Post on 06-Nov-2020
Cartografia: projeções cartograficas
Projeção cartográfica é a representação de uma superfície esférica num plano (o mapa)
ou, ainda, um sistema plano de paralelos e meridianos sobre os quais pode-se desenhar um
mapa. Como a esfera não é um sólido desenvolvível, obrigatoriamente sofrerá deformações
quando projetada sobre um plano. As deformações podem ser em relação ás distâncias, ás
áreas ou os ângulos; por isso cabe ao cartógrafo escolher o tipo de projeção que melhor
atenda aos objetivos do mapa. As opções são de três tipos:
Equidistância – são as projeções que mantêm as distâncias corretas:
Equivalência – são as projeções que mantêm a proporção entre área real e sua representação
no mapa;
Conformidade – são as projeções que mantêm a igualdade dos ângulos na Terra no mapa.
O globo terrestre artificial, guardada as proporções, constitui a mais perfeita
representação da Terra, pois, sendo igualmente esférico, nos dá uma idéia bastante
aproximada da realidade, apresentando ainda as seguintes vantagens ou características;
mostra-nos todos os continentes, os oceanos, as principais cadeias montanhosas;
possibilita a simulação dos movimentos da Terra;
apresenta as distâncias em latitude e longitude.
Por outro lado, o globo artificial apresenta alguns inconvenientes, tais como;
sua dimensão, geralmente reduzida, não permite um grande número de informações:
se construído em tamanho muito grande, torna-se de elevado custo e de difícil manuseio;
é mais utilizado para informações generalizadas da superfície terrestre.
Classificação das projeções
Embora existam diversos tipos, as projeções costumam ser agrupadas em três tipos
básicos: cilíndricas, cônicas e azimutais.
As projeções cilíndricas baseiam-se na projeção dos paralelos e dos meridianos em um
cilindro envolvente, posteriormente planificado. Têm as seguintes características:
os paralelos e os meridianos são linhas retas que se cruzam em ângulos retos;
o intervalo entre os meridianos é constante, e a escala é verdadeira sobre o Equador;
as regiões de elevadas latitudes aparecem bastante exageradas ( na latitude de 60º chega a ser de 100º);
A mais conhecida projeção cilíndrica é de Mercator (1569), a preferida pelos navegantes
Imagem 1: projeção cilíndrica.
As projeções cônicas baseiam-se na projeção do globo terrestre sobre um cone que o
tangencia, sendo depois planifico. A projeção cônica simples apresenta as seguintes
características:
os meridianos são linhas retas e convergentes, e os paralelos são círculos concêntricos;
os paralelos e os meridianos estão separados por distâncias iguais; São mais utilizadas para representar regiões de latitudes médias.
Imagem 2: projeção cônica.
As projeções azimutais baseiam-se na projeção da superfície terrestre num plano. Têm
as seguintes características:
os meridianos são linhas retas divergentes, e os paralelos são círculos concêntricos;
as distorções aumentam a partir do centro (ponto de tangência);
são as preferidas para representar as regiões polares.
Imagem 3: Projeção azimutal.
Projeção de Mercator
A projeção de Mercator é uma projeção cilíndrica conforme que distorce a proporção do
tamanho dos continentes, mas mantém correta a forma. Essa projeção reforça a visão
eurocêntrica – a Europa como o centro do mundo – e expressa a dominação econômica e
cultural dos países do hemisfério norte sobre os países do hemisfério sul.
Imagem 4: Projeção de Mercator 1569
Projeção de Peters
É também uma projeção cilíndrica, com os paralelos e meridianos representados
ortogonalmente. As áreas dos continentes são reproduzidas fielmente, porém deforma o
formato dos mesmos. As regiões de baixa latitude aparentam se alongar, enquanto as de alta
latitude parecem que estão achatadas. Dessa característica, a denominação de um “mapa para
um mundo mais solidário”, na qual os países subdesenvolvidos são destacados.
Imagem 5: Projeção de Peters
Escala e Legenda de um mapa
Como já vimos anteriormente para a representação de uma determinada área da
superfície terrestre em um mapa é necessário que haja uma redução para caber no mapa,
portanto uma proporção entre a área real e a sua representação em um mapa. Geralmente,
aparece designada nos próprios mapas na forma numérica e/ou na forma gráfica.
A escala numérica é a relação entre a distância no terreno representada por uma fração
ordinária, a qual o numerador corresponde a medida do mapa e o denominador a medida real.
Por exemplo: 1: 100.000, logo 1 cm no mapa corresponde a 100.000 cm no terreno,
consequentemente 1000 m, que corresponde a uma medida de 1km, na realidade.
Para se calcular uma escala gráfica, levamos em consideração a seguinte fórmula:
D= d x E
Nesta fórmula:
d: distância medida na carta
D: distância real
E = o numerador da escala, ex: 1:100.000, E=100.000
A escala gráfica, por sua vez, se trata da representação através de uma linha reta
graduada.
Nestes casos, a reta foi seccionada em quatro pedaços iguais, cada um medindo 1 cm.
Isso quer dizer que 1 cm no mapa corresponde a 90 km na realidade, e assim sucessivamente.
Grande escala e pequena escala De modo prático, podemos dizer que, quanto maior for o denominado da fração, menor
será a escala e, inversamente, quanto menor for o denominador, maior será a escala.
Exemplos:
Escala A: 1/1000 000 Escala B: 1/100 000
Neste caso, podemos dizer que a escala A é menor que a Escala B.
Podemos dizer também que quanto maior for a escala, maior será a riqueza de detalhes,
ao passo que, quanto menor for a escala, menor será a riqueza de detalhes. Exemplo: um
mapa do Brasil na escala de 1: 50 0000 000 comporta muito menos informações (detalhes) do
que um mapa na escala de 1: 25 000 000. É que, no primeiro caso, o Brasil foi reduzido 50 000
000 de vezes, ao passo que , no segundo caso, a redução foi de apenas 25 0000 000 de vezes.
Quanto á grandeza, as escalas podem ser assim classificadas:
Grande escala – até 1 : 250 000
Média escala - até 1 : 250 000 a 1 : 1 000 000
Pequena escala – acima de 1 : 1 1000 000
Imagem 1: pequena, média e grande escala. Fonte: https://pt.slideshare.net/joaoarturlara/cartografia-completa
Legenda
Como podemos representar os fenômenos, os objetos existentes num determinado espaço?
Ao representá-los devemos lembrar que existem pessoas, os usuários, que utilizam – se das representações feitas para obter informações sem contato direto com os elementos representados de um determinado espaço.
Desta forma, como vimos na aula anterior, a legenda é parte importantíssima na
composição de um mapa, pois indica as informações as quais sequer passar ao leitor, através
da utilização de símbolos. Alguns símbolos cartográficos e suas legendas são padronizados
para todos os mapas, como o azul para designar a água e o verde para indicar uma área de
vegetação, etc.
Códigos são usados para representar os elementos que compõem o mapa, como, por
exemplo, capitais, cidades, rodovias,ferrovias. Os símbolos ou desenhos que representam os
elementos de um mapa são chamados convenções cartográficas.
Imagem 2: exemplo de códigos que podemos encontrar em um mapa.
Imagem 3: legenda de um mapa, relacionando as cores ao tema agropecuária. Fonte:
http://www.geoensino.net/2012/07/cartografia-e-o-estudo-dos-mapas.html
Tipos de mapas
Os primeiros registros cartográficos feitos pelas civilizações antigas representavam
pequenas localidades. Eram confeccionados com materiais bem diferentes dos atuais.
Esculturas em pedra e representações feitas em argila cozida marcaram o surgimento da
cartografia.
Posteriormente, esses registros passaram a ser entalhados em madeira e gravados em
metal. Somente no sec.II passaram a existir mapas em papiro. Outro material utilizado para
produzir mapas foi o pergaminho, produto derivado do pelo da ovelha.
Ao longo dos tempos, a criação dos mapas e a própria cartografia foi evoluindo, a
incorporação de novas técnicas e elementos, como a escala, a legenda, fez com que houvesse
uma grande variedade mapas, relacionados com diversas temáticas.
Como não é possível representar todos os elementos da paisagem ou do espaço em um
único mapa, foram criados diversos tipos de mapas, que representam cada um, determinado
tema, são os chamados mapas temáticos.
Desta forma, podemos encontrar diversos tipos de mapas, entre eles os mapas físicos ou
hipsométricos, políticos, climáticos, demográficos, econômicos, entre outros.
Mapas políticos- são os mais comuns, aqueles que representam países com suas divisões
territoriais e respectivas capitais.
Imagem 1: Mapa político do Brasil. Fonte:
http://www.editoradobrasil.com.br/jimboe/galeria/imagens/index.aspx?d=geografia&a=5&u=2&t=imagem
Mapas físicos ou hipsométricos- mapas que representam as formas do relevo e registram as
altitudes do terreno.
Imagem 2: mapa físico-hipsométrico/ América do Sul. Fonte: http://www.geomapas.com.br/nossos-produtos/america-do-sul-
fisico-220-esc.07.html
Mapas climáticos- são aqueles que retratam o clima e os fenômenos meteorológicos (chuvas ,
pressão atmosférica, temperatura, etc.).
Imagem 3: Climas do Brasil, exemplo de mapa climático.
Mapas demográficos-aqueles que registram dados da população(distribuição da população no
espaço, crescimento demográfico, migração, etc).
Imagem 4: Mapa demográfico, densidade populacional do Brasil. Fonte: http://webcarta.net/carta/mapa.php?id=300&lg=pt
Aplicação da cartografia no terreno
Curvas de nível
É o método mais comum de representar as elevações do relevo. A curvas de nível são
linhas que ligam pontos ou cotas de igual altitude em intervalos iguais. A escolha do
espaçamento ou equidistância das linhas depende de vários fatores, como escala do mapa,
tipo de relevo etc.
A equidistância entre as curvas pode ser, de acordo com o caso, de 10, 20. 50 ou 100m;
As curvas mostram tanto a altitude como o formato do relevo;
Quando o relevo é muito abrupto, as curvas aparecem no mapa muito próximas umas das outras; quando o relevo é suave, aparecem mais distanciadas.
Imagem 1: Curvas de nível
Imagem 2: curvas de nível
Perfil Topográfico
Com base nas curvas de nível podemos construir perfis topográficos do relevo.
O perfil topográfico é uma representação gráfica de um corte vertical do terreno
segundo uma direção previamente escolhida. Um dos processos para construir um perfil
topográfico é o seguinte:
Sobre o mapa topográfico traça uma reta, que corresponde à secção transversal l, cujo perfil pretendemos construir.
Orienta sobre o mapa uma folha de papel milimétrico ou quadriculado de maneira que o eixo horizontal sobre o qual se vai construir o perfil seja paralelo à linha reta que traçaste no mapa.
Projeta-se sobre o eixo horizontal a intersecção de cada curva de nível com a linha reta, tendo em conta a cota de altitude correspondente.
Traça um eixo vertical, que representa a altitude ou cotas.
Recorrendo ao eixo vertical localiza e marca o valor de cada curva de nível projetada.
Depois de marcados todos os pontos correspondentes às curvas de nível projetadas, unem-se dando origem a um perfil topográfico.
Construção de um perfil topográfico
Imagem 3: Perfil topográfico
O exemplo em cima mostra um perfil topográfico mais complexo. Temos duas
montanhas com formas muito distintas. A da esquerda tem maiores altitudes, tem um cume
mais pontiagudo, maiores declives e alguma assimetria. A sua vertente direita tem maiores
declives que a vertente da esquerda, como se pode ver no perfil e nas curvas de nível que
estão mais juntas. O cume da esquerda tem uma forma mais arredondada, menores altitudes,
mas continuamos na presença de um relevo assimétrico: há uma diferença de declives entre as
duas montanhas.
http://www.geoensino.net/2012/07/cartografia-e-o-estudo-dos-mapas.html
https://pt.slideshare.net/profacacio/cap-3-mapas-6-ano
http://webcarta.net/carta/mapa.php?id=300&lg=pt