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CAPÍTULO I
1. LIXO ELETRÔNICO
Antes de se tratar do tema central desta monografia “Lixo Eletrônico”,
especificamente do Descarte Sustentável, propriamente ditos, faz-se necessária uma breve
menção a visão histórica do lixo.
1.1 VISÃO HISTÓRICA DO LIXO
A palavra lixo, derivada do termo latim lix, significa "cinza". No dicionário, ela é
definida como sujeira, imundície, coisa ou coisas inúteis, velhas, sem valor. Lixo, na
linguagem técnica, é sinônimo de resíduos sólidos e é representado por materiais descartados
pelas atividades humanas.
O Lixo que produzimos diariamente em nossas residências e locais de trabalho, e que
atualmente tem se constituído em um sério problema para o meio ambiente e para o ser
humano, tem uma história para ser contada.
A história do lixo inicia-se ainda na época das cavernas. Desde o início da história, o
ser humano produzia lixo. Mas, na Idade da Pedra, a quantidade de lixo produzida ainda era
pequena e sua reciclagem se dava naturalmente. Afinal, tratava-se quase que basicamente de
restos de alimentação (com ossos de animais), cadáveres e utensílios feitos de pedra, metal e
argila, como as pontas de flecha e os cacos de vasos de cerâmica.
A produção de lixo começou a aumentar mesmo com o surgimento das cidades e com
o aumento populacional. Os grandes agrupamentos humanos passaram a não mais se mudar
de um lugar para o outro. Assim, o acúmulo de resíduos passou a ser um problema. Um dos
primeiros registros de controle do lixo data de 500 a.C., na Grécia. Os primeiros lixões dos
arredores da cidade de Atenas atraíam ratos, baratas e outros insetos indesejáveis. A solução
foi cobrir o lixo com camadas de terra, e os gregos, assim, inventaram o que hoje chamamos
de aterro controlado. No entanto, esse lixo era basicamente composto por restos de comida e
de tecidos das vestimentas-ou seja, o lixo da antiguidade era quase todo orgânico.
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Durante a Idade Média européia, o destino do lixo ficava a cargo de cada um. Além
de restos de comida o lixo passou a ser também constituído de excrementos de animais e
humanos. Não havia ainda o que chamamos hoje de saneamento básico, antes da invenção dos
vasos sanitários e do sistema de esgoto, os excrementos poderiam, por exemplo, serem
atirados nas ruas das cidades, onde eram arrastados pela água das chuvas (imaginem o
cheiro...). Por isso, a Idade Média foi muito marcada por epidemias de doenças sérias, como a
peste bubônica ou peste negra, cuja causa está diretamente relacionada ao lixo- afinal, é no
lixo que se alimentam os ratos, cujas pulgas são os vetores da peste bubônica.
A coisa, no entanto, começou a ficar pior com a Revolução Industrial, no século
XVIII. As indústrias, cujos maquinários começaram a ficar cada vez mais avançados- afinal,
já eram movidos a vapor- intensificaram o problema da poluição. Como naquela época não
havia uma grande preocupação para com a natureza o homem acreditava que os recursos
naturais nunca iriam se esgotar.
E, com o consumo e o desperdício cada vez maior, o lixo também foi aumentando em
quantidade. E foi mais ou menos no século XIX que começaram a aparecer os materiais,
como plástico, a borracha vulcanizada, as latas de conserva e o náilon.
A preocupação plena com o meio ambiente só apareceu em meados dos anos 60 do
século XX, quando pesquisas de especialistas em natureza começaram a apontar os impactos
da ação do homem no meio ambiente. No início do século XX, inovações tecnológicas como
os aparelhos eletrônicos e as máquinas exerciam um grande fascínio na população, e a
propaganda tinham papel fundamental no incentivo a consumo de bens. Isso aumenta muito a
geração de lixo doméstico e industrial, com muito mais resíduos químicos.
Na onda do consumismo, os produtos que antigamente eram feitos para durar muitos
anos, hoje têm uma vida útil muito menor e, ao invés de concertar, as pessoas são
incentivadas a jogar fora e comprar um modelo novo.
Chegando aos dias de hoje, estamos na era do descartável, o principal agravante desse
processo é a mudança no perfil do lixo. Como dito anteriormente, há alguns séculos atrás, o
lixo era composto basicamente de restos de comida e materiais orgânicos, bem diferente da
realidade de hoje, na qual a composição do lixo é bastante variada, podendo conter materias
tóxicos e muitos outros, mas assim como as pessoas na Idade Média sofreram as
conseqüências de jogar o lixo em qualquer lugar, nós estamos percebendo que consumir
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muito e jogar muita coisa fora estão nos trazendo sérios problemas. O principal e atual é o
chamado Lixo Eletrônico.
1.2 DEFINIÇÃO DE LIXO ELETRÔNICO
Lixo Eletrônico, de acordo com a Lei nº 8.876, de 16 de maio de 2008, do Estado do
Mato Grosso, em seu art. 2º é definido como:
"Entende-se com o lixo tecnológico os equipamentos de informática
obsoletos, danificados e outros que contenham resíduos ou sobras
de dispositivos eletroeletrônicos que são descartadas, fora de uso ou
obsoletos, que possam ser reaproveitados ou ainda que contenha
integrada em sua estrutura, elementos químicos nocivos ao meio
ambiente e ao ser humano, mas passíveis de serem reciclados".
Segundo o CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) e a CETESB
(Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental):
“Considera-se lixo tecnológico (ou e-lixo) todo aquele gerado a
partir de aparelhos eletrodomésticos ou eletroeletrônicos e seus
componentes, incluindo os acumuladores de energia (pilhas e
baterias), lâmpadas fluorescentes e produtos magnetizados, de uso
doméstico, industrial, comercial e de serviços, que estejam em
desuso e sujeitos à disposição final”.
1.3 CONCEITO DE LIXO ELETRÔNICO
O lixo eletrônico também conhecido como "e-lixo", é definido como sendo todos os
resíduos de dispositivos eletrônicos que vão desde eletrodomésticos como geladeiras,
televisores, máquinas de lavar, microcomputadores, telefones celulares, aparelhos de CD,
MP3, etc., incluindo os acumuladores de energia (baterias e pilhas), que chegaram ao final de
sua vida útil, ou então descartado antes do tempo útil indicado pelo fabricante.
1.4 O AVANÇO TECNOLÓGICO
De acordo com Robins (2002, p. 7-8) A história humana pode ser dividida em ondas.
A primeira foi à agricultura, que prevaleceu até o fim do século XIX. A segunda foi à
industrialização, onde a maioria dos países desenvolvidos passou de sociedades agrárias para
sociedades baseadas em máquinas que foi do final do século XIX até os anos de 1960. A
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terceira onda foi à informação, que chegou aos anos de 1970, e é voltada para os
trabalhadores do conhecimento. Os trabalhadores são projetados em torno da aquisição e
aplicação de informações.
Figura 1 – As três grandes ondas de transformação vividas pelo homem.
Fonte: http://www1.serpro.gov.br/publicacoes/ acesso: 08/05/2011.
A tecnologia trouxe efeitos positivos na conquista e qualidade de vida humana, e tem
facilitado o dia a dia da sociedade, tornando-se imprescindíveis à vida. Assim acontece
também com o avanço tecnológico de produtos eletrônicos, que em plena era da informação
estão cada vez mais presentes na vida contemporânea, essa facilidade inclui se comunicar e
manter contato com as pessoas, além de agilizar tarefas que antigamente eram lentas e difíceis
de serem realizadas.
O ser humano, dotado de sua inteligência, buscou formas, durante toda a história, de
vencer os obstáculos impostos pela natureza. Desta forma, foi desenvolvendo e inventando
instrumentos tecnológicos com o objetivo de superar dificuldades. Pode-se dizer que a
necessidade é a mãe das grandes invenções tecnológicas.
Esse avanço tecnológico também foi de extrema importância para as organizações, em
termos de qualidade, praticidade e competitividade, alavancando assim as vendas e lançando
novos produtos, com isso aumentando significativamente o consumo, sendo, portanto uma
ferramenta importante para usos gerenciais.
Através desse avanço hoje é possível às pessoas não precisarem ir até a empresa para
realizar uma reunião, elas podem simplesmente ligar seu computador e se comunicar em
tempo real sem sair de casa, um outro exemplo prático de avanço tecnológico são os
aparelhos celulares com TV, câmara fotográfica, filmadora, calculadora, e outras coisas que
nada têm a ver com a comunicação a distância com outra pessoa, surgiu o MP3, MP4, MP7 e
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assim sucessivamente, e a sociedade tem respondido a essas evoluções consumindo esses
produtos na medida em que são lançados no mercado. Pode-se dizer que a tecnologia
influencia o ser humano totalmente, porque ela está praticamente em tudo o que atualmente o
homem realiza.
Para Castells (2007, p. 62), "A tecnologia não determina a sociedade: incorpora-a.
Mas a sociedade também não determina a inovação tecnológica: utiliza-a". Essa evolução
tecnológica tem muitos efeitos positivos, mas como tudo existe seu lado negativo, ela pode
ser uma ameaça ao ser humano surtindo efeitos contrários.
Os avanços tecnológicos, somados à obsolescência programada, criaram a sociedade
de consumo, que acaba gerando grandes quantidades de lixo. Nesse lixo se inclui o "e-waste",
termo popularizado em inglês para o lixo eletrônico, composto por produtos eletro-
eletrônicos, que é altamente tóxico.
A sociedade de consumo fez surgir uma sociedade "do descartável", como todos os
custos ambientais que esta atitude acarreta. O consumismo sem limite na busca constante de
suprir os desejos econômicos está trazendo problemas sérios, é freqüente o prejuízo
ambiental, por causa deste descaso.
"Nos dias atuais, os objetos em geral têm menor durabilidade, quebram-se
facilmente e necessitam de reposição a curto prazo. Estamos vivendo, então,
a era dos descartáveis, isto é, dos produtos que são utilizados uma única vez
ou por pouco tempo e em seguida são jogados fora".
(RODRIGUES e CAVINATTO. 2000, p.12)
Esse acelerado ritmo de consumo atribuído à sociedade é insustentável ao planeta
causando inevitavelmente impactos ambientais catastróficos, uma vez que não houve um
processo de interação sustentável entre a sociedade e o seu excesso de consumo, com o meio
ambiente.
O aumento dos bens de consumo produzidos pelas indústrias, é considerado um
sucesso da economia moderna, no entanto passou a ser objeto de criticas que consideram o
consumismo um dos principais problemas da sociedade moderna.
Pode-se dizer que o século XX testemunhou o maior e mais rápido avanço tecnológico
da história da humanidade e também as maiores agressões ao meio ambiente, isso se deve
pelo fato de que quanto mais consumimos mais exigimos dos recursos que a natureza possa
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nos oferecer, embora a tecnologia nos proporcione coisas fantásticas, do outro lado estamos
cada vez mais vivendo situações climáticas que estão destruindo nossas vidas.
1.5 LIXO ELETRÔNICO: O OUTRO LADO DA ERA DA
TECNOLOGIA
Estamos no Século XXI, o século das inovações tecnológicas, mais em que se
transforma toda essa tecnologia depois de "estragada"?.
A chegada da era da informação prometia um mundo mais limpo, livre de toneladas de
papel e materiais desnecessários. Em lugar de equipamentos como máquinas de escrever, as
pessoas passaram a usar computadores cada vez menores. Os filmes fotográficos, que
necessitam de substâncias químicas para ser revelados, foram sendo substituídos por câmeras
digitais. Mas, ao contrário do que se pensava, as lixeiras do mundo continuam crescendo, é
um novo lixo digital, tão ou mais tóxico que as peças descartadas pelas máquinas das décadas
passadas, tratam-se do Lixo Eletrônico.
À primeira vista, são equipamentos inofensivos, de uso normal e que são feitos para
nos trazerem conforto e comodidade, mas que normalmente o seu destino final se transforma
num grande problema para o homem e para o meio ambiente, pois, o lixo eletrônico possui
muitas substâncias tóxicas e metais pesados.
Composto por materiais não-biodegradáveis (o monitor campeão em toxidade leva
300 anos para se decompor). Segundo dados divulgado pela Universidade das Nações Unidas
em um estudo coordenado pelo Professor Ruediger Kuehr, os pesquisadores descobriram que
nada menos de 1,8 toneladas de materiais dos mais diversos tipos são utilizados para se
construir um único computador para se ter uma idéia na fabricação de um computador é
utilizado em media, 240 Kg de combustíveis fósseis, 22 Kg de produtos químicos e – talvez o
dado mais impressionante- 1.500 litros de água, sendo que muito desses materiais utilizados
são altamente tóxicos, que quando jogados em grandes lixões causam danos tanto a saúde
humana, quanto as espécies animais e ao meio ambiente.
Como pode ser observado, além de combustíveis fósseis e diversos elementos
químicos, a água é o material mais utilizado para a fabricação de componentes eletrônicos.
Esses dados são bastante preocupantes, uma vez que a água é vital para a sobrevivência de
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qualquer ser vivo.
O principal motivo do crescimento do lixo eletrônico é que a evolução tecnológica
empregada rapidamente nos últimos anos produziu inúmeros equipamentos em larga escala
com variadas utilidades, a indústria passou então a lançar rapidamente novos modelos, dentre
eles podemos destacar: os televisores LCD, celulares, telefones, computadores, filmadoras,
notebooks, mp3player, ipod, entre outros, criados para facilitar nossa vida, mas que,
atualmente, são facilmente substituídos tornando os anteriores obsoletos, gerando assim uma
substituição precoce dos aparelhos, onde aparelhos em perfeito estado de uso são descartados,
ou, ainda, em virtude da inviabilidade em consertá-los posto que um aparelho novo custasse,
em geral, mais barato.
O rápido avanço tecnológico, embora torne as nossas vidas mais cômodas esta
causando um aumento significativo do volume de lixo eletrônico no planeta, isso não é
porque os aparelhos deixam de funcionar, mas, sim por causa da tecnologia e sua rápida
modernização, fazendo com que os mesmos tornem-se ultrapassados em uma velocidade
assustadora.
“Principalmente após a Segunda Guerra Mundial, o acelerado
desenvolvimento tecnológico experimentado pela humanidade permitiu a introdução
constante, e com velocidade crescente, de novas tecnologias e de novos materiais que
contribuem para a melhoria da performance técnica para a redução de preços e dos
ciclos de vida útil de grande parcela dos bens de consumo duráveis e semiduráveis.
Esses materiais, essas tecnologias e a obsolescência mercadológica planejada
permitem a satisfação dos conceitos de diferenciação entre as empresas no mercado.
O acelerado ímpeto de lançamento de inovações no mercado cria um alto nível de
obsolescência desses produtos e reduz seus ciclos de vida, com clara tendência à
descartabilidade.”
(LEITE. 2005, p.34)
O retrato dessa situação piora quando acrescentamos o fato de que o mundo joga fora
cerca de 50 milhões de toneladas de lixo eletrônico por ano, e segundo a Organizações das
Nações Unidas (ONU) nos próximos três anos o número deve subir para 150 milhões de
toneladas anuais.
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Gráfico 1 - A Montanha de Lixo Eletrônico no Mundo A produção anual de dejetos deve triplicar nos próximos anos (em toneladas)
Fonte:http://revistagalileu.globo.com/Revista/Galileu/ acesso: 29/03/ 2011.
1.5.1 Equipamentos que compõem o lixo eletrônico
Informática e comunicações (monitores, PC’s, impressoras, telefones, fax etc.)
Eletrônica de entretenimento (televisores, aparelhos de som, leitores de CD etc.)
Equipamentos de iluminação (sobretudo lâmpadas fluorescentes)
Grandes aparelhos caseiros (fogões, geladeiras etc.)
Pequenos aparelhos caseiros (torradeiras, aspiradores etc.)
Esportes e lazer (brinquedos eletrônicos, equipamentos de ginástica etc.)
Aparelhos e instrumentos médicos
Equipamentos de vigilância
Quando tratados apropriadamente, estes produtos podem ser uma fonte valiosa para a
reciclagem, caso contrário são altamente tóxicos.
1.5.2 A Posição do Brasil no Contexto do Lixo Eletrônico
Segundo relatório divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(PNUMA), o Brasil é campeão em geração de lixo eletrônico entre nações emergentes, como
pode ser observado no gráfico a seguir.
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Gráfico 2 - Brasil campeão de lixo eletrônico entre países emergentes.
Fonte:http://agenciadeinternet.com/2010/02/23/brasil-e-campeão-no-lixo-eletronico/acesso:29/03/2011.
Por ano, são abandonadas no País 96,8 mil toneladas de PCs (computadores pessoais).
As geladeiras, que terminam no lixo também preocupam, são 115 mil toneladas anuais. No
Brasil, por exemplo, o tempo médio de uso de um celular é inferior a dois anos e o de um
computador é de quatro anos nas empresas e cinco anos nas residências. Esta situação é muito
grave, pois o lixo eletrônico possui componentes tóxicos que podem contaminar o solo e a
água, causando danos à saúde das pessoas.
A ONU ressalta o fato de que nosso país não possui nenhum tipo de estratégia para
poder lidar com um problema tão sério como este.
No Brasil são fabricados por ano 10 milhões de computadores, e quase nada está
sendo reciclado. Apenas de celulares e as baterias que são fabricadas através de componentes
tóxicos, são 150 milhões. Até 2012 espera-se que o número de computadores existentes no
país dobre e chegue a 100 milhões de unidades.
A situação do lixo eletrônico no Brasil ainda é uma questão que requer muita atenção
de entidades públicas, privadas e também da própria comunidade, porque vem causando o
surgimento de uma série de problemas sociais relacionados a ele. A maior parte deles resulta
de uma combinação de diversos fatores, sendo os principais deles a falta de leis que
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responsabilizem os fabricantes pelo descarte correto dos produtos inutilizados, a falta de
fiscalização quanto ao destino dos materiais e a pouca divulgação ao consumidor sobre a
forma correta de descartar os eletrônicos.
Atualmente, os usuários de eletrônicos brasileiro não está acostumado a fazer o devido
descarte e nem existem empresas capacitadas a fazer o processamento dos metais dos
aparelhos, e se existem são poucas comparadas com o tamanho do problema.
A única regulamentação vigente que mais se aproxima do tema lixo eletrônico é a
resolução de número 257, de 30 de junho de 1999 do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(Conama), que estabelece limites para o uso de substâncias tóxicas em pilhas e baterias e
imputa aos fabricantes a responsabilidade de ter sistemas para coleta destes materiais e
encaminhá-los para reciclagem. (Daniela Moreira. 2007)
Figura 2 – O descarte e o gerenciamento ambientalmente adequado de pilhas e baterias usadas.
Fonte:http://idgnow.uol.com.br/computacao_pessoal/2007/04/26/idgnoticia. Acesso: 18/05/2011.
É claro que os países desenvolvidos ainda são os maiores produtores de lixo eletrônico
do que nós aqui no Brasil, porém o alerta é a quantidade desse lixo produzido por pessoa que
é um dos maiores que existe, da mesma forma de que é o Brasil, que tem o maior número de
descarte de geladeiras, Tv's e telefones celulares por pessoa, portanto não é de se espantar que
a cada dia esteja se tornando um problema grave fazendo com que os desastres ambientais
tomem proporções assustadoras.
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Certamente que entre as causas principais deste aumento está o desenvolvimento
mais acelerado de países emergentes e o Brasil se destaca entre eles, isso fez com que a
população aumentasse seu poder aquisitivo e também o fato de terem facilidades de
financiamentos que permitem um acesso mais fácil a compra de eletrodomésticos, isso veio a
contribuir para termos um aumento no que se refere a produtos descartados e meio ambiente
com mais lixo.
A verdade é que no Brasil mesmo as pessoas que sabem exatamente o que deveriam
fazer com esse tipo de lixo, desconhecem os locais para sua coleta, a divulgação que
contribuiria para a conscientização e mudanças de hábitos em relação ao lixo eletrônico é
escassa.
Figura 3 - O entulho da Nova Era
O ENTULHO DA NOVA ERA
Qual é o tamanho da sujeira eletrônica que
se joga fora
COMPUTADORES
18,5 MILHÕES já foram vendidos no Brasil
nos últimos sete anos
3 ANOS é o tempo que o aparelho leva
para ser jogado fora (em média)
CELULARES
59 MILHÕES de aparelhos existem no Brasil
2 A 3 ANOS é o tempo que o aparelho leva para
ser jogado fora (em média)
DO QUE ELES SÃO FEITOS
Em relação ao peso - em %
Ferro 67
Placas eletrônicas 15
Plástico 7
Alumínio 6
Fios e cabos 5
Sendo que 94% dos materiais são recicláveis
Fonte: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/ acesso: 30/04/2011.
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1.5.3 Lixo Eletrônico nos outros Países
A Europa e os Estados Unidos são os maiores produtores mundiais de lixo eletrônico,
cerca de 3 milhões de toneladas são gerados nos Estados Unidos a cada ano,e a China ocupa o
segundo lugar, bem próximo, com 2,3 milhões de toneladas anuais e também serve como
repositório para o envio de boa parte do lixo eletrônico, gerado em outras nações do terceiro
mundo, 70% de todo esse lixo é enviado gratuitamente ou vendido a preços simbólicos na
China.
Os maiores depósitos do planeta estão no terceiro mundo. África, Índia, Paquistão,
Indonésia e principalmente a China são os maiores prejudicados. Países centrais, notadamente
os Estados Unidos, enviam todo o seu lixo eletrônico para os países emergentes, alegando
incentivo a inclusão digital, entretanto estes materiais enviados são quase sempre aparelhos
defeituosos ou completamente estragados.
Apesar da Convenção da Basiléia (um tratado internacional que se ocupa do comércio
mundial de resíduos tóxicos), proibir tal prática, essa atitude é recorrente, pois um
computador inteiro não pode ser considerado como resíduo (pois como falado pode servir
para práticas a inclusão digital), e com isso consegue-se furar o bloqueio imposto pela
Convenção da Basiléia, transformando países do terceiro mundo em verdadeiros depósitos de
lixo eletrônico.
Figura 4 – E-lixo despejado na China, com uma etiqueta indicando claramente que foi recolhido para
reciclagem, na Califórnia.
Fonte:http://www.greenpeace.org/international/en/news/features/e-waste-toxic-not-in-our-backyard210208/
acesso: 24/05/2011.
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Uma vez em território alheio, os aparelhos são jogados de qualquer forma em lixões
a céu aberto, e assim, o caos ambiental é instalado, uma vez que, esses aparelhos são
geralmente incinerados liberando dioxinas e gases tóxicos, metais como chumbo e mercúrio
acabam oxidados e se tornam poeiras, sendo carregados por longas distâncias pela ação do
vento tornando-se nocivos ao solo e o homem.
Um exemplo é a cidade de Guiyu, localizada no litoral chinês, com população de
150.000 habitantes. Da cidade, oito em cada dez moradores, incluindo crianças e idosos,
passam o dia destroçando carcaças de computadores, aparelhos de fax e outras peças, sem
proteção alguma em busca de metais que possam ser recuperados e revendidos, como cobre,
aço e ouro.
Figura 5 – Crianças de Guiyu passam o dia destroçando eletrônicos.
Fonte: http://www.gizmodo.fr/2008/04/07/la_population_menace_les_populations_chinoises.html acesso:
30/04/2011.
As placas-mãe das máquinas são desmontadas em fogareiros de carvão. As carcaças
de PVC também são derretidas para aproveitamento, um processo que libera gases tóxicos.
Estudos constataram que o solo da região está contaminado por metais pesados. Não resta
uma só fonte de água potável num raio de 50 quilômetros da cidade. O solo é péssimo e a
água não é potável em toda a cidade.
Os malefícios para a saúde têm um expoente devastador, 80% das crianças de Guiyu
apresentam altos níveis de chumbo no sangue, o que consequentemente acaba ocasionando
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danos no sistema nervoso e reprodutor. Só para se ter uma idéia, a cidade de Guiyu, na
China, é considerada a lixeira eletrônica do mundo.
Crianças africanas também estão ficando envenenadas, por conta de toneladas de lixo
eletrônico vindos de países ricos, segundo reportagem do site ABC News.com. A região do
despejo é Acra, capital de Gana. Lá, o lixo eletrônico contaminado por substâncias tóxicas é
reaproveitado e comercializado pelas crianças, que vêem no mercado das peças eletrônicas
uma forma de sobrevivência.
Como acontece, por exemplo, com Bismark, um menino de 14 anos que trabalha
revendendo as peças de eletrônicos que encontra ali. Por falta de espaço em casa – ele dorme
em meio a um amontoado de computadores, cobres e materiais plásticos queimados, na luta
diária para sobreviver e para garantir a alimentação da família.
Segundo apurou a reportagem, a história de Bismark é marcada por trapaças e
violências que dinamizam o mercado de lixo eletrônico. Um comércio protagonizado por
jovens de olhos vermelhos afetados pela fumaça que vem da queima de materiais plásticos
para aproveitamento dos metais. A ardência nos olhos e a respiração dificultada pelo ar
contaminado são comuns naquela região.
Figura 6 – Em Gana, crianças sofrem as conseqüências da contaminação do e-lixo
Fonte: http://biowilson.blogspot.com/2008/08/veneno-eletronico-em-gana.html acesso: 21/05/2011.
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Assim como os moradores da região, rios e ecossistemas africanos sofrem as
conseqüências da contaminação desses resíduos, vindos em grande maioria de países como
Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos. Algumas amostras de solo desses locais indicam a
presença de metais tóxicos cem vezes acima do limite tolerável.
De acordo com análise realizada pelo Greenpeace o solo e o rio desta região têm
níveis extremamente elevados de poluentes como: chumbo, cádmio, mercúrio, arsênico e
outros. Essas substâncias comprometem o sistema nervoso, os rins, o sangue e
principalmente o cérebro das crianças. Como por exemplo, a inalação ou ingestão de chumbo
pela água pode encolher o cérebro delas.
“Uma fumaça ácida e negra passa sobre os barracos da favela. As águas do
rio também são pretas e viscosas como óleo usado. Elas carregam gabinetes
de computador vazios para o oceano. Nas margens do rio veem-se fogueiras
alimentadas por isopor e pedaços de plástico. As chamas consomem o
material plástico de cabos, conectores e placas-mãe, deixando intactos
apenas o metal”.
(SPIEGEL. 2009)
1.6 CONSEQUÊNCIAS DO DESCARTE INCORRETO DO
E-LIXO Com a popularização dos produtos eletrônicos e a introdução cada vez mais acelerada
de modernas gerações de "notebooks", "celulares", os equipamentos da geração anterior
acabam sendo considerados obsoletos e seu destino final certamente será o lixo comum. Esta,
porém, não é a melhor opção para o descarte desses tipos de equipamentos.
“Eletrodomésticos, automóveis, computadores, embalagens e equipamentos
de telecomunicações, entre outros, têm seus custos reduzidos e uma
obsolescência acelerada, gerando produtos de ciclos de vida cada vez mais
curtos. A descartabilidade entrou em um momento histórico no fim do século
XX.”
(LEITE. 2005, p. 35)
São milhões de celulares, computadores, impressoras, notebooks e outros aparelhos
eletrônicos descartados sem cuidados no lixo comum, que consequentemente acabam indo
para os lixões e aterros sanitários mostrando que seus antigos donos desconhecem que esse
tipo de material deve ter tratamento e destino adequados para evitar a poluição e
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contaminação do meio ambiente.
A primeira vista o lixo eletrônico não oferece tantos transtornos, pois não exala cheiro,
não suja o ambiente doméstico e tem boa aparência, mas nem por isso é menos nocivo,
portanto a sua adequada destinação é imprescindível para evitar poluição com Impactos
Ambientais graves.
Quando esse tipo de produto é jogado fora sem cuidado nenhum, a sua exposição ao
sol, à água e ao tempo provoca vazamentos e deterioração de materiais que contaminam o
solo e os rios, chegando inclusive aos alimentos consumidos por pessoas e animais, gerando
doenças e até a morte. Um eletroeletrônico além de ocupar espaço, não é biodegradável.
Monitores chegam a durar 300 anos na natureza.
Dados sobre tecnologias em uso ou que serão vendidos nos próximos anos não faltam.
A mídia tem dedicado atenção especial a essa onda de inovação tecnológica, mas nas
propagandas não há referências ao que fazer com o equipamento quando ele ficar obsoleto ou
tiver algum defeito cujo conserto não valha a pena, pouca atenção tem sido dada àquilo que
ela deixa como rastro.
Figura 7 - Descarte Incorreto de equipamentos eletrônicos
Fonte:http://mundoverde.com.br/blog/2010/08/20/voce-sabe-o-que-e-lixo-eletronico acesso : 21/05/2011.
Os eletrônicos descartados de forma incorreta representam o tipo de resíduo sólido que
mais cresce no mundo, mesmo em países em desenvolvimento.Um dos problemas dessa
variação de resíduos está nas substâncias tóxicas não biodegradáveis em sua composição, e
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isso aumenta a responsabilidade com sua destinação final. Todos os anos o
desenvolvimento tecnológico de consumo inconsciente agravam a questão do lixo eletrônico
no mundo. Um relatório recém-divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU),
mostra que o aumento desse material pode chegar a 500% em diversos países, incluindo o
Brasil, até 2020.
De acordo com Beatriz Smaal, entrarão no mercado anualmente mais 80 milhões de
celulares, mas somente 2% serão descartados de forma correta. Os outros 98% serão
simplesmente guardados em casa ou despejados no lixo comum, criando ainda mais impacto
ambiental.
"Para se ter uma idéia do tamanho do problema até a ONU (Organização
das Nações Unidas) fez um relatório cobrando a criação de sistemas de
coletas e gestão do lixo eletrônico, já que há previsão de que a venda de tais
produtos aumente significativamente no mundo e, mais ainda, em países da
América Latina (incluindo o Brasil), África, China e Índia”.
(GUIMARÃES E DIAS. 2011)
Para confirmar esta estatística, podem-se dar alguns exemplos, como:
Mais de 40 milhões de toneladas de lixo eletrônico são produzidos anualmente;
Aparelhos de TV produzem 137 mil toneladas de lixo por ano, seguido de 115 mil
de geladeiras e 96,8 mil só de computadores;
O Brasil encerrou 2010 com um total de mais de 202 milhões de telefones celulares
(aumento de 16,6% em relação ao ano anterior);
Salvador lidera o ranking de celulares por habitantes
O Brasil deverá ter 140 milhões de computadores até 2014;
E, até 2014 também, a Europa deverá ter 47 milhões de televisores com acesso à
internet.
Estamos caminhando para um quadro cada vez mais preocupante, pois, o grande
consumo de materiais eletrônicos e o descarte inadequado dos usados se apresentam como um
dos maiores problemas ambientais que o mundo moderno enfrenta.
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2
1.7 IMPACTO AMBIENTAL E RISCOS A SAÚDE HUMANA
O impacto ambiental é o resultado de atividades naturais ou humanas que podem
afetar a saúde, a segurança e o bem estar da população, dos animais, etc. Por esse motivo, o
lixo eletrônico é considerado um dos maiores problemas ambientais e sociais que o mundo
contemporâneo afronta. Por conter em sua composição diversos metais pesados, esse material
pode gerar grandes riscos ao meio ambiente e a saúde humana.
É abordada com freqüência a reciclagem de vários materiais, mas não dos
equipamentos de tecnologia, que tem tendência de agravamento da situação no futuro. Não se
fala, ou se fala muito pouco sobre o tema.
Uma das principais ameaças do lixo tecnológico para o meio ambiente e saúde
humana, é a quantidade extensiva de substâncias químicas encontradas nos eletrônicos, como
cádmio, chumbo, mercúrio, etc., que se descartado de forma incorreta causa contaminações no
ambiente e a proliferação de vetores de doenças.
Os problemas gerados para o meio ambiente, especialmente no que se refere aos
computadores, já começam desde sua produção, com o beneficiamento do silício, até o
descarte inapropriado do equipamento, que, muitas vezes, acontece quando ainda possui
condições de uso.
O silício, é a segunda substância mais comum na terra perdendo apenas para o
oxigênio, é um semicondutor natural bastante utilizado na indústria eletrônica, tanto na
construção de placas e circuitos como na de “chips”.
Aponta Agostinho Rosa (2007). Sua industrialização é muito poluente, pois se estima
que no beneficiamento de um quilo desse material são produzidos cinco quilos de e-lixo.
Além do fato de que na fabricação de chips de silício é exigido quantidades enormes de água
em sua moldagem, assim como também, na fabricação de pastilhas de silício onde os
componentes devem ser lavados inúmeras vezes que por sua vez, a água sai imprópria para
qualquer outro tipo de consumo, após o processo.
Por falta de condições adequadas, bem como o contato direto constante com esses
resíduos, algumas pessoas estão mais sujeitas ao risco, aquelas diretamente ligadas com
atividades relacionadas ao manuseio, transporte e destinação final.
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3
Figura 8 - Contato direto com o Lixo eletrônico
Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/ acesso: 06/05/2011.
Em um país assolado pela fome, a atividade tornou-se um grande mercado, as casas
chinesas são os destinos dos contêineres, aonde vão para o desmantelamento manual. Em
geral são as mães e as crianças que fazem a desmonta, sem proteção. O que tem valor
comercial, como os metais são vendidos. O que não tem acaba na beira de um rio, onde é
queimado. Os químicos persistentes lançados ao ar, no solo e na água são extremamente
tóxicos. Quando alojados no corpo das mulheres, só tem duas saídas: pelo leite ou pela
placenta. Até as gerações futuras já estão em risco.
Os consumidores finais, muitas vezes não sabem dos riscos que correm, pois, os
produtos geralmente não costumam vir com informações desse tipo, mas os problemas são
diversos e variam em níveis de gravidade.
Todo lixo eletrônico que não obter o tratamento apropriado ira fornecer perigo para a
sociedade. As conseqüências dessa exposição no corpo humano vão desde simples dores de
cabeça até complicações mais sérias como a manifestação de câncer.
1.8 LIXO ELETRÔNICO E SEUS PERIGOS
Muitos produtos eletrônicos contêm metais pesados. Preste atenção, pois atrás da sua
tela pode repousar um grande problema que talvez você desconheça um simples PC
(Computador Pessoal) tem em sua estrutura elementos como: Al (alumínio), Pb (chumbo), Ge
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(germânio), Ga (gálio), Fe (ferro), Sn (estanho), Cu (cobre), Ba (bário), Ni (níquel), Zn
(zinco), Ta (tântalo), In (índio), V (vanádio), Be (berílio), Au (ouro), Ti (titânio), Co
(cobalto), Mn (manganês), Ag (prata), Cr (cromo), Cd (cádmio), Hg (mercúrio), além de
plásticos como PVC e outros. Estes materiais também são encontrados em outros
eletroeletrônicos em diferentes proporções.
Figura 9 – O que Existe por trás da Carinha Bonita do seu PC.
Fonte: http://revistagalileu.globo.com/Galileu/ acesso: 12/05/2011.
1. Chumbo: tubo de raios catódicos (CRT) e soldas
2. Arsênico: monitores CRT antigos
3. Selênio: suprimentos de energia
4. Retardantes de chamas à base de bromato: carcaças plásticas, cabos e circuito integrado
5. Trióxido de antimônio: outros retardantes de chamas
6. Cádmio: bateria, circuito integrado, semicondutores
7. Cromo: decoração e proteção contra corrosão
8. Cobalto: estruturas
9. Mercúrio: encaixes, termostatos e sensores.
Fonte: WEEE - Diretriz européia sobre lixo eletroeletrônico
1.9 COMPONENTES TÓXICOS
Como pode ser observado, o lixo eletrônico, não é um lixo qualquer, os componentes
de um computador têm vários elementos químicos que podem causar sérios danos ambientais.
As conseqüências para os seres humanos, animais e ambiente são graves, pois esses
equipamentos possuem diversas substâncias e elementos químicos extremamente prejudiciais
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5
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5
à saúde, principalmente os metais pesados. Os danos causados pelos componentes tóxicos
são diversos. A seguir são citados os principais efeitos nocivos ao organismo causados por
alguns dos elementos e substâncias.
1.9.1 Chumbo
É um metal tóxico, pesado, acumula-se no ambiente, produzindo elevados efeitos
tóxicos agudos e crônicos em plantas, animais e microorganismos. Apresenta coloração
branco-azulada quando recentemente cortado, porém adquire coloração acinzentada quando
exposto ao ar. À temperatura ambiente, o chumbo encontra-se no estado sólido. O chumbo
pode causar a saúde humana: Anemia; Aumento da pressão sanguínea; Danos aos rins;
Abortos; Alterações no sistema nervoso; Danos ao cérebro; Diminuição da fertilidade do
homem através de danos ao esperma; Diminuição da aprendizagem em crianças;
Modificações no comportamento das crianças, como agressão, impulsividade e
hipersensibilidade. O chumbo pode atingir o feto através da placenta da mãe, podendo causar
sérios danos ao sistema nervoso e ao cérebro da criança.
1.9.2 Mercúrio
É um líquido prateado que na temperatura normal é metal e inodoro. Quando a
temperatura é aumentada transforma-se em vapores tóxicos e corrosivos mais densos que o ar.
É um produto perigoso quando inalado, ingerido ou em contato.
Geralmente quem for intoxicado pelo vapor do mercúrio pode apresentar sintomas
como dor de estômago, diarréia, tremores, depressão, ansiedade, gosto de metal na boca,
dentes moles com inflamação e sangramento na gengiva, insônia, falhas de memória e
fraqueza muscular, nervosismo, mudanças de humor, agressividade, dificuldade de prestar
atenção e até demência. Mas pode contaminar-se também através de ingestão. No sistema
nervoso, o produto tem efeitos desastrosos, podendo dar causa a lesões leves e até à vida
vegetativa ou à morte, conforme a concentração.
1.9.3 Cádmio
O cádmio é um metal branco azulado, a toxicidade que apresenta é similar a do
mercúrio. A exposição ao cádmio nos humanos ocorre geralmente através de duas fontes
principais: a primeira é por via oral (por água e ingestão de alimentos contaminados), e a
segunda por inalação. Em pessoas que têm sido expostas a um excesso de cádmio pelo ar se
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têm observado danos nos rins. Esta enfermidade renal normalmente não é mortal, porém
pode ocasionar a formação de cálculos e seus efeitos no sistema ósseo se manifestam através
de dor e debilidade. Outros tecidos também são danificados por exposição ao cádmio em
animais ou humanos, incluindo o fígado, os testículos, o sistema imunológico, o sistema
nervoso e o sangue.
1.9.4 Arsênico
O arsênio apresenta três estados: cinza ou metálico, amarelo e negro. Seus compostos
são extremamente tóxicos, especialmente o arsênio inorgânico. Em níveis elevados, o arsênio
inorgânico pode causar a morte, milhões de pessoas no mundo inteiro adoecem e morrem sem
saber que a causa de suas doenças é o envenenamento crônico por arsênio. As doenças que
mais matam no mundo podem ser causadas por arsênio: doenças cerebrovasculares, diabetes e
câncer, entre outras. A exposição a níveis mais baixos por muito tempo pode causar uma
descoloração da pele e a aparência de grãos ou de verrugas pequenas.
1.9.5 Berílio
Berílio apresenta um dos pontos de fusão mais altos entre os metais leves. Tem uma
grande condutividade térmica, não é magnético e resiste ao ataque do ácido nítrico. Nas
condições normais de pressão e temperatura o berílio resiste à oxidação com o ar, ainda que a
propriedade de limitar a oxidação do cristal deva-se provavelmente à formação de uma capa
de óxido.
O berílio e seus sais são potencialmente cancerígenos. A "beriliose" crônica é uma
afecção pulmonar causada pela exposição ao pó de berílio, sendo classificada como "doença
de trabalho". O berílio e seus compostos devem ser manipulados com muito cuidado;
precauções extremas devem ser tomadas nas atividades profissionais que manuseiam estes
tipos de materiais. A inalação prolongada pode causar, além da beriliose (doença pulmonar
crônica)., câncer de pulmão. No contato com a pele pode causar eczema e ulcerações e, a
absorção pela ingestão é pequena mas já foram relatados casos de ulcerações no trato
digestivo.
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7
1.9.6 Níquel
O níquel gerado durante o processo de obtenção do metal, é um gás extremamente
tóxico. A quantidade de níquel admissível em produtos que podem entrar em contato com a
pele está regulamentada na União Europeia. A exposição excessiva ao níquel causa irritação
nos pulmões, bronquite crônica, reações alérgicas, distúrbios respiratórios sabor metálico,
problemas no fígado e no sangue, ataques asmáticos e as pessoas sensíveis podem manifestar
alergias.
1.9.7 Bário
O bário é um elemento químico tóxico, de aspecto prateado, com alto ponto de fusão,
que pode ser encontrado em lâmpadas fluorescentes e tubos. O Bário é facilmente oxidável
pelo ar e todos os seus compostos que são solúveis em água ou em ácidos são venenosos. Os
sintomas de intoxicação por bário são: náuseas, vômitos, diarréia, dor abdominal, agitação,
ansiedade, tremores, fraqueza muscular, danos ao coração, fígado e baço, crises convulsivas e
coma.
1.9.8 PVC
O PVC (Cloreto de Polivinil) é um plástico clorado usado no revestimento de muitos
eletrônicos e como isolante em fios e cabos. Durante a fabricação ou quando incinerado,
libera dioxinas e furanos poluentes carcinogênicos que se acumulam nos seres humanos e em
outros organismos vivos. Esses químicos são altamente persistentes no meio ambiente, e
tóxicos mesmo em baixíssimas quantidades, para a saúde do ser humano, se queimado e
inalado pode causar problemas respiratórios.
1.9.9 Retardantes de Chamas
Um retardador de chama é uma substância que ajuda a retardar ou impedir combustão.
Retardadores de fogo são comumente usados em combate a incêndios. A água é o retardante
de chama mais utilizado, mas a expressão normalmente se refere aos retardadores químicos,
incluindo espumas contra incêndios e géis retardadores de chama.
Os retardantes de chamas mais habitualmente usados nas placas de circuito impresso
são os BRFs (Brominated-flame retardants), sendo o mais perigoso o PBDEs (Polybrominated
diphenyl ethers). Estudos citam a presença de retardantes de chama em humanos, inclusive no
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leite materno. Estas substâncias são tóxicas e causam deformações no feto (teratogenia),
além de causar desordens hormonais, nervosas e pulmonares. É usado em diversos
componentes eletrônicos para prevenção de incêndios.
1.9.10 Bióxido de Manganês
Usado nas pilhas alcalinas, provoca anemia, dores abdominais, vômitos, crises
nervosas, dores de cabeça, seborréia, impotência, tremor nas mãos e perturbação emocional,
além de terríveis danos ao meio ambiente.
Pilhas e baterias estão nesse rol de objetos altamente prejudiciais. Elas contêm metais
pesados, como chumbo, cádmio, zinco e mercúrio, em níveis que podem causar sérios danos à
saúde, (veja a figura 10).
Figura 10 - Os metais liberados por pilhas despejadas a céu aberto contaminam o solo e a água
Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/ciencias/ acesso: 04/05/2011.
A - Nos depósitos, pilhas e baterias ficam expostas ao Sol e à chuva e se oxidam. Abertas,
deixa escapar os metais pesados, que se misturam ao líquido formado no lixo
B - Com novas chuvas, o líquido infiltra-se no solo, atingindo o lençol freático
C - Essa água, usada na irrigação agrícola, contamina legumes, frutas e verduras. Nas cidades,
ela também é prejudicial, já que os sistemas de tratamento não eliminam os metais pesados.
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A partir do momento em que estes elementos tóxicos contaminam tanto o solo
como a água, todos aqueles que se utilizam dessas fontes será contaminado pelos detritos.
A natureza vai, pouco a pouco, deixando de existir, dando lugar ao ambiente
transformado pelo homem, que o adapta conforme suas necessidades, sem a preocupação com
a manutenção de recursos naturais essenciais para a subsistência do planeta.
A humanidade não pode tirar mais da natureza do que a mesma pode repor. Ou seja, é
preciso adotar estilos de vida e caminhos de desenvolvimento que respeitem os limites
naturais. Isto é possível sem que se rejeitem os benefícios trazidos pela tecnologia moderna,
desde que a tecnologia também trabalhe dentro destes limites.
Diante do problema exposto, provindo do avanço tecnológico e consequentemente do
consumo inconsciente da população surgiu a necessidade de desenvolver uma consciência
ambientalmente correta.
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CAPÍTULO II
2. SUSTENTABILIDADE
Vemos a sociedade caminhar em um sentido em que a sustentabilidade hoje, é precisa
e se faz necessária em caráter de urgência. Se não pensarmos nessa questão estaremos a favor
de toda a raiva que a natureza ainda nos guarda. Acredita-se que o desenvolvimento
sustentável seja a forma mais viável de se combater ou minimizar o desperdício e degradação
ambiental em que a sociedade humana se encontra.
“A Terra não pertence ao homem; o homem pertence à Terra. Isto sabemos:
todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família. Há uma
ligação em tudo.O que ocorrer com a terra, recairá sobre os filhos da Terra.O
homem não tramou o tecido da vida ;ele é simplesmente um de seus fios.
Tudo o que fizer ao tecido, fará a si mesmo”.
(A Carta do Chefe Indígena Seattle 1854)
As preocupações com sustentabilidade vêm de meados do século passado. Mas, foi a
partir do Relatório Brundtland documento intitulado Nosso Futuro Comum (Our Common
Future), apresentado em 1987, que a Organização das Nações Unidas (ONU) assumiu o
debate das questões ambientais com maior intensidade, propondo uma mobilização mundial
para o desenvolvimento sustentável.
Este relatório tem por base o princípio de que o ser humano devia gastar os recursos
naturais de acordo com a capacidade de renovação desses recursos, para evitar o seu
esgotamento. Então, para uma utilização sustentável dos recursos, é fundamental que cada
indivíduo seja um consumidor responsável. Cabe ao cidadão combater o desperdício para
poupar recursos naturais à escala global.
2.1 CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE
Sustentabilidade é um termo usado para definir ações e atividades humanas que visam
suprir as necessidades atuais dos seres humanos, sem comprometer o futuro das próximas
gerações. Ou seja, a Sustentabilidade está diretamente relacionada ao desenvolvimento
econômico e social sem agredir o meio ambiente, usando os recursos naturais de forma
inteligente para que eles se mantenham no futuro. Seguindo estes parâmetros, a humanidade
pode garantir o desenvolvimento sustentável.
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Esse conceito de sustentabilidade representa promover a exploração de áreas ou o uso
de recursos planetários (naturais ou não) de forma a prejudicar o menos possível o equilíbrio
entre o meio ambiente e a sociedade e toda a biosfera que dele dependem para existir.
A princípio pode parecer um conceito difícil de ser implantado e não viável, no entanto,
mesmo com toda a degradação que o meio ambiente vem sofrendo ao longo dos anos, a
aplicação de práticas sustentáveis tem se revelado economicamente viável. Garantir a
sustentabilidade de uma sociedade mesmo diante da presença atuante das práticas humanas é
dar garantias de que mesmo explorada a área continuará a fornecer recursos e bem estar social
para as pessoas que nela vivem tanto no presente como no futuro.
O tema Sustentabilidade tem sido discutido ao longo das décadas, por diversas
instituições, ONGS, etc. no Brasil e no Mundo. Porém ainda não é possível perceber com
certa clareza a aplicabilidade de tais ações na busca pelo desenvolvimento sustentável, prova
disso é que ainda hoje é possível encontrar na sociedade situações nada sustentáveis como o
descarte incorreto de produtos cada vez mais presentes nas nossas vidas. Obviamente existem
esforços por parte das pessoas com alternativas para minimizar o impacto ambiental, por
exemplo, o descarte sustentável do lixo eletrônico, um tema atual e que tem preocupado a
sociedade moderna.
O fato é que de todos os problemas existentes no mundo, foi na área ambiental que se
fizeram mais estragos. E o homem? Será ele capaz de desenvolver uma sociedade sustentável
e se o fizer que caminhos fossem necessários percorrer para conseguir.
2.2 DEFINIÇÃO DE SUSTENTABILIDADE
Sustentabilidade, de acordo com o Dicionário Brasileiro de Ciências Ambientais:
"Diz-se que uma sociedade ou um processo de desenvolvimento possui
sustentabilidade quando por ele se consegue a satisfação das
necessidades, sem comprometer o capital natural e sem lesar o direito
das gerações futuras de verem atendidas também as suas necessidades e
de poderem herdar um planeta sadio com seus ecossistemas
preservados".
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O termo Sustentabilidade engloba todos os processos descritos acima, mais para a
ONU (Organização das Nações Unidas):
"Sustentabilidade é o atendimento das necessidades das gerações
atuais, sem comprometer a possibilidade de satisfação das necessidades
das gerações futuras".
Nessa forma de entender Sustentabilidade é perceptível à preocupação com o bem-
estar das gerações futuras, de acordo com as decisões tomadas pela geração atual para que o
desenvolvimento sustentável seja alcançado.
2.3 EDUCAÇÃO AMBIENTAL
De acordo com a Lei nº 9.795, de 27 de Abril de 1999 do artigo 1º, entende-se por
educação ambiental os processos por meio dos qual o indivíduo e a coletividade constroem
valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a
conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de
vida e sua sustentabilidade.
Partindo deste contexto, se desde cedo for ensinado valores éticos acerca do mundo, é
mais provável que o indivíduo cresça e se torne um fator de sustentabilidade. Esse é o
primeiro passo para a conscientização do consumo responsável. A sociedade como um todo
precisa melhorar seu nível de educação ambiental. O papel da Educação Ambiental, então,
torna-se mais urgente. Precisa-se oferecer mais formação.
A sociedade humana, como está, é insustentável. Apesar dos inegáveis avanços
tecnológicos, nos quais temos sido testemunha quase que diariamente, não podemos deixar de
atentar para um outro lado desse avanço. O crescente número de eletrônicos obsoletos que a
cada dia que passa se avoluma de maneira impressionante não somente em instituições
públicas e privadas, nas casas dos usuários comuns, mas também a céu aberto, sem que
nenhuma resolução seja tomada quanto ao seu descarte e posterior reciclagem.
Assim, a educação ambiental teria como finalidade proporcionar a toda as pessoas a
possibilidade de adquirir conhecimentos, o sentido dos valores o interesse ativo e as atitudes
necessárias para proteger e melhorar a qualidade ambiental; induzir novas formas de conduta
nos indivíduos, nos grupos sociais e na sociedade em seu conjunto, tornando-a apta a agir em
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3
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busca de alternativas de soluções para os seus problemas ambientais como forma de
elevação da sua qualidade de vida.
Portanto, a conscientização dos indivíduos e da sociedade para este problema se torna
extremamente importante para uma melhor gestão de recursos no futuro, pois estamos
produzindo um mundo que nenhum de nós deseja, sendo assim, o maior desafio, tanto da
nossa época como do próximo século, é salvar o planeta da destruição.
Diante dessa realidade, a Educação Ambiental orienta para a tomada de consciência
dos indivíduos frente aos problemas ambientais e é exatamente por isso que sua prática faz-se
tão importante, a fim de solucionar as questões relativas ao acúmulo de resíduos, desperdício
de água, entre outras situações ambientais vivenciadas.
2.4 RESPONSABILIDADE SOCIAL
As empresas têm tomado consciência de que para estar e permanecer no mercado deve
participar da sociedade de forma responsável. Mas não só elas, é importante que os
consumidores exerçam também sua responsabilidade. Na prática, isso quer dizer,
principalmente, que se devem descartar eletrônicos velhos em locais adequados.
“A responsabilidade Social pode ser conceituada através da sua atuação, ou
da forma inserida na sociedade, ou seja, a Responsabilidade Social é a
maneira pela qual a sociedade, empresas, ONG's, Instituições e Governo,
têm de desenvolver atitudes perante a comunidade a qual está inserida, com
o intuito de alcançar o bem estar social.”
(MAIA. 2007, p. 79).
2.4.1 O Papel de Cada Um
Pequenas mudanças no comportamento cotidiano podem fazer toda a diferença, A
educação e a consciência da população para um consumo mais responsável precisam estar
alinhados com esse processo de desenvolvimento.
Mas o que nós podemos fazer, afinal? Se você quer ser ambientalmente responsável
no que se refere ao seu lixo eletrônico, siga algumas iniciativas que vai além do listado
abaixo:
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Exercite o consumo consciente. Antes de jogar o equipamento eletrônico no lixo,
informe-se sobre pontos de coleta. O site do projeto E-lixo Maps- uma parceria entre a
Secretaria Estadual do Meio Ambiente e o Instituto Sergio Motta- informa os postos
que coletam e reciclam o e-lixo em todo o Estado. No site inserindo o CEP e o tipo de
material que pretende descartar, o internauta encontra os locais mais próximos de sua
casa.
Utilize como critério de compra, além do preço, a responsabilidade que a empresa
assume com o meio ambiente.
Prefira os chamados micros verdes. Entre as características desses computadores
destacam-se a inexistência de chumbo e a capacidade de economizar energia elétrica.
Prolongue o uso do seu aparelho. Não se desfaça do aparelho por “modismos”, quanto
mais eletrônicos adquirir, maior será a quantidade de lixo eletrônico. Uma dica, para
quem não consegue deixar de incorporar novidades, é doar a amigos e parentes
computadores, celulares e Tvs que não usem mais, ou ainda, uma alternativa seria doar
para uma instituição carente que aceite computadores, monitores,teclados, impressoras
usados, desde que em condições de uso.
As empresas podem cumprir seu papel, cuidando para que aquilo que produzem e
vendem seja descartado da maneira correta. Muitas empresas fabricantes de
eletrônicos, e operadoras de celular já recebem de volta os aparelhos usados. Ligue
para a sua operadora e se informe ou mesmo na loja em que adquirir seu novo
equipamento.
Em São Paulo, o Museu do Computador (www.museudocomputador.com.br) aceita
doações. Toda doação que recebem vai direto para o galpão onde separam o que vai
para o acervo e o que vai para a pessoa encarregada da reciclagem. Essa pessoa leva o
lixo eletrônico e o separa em caçambas que são dadas por empresas qualificadas para
fazer o serviço de reciclagem com certificações.
Informação - O usuário de tecnologia deve ser adepto ao consumo responsável,
sabendo as conseqüências que seus bens causam ao ambiente. Por isso, é importante
estar atento ao assunto, é importante passar informações sobre o lixo eletrônico para
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5
frente, pois muitos usuários de tecnologia não se dão conta do tamanho do problema
– somente assim será possível eliminar hábitos ruins e tomar atitudes que minimizem
o impacto do lixo eletrônico.
Agindo dessa forma, estaremos caminhando para uma civilização realmente avançada,
que trata seu lixo e o reaproveita, e não simplesmente descarta o que não serve mais em
qualquer lugar.
2.5 LOGÍSTICA REVERSA
Com o avanço contínuo da tecnologia, os equipamentos eletrônicos são trocados num
ritmo alucinante, o que acaba desencadeando no consumo inconsciente da população e com
isso a redução do ciclo de vida mercadológico dos produtos, e conseqüentemente o aumento
das quantidades de materiais descartados pela sociedade, tem se tornado um grande problema
para o meio ambiente. A população passou então, a presenciar os ímpetos causados pela
destinação final incorreta desses resíduos, bem como os desastres ecológicos.
As empresas não se sentiam responsáveis por seus produtos depois do uso pelos
clientes. Hoje em dia, consumidores e autoridades esperam que os fabricantes reduzam o lixo
gerado por seus produtos. Essa realidade de alta descartabilidade acabou despertando a
sensibilidade ecológica dos consumidores. A partir de tais problemas gerados, surgiu um novo
conceito em logística denominado a logística reversa, com a proposta de revalorização dos
produtos obsoletos.
A logística reversa é uma nova área da logística que trabalha e opera com o retorno de
produtos, embalagens ou materiais, ao seu centro produtivo. Apesar de ser um tema muito
atual, esse processo já podia ser observado a alguns anos nas indústrias de bebidas, com a
reutilização de seus vasilhames, isto é, o produto chegava ao consumidor e retornava ao seu
centro produtivo para que sua embalagem fosse reutilizada e voltasse ao consumidor final.
A Logística Reversa acrescenta três movimentações potenciais à logística da cadeia de
suprimentos: reutilização dos produtos, recuperação de produtos e reciclagem de materiais,
que podem significar a redução de recursos em um sistema e representar um caminho para
retorno e reuso de resíduos gerados.
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2.5.1 Os 3 R's
Coisas muito simples podem ser feitas para diminuir o impacto ao meio ambiente
proveniente de nossas ações. A prática dos três R's: Redução, Reutilização e Reciclagem
referem-se a ações que procuram estimular a redução do descarte de resíduos para que haja
maior proteção ambiental seja nas empresas ou na sociedade.
“O conceito dos 3R's (redução, reutilização e reciclagem)- deveria estar
presente no currículo escolar de todos os alunos. Educar as crianças é mais
eficaz, elas se sensibilizam quando aprendem e criam um ambiente prático
em suas casas. A teoria, a criança vê na escola e coloca em prática em suas
casas.”.
(RIZZO. 2007).
A aplicação da regra dos 3R's se dá de forma simples, uma vez que qualquer indivíduo
pode realizar os três princípios. Segue algumas orientações e realizações práticas que as
pessoas podem seguir:
Figura 11 – A prática dos Três R’s
Fonte: http://www.futuroprofessor.com.br/educacao-ambiental-3rs acesso em: 11/07/2011
2.5.1.1 Reduzir
Muitas pessoas adquirem produtos que serão pouco utilizados ou, ainda, muitas vezes
nem utilizados serão. A sociedade moderna gera um apelo muito intenso para que os usuários
se mantenham sempre atuais e comprem produtos novos, alguns compram pelo simples prazer
de ter o que há de mais novo no mercado, tal fato leva o nome de consumismo, e isso acaba
gerando uma pilha ainda maior de lixo eletrônico.
O princípio de redução diz respeito à diminuição na compra de bens de consumo, para
que haja menos desperdício, gerando assim menos lixo. O setor de eletrônicos, por possuir
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constantes inovações, é um dos que mais colaboram com o aumento do consumo de
equipamentos. Com o avanço da tecnologia, a cada dia, novos produtos são lançados no
mercado, instigando o consumidor a adquiri-los, sem que seus equipamentos existentes
tenham caído na obsolescência.
Um exemplo muito bom são os celulares. Trocar um celular que funciona
perfeitamente todo ano apenas porque um novo modelo surgiu no mercado com uma nova
função que você provavelmente nunca usará ou com um visual diferente é tão absurdo quanto
à quantidade de lixo eletrônico que a cada ano surge, lixo este composto por baterias e
materiais que liberam componentes altamente tóxicos no meio ambiente. Falar então em
reduzir significa rever o que é importante para o nosso consumo, sua quantidade e o que é
muitas vezes apenas uma maneira de nos impor na sociedade como status.
2.5.1.2 Reutilizar
Partindo do princípio de redução, a reutilização remete ao reaproveitamento de
materiais e produtos que não mais estão em uso, a reutilização pode ser executada de forma
simples. Lembra daqueles copos de requeijão que acabavam fazendo parte dos utensílios
domésticos? Este é um exemplo clássico da reutilização. Reutilizar significa dar um novo uso
para as coisas, evitando que estas virem lixo. Reutilizar os potes de margarina como
recipientes para congelar alimentos, aproveitar os dois lados das folhas de papel são algumas
idéias da reutilização de materiais. Mas a reutilização não é exclusiva dos materiais e
embalagens.
A água é outro elemento que deve ser reutilizado. A água que sobra da lavagem das
roupas, por exemplo, pode ser utilizada para lavar o quintal, a água da lavagem dos vegetais
pode ser reaproveitada para regar o jardim ou os vasos de plantas e a coleta da água da chuva
também pode ser usada para lavar o carro, quintal e regar as plantas.
Partindo para o lado da informática, considerando que muitos dos componentes
eletrônicos utilizados na fabricação de computadores, celulares, impressoras, entre outros, são
nocivos ao meio ambiente, a reutilização e o reaproveitamento de peças e circuitos fazem-se
extremamente necessários, a doação é um outro caminho bastante eficaz e politicamente
correto.
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2.5.1.3 Reciclar
Finalmente chegamos ao último dos 3 R's, mas nem por isto o menos importante.
Após evitar consumir coisas desnecessárias, reaproveitar outras, agora é hora de pensar em
reciclar. O mais conhecido dos 3 R’s, a reciclagem, consiste em transformar o material
reciclável em outro produto útil, visando diminuir o consumo de matéria-prima extraída da
natureza. Diversos materiais são, hoje em dia, remanufaturados e utilizados para outros fins.
Após tentar reduzir o consumo e reaproveitar o produto, encaminhe-o para ser
reciclado, por meio da coleta seletiva. Além de ser um processo que ajuda no quesito
ambiental, também é benéfico do ponto de vista social, pois gera renda para os catadores ou
cooperativas.
Muitos dos materiais provenientes de equipamentos de informática obsoletos são
reciclados por empresas especializadas, que tem por objetivo fazer a inclusão digital de jovens
através de programas de reciclagem de computadores, oferecendo oficinas de manutenção e
montagem desses equipamentos.
Os três R's são um conceito muito importante, tanto para termos em mente quanto para
exercitarmos. Eles não estão nesta ordem à toa. A idéia é reduzir ao máximo a produção de
lixo para evitar, além da degradação do meio ambiente pela extração dos materiais, evitar a
degradação também pelo depósito do lixo gerado. Para isto, devemos atacar as duas pontas da
cadeia, a produção que envolve comprar menos e melhor e a destinação que envolve
transformar o lixo em novas coisas.
Reduzir, Reutilizar e Reciclar, apesar de ainda hoje serem atitudes voluntárias de
algumas pessoas, já dão mostras de serem as atitudes inevitáveis a se seguir no futuro. A
escassez de material para se produzir, a poluição do ar e da água e outros fatores, nos estão
levando a um caminho que a muito já havíamos esquecido, o de que tudo um dia acaba, por
maior que seja sua quantidade.
2.6 LEGISLAÇÃO VIGENTE
A legislação tem grande importância para o tratamento do lixo eletrônico, pois, é
através das leis que se torna possível obrigar fabricantes a utilizarem componentes menos
tóxicos em seus produtos; exigir das empresas que importem ou vendam produtos
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eletroeletrônicos além do recolhimento desses produtos após o uso; e proibir o consumidor
de jogá-los em qualquer lugar.
Leis na área ambiental foram e vem sendo desenvolvidas para que a sociedade como
um todo possa responder desafios como responsabilidades, exigência de transparência das
empresas, trazidos pela nova realidade em que estamos vivendo. Conscientizar a sociedade, a
respeito da degradação ambiental é importante, mas sem leis pouca coisa muda. Respeitar e
zelar pelo cumprimento destas leis é exercer a cidadania.
2.6.1 Resolução do CONAMA
Por enquanto, somente o descarte de pilhas e baterias é regulamentado pelo Conselho
Nacional do Meio Ambiente por meio da resolução 257. A Resolução 257 do Conselho
Nacional de Meio Ambiente – CONAMA, de 1999 determina a responsabilidade sobre a
destinação de pilhas e baterias usadas atribuindo aos fabricantes ou importadores a
responsabilidade pelo recolhimento desses produtos tecnológicos que necessitam de
disposição final adequada, pois apesar da aparência inocente e do seu tamanho, as pilhas e
baterias são um grave problema ambiental, em função dos metais tóxicos que apresentam.
O CONAMA, desde então, passou a ser um dos órgãos mais evidentes na temática
ambiental. Seus atos tratam dos mais diferentes assuntos, dentre eles, as resoluções abaixo
remetem, de alguma forma, ao lixo tecnológico (CONAMA, 2009):
Resolução CONAMA Nº 023/1996 – “Regulamenta a importação e uso de resíduos
perigosos” – Data de Legislação: 12/12/1996.
Resolução CONAMA Nº 228/1997 – “Dispõe sobre a importação de desperdícios e
resíduos de acumuladores elétricos de chumbo” – Data de Legislação: 20/08/1997.
2.6.2 Política Nacional de Resíduos Sólidos
No Brasil, em 1991 o Congresso Nacional decretou o Projeto Lei 203/91, instituindo a
Política Nacional de Resíduos Sólidos que diz respeito ao gerenciamento desses resíduos, ou
seja, a coleta, a manipulação, a triagem, o acondicionamento, o transporte, o armazenamento,
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o beneficiamento, a comercialização, a reciclagem, a disposição final e o tratamento.
Conforme o Artigo 7º, a Política Nacional de Resíduos Sólidos tem por objetivos:
Disciplinar a gestão, reduzir a quantidade e a nocividade dos resíduos sólidos;
Preservar a saúde pública, proteger e melhorar a qualidade do meio ambiente,
eliminando os prejuízos causados pela geração e/ou disposição inadequada de resíduos
sólidos;
Formar uma consciência comunitária sobre a importância da opção pelo consumo de
produtos e serviços que não afrontem o meio ambiente e com menor geração de
resíduos sólidos e de seu adequado manejo, bem como sobre a relevância da separação
e adequada disponibilização do lixo domiciliar para fins de coleta;
Convém esclarecer que a Lei não é exclusiva para o Lixo Eletrônico. Ela cobre todo tipo
de resíduo sólido, inclusive alguns, cujo processo de coleta e reciclagem funciona bem, como
embalagens de agrotóxicos e pneus. O Lixo Eletrônico é um dos tipos de resíduo que a Lei
pretende cobrir.
2.6.3 A Convenção de Basiléia
A Convenção de Basiléia (chamada de Basiléia, por ter sido realizada na cidade Suíça)
é um tratado internacional firmado em 1989, que estabelece um regimento de controle e
cooperação, cujo objetivo é fiscalizar a geração de resíduos perigosos, destinados dos países
industrializados, aos países em desenvolvimento como a África e países da Europa Ocidental.
E também, cujo objetivo é reduzir os movimentos transfronteiriço de resíduos perigosos,
resíduos estes que ocasionam inúmeros danos ambientais em sua maioria irreversíveis.
Apesar da Convenção de Basiléia proibir tal prática para além das fronteiras do país
que os produz, essa atitude é recorrente, pois um computador inteiro não pode ser considerado
como resíduo (pois pode servir para práticas como a inclusão digital), e com isso consegue-se
furar o bloqueio imposto por esta convenção acima, transformando os países do terceiro
mundo em verdadeiros depósitos de lixo eletrônico.
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2.6.4 Certificação ISO 14000
A ISO (Internacional Organization for Standardization),é projetada para estabelecer
critérios estruturais válidos através de regras, testes e certificações encorajando o comércio de
bens e serviços. Entre estas certificações destaca-se a ISO 14000, que é a família de normas
desenvolvidas para cuidar da rotulagem ambiental.
A ISO 14000 é um conjunto de normas definidas pela Internacional Organization for
Standardization – (Organização Internacional para Padronização), com sede em Genebra, na
Suíça, que reúne mais de 100 países com a finalidade de criar normas internacionais. Cada
país possui um órgão responsável por elaborar suas normas, no Brasil temos a ABNT
(Associação Brasileira de Normas Técnicas). Estas normas foram criadas para diminuir o
impacto provocado pelas empresas ao meio ambiente, e constituir uma caminhada em prol do
desenvolvimento em bases sustentáveis.
A ISO 14000 possibilita a certificação dos produtos e serviços que satisfaçam os padrões
de qualidade ambientais, através dos sistemas de rotulagem ambientais. A adoção e
implementação da ISO 14000, é um poderoso instrumento relacionado à conservação
ambiental.
Muitas empresas causam danos ambientais através de seus processos de produção,
seguindo as normas do ISO 14000, estas empresas podem reduzir significativamente estes
danos ao meio ambiente, é uma forma de utilizarem os recursos naturais de forma racional,
colaborando para o desenvolvimento sustentável e uma melhora da qualidade ambiental, que
se reflete na qualidade de vida de populações do planeta inteiro. Ainda mais, pode agregar
valor aos seus produtos, em um mercado consumidor cada vez mais preocupado com a
questão ambiental.
2.6.4.1 Certificação ISO 14001
A ISO 14001 é uma norma internacionalmente reconhecida que compõem a família
ISO 14000, na qual define o que deve ser feito para estabelecer um Sistema de Gestão
Ambiental (SGA) efetivo nas empresas.
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O objetivo principal da ISO 14001 é a identificação de aspectos e impactos
ambientais, assim como a elaboração de um programa para reduzir esses impactos. Por meio
de controles, metas e monitoramento a organização começa a reduzir ou eliminar seus
impactos ambientais, e demonstrar o seu compromisso com a proteção do meio ambiente,
reforçando a sua imagem institucional.
O foco da ISO 14001:2004 é a proteção ao meio ambiente e a prevenção da poluição,
equilibrada com as necessidades humanas atuais. Estabelece a criação, manutenção e melhoria
do sistema de gestão ambiental, verificando se a empresa está de acordo com sua própria
política ambiental e outras determinações legais, permitindo que a empresa demonstre isso
para a sociedade.
2.7 EMPRESAS QUE ADEREM AOS PROGRAMAS
Cada vez mais o mercado tem exigido a preocupação com o bem estar social e
ambiental, através de práticas adotadas pelas organizações com o meio em que elas interagem,
para fortalecer a responsabilidade ambiental.
Em relação a isso, grandes empresas estão fazendo sua parte para contribuir com a
preservação do meio ambiente, sejam, por meio de programas de recolhimento de aparelhos
descartados, por exemplo, celulares ou pelo menos as baterias, ou então, usando uma
quantidade menor de substâncias tóxicas na produção ou que substituam materiais por outros
menos poluentes.
Um simples gesto ou uma iniciativa podem ajudar a construir um mundo melhor e
mais sustentável para todos nós. Conheça iniciativas de algumas empresas e faça parte dessa
transformação, pois, essas grandes empresas, têm um compromisso com o futuro do planeta, e
mostram que grandes empresas não pensam só no presente.
DELL COMPUTADORES: A empresa Dell se responsabiliza pelo descarte dos
produtos de sua marca. Coleta-os em sua casa/escritório e encaminham-nos para a
reciclagem, gratuitamente.
A Dell, também promove a doação dos equipamentos ainda em funcionamento por
meio de uma parceria com a Fundação Pensamento Digital (FPD). Entre os três
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principais fabricantes de computadores no país, essa é a única empresa que apóia
uma política de coleta de computadores usados.
ITAUTEC: Especializada no desenvolvimento de produtos e serviços de informática,
a Itautec realiza há sete anos um programa de reciclagem de aparelhos eletrônicos.
É reconhecida por sua iniciativa no desenvolvimento do que é hoje um dos projetos
mais avançados em destinação de resíduos eletro-eletrônicos em operação no Brasil.
Esta operação acontece num centro da empresa em Jundiaí, cidade do interior do
Estado de São Paulo, onde está localizada a fábrica da Itautec, e no qual foram
investidos R$ 350 mil na construção de uma área destinada à reciclagem de
equipamentos eletroeletrônicos ao final de sua vida útil.
NOKIA: Deseja ser a líder em desempenho ambiental ao desenvolver práticas de
negócio ambientalmente saudáveis e produzindo produtos sustentáveis. Para garantir a
correta destinação de aparelhos, bateria ou acessórios a Nokia, mundialmente
comprometida com o meio ambiente, criou o programa We:recycle. Através do
We:recycle a Nokia, juntamente com seus parceiros, disponibiliza pontos de coleta
para receber e dar destinação adequada a esses produtos. Colabore entregando esses
produtos em um dos pontos de coleta da Nokia. Desse modo, você estará ajudando a
preservar o meio ambiente e a saúde das futuras gerações.
DESCARTE CERTO: Oferece a estrutura necessária para que o consumidor destine
corretamente o lixo eletrônico. Esse é o trabalho da Descarte Certo, empresa residente
na cidade de São Paulo.
A relação de itens que podem ser recolhidos pela Descarte Certo é extensa e, inclui
Tvs de plasma, iPods, celulares e geladeiras, isso com a comodidade de retirar esses
equipamentos em sua casa.
Os produtos são destinados a recicladoras que possuem certificações exigidas em um
processo ambientalmente correto, que privilegia o reaproveitamento de matérias-
primas e o descarte seguro em aterros de classificação adequada.
WALMART: Os clientes do Walmart passaram a contar a partir de julho de 2011,
com opções de produtos com menor impacto ambiental, no projeto “Sustentabilidade
de Ponta a Ponta”. São 13 itens, desde alimentos e eletrônicos a itens de perfumaria,
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higiene e limpeza, fabricados por algumas das principais indústrias de consumo do
país. Só em resíduos os 13 produtos representam redução de mais de 250 toneladas
por ano, Reduzir a geração dos resíduos diminui a necessidade de utilizar novos
recursos naturais e os impactos no meio ambiente deles decorrentes, com isso, as
metas de sustentabilidade que o Walmart estabeleceu para a área de resíduos foram:
Diminuir a destinação de lixo a aterros sanitários; Reduzir embalagens em 5% em toda
a cadeia de abastecimento; e Reduzir em 50% o consumo de sacolas plásticas até
2013.
Seguindo essa linha, cabe às empresas de forma generalizada, levar em conta a
questão ambiental na seleção de materiais usados em sua fabricação, definir formas e
processos de produção menos poluentes e planejar o design do produto de forma a facilitar o
reaproveitamento.
2.8 RANKING DO GREENPEACE Publicado desde agosto de 2006 pelo Greenpeace, o Guia de Eletrônicos Verdes tem
como objetivo pressionar as empresas a produzir eletrônicos mais limpos e duráveis, que
possam ser substituídos, reciclados e descartados sem prejuízos à saúde humana e ambiental.
Na lista estão dezoito grandes empresas fabricantes de computadores, celulares, TVs e
consoles de jogos eletrônicos. Nomes como Nokia, Apple, Motorola e Microsoft estão na
mira do Guia, que dá pontos por boas práticas e tira quando as promessas deixam de ser
cumpridas.
As empresas são avaliadas em três categorias: Limpar os seus produtos eliminando
substâncias perigosas; Retomar e reciclar seus produtos de forma responsável uma vez que
eles se tornam obsoletos e Reduzir os impactos climáticos das suas operações e produtos.
O resultado positivo já pode ser visto na 16º Edição do Guia de Eletrônicos verdes do
Greenpeace. Foi elaborado um gráfico que usa números de 1 a 10 para indicar o quanto uma
empresa prejudica o planeta. Quanto mais baixo for o valor atribuído, mais danos a empresa
causa ao meio ambiente. A figura 12 mostra o último guia, editado em Outubro de 2010.
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Figura 12 - Ranking “verde” do Greenpeace
Fonte: http://www.greenpeace.org/international/en/campaigns/toxics/electronics/Guide-to-Greener-Electronics/
acesso: 24/07/2011
7.3 Nokia – Permanece em 1° lugar, perdendo pontos em relação à última edição por não
apoiar uma legislação mais severa para a Restrição a Substâncias Perigosas (Restriction of
Hazardous Substances – RoHS). Ganha pontos por baixo uso de tóxicos e perde no quesito
redução de energia.
6.9 Sony Ericsson – Entra no 2º lugar do ranking graças à boa conduta com tóxicos: é a
primeira empresa a obter pontuação máxima em todos os critérios químicos avaliados.
5.3 Toshiba – Traz progressos na eliminação de tóxicos, mas falha em apresentar metas
consistentes para maiores diminuições no futuro e por não apoiar novas diretrizes para o
acordo de Restrição a Substâncias Perigosas (RoHS).
5.3 Philips – O fraco apoio à revisão de RoHS mantém a Philips no 4º lugar, apesar de sua
boa pontuação nos quesitos químicos e energéticos.
5.1 Apple – A subida continua para a Apple, que em três edições passou do 11º ao 5º lugar.
Sua melhor pontuação ficou no critério de químicos: todos os seus produtos estão livres de
PVC e BFR.
5.1 LG Electronics – Promessas não cumpridas impediram a empresa de subir no ranking.
Ter todos os produtos livres de toxinas até o fim de 2010 já não é factível. O novo acordo
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define que celulares cumprirão a meta. Monitores de TV e computadores terão de esperar
até 2012 e aparelhos domésticos, até 2014.
5.1 Sony – Boa atuação em cortes e compensações de emissão de gases de efeito estufa. 75%
da linha de laptops Sony Vaio já preenche os principais requisitos de uso energético.
5.1 Motorola – Pequena queda no ranking, graças ao fraco apoio a uma legislação mais
rigorosa no acordo de Restrição a Substâncias Perigosas (RoHS) e ao posicionamento pouco
definido sobre a completa eliminação de PVC, CRF e BFR no prazo de três a cinco anos.
5.1 Samsung – Queda drástica para a Samsung, que passou de um glorioso 2º para o 7º lugar,
penalizada pelo não cumprimento dos acordos firmados. A empresa prometeu eliminar BFR
até janeiro de 2010, o que não foi realizado. A nova data é janeiro de 2011, mas somente para
computadores estilo notebook. TV e equipamentos domésticos ainda não têm data definida.
4.9 Panasonic – Nada muda para a Panasonic, empresa com boa pontuação em energia, mas
fraca em lixo e reciclagem.
4.7 HP – Melhorou de posição graças ao apoio global à redução de emissões de gases do
efeito estufa, mas peca pela falta de suporte à nova legislação sobre tóxicos (RoHS).
4.5 Acer - Nada muda para a Acer, que se fortaleceu no apoio à nova legislação de
substâncias perigosas.
4.5 Sharp – Perde pontos por não deixar claro seu posicionamento sobre eliminação de
tóxicos e nova legislação de químicos.
3.9 Dell – Fraca no critério de energia, a empresa teve pontos retirados também por não
cumprir o prazo de fim de 2009 para a eliminação de PVC e BFR. A nova data agora é fim de
2011.
3.5 Fujitsu – A empresa melhorou no ranking por apoiar medidas de redução global de
emissões de gases do efeito estufa e por ações mais concretas dentro de casa. Todos os
notebooks e tablets lançados atingiram os últimos padrões requisitados de eficiência
energética.
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2.5 Lenovo – A posição da empresa permanece a mesma, com pontos perdidos graças ao
não cumprimento das metas de eliminação de PVC e BFR até o fim de 2009.
2.4 Microsoft – Perdeu pontos pela falta de adesão a uma nova legislação para o uso de
substâncias perigosas.
1.4 Nintendo - A empresa segue no mau exemplo, com nenhum ganho de pontos.
2.9 A ARTE QUE VEM DO LIXO
Hoje em dia, a troca de celulares, computadores, mp3 e outros aparelhos, são cada vez
maiores e todos vão parar em lixões. Pensando de forma criativa e sustentável, a seguir são
apresentadas peças criadas por artistas plásticos a partir do lixo eletrônico.
Usando de muita criatividade os artistas aproveitam peças de computadores, aparelhos
de som, micro-ondas, TV ou qualquer outro utensílio tecnológico que esteja sendo descartado
para transformar em objetos artísticos – de bijuterias, como telas, esculturas, até móveis.
É o caso, da artista brasileira, Naná Hayne, que começou a criar telas e bijuterias, as
"tecnojóias", a partir de eletrônicos usados.
Figura 13 - Arte criada a partir do lixo eletrônico.
Fonte: http://nanahaynearte.blogspot.com/ acesso em: 23/06/2011.
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Para Naná Hayne, o coração é o ícone do seu trabalho com o lixo eletrônico,
segundo ela isso quer dizer: “amor à tecnologia e ao lixo que ela deixa… transformado” Feito
em placa de circuito impresso, resinado.
Assim, como Naná Hayne, outros artistas plásticos, vêem as possibilidades de
reutilização do lixo eletrônico, é também o caso de Jason Mecier um artista americano que há
15 anos reúne materiais como, controle remoto, placas eletrônicas, telefones celulares e outros
objetos que não tem mais serventia quando chegam ao fim da sua vida útil. Então ele projeta
alguma celebridade e cria seu "retrato falado". O resultado é sensacional! Confira a seguir.
Figura 14 – Artista cria retrato de celebridade através de lixo eletrônico – retrato falado da cantora Pink.
Fonte: ttp://vitrinefashion.blogspot.com/2010_11_01_archive.html acesso: 25/06/2011.
O reaproveitamento de materiais e a transformação de coisas que não são mais úteis
em algo útil, verem novas possibilidades para elas, além de ser ecologicamente correto, está
se dando uma segunda chance a algo que já não servia mais, e que provavelmente iria para em
lixões.
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Figura 15 – Artista cria retrato de celebridades através de lixo eletrônico – retrato falado da cantora
Lady Gaga.
Fonte: http://portaldasustentabilidade.blogspot.com/2010_09_01_archive.html. acesso em: 26/06/2011.
As celebridades são personalidades glamurosas, “impecáveis” e costumamos vê-las
em fotos, outdoor e Mecier transmite a partir da reciclagem ou até mesmo lixo a imagem
desses famosos.
Poucas vezes encontramos pessoas que se preocupam onde o lixo vai parar, seja ele
um lixo reciclável, eletrônico e entre outros. Mas quando encontramos tais pessoas, acabamos
nos surpreendendo com o trabalho magnífico realizado.
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Figura 16 - Arte criada a partir do lixo eletrônico
Fonte: http://netica.org.br/educadores/fichas-pedagogicas/ficha-07-metareciclagem.pdf?view=true acesso em:
23/06/2011
Figura 17 - Arte criada a partir do lixo eletrônico
Fonte: http://netica.org.br/educadores/fichas-pedagogicas/ficha-07-metareciclagem.pdf?view=true acesso em
23/06/2011
Quando falamos em lixo eletrônico, podemos traduzi-lo como o resultado de um
avanço tecnológico cada vez maior transformando em fração de meses um equipamento em
algo obsoleto. Essa espécie de lixo quando descartada em locais inadequados pode parar em
aterros sanitários o que resulta em prejuízo imensurável para o meio ambiente.
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Então, quebrando essa cadeia que prejudica ao meio ambiente e ao homem, com
muito estilo, design e arte, artistas plásticos se destacam desenvolvendo um trabalho original
feito a partir destes resíduos eletroeletrônicos.
Esses artistas aproveitam aquilo que seria apenas lixo tecnológico para mostrar que
tudo que é feito por mãos humanas, pode ter muita beleza. Gabinetes, placas-mãe, e outras
peças são dispostos com muita criatividade e viram esculturas únicas.
A arte é apenas um exemplo de como o lixo que produzimos pode se transformar em
coisas boas. Placas de circuito, teclados, celulares entre outros materiais, podem virar objetos
de decoração, bolsas, acessórios, brinquedos ou, como mostra esses artistas, em arte, com um
toque de sustentabilidade.
2.9.1 Lixo Extraordinário
Ainda não foi desta vez que o Brasil ganhou seu primeiro Oscar. A esperança estava
depositada em Lixo Extraordinário, que concorria na categoria de melhor documentário.
Filmado ao longo de dois anos (agosto de 2007 a maio de 2009), Lixo Extraordinário
acompanha o trabalho do artista plástico Vik Muniz, em um dos maiores aterros sanitários do
mundo: o Jardim Gramacho, situado na periferia do Rio de Janeiro. O documentário mostra o
encontro de Vik Muniz com sete trabalhadores locais e lá, ele fotografa o grupo de catadores
de materiais recicláveis.
O objetivo inicial de Vik Muniz era retratar os catadores em sua rotina. Mas seu
contato direto com pessoas que, mesmo postas à margem da sociedade, revelavam grandeza
de alma, provocou no artista o desejo de mudar a vida daquelas pessoas, oferecendo-lhes
sonhos, outras formas de pensar e a possibilidade de enxergar beleza no que antes era um
amontoado de lixo.
Em meio às montanhas de lixo, surgem então as figuras que nós mesmos não damos o
devido valor até nos questionarmos a importância deles: os catadores de lixo. Aliás, catadores
de lixo não, catadores de materiais recicláveis. São eles os responsáveis pela proteção da
natureza, evitando que a degradação ambiental seja um problema menos devastador do que
poderia vir a ser.
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Figura 18 - Transformação do material descartado em obras
Fonte: http://poseseneuroses.blogspot.com/2011/03/critica-lixo-extraordinario-waste-land.html. Acesso em:
27/06/2011
Figura 19 - Transformação do material descartado em obras
Fonte:http://poseseneuroses.blogspot.com/2011/03/critica-lixo-extraordinario-waste-land.html. Acesso em:
27/06/2011
O espectador de Lixo Extraordinário poderá se emocionar e refletir sobre várias
questões relevantes: o consumismo que afeta diretamente o ambiente; o problema, ainda
crítico, dos aterros sanitários, ou os chamados lixões a céu aberto, que recebem não somente
lixo doméstico, mas lixo hospitalar e industrial.
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2.9.2 Abertura de Passione - Vik Muniz
Outro trabalho de Vik Muniz, que chamou atenção e que fez a maioria das pessoas
conhecerem o trabalho desse grande artista foi a Abertura da novela Passione, onde Vik
utilizou 4,5 toneladas de lixo para produzir a obra que faz parte da abertura da novela.
Figura 20 - Obra que Vik Muniz criou especialmente para a abertura da novela 'Passione'
Fonte: http://poseseneuroses.blogspot.com/2011/03/critica-lixo-extraordinario-waste-land.html acesso em:
16/07/2011
Realizada a partir da foto de um casal se beijando, Vik Muniz produziu a obra
somente com lixo, e é exatamente isso que torna a obra ainda mais interessante. “Quem a vê
frente a frente tem a nítida percepção de estar vendo somente lixo sob seus olhos, entretanto, a
possibilidade de vê-la por outro ângulo, faz o espectador perceber aquilo que o artista, de fato,
quer transmitir”, afirma Muniz.
“A reciclagem foi um dos assuntos que a novela 'Passione' abordou. E o
reaproveitamento do lixo é um tema que vai ao encontro do meu trabalho”, explica o artista,
que usou pneus para reproduzir os cachos do cabelo da "musa" que aparece na instalação. É
incrivelmente encantador como Muniz consegue realizar uma representação do real com
coisas que até então considerávamos inúteis ou incapazes de se transformarem em arte.
Encontrar formas cada vez mais criativas para mostrar, a sociedade em geral, que o
“ser sustentável” está ao alcance de cada um de nós, e que absolutamente, todos tem o poder e
a oportunidade de ajudar na luta pela conservação do planeta, é se defrontar com as obras do
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artista plástico brasileiro Vik Muniz.
Apesar de todas as iniciativas apresentadas para o descarte correto do lixo eletrônico,
de modo geral, não é animadora. Pois, na maioria das vezes, a destinação adotada para o
descarte ainda são os aterros sanitários, existindo em poucas cidades a correta destinação
desse material.
Na luta diária de nós humanos pela sobrevivência, não temos tido tempo de parar e
pensar no futuro de nossa Terra, e o quanto o grau de degradação que nossas ações estão
causando. Nossa preocupação com o agora, deixa-nos esquecidos de que temos que pensar no
futuro ambiental, e que plantamos gerações e somos responsáveis por suas vidas.
Assim, caminhamos como se fossemos os mais importantes seres terrestres,
introduzindo aos demais violenta agressão, para satisfazer nossos interesses, nem sempre
nobres.
O que deixaremos para o futuro? Esta é a primeira reflexão a ser feita.
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CAPÍTULO III
3. ESTUDO DE CASO - CEDIR
Um em cada cinco aparelhos eletrônicos fabricados no Brasil está quebrado - em casa
ou na prateleira de alguma assistência técnica - esperando a hora de ser jogado no lixo, o que
prejudica o meio ambiente. São milhões de computadores, telefones e outros aparelhos
eletrônicos nessa situação. Mas já começam a surgir alternativas para esse problema. Uma
delas é um exemplo que vem da maior universidade pública do país.
A Universidade de São Paulo (USP) como uma instituição pública e formadora de
opinião, pode contribuir com ações de sustentabilidade nos três âmbitos da sustentabilidade:
econômico, social e ambiental. Para tanto, tem trabalhado desde meados de 90 em programas
importantes como o PURA (Programa de Uso Racional de Água), PURE (Programa de Uso
Racional de Energia Elétrica) e USP Recicla (Programa de Gestão Ambiental e Educação
Ambiental).
Neste cenário, o CCE (Centro de Computação Eletrônica), responsável pela prestação
de serviços de Tecnologia de Informação para USP, criou, em 2007, a sua Comissão de
Sustentabilidade. O objetivo desta comissão é identificar e implantar práticas sustentáveis
para complementar os programas já existentes da USP. No decorrer das atividades, a
comissão detectou um problema, até então, não tratado pelos programas de Sustentabilidade
da USP, o do lixo eletrônico.
Então foi inaugurado em dezembro de 2009 o Centro de Descarte e Reuso de Resíduos
de Informática – CEDIR, que funciona na cidade universitária no campo da USP em São
Paulo, e implementa as práticas de reuso e descarte sustentável de lixo eletrônico, incluindo
bens de informática e telecomunicações que ficam obsoletos.
O CEDIR está instalado em um galpão de 400 m2 com acesso para carga e descarga
de resíduos, área com depósito para categorização, triagem e destinação de 500 a 1000
equipamentos por mês. Como resultado da sua operação, garante-se que os resíduos de
informática da USP passem por processos que impeçam o seu descarte na natureza e
possibilitem o seu reaproveitamento na cadeia produtiva. Este projeto está alinhado com as
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diretrizes de Sustentabilidade definidas pela ONU.
O CEDIR conta com cinco funcionários e teve investimento inicial de R$ 250 mil.
Três técnicos trabalham para desmontar toneladas de equipamentos, essas peças que vão
desde cobiçadas placas com fios de ouro até parafusos serão utilizadas em computadores
remanufaturados ou vendidas para empresas de reciclagem de materiais específicos. Confira a
seguir como funcionam as etapas de operação do CEDIR.
Figura 21 – Fluxograma CEDIR
Fonte: http://www.usp.br/gestao2005-2009/imagens/1_f2_001.jpg acesso em 30/08/2011.
Etapas de operação do CEDIR.
Primeira Etapa – Coleta e Triagem: O processo tem início com a recepção de peças e
equipamentos de informática. O primeiro objetivo é avaliar a possibilidade de
reaproveitamento. Em caso positivo, ele é encaminhado para projetos sociais na forma de
empréstimo. A forma de empréstimo foi adotada para garantir que este bem de informática
retorne ao CEDIR e tenha um destino sustentável, ao final da sua vida útil. Os equipamentos,
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que não puderem ser reaproveitados por projetos sociais, serão encaminhados para a etapa
de categorização.
Segunda Etapa – Categorização: Nesta etapa, tais equipamentos são pesados, desmontados e
separados por tipo de material (plásticos, metais, placas eletrônicas, cabos, etc). Os materiais
do mesmo tipo são descaracterizados e compactados. A compactação é realizada devido à
necessidade de reduzir o volume e, conseqüentemente, reduzir o seu custo de transporte.
Terceira Etapa – Reciclagem: Por último, os materiais categorizados são armazenados até o
recolhimento por empresas de reciclagem, devidamente credenciadas pela USP e
especializadas em materiais específicos, como plástico, metais ou vidro.
Para estimular a expressão artística e incentivar a reflexão dos alunos para as questões
ambientais e ações sustentáveis relacionadas ao lixo eletrônico e projetos socioambientais foi
iniciado um concurso para a escolha do logotipo do CEDIR.
O objetivo do concurso era selecionar o logotipo que melhor conseguisse expressar o
conceito de trabalho do CEDIR. Entenda-se como logotipo CEDIR a representação gráfica de
forma figurativa ou abstrata dos dizeres da sigla CEDIR. Na época do concurso concorreram
alunos de graduação, maiores de 18 anos e regulamente matriculados em instituições de
ensino superior do território brasileiro.
A Comissão Julgadora do concurso foi constituída no total de 5 (cinco) pessoas, sendo
dois representantes do CCE-USP e os demais por docentes e profissionais da área de
Comunicação e Design. A seleção do “Logotipo CEDIR” foi realizada em apenas uma fase
onde se indicaram a classificação dos 3 (três) melhores trabalhos, sendo um deles o logotipo
vencedor.
Em terceiro lugar ficou o estudante Richard Yukio Yoshida Santos da Universidade
Anhembi Morumbi. Em segundo lugar o estudante Ricardo Nucci Vieira da Universidade de
São Paulo. E em primeiro lugar a aluna Luisa Orsini Cavalcanti da Universidade de São
Paulo, com o logotipo , os premiados do concurso ganharam no primeiro
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lugar um notebook da Positivo e certificado de participação; o segundo e terceiro lugares
um netbook da Positivo e certificado de participação.
O logotipo vencedor será utilizado em todos os materiais que o CEDIR julgar
pertinente, como documentos administrativos, site, cartazes, placas, folder e demais materiais
informativos e multimídia.
Por suas iniciativas o CEDIR-USP foi um dos vencedores do Prêmio Info Exame
2010, obtendo 48% dos votos na categoria Iniciativa Verde. O prêmio foi promovido pela
revista Info, da Editora Abril. O segundo colocado foi o celular Solar da Samsung, com 31%
dos votos. A terceira colocação ficou com a Estação Vila Prudente do Metrô de São Paulo,
com 21%. Os vencedores do prêmio foram escolhidos pelos leitores, que votaram pela
internet ou pelos formulários encartados na edição de outubro. Participaram da disputa 99
candidatos em 33 categorias, indicados pela equipe da revista.
O Centro de Computação Eletrônica (CCE) da USP foi também um dos vencedores na
categoria “Inovação em Gestão Pública” da sexta edição do Prêmio Mário Covas, realizada no
ano passado (2010) com o projeto “Tratamento Sustentável de Lixo Eletrônico”. Este projeto
envolveu o CEDIR, que tem como objetivo receber computadores e outros materiais
eletrônicos descartados pela USP avaliá-los e, caso possam ser reaproveitados, encaminhá-los
para entidades sociais.
Os 15 trabalhos vencedores, entre eles o do CCE, foram selecionados entre 41
semifinalistas. O prêmio é uma iniciativa da Fundação de Desenvolvimento Administrativo de
São Paulo (Fundap), ligada à Secretaria Estadual de Gestão Pública, que busca identificar e
valorizar as boas práticas de gestão pública.
Para realizar este estudo de caso no CEDIR-USP, efetuamos uma entrevista com a Sra.
Neuci Bicov Integrante da Comissão de Sustentabilidade do CCE-USP desde 2007, e
participante do projeto do CEDIR. Graduada em Licenciatura Matemática no IME/Instituto de
Matemática e Estatística da USP (1992) e Pós Graduada Lato Sensu em Gestão Ambiental do
Espaço Urbano no Unifieo/ Fundação Instituto de Ensino para Osasco (2007), Especialista em
Gestão Ambiental.
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Optamos por realizar a pesquisa por meio de questionário, sendo o mesmo
composto por onze questões, com o intuito de conhecer as práticas utilizadas pelo CEDIR
para a destinação desses equipamentos quando termina sua vida útil, ou descartada antes do
tempo.
1- Como surgiu à idéia do projeto (CEDIR)?
Neuci: A idéia da criação do centro de descarte surgiu depois que funcionários do Centro de
Computação Eletrônica (CCE) da USP fizeram a coleta do lixo eletrônico existente dentro do
próprio CCE, em meados de 2008. Na ocasião, os cerca de 200 funcionários do centro
também levaram equipamentos de suas casas, e o resultado foram 5 toneladas de produtos
descartados.
2- O que acontece com os eletrônicos que ainda podem ser utilizados?
Neuci: Os equipamentos e peças que ainda estiverem em condições de uso serão avaliados e
enviados para projetos sociais, atendendo, assim, a população carente no acesso à informação
e educação. No final de sua vida útil, tais equipamentos deverão ser devolvidos pelos projetos
sociais à USP, para que possamos lhes dar uma destinação sustentável, via CEDIR.
3- Qual é a quantidade em quilogramas que o CEDIR recebe mensalmente
de materiais eletrônicos?
Neuci: São encaminhados 6 toneladas de eletrônicos por pessoa jurídica e 2 toneladas por
pessoa física mensalmente.
4- Qual o custo mensal para manter o funcionamento do CEDIR?
Neuci: O custo mensal que a USP disponibiliza para o funcionamento é R$20.000,00.
5- O CEDIR tem algum tipo de lucro financeiro?
Neuci: Não há entrada de dinheiro no CEDIR, o que existe são parcerias com empresas e
entidades para destinação do material eletrônico.
6- Quanto em números ou percentagem de descarte de lixo eletrônico
(computadores ou periféricos) é aproveitado?
Neuci: De todos os eletrônicos enviados ao CEDIR, 90% são reaproveitados.
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7- Qual a destinação dos eletrônicos que não são reaproveitados pelo
CEDIR?
Neuci: Os eletrônicos que não podem ser reaproveitados são enviados de volta para os
fabricantes.
8- Quais são os maiores problemas enfrentados pelo CEDIR?
Neuci: Os maiores problemas do Cedir são a grande quantidade que recebemos, pois o espaço
já esta pequeno, e a quantidade de funcionários, são três técnicos para um recebimento e
tratamento de mais de 8T por mês.
9- Qual o problema que o CEDIR enfrenta para fazer a logística reversa?
Neuci: O problema que o CEDIR enfrenta é a logística de algumas empresas que não
disponibiliza a retirada do eletrônico e com isso o material fica parado ocupando o espaço.
10- Em sua opinião, o descuido com o lixo eletrônico pode ser uma falha
devido ao fato de o assunto ser pouco divulgado?
Neuci: No Brasil a reciclagem em geral de qualquer resíduo sólido é pouco divulgada e
estimulada. O descarte de REEE sofre do mesmo problema que os demais resíduos.
11- Qual seria a solução mais viável para o problema do lixo eletrônico?
Neuci: Com a Lei estadual aprovada e a Lei Federal em implantação já tem a solução, que é a
logística reversa, onde o fabricante se responsabiliza pelo tratamento correto do material que
produz. Outra atitude importante é a diminuição do consumo, ou seja, ser mais consciente na
compra de eletrônicos e tentar prolongar a vida útil destes. Nas novas leis aprovadas, o
consumidor também é responsável pelo lixo que produz, e pode ser também multado se
descartar esse material incorretamente.
A abordagem do capítulo III – CEDIR aponta claramente a ligação com o capítulo I
que trata do Lixo Eletrônico e o capítulo II, no que diz a Sustentabilidade. De uma forma
geral esta monografia mostrou na teoria o que é apresentado na prática pelo CEDIR, pois o
mesmo desenvolve um projeto voltado ao tema e procura em suas ações dar um destino
ambientalmente correto para o lixo eletrônico.
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Este projeto se mostrou bastante viável, uma vez que a sua implantação cria
soluções para projetos sociais, e implementa as praticas de reuso e descarte sustentável de lixo
eletrônico. O que manifesta uma ligação com o conteúdo exposto em todo este trabalho,
porque tanto este como o projeto CEDIR procuram contribuir para se ter um mundo melhor a
cada ação feita bem sucedida, ambos procuram chamar a atenção mostrando alternativas, e ao
mesmo tempo querendo que isso não pare por aqui, que tenha continuidade.
Uma vez que estudos mostram que o Brasil é campeão na geração do lixo eletrônico, a
decisão da USP em implantar o CEDIR merece todos os elogios e reconhecimentos possíveis.
CEDIR – Centro de Descarte e Reuso de Resíduos de Informática
Para maiores informações sobre o CEDIR e dúvidas a respeito do projeto de
sustentabilidade envie e-mail para cedir.cce@usp.br.
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CONCLUSÃO
Na última década o crescimento por consumo de produtos eletrônicos no Brasil e no
Mundo tem levantado a questão sobre a degradação ambiental e suas conseqüências na saúde
humana, em decorrência do descarte incorreto desse tipo de produto. O tratamento adequado
dos equipamentos eletrônicos, no sentido de reduzir os impactos negativos, implica em
melhores condições de vida.
Na busca desse ideal, esta monografia se propôs a colaborar para o esclarecimento de
conceitos referentes ao lixo, forneceu informações sobre as conseqüências do descarte
inadequado do lixo eletrônico, pois, uma coisa fica clara, o lixo eletrônico é um problema
tanto para o meio ambiente quanto para a saúde humana, pelo fato de possuir muitos
componentes tóxicos em seus aparelhos.
E se propôs a mostrar como praticas sustentáveis tem se revelado viáveis, como
pequenas mudanças no comportamento cotidiano podem fazer toda a diferença para proteger
e melhorar a qualidade ambiental.
Soluções como a busca de conhecimento sobre como proceder para minimizar os
danos causados por esse tipo de lixo, ajudam a alcançar bons resultados. A divulgação e,
principalmente, práticas mais sustentáveis foram mostradas para incentivar na mudança desse
cenário, colaborando para o tratamento adequado do lixo eletrônico.
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APÊNDICE A: LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO DO
ESTUDO DE CASO - CEDIR
1. Fachada do CEDIR.
2. Neuci Bicov integrante da Comissão de Sustentabilidade do CCE-USP e participante do projeto
CEDIR