Clarice Lispector - Geração de 1945

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Clarice LispectorGERAÇÃO PÓS-MODERNISTA (1945)

EEM SÃO FRANCISCO DE ASSIS

LITERATURA – PROF. RICARDO MEES

VINÍCIUS DE MENEZES FABREAU

2014

Epifania

Na obra de Clarice, epifania significa a descoberta daprópria identidade a partir de estimulo externo. Aspersonagens nesse momento descobrem a própriaessência, aquilo que as distingue das demais e astransforma em indivíduos singulares.

“Há uma literatura brasileira A. C. (antes de Clarice)e outra D. C. (depois de Clarice). Da narrativanacional, herdeira dos pais fundadores da ficçãoséculo XIX e renovada, no século XX, pelasvanguardas modernistas à “coisa”, o textoclariceano, onde o que é narrado não é,exatamente, o mais importante, foi imenso otrajeto.”

Drummond descobriu

A descoberta de Clarice Nascida na Ucrânia em 10 de dezembro de 1920;

Nome de batismo: Haya Pinkhasovna Lispector;

A família mudou-se para Maceió (Brasil) fugindo da

Guerra Civil Russa em 1922;

Aos 15 anos mudou-se para o Rio de Janeiro;

Com 19 anos, publicou seu primeiro conto, "Triunfo", na

Revista Pan;

Faleceu em 9 de dezembro de 1977, um dia antes de seu 57° aniversário.

Estrutura Literária de Clarice

OS TEMAS RECORRENTES

1. Condição feminina

2. Dificuldade do relacionamento humano

3. Hipocrisia dos papéis “socialmente” definidos

4. Busca pelo “eu”

Estrutura Literária de Clarice OS QUATRO PASSOS

Por Affonso Romano de Sant’Anna

1. A personagem é disposta numa determinada situação

cotidiana;

2. Prepara-se um evento que é pressentido discretamente;

3. Ocorre o evento que lhe “ilumina” a vida;

4. Ocorre o desfecho, a partir do qual se considera a novasituação da vida do personagem, após o evento.

É, suponho que é em mim, como um dos representantes do nós, que devoprocurar por que está doendo a morte de um facínora. E por que é que maisme adianta contar os treze tiros que mataram Mineirinho do que os seuscrimes. Perguntei a minha cozinheira o que pensava sobre o assunto. Vi noseu rosto a pequena convulsão de um conflito, o mal-estar de não entender oque se sente, o de precisar trair sensações contraditórias por não saber comoharmonizá-las.

(...)

Essa justiça que vela meu sono, eu a repudio, humilhada por precisar dela.Enquanto isso durmo e falsamente me salvo. Nós, os sonsos essenciais. Paraque minha casa funcione, exijo de mim como primeiro dever que eu sejasonsa, que eu não exerça a minha revolta e o meu amor, guardados. Se eunão for sonsa, minha casa estremece. Eu devo ter esquecido que embaixo dacasa está o terreno, o chão onde nova casa poderia ser erguida. Enquantoisso dormimos e falsamente nos salvamos.

(...)

A violência rebentada em Mineirinho que só outra mão de homem, a mão daesperança, pousando sobre sua cabeça aturdida e doente, poderia aplacar efazer com que seus olhos surpreendidos se erguessem e enfim se enchessemde lágrimas. Só depois que um homem é encontrado inerte no chão, sem ogorro e sem os sapatos, vejo que esqueci de lhe ter dito: também eu.(...)

Uma justiça prévia que se lembrasse de que nossa grande luta é a do medo, eque um homem que mata muito é porque teve muito medo. Sobretudo umajustiça que se olhasse a si própria, e que visse que nós todos, lama viva,somos escuros, e por isso nem mesmo a maldade de um homem pode serentregue à maldade de outro homem: para que este não possa cometer livree aprovadamente um crime de fuzilamento.(...)

Não, não é que eu queira o sublime, nem as coisas que foram setornando as palavras que me fazem dormir tranqüila, mistura deperdão, de caridade vaga, nós que nos refugiamos no abstrato. O queeu quero é muito mais áspero e mais difícil: quero o terreno.

(LISPECTOR, CLARICE. Mineirinho. Arquivo IP-USP)

A descoberta da Estrela

A Hora da Estrela é o penúltimo romance e último livropublicado em vida pela escritora brasileira Clarice Lispector.

O romance narra a história da datilógrafa alagoana Macabéa,que migra para o Rio de Janeiro, tendo sua rotina narrada porum escritor fictício chamado Rodrigo S.M. É talvez o seuromance mais famoso, sendo adaptado para o cinema porSuzana Amaral em 1985.

“A história de uma moça, tão pobre que só comia cachorroquente. Mas a história não é isso, é sobre uma inocênciapisada, de uma miséria anônima.” Clarice Lispector, sobre olivro, logo após sua publicação em 1977.

Referências

ABAURRE, Maria Luiza M. Português: contexto, interlocução esentido – São Paulo : Moderna, 2005.

http://www.claricelispector.com.br/

http://pensador.uol.com.br/autor/clarice_lispector/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Clarice_Lispector

“Mas há a vida que é para ser intensamente vivida.

Há o amor. Que tem que ser vivido até a última

gota. Sem nenhum medo.

Não mata.”(1920 – 1977)