste na deteção de anticorpos no plasma do dador contra os eritrócitos do
recetor, no entanto esta é uma técnica que não é muito utilizada tendo em conta a sua
inviabilidade. Quanto ao crossmatch completo e incompleto realizam-se quando o TAI for
positivo ou negativo, respetivamente [1, 2].
O crossmatch é um teste serológico que não substitui a tipificação sanguínea, mas que,
no entanto, tem uma importância semelhante. Antes de ser realizada a primeira transfusão,
o recetor não apresenta anticorpos naturais contra os antigénios que induzem as reações
mais graves, desta forma, a prova cruzada é sempre negativa, mesmo entre sangues
incompatíveis. Desta forma, só a tipificação irá indicar se há ou não uma incompatibilidade
sanguínea. Por outro lado, dependendo dos casos, a tipificação sanguínea poderá substituir
o teste de crossmatch. Se o dador e recetor forem positivos e considerando uma situação de
urgência, poderá abdicar-se da prova cruzada. No entanto, no caso de um dos sangues ser
negativo, podendo algum deles ser positivo e, colocando a hipótese de haver risco de
administração de sangue incompatível; nestes casos deverá realizar-se sempre a prova
cruzada [1, 2].
Associado a estes métodos de tipificação sanguínea do dador e recetor tem-se o
Sistema de Segurança Transfusional que é fundamental para assegurar uma transfusão
cuidada em termos reacionais entre dador e recetor. O objetivo deste sistema é incrementar
a segurança e eficácia do processo, desde a flebotomia passando pelos estudos pré-
transfusioanis até à administração dos componentes sanguíneos. Este sistema consiste na
igual identificação de uma pulseira que o recetor é portador e tubos do mesmo, após
flebotomia. Estes após identificação são informatizados no sistema informático. As amostras
quando chegam ao laboratório são novamente identificadas e verifica-se se o código
presente na pulseira será o correspondente ao código localizado na unidade de sangue que
será teoricamente administrada. Para além da identificação, este sistema também deve
assegurar a rastreabilidade e segurança ao longo do todo o processo transfusional. É
essencial manter e colocar em prática estes sistemas de segurança tendo em conta que, a
fase onde se verificam mais falhas ao nível transfusional que podem ou não levar à morte do
recetor, em situações mais complicadas passa pela mão do Homem. Quanto mais
informatizadas forem estes sistemas e técnicas menor serão as falhas associadas às
transfusões sanguíneas [1-3].
O objetivo desta atividade passou pela realização de um crossmatch serológico em tubo,
podendo ser considerado um crossmatch major que consiste na pesquisa de Acs do recetor
contra Ags do dador. Este teste foi realizado a partir de uma amostra de sangue total de um
indivíduo do sexo masculino, classificado quanto ao grupo sanguíneo como AB positivo e Página 6 de 17
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com o código de identificação 20502478 que serviu como modelo de recetor de uma dádiva
de sangue. Para além desta amostra de sangue total, foram também usadas duas amostras
de sangue diferentes que se encontravam armazenadas em tubuladuras e que serviram
como modelo de dois dadores diferentes de uma dádiva de sangue com a finalidade de
identificar se alguma das duas amostras usadas como modelo de dador seria um viável
dador. O foco desta técnica prende-se com a identificação de unidades compatíveis ou
incompatíveis para transfusão a partir da técnica de prova cruzada, mas também a
realização de TAI’s que é fundamental para dar um sequenciamento a esta técnica e, tendo
em conta a prévia tipificação sanguínea das amostras em questão. Na realização da prova
cruzada, se for obtida uma aglutinação positiva (os Acs do recetor reagirem contra os Ags
do dador) significa que o dador não é compatível. No entanto, se a aglutinação for negativa
(os Acs do recetor não reagirem contra os Ags do dador) significa que o dador poderá ser
compatível [1, 3].
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2.Material e Métodos
Na realização do crossmatch serológico em tubo, o material e métodos utilizados
obedece integralmente ao protocolo que será apresentando de seguida e que foi cumprido
integral e rigorosamente como descrito. Outra questão a ter em conta prende-se com o
cumprimento exato da ordem de adição dos reagentes e quais os reagentes utilizados,
assim como os tempos estabelecidos para obtenção de resultados mais precisos e
fidedignos, tendo em conta que em meio laboral está em questão a vida dos pacientes. É
deveras importante ter em conta estes fatores e obedecer a estes pontos.
Para a efetivação deste protocolo foi utilizado um tubo com uma amostra de sangue total
de um indivíduo do sexo masculino, classificado quanto ao grupo sanguíneo como AB
positivo e com o código de identificação 20502478 que serviu como modelo de recetor de
uma dádiva de sangue. Para além desta amostra de sangue total, foram também usadas
duas amostras de sangue diferentes que se encontravam armazenadas em tubuladuras e
que serviram como modelo de dois dadores diferentes de uma dádiva de sangue sendo
mais à frente referenciados como dador 1 e dador 2. No entanto, todas as amostras
utilizadas foram a base de todas as reações ocorridas durante o procedimento experimental
e com o objetivo de identificar se alguma das duas amostras usadas como modelo de dador
seria um viável dador para o recetor correspondente à amostra com o código 20502478
referida anteriormente. Esta técnica de prova cruzada e também a realização de TAI’s foi
realizada tendo em conta uma prévia tipificação sanguínea das amostras em questão.
Material/equipamento Reagentes
EPI;
Tubos de hemólise (10);
Suporte de tubos de hemólise;
Centrífuga;
Estufa (a 37ºC);
Aglutinoscópio;
Pipetas de Pasteur;
Tesoura;
Papel vedante parafilme.
Soro fisiológico (S.F.);
Amostra de sangue total;
Antiglobiluna Humana (AGH);
Células controlo de Coombs;
Albumina bovina a 30%.
2.1. Material/equipamento2.2. Procedimento experimental
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A - Preparação das duas amostras dos dadores:
1. Cortar uma das extremidades da tubuladura do dador 1 indicado como “1º corte” na
figura 1 com uma tesoura.
2. Num tubo de hemólise identificado como TUBO 1 colocar a tubuladura cortada
anteriormente.
3. De seguida, com a tubuladura bem introduzida no tubo de hemólise executar um
segundo corte na mesma indicado como “2º corte” na figura 1 para que o C.E.
(concentrado de eritrócitos) contido na tubuladura escorra para dentro do tubo de
hemólise.
4. Repetir o procedimento anterior para o TUBO 2 como indicado na figura 2.
Figura 2 - Preparação das duas amostras dos dadores.
B - Preparação das duas diluições a 5% do C.E. dos dadores:
1. Num novo tubo de hemólise identificado como TUBO 1 colocar uma gota de C.E. do
TUBO 1 obtido na preparação anterior.
2. De seguida, no TUBO 1 colocar 9 gotas de S.F. como esquematizado na figura 3
para obter uma diluição a 5% do C.E. que corresponde ao dador 1.
3. Noutro tubo de hemólise identificado como TUBO 2 colocar uma gota de C.E. do
TUBO 2 obtido na preparação anterior.
4. De seguida, no TUBO 2 colocar 9 gostas de S.F. como esquematizado na figura 2
para obter uma diluição a 5% do C.E. que corresponde ao dador 2.
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Figura 3 - Preparação das duas diluições a 5% do C.E. dos dadores.
C- Preparação das amostras dador/recetor nos diferentes meios para pesquisa de um viável
dador:
1. Colocar duas gotas de plasma da amostra de sangue total identificada com o número
20502478 do individuo que corresponde ao recetor em todos os 6 tubos de hemólise
(3 tubos de hemólise numerado com o número que corresponde ao dador 1 e três
tubos de hemólise numerado com o número 2 que corresponde ao dador 2) como
esquematizado na figura 4.
2. Colocar 2 gotas de albumina bovina a 30% nos tubos de hemólise 1 e 2
correspondentes ao meio albumina como está representado na figura 4.
3. De seguida, colocar uma gota da diluição a 5% do C.E. correspondente ao dador 1 e
2 nos tubos assinalados como o número 1 e 2, respetivamente como mostra a figura
4.
4. Centrifugar todos os tubos de hemólise 1’ a 1000 rpm na centrífuga.
5. Verificar a presença ou ausência de aglutinação por observação dos tubos de
hemólise no aglutinoscópio.
5.1. Se a aglutinação observada no aglutinoscópio for positiva para qualquer
um dos tubos de hemólise, o procedimento termina aqui e conclui-se que
esse dador é incompatível com o recetor.
Se a aglutinação observada no aglutinoscópio for negativa para qualquer
um dos tubos de hemólise, o procedimento continua.
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6. Incubar 30’ a 37ºC (tubos de hemólise correspondentes ao meio de albumina e AGH)
ou à T.A. (temperatura ambiente) (tubos de hemólise correspondentes ao meio
salino).
7. Centrifugar os tubos de hemólise 1’ a 1000 rpm na centrífuga.
8. Verificar a presença ou ausência de aglutinação por observação dos tubos de
hemólise no aglutinoscópio.
8.1. Se a aglutinação observada no aglutinoscópio for positiva para qualquer
um dos tubos de hemólise, o procedimento termina aqui e conclui-se que
esse dador é incompatível com o recetor.
Se a aglutinação observada no aglutinoscópio for negativa para qualquer
um dos tubos de hemólise, o procedimento continua.
NOTA:
Para o meio salino e albuminoso, o procedimento termina aqui.
Para o meio de AGH, o procedimento continua em busca de um dador compatível.
9. Proceder à lavagem dos tubos de hemólise com meio AGH com soro fisiológico, 4
vezes.
NOTA: a lavagem dos eritrócitos é realizada na centrífuga durante 3’ a 2500 rpm.
10. Após a lavagem das células, adicionar uma gota de AGH no tubo de hemólise.
11. Centrifugar os tubos de hemólise 1’ a 1000 rpm na centrífuga.
12. Verificar a presença ou ausência de aglutinação por observação dos tubos de
hemólise no aglutinoscópio.
12.1. Se a aglutinação observada no aglutinoscópio for positiva para qualquer
um dos tubos de hemólise, o procedimento termina aqui e conclui-se que
esse dador é incompatível com o recetor.
Se a aglutinação observada no aglutinoscópio for negativa para qualquer
um dos tubos de hemólise, o procedimento continua.
13. Adicionar uma gota de células controlo de Coombs ao tubo de hemólise e verificar a
presença ou ausência de aglutinação.
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Figura 4 - Preparação das amostras dador/recetor nos diferentes meios para pesquisa de um viável dador.
3.Discussão dos resultados
Na presente atividade realizou-se um crossmatch serológico, em tubo, para pesquisa de
um viável dador em que foi utilizado um tubo com uma amostra de sangue total que serviu
como modelo de recetor de uma dádiva de sangue. Para além desta amostra, também
foram utilizadas duas amostras de sangue diferentes que se encontravam armazenadas em
tubuladuras e que serviram como modelo de dois dadores diferentes, o dador 1 e o dador 2.
Os resultados obtidos a partir desta prova cruzada encontram-se na figura 5.
Figura 5 - Resultados do crossmatch serológico em tubo para pesquisa de um viável dador.
Na figura 5, observam-se os resultados obtidos nas aglutinações para as amostras
dos dois dadores, 1 e 2 de acordo com o procedimento seguido. Relativamente ao dador 1 o
que se pode observar é uma reação de aglutinação positiva no ponto 5 da fase C do
procedimento o que indicaria que o procedimento para essa amostra terminaria nesse ponto
dado que, esse resultado indicaria um dador não viável. No que diz respeito a esta amostra
pode-se afirmar que ele não é compatível com o recetor em questão porque os anticorpos
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do recetor reagiram com os antigénios do dador, ou seja o recetor atacou as células do
dador tornando esta reação inviável e caracterizando-se esta transfusão como incompatível
[1, 2, 4].
Analisando os resultados obtidos para a amostra 2 que corresponde ao dador 2 é
possível verificar uma negatividade para todas as reações de aglutinação, ou seja, os
pontos 5., 8. e 12. da fase C do procedimento foram negativos. Logo na primeira
centrifugação das amostras após a preparação nos diferentes meios foi possível constatar
uma aglutinação negativa que corresponde ao ponto 5. da fase C do procedimento o que
nos indica que este dador poderá ser um viável candidato a dador compatível. Quando as
amostras foram colocadas a incubar e, de seguida se observaram os resultados obtidos
após centrifugação, no aglutinoscópio, os resultados negativos permaneciam o que
mantinha as possibilidades de este poder ser um forte candidato a dador compatível. Nesta
fase, fez-se a interrupção do procedimento para as amostras em meio salino e albuminoso.
No entanto, o procedimento prosseguiu para as amostras em AGH que após lavagens,
adição de AGH e centrifugação foram observadas ao aglutinoscópio para confirmar as
reações de aglutinação que permaneciam negativas. Nestas circunstâncias já seria possível
afirmar que esta amostra que correspondia ao dador 2 seria viável para transfundir no
recetor, ou seja os anticorpos do recetor não reagiram contra os antigénios do dador
permitindo fazer a escolha deste dador como a unidade sanguínea ideal para transfundir no
recetor. Apesar destes resultados já confirmarem muitos dados houve a necessidade de se
adicionar as células controlo de Coombs que foi o último passo realizado em que se obteve
um resultado positivo que confirma que a AGH está presente na solução e em boas
condições de reagir confirmando assim a compatibilidade sanguínea entre o dador 2 e o
recetor em questão [1, 2, 4].
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4.Considerações finais
Nos últimos anos, a implementação de normas de qualidade e de segurança tem
diminuído as complicações na terapêutica transfusional. A maioria das complicações
prende-se com a identificação das amostras e/ou doentes por erro humano. Estes fatores
são importantes pelo impacto que têm na imuno-hematologia e na qualidade e segurança
transfusionais. Para prevenir a ocorrência destes erros que são as principais causas de
morbilidade e mortalidade consequentes à terapêutica transfusional é necessário garantir
que se realiza o teste certo com as amostras certas para obter os resultados certos
garantindo a transfusão certa no doente certo [3].
Relativamente ao protocolo e estabelecendo uma ponte com os resultados que foram
obtidos para a amostra de sangue correspondente ao recetor conclui-se que dos dois
dadores testados em termos de compatibilidade sanguínea, apenas o dador 2 tinha
eritrócitos que não reagiram com os anticorpos da amostra do recetor conferindo sempre
aglutinações negativas. Com isto, é possível afirmar que transfundir o recetor em questão
com unidades sanguíneas do dador 2 seria uma boa opção em termos clínicos e com baixos
riscos de rejeição por parte do recetor [1, 2, 4].
No entanto, resultados díspares foram obtidos para a amostra correspondente ao
dador 1. Neste caso, os anticorpos do recetor reagiram contra os antigénios presentes nas
membranas eritrocitárias do dador criando reações de aglutinação positivas o que inviabiliza
reações de transfusão seguras. Uma prova cruzada positiva, como neste caso em concreto,
representa uma possível inviabilidade na realização da transfusão porque indica que o
recetor tem condições para atacar as células do dador e, consequentemente poderá ocorrer
uma rejeição da dádiva podendo levar, em casos extremos à morte do recetor [1, 2, 4].
Relativamente a esta técnica, importa ainda referir a utilização de diferentes meios
(salino, enzimático e AGH) que são fundamentais a ter em conta quando se pretende
despistar determinadas patologias. Por exemplo, o método salino que foi realizado à T.A.
está mais direcionado a doentes hematológicos considerando as aglutininas frias (IgM)
presentes nestes doentes, daí que tenha mais significado observar os resultados do
crossmatch à T.A. ao invés de 37ºC. No que se refere ao meio enzimático foi utilizada a
bromelina que é uma das enzimas mais utilizadas para a pesquisa de determinados Acs.
Este método surge com algumas limitações essencialmente porque, as enzimas nem
sempre detetam Acs dos sistemas Duffy e MNSs o que impossibilita o uso deste meio
isoladamente e por vezes, este meio pode dar falsos positivos. Relativamente ao meio de
AGH, este é sem duvida o mais importante e o mais utilizado detetando eritrócitos
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sensibilizados com Acs incompletos. É também capaz de detetar determinados Acs IgG que
não sejam detetados com os outros meios, dado que a IgG é um anticorpo quente e reage
melhor em AGH para além da temperatura de incubação a 37ºC. No que remete às
amostras do dador a questão que se coloca é qual o componente mais viável, soro ou
plasma. Qualquer um dos dois pode ser usado, no entanto colocam-se mais complicações
no uso de plasma dado que, este pode conter pequenos coágulos de fibrina, não possui o
ião cálcio necessário à cascata do complemento e possui elevados níveis de fibrinogénio
que pode induzir a formação de rouleaux que pode originar falso positivo por se assemelhar
a uma aglutinação [2].
Na realização desta atividade para a pesquisa de um dador viável foi realizado um
crossmatch serológico em tubo que nos permitiu, de facto obter resultados positivos e
facilmente chegámos ao objetivo do mesmo e foi possível detetar se algumas das amostras
correspondia a um dador compatível para o recetor. No entanto, poderá ser considerado um
teste desvantajoso em termos temporais tendo em conta que o intervalo de tempo desde o
início da mesma até à finalização com a obtenção de resultados concretos é
consideravelmente grande o que poderá implicar a sobrevivência ou não de um doente.
Desta forma, é extremamente importante adequar a técnica a realizar, visto que há um leque
diversificado de provas cruzadas que se podem realizar ao paciente a ser transfundido. A
situação do doente é que deverá ser o principal fator para a escolha da técnica a utilizar [1].
É deveras importante ter em conta que a prova cruzada realizada é um teste que não
identifica o grupo sanguíneo, mas testa incompatibilidades serológicas, isto é, deteta a
presença in vitro de níveis significativos de anticorpos contra os antigénios eritrocitários em
que se usa soro/plasma do recetor e células (eritrócitos) do dador. Basicamente, com a
realização deste teste de crossmatch pretendeu-se detetar a presença de anticorpos
preformados específicos do recetor contra os antigénios do dador para garantir uma boa
seleção do componente e da unidade sanguínea. No entanto, este teste apenas evidencia a
incompatibilidade referida, no caso de já existirem anticorpos do recetor contra os antigénios
presentes nos eritrócitos do dador. A principal e mais importante função do crossmatch é
confirmar e assegurar a compatibilidade entre dador e recetor. É de considerar ainda que,
qualquer prova cruzada realizada para investigar a compatibilidade sanguínea deve ser
sempre antecedida de uma tipificação sanguínea [1, 2, 4].
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5.Bibliografia
1. Dr. Rui Ferreira, D.D.L.L., DVM; Dra. Ana Guimarães, DVM; Doutor Augusto J. F. de
Matos, DVM, PhD Transfusões sanguíneas em animais de companhia. Março/Abril
2008
2. VETERINÁRIO, B.D.S. PROVA CRUZADA – CROSSMATCHING Available from:
file:///C:/Users/Alexandra/Downloads/-media-22903-crossmatching1.pdf.
3. Sangue, I.P.d. Imunohematologia (recomendações). 2ª edição 2008; Available from:
http://rihuc.huc.min-saude.pt/bitstream/10400.4/801/1/Imunohematologia.pdf.
4. Brasil, D.d. PROVA CRUZADA - CROSS MATCH - PROCEDIMENTO DE COLETA.
Available from: http://diagnosticosdobrasil.com.br/wp-content/uploads/2015/03/Prova-
Cruzada-Cross-Match-1.pdf.
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