Post on 11-Jun-2015
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CEFALÉIA NAS DOENÇAS AUTOIMUNES
José Evaldo Leandro Júnior
Introdução
Grupo de doenças inflamatórias heterogêneas que incluem: LES, vasculites sistêmicas e vasculites de SNC
Cefaléia é um dos principais sintomas associados a vasculite do SNC
Pode ser o primeira sintoma uma doença autoimune
Pacientes com doença autoimune tem maior incidência de cefaléias primárias
Fatores precipitantes
Uluduz D et al. Primary headaches in pediatric patients with chronic rheumatic disease. Brain Dev (2014), http://dx.doi.org/10.1016/j.braindev.2014.01.009
Mecanismos
Estruturas sensitivas: Vasos intracranianos Meninges Nervos cranianos: V, VII, IX, X
Meningite asséptica Hipertensão intracraniana Trombose do seio venoso Hemorragia intracraniana
Características
Não existem tipos específicos de cefaléia relacionada a doença autoimune
Algumas doenças autoimunes manifestam-se como cefaléia mais precocemente: angeíte primária do SNC (PANCS), arterite de Takayasu e a síndrome de Cogan
Vasculites do SNC
Divididas entre PANCS e vasculite secundária do SNC
Envolvimento do SNC pode ocorrer em qualquer vasculite do SNC, mas, principalmente, poliangeíte granulomatosa e na síndrome de Behçet
Pode ser classificada como 1) Vasculite primária do SNC 2) Vasculite secundária a vasculite
sistêmica idiopática 3) Vaculite secundária a vasculite sistêmica
autoimune
Vasculite do SNC
Pode se manifestar com quase qualquer manifestação neurológica a depender da área afetada por isquemia ou infarto
Principais sintomas: Cefaléia Déficit neurológico focal: AVC, crise epiléptica,
declínio cognitivo, encefalopatia, trasnstornos do movimento ou neuropatias cranianas
Sintomas constitucionais associados: febre, suor noturno, perda de peso, letargia, rash e artrite
O diagnóstico diferencial é extenso
PANCS – Angeíte primária do SNC 2,4/1.000.000 Homens de meia idade Cefaléia é o sintoma mais comum É insidiosa e crônica Pode ser severa desde o início ou piorar ao
longo do tempo LCR de meningite crônica Angiografia cerebral auxilía no diagnóstico Padrão ouro é biópsia cerebral
Vasculite de grandes vasos
Arterite de Takayasu Hiperplasia da parede arterial 0,8 – 2,4/1.000.000 Sexo feminino, <40 anos Hipertensão – estenose de arterias renais Angiografia digital – padrão ouro Manifestações neurológicas em 50% dos pacientes
Cefaléia em 1/2 dos pacientes, incomum em crianças Vertigem (74%), alterações visuais (59%) e cefaléia (55%) As cefaléia são intensas, dificeis de diferenciar da migrânea e
da tensional Isquemia cerebral, hipertensão (ou síndrome PRES pode ser
outro mecanismo de desenvolvimento da cefaléia, 11 casos na literatura)
Vasculite de grandes vasos
Arterite de células gigantes 95% > 50 anos 20/100.000 Afeta a aorta e seus ramos Caucasianos Classificação Internacional de cefaléias, 3ª edição
A Qualquer cefaléia nova preenchendo o critério C B Diagnóstico de ACG C Pelo menos dois:
1 Cefaléia iniciou junto com a ACG 2 Pelo menos um de:
a. a piora da cefaléia acompanha a piora da ACG b. cefaléia que melhora após 3 dias de corticóide
3 Cefaléia acompanhada a pelo menos: a. Tensão no crânio b. Claudicação da mandibula
4 Arteria edemaciada e tensa associada a alteração de PCR e VHS
Vasculite de vasos médios
Poliarterite nodosa Arterite necrotizante de pequenos e médios vasos Raramente afeta CNS Involvimento neurológico mais comum é como
mononeurite multipla 10% dos pacientes pode ter AVCi ou AVCh
Doença de Kawasaki Vasculite multissistêmica febril aguda de etiologia
desconhecida Cefaléia em apenas 2,4% dos pacientes Responsiva à imunoglobulina 5% dos casos pode apresentar meningite asséptica
associado a cefaléia
Vasculite de pequenos vasos Poliangeíte microscópica
Costuma se manifestar como mononeurite múltipla Poliangeíte granulomatosa
20-55% manifestam-se como mononeurite múltipla 4% apresentam vasculite cerebral
Hemorragia intracerebral ou subaracnóide Trombose venosa Paquimeningite – muito raramente A cefaléia nesses casos raros melhoram com corticóides
Granulomatose eosinofílica com poliangeíte (antes Churg-strauss) Manifesta-se mais comumente com mononeurite múltipla Manifestações de SNC se dá devido a isquemia cerebral –
extremamente raro Vasculite de pequenos vasos por imunocomplexos
Raramente apresenta manifestações neurológicas
Vasculite de vasos de tamanhos variados
Síndrome de Behçet Neuro-Behçet (5 – 30% dos casos)
Cefaléia Neuropatias cranianas Disfunção vestibular e coclear Trombose de seio venoso Meningite asséptica Meningoencefalite de tronco Crises epilpepticas
Cefaléia é o sintoma mais comum O tipo de cefaléia mais comum é o primário (migrânea ou tensional)
Síndrome de Cogan Doença rara Disfunção vestibulococlear (levando a deficit auditivo) e ceratite
(perda de visão) Cefaléia em 17-40% dos pacientes
Doenças sistêmicas
Lupus Envolvimento do SNC é mais comum que
periférico Dano neurológico pode ocorrer por lesão cerebral
direta ou por vasculite cerebral Colégio Americano de Reumatologia considera a
cefaléia, em especial, migrânea como do espectro do LES neuropsiquiátrico
Dois estudos não mostraram maior incidência de migrânea que nos pacientes controle
Cefaléia tensional é mais comum, mas pode estar ligado a ansiedade e depressão
Doenças sistêmicas
Artrite reumatóide Quase exclusivamente restrita ao SNP Vaculite reumatóide cerebral é relatada em 1-8% dos
pacientes A maioria dos casos resultou em morte,
principalmente, se ocorrer vasculite associada Cefaléia é o principal sintoma
Síndrome de Sjogren Poucos estudos avaliando a sintomatologia de cefaléia As alterações de SNC mais comuns são: AVCi,
trombose de seio venoso e hemorragia subaracnóide
Doenças sistêmicas
Sarcoidose Envolvimento do SNC em 5-15% dos casos Pode afetar qualquer parte do SNC Cefaléia é uma queixa comum Envolvimento das menínges, meningite
asséptica ou hipertensão intracraniana
Reversible cerebral vasconstriction syndrome
Cefaléia aguda, associada ou não a déficits neurológicos
Mulheres joves entre 20 e 50 anos Estreitamento multifocal difuso das artérias Em 60% dos casos tem fatores
precipitantes Cefaléia em trovoada está presente na
maioria dos casos É seguida por uma cefaléia moderada Intensa, bilateral, difusa, associada a náusea, vômitos, fonofobia e
fotofobia Pode incluir AVCi, hemorragia subaracnóide não aneurismática, PRES O diagnóstico requer a reversão do estreitamento e pode levar até
12 semanas ou mais LCR é normal Tratamento com bloqueadores do canal de cálcio, corticóides e
sulfato de magnésio
Síndrome de Susac
Endoteliopatia autoimune afetando as arteriolas pré-capilares do cérebro, retina e ouvido interno
Oclusão microangiopática arteriolar leva a tríade: Encefalopatia Oclusão de ramo da artéria retiniana Perda auditiva
Mulheres jovens entre 20 e 40 anos Necessita dos 3 itens da tríade para fechar o diagnóstico A encefalopatia é associada com lesões do tipo “snowballs”
e eventualmente “holes” Tem curso agressivo que leva a demência se não for tratada A cefaléia pode preceder a doença em até 6 meses Pode ser persistente ou migranosa Ocorre por envolvimento leptomeningeo
CADASIL (Cerebral Autosomal-Dominant Arteriopathy With Subcortical Infarcts and Leukoencephalopathy)
Adulto jovem Ataques isquêmicos transitórios e e AVCs, déficit
cognitivos e transtornos psiquiátricos Arteriopatia rara, autossômica dominante 40% dos pacientes tem cefaléia do tipo
migrânea Acompanhados por auras atípicas e prolongadas A aura mais frequente é o escotoma cintilante Sintomas adicionais incluem ataxia de marcha e
episódios confusionais breves