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CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR – LAUREATE
INTERNATIONAL UNIVERSITIES
CURSO DE NUTRIÇÃO
MUDANÇAS NO PADRÃO ALIMENTAR ASSOCIADAS À
INDUSTRIALIZAÇÃO
MARINA BUENO PARANHOS VILLARDI
RIO DE JANEIRO 2017
CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR – LAUREATE INTERNATIONAL UNIVERSITIES
CURSO DE NUTRIÇÃO
MUDANÇAS NO PADRÃO ALIMENTAR ASSOCIADAS À INDUSTRIALIZAÇÃO
MARINA BUENO PARANHOS VILLARDI
Orientadora: Profa.; Patrícia Souza dos Santos
RIO DE JANEIRO
2017
Trabalho de Conclusão de
Curso apresentado ao Curso de
Nutrição do Centro
Universitário IBMR/Laureate
International Universities, como
parte dos requisitos para
obtenção do Título de Bacharel
em Nutrição.
MARINA BUENO PARANHOS VILLARDI
MUDANÇAS NO PADRÃO ALIMENTAR ASSOCIADAS À
INDUSTRIALIZAÇÃO
Banca examinadora composta para defesa de Trabalho de
Conclusão de Curso para obtenção do grau de Bacharel em
Nutrição
Aprovada em: _____ de ______________ de ________ Presidente e Orientador: __________________________________ Membro Avaliador: _______________________________________
RIO DE JANEIRO 2017
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente à Deus por ter me dado saúde para chegar até aqui.
Devo agradecer à minha mãe pelo apoio incondicional e por me ajudar a encontrar o
meu caminho.
Obrigada a todos os Mestres que passaram pela minha trajetória na universidade, me
ajudando a construir o conhecimento, em especial à professora Patrícia Sousa Santos
por me fazer despertar pela minha área de interesse e a professora Fernanda Neves
Pinto por nos fazer amar a Nutrição cada vez mais.
Tenho muita gratidão pela minha avó, Maria Luisa, por estar sempre me dando bons
conselhos e me fazendo seguir em frente.
EPÍGRAFE
“Na procura de conhecimentos, o primeiro passo é o silêncio, o segundo ouvir, o
terceiro relembrar, o quarto praticar e o quinto ensinar aos outros.
(Ibn Gabirol)
A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original”
(Albert Einstein)
VILLARDI, Marina Bueno Paranhos. Mudanças no padrão alimentar associadas à
industrialização. Rio de Janeiro, 2017. 41p. Trabalho de Conclusão de Curso de
Graduação em Nutrição, Centro Universitário IBMR/Laureate International Universities.
RESUMO
O consumo de alimentos in natura vem sendo substituído por alimentos industrializados, principalmente após à Revolução Industrial. Os hábitos de vida sofreram modificações, que desencadearam na transição nutricional. Sendo assim, o presente estudo tem como objetivo verificar a influência da industrialização no padrão alimentar da população. Este trabalho concebe uma revisão de literatura, embasada nas publicações indexadas nas bases de dados Scielo, Pubmed e LILACs, acerca do tema industrialização e sua influência na mudança no padrão alimentar, com os descritores hábitos alimentares, industrialização e transição nutricional, nos idiomas português, inglês e espanhol. Os dados utilizados foram de publicações entre 1993 a 2015. A transição nutricional é um processo desencadeado por fatores socioeconômicos, epidemiológicos e demográficos, que provoca a alteração dos hábitos alimentares, e consequentemente afeta a saúde dos indivíduos. O Brasil passou pela transição nutricional, fazendo com que hábitos regionais, religiosos e culturais fossem modificados, e o quadro epidemiológico que era marcado pela desnutrição passasse a ter maior índice de obesidade. Atualmente, percebe-se que o desenvolvimento das industrias é crescente, sendo assim, os alimentos processados não terão sua participação reduzida na alimentação, mas há a possibilidade de controlar o consumo, para que se previna o surgimento da obesidade e suas enfermidades, como o diabetes tipo 2, a hipertensão, as doenças cardiovasculares e o câncer, doenças crônicas não transmissíveis, que são as maiores causas de morte no Brasil. Com isso, o Governo Brasileiro desenvolveu ações para gerar a melhoria na qualidade da alimentação da população, incentivando o aumento do consumo de alimentos in natura e a redução dos alimentos processados, além de destacar a importância da prática de exercícios físicos. Estas práticas tem o objetivo de reduzir a prevalência de obesidade em todas as faixas etárias, incentivar a educação nutricional e assim promover saúde.
Palavras-chave: hábitos alimentares, transição nutricional, obesidade.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Taxas médias de crescimento anual para indústria de produtos alimentícios e
indústria total de transformação – Brasil 1949 a 1972 ..................................................16
Tabela 2. Participação do valor da produção da Indústria de alimentos no PIB e no total
da indústria de transformação no Brasil, em % (1990-1995) ........................................17
Tabela 3. Quantidade anual per capita de alimentos adquiridos para consumo no
domicílio por meio de despesas monetárias, na ENDEF e na POF, segundo os
produtores selecionados - Brasil -1974/2003 ...............................................................20
Tabela 4. Aquisição alimentar domiciliar per capita anual por classes de rendimento
total .............................................................................................................................. 26
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Evolução temporal da prevalência de obesidade (IMC ≥ 30kg/m²) no Nordeste
e Sudeste do Brasil (1975, 1988 e 1996) ..................................................................... 22
Figura 2: Símbolo do Programa “5 ao dia” ........................................................................... 34
LISTA DE SIGLAS
EG - Estratégia Global de Alimentação, Atividade Física e Saúde
ENDEF - Estudo Nacional de Despesa Familiar
FAO - Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ITAL - Instituto de Tecnologia de Alimentos
OMS - Organização Mundial de Saúde
PAAS - Promoção da Alimentação Adequada e Saudável
PIB - Produto Interno Bruto
PNAN - Política Nacional de Alimentação e Nutrição
POF - Pesquisa de Orçamentos Familiares
SUMÁRIO
1. Introdução ......................................................................................................... 11
2. Objetivos ........................................................................................................... 13
2.1 Objetivo Geral .................................................................................................. 13
2.2 Objetivos específicos ....................................................................................... 13
3. Material e métodos .......................................................................................... 14
4. Revisão de Literatura ...................................................................................... 15
4.1. Uma retrospectiva sobre as formas de produção de alimentos ................. 15
4.2. Transição nutricional e seus principais fatores desencadeadores ............. 18
4.3. A formação dos novos padrões alimentares .............................................. 27
4.4. Medidas para promover a melhoria dos hábitos alimentares .................... 30
5. Considerações Finais ...................................................................................... 36
6. Referências Bibliográficas .............................................................................. 37
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1. INTRODUÇÃO
Décadas atrás a sociedade vivia em frequente contato com a natureza, ou seja, a
alimentação baseava-se em alimentos plantados e animais criados e abatidos sem o
processamento das indústrias, diferente do modo de vida da população atual
(MEZOMO, 2002). Assim como afirmam Flandrini e Montinari (1996), os alimentos eram
produzidos artesanalmente e passaram a ser fabricados em escala industrial
(FLANDRINI; MONTINARI 1996).
Fatos esses que ocasionaram nas mudanças dos hábitos alimentares em
diversos países, constatando-se que são encontradas diversas formas de consumo,
influenciadas pelos aspectos de vida (PINHEIRO, 2001). Sendo assim, percebe-se que
a alimentação das mais variadas culturas está sendo alterada rapidamente em todo o
mundo. Dentro de um processo mais amplo o desenvolvimento acelerado das indústrias
ocidentais vem influenciando a alimentação e a sociedade de consumo (BLEIL,1998).
Tem-se também uma mudança nos hábitos de atividade física, onde a maior
parte das pessoas passou a ser sedentária, influenciando diretamente na composição
corporal. Concomitantemente, as sociedades modernas estão convergindo para um
modelo de dieta rica em gorduras saturadas, açúcar e alimentos refinados, com pouca
fibra, padrão denominado como “dieta Ocidental” (POPKIN, 2002).
Porém, o consumo alimentar não pode ser definido somente pelas necessidades
nutricionais ou de demanda da população, devido ao fato de que sofre influência
determinante do sistema de produção agrícola, do custo industrial, da mão de obra
utilizada e primordialmente das alterações econômicas impostas pelo Estado, que
englobam desde a produção até o sistema de saúde (OLIVEIRA; THEBAUD-MONY,
1997).
Diversos fatores podem estar influenciando as alterações na composição da
dieta e na saúde humana. Dentre esses, tem-se a mudança na estrutura ocupacional do
homem, onde há uma redução nas atividades de lazer e aumento dos afazeres que
objetivem lucro, que provocam a elevação do estresse e o surgimento de doenças.
Além disso, precisa-se levar em consideração as rápidas mudanças no sistema de
tecnologia e comunicação para antecipar as transformações que irão ocorrer nos
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padrões alimentares, ou seja, os impactos da globalização no surgimento de doenças
ocasionados pelo aumento do consumo de alimentos industrializados (POPKIN, 2004).
Sendo assim, observa-se que ocorreram transformações no modo de vida
humano, fazendo com que novas necessidades surgissem e dando maior ênfase aos
fatores urbanização e industrialização, que são considerados causadores das
modificações dos hábitos alimentares (GARCIA, 2003). No Brasil, a Pesquisa de
Orçamento Familiar (POF) mostrou que, em 30 anos (de 1974-2004), houve uma
alteração na alimentação, o consumo de gêneros tradicionais como arroz, feijão, batata,
pão e açúcar foi reduzido e houve o aumento da ingestão de refrigerante sabor
guaraná, que apresentava uso de 1,7 quilos por pessoa e passou à ser de 7,7 quilos
per capita (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2004).
O trabalho a seguir tem como objetivo caracterizar as mudanças ocorridas no
padrão alimentar da sociedade após a expansão das indústrias alimentícias e de seus
respectivos alimentos processados no mercado, analisando os motivos pelos quais os
hábitos alimentares foram alterados e suas consequências na saúde da população.
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2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo Geral
Verificar a influência da industrialização no padrão alimentar da população.
2.2. Objetivos Específicos
Caracterizar os hábitos alimentares antes do período de industrialização,
comparando com o padrão alimentar atual.
Identificar quais foram as mudanças ocorridas na alimentação da humanidade,
relacionando com os novos padrões de vida.
Analisar as consequências trazidas para a saúde após a pandemia dos alimentos
industrializados.
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3. MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho concebe uma revisão de literatura, realizada através da busca de
dados e informações em livros didáticos, artigos científicos de revistas e jornais, assim
como sites de institutos de pesquisa como fonte, referentes ao tema industrialização e
suas respectivas mudanças no padrão alimentar, nos idiomas inglês, português e
espanhol, entre os anos de 1993 a 2012, a fim de se obter um melhor entendimento
sobre a temática.
A pesquisa bibliográfica foi realizada a partir de publicações indexadas nas
seguintes bases de dados Scielo, Pubmed e LILACs (Literatura Latino-Americana em
Saúde).
Foram utilizados os descritores em ciência e saúde (DeCs): hábitos alimentares,
industrialização e transição nutricional. Nos idiomas português e inglês.
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4. REVISÃO DE LITERATURA
4.1. Uma retrospectiva sobre as formas de produção de alimentos
Pode-se dizer que a passagem da “economia de predação” para a “economia de
produção” significou uma mudança decisiva na relação do homem com o meio
ambiente, isto porque a atividade agrícola significou um momento de ruptura,
separando o homem da natureza (MONTANARI; LIMA 2009).
A agricultura foi inventada entre 10 e 15 mil anos atrás e nos últimos dois ou três
mil anos passou-se a cultivar alimentos variados em uma mesma região, fazendo com
que as sociedades pudessem viver através do que se produzia. Desde o início da
colonização, agricultores americanos desenvolveram eficientes sistemas agrícolas.
Porém após a Segunda Guerra Mundial o sistema sofreu mudanças e atualmente
poucos desses sistemas são remanescentes. O aperfeiçoamento foi direcionado para
as monoculturas, altamente mecanizadas, com uso de fertilizantes comerciais e
venenos sintéticos (LUTZENBERGER, 2001).
Segundo Pinheiro e Abreu et al. (2001) até o século XX, diversas descobertas
levaram ao aperfeiçoamento das técnicas e as modificações dos hábitos alimentares,
dentre elas:
Mudanças dos métodos de produção agrícolas e industriais;
Avanços na genética;
Mecanização agrícola;
Processos técnicos para aumentar a durabilidade dos alimentos;
Analisa-se, de forma histórica, a relação formada entre os agentes da produção
de alimentos, os consumidores e o Estado e a sua influência na construção e alteração
dos hábitos alimentares (SOUZA; HARDT, 2002).
No Brasil, após a Segunda Guerra, o setor de alimentos obteve menor incentivo
por parte do Estado em comparação com os setores das indústrias de bens duráveis,
apresentando assim participação relativa decrescente. Porém, observou-se que a
participação absoluta aumentou, ou seja, o número de estabelecimentos avançou de
14.905 para 46.815, e de empregados de 173.535 para 372.401. No ano de 1949, a
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indústria alimentar contribuiu com 20,5% em termos de valor adicionado, e respondia
por 18% dos empregos no total das indústrias de bens não duráveis, ou seja,
apresentou boa participação em relação à indústria total, conforme mostra o quadro 1
(VICENCONTI, 1977; SATO, 1997).
Tabela 1. Taxas médias de crescimento anual para indústria de produtos alimentícios e
indústria total de transformação – Brasil 1949 a 1972.
Produtos
Alimentares
Indústria
Total
1949-52 4,4 10,3
1952-57 3,2 4,4
1957-62 7,5 11,9
1962-67 1,8 2,7
1967-72 8,7 12,1
Fonte: VICECONTI, 1977.
Em 1960 os alimentos como: leite pasteurizado, laticínios, conservas de frutas e
pescados, legumes, especiarias e condimentos contribuíam com 20% do valor da
produção, já a partir de 1974 verificou-se que esse grupo de alimentos passou a
participar com 31,9% do lucro da produção (LIMA, 1979).
Nos anos 80, apesar da desordem econômica enfrentada no país, as indústrias de
alimentos tiveram um crescimento de 8%. No período de 1990 a 1995, a produção de
alimentos contribuiu, em média, com 9,83 % do valor do Produto Interno Bruto (PIB) e
17,04 % do valor da indústria total (Quadro 2) (SATO, 1997). Segundo a Associação
Brasileira de Indústria e Alimentação (ABIA), (1994), em 1995, a indústria alimentícia
era representada por 38 mil estabelecimentos, gerando 775 mil empregos e com um
faturamento de US$ 52,9 bilhões ao ano. Neste período, a exportação de alimentos
representava 16,82%, sendo principalmente de carne, soja e sucos (SATO, 1997).
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Tabela 2. Participação do valor da produção da Indústria de alimentos no PIB e no total
da indústria de transformação no Brasil, em % (1990-1995).
1990 1991 1992 1993 1994 1995 Média
PIB 9,98 10,17 10,45 10,22 8,93 9,23 9,83
Ind. Total 17,2 17,95 17,28 16,69 16,36 16,71 17,04
Fonte: Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação, 1994.
Após a implementação do Plano Real, foi constatado que a indústria de
alimentos foi a que mais se beneficiou (GAZETA MERCANTIL, 1996). Segundo Trocolli
(1996), em 1996, dois anos após a implementação do Plano, alterações estruturais
aconteceram, tal como o aumento do consumo por parte das classes de renda mais
baixa. Mostra-se também a diferença nas vendas de determinados alimentos, como por
exemplo o sorvete, que teve aumento de 50%, registrando 112 milhões de litros
vendidos em um ano. (GAZETA MERCANTIL, 1996).
Segundo Cyrillo et al. (1997) e Carmo (1999), há uma tendência ao aumento do
grau de concorrência no setor de produtos alimentícios brasileiro, indicada pelo
estabelecimento de novas indústrias do mesmo campo no território nacional, aumento
no lançamento de produtos e declínio nos preços reais desde 1994. Deste modo, com
os mercados globalizados e mais integrados, as empresas brasileiras estão buscando
ganhos de escala para competir internacionalmente. Logo, houve grande aumento dos
commodities, ou seja, produção de um mesmo produto em larga escala, onde os
ganhos são oriundos do volume comercializado (CARVALHO, 2010).
Verifica-se então que atualmente há ampla oferta de inúmeros produtos
alimentícios (CYRILLO et al., 1997; CARMO, 1999). Porém, o desenvolvimento
econômico promove mudanças no padrão alimentar e no estado nutricional da
população, pois são necessárias as estratégias de concorrência entre as empresas,
fazendo com que haja diminuição dos preços dos alimentos, aumento da diversidade e
qualidade dos produtos oferecidos, maior difusão de informações e disponibilidade de
nutrientes (GONÇALVES; SOUZA, 1997).
Então, para avaliar a evolução da tendência dos padrões dietéticos no Brasil são
usados os dados sobre a disponibilidade de alimentos. Observou-se então que
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produtos como o arroz, o feijão e o trigo tiveram uma produção estagnada, enquanto a
soja teve aumento expressivo (MONDINI; MONTEIRO, 1994). A Pesquisa de
Orçamento Familiar (POF) avalia as despesas com alimentação no domicílio e fora
dele, formas de obtenção dos produtos e a qualidade e quantidade desses associada a
estrutura orçamentária da população brasileira. Dentre as mudanças apontadas por
este estudo, observa-se o aumento da compra de alimentos processados, que subiram
de 1,7 quilos para 5,4 quilos por pessoa e de água mineral, que de 0,3 quilos passou
para 18,5 quilos per capita (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍTICA,
2004).
Contudo, é preciso lembrar que tanto a formação quanto a transformação do
padrão alimentar são diretamente influenciadas pelas crenças, culturas e religiões
(PINHEIRO; ABREU et al., 2001).
4.2. Transição nutricional e seus principais fatores desencadeadores
4.2.1. Definição
A transição nutricional pode ser considerada como a modificação dos padrões
alimentares, que sofre influência dos agentes sociais, econômicos e demográficos,
resultando na alteração dos fatores nutricionais, de saúde e de hábitos de vida
(OLIVEIRA, 1997; MONTEIRO; MONDINI, 2000; GARCIA, 2003). Podendo também
ocasionar na redução das deficiências nutricionais e na formação de um novo quadro
de prevalência de sobrepeso e obesidade (BATISTA FILHO; RISSIN, 2003).
4.2.2. Retrospectiva histórica
Entre três milhões a dez mil anos atrás, a subsistência humana era baseada na
caça e na coleta. A dieta era variada, baixa em gordura e rica em fibras. O início das
sociedades agrícolas deu-se por volta de dez mil anos atrás, onde o homem passou a
estabelecer-se em um determinado local, tendo uma dieta mais simples, baseada no
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que se plantava, e de constante transformação, de acordo com a região e a época do
ano (POPKIN, 1998).
Em torno de 12 mil anos após esse período, ocorreu a Revolução Industrial e a
segunda revolução agrícola, fase histórico social que foi marcada pelo aumento do
consumo de gorduras, carboidratos refinados e baixo consumo de fibras, hábitos
postergados até os dias atuais (POPKIN, 1998).
A transição dos costumes alimentares e a redução da atividade física refletiu na
mudança do estilo de vida que gerou principalmente uma alteração na composição
corporal, além da piora na qualidade de vida e de saúde populacional. Essas
transformações marcaram as transições demográficas e socioeconômicas (POPKIN,
1998).
Em contrapartida, as alterações trazidas pelo avanço tecnológico fizeram com que
os indivíduos passassem a ter mais informações, desencadeando em melhoras
significativas das ações sociais, principalmente nos últimos 25 anos. Atualmente, cerca
de 90% das mulheres grávidas são atendidas no período pré-natal, evitando o
surgimento de doenças na mãe e no bebê. Outro aspecto foi a vacinação, que no caso
de doenças de elevada prevalência foi praticamente universalizada. Observa-se que
para que se possa compreender a situação nutricional do país e suas mudanças é
necessário resgatar os aspectos que sofreram transição após o processo de grande
industrialização nacional (BATISTA FILHO; RISSIN, 2003).
A história da alimentação nacional é influenciada pela Revolução Industrial em
diversos pontos, mas tem-se como mais relevante a expansão das indústrias
alimentares (FLANDRIN; MONTANARI, 1996). Com a evolução técnico-científica
iniciou-se uma nova forma de alimentação, que é dotada de aspectos negativos e
positivos (ABREU et al, 2001; GARCIA, 2003).
4.2.3. Pesquisas nacionais
No Brasil, pode-se analisar este processo através das pesquisas realizadas pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a POF e o Estudo Nacional de
Despesa Familiar (ENDEF) que sinalizam tais transições, certificam-se de que houve a
diminuição do consumo dos carboidratos complexos, a estagnação ou a redução de
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consumo de legumes, verduras e frutas, a redução no consumo de açúcar refinado, e o
aumento da ingestão de alimentos processados e refrigerantes. Fatos evidenciados
pincipalmente nas regiões metropolitanas do sudeste e nordeste, destacando um
decréscimo do consumo do feijão e arroz em todo país (Quadro 3) (MONTEIRO;
MONDINI, 2000; INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍTICA, 2004).
Verificou-se também a substituição da banha e manteiga por margarina e outros óleos,
e aumento do consumo de gorduras, leite e derivados (BLEIL, 1998).
Tabela 3. Quantidade anual per capita de alimentos adquiridos para consumo no
domicílio por meio de despesas monetárias, na ENDEF e na POF, segundo os
produtores selecionados - Brasil -1974/2003.
Produtos selecionados
Quantidade anual per capita de alimentos adquiridos
para consumo em domicílio (kg)
ENDEF 1974-1975
POF 1987-1988
POF 1995-1996
POF 2002-2003
Arroz polido 31,571 29,725 26,483 17,110
Feijão 14,698 12,134 10,189 9,220
Batata inglesa 13,415 13,114 9,218 5,468
Abóbora comum 1,626 1,184 1,205 4,173
Fubá de milho 1,554 2,146 1,740 1,339
Farinha de trigo 1,833 4,085 3,102 2,625
Farinha de mandioca 5,207 4,679 3,765 3,313
Macarrão 5,205 4,274 4,084 4,251
Açúcar refinado 15,790 15,912 13,204 8,269
Açúcar cristal 5,641 6,525 6,865 4,701
Carne bovina 16,161 18,509 20,800 14,574
Frango 24,249 22,837 22,679 14,190
Leite de vaca pasteurizado 40,015 62,435 51,360 38,035
Iogurte 0,363 1,140 0,732 2,910
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Produtos selecionados
Quantidade anual per capita de alimentos adquiridos
para consumo em domicílio (kg)
ENDEF 1974-1975
POF 1987-1988
POF 1995-1996
POF 2002-2003
Pão francês
22,295
20,163
18,399
17,816
Refrigerante de guaraná 1,297 2,674 4,280 7,656
Água mineral 0,320 0,959 0,596 18,541
Café moído 4,152 2,559 2,330 2,266
Alimentos preparados
1,706
1,376
2,718
5,398
Óleo de soja 5,187 8,762 6,940 5,854
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2004.
4.2.4 Efeitos da transição nutricional na composição corporal na população
brasileira
O perfil nutricional da população brasileira é analisado por pesquisas como o
ENDEF, realizado em 1974-1975, que apresentou uma redução na prevalência de baixo
peso em ambos os sexos, em diferentes fases da vida e em todas as regiões do país.
Constatou-se que 7,2% dos homens e 10,2% das mulheres apresentavam déficits
ponderais (déficit de peso, altura ou ambos). Já na Pesquisa de Orçamentos Familiares
(POF) de 2002-2003 verificou-se uma prevalência de baixo peso de 2,8% e 5,4% entre
homens e mulheres, respectivamente. Segundo a Organização Mundial de Saúde
(OMS), dados de até 5% são considerados aceitáveis para países em desenvolvimento,
sendo assim, o déficit ponderal em adultos não é mais considerado um problema de
saúde pública no Brasil (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2004).
Entre adolescentes, destaca-se a redução intensa e contínua do déficit de
estatura nas últimas décadas. Os dados do ENDEF e da última POF apresentam um
declínio da prevalência de déficit de altura de 33,5% para 10,8% entre os meninos, e de
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26,3% para 7,9% entre as meninas. No caso das crianças menores de cinco anos,
segundo o ENDEF de 1974-1975 o déficit de peso por idade era de 16,6% e foi
reduzido nacionalmente para 4,6%, de acordo com os dados da POF de 2002-2003.Nas
regiões Norte (área urbana) e Nordeste, a prevalência de déficit de peso era de cerca
de 21,7% a 24,9% no ENDEF, e foi reduzida de forma contínua ao longo dos inquéritos,
alcançando 6,7% e 5,4% nos anos decorrentes da pesquisa (INSTITUTO BRASILEIRO
DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2004).
Ao mesmo tempo em que declina a ocorrência da desnutrição em crianças e
adultos de forma acelerada, aumenta a prevalência de sobrepeso e obesidade na
população brasileira. Estabelecendo-se, dessa forma, um antagonismo no quadro
epidemiológico do país, passando da desnutrição à obesidade, definindo uma das
características marcantes do processo de transição nutricional. De acordo com estudos
efetuados nas últimas três décadas, a obesidade já pode ser caracterizada como um
comportamento epidêmico (BATISTA FILHO; RISSIN, 2003).
Através de um estudo comparativo entre as regiões Nordeste e Sudeste do
Brasil, observou-se que entre 1975 e 1996 os casos de obesidade triplicaram entre
homens e mulheres ao norte do país e apenas entre os homens na região sudeste,
tendo como dado discrepante o fato da estagnação no crescimento da obesidade entre
as mulheres do Sudeste (Figura 1) (BATISTA FILHO; RISSIN, 2003).
Figura 1. Evolução temporal da prevalência de obesidade (IMC ≥ 30kg/m²) no Nordeste
e Sudeste do Brasil (1975, 1988 e 1996).
Fonte: BATISTA FILHO; RISSIN, 2003.
- 23 -
A diferenciação entre as áreas do Brasil expressa apenas as distinções sociais na
distribuição da obesidade. Em princípio, existiria maior prevalência de sobrepeso/
obesidade nas regiões mais ricas, porém, outra tendência está sendo observada, ou
seja, o aumento da ocorrência da obesidade nos estratos de renda mais baixa no
período de 1989/1996, e a redução deste quadro em mulheres adultas de renda mais
elevada (MONTEIRO, 2001).
4.2.5 Fatores sociais
A alimentação é uma necessidade fisiológica básica, que pode ser influenciada
por diversos aspectos, sendo eles: a cultura, o nível social, as crenças, a religião, a
filosofia de vida e a região geográfica (FRANÇA; MENDES et al., 2012). Comer não
representa apenas o ato de nutrir o organismo, significa inicialmente um hábito que traz
convívio, faz expressar as diferenças e as necessidades. Os padrões alimentares
podem ser divididos por grupos, representando uma identidade coletiva, ou serem
determinantes para caracterizar um ser como individual (FISCHLER, 1988).
A primeira influência do meio no comportamento alimentar do ser humano é
durante a gestação, ou seja, o lactente tende a escolher alimentos que foram
consumidos pela mãe durante a gestação e lactação (GALEF; HANDERSON, 1972;
GALEF, 1982; SULLIVAN; BIRCH, 1994). Com o passar dos anos, o bebê tem o
estímulo da cultura na qual está inserido para experimentar alimentos que lhes são
comuns, iniciando assim a socialização alimentar (FISCHLER, 1988).
Porém, é a partir dos dois anos de idade que cada criança vai desenvolver seu
padrão de aceitação ou rejeição de alimentos, sendo influenciado principalmente pela
publicidade de itens alimentares não saudáveis (BIRCH, 1999).
Na fase jovem, o indivíduo precisa ingerir maior variedade de alimentos,
ofertando assim quantidades suficientes de macro e micronutrientes para o seu
desenvolvimento, do mesmo modo que passa a inserir-se a um grupo social, fazendo
com que adquira os mesmos hábitos e costumes do meio. Deste modo, percebe-se que
esse grupo tem preferência alimentar por massas, doces, gorduras e refrigerantes,
- 24 -
tendo um consumo inadequado de frutas e vegetais (NEUMARK-SZTAINER et al.
1996).
Outro fator que pode justificar a transição da qualidade da alimentação é a
inserção da mulher no mercado de trabalho, onde a tradicionalidade foi perdida, visto
que a figura da “dona do lar” que produzia todas as refeições passa a não ter mais
tempo, fazendo com que a família adquira como hábito consumir alimentos
processados e fast-foods (BATISTA; RISSIN, 2003; KAC; VELÁSQUEZ-MELÉNDEZ,
2003; MENDONÇA; ANJOS, 2004).
Observa-se também que, a escolha por determinado alimento está relacionada
às crenças pregadas por uma sociedade, as quais nem sempre estão de acordo com a
ciência ou a razão. Além disso, as lembranças que os alimentos trazem envolvem o que
não é quantificável, ou seja, utiliza-se certos alimentos como forma de alcançar uma
época distante, da qual se tem saudades (BLEIL, 1998).
4.2.6 Fatores demográficos e epidemiológicos
Dois processos históricos são considerados os principais desencadeadores da
transição nutricional. A transição demográfica é considerada o primeiro deles, onde
havia um padrão de alta fertilidade e mortalidade que ao longo dos anos acabou se
modificando, tendência dos países que passaram pelo processo de industrialização. O
segundo fator é a transição epidemiológica, que passou de um padrão de doenças
infecciosas e desnutrição, para um quadro de prevalência de doenças crônicas e
obesidade (DREWNOWSKI; POPKIN, 1997).
A transição nutricional também ocasionou na nova equação demográfica (baixa
fecundidade e aumento da expectativa de vida) devido ao fato de que o homem passou
a perceber que necessitaria modificar os hábitos alimentares ruins que vinham sendo
adquiridos pelo modelo de vida atual. Deste modo, alguns indivíduos dieta passou a
incluir grãos integrais e maior quantidade de frutas e vegetais, influenciando na redução
do surgimento de doenças e logo, no aumento a população idosa, que apresenta
atualmente expectativa de vida de 78,8 anos para mulheres e de 71,6 anos para os
homens. Porém, apesar da boa influência dos novos hábitos, a maior parte da
- 25 -
população ainda precisa conscientizar-se da importância de uma alimentação saudável
e da prática regular de atividade física, fatores que são constantes da minoria social
(MARATOYA, et al., 2013; INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA, 2015).
Segundo Popkin (2006), a transição nutricional passou por diversos estágios de
acordo com o desenvolvimento histórico. Logo, pode-se caracterizar estas etapas
relacionando-as com as doenças relacionadas aos hábitos alimentares de cada fase.
Sendo assim, tem-se a primeira fase, da sociedade dos caçadores-coletores marcada
pela deficiência nutricional e doenças infecciosas, mesmo com o costume alimentar
saudável e variedade na dieta. Na segunda fase o consumo de alimentos sofreu
influência das monoculturas, fazendo com que houvesse a diminuição da diversificação
alimentar e a manutenção do quadro epidemiológico anterior, porém em maior escala,
ou seja, com epidemias. O terceiro estágio representa uma mudança, uma vez que há o
incremento de carnes magras, frutas e vegetais diversos na dieta, reduzindo o quadro
de doenças. Com o início da urbanização e industrialização, a quarta fase é marcada
pelo aumento do consumo de alimentos processados, gorduras e açúcares, levando ao
problema da obesidade e doenças crônicas. Com a conscientização do grave estado da
etapa anterior, a quinta fase configura um padrão alimentar incluindo grãos integrais,
frutas e vegetais, com aumento da atividade física objetivando a redução do surgimento
de doenças.
A renda também é um fator determinante na escolha de alimentos da sociedade
atual e que no Brasil pode ser relacionado a distribuição demográfica, onde as regiões
Norte e Nordeste são muito mais pobres que as regiões do Centro-Oeste, Sudeste e
Sul do país. Na década de 50, a classe com menos renda era basicamente rural e
alimentava-se do que plantava. Atualmente, além da maior parte da sociedade ser
urbana, o meio rural sofreu grande processo de industrialização (FILHO; RISSIN, 2003;
POPKIN, 2006). Nem sempre o maior poder aquisitivo estará relacionado com melhores
escolhas na dieta, as famílias brasileiras com média salarial de R$ 830,00 escolhem
primordialmente cerais e leguminosas, enquanto os de renda mais elevada gastam com
outros tipos de alimentos e tem maior acesso aos fast-foods, bebidas, chás e doces,
- 26 -
mesmo não deixando de consumir alimentos in natura (Quadro 4) (MARATOYA, et al.,
2013).
Tabela 4. Aquisição alimentar domiciliar per capita anual por classes de rendimento
total.
Produto Até
R$830,00
Mais de R$830,00
até R$1245,00
Mais de R$1245,00
até R$2490,00
Mais de R$2490,0
0 até R$4150,0
0
Mais de R$4150,00 até
R$6225,00
Mais de R$6225,
00
Açúcar/doce e produtos de confeitaria
19,311 20,508 21,084 19,014 21,172 23,4
Alimentos preparados de confeitaria
1,362 1,799 2,905 4,873 6,543 8,359
Aves e ovos 13,957 15,891 16,802 16,852 17,341 18,244
Bebidas e infusões 21,635 34,139 46,512 67,109 76,921 107,73
Carnes 17,903 22,229 25,525 30,325 33,699 31,894
Cereais e leguminosas
40,922 41,669 41,192 36,272 35,585 30,042
Farinhas, féculas e massas
21,12 19,365 18,171 15,701 14,851 15,747
Frutas 14,252 20,408 27,191 35,797 41,134 59,297
Hortaliças 15,413 22,623 27,059 32,644 35,147 44,282
Laticínios 25,133 35,984 43,800 57,770 60,839 66,288
Panificados 15,27 19,218 21,397 24,690 26,021 30,364
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2010.
Além disso, destaca-se a desigualdade na disponibilidade de alimentos entre os
países, fator relacionado a condição econômica e não condição climática ou
disponibilidade de mão de obra. Sendo assim, em países subdesenvolvidos há um
- 27 -
consumo limitado de alimentos, influenciado também pela precariedade de transporte e
a falta de educação nutricional (PEKKANIVEW, 1975).
Em relação aos aspectos populacionais, tem-se a mudança ocorrida no
desempenho reprodutivo, onde as mulheres tinham um padrão de 6 á 8 filhos, e
passaram a ter, em média, 2,3 filhos. Outro fator observado foi a redução da
mortalidade infantil, que declinou de patamares de 300 óbitos por mil nascidos vivos,
para níveis nacionais médios de 30 mortes por mil nascimentos (INSTITUTO
BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2015).
4.3 A formação dos novos padrões alimentares
A partir de 1850 as mudanças no padrão da alimentação Ocidental foram
impulsionadas por três fatores que tiveram grande crescimento no período, sendo eles:
urbanização, tecnologia e comércio. Porém, não se pode esquecer que a alimentação
faz parte da cultura, percebe-se assim que a sociedade passou por uma revolução
cultural, principalmente nas últimas décadas do século XX (BLEIL, 1998).
A urbanização foi o fator que contribuiu para que a população passasse a comer
além do necessário, ou seja, a sabedoria alimentar, que era característica das
sociedades tradicionais, não tem conseguido acompanhar o desenvolvimento (BLEIL,
1998). Também se observa um consumo excessivo de produtos artificiais, fato
influenciado pelas indústrias alimentícias, que fazem com que os produtos regionais e
culturalmente tradicionais sejam menos consumidos (MONDINI, 1994; BLEIL, 1998;
SOUZA, 2002). Com a globalização, houve a internacionalização das culturas, ou seja,
as indústrias de alimentos passaram a comercializar alimentos variados para quase
todas as partes do mundo, tal como o café, o chá, as cervejas e as conservas (NÚÑEZ
GONZÁLEZ, 1999).
A tecnologia é multifatorial no processo de formação de novos hábitos
alimentares. Atualmente os produtos industrializados, principalmente os alimentícios,
são produzidos em larga escala, com o objetivo de tornarem-se alvo do consumo em
massa, principalmente através das tecnologias de produção de sentido, ou seja,
métodos e técnicas que visam a criação de mensagens e imagens que circulem nos
- 28 -
meios de comunicação. Essas tecnologias são divididas em três meios de atuação,
sendo elas: "tecnologia da imagem", "tecnologia da forma", e "tecnologia de ambiente",
conhecidas popularmente como: publicidade, embalagem e o espaço de venda
(LIFSCHITZ, 1995).
As tecnologias de produção são baseadas no marketing, que objetivam atender a
demanda das indústrias. Atualmente, a construção simbólica dos produtos alimentícios
é de suma importância, devido a dois fatores principais: a consolidação do produto no
mercado e fidelização dos consumidores à empresa ou mercadoria (LIFSCHITZ, 1995).
As necessidades da população podem depender da produção ou surgirem antes dela,
ou seja, através da publicidade ou do marketing. A propaganda e a ideologia de
consumo ganharam importância, influindo na formação de novos hábitos alimentares e
nas escolhas de consumo (ALMEIDA et al, 2002; SANTOS, 2007). Segundo Santos,
Struchi et al. (2012), a maioria dos produtos alimentícios mencionados nas
propagandas são ricos em gorduras e açúcares, não havendo propagandas abordando
frutas e vegetais.
Certifica-se que as tecnologias de imagem são utilizadas para criar conotações
em torno de um produto ou marca, sendo possível obter diversos sentidos em uma
mesma embalagem, porém com o intuito de fazer com que o mesmo seja reconhecido e
identificado pelo consumidor mantendo sua essência, além de neutralizá-lo,
desconsiderando os aspectos culturais. Já as tecnologias de forma são as
características ópticas da embalagem responsáveis pela diferenciação e venda do
produto, que hoje em dia não dependem mais do vendedor, mas sim do seu destaque
entre as demais nos supermercados, sendo assim um fator primordial na
competitividade entre os produtos. E a tecnologia de ambiente classifica os espaços de
compra, ou seja, é o planejamento estratégico dos locais de venda de acordo com a
relação entre as classes dos produtos e suas margens de lucro, dando maior ênfase
aos de maior rendimento (LIFSCHITZ, 1995).
Por outro lado, a tecnologia possui outras aplicações no setor de alimentos,
visando o incremento de substâncias aos produtos in natura. Para regulamentar tais
ações foi criado o Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL), que destacou as
inovações na área de ingredientes e aditivos como os aromas, corantes, amidos
- 29 -
modificados, enzimas e moléculas, que formam os alimentos transgênicos, os pré-
prontos e os mais atuais, chamados de alimentos funcionais. Os aditivos são definidos
como "substâncias intencionalmente adicionadas aos alimentos com o objetivo de
conservar, intensificar ou modificar suas propriedades, desde que não prejudiquem seu
valor nutritivo", sendo assim tornaram-se parte da vida moderna, principalmente pelo
fato de manterem a qualidade e aumentarem o “tempo de prateleira” dos alimentos
vendidos em supermercados. Porém, o uso indiscriminado desses produtos está
associado ao surgimento de doenças como câncer, alergias e outras enfermidades
(GOUVEIA, 2006).
Com a transição dos hábitos de vida, o comércio necessitou criar novas formas
de venda que atendessem a sociedade moderna. Logo, a marca da comida
denominada “rápida”, como os fast-foods e os self-services espalharam-se pelo mundo,
tornando-se elemento primordial da vida atual. Para atender as classes sociais menos
favorecidas, o “comércio de rua” também se adequou ao quadro falta de tempo dos
indivíduos, trazendo os hot-dogs e hambúrgueres, ricos em conservantes e gorduras,
mas que são formas rápidas e práticas de “matar a fome” (ORTIGOZA, 2006).
Outra questão pouco discutida é o rompimento dos costumes que
acompanhavam o ato alimentar. A vida nos grandes centros fez com que os indivíduos
parassem de se importar com que tipo de comida se come, com que utensílio se come
e como se come. Logo, talvez esta seja uma das razões pelas quais procura-se um
contentamento onde não a se pode encontrar, ou seja, na quantidade de comida
ingerida (BLEIL, 1998).
A escolha dos alimentos evolve diversos fatores, por englobar os padrões
culturais, trazer convivência e conter traços específicos como o gosto. Para que seja
possível criar uma alimentação saudável necessita-se respeitar as significações
culturais do alimento, levando em consideração o modo de vida, a regionalidade e o
prazer que o alimento traz (ORTIGOZA, 2006).
Porém, a cultura alimentar também sofre influência de outros canais, onde
atualmente os mais significativos são os supermercados. Nestes há a possibilidade de
adquirir grande variedade de alimentos, fazendo com que o consumidor se deslumbre
principalmente com as novidades das indústrias alimentícias e com os preços atrativos
- 30 -
(devido à competição entre as empresas), não dando importância aos aspectos
relacionados ao valor nutricional do alimento e nem aos hábitos tradicionais e culturais
de cada país ou região (OLIVEIRA, 1997; ALMEIDA et al, 2002; GARCIA, 2003).
Deste modo, percebe-se que a transformação dos hábitos alimentares sofre
influência de diversos fatores, como o tempo, a inserção da mulher no mercado de
trabalho, as condições econômicas, demográficas e sociais, fazendo com que haja o
aumento no consumo de gorduras saturadas, açúcares, refrigerantes e produtos
industrializados. Tendo como consequência desses fatos a prevalência de sobrepeso e
obesidade e, consequentemente, de suas comorbidades, principalmente diabetes,
hipertensão arterial, doenças cardiovasculares e cânceres (ESCODA, 2002; BATISTA
FILHO; RISSIN, 2003; KAC; VELÁSQUEZ-MELÉNDEZ, 2003; SARTORELLI; FRANCO,
2003; ORTIGOZA, 2006).
4.4 Medidas para promover a melhoria dos hábitos alimentares
Atualmente, as doenças que prevalecem entre os brasileiros deixaram de ser
agudas e passaram a ser crônicas. Ao mesmo tempo em que houve a redução no
quadro de desnutrição e carência de micronutrientes, os casos de sobrepeso e
obesidade aumentaram expressivamente, acometendo um a cada dois adultos e uma a
cada três crianças, observando-se que as comorbidades associadas a esses casos são
as maiores causas de morte em adultos no Brasil (BRASIL, 2014).
A obesidade é caracterizada como o acúmulo excessivo de gordura corporal,
sendo uma doença multifatorial, que sofre influência dos aspectos genéticos e
ambientais, acarretando, na maioria dos casos, no surgimento de doenças respiratórias,
dermatológicas e locomotoras, além das enfermidades como dislipidemias, doenças
cardiovasculares e diabetes tipo 2 (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 1998;
PINHEIRO, et al., 2004).
Para promover a melhoria deste quadro, o Sistema Único de Saúde (SUS),
através do compromisso previsto na Política Nacional de Alimentação e Nutrição,
fundamenta-se em ações multidisciplinares que objetivem a criação de um ambiente
favorável para inserção de hábitos saudáveis e alimentação adequada para todos os
indivíduos (BRASIL, 2014).
- 31 -
A Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) (2012), tem como uma de
suas diretrizes a Promoção da Alimentação Adequada e Saudável (PAAS) que tem o
objetivo de melhorar a qualidade de vida da população, com ações coletivas, em
diversos âmbitos da sociedade (físico, político, social, cultural e econômico), de forma
que possa contribuir para a redução do sobrepeso e obesidade. Para alcançar essa
meta utiliza-se da educação alimentar e nutricional, com melhoria e fiscalização das
formas de venda dos alimentos, desde a propaganda e rotulagem, até as “comidas de
rua”.
4.4.1 Recomendações alimentares para a população brasileira
Como forma de ratificar as medidas previstas na PNAN, o Guia Alimentar (2014)
indica quais devem ser os alimentos priorizados ou menos consumidos nas refeições
diárias, visando compor uma alimentação balanceada, adequada a cultura e saborosa.
Primeiramente indica-se como base da alimentação os alimentos in natura, ou seja,
aqueles que são obtidos diretamente da natureza sem que tenham sofrido nenhum tipo
de processamento, como as frutas, legumes, verduras, tubérculos e ovos. Os alimentos
minimamente processados também entram nessa classificação, visto que, hoje em dia,
alimentos base da alimentação brasileira, como arroz e feijão sofrem processo de
secagem e embalagem, não sendo mais classificados como in natura.
O grupo das proteínas (carne, peixe e frango) possui a recomendação de ser
consumido todos os dias, variando entre as fontes, porém em menores quantidades do
que os legumes e verduras, devido ao fato de que possuem maiores quantidades de
gorduras saturadas e tem maior valor calórico, além de contribuírem como menos fibras
na dieta, o que desfavorece a melhoria do quadro de sobrepeso e obesidade (GUIA
ALIMENTAR, 2014).
Os óleos, gorduras, sal e açúcar são ingredientes que fazem parte da culinária
brasileira. Sendo assim, esses podem ser utilizados de forma moderada contanto que
estejam associados aos alimentos in natura ou minimamente processados para agregar
qualidade nutricional. Esses alimentos, quando usados de maneira indiscriminada
contribuem para o aumento de peso, obesidade e surgimento de doenças
cardiovasculares (GUIA ALIMENTAR, 2014).
- 32 -
Os alimentos processados são aqueles in natura que sofrem adição de um
componente (sal, açúcar, óleos, vinagre) ou que passaram por algum método ou
técnica de conservação (cura, defumação, salga, cozimento, secagem, fermentação)
com objetivo de aumentar a duração e torná-los mais agradáveis ao paladar. Estas
alterações podem promover alterações no valor nutricional e calórico. Logo, esse grupo
deve ser consumido em poucas quantidades, de preferência associados à alimentos in
natura e não substituírem refeições, para que se possa prevenir o surgimento de
doenças do coração, diabetes, hipertensão, sobrepeso e obesidade (GUIA
ALIMENTAR, 2014).
Alimentos ultraprocessados dificilmente contêm alimentos in natura na sua
composição. Esses são fabricados industrialmente, com adição de sal, açúcar, óleos e
gorduras, além de ingredientes que apenas as fabricas possuem, como a gordura
vegetal hidrogenada, xarope de frutose, isolados proteicos, realçadores de sabor, entre
outros. Além disso, o consumo desses alimentos causa impactos por suas formas de
produção, distribuição e consumo, afetando o meio ambiente e a saúde da população.
Com as mudanças nos hábitos de vida, os alimentos ultraprocessados tornaram-se
mais comuns na alimentação brasileira, porém deve-se equilibrar as quantidades, tendo
em vista que o consumo de alimentos in natura, minimente processados e culturalmente
adequados devem ser priorizados, objetivando melhor qualidade nutricional e
prevenindo o surgimento de doenças que podem ser causadas pelo consumo excessivo
destes, como o câncer (GUIA ALIMENTAR, 2014).
4.4.2 Quadro atual e medidas preventivas
O Brasil sofreu diversas alterações relacionadas à urbanização, modernização e
processos de industrialização que repercutiram nos hábitos de vida. Com isso, a
obesidade vem crescendo em todos os grupos étnicos-sociais e em todas as faixas
etárias. Destaca-se o público infanto-juvenil, que sofreu grande influência das
transformações alimentares refletindo no grande crescimento dos quadros de
sobrepeso e obesidade. Como medida de prevenção, ações de reeducação alimentar,
incentivo à prática de atividade física e iniciativas de promoção da saúde podem ser
implementadas nas escolas (SCHMITZ et al., 2008).
- 33 -
De acordo com o artigo 1º do decreto número 3.606 (2015), estabelece-se a
prevenção da obesidade infantil através da promoção da alimentação adequada nas
escolas de educação básica das redes públicas e privadas do País. No artigo segundo,
tem-se a inclusão da educação nutricional e alimentar no currículo escolar. O Ministério
da Saúde (2007) criou a Regulamentação da Comercialização de Alimentos em Escolas
do Brasil, que de acordo com cada Estado determina os alimentos proibidos e
permitidos de serem comercializados nas cantinas escolares. Porém, devido à falta de
fiscalização regular, e a dificuldade da implementação de mudanças de hábitos
alimentares, poucas são as cantinas escolares que cumprem as normativas nacionais
(AMORIM et al., 2012).
Segundo a VIGITEL, a obesidade avança anualmente 1% em adultos, o que
pode agravar os casos de diabetes e hipertensão, doenças crônicas, que são as
maiores causas de morte em adultos no Brasil. As justificativas deste quadro são o
consumo alimentar inadequado e o sedentarismo, advindos dos hábitos de vida atual
(BRASIL, 2012).
Observa-se que o excesso de peso e obesidade estão crescendo rapidamente
entre todas as idades e classes econômicas. Deste modo, o governo necessitou
implementar ações para controlar esse avanço, visto que, em cerca de vinte anos, de
acordo com os estudos populacionais, 70% dos brasileiros poriam estar com excesso
de peso (BRASIL, 2012).
Neste contexto, o Governo Federal associou-se em 2004 à inciativa da
Organização Mundial de Saúde (OMS), denominada “Estratégia Global de Alimentação,
Atividade Física e Saúde” (EG) que tem como objetivo promover e proteger a saúde,
reduzindo as taxas de doenças e mortes relacionadas a alimentação e a inatividade
física. Esta enfatiza a importância de não apenas informar, mas também de tornar o
ambiente social favorável para prática de atividade física e alimentação adequada
(BRASIL, 2005).
Deste modo, a EG recomenda prática mínima de 30 minutos de atividade física
moderada na maior parte da semana e como indicação nutricional tem-se: buscar o
balanço energético e o peso saudável, limitar o consumo de gorduras saturadas e tentar
eliminar o de gorduras trans, aumentar o consumo de frutas, legumes, cerais integrais e
- 34 -
sementes, limitar a ingestão de açúcar livre e de sal e atentar-se para as propagandas
de alimentos, principalmente as direcionadas ao público infantil (BRASIL, 2005).
Entre essas recomendações, tem-se priorizado o incentivo ao aumento do
consumo de frutas, legumes e verduras em âmbito internacional e nacional. Isto porque
esse grupo de alimentos contribui para redução do consumo de gorduras e açúcares,
fornece vitaminas, minerais e fibras, ajudando no controle do sobrepeso e obesidade e
consequentemente reduzindo o risco do surgimento de doenças crônicas não
transmissíveis. Logo, foi criado o Programa “5 ao dia” (figura 2) para incentivar o
aumento da ingestão deste grupo nas refeições diárias (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA
SAÚDE, 2003; BRASIL, 2005).
Figura 2: Símbolo do Programa “5 ao dia”
Fonte: ADAPTADA; BRASIL, 2005.
Além disso, o Ministério da Saúde lançou no Guia Alimentar para a População
Brasileira (2014), os dez passos para se obter uma alimentação adequada e saudável,
sendo eles:
1. Fazer dos alimentos in natura a base da alimentação;
2. Utilizar óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades;
3. Limitar o consumo de produtos alimentícios processados;
4. Evitar o consumo de alimentos ultraprocessados;
5. Comer com atenção ao alimento, em local apropriado e preferencialmente
com companhia;
- 35 -
6. Fazer compras em locais que ofereçam maior quantidade de alimentos in
natura ou minimente processados;
7. Exercitar práticas culinárias saudáveis;
8. Planejar as refeições da semana;
9. Quando comer fora de casa, escolher preferencialmente restaurantes que
façam a comida na hora;
10. Avaliar criticamente as propagandas relacionas aos alimentos.
Percebe-se assim que há maior atenção ao desenvolvimento de guias e políticas
brasileiras que incentivem a alimentação saudável e a prática de atividade física, devido
ao fato de que a população se mostra mais interessada pelo assunto, sendo assim uma
forma facilitadora de prevenir o ganho de peso e o surgimento de doenças que
sequenciam este fato, como o diabetes, a hipertensão, as doenças cardiovasculares e o
câncer. Deste modo precisa-se estabelecer metas realísticas em relação ao consumo
de alimentos saudáveis e atividade física, considerando os hábitos regionais e culturais,
dando menos ênfase as proibições (SICHIERI et al., 2000).
- 36 -
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os alimentos industrializados estão presentes na vida atual dos indivíduos,
independente da faixa etária ou da classe social. Sendo assim, o consumo destes
influencia na modificação do padrão alimentar, onde os hábitos culturais, religiosos e
socioeconômicos estão passando pela transição nutricional. As alterações dos hábitos
alimentares dos brasileiros influenciaram na mudança do perfil epidemiológico, marcado
pela diminuição da desnutrição e aumento de sobrepeso e obesidade.
Observou-se que os alimentos minimamente processados, processados ou
ultraprocessados estão sendo consumidos cada vez mais, devido ao aumento da oferta,
redução de preço, facilidade de preparo e consumo, fatores que correspondem a
demanda do padrão de vida atual. Logo, torna-se necessário que a educação
nutricional esteja presente nas escolas, locais públicos e meios de comunicação para
que se possa mostrar aos indivíduos que os alimentos podem ser utilizados de maneira
equilibrada. Visto que, o consumo demasiado de alimentos processados, que contém
grandes quantidades de sal, açúcar, conservantes e gorduras, afetam a saúde, e
contribuem para o aumento de peso, obesidade e o surgimento de doenças como o
diabetes tipo 2, hipertensão, doenças cardiovasculares e até mesmo o câncer.
Diante deste quadro, onde a tecnologia, urbanização e industrialização crescem
cada dia mais, e os alimentos industrializados não deixarão de fazer parte dos hábitos
alimentares, o Governo Brasileiro desenvolveu ações, como o Guia alimentar, para
conscientizar a população sobre a importância de se manter uma alimentação saudável,
destacando quais grupos de alimentos preferir ou evitar, além de enfatizar a
necessidade de programar as refeições, para que não haja necessidade de consumir
alimentos pré-prontos. Outra ação, a Estratégia Global de Alimentação, Atividade Física
e Saúde destaca ainda a importância do aumento do consumo de frutas, verduras e
legumes, que previnem o surgimento das doenças crônicas não transmissíveis citadas
anteriormente e ainda incentivam à prática de atividade física, fator que promove saúde
e bem-estar.
- 37 -
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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de produtos alimentícios anunciados na televisão brasileira. Rev. Saúde Pública, Rio
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BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de
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Ministério da Saúde, 2014.
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BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de
Atenção Básica. Política Nacional de Alimentação e Nutrição. 1ª ed., Brasília:
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