Post on 09-Dec-2018
CANTARESVAQUEIROS
Subcomediante E-1
Poesia
O autor deste livro, SubcomedianteE-1 (na foto enviada por ele próprio),diz ter nascido a doze de Outubro de2002, dia da hispanidade, num pub deCompostela. É esta a data em que secriou o colectivo de que fai parte, e aquem confessa dever tudo o que é.Falamos da Via Anti-Colonial Activa(VA-CA), umha organizaçom nom-organizaçom nascida com o difícilobjectivo de atingir a descolonizaçommental daquilo que eles chamam aSociedade Zómbica Galega. As armasempregadas para este fim? As maiscontundentes possíveis: o humor, aparódia, a substituiçom simbólica e osurrealismo político, como se pode lernos Princípios Axiomáticos Básicosda organizaçom, disponíveis no seusite (http://www.va-ca.org).
Para aquelas pessoas que costumem consultar o Portal Galego da Língua,a VA-CA nom é, nem muito menos, umha desconhecida. Algumhas dassuas campanhas, como a de Eurovisom, em que se pedia o voto para aBélgica por ter como cantante umha filha de emigrantes galegos, ou a recentecampanha em defesa do Galego Cerrado, em que a organizaçom defende ospostulados do luso-reintegracionismo, tiveram grande presença no nossoPortal e mereceram a atençom dos e das nossas visitantes.
Cantares Vaqueiros é apenas um extracto com alguns dos poemas queintegrarám o livro, um projecto mais ambicioso, em que o SubcomedianteE-1 está ainda a trabalhar. A sua presença já na rede responde à vontadeexplícita, por parte do autor, de contribuir para o nascimento da GZe-ditora.Desde estas linhas, o nosso agradecimento.
Eugénio Outeiro e Valentim Rodrigues Fagim
Co-responsáveis pola GZe-ditorae membros da Comissom de Informática da
Associaçom Galega da Língua (AGAL)
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ÍNDICE
Capa...............................................................................................1
Apresentaçom.......................................................................................2
Índice.............................................................................................3
Cantares Vaqueiros
Prólogo...........................................................................................4
Comunicaçons do Subcomediante aos Passageiros.............................5
Instáncia -1 (à Sociedade Zómbica Galega)..........................................7
Estádio de Sítio - 1..............................................................................10
Poema de Amor para umha Vaca.........................................................11
Um Sonho..........................................................................................13
Estádio de Sítio - 2..............................................................................15
As Palavras do Avô................................................................................16
Publicidade.......................................................................................18
Estádio de Sítio - 3..............................................................................19
Zapping...........................................................................................20
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Quero que te relaxes
Respira fundo
Agora fixa a olhada neste péndulo
Vou contar até cincoe vas ficar profundamente dormido
Umas pálpebras começam a pesar-te
Douspesam ainda mais
Trêsnom podes resistir o peso
Quatroos olhos fecham-se-che sós
Cincodormes
dormesdormes
Já podes começar a ler o livro
PRÓLOGO
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COMUNICAÇONS DO SUBCOMEDIANTE AOS PASSAGEIROS
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1
Senhores passageirossenhoras passageiraso Subcomediante E-1e sua inexistente tripulaçomapresentam-lhe as boas vindasao voo 001das Linhas Aéreas Virtuais Galegas
2
Advirte-se aos senhores passageirosque por motivos de segurançaé favor deixarem os preconceitosno compartimento acima das suas cabeçasou sob os assentos à sua frente(em qualquer caso, fora das consciências)
3
A hora estimada da decolagem é GMT +1A hora estimada da aterragem é GMTO tempo estimado do voo é desconhecido(queiram, portanto, ocupar suas poltronas)
4
Mantenham as cabeças em posiçom anti-colonialos corações em posiçom genitale as portinholas da conciência abertas
Estamos a atravesar turbulências
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5
Informamosque por determinaçom das autoridades coloniaisfica proibida a utilizaçom a bordode todo o tipo de subversom ou luita
6
Informamos tambémque por auto-determinaçom mentalserám ignoradas nos nossos voosas autoridades coloniaise as outras
EuSubcomediante E-1nado num lugar indeterminado da geografia galega(ponhamos, por exemplo, Compostela)sem bilhete de identidades- sem identidademais que esta máscara de bóvido galego -residente na redeagá tê tê pêdous pontosbarrabarratriple dábliupontova(hífen)capontooerregê
EXPONHO
- que a luita pola descolonizaçom mental deste país(Galiza)leva já um ano em andamento
- que esta luita (justa e necessária)tem atingido em pouco tempograndes objectivos
- que a Via Anti-Colonial Activa(organizaçom de que faz parte o abaixo-assinante)é a vanguarda nacional retranqueira
INSTÁNCIA – 1 (À SOCIEDADE ZÓMBICA GALEGA)
7
tendo acordado nom poucos galegosdo seu sono zómbico
- que apesar dos logros e as ínfimas vitóriasumha quantidade indefinidamas con certeza inabarcável(ponhamos por exemplo aproximado- e entenda-se como umha alegoria -a superfície enegrecida dos fundos marinhosa distánciada superfície do mar até ao Prestige)muitos milhares de quilómetros quadradosde massa encefálicaestám por libertar
Considerando o qual
RECOMENDO:(ruminando)
- que a Sociedade Zómbica Galega(doravante SZG)empunhe a arma da ironia
- que a SZGavancesorriso em maoe coraçom em risteao encontro dos exércitos invasoresda colonizaçom mental
- que adiram à VA-CAa única organizaçom sem líderesnem liderados(vid. Princípios de Organizaçom Internana nossa página web)
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- que vencendo ou perdendose conserveum riso na bocacomparávelpola extensom e pola formaà cornamenta de umha vacao grande totem
E para que tudo isto constee seja considerado como deveassina-se esta instáncia na Galizaa doze de Outubro de dous mil e três
(Assinatura ilegível)
Subcomediante E-1
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...O Generalísimo que pom a bola em jogo...
Calvo Sotelo passa a Adolfo SuárezAdolfo Suárez passa a Martín VillaMartín Villa passa a Jiménez de PargaJiménez de Parga passa a Blas PiñarBlas Piñar que se desmarcae golo!golo!golo!golo de Tejero em própria porta!
ESTÁDIO DE SÍTIO – 1
10
Quando vejo-teEh-ah-oh! Marela! Hei!
o meu coraçom se me vai do peitoe as minhas maos me tremem
Se dis-me algumha cousaEh-ah-oh! Marela! Hei!
os meus ouvidos constroem uma sinfoniaque mete-se no cérebro como a cançom de veraoe é preciso para tirar de cima (a?)a ajuda de Georgie DanChiquitoe toda a família do tomate
Se beijas-me(na boca, é claro que na boca)
Eh-ah-oh! Marela! Hei!te mordo os beiçosmastico beme com a tua saliva fago um bolo alimentícioque percorre a minha gorjachega ao estómagoe repete-se durante toda a tarde
Quando tocas-me-se por acasochegas-me a tocar –
Eh-ah-oh! Marela! Hei!me chega um arrepioque percorre-me o corpoe nom podo-to esconder mais tempo,e to tenho que dizer:
POEMA DE AMOR PARA UMHA VACA
(a Rompente e Ronseltz, in memoriam)
11
te queroEh-ah-oh! Marela! Hei!
e é por ti que ponho mal os pronomese até(che
telhe
moma
osas)
ponho pronomes de mais
12
Um fantoche surgiu de entre todos os zómbies
Tirou a máscara e era Ana Kiro
um grupo de mariáchis rompeu-lhe as guitarras na cabeçameteu-lhe a trompeta polas orelhase passou-se ao Ska
Tirou entom a máscara e era Gayoso
um grupo de pandereteiras selvagens e incontroladasgritárom no seu ovido até deixá-lo surdoMarica Chus Chus apagou o candil definitivamente
Tirou de novo a máscara e era Juan Pardo
um jumento fodeu a sua éguaumha andorinha cagou-se-lhe nos olhose já nom pudo ver a TVG
Tirou a máscara e era O Homem da Gomina
o nariz cresceu-lhe até ao fundo do marrespiroue morreu afogadoPinóquio riu-se dele exageradamente
Tirou a máscara e era o Apóstolo Santiago
um barco de pedra levou-no a fazer um cruzeiro no Caribedurante a viagem os piratas cortaram-lhe a cabeça(mas esta vez a sério)Na sua ausência Prisciliano respirou tranquilo
UM SONHO
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Tirou a máscara e era o Presidente da Junta
um camiom cheio de votos popularescaiu-lhe democraticamente sobre a cabeçaA Cidade da Cultura nom pudo albergar seus restos
Tirou a máscara e era Mariano Rajoy
umha equipa masculina de futebol meteu-lhe a constituiçom polo ânusdesesperadoabandonou a política
14
...O Generalísimo que volta a pôr a bola em jogo...
Fraga passa a JosemáriJosemári passa a MarianoMariano passa a Don LimpioDon Limpio passa a de Mesade Mesa que se desmarcade Mesa!de Mesa!de Mesa!de Mesa passa palavra!
ESTÁDIO DE SÍTIO - 2
15
o avô falou comigo aquela tardeagora os jovensdixonom sabedes dar valor ao que tendese fijo um gesto com as maos como de desesperaçom ou vácuonos meus tempos as cousaseram-che bem distintase arquejou as sobrancelhas para dizê-lotínhamos ideaisprogressoliberdadedemocraciaera outra cousae moveu a cabeça para os lados numa espécie de negaçom do presentee tu andas a meter-te nesses temasarranjando problemasnom o neguese pousou a mirada nos meus olhos com meio sorriso nos beiçose total para nadapara que te manipulempara que sejam outros a levar a glóriae chistou fazendo um novo movimento de cabeça para continuar a
[falartu fai-me caso a mim e deixa-o tudodedica-te ao teuque é o único que realmente importae dixo-o energicamente como afirmando com a cabeçao que vos passa é que vos damos tudo feitonom tivestes que passar a ditadurae os olhos fôrom-se-lhe para o alto como quem tem saudadesesses sim que eram tempos difíceisluitávamos contra Francopara que vós agora pudéssedes dizer o que pensadese fijo uma pausa como para colher alento e continuar a dizer mais
[calmamente
AS PALAVRAS DO AVÔ(aos e às membros do JA-TO)
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e depois que vos demos tudo istoainda protestadescomo se vivêssedes male voltou negar com a cabeça como se me levasse a contrárianom vou dizer-te que este seja um mundo perfeitomas é que nom sabedes o que passamos para dar-vos istopara que vivades com esta liberdadee calou largamente como pensando em suas cousas
ou sejapenseique nom protestemosporque eles perdérom a vida prostestandopara que nósagorapodamos protestar
e mentalmentefigem um gestocom o dedo
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Mariano Rajoy e o Presidente da Juntacorrem um para o outrode braços estendidos
Acontece o vento dar-lhes aos dous na caraformando ondulaçons graciosas nas suas roupas e cabeloapesar de correrem em sentidos opostos
Os dous levam um sorriso estampado na bocae o planoe o contra-planoalternam-se para mostrar-nos as suas faces felices
Umha música romântica e pegadiça soa de fundoumha melodia in crescendo que chega ao clímaxquando os personagens se abraçamrolam pola areiase beijam e acaríciame uma vaga de mar molha os seus fatos e gravatas
A praia está esplendorosadisquee uma voz em off susurra-nos ao ouvido
ATLÂNTICO GALEGO(água de colónia)
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...O Generalísimo que volta a pôr a bola em jogo...
Gayoso passa a Alberto ComesanhaAlberto Comesanha passa Ana KiroAna Kiro passa a Juan PardoJuan Pardo passa a Pili PampimPili Pampim que se desmarcaPili Pampim!Pili Pampim!Pili Pampim!Pili Pampim! Pim! Pam! Pum!
ESTÁDIO DE SÍTIO - 3
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1
Agora com a comprado curso CCC de política aplicadaumha Nancy Seisdedosde regalo
2
Confirmam-se as suspeitasSadam Husseim mantinha relaçonscom o temido terrorista internacionalRonald McDonald
3
Nova campanha de recrutamento do exército espanhol:Queres saber a que cheiram as nuvens?Pensa em verde. Ar!!
4
Milo Pereira serve umha fecha de aguardentea Arnold Schwarzenegger
Arnold que marcha sem pagarMiro que saca a recortada
Hasta la vista, baby...
ZAPPING
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5
Disque a constituiçom espanholacomprou um político nacionalistapor fascículos
- (ou era ao contrário?)
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A presente ediçom de Cantares Vaqueiros, doSubcomediante E-1, é distribuída pola
GZe-ditora, projecto editorial electrónico daAssociaçom Galega da Língua (AGAL),emarcado no Portal Galego da Língua.
http://www.agal-gz.org