Post on 10-Jul-2015
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“Culturas em paraísos tropicais inteiramente livres de ciúme só existem
nas mentes românticas de antropólogos otimistas e, na realidade, jamais
foram encontradas” (Buss, 2000)
De acordo com Costa (2005), estudar o tema é importante porque:
Consiste em um tema comum na terapia de casais;
Dados apontam que cerca de 20% dos homicídios estão associados ao
ciúme;
É um tema pouco pesquisado, especialmente em âmbito nacional;
É um tema controverso no que tange as definições e explicações;
“ [...] um sentimento que emerge em uma situação sinalizadora de possível
perda de um estímulo reforçador para outro indivíduo, podendo envolver
emissão de respostas coercitivas que visam evitar esta perda e a produção
de consequências reforçadoras e/ou punitivas para o comportamento dos
indivíduos envolvidos em uma manifestação de ciúme” (Menezes e Castro,
2001)
Entre as respostas coercitivas normalmente emitidas, podemos
enumerar:
Verificação;
Questionamentos;
Ameaças e agressões verbais e físicas;
Estabelecimento de regras com objetivo de impedir contato do parceiro
(a) com o (a) rival;
Punição de relatos de desejo de sair e/ou encontrar amigos (as);
Contratação de detetives;
Instalação de programas espiões no computador, celular, tablet, etc.;
Utilização de outros métodos bizarros;
No entanto, existem outras possibilidades:
Os respondentes nomeados como ciúme podem ocorrer sem que
ocorra qualquer operante público associado;
Os operantes nomeados como ciúme podem ocorrer sem que os
respondentes estejam presentes;
O indivíduo pode nomear inadequadamente suas respostas ou não
discriminar os controles;
De acordo com Bueno e Cols (2012):
No ciúme normal as respostas ocorrem em reação a evidências concretas
de interação entre parceiro/ rival e as crenças em relação a uma possível
traição são mais flexíveis;
No patológico, as respostas são mais frequentes e intensas, ocorrem
sem a presença de evidências concretas e incluem comportamentos de
investigação;
Embora possua influência filogenética, não se pode admitir que ele se
mantém por este motivo (Costa, 2005);
Conforme explica Costa (2005), o ciúme é produto tanto de
condicionamento reflexo quanto operante;
Menezes e Castro (2001) acrescentam que o ciúme pode ser aprendido
também por generalização, imitação e controle por regras;
Os Psicólogos Evolucionistas compreendem o ciúme como uma
resposta adaptativa da espécie, que evoluiu para solucionar um problema
de sobrevivência ou reprodução (Buss, 2000);
Conforme explica Buss (2000), há problemas quando o ciúme está
ausente ou é excessivo;
De acordo com o referido autor, o ciúme torna os relacionamentos mais
excitantes, permite avaliar o próprio relacionamento e faz o parceiro sentir-
se mais desejável;
Efeitos sobre o
Ciumento
Efeitos sobre o Parceiro Efeitos sobre a Relação
Desconforto Físico Agressões físicas e
verbais
Estagnação da Relação
Raiva, angústia,
ansiedade, culpa,
mágoa, rejeição,
tristeza
Embaraço Social Término da Relação
Compromete a Auto
Estima
Medo da Perseguição
Limita a Liberdade
(Buss, 2000; Costa, 2005)
Torres e Cols (1999) apresentam dados que indicam que indivíduos
expostos a determinadas condições tornam-se mais propensos a quadros
de ciúme patológico. São elas:
Ambiente pobre em Reforço social e não social;
Experiências passadas de separação ou traição;
Relacionamento dos pais;
Transtornos psiquiátricos, como dependência
alcoólica, transtorno obsessivo compulsivo, depressão
e outros transtornos de ansiedade.
Shepperd (1961), Mooney (1965), Docherty (1976),
Torres e Cols (1999) e Zacher (2004) defendem que o
TOC pode se manifestar como ciúme.
Conforme explicam Tarrier et all (1990), os pensamentos do ciúme
partilham de diversas características com as obsessões:
Intrusivos
Indesejados
Desagradáveis;
Acompanhados de atos de verificação e reasseguramento;
Ainda falando de ontogênese, o ciúme pode ser aprendido por modelagem e
modelação (Costa, 2005; Banaco, 2005; Menezes e Castro, 2001)
Bandeira (2005, citada por Costa, 2005) conduziu o único estudo
empírico de base Analítico Comportamental sobre o ciúme.
O estudo teve como objetivo identificar comportamentos ciumentos em
crianças com idades entre dois e três anos de idade, bem como os
antecedentes e consequências destes comportamentos;
Participaram quatro mães, quatro professoras da creche e quatro
crianças;
O procedimento envolveu entrevistas com as professoras e mães e
observação direta do comportamento das crianças;
Os comportamentos de cada criança foram observados em três sessões
de 30 minutos;
Observou-se que aquelas crianças que obtinham atenção na maior parte
das vezes que emitiam comportamentos ciumentos emitiam estes
comportamentos com maior frequência
De acordo com Costa (2005), os parceiros do ciumento reforçam positiva
e negativamente seu comportamento.
Na contingência de reforço positivo, estão inclusos: dizer ao parceiro que
o ama; que não precisa se preocupar pois jamais será abandonado;
apontar suas qualidades; oferecer presentes, beijos ou outras “provas de
amor”.
Sheets, Freedenball e Claypool (1997,
citados por Costa, 2005) realizaram um
estudo no qual constataram que 73% dos
participantes já haviam provocado ciúme e,
87% destes, o fizeram para aumentar a
atenção dos parceiros.
Costa (2005) explica ainda que na contingência de reforço negativo, estão
inclusos: o parceiro do ciumento deixar de sair de casa sozinho (a) ou com
outras pessoas; deletar o facebook, entre outras coisas, incluindo,
esquivar-se de punição de outros indivíduos por não apresentar o
comportamento ciumento.
Torres e Cols (idem) apontam também diferentes fatores precipitadores
para o ciúme. São eles:
Perda de Emprego;
Mudança de Comportamento ou Status do companheiro;
Doenças;
Outros eventos que sinalizem perda de competitividade por parte do
ciumento.
O dado converge com análises behavioristas (Banaco, 2005; Menezes e
Castro, 2001 e Costa 2005), que sugerem que os antecedentes em do
ciúme são situações de competição, ameaça à posse ou a fontes de
reforçadores positivos.
Conforme explica Costa (2005), a sociedade possui regras que
incentivam o ciúme;
Menezes e Castro (2001, citado por Costa,2005) citam o código penal
brasileiro, que diz: “se o agente cometer o crime impelido por motivo de
relevante valor social ou moral, ou sub domínio de violenta emoção, logo
em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de
um sexto a um terço”
A abordagem do tema pode ser realizada por
diversos enfoques.
De acordo com Torres, Cerqueira e Dias (1999), ao atender uma queixa de
ciúme, é importante observar se:
As preocupações são baseadas em fatos;
Existe algum comprometimento e, se sim, até que ponto;
O indivíduo possui algum grau de crítica sobre suas preocupações;
Existe risco de violência;
Há uso de substâncias psicoativas;
Existe algum transtorno psiquiátrico primário/ comórbido;
Existe necessidade de acompanhamento psiquiátrico;
Conforme explicam Torres, Cerqueira e Dias (1999), o tratamento do ciúme
patológico deve combinar várias intervenções. Entre as possibilidades, os
autores destacam:
Promoção de autoconhecimento;
Psicoeducação;
Treino de técnicas de autocontrole;
Treino de habilidades de comunicação e empáticas;
Assertividade;
Dessensibilização sistemática;
Parada de pensamento;
Técnicas de relaxamento;
Inversão de papéis;
Inversão de regras;
Ampliação de repertório social
A escolha de qualquer uma destas estratégias, ou ainda, de qualquer outra,
deve ser precedida pela Análise Funcional.
Esequias Caetano – Psicólogo CRP 04/ 35023
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