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CIEPH - CENTRO INTEGRADO DE ESTUDOS E PESQUISAS DO HOMEM
A EFICÁCIA DA ACUPUNTURA EM PACIENTES COM ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
FELIPE LEONEL CASTELUCCI MARQUES
FLORIANÓPOLIS MAIO/2010
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FELIPE LEONEL CASTELUCCI MARQUES
A EFICÁCIA DA ACUPUNTURA EM PACIENTES COM
ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Florianópolis, maio de 2010
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Especialista em Acupuntura do Centro Integrado de Estudos e Pesquisas do Homem, como requisito à obtenção do título de
Especialista em Acupuntura.
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CENTRO INTEGRADO DE ESTUDOS E PESQUISAS DO HOMEM
PÓS-GRADUAÇÃO PROFISSIONAL EM ACUPUNTURA
A EFICÁCIA DA ACUPUNTURA EM PACIENTES COM
ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Elaborada por
FELIPE LEONEL CASTELUCCI MARQUES
COMISSÃO EXAMINADORA:
___________________________________________________
Prof. Marcelo Fabián Oliva, Esp.
Orientador/ Presidente de Banca
___________________________________________________
Prof. Cleto Emiliano Pinho, Esp. Membro de Banca
___________________________________________________
Profa. Luisa Regina Pericolo Erwig, MSC. Membro de Banca
Florianópolis, maio de 2010
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SUMÁRIO
RESUMO_________________________________________________6
1. INTRODUÇÃO_____________________________________________7
1.1 O PROBLEMA E A SUA RELEVÂNCIA_________________________7
1.2 OBJETIVOS______________________________________________11
1.2.1 GERAL__________________________________________________11
1.2.2 ESPECÍFICOS____________________________________________11
1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO________________________________12
2. REVISÃO DE LITERATURA_________________________________12
2.1 PRINCÍPIOS EM QUE SE BASEIA A MEDICINA TRADICIONAL
CHINESA_____________________________________________________12
2.2 YIN E YANG NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA____________15
2.3 YING E YANG E ANATOMIA_________________________________16
3. CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE ACUPUNTURA________________23
3.1 PRINCÍPIOS DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA E
ACUPUNTURA_________________________________________________26
3.2 BREVE HISTÓRICO DA ACUPUNTURA_______________________ 28
3.3 SIGNIFICADO DOS MERIDIANOS NA ACUPUNTURA____________30
3.4 VASOS MARAVILHOSOS___________________________________34
3.5 MECANISMOS SEGUNDO A NEURO CIÊNCIAS DA AÇÃO DA
ACUPUNTURA_________________________________________________35
3.5.1 APLICAÇÃO DE AGULHAS DE ACUPUNTURA__________________35
3.5.2 AÇÃO SEGMENTAR DA ACUPUNTURA_______________________37
3.5.3 AÇÃO SUPRA-SEGMENTAR DA ACUPUNTURA________________37
3.5.4 AÇÃO CENTRAL DA ACUPUNTURA__________________________37
3.5.5 NEUROTRANSMISSORES NA ACUPUNTURA__________________38
3.5.6 OS PONTOS DA ACUPUNTURA (ACUPONTOS)________________ 39
3.5.7 CONTRA-INDICAÇÃO DA ACUPUNTURA______________________41
4. CONCEITO OCIDENTAL DO AVC____________________________41
4.1 CONCEITOS DE ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL- AVC_______ 41
4.2 FISIOPATOLOGIA DO AVC_________________________________ 44
4.2.1 O CÉREBRO E SEU FUNCIONAMENTO_______________________44
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4.2.2 PRINCIPAIS ARTÉRIAS QUE UNEM O CORAÇÃO E O
CÉREBRO____________________________________________________ 45
4.3 TIPOS DE AVC___________________________________________ 48
4.3.1 AVC ISQUÊMICO_________________________________________ 48
4.3.2 AVC HEMORRÁGICO______________________________________50
4.3.3 AVC TROMBÓTICO, EMBÓLICO E LACUNAR__________________ 55
4.4 SINTOMAS DO AVC_______________________________________ 56
4.5 CAUSAS DO AVC_________________________________________ 57
4.6 SINAIS QUE PODEM CARACTERIZAR A OCORRÊNCIA DO
AVC__________________________________________________________57
4.7 EXAMES COMUNS PARA DIAGNOSTICAR O AVC______________ 58
4.8 SEQÜELAS DO AVC_______________________________________58
4.9 TRATAMENTO DO AVC____________________________________ 60
4.10 REABILITAÇÃO RELATIVA AO AVC__________________________ 61
5. CONCEITO ORIENTAL DO AVC_____________________________ 61
5.1 FILOSOFIA DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA_____________ 61
5.2 OS CINCO ELEMENTOS___________________________________ 63
5.3 ATUAÇÃO DA ACUPUNTURA_______________________________67
5.3.1 ACUPUNTURA COM UTILIZAÇÃO ELETROMAGNÉTICA HAI-
HUN_________________________________________________________70
5.4 LÍNGUA: IMPORTANTE INDICADOR DO GOLPE DE
VENTO_______________________________________________________75
6. TRATAMENTOS POR ACUPUNTURA________________________77
6.1 TRATAMENTO POR MOXABUSTÃO _________________________77
6.2 MÉTODO DE AGULHAMENTO______________________________ 77
6.2.1 TRATAMENTO PELA ACUPUNTURA ESCALPEANA_____________78
6.2.2 REFERÊNCIA ANATÔMICA DA SUPERFÍCIE DO ESCALPE E
CORRESPONDENTE AO CÓRTEX CEREBRAL______________________80
6.2.3 LOCALIZAÇÃO DAS ÁREAS DE AGULHAMENTO - USO
CORRESPONDENTE COM A FUNÇÃO DA ÁREA CORTICAL___________80
6.2.4 A REABILITAÇÃO E EFICÁCIA DO TRATAMENTO_______________84
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS__________________________________89
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS___________________________ 95
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RESUMO
Título: A Eficácia da Acupuntura em Pacientes com Acidente Vascular
Cerebral: Revisão Bibliográfica
Autor: MARQUES, Felipe Leonel Castelucci Orientador: Marcelo Fabián Oliva Esp
O presente estudo tem como objetivo, apresentar através de uma revisão
bibliográfica, a eficácia de métodos da Acupuntura em pacientes com Acidente
Vascular Cerebral, existentes na Medicina Tradicional Chinesa. A Medicina
Tradicional Chinesa conceitua o ser humano como uma forma harmônica, entre
o corpo, mente e espírito podendo assim diagnosticar e tratar assim o ser
humano como um todo. A utilização da Acupuntura mostra-se eficaz no
tratamento dos diferentes tipos de Acidente Vascular Cerebral, sendo uma
alternativa aos profissionais da área da saúde no tratamento não só do
Acidente Vascular Cerebral, como de outras patologias e enfermidades que
acometem o ser humano como um todo.
Palavras-chave: Acidente Vascular Cerebral, Tratamento, Acupuntura, Medicina
Tracional Chinesa.
CENTRO INTEGRADO DE ESTUDOS E PESQUISAS DO HOMEM – CIEPH
PÓS-GRADUAÇÃO PROFISSIONAL EM ACUPUNTURA
Florianópolis, de maio de 2010.
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1 INTRODUÇÃO
1.1 O PROBLEMA E SUA RELEVÂNCIA
A República Popular da China (RPC) comumente conhecida como
China, é o maior país da Ásia Oriental e o mais populoso do mundo, com mais
de 1,3 bilhão de habitantes, aproximadamente um quinto da população da
Terra. É uma república socialista governada pelo Partido Comunista da China
sob um sistema de partido único com jurisdição sobre 22 províncias tendo por
capital Pequim.
Atualmente é considerada a segunda maior economia do Planeta, sendo
a de maior crescimento nos últimos 25 anos.
Dentre as valiosas contribuições da China para a humanidade está a
chamada Medicina Tradicional Chinesa (MTC) também conhecida como
medicina chinesa (em chinês: Zhõngyí xué, ou Zhõngao xué).
Medicina Chinesa é uma denominação dada ao conjunto de práticas de
Medicina Tradicional em uso na China, desenvolvida ao longo de milhares de
anos da sua história.
Segundo o Hwang Ti Nei Jing, escrito há cerca de 700 a.C., os chineses
da Idade da Pedra descobriram que o aquecimento do corpo com areia ou
pedra quente aliviava as dores abdominais e articulares. Essa foi a origem da
moxa. (Wen,1985).
Também foram encontrados em várias partes da China Zhem Shih –
agulhas de pedra- também da Idade da Pedra. Essas agulhas, diferentes das
agulhas de costura, encontravam-se junto com outros instrumentos de cura.
Daí a conclusão da aplicação da Acupuntura, já nesta época.
A Medicina Chinesa que originou-se ao longo do Rio Amarelo e passou
por inovações ao longo de diferentes dinastias é considerada uma das mais
antigas do mundo oriental.
Para definir Medicina Tradicional Chinesa é adequada a definição
encontrada no Livro do Imperador Amarelo, uma citação de Quibo (WANG,
2001).
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“A razão pela qual o céu e a terra podem ser os pais de todas as coisas
é que o céu tem 8 termos para designar o tempo climático e a terra tem 5
elementos a fim de ser o princípio guia de todas as coisas. Todas as mudanças
do céu, yin, yang tem padrões regulares, todas as coisas aderem a lei regular
do nascimento, crescimento, maturidade e de se recolher. Somente o homem
sábio pode seguir a lei da energia lúcida e leve do céu, a fim de nutrir sua
cabeça que está acima e aprende com o fenômeno da energia turva da terra
para nutrir seus pés que estão abaixo.No meio ele pode regular seu comer e
beber, seguir seus movimentos e sua mente para nutrir 5 vísceras.
O pulmão está localizado na parte superior do corpo e se encarrega da
respiração; por isso a energia do céu se comunica com o pulmão. A laringo-
faringe é a saída do estômago, o qual recebe cereais e por isso a energia da
terra se comunica com a laringo-faringe.
Já a energia do vento produz o fígado madeira, por isso a energia do
fígado corresponde ao fígado, como o coração está associado ao fogo e o raio
também está associado ao fogo, assim como as gravuras que agradam, a
energia do raio faz parte do coração.
O baço se encarrega de transportar e digerir os cereais, por isso a
energia da substância essencial do cereal se comunica com o baço. O rim é
um sólido, de água, por isso a energia da chuva pode orvalhar os rins. Tome o
yin e o yang do céu e da terra para fazer analogia com o yin e yang do corpo
humano: quando o yin e yang da terra se combinam viram chuva; quando a
energia vital e o sangue do homem se unem fazem suar, por isso o suor de um
homem é chamado chuva. A energia yang circula pelo corpo todo e a energia
do vento se espalha pela terra, por isso a “energia do homem” é chamada de
vento do céu e da terra. A energia de temperamneto violento num homem é
como o ribombar de um trovão e a energia em contra corrente se parece com a
ascensão do yang. A atividade vital de um homem tem uma estreita
semelhança com a energia do céu. Ao se tratar da doença deve-se seguir a
disciplian do céu e da terra, senão a atividade vital do paciente pode ser
prejudicada, ocorrendo imediatamente calamidade”(SELBACH, 2003).
Essa fundamentação de que nosso corpo “imita” o universo e que tudo o
que fazemos na nossa vida reflete-se no nosso corpo (princípio da Medicina
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Chinesa) leva a necessidade de nos conhecermos e conhecermos os pacientes
para evitar danos.
Afirma o artigo : Medicina Chinesa: “A Medicina Chinesa fundamenta-se
numa estrutura teórica sistemática e abrangente, de natureza filosófica. A base
é o reconhecimento das leis fundamentais que governam o funcionamento do
organismo humano e sua interação com o ambiente, observando-se os ciclos
da natureza.
A abordagem da Medicina Chinesa vai do tratamento das doenças à
manutenção da saúde através de diversos métodos.
Atualmente existem oito principais métodos de tratamento de Medicina
Tradicional Chinesa:
Fitoterapia chinesa (fármacos)
Acupuntura
Tuina ou Tui Ná (massagem e osteopatia chinesa)
Dietoteapia (terapia alimentar chinesa)
Auriculoterapia (tratamento pela orelha)
Moxabustão
Ventosaterapia
Práticas físicas (exercícios integrados de respiração e circulação de
energia, e meditação (Chi Kung, o Tai Chi Chuan e algumas artes marciais)
considerados métodos profiláticos para a manutenção da saúde, ou
intervenções para recuperá-la.” (MEDICINACHINESAPT, 2010).
A acupuntura, método que faz parte da Medicina Tradicional Chinesa
(MTC). Teria se originado quando o primeiro homem (primitivo), na primeira dor
levou a mão instintivamente à área dolorida, massageando e apertanto o local
da dor, constituindo o primeiro digitopuntura.
Há mais de 5000 anos (3000 anos de registros escritos e mais de 2000
com achados arqueológicos) comprovam que os chineses utilizavam a
acupuntura como meio de cura e tratamento de diversos males.
A acupuntura, um dos métodos mais difundidos da Medicina Chinesa no
ocidente, conhece formas importante na dinastia Song (960 a.C. – 1279)
impulsionadas pelo médico Wang Weiyi ao publicar a obra: “Acupuntura e os
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pontos do Corpo Humano”. Ele moldou duas estátuas do corpo humano em
bronze, com a finalidade de ensinar seus alunos as técnicas de acupuntura.
No século XX Mao Tse -Tung oficializou nas universidades o ensino da
Medicina Chinesa, sendo a mesma divulgada em toda a China e usada em
hospitais.
A técnica consiste em encontrar a harmonia do corpo e mente através
de canais, conhecidos como “meridianos de energia”, que percorrem todo o
corpo.
O tratamento quando realizado por agulhamento, é feito através de
inserção de finíssimas agulhas em determinados pontos dos canais, que são
chamados de “pontos da acupuntura”. A estimulação desses pontos permite a
ativação ou sedação da energia que circula ao longo desse meridiano
(SELBACH, 2003).
Com a evolução da humanidade surgiram as primeiras agulhas feitas
em pedra. Hoje são feitas com liga de prata, ouro ou aço inoxidável.
Já a moxa, inicialmente feita com areia ou pedra aquecida, evoluiu para uso de
plantas, infravermelho, ultra-som, corrente elétrica e raio laser.
Durante muito tempo, a acupuntura foi vista com desconfiança por
médicos e paciente, adeptos da Medicina Ocidental. Atualmente aumenta a
cada dia o número de médicos e paciente que procuram na acupuntura uma
alternatica eficaz para o tratamento de diversas doenças.
A prática da Acupuntura é regulamentada pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA) e pelo Ministério da Saúde, através da Política
Nacional de Práticas Interativas e Complementares no SUS (PNPIC) que
estabelece as diretrizes para implantaçao dessas terapias na rede pública de
saúde.
Em 2005, após consulta as comunidades médica e científica, a PNPIC
foi aprovada pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS). Definem-se então as
responsabilidades dos gestores a nível federal, estadual e municipal na
implentação dessas novas terapias e serviços no SUS. Também foram
elaboradas normas na Vigilância Sanitária orientando sobre o uso de materiais,
eliminando o risco de transmissão de doenças (FARHAT, 2006).
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O estudo desenvolvido aborda a temática do tratamento da acupuntura
em pacientes acometidos por AVC (Acidente Vascular Cerebral),
especificamente nos casos de Acidente Vascular Isquêmico (AVCI) e Acidente
Vascular Cerebral Hemorrágico (AVCH).
O estudo têm relevância porque os acidentes vasculares cerebrais
constituem grande problema de saúde pública, sendo que as estatísticas
situam entre as quatro maiores causas de morte e doenças neurológicas em
muitos países.
Acidente Vasculares Cerebrais (AVC) são definidos pela Organização
Mundial de Saúde como “sinais de distúrbio focal (por vezes global) da função
cerebral de evolução rápida durando mais de 24 horas ou ocasionando a morte
sem outra causa aparente daquela de origem vascular” (SACCO, 2010).
Outra importante razão para o presente estudo, está no fato de ainda ser
reduzida a divulgação da eficácia da acupuntura no tratamento de doenças
neurológicas.
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 GERAL
O objetivo do estudo realizado, a partir de revisão bibliográfica, é
reforçar conceitos básicos da acupuntura, mesmo aqueles considerados
“corriqueiros” para os estudiosos, para que leigos possam compreender como
a acupuntura age, visando através de sua divulgação fazer com que busquem
tratamentos com o uso da mesma.
1.2.2 ESPECÍFICO
O objetivo é ampliar os conhecimentos sobre efeitos do tratamento
utilizando-se a acupuntura, em Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC), tanto
nos casos de Acidente Vascular Vascular Cerebral Isquêmico (AVCI) como
Acidente Vascular Hemorrágico (AVCH).
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1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO
Esta pesquisa, do tipo bibliográfica baseou-se na leitura e coleta de
dados realizadas em bibliografias particulares, nas bibliotecas da CIEPH,
UNISUL, UFSC e UDESC, bem como utilizou sites da internet em endereços
eletrônicos citados nas referências bibliográficas. Foram consultadas 78 obras,
entre livros, periódicos e site.
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 PRINCÍPIOS EM QUE SE BASEIA A MEDICINA TRADICIONAL CHINESA
A história da Medicina Chinesa pode ser estudada de três maneiras:
1. Assumir que os conceitos chineses de doença e tratamento são
superiores aos ocidentais: Manfred Porkert.
2. Uma visão histórica que enfatiza os aspectos que seriam precursores do
pensamento médico ocidental atual, tomando este como verdade científica:
Joseph Needham.
3. Estudar a medicina como um aspecto da cultura chinesa: Paul Unschuld.
Uma das características da civilização chinesa é sua capacidade
sincrética. Contrariamente ao ocidente, na China os novos conceitos não
anulavam os anteriores e sim, conviviam ao mesmo tempo. Não havia um
processo dialético de síntese e nem a substituição do paradigma antigo por um
novo. Isto fez com que conceitos contraditórios fossem usados ao mesmo
tempo para explicar um fenômeno. Desta forma, podemos encontrar os
seguintes aspectos no que chamamos medicina chinesa:
Terapia oracular
Medicina sobrenatural ou dos demônios
Cura religiosa
Terapia farmacológica pragmática
Medicina budista
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Medicina de correspondência sistemática
“Com relação ao elo causal necessário à explicação da doença, podemos
encontrar duas formas de pensamento na medicina chinesa:
1. Relações de causa-efeito entre fenômenos correspondentes
2. Relações de causa-efeito entre fenômenos não correspondentes (visão
tradicional da MTC) está profundamente ligada a teorias baseadas no Taoísmo,
sobre a dualidade Yin/Yang, sobre meridianos e outros conceitos inicialmente
bastante “exóticos”para a ciência médica ocidental. Contudo, contribuições da
Antropologia Médica, vem facilitando o entendimento destes conceitos à luz da
interpretação lógica das explicações mítico-religiosas compreendidas como
sistemas etnomédicos capazes de dar respostas às demandas por cuidados de
saúde de uma determinada população” (WIKIPEDIA, 2010).
Na China antiga, as primeiras observações efetuadas levaram à
conclusão de que a estrutura básica do ser humano era a mesma do universo.
Então, todos os fenômenos da natureza eram classificados em dois pólos
opostos: o Yin (negativo) e o Yang (positivo). Aqueles que apresentam como
característica: força, calor, claridade, superfície, grandeza, dureza, peso, etc.
pertencem ao Yang. Ao contrário, os que apresentam características às
opostas mencionadas, pertencem ao Yin (WEN, 1987).
No copo humano há órgãos de constituição mais fraca que necessitam
de proteção das vértebras e costelas. São cinco órgãos: coração, pulmão, rins
e baço – pâncreas. Eles pertencem ao Yin e seus pontos reflexos estão
localizados na região ventral do corpo. Ao contrário, as vísceras menos
protegidas e de constituição mais forte como o estômago, intestino delgado,
intestino grosso, bexiga, vesícula biliar e útero, são de natureza Yang.
Os órgãos que apresentam hiperfuncionalidade são classificados como
Yang; os que apresentam hipofuncionalidade são classificados como Yin
(WEN, 1985).
Para Wen (1985), “o Yin e Yang são aspectos opostos de todo o
movimento no universo. É um conceito hoje considerado quântico que os
médicos chineses antigos conseguiram adaptar para a medicina. No corpo do
homem existe o equilíbrio que pode ser alterado por diversos tipos de
influências, como alimentar, comportamental e muitas outras.
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Existem muitas formas de diagnóstico na medicina tradicional chinesa
(MTC). Algumas delas são a pulsação, a observação e aspectos da língua, a
cor e aspecto da pele. “Um médico chinês costuma dizer que não se deve olhar
apenas o paciente, mas escutá-lo, tocá-lo, cheirá-lo, provar sua urina e
conhecer suas fezes.”
Assim uma consulta baseada no modelo tradicional chinês pode levar de
vários minutos a algumas horas. Nela são questionados vários aspectos da
vida, desde a infância, expressões das emoções, alimentação, hábitos e
costumes.
A natureza das explicações tradicionais da medicina chinesa não tornam
essa prática essencialmente distinta de outros sistemas etno – médicos; tem
semelhanças com a medicina hipocrática (origem da moderna medicina). Não é
uma medicina mágica como foi considerada por um certo tempo, e sim a
incorporação do conhecimento empírico fruto de cuidadosas observação,
consolidado no paradigma do Yin e Yang e dos 5 movimentos (SCIELO, 2009).
Fenômenos seriam manifestações de um número variável de princípios;
fenômenos que são manifestações de um mesmo princípio são
correspondentes: mudança em um afeta o outro. Na correspondência
sistemática há um número limitado de princípios. Todos os fenômenos podem
ser classificados como um dos dois ("yin yang") ou um dos cinco ("Cinco
Fases" WU XING) princípios. Outra possibilidade seria a dos fenômenos
coexistirem independentemente e, sob determinadas condições, exercerem
influências mútuas benéficas ou prejudiciais.
“Segundo Unschuld, a pluralidade de conceitos envolvendo causalidade
da doença é inevitável numa sociedade onde grupos diferentes coexistem em
realidades socioeconômicas diferentes; mudança nestes conceitos é inevitável
numa sociedade onde ocorre mudança sociopolítica básica; conceitos de
saúde antigos sobrevivem em grupos sociais que continuam a seguir uma
ideologia sociopolítica coerente; um grupo que esteja em busca de influência
política ou de domínio criará ou apoiará um conjunto específico de conceitos
terapêuticos consistentes com suas normas sociais. Com estas noções em
mente podemos então passar para a história propriamente dita” (SCIELO,
2009).
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“Princípios norteadores da filosofia chinesa tem os conceitos Yin e Yang
presentes no mito de criação da Terra e humanidade, a história de Pan gu.
Atribui-se seu mais antigo uso sistemático ao I Ching. Porém não há dúvidas
que o cânone básico de sua aplicação à medicina é o Nei Ching “O Livro do
Imperador Amarelo” (Imperador Huang Tdi) cujo exemplar mais antigo foi
encontrado em um túmulo da dinastia Han (Fu Weikang).
Lê-se no Nei Ching:
“O Imperador Amarelo disse:
O princípio de Yin e do Yang – os elementos masculino e feminino da
Natureza- é o princípio básico de todo o Universo. É o princípio de tudo que
existe na Criação. Efetua a transformação para a paternidade; é a raiz e a fonte
da vida e da morte, e também encontra - se no tempo dos deuses”.
A fim de tratar e curar as doenças, é preciso investigar-se a sua origem.
O céu foi criado por uma acumulação de Yang, o elemento da luz; e a terra foi
criada por uma acumulação de yin o elemento das trevas.”
2.2 YIN E YANG NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA
Figura 1: O Imperador Amarelo Huang Tdi Fonte: Wikipédia ,2009
O Nei Ching consiste basicamente no diálogo de Qi-bai (também grafado
Chi Po) com o Imperador Amarelo mas é voltado para as questões práticas da
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adaptação ao clima, nutrição, emoções mas sobretudo numa segunda versão,
o Su Wen, concentra-se na prática clínica.
Para entendê-lo porém é preciso observar que traz em seu bojo
referências da época em que foi contado (tradição oral), escrito ou re-escrito
nas distintas dinastias (Han, Tang). A título de exemplo observe-se a seguinte
citação:
"O Imperador Amarelo pergunta: Ouvi dizer que o céu era Yang e a terra
era Yin, que o sol era Yang e a lua era Yin. Como concordam elas, no homem?
Qi-bai responde: O que está acima dos rins (região lombar) depende do
céu; o que está abaixo da região lombar depende da terra. os 12 vasos
principais ((Jing - mai) correspondem assim aos 12 meses (12 ramos
terrestres). A lua está em relação com a água. Eis porque está situada em
baixo é Yin"''
O livro traz a classificação dos meridianos em suas propriedades Yin e
Yang com nítida identificação da relação do processo de saúde e doença. Os
fatores patogênicos/terapêuticos estão organizados em forma de uma fisiologia
ou dinâmica vital (Madel Luz) onde se integram com os conceitos de
meridianos e a Teoria dos Cinco Movimentos ou Elementos (SCIELO, 2009).
2.3. YIN E YANG E ANATOMIA
A teoria do Yin e Yang passou (como toda a história dos fenômenos
científicos), por um processo de observação; análise; suposição; comprovação
e conclusão.
As primeiras observações levaram à conclusão de que a estrutura
básica do ser humano era a mesma do universo. Assim todos os fenômenos da
natureza foram classificados em dois pólos opostos: o Yin (negativo) e o Yang
(positivo) (WEN, 1985).
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As tabelas abaixo dão uma idéia da visão do Yin e Yang.
YIN
NATUREZA CORPO HUMANO CARACTERÍSTICAS DA
DOENÇA
Lua, noite, terra,mulher,
inverno,frio,leste,oeste
Região profunda
(interna), região
central, porção
infradiafragmática,cinco
órgãos,sistema
sanguíneo
Calma,
fria,úmida,hipofuncionante,crônica
Tabela 1:Visão do Yin e Yang
Fonte: WEN, 1985
YANG
NATUREZA CORPO HUMANO CARACTERÍSTICAS
DA DOENÇA
Sol,
dia,céu,homem,verão,calor,sul,
norte
Superfície (externa),
região dorsal,porção
supradiafragmática e
víceras energéticas
Agitada, forte,quente,
seca, hiperfuncionante,
aguda
Tabela 2: Visão do Yin e Yang
Fonte : WEN, 1985
A descrição e classificação anatômica na cultura chinesa descreve as
diversas partes, pontos, regiões, órgãos e sistemas do corpo onde os princípios
do Yin - Yang são aplicados, diferenciando tanto as formas como funções, por
exemplo:
O Chi circula através dos meridianos em um ritmo estabelecido pela
transformação do Yin e Yang
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Figura 2: Meridianos Fonte: Wikipedia, 2009
A -Yin : lado direito; parte anterior (ventral); parte palmar; interior do corpo;
membros inferiores; tronco; cheio (sólido); órgãos /meridianos zang: fígado,
coração, rim, pulmão, baço-pancreas, pericárdio.
B -Yang: lado esquerdo; parte posterior (dorsal); parte volar; exterior; membros
superiores; cabeça; oco, vazio (luz); órgãos/meridianos fu: intestino delgado,
intestino grosso, estômago, bexiga, vesícula - biliar, tríplice aquecedor (san
jiao), cérebro, útero.”
Essa classificação refere-se aos órgãos e aos processos fisiológicos
normais e patológicos. Cada uma das funções dos órgãos divididos em Yin e
Yang são por sua vez subdivididos em sucessivas classificações. Por exemplo
alguns órgãos como o coração e o rim possuem características Yang (Shao -
jovem Yin) enquanto que o pulmão e baço-pancreas características Yin (Tai -
grande Yin) apesar de todos em sua constituição serem classificados como
Zang (órgãos) de natureza Yin.Analisando-se o coração pode-se ainda
diferenciar o Yin cardíaco (a sístole - a massa muscular) do Yang cardíaco (a
diástole, as cavidades) e assim sucessivamente.
A teoria aponta que no corpo humano há órgãos de constituição mais
fraca que necessitam da proteção das vértebras e costelas(coração, pulmão,
19
rins, baço/pâncreas) eles pertencem ao Yin e seus pontos reflexos estão
localizados na região ventraldo corpo. Já asvícerasmenos protegida, por serem
de constituição mais forte (estômago,intestinos delgado e
grosso,bexiga,vesícula biliar e útero) pertencem ao Yang. Já os órgãos que
apresentam hiperfuncionalidade são classificados como Yang e os de
hipofuncionalidadesão Yin (WEN, 1985).
Sinais e sintomas são observados no processo de diagnóstico da
medicina chinesa. Resumindo-os:
Yin: processos crônicos; tendência à obesidade; congestão; passiva;
hipotermia; tonus muscular diminuído; flacidez; sensibilidade diminuída; pele
úmida, fria; sonolência; voz apagada; pessimismo; olhar apagado; aspecto
alquebrado; timidez; depressão; inibição; distensão; contração; equilíbrio
estático; coma, estupor.
Yang: processos agudos; tendência ao emagrecimento; inflamação; febre;
tonus muscular aumentado; espasmo; sensibilidade aumentada; pele seca,
quente; insônia; voz vibrante; otimismo; olhar brilhante; aspecto arrogante;
desembaraço; ansiedade; excitação; tensão; dilatação; alteração dos
movimentos; convulsão. (MACIOCIA,2003.)
Figura 3:Yin e Yang
Fonte:site lininja,2010
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Para a MTC a teoria Yin e Yang abrange três itens:
A – Nos estados de tranquiliade, existe uma harmonia entre Yin e Yang; nos de
agitação desequilíbrio entre eles.
B - Em nenhuma substância observar-se-á desenvolvimento e endurecimento
se houver predomínio de Yin ou Yang isoladamente.
C – Em circunstâncias favoráveis o Yin poderá transformar-se em Yang e vive-
versa. Quando io Yin está em excessooYang estará em depleação. Ao
contrário,estando o Yin fraco, o Yangencontrar-se-á forte.
Na medicina chinesa as doenças surgem a partir da desarmonia e ou
interrupção da energia Yin e Yang que deixam vulneráveis os agentes
agressores externos: frio, calor. Chi impuro, etc. As síndromes Yin – Yang
causadas por esse desequilíbrio, podem ser basicamente subdivididas por
causas como:
A- tipo Xu (deficiência) ou seja aquelas provocadas por uma baixa resistência
corpórea devida a hipofunção ou insuficiência de certos materiais;
B- tipo Shi (excesso) indicando agressão por agente nocivo externo em
presença de uma resistência orgânica normal. (MACIOCIA,2003).
A preponderância do Yin sobre Yang em presença do fator patogênico
Yin caracteriza a síndrome frio do tipo Shi (excesso). A deficiência da energia
Yang com níveis adequados dos fatores Yin caracteriza a síndrome do frio tipo
Xu (deficiência).
A Medicina Chinesa sustenta que, por um lado, normalmente existe um
estado de equilíbrio relativo entre órgãos internos e os tecidos e, por outro,
entre o meio ambiente e o corpo humano. O equilíbrio não é estático, é um
estado de constante auto-ajuste. Dessa maneira, as atividades fisiológicas
normais do corpo estão asseguradas. Estando o corpo impossibilitado de se
ajustar às condições de mudança, o equilíbrio dinãmico se perde e ocorrerão
distúrbios. (YIN HUI, 1999).
Na Medicina Chinesa a causa da doença também é chamada de “qi
perverso” (xie qi) ou fatores patogênicos. Diversos são os fatores que podem
causar doenças: mudanças anormais do tempo, fatores epidêmicos nocivos,
excitação emocional abrupta, imprudência dietética, esforço físico excessivo,
21
dano traumático, mordidas de insetos ou de animais, etc. Também a ocorrência
de uma doença poderá desencadear outra. (YIN HUI, 1999).
A ocorrência de uma doença significa, até certo ponto, esgotamento da
atividade fisiológica normal: sob influência de fatores patogênicos, podem
ocorrer alterações patológicas dos órgãos zang-fu e dos meridianos, distúrbios
do yin e yang, bem como do qi e do sangue.
“Para a Medicina Chinesa o início de uma doença geralmente ocorre por duas
causas:
1. À fraqueza do qi antipatogênico conseqüente a distúrbios funcionais
preexistêntes no corpo e,
2. À influência dos patores patogênicos ou qi perverso.”
A doença reflete o conflito entre o qi antipatogênico e os fatores
patogêncios. As condições do qi patogêncio, por sua vez são determinadas
pela constiução (herança genética), condição mental (ligada as emoções),
ambiente em que se vive, nutrição, estilo de vida (YIN HUI, 1999).
No processo diagnóstico da medicina chinesa, além da caracterização
do Yin e Yang é preciso, para que se restabeleça o equilíbrio no organismo,
identificar o fatores internos, meridianos e agentes patogênicos aos quais o
organismo está exposto.
Os agentes externos: vento, secura e fogo, calor de verão, umidade e
frio (os chamados “seis qi”) estão associados aos sentimentos ou estados
emocionais: raiva, medo, alegria, preocupação e tristeza (MACIOCIA, 2003).
Exemplo: o reumatismo denominado como “doença” do frio da tristeza e
da umidade; ou emoção depressiva levando o Chi do “fígado” (madeira) a
invadir o “estômago” (fogo) causando gastrite.
Os seis qi não causam doenças, porém se ficarem anormais ou
excessivos, estando a resistência do corpo fraca para adaptar-se as variações,
eles podem tornar-se os “seis excessos (liu yin), fatores causadores de
doenças. Como são anormais são chamados de “seis qi insalubres (liu xie), ou
seis fatores patogênicos exógenos. Eles podem agir sozinhos ou associados.
Atacam o interiror do corpo pela superfície ou pela boca ou nariz. Esses
conceitos incluem a idéia de bactérias, vírus e fatores patogênicos químicos e
físicos (YIN HUI, 1999).
22
O vento penetrante no mar de medula pode causar uma paralisia
equivalente ao que chamamos Acidente Vascular Cerebral (AVC). Essas
combinações são explicadas, como alterações do fluxo habitual de Chi (Yin ou
Yang) que resultam no excesso ou falta dessa energia nos diversos órgãos e
meridianos. Esses meridianos e suas relações são também explicadas pela Lei
dos 5 elementos que os classifica como água, fogo, terra, metal e madeira
(MACIOCIA, 1996).
Ainda sobre processo diagnóstico e dimensão dos fatores exógenos Lê-
se no Nei Ching: "Quando o Yang é mais forte, as pessoas podem suportar o
inverno, mas não suportam o verão...quando o Yin é mais forte as pessoas
podem suportar o verão mas não suportam o inverno" O Ling Shu
complementa esclarecendo que as doenças Yang acontecem no inverno (no
caso tipo xu - deficiência) e as doenças Yin acontecem no verão identificando
ainda 5 agentes patogênicos, a saber:
O xié (fator patógeno) que penetra no Yang e provoca o Kuang (acesso
maníaco).
O xié (fator patógeno) que penetra no Yin e provoca o xué-bi (bloqueio
de sangue).
O agente patogênico que penetra no Yang e se transforma na doença do
Dian (vértex), cefaléias, ou vertigens.
O agente patogênico que penetra no Yin e transforma-se em "Yin"
(afonia) perda da voz.
O agente patogênico do Yang que penetra no Yin suscita uma doença
do equilíbrio ática - o Yin representa o repouso). O agente patogênico saindo
pelo Yang, provoca uma doença de movimento (riso, cólera). O Yang configura
o movimento."(Ling Shu / Ming Wong)
Os sete fatores emocionais (qi qing) são: alegria excessiva, raiva, melancolia,
ansiedade, pesar, terror, susto. Em condições normais não são causadores de
doenças, porém quando ultrapassarem a capacidade normal do corpo humano
suportar.
23
3. CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE ACUPUNTURA
A Acupuntura é o conjunto de conhecimentos teórico-empíricos da
medicina chinesa tradicional que visa à terapia e à cura das doenças através
da aplicação de agulhas e de moxas, além de outras técnicas.
Esta ciência surgiu na china em plena Idade da Pedra, isto é, há
aproximadamente 4.500 anos. No entanto, apesar de sua antiguidade, continua
evoluindo. Com o moderno avanço tecnológico, outros instrumentos e técnicas
como o ultra-som, radiações infravermelhas, o raio laser e outros equipamentos
vieram enriquecer seus recursos fisioterápicos (WEN, 1997).
A milenar filosofia chinesa prega que a doença e a dor ocorrem devido a
um desequilíbrio entre as duas principais forças da natureza – o YIN e o YANG,
servindo a acupuntura para restaurar este equilíbrio. Muitos chineses e
seguidores acreditam que a acupuntura influencie uma força vital (chamada QI)
que flui ao longo de 12 meridianos (canais de energia que correm
longitudinalmente no corpo) parados e 2 não – pareados (CRDF, 2010).
Acupuntura deriva-se dos radicais latinos acus (agulha) e puntur
(punção). Assim a acupuntura visa a terapia e cura das enfermidades pela
aplicação de estímulos através da pele, com a inserção de agulhas em pontos
chamados acupontos.
Acupuntura também pode ser definida como: “uma das técnicas da
Medicina Tradicional Chinesa que consiste de estimular pontos determinados
do corpo” (MEDICINACOMPLEMENTAR, 2010).
“É uma terapia reflexa, em que o estímulo de uma área age sobre
outras. Para este fim, utiliza, principalmente, o estímulo nociceptivo”
(SUSSMAN, 2000).
Atribui-se o nome "Acupuntura" a um jesuíta europeu que retornando da
China, no século XVII, adaptou os termos chineses "Zhen" e "Jiu", juntando as
palavras latinas "Acum" (agulha) e "Punctum" (picada ou punção). A tradução
literal do termo chinês, no entanto, é bem diferente. O correto seria Zhen
(agulha) e Jiu moxa ou seja "longo tempo de aplicação do fogo".
A tradução leva a concluir que o terapeuta só trabalha com agulha,
porém os pontos e meridianos também podem ser estimulados por outros tipos
24
de técnicas. Os pontos de Acupuntura podem ser estimulados por: agulhas,
dedos (acupressão), stiper (do inglês Stimulation and Permanency -
Estimulação Permanente), ventosa ou pelo aquecimento promovido por moxa,
“longo tempo de aplicação do fogo", - um bastão de artemísia em brasa, que é
aproximado da pele para aquecer o ponto de acupuntura. Há, também, o
método de estimulação por laser, ainda em estudos.
“A acupuntura faz parte de um conjunto teórico-empíricos da milenar
Medicina Tradicional Chinesa (MTC) que inclui técnicas de massagem (Tui-
Na), exercícios respiratórios (Chi-Gung), orientações nutricional (Shu-Shieh) e
a farmacopéia chinesa (medicamentos de origem animal, vegetal e mineral)
(ALTMAN, 1997).
“Acupuntura ou Acupunctura é um ramo da Medicina Tradicional
Chinesa e um método de tratamento considerado complementar de acordo
com a nova terminologia da OMS, Organização Mundial da Saúde ”
(WIKIPEDIA, 2010).
A acupuntura pode então ser definida em sentido restrito como sendo:
um agulhamento ou em sentido mais amplo como estímulo do acuponto,
seguindo várias técnicas disponíveis (agulhamento, alterações de temperatura,
pressão e outras).
Acupuntura consiste na aplicação de agulhas, em pontos definidos do
corpo, chamados de "Pontos de Acupuntura" ou "Acupontos", para obter efeito
terapêutico em diversas condições.
Os conhecimentos da acupuntura estiveram isolados do mundo
ocidental por cerca de 5000 anos, distanciando a forma de raciocínio e
linguagem. Além do empecilho semântico a prática dessa técnica se deparava
com deficiências no ensino e divulgação científica.
A ciência rejeita o princípio energético, linguagem metafísica e sistema
aparentemente primitivo da Medicina Tradicional Chinesa. Daí a dificuldade de
cientistas ocidentais buscarem investigarem e adotarem a acupuntura. A
necessidade de uma linguagem comum para facilitar o ensino, levou a
Organização Mundial de Saúde (OMS) a criar uma nomenclatura internacional
padrão (STANDARD, 2000).
25
Na China, a acupuntura é utilizada rotineiramente para o tratamento de
diversas afecções. Em 1979, especialistas de 12 países presentes no
Seminário Inter- Regional da OMS publicaram uma listagem provisória de
enfermidades que podem ser tratadas utilizando-se a acupuntura
(BANNERMAN, 1997).
Nos últimos 20 anos a aceitação da acupuntura tem crescido e tem tido
grande aceitação nos países ocidentais (YAMAMMURA, 1995).
Figura 4: Ventosa Figura 5: Moxabustão Fonte: site graodeareia, 2010 Fonte: sitegraodeareia, 2010
Figura 6: Agulhamento Fonte: Sitestorminformatica, 2010
26
3.1 PRINCÍPIOS DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA E ACUPUNTURA
O corpo humano é formado pela união das células que dão origem aos
tecidos e órgãos; estes associam - se entre si e colaboram para preservar as
funções de locomoção, digestão, defesa, respiração, etc. As conexões, de
modo geral, são estabelecidas pelo sistema nervoso, cujo centro é o cérebro.
Assim o organismo responde como um todo às alterações do meio (Wen,
1985).
Alguns fatores externos não têm importância em si, mas ao provocarem
uma resposta inadequada, podem provocar o desenvolvimento de uma doença.
Conforme a medicina chinesa, o tratamento através da acupuntura
busca a normalização dos órgãos doentes. Segundo a teoria da Acupuntura,
todas as estruturas do organismo se encontram originalmente em equilíbrio
pela atuação das energias Yin (negativas) e Yang (positivas). Por exemplo:
pelo principio de Yin e Yang é possível explicar os fenômenos que ocorrem nos
órgãos através dos conceitos de superficial e profundo, de excesso de
deficiência, de calor e frio. Desse modo, estando as energias Yin e Yang em
perfeita harmonia, o organismo, certamente, estará com saúde. Por outro lado,
um desequilíbrio gerara a doença.
A arte da Acupuntura visa, através de sua técnica e procedimentos,
estimular os pontos reflexos que tenham a propriedade de restabelecer o
equilíbrio, alcançando-se, assim, resultados terapêuticos (ALTMAN, 1997).
27
Figura 7: Medicina Tradicional Chinesa e Acupuntura Fonte: site matosinhos, 2010
A acupuntura não se volta diretamente para os agentes agressores
externos. Por isso seu tratamento não visa apenas tratar o local comprometido.
Ao agir sobre o sistema nervoso, estimulando o mecanismo de compensação e
de equilíbrio em todo o corpo, para sanar a doença (WEN, 1985).
Diferentes estudos apontam que o mecanismo da ação da Acupuntura
sobre o organismo atua da seguinte forma:
1. Acupuntura altera a circulação sanguínea. Estimulando certos pontos,
pode ocorrer a alteração da dinâmica da circulação regional proveniente das
microdilatações. Outros pontos promovem relaxamento muscular, sanando o
espasmo, diminuindo a inflamação e a dor.
2. O estímulo de certos pontos provoca a liberação de hormônios, como o
cortisol e as endorfinas, provocando analgesia.
3. Acupuntura ajuda a aumentar a resistência do hospedeiro. Havendo
agressão externa, alguns sistemas orgânicos são prejudicados. Daí ao
promover uma regularização interna, faz com que ocorra resistência à doença
e restabelecimento da saúde.
4. Acupuntura regula e normaliza as funções orgânicas.
5. Promove o metabolismo, fundamental para a manutenção da vida.
28
3.2 BREVE HISTÓRICO DA ACUPUNTURA
A acupuntura talvez tenha sido a primeira forma racional de medicina, se
contar que a herbática (ramo da medicina que adota o uso de ervas no
tratamento das doenças) é de origem remota e instintiva entre os seres
humanos. Agulhas de pedra e de espinha de peixe já eram utilizadas na China
durante a Idade da Pedra.
O "Homem de Pequim”, espécime humano que habitou nosso planeta há
cerca de 30 mil anos, já fazia uso de ervas. Porém, o uso de instrumentos,
como estiletes de pedra para estímulos cutâneos específicos, visando a
equilibrar a circulação energética do organismo foi feita racionalmente, usando
já a função oponente do dedo polegar (o homem é o único ser a possuir esse
privilégio) aliada ao seu desenvolvimento cerebelar e cortical, que são os
centros das funções racionais de pesquisa e coordenação de motricidade.
A acupuntura precisa ser compreendida levando em consideração e
respeito sua longevidade. Fatores que há apenas dez anos estão podendo ser
cientifica e tecnologicamente detectados, já eram manipulados com grande
intimidade por nossos antepassados!
Infelizmente houve um hiato entre esses primórdios de trinta milênios até
épocas mais próximas. Os registros que a civilização humana detém, sobre a
história de acupuntura, datam de 3.000 a.C.
“O grande empreendimento foi a elaboração do „NEI TSING”, primeiro
livro conhecido, e um clássico da Medicina Tradicional Chinesa, já tratam de
acupuntura. Foi encomendado pelo imperador amarelo Huang Ti e escrito pelo
médico Tsri Po (Ki Pa) com ajuda dos colegas Lei-Kong, Iu Fou, Po-Kao e
Chao-Iu. Era dividido em dois volumes: o "SO QUENN", que tratava do aspecto
teórico e o 'LING TSROU', que instruía sobre conhecimentos práticos da
acupuntura.
Descreve aspectos anatômicos, fisiológicos, patológicos, diagnósticos e
terapêuticos das moléstias a luz da medicina oriental. Nesse tratado, já se
afirmava que o sangue flui continuamente por todo o corpo, sob controle do
coração.
29
Cerca de 2000 anos depois, em 1628, William Harvey, proporia sua
teoria sobre a circulação sangüínea.
Um tratado descoberto no Sri Lanka há quase 3000 anos sobre o uso de
acupuntura, registra que os indianos já utilizavam a técnica da acupuntura para
o tratamento em elefantes. A introdução da acupuntura no Ocidente esta
vinculada a fundação da Companhia das Índias Ocidentais, em 1602
(ALTMAN, 1997). Disponível em: WIKIPEDIA, 2010).
É importante lembrar que a palavra "acupuntura", de origem latina, não
tem correspondência no vocabulário chinês. Nele a palavra está referida da
seguinte forma: "TCHENNTSIOU", que quer dizer, respectivamente, agulha e
moxa. Atribui-se o nome "Acupuntura" a um jesuíta europeu que retornando da
China, no século XVII, adaptou os termos chineses "Zhen" e "Jiu", juntando as
palavras latinas “Acum” (agulha) e “Punctum” (picada ou punção).
Acrescenta o "NEI TSING" que as agulhas teriam vindo do sul da China
onde o clima era agradável. Aí as doenças geralmente eram causadas por
"excessos”, desse modo as agulhas eram usadas de modo a dispersar esse
efeito patológico... ”Já ao Norte, o clima era frio e "... as doenças advinham da
'insuficiência e vazio'. Daí a razão para usarem moxas (pequenos cones,
geralmente feitos de uma erva chamada artemísia que, provida de
propriedades de combustão lenta, uma vez acesas, provocavam pelo calor
estímulo aos pontos de acupuntura.
Os períodos que se sucederam foram empreendidos esforços para o
entendimento e adoção dos ensinamentos de "NEI TSING". No V século a.C.,
foi elaborado um livro por outro médico, chamado Pienn-Ts'io (também
conhecido por Tsrinn Iue-Jenn). Neste livro, cujo título significa ”A Regra das
Dificuldades”, procurava-se esclarecer as partes mais obscuras do "NEI
TSING", sendo utilizado até os dias de hoje. Acupuntura. Disponível em:
www.vivernatural.com.br/terapias/acup_hist.htm. Acesso em 30 jan. 2010.
O Ocidente teve sua atenção voltada para a acupuntura por causa do
artigo do jornalista James Reston, publicado em 1971, que descrevia o efeito
da acupuntura nas suas dores pós-operatórias depois de submetido a uma
apendicectomia de emergência, quando acompanhava a equipe norte-
americana de tênis de mesa. Desde então a acupuntura foi sendo adotada pela
30
medicina ocidental, em princípio cercada de preconceitos, mas ultimamente
como uma especialidade médica, caso do Brasil, sendo reconhecida pelas
seguradoras da área da saúde (AUCPUNTURA, 2010).
3.3 SIGNIFICADO DOS MERIDIANOS NA ACUPUNTURA
“Na medicina chinesa a mais antiga referência à Teoria dos Meridianos
encontra-se no livro Hwang Ti Nei Jing que contém descrições precisas sobre
seus princípios. No entanto, até hoje se desconhece o modo como foi criada a
Teoria dos Meridianos, sendo muito provável que a Acupuntura e as Qi-Kung
(artes marciais) tenham contribuído para sua formação” (WEN, 1985).
Ao estimular certos pontos de Acupuntura constata-se que a sensação
de calor e parestesias seguem direções predeterminadas. Os antigos já
mencionavam uma sensação de calor que percorria certas vias do corpo,
durante a prática das Qi-Kung. Constatou-se também que numa doença os
sintomas podem manifestar-se em outros lugares, seguidos uma via precisa de
inter-relacionamento.
É possível que a Teoria dos Meridianos tenha sido formulada a partir das
observações acima.
“Podemos pressupor que a Teoria dos Meridianos é o fruto da
experiência e da observação de muitos desde os primórdios da medicina
chinesa” (WEN, 1985).
No corpo humano existem muitos pontos cujos efeitos, se aplicada à
acupuntura, têm efeitos semelhantes. Ao se traçarem linhas conectando esses
pontos análogos, obtiveram-se linhas ou trajetórias longitudinais chamadas de
Tin (meridiano) e trajetórias horizontais, denominadas Lo (comunicações).
Também foi comprovado pela experiência clínica a relação entre os órgãos e
meridianos do corpo. Foram então traçados doze meridianos ordinários
(relacionados diretamente com órgãos e vísceras). Também oito meridianos
denominados extrameridianos, usados em patologias diversas.
Dos doze meridianos nascem os doze meridianos distintos, que partem
deles e percorrem as cavidades do tronco do corpo. Também quinze
31
meridianos ligando esses doze meridianos entre si (denominados Lo- Mai =
Meridianos conexos).
A Teoria do Yin Yang diz: “Yin visa estar em equilíbrio com Yan. Quando
e estabelecem diferenças de níveis entre as duas energias. Essa diferença de
nível pode ser dividida em três Yin e três Yang. Daí nascem os três meridianos
Yang da Mão (que vão até a cabeça) e da cabeça nascem três meridianos
Yang da Perna(que descem até as extremidades dos membros inferiores)”.
“O transporte das energias por todo organismo é feito através dos
“trajetos energéticos” chamados de Meridianos (jing-luo). São verdadeiros
vetores de energia que se propagam através do corpo. Consistem em
estruturas canaliculares distribuídas ordenadamente que conduzem a energia
vital, formando uma rede energética ligando o exterior com o interior do corpo
e interligando as diferentes estruturas do organismo” (LIMA, 2009).
A unidade estrutural canalicular é formada por um sistema de
meridianos. Em primeiro lugar acham-se os meridianos principais, que sulcam
a superfície, sendo em número de 12. Estes são simétricos, existindo um para
cada lado do corpo, onde cada um deles representa um órgão ou uma função.
A energia percorre esses meridianos com um sentido sempre constante e os
meridianos se unem uns aos outros mediante canais acessórios chamados
vasos secundários, de tal modo que a circulação de energia consiste um
sistema fechado de sentido constante.
Dentre os Meridianos Secundários temos: Meridianos Curiosos ou
vasos Maravilhosos, Meridianos Ligamentários ou tendíneo-musculares,
Meridiano Distinto e os Meridianos de Passagem (transversal e longitudinal).
Os doze meridianos principais são assim chamados, porque são
meridianos regulares que obedecem a uma ordem. O meridiano principal
recebe o nome do órgão interno ao qual está associado numa noção de
função meridiano, ao contrário dos vasos maravilhosos que são
extraordinários, fogem à regra, pois são virtuais. Os oito vasos maravilhosos
mobilizam as energias, dentre essas a ancestral, mantendo o equilíbrio
energético nos meridianos principais. Acham-se nos espaços vazios do corpo,
preenchidos de energia, ficando entre os meridianos e protegendo-os.
32
De acordo com a milenar teoria da MTC, os Canais (Jing e Mei)
desempenham importante parte no trabalho de acupuntura (JOACIR, 2009).
Paralelamente, “chi”, “yin”, “yang” e os cinco elementos são a base para os
conceitos de diagnósticos e tratamentos para a maioria das doenças.
1. “Chi” significa “Energia da Vida”. Ela tem o poder de criar e de mudar a
matéria. Controla a vida e a morte do corpo humano. Em um corpo saudável, a
passagem da energia chi é completamente livre de obstáculos e interrupções,
flui. Começa nos pulmões e viaja através dos meridianos de maneira
sistemática.
2. Yin e Yang são duas matizes de energia existentes dentro da Energia da
Vida. Elas estão em equilíbrio, mas formam um par oposto e interdependente.
Qualquer desequilíbrio nesse sistema de forças resulta em doença. A energia
vital do ser humano é vulnerável a causas externas: meio-ambiente, clima, etc.
Alguns exemplos do desequilíbrio das energias Yin e Yang:
1. Yin deficiente produz, atrai, materializa doenças crônicas tais como
AIDS, malária, tuberculose e outras em órgãos sólidos (coração, pericárdio,
pulmões, fígado, baço e rins), na parte da frente do corpo e no meio das
extremidades laterais.
2. Yang deficiente atrai pneumonia, febre, taquicardia, doenças agudas
(“doenças relativamente graves de curta duração”) nos órgãos cavernosos
(intestino delgado, triplo aquecedor, intestino grosso, estômago, pâncreas e
baço) na parte de trás dos órgãos e suas extremidades.
As questões emocionais podem favorecer tanto o enfraquecimento da
energia Yin quanto da energia Yang.
Os cinco elementos da MTC são compostos de metal, água, madeira,
fogo (fogo principal e fogo secundário) e terra. Esses cinco elementos viajam
em dois ciclos diferentes: o criativo (Shen) e o destrutivo (Ko). Eles estão
ligados aos órgãos do corpo da seguinte forma:
1. Madeira: corresponde ao fígado, vesícula biliar e se manifesta nos olhos.
2. Fogo Principal: corresponde ao coração, intestino delgado, vasos e
língua. Fogo Secundário corresponde ao pericárdio, triplo aquecedor, vasos e
língua.
33
3. Terra: corresponde ao baço, estômago, músculos e boca.
4. Metal: corresponde aos pulmões, intestino grosso, pele e nariz.
5. Água: corresponde aos rins, bexiga, ossos e ouvido.
Paralelamente aos cinco elementos, o sistema de canais é um
importante aspecto na MTC. Consiste de um Meridiano Regular (Jing) e um
Meridiano Extra (Mai). Esses canais energéticos funcionam como uma rede de
computador conectando os órgãos internos e as partes superficiais do corpo.
São responsáveis pela regularização e estabilidade das funções de todo o
corpo.
Os 12 meridianos viajam em posição vertical, bilateral e simetricamente
dentro do corpo, alguns bem próximos à superfície. A interrupção, o bloqueio
ou a estagnação do fluxo energético em um meridiano, às vezes com origem
no próprio órgão a que se relaciona (por congestão ou intoxicação, por
exemplo) e é resolvida com a inserção de agulhas de acupuntura, moxa ou
massagem. A fototerapia também é utilizada, tendo como objetivo o órgão
afetado.
Cada meridiano tem seu próprio trajeto, são invisíveis e cheios de
orifícios. Devido à complexidade da língua chinesa (mandarim, a principal),
para compreender os meridianos os nomes já são acrescidos de indicação
onde ficam (braço ou perna) e se é Yin ou Yang e também têm letras que
indicam o órgão principal a que correspondem em mandarim, o sistema de
órgãos se chama Zang-Fu. Há três pares de meridianos Yin e três pares de
meridianos Yang:
A – YIN: 1- Yin Grande Braço Meridiano do Pulmão (L); (Tai Yin) Perna
Meridiano do Baço (SP); 2 – Yin Menor Braço Meridiano do Coração
(H); (Shao Yin) Perna Meridiano do Fígado (K); 3 – Yin Absoluto Braço
Meridiano do Pericárdio (P); (Chueh Yin) Perna Meridiano do Fígado (Liv).
B - YANG: 1 – Luz Solar Yang Braço Meridiano do Intestino Grosso (LI); (Yang
Min) Perna Meridiano do Estômago (S); 2– Yang Menor Braço Meridiano do
Triplo Aquecedor (TW); (Shao Yang) Perna Meridiano da Vesícula Biliar
(GB); 3 – Yang Grande Braço Meridiano do Intestino Delgado (SI); (Tai
Yang) Perna Meridiano da Bexiga (B).
34
“Existem oito meridianos extras: Vaso Governador (Doe Mai) e Vaso
Concepção (Jei Mai). Os meridianos Chong Mai, Dai Mai, Yin Wei Mai, Yang
Wei Mai são conectados aos principais meridianos mas não pertencem a
nenhum órgão interno especificamente. O Vaso Governador (VG) é conectado
aos três Meridianos Yang da Perna e do Braço no ponto GV-14. O Vaso
Concepção (VC) é conectado aos três Meridianos Yin da perna no ponto CV-3
e CV-4. Chong Mai é conectado com “Luz Solar Yang Perna Meridiano do
Estômago (S)”, com “Yin Menor (Shao Yin) Perna Meridiano do Fígado (K)” e
com o Vaso Concepção. Dai Mai tem o formato de um cinto e é conectado
tanto com o Vaso Concepção (CV) quanto com o Vaso Governador (GV) e com
o “Yang Grande (Tai Yang) Perna Meridiano da Bexiga (B)”. Os meridianos
extra são: Yang Wai Mai, Yin Wai Mai, Yang Chiao Mai e Yin Chaio Mei. Todos
esses nomes em mandarim foram padronizados pela Organização Mundial da
Saúde no livro: Standard Acupuncture Nomenclature.” (JOACIR, 2009).
3.4 VASOS MARAVILHOSOS
Além dos doze Meridianos principais, que representam a Grande
Circulação de Energia, temos também a Pequena Circulação de Energia
composta por dois Meridianos chamados de Vaso Governador (Yang – sistema
nervoso central) e Vaso da Concepção (Yin – sistema reprodutor):
1. Meridiano do Vaso Governador
Compõe-se de 28 pontos e tem início na bexiga, desce ao períneo, de
onde saem três ramos, um externo e os demais internos. Existe também um
quarto que vai até os hemisférios cerebrais (JOACIR, 2009).
2. Meridiano do Vaso da Concepção
Segundo JOACIR (2009): “O Meridiano do Vaso da Concepção está
intimamente associado ao processo de gestação, pois nutre e comanda o
útero. Compõe-se de 24 pontos e seu percurso começa no rim, desce até o
períneo de onde sobe pela linha mediana superior até a região inferior do lábio,
contorna-o para penetrar no maxilar superior e subir até o ângulo interno do
35
olho. Possui ainda um ramo que vai dos rins até a coluna lombar, e outro, que
sobe do períneo até o útero.
São também conhecidos como Vasos Maravilhosos por se tratarem de
vias alternativas que o corpo dispõe nos casos em que a energia não consegue
fluir nos percursos normais. Deles se originam todos os demais Canais ou
Meridianos, pois são os primeiros pares de canais formados ainda na fase
embrionária. “Sendo assim neles circulam principalmente a energia ancestral,
que funciona tanto como energia de reserva quanto de defesa”.
Existem também outros seis vasos maravilhosos:
Vaso desobstrutor
Vaso cintura
Vaso de ligação do Yin
Vaso de ligação do Yang
Vaso do motilidade Yin
Vaso de motilidade Yang
3.5 MECANISMOS SEGUNDO A NEURO CIÊNCIAS DA AÇÃO DA
ACUPUNTURA
3.5.1 Aplicação de agulhas na acupuntura
Pelos conhecimentos atuais da fisiologia, a Acupuntura é um método de
estimulação neurológica em receptores específicos, com efeitos de modulação
da atividade neurológica em três níveis: local, espinhal ou segmentar e supra-
espinhal ou suprasegmentar.
Já em 1921, Goulden concluiu sobre a participação do Sistema Nervoso
Autônomo na Acupuntura, através do nervo simpático, observando também
que os pontos de Acupuntura possuem impedância menor entre si que os
pontos próximos ou circunjacentes.
CHING e COLS,em 1973, demonstraram que o efeito da acupuntura é
conduzido através dos nervos, ao constatarem que o estímulo acupuntural não
36
surtia efeito quando aplicado em área bloqueada por anestésico local (BEAU,
1982).
Os 309 pontos da acupuntura estão localizados sobre terminações
nervosas e 286 pontos estão localizados sobre os principais vasos sanguíneos,
rodeados pelo Nervi vasorum, a inervação própria dos vasos sanguíneos.
Alguns pontos de Acupuntura correspondem aos pontos gatilho (Trigger
points), que são pontos localizados na musculatura, sensíveis ao toque e que
condicionam o surgimento de sintomas à distância, como dores de cabeça, por
exemplo (BEUA, 1982).
Em 1985, foi descoberto que a aplicação de agulhas de Acupuntura
estimulava fibras nervosas específicas e que as sensações produzidas pelo
estímulo por acupuntura correspondem àquelas experimentadas pelo estímulo
das fibras nervosas do tipo A delta, como choque, sensação de peso ou
parestesia.
A Acupuntura aplicada em áreas de pele acometidas por Neuralgia pós -
herpética não se mostrou eficaz (embora tenha se conseguido um efeito
analgésico ao puncionar estas áreas). E foi também demonstrado que, na
Neuralgia pós- herpética, a sensação típica da estimulação das fibras A delta
está ausente.
Figura: 8 Esquema das conexões neurais da Ação Segmentar da Acupuntura Fonte: Wikipedia, 2010
37
3.5.2 Ação Segmentar da Acupuntura
Ação segmentar da Acupuntura: conjunto de mecanismos fisiológicos
que ocorrem do local do estímulo com agulha até a medula espinhal. O
estímulo de fibras nervosas "A δ" por agulhas de Acupuntura ativa o
interneurônio inibitório, ou célula pedunculada, na lâmina II do corno posterior
da medula espinhal. A célula pedunculada, com a liberação de metencefalina,
bloqueia, na área conhecida como Substância Gelatinosa, a transmissão do
sinal da dor conduzido pelas fibras tipo "C" para os tratos ascendentes da
medula. Por outra via ascendente, o Trato espino talâmico, o estímulo da fibra
"A δ" é conduzido ao Córtex cerebral, onde são interpretadas, ou "percebidas"
as sensações de peso, distensão, calor ou parestesia que ocorrem durante o
estímulo por acupuntura.
3.5.3 Ação supra-segmentar da Acupuntura
O estímulo das fibras A δ prossegue através do Trato espino talâmico
até o córtex cerebral, onde é percebido conscientemente e à medida que segue
neste trajeto, há colaterais para os diversos níveis da medula espinhal, com
liberação de Beta - endorfina, um dos tipos de Morfina do próprio organismo, e
afetando vias neurológicas descendentes que terminam por reforçar a
estimulação da célula pedunculada, com efeito analgésico sobre o estímulo das
fibras tipo C, e que usam o neurotransmissor Serotonina, o chamado
"Hormônio do bem-estar", o que explica bem os efeitos da Acupuntura não só
no tratamento da dor, como também da Depressão e dos estados de
Ansiedade.
3.5.4 Ação Central da Acupuntura
O estímulo da agulha de Acupuntura atinge áreas do encéfalo mais
elevadas, como o Hipotálamo e a Hipófise, promovendo o equilíbrio do
funcionamento destes centros. Como a Hipófise é uma Glândula,
ocasionalmente chamada de Glândula Mãe, que coordena a função de
38
diversas outras glândulas do corpo, o efeito da Acupuntura sobre este órgão
afeta o funcionamento das Glândulas supra renais, da Tireóide, dos ovários,
dos testículos, e assim tem ação terapêutica sobre a Hipertensão arterial,
Dismenorréia, Tensão pré-menstrual, disfunções da Libido, e outras patologias.
3.5.5 Neurotransmissores na Acupuntura
As pesquisas realizadas demonstram que a acupuntura afeta a
expressão e ou liberação de serotonina, e dos peptídeos opióides beta-
endorfina, meta-encefalina, e dinorfina. A colecistocinina, peptídeo envolvido no
processo digestivo, é antagonista da acupuntura. Considerando que a
colecistocinina é estimulante da secreção ácida do estômago, temos daí a
compreensão do efeito benéfico da acupuntura sobre as gastrites, úlceras e na
Doença de refluxo gastroesofágico. A Naloxona, inibidor da ação de opióides,
muito utilizada em Medicina antagoniza os efeitos da Acupuntura. Em dado
momento, postulou-se que a ação da acupuntura seria fruto apenas da
liberação de endorfinas, entretanto, a rápida instalação da analgesia e sua
duração maior que o tempo de aumento da quantidade de opióides pela
acupuntura liberados demonstra que outros mecanismos estão envolvidos
(BEAU, 1982).
39
3.5.6 Os pontos da Acupuntura (acupontos)
Figura 9: Acupontos Fonte: Site matosinhos, 2010
Figura 10: Acupontos – e Meridianos:Mapa Fonte: Site Spacozen, 2009
40
Os acupontos foram empiricamente determinados no transcorrer de
milhares de anos de prática médica.
Acuponto é uma região da pele em que é grande a concentração de
terminações nervosas sensoriais. Essa região está íntima com nervos, vasos
sangüíneos, tendões, periósteos e cápsulas articulares (SCOGNAMILLO &
BECHARA,2001).
Sua estimulação possibilita acesso direto ao Sistema Nervoso Central
(SNC) (FARBER & TIMO-IARIA, 1994). Estudos morfofuncionais identificaram
plexos nervosos, elementos vasculares e feixes musculares como sendo os
mais prováveis sítios receptores dos acupontos.
Outros receptores encapsulados, principalmente o Órgão de Golgi do
tendão e bulbos terminais de Krause também podem ser observados (HWANG,
1992).
Diversos trabalhos têm demonstrado grande número de mastócitos nos
acupontos. Neste sentido. Zhai apud HWANG (1992) verificou que ratos
adultos possuem contagem de mastócitos significativamente mais altas nos
acupontos que em outros locais.
Os acupontos possuem propriedades elétricas diversas das áreas
adjacentes: condutância elevada, menor resistência, padrões de campo
organizados e diferenças de potencial elétrico (ALTMAN, 1992).
Por isso, são denominados pontos de baixa resistência elétrica da pele
(PBRP) e podem ser localizados na superfície da pele através de um
localizador de pontos. KENDALL (1989) verificou que, em acupontos de ratos e
humanos, podem ser observadas junções entre mastócitos e fibras nervosas
aferentes e eferentes imunorreativas para o neurotransmissor substância P
(SP).
Segundo HWANG (1992), junções específicas mastócito- célula nervosa
foram observadas nos acupontos, bem como relatos de granulação de
mastócito no acuponto após sua estimulação com agulha. Funcionalmente, os
mastócitos estão intimamente relacionados às reações de hipersensibilidade
imediata, inflamação neurogênica e enfermidades parasitárias.
Devido a gama de estímulos e agentes capazes de ativar o mastócito,
tem sido também sugerida sua participação como adjuvante ou amplificador de
41
respostas inflamatórias agudas não relacionadas com hipersensibilidade
imediata (Galli apud ABEL, 1995). Sabe-se, por exemplo, que mastócitos
produzem interleucina 8 (IL-8), um potente agente quimiotático para neutrófilos
(MÖLLER, 1993).
As combinações das características descritas tornam o ponto de
acupuntura extremamente reativo ao pequeno estímulo causado pela inserção
da agulha (KENDALL, 1989).
Conforme Kendall (1999), os acupontos podem ser divididos em:
• Tipo I ou pontos motores
• Tipo II, localizados nas linhas medianas posterior e anterior (ou dorsal e
ventral) do Organismo
• Tipo III, que apresentam leitura difusa com neurômetro
Quanto a sua localização, os acupontos dos membros estão situados
sobre linhas que seguem o trajeto dos principais nervos e vasos sangüíneos,
os do tronco, ao nível da inervação segmentar, local onde nervos e vasos
sangüíneos penetram a fascia muscular e os da cabeça e face, próximos aos
nervos cranianos e cervicais superiores (KENDALL, 1999).
3.5.7 Contra- Indicação da Acupuntura
Normalmente a “Acupuntura proporciona excelentes resultados no
tratamento de qualquer patologia” (MACIOCIA, 1996).
Apesar da eficácia, existem algumas contra-indicações como por
exemplo: durante a gestação (podendo acelerar a contração uterina), sobre
áreas tumorais, sobre dermatites, pacientes com insuficiência renal e em
portadores de marca-passo (AGENCIACENTRALSUL, 2010).
4. CONCEITO OCIDENTAL DO AVC
4.1 CONCEITOS DO ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL – AVC
O Acidente Vascular Cerebral (AVC), conhecido popularmente como
“derrame”, é caracterizado por um súbito aparecimento de deficiências
42
neurológicas, decorrentes da perturbação do suprimento sangüíneo para uma
região do cérebro chamada encéfalo. As conseqüências neurológicas dessa
interrupção de fluxo sangüíneo dependem da localização e do tamanho da
isquemia (déficit na irrigação sangüínea) ou hemorragia, extravasamento de
sangue (CARVALHO, 2008).
“Trata-se de doença com aparecimento súbito, mas com fatores de risco
conhecidos, sendo o principal deles a hipertensão arterial sistêmica, mais
conhecida como pressão alta. As conseqüências do “derrame” são muitas
vezes para o resto da vida, como as deficiências motoras, com paralisia de
partes do corpo principalmente braços e pernas.”
“O derrame já era conhecido desde a Grécia Antiga com o nome de
apoplexia, palavra grega que significa “golpeado com violência”. No latim, a
palavra apoplexia foi adaptada com o significado de “fulminado”. No século
XVI, na Inglaterra, a expressão que se usava era “stroke of God´s hands”,
mostrando que nos tempos antigos o derrame era visto como uma doença
causada pelos deuses sem possibilidade de tratamento pelos médicos. O nome
em inglês “stroke” vem do verbo “strike” (derrubar) e significa “derrubado”,
mostrando um dos efeitos da doença” (CARVALHO,2008).
O AVC (acidente vascular cerebral), corresponde a ocorrência de
oclusão de pequenos vasos cerebrais (trombose, AVC Isquêmico), ou derrame,
AVC Hemorrágico, quando ocorre ruptura de um vaso (LUCHESE, 2001).
Existem ainda o espamo de um vaso cerebral que ocorre quando este,
temporariamente se contrai. Isto pode ser proveniente da passagem de um
êmbolo que causa um estreitamento temporário ou obstrução do lúmen,
causando conseqüentemente, anóxia temporária do tecido cerebral
circundante. Este é o menos grave dos quadros, e geralmente é curado por
completo (MACIOCIA,1996).
O AVC (acidente vascular cerebral) ocorre por embolia, ou seja, um
coágulo que se forma dentro do vaso cerebral ou migra de outro lugar do corpo
(tromboembolismo) principalmente do coração (LUCHESE, 2001).
Conhecido popularmente como “derrame cerebral”, o Acidente Vascular
Cerebral, segundo o dicionário Aurélio, significa acúmulo de líquidos em
43
cavidades naturais. Como não existe cavidade natural no cérebro o uso deste
termo porém é inadequado.
Conforme definição da Organização Mundial de Saúde, o AVC é
provocado por uma interrupção no suprimento de sangue ao cérebro e ocorre
quando uma artéria que fornece sangue ao cérebro fica bloqueada ou se
rompe (OMS, 2003).
Se as células cerebrais perdem o suprimento de oxigênio e de nutrientes
por conseqüência elas param de trabalhar temporariamente ou então, morrem.
Esta morte resulta em áreas de necrose localizada e são designadas como
enfartes cerebrais. Porém com tratamento adequado, as células
remanescentes podem fazer ressurgir os movimentos.
Conforme Lomba (2000), “o AVC pode ser compreendido como uma
dificuldade, em maior ou menor grau, de fornecimento de sangue e seus
constituintes a uma determinada área do cérebro, determinando o sofrimento
ou morte desta (neste caso, chamado infarto) e, conseqüentemente, perda ou
diminuição das respectivas funções.”
www.acidentevascularcerebral.com/causas-do-avc.html
A definição de Acidente Vascular Cerebral (AVC) do Dicionário Médico é
uma manifestação, muitas vezes súbita, de insuficiência vascular do cérebro de
origem arterial: espasmo, isquemia, hemorragia, trombose (MANUILA &
NICOULIN, 2003).
Figura 11 –Artéria Vertebral Fonte: Wikipedia,2010
44
4.2 FISIOPATOLOGIA DO AVC
4.2.1 O Cérebro e seu funcionamento
O cérebro é envolto por umas peles “bem finas” que lhe dão proteção.
São chamadas meninges. A mais extensa é a dura-mater, depois vem a
aracnóide e a pia –mater. Todas localizam-se dentro da caixa óssea – crânio.
Normalmente para fins de estudo divide-se o cérebro em duas metades: direita
e esquerda. Cada metade apresenta regiões com determinadas funções:
movimentos (motricidade), sensações, coordenação dos movimentos,
expressão verbal (fala) c compreensão da mesma, etc. (SAUDE EM
MOVIMENTO, 2010).
Geralmente as funções motoras e sensitivas são “cruzadas”, ou seja, a
metade direita do cérebro comanda a metade esquerda do corpo e vice-versa.
Assim ocorrendo lesão numa das partes afeta a oposta.
Existem regiões que apresentam muitas funções diferentes, como o
“tronco cerebral”. Nele, por exemplo estão centro que comanda a nossa
respiração,além de passar todos os comandos para o cérebro.
O cérebro, como o restante do organismo necessita de oxigênio e
“alimento” para trabalhar normalmente. Essas substâncias chegam a ele
através do sangue, que circula dentro dos vasos sangüíneos (artérias e veias).
(SAUDE EM MOVIMENTO, 2010).
45
Figura 12: Cérebro
Fonte: Site Malucoutinho
Figura 13: Diagrama da Metade Esquerda do Cérebro e áreas
Fonte: Site Malu Coutinho
4.2.2 Principais artérias que unem Coração e Cérebro
As principais artérias que unem o coração ao cérebro são:
Carótida: uma de cada lado do pescoço, enviando sangue para a respectiva “metade”
do cérebro, mas na parte da frente.
Cerebrais médias: uma década lado,dentro do cérebro ( nascem das carótidas).
Vertebrais: uma de cada lado do pescoço (por “dentro”) dos ossos da coluna vertebral.
Enviando sangue para a parte de trás do cérebro.
Essas artérias apresentam ramificações. Para que o sangue fornecido ao cérebro seja
adequado é preciso: um bom funcionamento do coração, rins, pulmões, etc. Que a
pressão seja adequada; que o sangue tenha livre passagem através dos vasos; que os
46
constituintes do sangue estejam adequados (glóbulos vermelhos, glicose, oxigênio,
colesterol, etc.).
Assim, quaisquer alterações para mais ou para menospodem afetar a circulação
cerebral e determinar um AVC. (SAUDE EM MOVIMENTO, 2010).
Figura 14: Principais Artérias
Fonte: Site Saúde emMovimentos
“O tecido nervoso depende totalmente do aporte sanguíneo para que as
células nervosas se mantenham ativas, uma vez que não possui reservas. A
interrupção da irrigação sanguínea e consequente falta de glicose e oxigénio
necessários ao metabolismo, provocam uma diminuição ou paragem da
atividade funcional na área do cérebro afetada” (ROCHA,2003).
Se a interrupção do aporte sanguíneo demorar menos de 3 minutos, a
alteração é reversível, no entanto, se ultrapassar os 3 minutos, a alteração
funcional pode ser irreversível, provocando necrose do tecido nervoso.
O AVC pode ser causado por 2 mecanismos distintos, por uma oclusão
ou por uma hemorragia (COHEN,2001).
47
Figura 15- AVC por oclusão Fonte: Site Oataque, 2010
Figura 16: AVC por Hemorragia Fonte: Site Oataque, 2010
48
Figura 17 : AVC Fonte: Site Saude, 2009
4.3 TIPOS DE AVC
4.3.1 AVC Isquêmico
AVC Isquémico ocorre quando um vaso sanguíneo é bloqueado,
frequentemente pela formação de uma placa aterosclerótica ou pela presença
de um coágulo que chega através da circulação de uma outra parte do corpo
(COHEN,2001).
A arteriosclerose produz a formação de placas e progressiva
estenose do vaso. As suas sequelas são então a estenose,
ulceração das lesões arterioscleróticas e trombose (SULLIVAN,1993).
“A trombose cerebral refere-se à formação ou desenvolvimento
de um coágulo de sangue ou trombo no interior das artérias cerebrais,
ou de seus ramos. Os trombos podem ser deslocados, “viajando” para
outro local, sob a forma de um êmbolo” (SULLIVAN,2003).
Os êmbolos cerebrais são pequenas porções de matéria como
trombos, tecido, gordura, ar, bactérias, ou outros corpos estranhos, que
são libertados na corrente sanguínea e que se deslocam até as
artérias cerebrais, produzindo a oclusão e enfarte.
O AVC pode ainda ocorrer por um ataque isquémico transitório. Este,
49
refere-se à temporária interrupção do suprimento sanguíneo ao cérebro
(SULLIVAN, 1993).
“O Acidente Vascular Isquêmico pode ser causado por uma trombose de
uma artéria cerebral de pequeno ou de grande calibre. A trombose em geral
acontece na região da artéria que tem uma placa de aterosclerose.
O acidente vascular cerebral isquêmico também pode ser causado por
um êmbolo. Se a pessoa tiver uma placa de aterosclerose em uma das artérias
carótidas, que são as artérias que levam o sangue oxigenado do coração para
o cérebro, pode-se soltar um pedacinho da placa de ateroma que migra na
circulação cerebral até que ele entupa um vaso. Os tecidos que receberiam o
oxigênio por esse vaso morrem e essa parte do cérebro pára de funcionar.
Dependendo do tamanho do êmbolo, pode ser uma artéria de pequeno ou
grande calibre que fica obstruída.
A Imagem da esquerda mostra um AVC isquêmico visto pela tomografia de crânio: a área
da lesão é a mais clara do lado esquerdo
Figura 18: AVC Isquêmico Fonte: Site Saude, 2010
Resumindo, o Acidente Vascular Cerebral lsquêmico pode ocorrer nas
seguintes situações:
A - Trombose arterial: é a formação de um coagulo de sangue (como se
o sangue “endurecesse”, ficando semelhante a uma gelatina) dentro do vaso,
geralmente sobre uma placa de gordura (aterosclerose), provocando uma
obstrução total ou parcial. Os locais mais freqüentes são as artérias carótidas e
cerebrais. Havendo obstrução total da carótida direita, por exemplo, haverá um
50
comprometimento da parte da frente da metade direita do cérebro, provocando
paralisia, perda de sensibilidade, etc. na metade esquerda do corpo.
B - Embolia cerebral: surge quando um coágulo (formado num coração
doente por arritmia, problema de válvula, etc) ou uma placa de gordura
(aterona), que se desprende ou se quebra geralmente da artéria carótida. Eles
correm através de uma artéria até encontrar um estreitamento, ficando
bloqueado e obstruindo a passagem do sangue.
Figura 19- Esquema do processo de trombose e embolia Fonte: NETTER, 1998.
4.3.2 AVC Hemorrágico
“AVC hemorrágico (acontece em 10% dos AVC‟s) ocorre devido à
ruptura de um vaso sanguíneo, ou quando a pressão no vaso faz com que ele
se rompa devido à hipertensão. A hemorragia pode ser intracerebral ou
subaracnoideia. Em ambos os casos, a falta de suprimento sanguíneo causa
enfarto na área suprida pelo vaso e as células morrem” (COHEN, 2001).
Neste tipo de acidente, pode ocorrer extravasamento de sangue para
dentro do cérebro (hemorragia intracerebral) ou para o lado de fora entre o
cérebro e a aracnóide, ocasionando hemorragia subacnoidea.
51
Ambos podem ocorrer por crise de hipertensão ou por alterações
sanguíneas em que haja dificuldades de realziar a coagulação normal
(hemofilia, diminuição de plaquetas, algumas doenças reumáticas).
Também uma má formação congênita de um vaso como um aneurisma
cerebral, pode levar a hemorragia subaracnoidea. Já a hemorragia
intracerebral também pode ser causada por doenças como a Angiopatia
amiloide (mais frequente em pessoas idosas) (LOMBA,2000).
O acidente vascular hemorrágico acontece quando algum vaso do
cérebro se rompe e extravasa sangue para dentro do cérebro ou para dentro
do liquor.
O sistema nervoso central é composto por várias partes incluindo uma
caixa de proteção - a caixa craniana, que tem a função de proteger o cérebro -
e a coluna vertebral, que protege a medula óssea que também faz parte do
sistema nervoso central. Embaixo da estrutura óssea e envolvendo todo o
sistema nervoso central ficam as meninges que são três: a mais externa se
chama dura-máter, a intermediária se chama aracnóide e a mais interna se
chama pia-máter. Entre as duas meninges mais internas, aracnóide e pia-máter
há um espaço que fica completamente preenchido por um líqüido chamado de
líqüido céfalo- raquidiano ou simplesmente liquor. No acidente vascular
hemorrágico o sangue também pode vazar para dentro do liquor (LEITE, 2006).
A imagem do meio mostra AVC hemorrágico em tomografia do crânio: a
área da lesão é a região com coloração mais densa e brilhante
Figura 20: AVC Hemorrágico : Tomografia de crânio Fonte: Site Saude, 2010
Imagem da direita mostra Hemorragia meníngea em tomografia:imagem
mais densa e brilhante dentro das cisternas cheias de líquor
52
Figura 21: AVC Hemorrágico : Tomografia – hemorragia meníngea Fonte: Site Saude, 2010
A fraqueza na parede das artérias acontece sempre nos mesmos
lugares. As artérias que irrigam o cérebro formam uma estrutura como um
sistema de canais (Polígono de Willis), que comunica as artérias do lado direito
do cérebro com o lado esquerdo pelas artérias comunicantes, anterior e
posterior. Justamente na junção das comunicantes com as artérias é que
acontecem freqüentemente os aneurismas.
As pessoas que têm o Polígono de Willis perfeito, uma isquemia (falta de
sangue oxigenado) do lado direito do cérebro, pode, por exemplo, ser coberta
pelas artérias do lado esquerdo.
Figura 22: Polígono de Willis Fonte: Site Saude, 2010
53
As imagens abaixo mostram dois aneurismas respectivamente da artéria
comunicante posterior (mais comum) e da artéria comunicante anterior, vistos a
angiografia cerebral.
Figura 23: Aneurisma da artéria comunicante posterior Fonte: Site Saude, 2010
54
Figura 24: Aneurisma da artéria comunicante anterior Fonte: Site Saude, 2010
A determinação do tipo de AVC depende do mecanismo que o originou.
Os dois tipos de AVC: AVC isquémico e o AVC hemorrágico por sua vez
apresentam alguns subtipos.
TIPOS E SUBTIPOS DE AVC
Tipos de AVC Subtipos de AVC
Isquémico Lacunar
Trombótico
Embólico
Hemorrágico Cerebral (Intracerebral)
Meníngeo (Subaracnóide)
Tabela: 3 Fonte: Site Saude
55
4.3.3 AVC Trombótico Embólico e Lacunar
O AVC trombótico é o mais comum (40% dos AVC‟s) e é causado pela
aterosclerose – trombose cerebral. Há o desenvolvimento de um coágulo de
sangue ou trombo no interior das artérias cerebrais ou dos seus ramos, o que
vai originar enfarto ou isquemia.
O AVC embólico ocorre em 30% dos casos AVC‟s e é criado por
êmbolos cerebrais. São pequenas porções de matéria como trombos, tecido,
gordura, ar, bactérias ou outros corpos estranhos, que são libertados na
corrente sanguínea e que se deslocam até às artérias cerebrais, produzindo
oclusão ou enfarto (doenças cardiovasculares).
O AVC lacunar é provocado em 20% dos AVC‟s e é ocasionado por
enfartes muito pequenos com menos de 1cm cúbico de tamanho, que ocorrem
somente onde arteríolas perfurantes se ramificam directamente de grandes
vasos. É comum o défice motor puro ou sensitivo puro.
Os utentes irão apresentar determinados sinais clínicos, de acordo com
a artéria cerebral envolvida. As artérias que podem ser afectadas são: artéria
cerebral anterior, artéria cerebral média, artéria cerebral posterior, artéria
carótida interna, artéria basilar, artéria vertebrobasilar (LEITE, 2006).
Figura 25:Tipos de AVC: Isquêmico e Hemorrágico Fonte: Site O ataque, 2009
56
4.4 SINTOMAS DO AVC
A sintomatologia depende da localização do processo isquémico, do
tamanho da área isquémica, da natureza e funções da área atingida e da
disponibilidade de um fluxo colateral (SULLIVAN, 1993).
Os sintomas do AVC são muito variados, resultando daí dificuldade em
reconhecê-los e, portanto, maior é a demora para buscar atendimento num
hospital, o que agrava o problema.
“De modo geral, acidentes vasculares cerebrais provocam alterações motoras,
assim como dormência e formigamento que, com freqüência, acometem
apenas um lado do corpo. A pessoa pode sentir ainda súbita fraqueza muscular
(total ou parcial) ao segurar um objeto, mexer a mão, a perna ou o rosto.
Podem ocorrer também alterações da visão como redução do campo visual, ou
enxergar um lado meio nebuloso ou escuro ou a perda total da visão de um dos
olhos. Também pode ocorrer alteração da fala”(VARELLA, 2009).
Dor de cabeça, vômitos ou perda de consciência são sintomas que
podem ocorrer ou não, e são mais comuns nos quadros hemorrágicos do que
nos isquêmicos.
Também:
A – Fraqueza: o início agudo de uma fraqueza em um dos membros (pernas ou
braços) bem como na face, é o sintoma mais comum do início de um AVC.
B- Distúrbios visuais: a perda da visão em um dos olhos, principalmente aguda,
tendo a sensação de “cortina” ou ainda apresentar cegueira transitória.
C- Perda sensitiva: a dormência normalmente aparece associada à fraqueza
muscular (diminuição da força).
D – Linguagem e fala (afasia). Pode ocorrer alterações tanto provocando falas
curtas e com esforço ou longas e fluentes mas sem sentido.
E – Convulsões: no caso de hemorragia intracerebral, do AVC hemorrágico,
além dos sintomas descritos acima, pode ocorrer uma hemiparesia (oposta ao
lado do sangramento) além do desvio do olhar. O hematoma (inchaço) pode
crescer, atingindo estruturas adjacentes e em poucos minutos levar ao coma.
Disponível em: www.abcdasaude.com.br/artigo.php?6. Acesso em: 15 fev.
2010.
57
4.5 CAUSAS DO AVC
As causas geralmente estão associadas a: hipertensão arterial; doenças
cardíacas; taxa alta de colesterol; malformação dos vasos sanguíneos;
fibrilação atrial; hiperlipedemia; doenças que aumentam o estado de
coagulobilidade; tabagismo; uso de pílulas anticoncepcionais; abuso de
bebidas alcoólicas; idade (até os 51 anos os homens tem uma incidência
maior, após igualam-se homens e mulheres);história de doenças vasculares
anteriores.
Também: idade avançada, diabetes mellitus, hipertensão arterial
sistêmica, obesidade, sedentarismo, traumas e outras situações diversas.
As causas mais comuns de AVC são os trombos, o embolismo e a
hemorragia secundária ao aneurisma ou a anormalidades do desenvolvimento.
E advoga que as outras causas menos comuns são os tumores cerebrais, os
abcessos, os processos inflamatórios e os traumatismos (SULLIVAN,1999).
Os enfartes cerebrais resultam de dois processos patológicos, a
trombose, que é o bloqueio de uma artéria do cérebro, causado por um coágulo
sanguíneo sólido ou trombo que se forma dentro do sistema vascular; e a
embolia, que é um bloqueio causado por um fragmento destacado do trombo
que se formou em outro local e é levado para o cérebro pela corrente
sanguínea (OMS, 2003).
4.6. SINAIS QUE PODEM CARACTERIZAR A OCORRÊNCIA DE AVC
AVC manifesta-se de modo diferente em cada paciente, pois depende
da área do cérebro atingida, do tamanho da mesma, do tipo (Isquêmico ou
Hemorrágico), do estado geral do paciente.
De maneira geral, a principal característica é a rapidez com que aparece
as alterações; em questão de segundos a horas (de maneira abrupta ou
rapidamente progressiva). Podemos chamar a atenção para aquelas mais
comuns:
Fraqueza ou adormecimento de um membro ou de um lado do corpo,
com dificuldade para se movimentar;
58
a. Alteração da linguagem, passando a falar "enrolado" ou sem conseguir
se expressar, ou ainda sem conseguir entender o que lhe é dito;
b. Perda de visão de um olho, ou parte do campo visual de ambos os
olhos;
c. Dor de cabeça súbita, semelhante a uma "paulada, sem causa aparente,
seguida de vômitos, sonolência ou coma; perda de memória, confusão mental
e dificuldades para executar tarefas habituais (de início rápido).
Estas alterações não são exclusivas do AVC. Apenas servem de alerta
de que algo está acontecendo, devendo procurar auxílio médico
imediatamente. (DAMIANI & YOKOO, 2009).
4.7 EXAMES COMUNS PARA DIAGNOSTICAR AVC
a. Exames laboratoriais de sangue, urina, líquido cefalorraquiano (líquor).
b. Avaliação cardíaca e pulmonar, eletrocardiograma, ecocardiograma,
radiografia do tórax.
c. Exames de imagem do crânio (cérebro), tomografia computadorizada,
ressonância nuclear magnética, angiografia cerebral.
4.8. SEQÜELAS DO AVC
“As principais seqüelas provenientes de um AVC são os défictes
neurológicos que vão se refletir em todo o corpo, uni ou bilateralmente, como
consequência da localização e da dimensão da lesão cerebral, podendo
apresentar como sinais e sintomas perda do controlo voluntário em relação aos
movimentos motores, sendo a disfunção motora mais comum, a hemiplegia
(devido a uma lesão do lado oposto do cérebro); a hemiparésia ou fraqueza de
um lado do corpo é outro sinal.Existindo assim um comprometimento ao nível
das funções neuromuscular, motora, sensorial, perceptiva e
cognitiva/comportamental” (RESCK, 2004).
Seqüelas relacionadas a oclusões segundo o tipo das artérias cerebrais:
A - Artéria Carótida Interna
59
Esta artéria é qualificada pela hemianópsia, afasia (se for o hemisfério
dominante), hemiplegia contra lateral e hemianestesia contra lateral. “Pode
ocorrer um extenso edema cerebral, levando frequentemente ao coma e à
morte” (SULLIVAN, 1993).
B - Artéria Cerebral Anterior
“As lesões nesta artéria são mais raras. Sua característica é a confusão
mental, afasia (se for o hemisfério dominante), hemiplegia contra lateral (com
predomínio do membro inferior), hemianestesia contra lateral (com predomínio
do membro inferior), e pode haver apraxia de marcha, reflexo de sucção,
reflexos de preensão e incontinência urinária e fecal” (SULLIVAN, 1993).
C- Artéria Cerebral Média
Esta artéria é o local mais comum de AVC. É responsável pelo coma,
hemianópsia, hemiplegia (com predomínio do membro superior), hemianestesia
(com predomínio do membro superior), afasia (se for o hemisfério dominante),
e agnosia visual (SULLIVAN, 1993).
D- Artéria Cerebral Posterior
Esta artéria é representada pela hemianópsia, afasia, agnosia visual,
alexia, hemiplegia e hemianestesia, muitas vezes são sintomas temporários
(SULLIVAN, 1993).
E- Artéria Vértebro – Basilar
“Esta artéria quando atingida provoca o coma, diplopia, hemiplegia,
paralisia pseudo bulbar, tetraplegia e anestesia completa.
Quando a lesão é no Hemisfério Esquerdo (Hemiplegia Direita) ocorrem
afasias, apraxias ideomotoras e ideacionais, alexia para números,
descriminação direita/esquerda e lentidão em organização e desempenho.
Quando é no Hemisfério Direito (Hemiplegia Esquerda) ocorre alteração
viso espacial, auto negligência unilateral esquerda, alteração da imagem
corporal, apraxia de vestuário, apraxia de construção, ilusões de abreviamento
de tempo e rápida organização e desempenho" (SULLIVAN, 1993).
Os déficits nerológicos produzidos por esta patologia estão relacionados
então a alteração nos movimentos e em alguns casos a um certo grau de
déficit cognitivo e sensitivo, que dificultam as atividades da vida diária (AVDS)
como andar, escrever e pegar objetos. A manifestação neurológica mais
60
comum no AVC é então a hemiparesia, levando o indivíduo a ter dificuldades
em movimentar um lado do corpo. Exemplo: braço e perna esquerda.
4.9. TRATAMENTO DO AVC
Na suspeita de estar ocorrendo um AVC é preciso evitar a auto
medicação e buscar um atendimento imediato. Inicia com tratamento
medicamentoso para estabilizar o quadro clínico, seguido de reabilitação
através de exercícios orientados por uma equipe multifuncional composta por
fisioterapeutas, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo e psicólogo. (DAMIANI &
YOKOO, 2009).
No hospital o médico deverá se preocupar, com vários parâmetros,
como: respiração e hidratação adequada, dieta adequada (via oral ou sangue);
cuidado para evitar escaras (feridas); controle da pressão e temperatura;
prevenção de tromboses nas veias das pernas. Além desses cuidados existem
tratamentos específicos: correção dos distúrbios de coagulação sangüínea,
prevenção de vaso espasmo, evitar o aumento da zona de penumbra (devido
ao edema), combater radicais livres e outros procedimentos específicos que
variam de caso a caso.
Podem ocorrer ainda: tratamento cirúrgico, como drenagem de um
hematoma (coagulo) ou para a correção de uma má formação, exemplo um
aneurisma. (DAMIANI & YOKOO, 2009).
Hoje estudos demonstram a possibilidade de áreas do cérebro não
afetadas por uma lesão, assumirem determinadas funções das que “morreram”.
É um fenômeno conhecido como neuroplasticidade. Medicamentos podem
potencializar este fenômeno.
Após a alta hospitalar o tratamento continua, com medicamentos,
neurologista, fisiatra, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, psicólogo, terapias
ocupacionais.
A família precisa observar sintomas que referem a possíveis complicações:
Dor no peito ou respiração curta
Sangramento, principalmente se estiver tomando medicamentos
anticoagulantes
61
Dor de estômago, indigestão, soluços freqüentes
Convulsões ou perda de consciência
Dor para urinar
Febre
Alterações de comportamento, agressividade, depressão
Piora da força
Prisão de ventre prolongada (DAMIANI & YOKOO,2009).
4.10 REABILITAÇAO RELATIVA AO AVC
São procedimentos que visam restabelece, quando possível, uma
função perdida pelo paciente, temporária ou permanente.
No AVC os objetivos da reabilitação são:
a) Prevenir complicações
b) Recuperar o máximo as funções cerebrais comprometidas pelo AVC
c) Devolver o paciente ao convívio social
d) Motivar o paciente evitando:
Que durma o dia todo;
Colocando roupas confortáveis, fáceis de serem colocadas ou retiradas;
Colocando sentado, levando a passeios;
Estimulando a voltar as atividades profissionais;
Adaptando o interior da casa, com corrimões, rampas, pouca mobília;
Adaptar o banheiro para suas necessidades e banho.
Utilizando uma dieta adequada (pouco sal, pouca gordura, leve, rica em
fibras). (DAMIANI & YOKOO, 2009).
5. CONCEITO ORIENTAL DO AVC
5.1. FILOSOFIA DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA (MTC)
Para entender a tradição terapêutica chinesa é necessário abordar a
filosofia taoísta e com a cultura chinesa, ou pelo menos estar preparado para
adentrar em uma concepção da saúde e da doença, assim como do corpo e
62
seu funcionamento, totalmente distinta do pensamento ocidental a que estamos
acostumados.
Em primeiro lugar, para os chineses existe a noção de que tudo no
mundo está interligado por uma força motriz, o Qi, que circula por todo o
universo, inclusive dentro de nós mesmos através dos Canais ou Meridianos.
Desta forma, fica evidente neste pensamento que os Seres Humanos não
estão separados entre si, nem tampouco separados do meio ambiente
(CARVALHO, 2008).
Dentro deste ponto de vista, um princípio básico do Sistema Terapêutico
Chinês é o enfoque holístico, ou seja, a noção de que as partes somente
podem ser compreendidas em relação ao todo e vice-versa.
Seguindo este raciocínio, o terapeuta tem a tarefa de unir e interpretar
toda informação relevante colhida na avaliação – a qual é construída a partir de
uma complexa exploração que inclui a observação (do corpo como um todo, da
postura, da atitude, da língua, entre outros), a palpação (pulsos, estruturas do
corpo) e o escutar as queixas e direcionar questionamentos precisos (acerca
do funcionamento geral do organismo, assim como do estado anímico e outras
sutilezas) com a finalidade de se encontrar um padrão de funcionamento
específico. Este padrão, ou pauta, será o pilar sobre o qual todo o tratamento
se apoiará, sendo mais importante a harmonização do indivíduo como um todo
do que o combate a uma “doença” específica ou a busca linear da causa que
originou determinado efeito (CARVALHO, 2008).
Nesta direção, o terapeuta deve compreender as relações entre os
sinais e os sintomas apresentados pela pessoa em questão, mais do que
chegar a uma causa partindo de um transtorno pontual. O tratamento deve ter
a intenção de harmonizar os sistemas dentro do conjunto, o que,
possivelmente, ativaria os mecanismos intrínsecos de auto-regulação.
Dentro desta lógica, as técnicas terapêuticas são aqui utilizadas com o intuito
de ajudar o próprio indivíduo a encontrar seu caminho (Tao) de harmonização.
A acupuntura e moxabustão (Jin Huo), o Tui Na (massoterapia), a alimentação
energética, o uso de ervas e outras substâncias, o Qi Gong (exercícios
terapêuticos) são recursos complementares que favorecem o processo de
equilíbrio, conceito este que é bastante importante no pensamento chinês, e
63
que difere da noção ocidental de equilíbrio estático, já que a regra da vida para
os taoístas é a mutação.
Sendo assim, o maior desafio é sempre a adaptação às diferentes
situações da vida para encontrar a balança dinâmica de cada momento,
adequando às respostas e as atuações segundo a demanda. Este é o
verdadeiro conceito de saúde desta corrente filosófica, sendo a perda deste
potencial de equilíbrio um sinal de não-saúde que seria rapidamente percebido
por meio das alterações – o que no ocidente chamamos de doença, a qual
deve ser combatida, e os orientais, por outro lado, chamam de desequilíbrio, o
qual é a pista ou a primeira oportunidade para se alcançar a plenitude (IVO,
2009. Disponível em: SCIELO, 2010)
“Na medicina chinesa as doenças são vistas como um desequilíbrio
causado por agentes externos (vento, secura, calor, umidade e frio) associados
a sentimentos ou estados emocionais (raiva, medo, alegria, preocupação,
tristeza). Por exemplo: o reumatismo é denominado “doença” do frio e da
tristeza e da umidade; ou emoção depressiva levando o Chi do fígado
(madeira) a invadir o “estômago” (fogo) causando gastrite; e ainda o vento
penetrante no mar da medula causar uma paralisia equivalente aos que
chamamos de Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Essas combinações são explicadas como alterações do fluxo habitual de
Chi (Yin ou Yang) que resultam no excesso ou falta dessa energia nos diversos
órgãos e meridianos. Esses meridianos e suas relações são também
explicadas pela Lei dos 5 elementos que os classifica como água, fogo, terra,
metal e madeira. O xie (fator patógeno) que penetra no Yin e provoca o xué-bi
(bloqueio de sangue) (STANDARD, 2000).
5.2. OS CINCO ELEMENTOS
Originalmente na China, designava-se os cinco elementos de Wu-Hsing.
Wu = cinco e Hsing = andar.
Os cinco elementos básicos: Madeira, Fogo, Terra, Metal e Água são os
cinco elementos básicos que constituem a natureza, existindo uma
64
interdependência e interrestrição que determinam seus estados de constante
movimento e mutação (WEN, 1985).
A MTC ao constatar esta realidade, fez correlação entre a fisiopatologia
dos órgãos e tecidos e alguns fenômenos da natureza.
CLASSIFICAÇÃO DOS CINCO ELEMENTOS NA NATUREZA
Cinco
Elementos
Direção Estação Fator
Clima
Cor Gosto
Madeira Leste Primavera Vento Verde Azedo
Fogo Sul Verão Calor Vermelho Amargo
Terra Centro Inicio e fim
do Verão
Úmido Amarelo Doce
Metal Oeste Outono Seco Branco Apimentado
Água Norte Inverno Frio Preto Salgado
Tabela: 4 Fonte: WEN 1985
CLASSIFICAÇÃO DOS CINCO ELEMENTOS NO CORPO HUMANO
Cinco
elementos
Órgãos Vísceras Órgãos Tecido Emoção Som
Madeira Fígado Vesícula
biliar
Olhos Tendão Zanga Grito
Fogo Coração Intestino
Delgado
Língua Vascular Alegria Riso
Terra Baço/Pâncreas Estômago Boca Músculo Pensamento Canto
Metal Pulmão Intestino
Grosso
Nariz Pele e
Pêlos
Preocupação Choro
Água Rins Bexiga Ouvidos Osso Medo Gemido
Tabela: 5
Fonte (WEN, 1985)
65
Na seqüência de seis gerações, temos que a madeira é a mãe do fogo e
filha da água, ou seja, o Fígado é mãe do coração e filho do Rim (MACIOCIA,
1996).
Aponta a noção de geração envolvendo o processo de produzir, crescer
e promover. Seguindo esta ordem, a Madeira gera o Fofo, o Fogo gera a Terra,
a Terra gera o Metal, o Metal gera a Água e a Água gera a Madeira (WEN,
1985).
Outro relacionamento entre os cinco elementos é o da inibição que traz
implícita a idéia de combate, restrição e controle.
Assim os órgãos do corpo humano podem ser classificados conforme os
Cinco Elementos.
Para Wen (1985) ”O coração, por exemplo, é de Fog; sua Mãe é o
fígado (Madeira) e seu Filho é o Baço (e pâncreas), que é Terra. No caso do
coração estar enfraquecido, devemos fortalecê-lo ou então tonificar o fígado,
sua Mãe. Se o coração está excessivamente energético,devemos diminuir as
sua energia, ou a do baço/pâncreas, seu Filho”.
É uma explicação que tem lógica até os nossos dias. Em muitas
situações, o pulmão pode ajudara função dos rins; como o caso do controle do
ácido básico do organismo.
Ao ir estabelecendo as correlações entre as doenças, defendidas pela
Teoria dos Cinco Elementos, podem surgir guias para tratamentos, controle
dos efeitos e estancamento da propagação de determinadas doenças para
outras partes do corpo, chegando mais rápido a cura.
Na seqüência de controle temos que o Fígado controla o
Baço/Pâncreas; o Coração controla o Pulmão; o Baço/Pâncreas controla o
Rim; o Pulmão controla o Fígado e o Rim controla o Coração (MACIOCIA,
1996).
Assim sendo no AVC ou Golpe de Vento tem-se todo sistema alterado
como pode-se ver a seguir em um trecho do livro: “Acupuntura Clássica
Chinesa”.
“Se o Coração está em excesso ele inibe o Pulmão que, por sua vez,
inibe o Fígado, fornecendo glicose, fornecendo também energia vital ao
trabalho do miocárdio. As energias e, com isso, invade o Baço/Pâncreas,
66
inibindo-o. Deste modo o desequilíbrio que atinge um determinado órgão pode
ter sua causa em outro órgão e, da mesma forma uma doença pode propagar-
se ou mesmo transformar-se em outro tipo de doença.
Na seqüência da geração temos que no AVC (MACIOCIA, 1996):
O Fígado é a mãe do Coração: se o Fígado está em excesso o fogo do
Gan consome o Yin do Coração gerando mais fogo.
O Coração é mãe do Baço/Pâncreas: se está em excesso causa uma
deficiência do Pi gerando mucosidade ou fleuma.
O Baço/Pâncreas é a mãe do Pulmão: se está deficiente não fornece Qi
dos alimentos para o Fei, que por sua vez, não descende seu Qi para encontrar
o Qi do Rim.
O Pulmão é a mãe do Rim: se o Fei está deficiente, a uma deficiência do
Yin do Shen, por excesso de Yang (caminho das águas).
O Rim é a mãe do Fígado: o Shen estando em excesso, e sendo
responsável pela nutrição do Xue do Gan, causa estase do mesmo.
Na seqüência do controle temos, segundo Maciocia, (1996):
O Fígado (Gan) controla o Estômago (Wei) e o Baço (Pi): se o Gan está
em excesso, invade o Wei e o Pi, obstruindo suas funções e causando
deficiência.
O Baço (Pi) controla o Rim (Shen): se o Pi está deficiente suas funções
de transformação e transferência do Rim e excreção do fluidos também está
deficiente. Com isso, o Yang do Rim ascende e o Baço retém Umidade que
pode se transformar em fleuma.
O Rim (Shen) controla o coração: eles estão relacionados ao longo do
eixo vertical. É uma relação fundamentada entre água e o fogo sendo o
equilíbrio mais importante e básico do organismo, pois reflete o equilíbrio entre
Yin e Yang. Se o Yin do Shen estiver deficiente, o Yin Qi não será suficiente
para atravessar o Coração e, com isto, o Yin do Xin ficará deficiente
aumentando o Calor Vazio do Coração.
O Coração (Xin) controla o Pulmão (Fei) governa o Qi. Se o Fogo do Xin
está em excesso, obstrui a função do Fei e este não consegue enviar o Qi em
descendência. Por sua vez, se o Qi do Pulmão está deficiente poderá levar a
estagnação do sangue ao coração, aumentando o Fogo do Coração.
67
O Pulmão (Fei) controla o Fígado (Gan): O Fei envia o Qi em
descendência para que o Gan dissemine o Qi em ascendência. Se o Qi do Fei
estiver deficiente e não puder descender, o Qi do Gan tende a ascender muito
– há uma ascendência exagerada do Yang do Fígado ou uma estagnação do
Qi do Fígado.
Estas análises e relacionamentos realizados pela MTC demonstram a
influência entre os elementos e a necessidade de que os tratamentos sejam
realizados num todo, para que tenham eficácia.
Os problemas neurológicos sempre existiram e, na China já eram
tratados com sucesso há milênios pelos acupunturistas. O sucesso deve-se ao
fato de que a acupuntura trabalha com energia (eletricidade do nosso corpo) e
os impulsos neurológicos usam também a eletricidade.
Ao estimular um ponto de acupuntura, de alguma forma, com ou sem
agulhas (como o raio laser), estamos equilibrando a eletricidade do nosso
corpo, que foi alterada pela doença ou por acidente. O equilíbrio desta energia
faz com que o organismo tenha uma melhor atividade bioquímica.
No caso específico de problemas neurológicos, como o AVC, onde
acontecem lesões em alguma(s) parte(s) do cérebro, bloqueando a
comunicação com determinada(s) parte(s) do corpo a acupuntura ajuda “esta
comunicação”, mesmo que isso possa acontecer de modo mais lento e
progressivo (AGOSTINHO, 2009).
A acupuntura, por estimular o sistema nervoso central, vem sendo
considerada hoje um tratamento eficiente, junto a uma equipe multidisciplinar,
para a reabilitação de pacientes acometidos pelo AVC.
5.3 ATUAÇÃO DA ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DO AVC
O movimento madeira permite a transformação de Yin (água) em Yang
(fogo), circunstância necessária para a existência da vida.
Dentro da Medicina Tradicional Chinesa, a madeira é responsável através
da sua Thim (energia inicial) da produção bioquímica específica. Através de
seu Qi (energia média) da alimentação da “carne roxa” (músculos), tendões,
68
unhas e olhos e através de seu Shen (energia superior) da visão e do Houn
(imaginação) (PÉREZ,2007).
São muitas as doenças que podem ter relação com este movimento de
acordo com sua projeção holística, no entanto, veremos os mais freqüentes
como motivo de consulta:
Patologia hepato-biliar;
Patologia músculo-tendinosa;
Patologia ocular.
As funções mais importantes do Fígado são representadas pela:
a) Expansão;
b) Impulsão;
c) Depuração.
O fígado representa à madeira. É como a árvore cuja tendência faz a
expansão e o crescimento. Representa o movimento e o dinamismo, a
expansão e a sua causa natural.
Por isso sua função básica é manter livre as vias circulatórias orgânicas que
permitem uma adequada nutrição tisular, isto é, que exista um fluxo circulatório
de Qi, dos Yinye e do Xue.
a) O fígado faz circular o Qi permitindo os movimentos de ascensão,
depressão, entrada e saída da energia e conseqüentemente do Xue. Por isso o
Fígado junto com o músculo armazena o glicogênio do qual a energia permite o
movimento muscular.
b) O fígado depura o sangue, pois é o provedor do C. (Ciclo de assistência)
que o distribuirá logo a todo o organismo através da estrutura vascular.
A maior parte da patologia do Fígado produz quando tratamos de reduzir
sua tendência a expansão; contudo também pode haver patologia de plenitude
produzida por uma excessiva excitação do Fígado (verdadeiro yang de
Fígado). Ou um déficit do Yin de R. (falso Yang do Fígado) isto provoca os
sinais de Ascensão do Qi como: cefaléia, olho roxo, aumento da tensão ocular,
insônia, irritabilidade, hipertensão arterial, rubor facial, etc.
69
O excessivo Yang hepático se converte em vento-hepático produzindo:
convulsões, perda de consciência, epistaxe, tics, hemorragia cerebral, etc.
Dentro da função de armazenar o sangue, devemos interpretar a função de
regular o fluxo sanguíneo já que a verdadeira função de armazenamento cai
sobre o BP (controla a volemia e envolve o sangue). Se alterar o Fígado, pode
reduzir o fluxo gerando estase sangüíneo que repercute nos olhos (visão turva,
cansaço visual, seqüela ocular, etc...) e nos músculos e tendões que perdem a
elasticidade (dor, contratura, retração tendinosa, parestesias, etc...).
O Fígado é um órgão onde se acumula o sangue e onde se produz a maior
parte das reações bioquímicas da mesma; e o sangue é Yin. No entanto, sua
função é a dispersão ou elevação da energia do Mingmen (fogo vital) ao
coração e conseqüentemente ao cérebro. Por sua vez, o Fígado é a penúltima
etapa na formação da energia expansiva (wei) que a eleva aos olhos, e a
energia é Yang.
Sua função de expandir-se e estender-se deve manifestar-se na área tisular
que está embaixo de seu controle, como são os tendões e os músculos, e
decidir a estrutura dinâmica que permite o movimento e a expansão. Assim
como o Rim comandará os tecidos Yin (profundos, concretos, compactos),
como são os ossos e a medula, o coração mandará sobre os tecidos a máxima
extensão como são os vasos e toda a estrutura vascular.
Síndrome de vento interno do Fígado:
Acidentes cerebrovasculares:
Perda de conhecimento;
Desvio das comissuras da boca e dos olhos;
Rigidez da língua;
Tremor;
Hemiplegia;
Pulso tenso e de corda,
Língua rocha.
Patologia muscular: tremor, convulsões, etc.
Tratamento:
-Abrir Yinweimai: 6 MC (Neiguan);
70
-Tonificar R Yin e H.Y 7R (Fuliu), 25 VB (Jingmen), 8 F (Ququan) e 14F
(Qimen).
- O bom é sedar o Yang de F: 3 F (taichong) – 2 F (Xingjian) y 18 B (Ganshu).
- Reduzir o vento: 12B (Fengmen), 16 DM (Fengfu), 17 TR (Yifeng).
-Tonificar o sangue: 6 BP (Sanyinjiao), 13F (Zhangmen) e 17 B (Geshu)
(PÉREZ, 2007).
5.3.1 Acupuntura com Utilização Eletromagnética Hai – Hua
No Brasil, apesar dos poucos estudos estatísticos disponíveis, existem
dados sugerindo que as doenças cérebro- vasculares estejam entre as maiores
causas de mortalidade As taxas de mortalidade são elevadas situando-se entre
as mais altas do mundo. Além dos custos médicos com hospitalização, os anos
perdidos precocemente e dificuldades enfrentadas pelos pacientes, geram um
alto custo social (OLIVEIRA, A.P.R& ARAÚJO,F.L.B, 2010).
Sendo assim, a sua alta incidência e o seu alto custo fazem da redução
do AVC uma prioridade nacional e salienta a necessidade de métodos mais
exatos para identificar nos pacientes os prognósticos e as formas terapêuticas
adequadas para a reabilitação.
Os déficits neurológicos focais que resultam de um AVC, seja embólico,
trombótico e/ ou hemorrágico, e um reflexo do tamanho e localização da lesão
e da quantidade de fluxo sangüíneo colateral. (OLIVEIRA, A.P.R&
ARAÚJO,F.L.B, 2010).
Os déficits neurológicos agudos apresentados pôr esses pacientes
incluem a hemiparesia, ataxia, deficiências visuo-perceptivas, afasia, disartria,
deficiências sensoriais e mnésicase problemas com o controle vesícula.
(OLIVEIRA, A.P.R& ARAÚJO,F.L.B, 2010).
Dentre os distúrbios do movimento encontrados, a hemiplegia ou
hemiparesia a um dos sinais clínicos mais óbvios da doença. Embora o local e
o tamanho da lesão vascular cerebral inicialmente determine o grau de função
motora, a presença concomitante de comprometimento sensorial soma-se ao
problema de disfunção motora. Esses pacientes geralmente apresentam perda
da força muscular, destreza e coordenação. Em adição ao déficit motor, há
71
freqüentemente exacerbação dos reflexos tendíneos e aumento da velocidade-
dependente dos reflexos tônicos e fásicos de estiramento (isto e,
espasticidade). A velocidade com a qual esses padrões de função
muscular retornam é ditada pelo local e gravidade da lesão e, ainda,
pelo enfoque do processo de reabilitação.
Após o AVC, a perda da função do membro superior (MS) é uma das mais
comuns a desafiantes seqüelas, sendo limitante para a autonomia do paciente
em atividades da vida diária e, ainda, podendo levar a permanente
incapacidade (OLIVEIRA, A.P.R& ARAÚJO,F.L.B, 2010).
A busca da Acupuntura para auxiliar no tratamento das seqüelas do AVC
tem aumentado. A estimulação manual ou elétrica das agulhas e mais
recentemente os aparelhos de estimulação eletromagnética Hai – Hua, tem
favorecido o tratamento.
Descrevem OLIVEIRA & ARAÚJO (2010) o tratamento que realizaram
em pacientes portadores de AVC, utilizando a estimulação eletromagnética Hai
–Hua:
“Participaram deste procedimento 3 sujeitos, com seqüelas crônicas
entre 3 e 10 anos, que não mais respondiam ao tratamento fisioterapêutico
convencional. Dois pacientes receberam 30 minutes de estimulação diária,
durante 8 semanas. O outro paciente recebeu 3 semanas de estimulação
eletromagnética, 3 semanas de estimulação FES e mais 3 semanas de
estimulação eletromagnética. Para compararmos as respostas produzidas
pelos dois procedimentos. Os pontos utilizados foram IG15, IG11 e TA15. A
avaliação aconteceu na primeira sessão e posteriormente semana a semana.
Para quantificarmos o ganho motor, foi realizada uma goniometria ativa de três
tentativas para os movimentos de flexão e abdução de ombro e extensão de
punho e cotovelo. Os dados foram submetidos a uma analise de variância de
uma via (ANOVA), a diferença entre as semanas foi evidenciada pólo teste
Student-Newman-Keuls. As 8 semanas ininterruptas geraram um aumento
estatisticamente significativo para extensão do punho (F7,23: F19,11; P<0,05),
extensão do cotovelo (F7,23: FI0,97; P<0,05), abdução do ombro (F7,23:
F21,27; P<0,05) o flexão do ombro (F7,23: F9,45; P<0,05). Para a estimulação
eletromagnética intercalada com FES, o ganho motor se deu a partir da 8º
72
semana de tratamento para flexão do ombro (F8,26: F9,52; P<0,05), na 3º
semana e interrompida até a 6º (período de estimulação FES) para extensão
do punho (P8,26: F I8,69; P<0,05) a não significativa para abdução do ombro.
Nossos dados sugerem que a acupuntura eletromagnética HAI-HUA foi efetiva
para aumentar a função motora nestes pacientes que não mais respondiam ao
tratamento convencional. A associação FES com HAI-HUA gerou efeitos
inferiores aos apresentados pela estimulação exclusivamente eletromagnética”.
O Ocidente voltou sua atenção para a acupuntura a partir do artigo do
jornalista James Reston, publicado em 1971. No artigo ele descrevia o efeito da
acupuntura nas suas dores pós-operatórias depois de submetido a uma
apendicectomia de emergência, quando acompanhava a equipe norte-
americana de tênis de mesa. Desde então a acupuntura foi sendo adotada pela
medicina ocidental, em princípio cercada de preconceitos, mas ultimamente
como uma especialidade médica, caso do Brasil, sendo reconhecida pelas
seguradoras da área da saúde.
Em 1979 a Organização Mundial de Saúde passou a considerar
condição clínica possível tratar a paresia (diminuição de força) pós AVC com
acupuntura, porque ela demonstrou efetiva para reduzir a paresia tanto em
casos agudos como crônicos.
A acupuntura apresenta melhor resultando quando utilizada entre as
primeiras 24 a 3 horas após a ocorrência do AVC do tipo isquêmico. Já no
hemorrágico é recomendado esperar até que o sangramento tenha sido
controlado e o quad3. Vaso Governador
Estudos referenciam as relações do Vaso Governador ao AVC:
Quando o Vaso Governador está afetado ele apresenta inúmeras
manifestações clínicas. Segundo o Golden Mirror of Medicine (Yi Zong Jin
Jian,1742) apresenta: “contração das mãos e dos pés, tremores dos membros,
afasia decorrente de acidente vascular dcerebral (...)”. A doença do Vaso
Governador é citada como causada pelo Vento Interior e Exterior.
Também refere o VASO Yang do Caminhar e membros: “pode ser
utilizado especialmente na síndrome Bi decorrente do Vento e provocando
espasmos dos músculos e tendões dos aspectos laterais dos músculos e dos
membros.
73
(...) ao usar o Vaso Yang do Caminhar para tratar a Síndrome Bi
decorrente do Vento, utilizo os pontos de abertura e associado (B-62 e ID -3)
em combinação com VB -20 (Fengchi), E-43 (Xiangu) e IG-11 (Quchi), mais
pontos locais dos membros afetados (MACIOCIA, 1996).
O autor refere-se também que a hemiplegia é, em geral, conseqüência
do ataque de AVC o qual é decorrente de Vento Interior. O Vento contrai os
músculos e os tendões e provoca paralisia. Como isso é unilateral, o Vaso
Yang do Caminhar é indicado para tratá-lo.
Na opinião de Maciocia, (1996) o uso do Vaso Yang do Caminhar é
indicado nos estágios iniciais de hemiplegia seguida de AVC, quando a
influência do Vento Interior nos membros ainda é predominante. Como este
Vaso pode extinguir o Vento Interior, é indicado nos estágios iniciais das
seqüelas de AVC.
Ao utilizar o Vaso Yang do Caminhar para tratar hemiplegia decorrente
de AVC, sugere-se os pontos de abertura e associados (B-62 e ID-3) usando
B-62 no lado afetado e ID-3 no outro lado (independentemente do sexo do
paciente), em combinação co VB-20 (Fengchi), Du -16 (Fengfu), IG-11(Quchi) e
F-3 (Taichong), mais os pontos locais no membro afetado.
73i clínico se estabilizado. Isso ocorre em torno de duas a três semanas.
Para maior eficácia são recomendadas pelo menos 3 sessões semanais
nos casos agudos e 2 nos crônicos, totalizando 20 a 40 tratamentos durante
mais ou menos dois meses. Pode ser potencializado com estimulação elétrica.
O Dr Wu Tu Hsing em 2001 defendeu tese de doutoramento na
Faculdade de Medicina da USP sobre o uso de acupuntura escalpeana
(agulhamento do couro cabeludo), em pacientes com seqüelas crônicas de
AVCI (KOTTKE, 2002).
O AVC na Medicina Tradicional Chinesa enquadra-se na situação de
“Golpe de Vento” que corresponde a quatro possíveis quadros se relacionados
a Medicina Ocidental: hemorragia cerebral; trombose cerebral;embolia cerebral
e espasmo de um vaso cerebral (SANTOS, 2009).
A etiologia do Golpe de Vento assim como na visão ocidental é muito
complexa. Embora ocorra repentinamente é uma patologia que vem se
formando ao longo dos anos. Existem fatores etiológicos fundamentais:
74
Excesso de trabalho, estresse emocional e atividade sexual excessiva.
Em seres humanos, este é um fator relevante que esgota o Yin do Rim e é a
causa mais comum da deficiência do Rim na atualidade.
A deficiência do Yin do Rim causa, muitas vezes, um descontrole do
Fogo e do Yang, que acende. O excesso de Yang no Fígado (excesso relativo,
pois é causado por uma deficiência do Fígado em função de uma Deficiência
do Yin do Rim) causa Vento principalmente em idosos. O Vento, por sua vez,
causa apoplexias, coma, obscurecimento mental e paralisia. A língua fica
imóvel, desviada ou rígida. É como se houver um padrão de hiperexcitabilidade
prolongada e hiperestimulação estressante do Shen do Coração ou se houver
estagnação crônica do Qi do Coração pode haver desenvolvimento do Fogo no
coração, aumento do calor interno e pode agitar o Fígado e fazer surgir o Vento
(MACIOCIA, 1996).
Alimentação irregular ou esforço físico excessivo: a irregularidade
alimentar bem como a ingestão excessiva de doces, laticínios, alimentos
gordurosos, frituras, açúcar enfraquece o Baço/Pâncreas e gera mucosidade,
causa formigamento nos membros, obscuramento mental, fala inteligível ou
afasia e língua inchada com revestimento pegajoso e com brilho. Alimentos
gordurosos também provocam estagnação do Qi no estômago que invade o
Baço/Pâncreas.
Atividade sexual excessiva e repouso inadequado: esta combinação
enfraquece o Rim e gera Deficiência da Medula que, por sua vez falha na
nutrição do sangue e, eventualmente pode gerar estase do mesmo, causando
rigidez e dor nos membros e língua púrpura (MACIOCIA, 1996).
Esforço Físico excessivo e repouso inadequado: o excesso de esforço
físico seja como carregar muito peso ou praticar atividades físicas exagerados,
enfraquece o Baço/Pâncreas, os músculos e os Meridianos. O Vento interno
pré-existente penetra nos Meridianos aproveitando a deficiência do Qi do
sangue nos mesmos. Por outro lado, a exposição ao Vento externo interage
com o Vento interno dos Meridianos, gerando paralisia dos membros.
(MACIOCIA, 1996).
Os estresses psicológicos que predispõem o Golpe de Vento surgem
basicamente dos sistemas do Fígado, Rins e Coração onde a Raiva,
75
Ansiedade e o Medo serão os responsáveis pelo desequilíbrio entre o Yin e
Yang, estagnação ou deficiência do Qi e Xue, fatores responsáveis pelo Golpe
de Vento (MACIOCIA, 1996).
É possível então sintetizar o Golpe de Vento em quatro palavras: Vento,
Mucosidade, Fogo e Estase.
Na patogenia do Golpe de Vento estes fatores estão presente. Podem
não ocorrem todos eles, mas pelo menos três estarão associados para a
ocorrência da doença. Quanto a intensidade do Golpe de Vento, é variável.
Também as deficiências de Qi, Sangue ou Yin, especialmente o Yin do Rim e
ou Fígado. (MACIOCIA, 1996).
Tratando-se de AVC, a MTC aponta que no caso de deficiência, deve-se
tonificar a Mãe e no caso de excessos sedar o Filho. No excesso do meridiano
do Fígado, podemos escolher o ponto sobre o meridiano do Fígado relacionado
ao seu Elemento-Filho, ou seja, o Fogo: este é o ponto XingJian F2. Na contra
dominância, usamos o ponto do elemento que controla o elemento em
excesso.
No caso do AVC com Madeira (Gan) e Vesícula-Biliar afetados
podemos aplicar Metal R10 e E36 (a Terra está sendo dominada por Madeira).
O Coração afetado, Fogo, estimula-se o Filho (Terra- Ponto BP3), com o fim
deficiente utiliza-se F8 (Ponto Água e Madeira).
Outro modo de tratamento usando os pontos dos cinco elementos seria
para expelir os fatores patogênicos. No caso do AVC, temos Madeira que
corresponde ao Vento, o Fogo ao Calor, a Terra, à Umidade.
Assim, o Ponto Madeira seria usado para expelir o fator patogênico
Vento; o Ponto Fogo para expelir o Calor e o Ponto Terra para expelir a
Umidade (WEN, 1985).
5.4 LÍNGUA IMPORTANTE INDICADOR DO GOLPE DE VENTO
A observação da língua é importante indicador que pode apontar a um
possível Golpe de Vento, servindo então sua observação como preventivo e
sinalizador da necessidade de tomada de providências.
76
A língua rígida, assim como o adormecimento dos três primeiros dedos
de uma das mãos são indicadores de um Golpe de Vento. O calor interno e
externo pode agitar o Fígado e fazer surgir o Vento. A língua rígida é sinal de
desarmonia dos órgãos internos. Quando causado por Vento interno ela poderá
apresentar coloração pálida ou normal sendo freqüente sua observação em
pacientes com AVC (Acidente Vascular Cerebral para a Medicina Ocidental) e
apresentam hemiplegia com ou sem assimetria da face (MACIOCIA, 2003).
A aparência da língua pode referir diferentes patologias e apresentar
características diferenciadas. Por isso sua observação não pode ensejar um
diagnóstico único e definitivo. Deve ser usado associado a demais sintomas.
Tendo este cuidado, é possível referenciar que os perímetros da língua
correspondem ao exterior do corpo, enquanto as áreas centrais o interior. Da
ponta a raiz: ponta corresponde o exterior e a raiz o interior (MACIOCIA, 2003).
Aparência da Língua no Golpe de Vento – AVC
COR CORPO SABURRA
Deficiência do Yin do Fígado e do
Rim
Vermelha e
descascada
Rígido
(presença do
Vento
Interno)
Ausência
(deficiência
do Yin e do
Rim)
Fogo no Fígado Roxa
avermelhada
Aumentado
(calor/estase)
Sem raiz
aeras,
descascada
na raiz
(deficiência
do
Estômago
Vento no Fígado / Umidade /
Fleuma/ deficiência de Qi do Baço e
Pâncreas
Pálida ou
normal
Aumentado
Umidade/
Fleuma
Com desvio
nítido
Pegajoso
Tabela: 6
Fonte: MACIOCIA , 2003
77
6. TRATAMENTOS POR ACUPUNTURA
6.1. TRATAMENTO POR MOXABUSTÃO
A moxabustão faz parte da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) e
consistem no aquecimento dos pontos de acupuntura. Este método terapêutico
consiste em utilizar determinadas substâncias ou ervas para queimar ou
defumar os pontos ou áreas do corpo a serem tratadas. O calor resultante
deste processo produz estímulos que regularizam as funções fisiológicas do
corpo, por intermédio dos canais de Energia (WEMBU, 1993).
São várias as matérias-primas disponíveis para esta modalidade de
tratamento. Uma das mais utilizada e a folha da planta Artemísia Vulgaris, por
possuir propriedade anti-inflamatória.
Segundo a Medicina Tradicional Chinesa, a ação do moxabustão é
aquecer os canais de energia, dispersar o frio e a umidade, regular a circulação
do sangue (77ik), aumentando a energia yang.
A utilização do moxabustão pode ser executada através de várias
técnicas: aplicação de cones de moxa de diferentes tamanhos colocados
acesos sobre os pontos ou áreas selecionadas na pele (moxa direta), ou
bastões posicionados sobre as áreas selecionadas sem tocá-las (moxa
indireta), aquecendo-as (GUIMARAES & RODRIGUES, 1998).
6.2 MÉTODO DE AGULHAMENTO
No método de agulhamento procede-se da seguinte maneira:
1. Inserção das agulhas: insere-se a agulha rapidamente fazendo um após de
15 com a pele. Empurra-se a agulha com um movimento de rotação e pressão
através da camada localizada entre o periósteo e a aponeurose.
2. Estimulação e Manipulação das Agulhas: insere-se a agulha em rotação, de
2 a 4 cm ao longo do subcutâneo e posteriormente colocam-se os eletrodos
nas agulhas; um par em área motora suplementar, um par em área motora de
membro superior e membro inferior, e um terceiro par na área de linguagem 2 e
3. Utiliza-se estimulador elétrico WQ-IOC 2 fabricado na China, numa
78
freqüência de 2 Hz alternado com 100Hz, com uma potencia de 0,2 a 0,4m A,
conforme a tolerância do paciente, utilizando as ondas quadradas, acoplando
os eletrodos na base das agulhas de Acupuntura (ALTMAN, 1997).
”Outro jeito de causar um acidente vascular isquêmico por êmbolo é quando,
por exemplo, uma pessoa tem um infarto do miocárdio. O infarto do miocárdio
provoca a morte de uma parte do músculo do coração que deixa de se contrair.
O sangue parado perto dessa parede do coração que não se contrai pode
formar um coágulo. Um dos segredos do sangue não se coagular é ele estar
sempre em movimento. Um pedacinho de um coágulo formado na parede do
coração pode migrar pela artéria carótida até entupir um vaso da circulação”
(ALTMAN, 1997).
Figura: 26 Agulhamento Fonte: site cidadedsaopaulo AVC – tratamento
6.2.1 Tratamento pela acupuntura escalpeana
O tratamento pelo agulhamento escalpeano e uma técnica antiga na
acupuntura já citada no livro mais antigo sobre acupuntura, o Lin Shu Jing,
Todos os canais e meridianos conectam-se na cabeça, especialmente os seis
canais ordinários Yang e os oitos canais extraordinários.
São utilizados especialmente nos tratamentos das cefaléias; problemas
oftalmológicos; doenças dos ouvidos; diversos distúrbios mentais; algumas
disfunções dos órgãos genitais. A técnica se utiliza de agulhas inseridas nos
79
pontos tradicionais dos meridianos localizados na região escalpeana (KOTTKE,
2002).
Na atualidade pela eficácia da técnica no tratamento dos distúrbios do
sistema nervoso central, houve um avanço desta forma de abordagem.
A Acupuntura Escalpeana representa uma técnica importante no
tratamento de várias patologias, principalmente as neurológicas. Como a
localização das áreas escalpeanas é dificultada pela presença do cabelo, foi
desenvolvido o Localizador Escalpeano.
O Localizador Escalpeano é um instrumento que define com mais
precisão as áreas de Acupuntura Escalpeana, possibilitando melhores
resultados terapêuticos.
É um instrumento constituído de uma fita suporte e de quatro fitas
móveis que são articuladas na primeira, Todas feitas de material flexível,
graduada em milímetros e de cores diferentes. O conjunto tem ainda triângulos
que deslizam sobre fios plásticos ligados à fita suporte. Essas fitas,
movimentadas, vão marcando os Pontos de Acupuntura. (LAUTZ, 2010).
Figura: 27 Áreas Escalpeanas da Acupuntura Fonte: Site Lautz
80
6.2.2 Referências anatômicas da superfície do escalpe - correspondência
ao córtex cerebral
1. Linha Mediana Longitudinal Ântero-Posterior: do ponto médio entre as
sobrancelhas, na região frontal ate a margem inferior da protuberância
occipital.
2. Protuberância Parietal: localiza-se traçando um ponto que esta após
mais ou menos 6 cm acima e 1,5 a 2 cm posteriormente do ápice das orelhas.
3. Tuberosidade Occipital: projeta-se uma área na região posterior do
crânio, na proeminência óssea do osso occipital, na linha mediana.
4. Fissura de Sylvius: de acordo com a localização neuroanatômica, pode-
se delimitar esta fissura a partir de um ponto localizado a uma polegada e meia
posterior e 5/8 polegadas rostralmente do canto do olho ate a Protuberância
Parietal.
5. Sulco Central: na linha Mediana Longitudinal Antero-Posterior,
estabelece-se o ponto médio. O ponto mais rostral do Sulco Central deve
localizar-se exatamente no ponto médio (GV-20). O sulco pode ser localizado
traçando-se uma linha do GV-20 até o aspecto 25 antero lateral do crânio,
obliquamente, formando um após de 67,5 com a Linha Mediana Antero-
Posterior. A extremidade inferior do Sulco Central esta localizada quando ele
se encontra com a Fissura de Sylvius. Pode-se dividir o escalpe facilmente em
diferentes áreas funcionais e utilizá-las para a aplicação clinica.
6.2.3 Localização das áreas de agulhamento - uso correspondente com a
Função da área cortical
1. Área Sensitiva: localizada a 1 cm posterior e ao longo do Sulco Central,
inicia-se na Linha Mediana Longitudinal Antero-Posterior ate o sulco cerebral
lateral (Fissura de Sylvius). É uma área utilizada para o tratamento de:
distúrbios sensitivos do lado contralateral do corpo. O 1/5 superior e utilizado
no tratamento da área cervical, tronco e extremidades inferiores, o 2/5 a seguir,
para o tratamento do membro superior e o 2/5 inferior, para a face e a língua.
81
2. Área Motora: área esta localizada a 1 cm anterior e ao longo do Sulco
Central.A extremidade superior esta na Linha Mediana Longitudinal Antero-
Posterior e a inferior quando se encontra com o sulco cerebral lateral. Esta
área e utilizada no tratamento de distúrbios motores do lado contralateral do
corpo. O quinto superior e utilizado para o tratamento do tronco e extremidades
inferiores, o 2/5 do meio, para o segmento cervical e membro superior e o 2/5
inferior, para os distúrbios na face, faringe e língua.
3. Área do Controle do Tremor e do Tônus Muscular: área esta localizada a
3 cm do ponto médio da Linha Mediana Longitudinal Antero-Posterior, anterior
e paralela a área
motora,que e correspondente ao córtex pré-motor (giro 6). E utilizada para o
tratamento de espasticidade, torção da cabeça, torção do corpo, movimentos
involuntários, tremor dos membros, mão em garras, entre outros.
4. Área Sensitiva e Fortalecimento das Pernas: localizada bilateralmente, a
1 cm de distância e paralela a Linha Mediana Longitudinal Antero-Posterior,
atravessa as áreas motoras e sensitivas. Estas linhas (bandas) são utilizadas
para lombalgia, ciatalgia contralteral, distúrbios do “Jiao” inferior englobando
distúrbios da micção, impotência, ptoses do útero, colon irritável e neuro
dermatite, entre outros.
5. Área do Controle dos Vasos Sangüíneos: área esta a 2 cm anterior e
paralela a Área do Controle do Tremor e do Tônus Muscular. A estimulação
desta área é útil ao tratamento de hipertensão essencial e a promoção da
circulação sanguínea periférica.
6. Área de Zumbido: esta área esta localizada no topo das orelhas, cerca
de 2 cm anterior a linha mediana longitudinal da orelha, descendo da linha de
Fissura de Sylvius. E útil para o tratamento de zumbidos e distúrbios da
audição.
7. Área Auditiva e Vertigem: área esta localizada no topo das orelhas, junto
a linha mediana longitudinal da orelha, descendo da Linha de Fissura de
Sylvius. E útil para o tratamento de labirintite, vertigem, zumbido e distúrbios da
audição.
82
8. Área de Vertigem: área esta localizada no topo das orelhas, cerca de 2
cm posterior a linha mediana longitudinal da orelha. E útil para o tratamento
de labirintite e vertigens.
9. Área do Balanço: áreas estão localizadas a 4,0cm lateralmente a
Tuberosidade Occipital e tem cerca de 4cm de extensão. Estão paralelas à
Linha Mediana Longitudinal Antero-Posterior. E utilizada no tratamento de
desequilíbrio.
10. Área Visual: áreas estão localizadas a 1,5 cm bilateral e paralelamente a
Linha Mediana Longitudinal Antero-Posterior, ao nível da Tuberosidade
Occipital tendo uma extensão de cerca de 4 cm rostralmente.
11. Áreas Associadas à Visão: localizadas em ambos os lados do osso
occipital, a 1/3 lateral da distancia entre a margem do cabelo e a Linha
Mediana Longitudinal Antero- Posterior, ao nível da tuberosidade occipital.
12. Área de Linguagem I: localizadas anteriormente a extremidade lateral
inferior das áreas pré-motoras (correspondendo a porções do triangulo e do
82ikipédi do giro frontal inferior). Estas áreas são utilizadas no tratamento de
afasias motoras.
13. Área de Linguagem II: localizadas na região postero- inferior da
proeminência parietal. Utilizadas no distúrbio da função mnemônica do som
(82ikipé sensitiva).
14. Áreas de Linguagem III: áreas são denominadas áreas de formação da
linguagem, localizadas no aspecto postero-inferior da área da fala II.
15. Área Frontal: esta é uma grande área localizada na região anterior a
Área do controle Vascular. Pode também ser denominada de Área das 5
agulhas frontais. Insere- se uma agulha na Linha Mediana Longitudinal Antero-
Posterior, cerca de 2 cm posterior a linha de inserção do cabelo, aprofundando
cerca de 3 cm. Inserem-se duas agulhas nos aspectos laterais do osso frontal,
cerca de 2 cm posterior aos pontos Tou-Wei (ST-8). As outras duas agulhas
ficam entre os pontos referidos. Esta área pode ser também chamada de Área
da Sedação, utilizada no tratamento de estresse, ansiedade, baixa
concentração, insônia, dor refrataria ao tratamento e outros problemas
psíquicos.
83
16. Área Pré-Frontal: há sete linhas (bandas) na área pré-frontal cujos
limites se localizam a 2 cm anterior e 2 cm posteriormente a linha de inserção
do cabelo (totalizando 4 cm de extensão). As bandas são:
a) Banda Central: esta banda esta localizada na Linha Mediana Longitudinal
Antero-Posterior. E utilizada no tratamento de distúrbios nasais, da boca, língua
e da região faríngea. Esta linha e útil também para a sedação e aumento de
imunidade.
b) Jiao Superior, Área Pulmonar (primeira banda lateral à Banda Central): esta
banda esta cerca de 1 a 2 cm lateral e paralelamente a Linha Mediana
Longitudinal Antero- Posterior. Utilizada no tratamento de patologias
pulmonares, brônquicas e cardíacas.
c. Jiao Médio, Área do Estômago e vesícula Biliar (segunda banda lateral): esta
banda está em cima da linha pupilar, paralela a Linha Mediana Longitudinal
Antero-Posterior.
E utilizada nos distúrbios gástricos, pancreáticos, hepáticos e da
vesícula biliar.
d. Jiao Inferior, Área Genital e do Intestino (terceira banda lateral): esta banda
esta localizada no após frontal do cabelo, paralela a Linha Mediana
Longitudinal Antero- Posterior. A área posterior a linha de inserção do cabelo e
utilizada no tratamento de patologias vesicais e genitais externas. E sempre
associada com a estimulação da Área Sensitivo-Motora dos Membros
Inferiores. A região anterior a linha de inserção do cabelo e utilizada no
tratamento de distúrbios intestinais.
17. Linha Mediana Longitudinal Ântero-Posterior. (Banda):
a) Banda Fronto-Parietal: esta banda esta localizada na linha mediana, tem
cerca de 2 cm de largura. Inicia-se na linha frontal de inserção do cabelo e
segue-se rostralmente até o ponto médio da Linha Mediana Longitudinal
Antero-Posterior. Pode ser dividida em quatro porções. O primeiro ¼ anterior e
utilizado para aliviar tensões, aumentar a imunidade em geral e tratar as
inflamações nasofaringeas. O segundo ¼ e utilizado para o tratamento de
problemas do Jiao Superior e no tratamento de patologias pulmonares (inclui
as patologias dos seios da face). O terceiro1/4 e útil no tratamento de
patologias do Jiao Médio (incluem as disfunções dos órgãos abdominais
84
superiores). O ¼ posterior é utilizado no tratamento de problemas do Jiao
inferior (incluem as disfunções dos órgãos abdominais inferiores e da genitália
externa).
b. Banda Parieto-Occipital: esta banda esta localizada na linha mediana, tem
cerca de 2cm de largura. Inicia-se no ponto médio da Linha Mediana
Longitudinal Antero-Posterior e estende-se posteriormente ate a altura da
tuberosidade occipital. Divide-se em quatro porções: a porção do ¼ anterior e
utilizada no tratamento de problemas no segmento craniano, cervical; o
segundo ¼ é utilizado para tratar região dorsal superior; o terceiro ¼ para
problemas lombares e o ¼ inferior para problemas sacrococcígeos (KOTTKE,
2002).
6.2.4 A reabilitação e eficácia do tratamento
A reabilitação e o conjunto de procedimentos diagnósticos e terapêuticos
que visam restaurar o nível funcional físico ótimo assim como o psicossocial e
o vocacional para permitir que o paciente se torne uma pessoa produtiva,
participante na comunidade. Para cuidados a pacientes com AVCI, define-se
reabilitação como:
“Ensinar o paciente a cuidar de sua própria vida a despeito das
limitações decorrentes da lesão do sistema nervoso central (SNC), evidencia
varias implicações desta filosofia, destacando que a reabilitação não consiste
somente na execução de exercícios; o tratamento envolve a recuperação do
controle do paciente assim que possível” (BOBATH, 1998).
Lianza (2001,), cita que após duas maneiras diferentes, porem
correlacionadas, para a melhora após o AVCI:
1 “O primeiro tipo da recuperação, a redução na extensão da
incapacidade neurológica, pode resultar de um processo natural espontâneo de
recuperação neurológica; dos efeitos das intervenções terapêuticas que limitam
a extensão do AVCI ou de outras intervenções que melhorem a função
neurológica. “Esta forma de recuperação caracteriza-se pela melhora no
controle motor, na habilidade de expressão da linguagem ou de outras funções
neurológicas primarias.”
85
2 “O segundo tipo de recuperação observada em pacientes com
AVCI é a melhora da habilidade para realizar funções diárias no seu ambiente,
dentro das suas limitações físicas. O paciente com déficit sensitivo motor,
cognitivo ou do comportamento resultante de AVCI pode recuperar a
capacidade de alimentar-se, vestir-se, banhar-se, controlar as eliminações,
andar e realizar as atividades de vida diária independentemente. “A habilidade
de realizar estas tarefas pode ser obtida através de adaptação e de
treinamento, na presença ou na ausência de recuperação neurológica
espontânea.” E nesse elemento da recuperação que a reabilitação exerce o
seu maior efeito.
O grau de recuperação espontânea da função neurológica e variável,
entretanto a magnitude do déficit neurológico, durante os períodos precoces e
tardios pós AVCI, oferece alguma previsão quanto a extensão da recuperação
que poderá ser observada. Estes déficits geralmente diminuem em freqüência
de um terço a metade.
A prevalência da hemiparesia diminui de 73% durante a apresentação
inicial para 37% no final do primeiro ano de seguimento; a afasia de 36% para
20%; a disartria de 48% para 16%; a disfagia de 13% para 4% e a
incontinência de 29% para 9% (ROTH & HARVEY,1999).
O tempo da recuperação também e variável. A maior parte da melhora
da função física ocorre nos primeiros três a seis meses, embora se tente
especificar um prognostico definido para o paciente após Altman (1997), AVCI,
e importante reconhecer a multiplicidade de variáveis que determina a evolução
final. Deste modo, a expectativa da magnitude da recuperação freqüentemente
não e precisa, mas a recuperação tardia também e possível (LIANZA, 2001).
Em 1999 o Dr Ling Shu realizou um estágio no General Veterans
Hospital em Taipei, Taiwan, com o objetivo de encontrar novos procedimentos
capazes de beneficiar pacientes com diferentes graus de incapacidade
provocas pelo AVCI crônico. Concluiu que os pacientes submetidos a
acupuntura aplicada no couro cabeludo apresentavam inexplicável melhora
clínica, o que o levou a considerar esta modalidade como uma nova e eficaz
alternativa.
86
“O tratamento correto do AVCI requer a previsão, o conhecimento sobre
o futuro do paciente, ou seja, sobre seu prognostico.” Apenas quando o medico
tem uma idéia precisa sobre o futuro do paciente e que ele pode decidir por
uma estratégia terapêutica. E obviamente improvável investir altas somas na
reabilitação de pacientes que não melhorarão. Do mesmo modo, também e
improvável que se sujeite o paciente a riscos de cirurgias corretivas, se a
deficiência não será alterada devido a outros fatores associados a sua
condição.
A autora Lianza (2001) ainda acrescenta que: “o prognostico especifico
ajuda também a orientar familiares do paciente a planejar a adaptação gradual
a nova situação e também será o suporte para uma relação de confiança com o
médico.” O propósito acadêmico do prognostico assegura uma nova forma de
terapia é possível comparar a evolução atual com uma evolução projetada
baseada em prognósticos tradicionais, permitindo uma inferência estatística
valida a respeito do tratamento numa população pequena que ira atingir
diretamente uma população maior quando comparada a esse menor grupo.”
Outros fatores a serem considerados são o prognostico para a
recorrência de um novo AVC e o prognostico quanto à função do paciente.
Logo, muito dos novos fatores reconhecidos estão sendo considerados como
de valor preditivo para sobrevida, recorrência, função neurológica e
recuperação do paciente depois do AVC. Fatores associados a um prognostico
pobre tais como: incontinência, desorientação, imobilidade, obesidade, historia
previa de AVC, diabetes, visão pobre, afasia, idade avançada, devem ser
considerados antes que o individuo seja aceito para uma terapia intensiva ou
cirurgias corretivas.
Mann (2001) através de um estudo de caso, acompanhou durante 1 ano,
de modo sistemático na cidade de São Paulo, um grupo pequeno de pacientes
com afasia global, três meses após o AVCI tratado com terapia de linguagem
intensiva durante o primeiro ano após o Hector. Todos os pacientes
melhoraram principalmente na compreensão auditiva. O menor índice de
melhora ocorreu no discurso proposicional. Houve um aumento do uso de
padrões não lingüísticos de comunicação, como os gestos, que são
87
observados após seis meses. As maiores alterações ocorreram entre seis e
doze meses de tratamento. Apesar da melhora, os pacientes ainda
apresentaram defeitos graves de comunicação. Demonstrando deste modo,
que o tempo de inicio desde o íctus e uma variável critica na evolução da afasia
global.
Bobath (1998) também avaliou, através de estudos, a recuperação da
fala, da deambulação, do uso funcional do membro superior e da habilidade
funcional geral em um grande grupo de pacientes encaminhados a uma
unidade de AVCI do Hospital das Clinicas em São Paulo, e após a conclusão
da pesquisa observou que na maioria das modalidades, a recuperação ocorreu,
principalmente, no período inicial de três meses após a lesão inicial.
Apesar da observação de melhora após este período, as diferenças não
são estatisticamente significantes.
Deste modo, os autores através de estudos de casos, examinaram a
taxa e a recuperação dessas anormalidades comportamentais em 41 pacientes
com AVCI hemisférico direito, e evidenciam que a recuperação e melhor nas
lesões menores do que nas maiores e também sugerem que a recuperação e
melhor nas funções com substrato neural difuso, ou seja, na prosopagnosia,
negligencia e anosognosia.
Lomba (2000) avaliou o grau de autocuidado em 120 doentes com o
acidente vascular cerebral unilateral, no Hospital das Clinicas na cidade de São
Paulo nos diferentes estágios de recuperação. Os resultados demonstraram
que a função nas atividades de vida diária melhora entre a admissão e a alta
hospitalar; porem piora após o retorno ao domicilio. Há uma relação significante
entre a função nas atividades de vida diária no hospital e a apraxia.
Mann (2001), fez um estudo questionando se a acupuntura pode
melhorar ou acelerar a recuperação da função motora em pacientes com AVCI
e se pode melhorar a qualidade de vida de pacientes com AVCI. Para testar a
eficácia do tratamento, em novembro de 2000, os autores acompanharam 22
pacientes (11 do grupo de controle e 11 do grupo com AVC) que eram tratados
num Hospital de Nova York, através da acupuntura, e puderam observar que:
A acupuntura é utilizada por quatro a dez dias, media de 6,5 dias, após o
inicio do AVCI e continuada duas vezes por semana, durante dez semanas. As
88
agulhas são inseridas tanto no lado paretico quanto no não paretico, nos
pontos de acupuntura tradicional chinesa, no total de dez agulhas, que são
mantidas por 30 minutos de cada vez. Associam a estimulação elétrica, com
freqüência de 2 a 5Hz, em quatro agulhas do lado paretico. A intensidade do
estimulo e determinada pela obtenção da contração muscular.
● Os pacientes recebem tratamentos de reabilitação individuais padronizados,
que além da acupuntura, incluía fisioterapia diária e terapia ocupacional.
● A melhora no grupo de “tratamento e no grupo controle” durante os três
primeiros meses após o AVCI está de acordo com os estudos prévios, mas há
pouca evidência de que qualquer terapia de reabilitação para AVCI em
particular seja superior que as outras.
● Os pacientes tratados com acupuntura melhoram mais rápido quanto à
função motora, equilíbrio, atividade de vida diária e qualidade de vida, do que
os pacientes não tratados com acupuntura. A diferença na atividade diária em
alguns itens e na qualidade de vida permanece doze meses após o inicio do
AVCI.
A internet por sua vez apresenta sites contendo estudos sobre a eficácia
do uso da acupuntura nos pacientes com AVC. Exemplo:
Eficácia do Tratamento de AVC com uso de Acupuntura
AVC – seqüela: hemiplegia recuperação em 66% dos
casos
AVC – seqüela: perda da força muscular recuperação em 75% dos
casos
AVC – seqüela: desvio da boca e paralisia da
fala
recuperação em 76% dos
casos
AVC – seqüela: dificuldade de articular
palavras eficácia em 90% dos casos
Tabela; 7 Fonte: Acupuntura.Site: pro.bromsdoencas-trataveis, (2010)
89
A Acupuntura têm-se mostrado eficaz na recuperação ou minimização
do sofrimento dos pacientes acometidos por Acidente Vascular Cerebral (AVC).
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo a “Eficácia da Acupuntura em Pacientes com Acidente
Vascular Cerebral AVC, uma Revisão Bibliográfica”, permite, após a análise
baseada em referencial teórico, chegar a conclusões.
O Acidente Vascular Cerebral (AVC), conhecido popularmente como
“derrame”, pode ser definido como: “ um súbito aparecimento de deficiências
neurológicas, decorrentes da perturbação do suprimento sangüíneo para uma
região do cérebro chamada encéfalo. As conseqüências neurológicas dessa
interrupção de fluxo sangüíneo dependem da localização e do tamanho da
isquemia (déficit na irrigação sangüínea) ou hemorragia, extravasamento de
sangue (CARVALHO, 2008).
O AVC (acidente vascular cerebral), corresponde a ocorrência de
oclusão de pequenos vasos cerebrais (trombose, AVC Isquêmico), ou derrame,
AVC Hemorrágico, quando ocorre ruptura de um vaso (LUCHESE, 2001).
O AVC pode ser causado por 2 mecanismos distintos, por uma oclusão
ou por uma hemorragia (COHEN,2001).
“De modo geral, acidentes vasculares cerebrais provocam alterações
motoras, assim como dormência e formigamento que, com freqüência,
acometem apenas um lado do corpo. A pessoa pode sentir ainda súbita
fraqueza muscular (total ou parcial) ao segurar um objeto, mexer a mão, a
perna ou o rosto. Podem ocorrer também alterações da visão como redução do
campo visual, ou enxergar um lado meio nebuloso ou escuro ou a perda total
da visão de um dos olhos. Também pode ocorrer alteração da fala”(VARELLA,
2009).
As causas mais comuns de AVC são os trombos, o embolismo e a
hemorragia secundária ao aneurisma ou a anormalidades do desenvolvimento.
E advoga que as outras causas menos comuns são os tumores cerebrais, os
abcessos, os processos inflamatórios e os traumatismos (SULLIVAN,1999).
90
O AVC é uma das enfermidades responsável por grande número de
óbitos entre a população. Também acarreta altos custos sociais por ser, na
maioria das vezes incapacitantes.
No Brasil, apesar dos poucos estudos estatísticos disponíveis, existem
dados sugerindo que as doenças cérebro- vasculares estejam entre as maiores
causas de mortalidade As taxas de mortalidade são elevadas situando-se entre
as mais altas do mundo. Além dos custos médicos com hospitalização, os anos
perdidos precocemente e dificuldades enfrentadas pelos pacientes, geram um
alto custo social (OLIVEIRA, A.P.R& ARAÚJO,F.L.B, 2010).
Por ser uma enfermidade que causa muitos danos à população, além do
tratamento convencional praticado pela Medicina Ocidental, grande número de
médicos estão buscando nas práticas da Medicina Tradicional Chinesa (MTC),
principalmente na Acupuntura alternativas para o tratamento do AVC.
Dentre as valiosas contribuições da China para a humanidade está a
chamada Medicina Tradicional Chinesa (MTC) também conhecida como
medicina chinesa (em chinês: Zhõngyí xué, ou Zhõngao xué).
Medicina Chinesa é uma denominação dada ao conjunto de práticas de
Medicina Tradicional em uso na China, desenvolvida ao longo de milhares de
anos da sua história.Originou-se ao longo do Rio Amarelo e passou por
inovações ao longo de diferentes dinastias é considerada uma das mais
antigas do mundo oriental.
Para definir Medicina Tradicional Chinesa é adequada a definição
encontrada no Livro do Imperador Amarelo, uma citação de Quibo (WANG,
2001):
Afirma o artigo : Medicina Chinesa: “A Medicina Chinesa fundamenta-se
numa estrutura teórica sistemática e abrangente, de natureza filosófica. A base
é o reconhecimento das leis fundamentais que governam o funcionamento do
organismo humano e sua interação com o ambiente, observando-se os ciclos
da natureza.
A abordagem da Medicina Chinesa vai do tratamento das doenças à
manutenção da saúde através de diversos métodos.
Atualmente existem oito principais métodos de tratamento de Medicina
Tradicional Chinesa:
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Fitoterapia chinesa (fármacos)
Acupuntura
Tuina ou Tui Ná (massagem e osteopatia chinesa)
Dietoteapia (terapia alimentar chinesa)
Auriculoterapia (tratamento pela orelha)
Moxabustão
Ventosaterapia
Práticas físicas (exercícios integrados de respiração e circulação de energia, e
meditação (Chi Kung, o Tai Chi Chuan e algumas artes marciais) considerados
métodos profilátiocs para a manutenção da saúde, ou intervenções para
recuperá-la.” (MEDICINACHINESAPT,2010).
Em primeiro lugar, para os chineses existe a noção de que tudo no
mundo está interligado por uma força motriz, o Qi, que circula por todo o
universo, inclusive dentro de nós mesmos através dos Canais ou Meridianos.
Desta forma, fica evidente neste pensamento que os Seres Humanos não
estão separados entre si, nem tampouco separados do meio ambiente
(CARVALHO, 2008).
Um princípio básico do Sistema Terapêutico Chinês é o enfoque
holístico, ou seja, a noção de que as partes somente podem ser
compreendidas em relação ao todo e vice-versa.
Os chineses chegaram a conclusão de que a estrutura básica do ser
humano era a mesma do universo. Assim todos os fenômenos da natureza
foram classificados em dois pólos opostos: o Yin (negativo) e o Yang (positivo)
(WEN, 1985). Yin e Yang são utilizados para definir ações e procedimentos
relativos a doenças e sua cura.
Na medicina chinesa as doenças são vistas como um desequilíbrio
causado por agentes externos (vento, secura, calor, umidade e frio) associados
a sentimentos ou estados emocionais (raiva, medo, alegria, preocupação,
tristeza). Por exemplo: o reumatismo é denominado “doença” do frio e da
tristeza e da umidade; ou emoção depressiva levando o Chi do fígado
(madeira) a invadir o “estômago” (fogo) causando gastrite; e ainda o vento
penetrante no mar da medula causar uma paralisia equivalente aos que
chamamos de Acidente Vascular Cerebral (AVC).
92
Essas combinações são explicadas como alterações do fluxo habitual de
Chi (Yin ou Yang) que resultam no excesso ou falta dessa energia nos diversos
órgãos e meridianos. Esses meridianos e suas relações são também
explicadas pela Lei dos 5 elementos que os classifica como água, fogo, terra,
metal e madeira. O xie (fator patógeno) que penetra no Yin e provoca o xué-bi
(bloqueio de sangue) (STANDARD, 2000).
Para a MTC, as doenças ocorrem quando existe um desequilíbrio entre
o Yin e Yang.
Assim sendo no AVC ou Golpe de Vento tem-se todo sistema alterado
como pode-se ver a seguir em um trecho do livro: “Acupuntura Clássica
Chinesa”.
“Se o Coração está em excesso ele inibe o Pulmão que, por sua vez,
inibe o Fígado, fornecendo glicose, fornecendo também energia vital ao
trabalho do miocárdio. As energias e, com isso, invade o Baço/Pâncreas,
inibindo-o. Deste modo o desequilíbrio que atinge um determinado órgão pode
ter sua causa em outro órgão e, da mesma forma uma doença pode propagar-
se ou mesmo transformar-se em outro tipo de doença.
A Acupuntura é o conjunto de conhecimentos teórico-empíricos da
Medicina Tradicional Chinesa, que visa à terapia e a cura das doenças através
da aplicação de agulhas e de moxas, além de outras técnicas.
Esta ciência surgiu na china em plena Idade da Pedra, isto é, há
aproximadamente 4.500 anos. No entanto, apesar de sua antiguidade, continua
evoluindo. Com o moderno avanço tecnológico, outros instrumentos e técnicas
como o ultra-som, radiações infravermelhas, o raio laser e outros equipamentos
vieram enriquecer seus recursos fisioterápicos (WEN, 1997).
“É uma terapia reflexa, em que o estímulo de uma área age sobre
outras. Para este fim, utiliza, principalmente, o estímulo nociceptivo”
(SUSSMAN, 2000).
Atribui-se o nome "Acupuntura" a um jesuíta europeu que retornando da
China, no século XVII, adaptou os termos chineses "Zhen" e "Jiu", juntando as
palavras latinas "Acum" (agulha) e "Punctum" (picada ou punção). A tradução
literal do termo chinês, no entanto, é bem diferente. O correto seria Zhen
(agulha) e Jiu moxa ou seja "longo tempo de aplicação do fogo".
93
A técnica consiste em encontrar a harmonia do corpo e mente através
de canais, conhecidos como “meridianos de energia”, que percorrem todo o
corpo.
O tratamento quando realizado por agulhamento, é feito através de
inserção de finíssimas agulhas em determinados pontos dos canais, que são
chamados de “pontos da acupuntura”. A estimulação desses pontos permite a
ativação ou sedação da energia que circula ao longo desse meridiano (
SELBACH, 2003).
A acupuntura utiliza-se de princípios como: Estudo dos Elementos,
fazendo uma intererlação entre os elementos da natureaza e o que ocorre no
corpo humano. Também elabora um mapa do corpo humano, no qual identifica
pontos e meridianos. Estes são utiizados para que, ao serem estimulados
procoquem uma reação favorável ao tratamento da enfermidade.
No corpo humano existem muitos pontos cujos efeitos, se aplicada à
acupuntura, têm efeitos semelhantes. Ao se traçarem linhas conectando esses
pontos análogos, obtiveram-se linhas ou trajetórias longitudinais chamadas de
Tin (meridiano) e trajetórias horizontais, denominadas Lo (comunicações).
Já a moxa, inicialmente feita com areia ou pedra aquecida, evoluiu para
uso de plantas, infravermelho, ultra-som, corrente elétrica e raio laser.
Durante muito tempo, a acupuntura foi vista com desconfiança por
médicos e paciente, adeptos da Medicina Ocidental. Atualmente aumenta a
cada dia o número de médicos e paciente que procuram na acupuntura uma
alternatica eficaz para o tratamento de diversas doenças.
A busca da Acupuntura para auxiliar no tratamento das seqüelas do AVC
tem aumentado. Hoje, os avanços tecnológico já utilizam, além da estimulação
manual, agulhas elétricas e mais recentemente os aparelhos de estimulação
eletromagnética Hai – Hua, com grande favorecimento ao tratamento.
A prática da Acupuntura é regulamentada pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA) e pelo Ministério da Saúde, através da Política
Nacional de Práticas Interativas e Complementares no SUS (PNPIC) que
estabelece as diretrizes para implantaçao dessas terapias na rede pública de
saúde.
94
Em 2005, após consulta as comunidades médica e científica, a PNPIC
foi aprovada pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS). Definem-se então as
responsabilidades dos gestores a nível federal, estadual e municipal na
implentação dessas novas terapias e serviços no SUS. Também foram
elaboradas normas na Vigilância Sanitária orientando sobre o uso de materiais,
eliminando o risco de transmissão de doenças (FARHAT, 2006).
O terapeuta tem a tarefa de unir e interpretar toda informação relevante
colhida na avaliação – a qual é construída a partir de uma complexa exploração
que inclui a observação (do corpo como um todo, da postura, da atitude, da
língua, entre outros), a palpação (pulsos, estruturas do corpo) e o escutar as
queixas e direcionar questionamentos precisos (acerca do funcionamento geral
do organismo, assim como do estado anímico e outras sutilezas) com a
finalidade de se encontrar um Padrão de Funcionamento específico.
É preciso que a Civilização Ocidental, em especial as áreas da saúde,
destituam-se de possíveis preconceitos em relação às práticas adotadas pela
Medicina Tradicional Chinesa.
A China, por possuir uma cultura milenar,.com pilares filosóficos, não
significa que seus preceitos não estejam embasados em conhecimentos
científicos, uma vez que, se feita uma “leitura” dos mesmos percebe-se que
princípios defendidos e usados por séculos pelos chineses, tem uma
comprovação científica no ocidente, porém com uma outra nomenclatura.
Em relação ao Acidente Vascular Cerebral, buscando a melhora da
qualidade de vida do paciente, todos os recursos e técnicas utilizados são
válidos.
Dentre os procedimentos pode-se concluir que a Acupuntura tem sido
eficaz na maioria dos casos.
95
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