Post on 27-Jan-2016
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Calendário de Acompanhamento da Natureza e da Vida do Povo Xacriabá
FIEI-PROLIND
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Universidade Federal de Minas Gerais
Faculdade de Educação – FIEI/REUNI/PRO-
LIND
Prof. Marcia Spyer
Monitor Hely Rodrigues
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Calendário de Acompanhamento da Natureza e da Vida do Povo Xacriabá
FIEI-PROLIND
Trabalho realizado com alu-
nos de etnia Xacriabá/MG no
curso de Licenciatura Indígena da
UFMG-REUNI-FIEI-PROLIND
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Tempo da Seca
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TEMPO DA SECAQuitéria, Luzineide, Nelza, Alice, Maria Aparecida e Evaristo
Vamos falar dos tempos
da terra Xacriabá.
de abril a setembro
o povo começa a roçar
derruba rebaixa e queima
pra depois encoivarar.
È tempo de terra seca
Tempo de muita poeira
Tempo de fazer artesanato
Colar, cachimbo e pulseira.
Em abril comemoramos
Com muita animação
O dia do índio
Em nossa região.
Também comemoramos
Com bastante alegria
No mês de maior
As novenas de Maria.
Em junho comemoramos
A festa de São João,
ele é o padroeiro
Daqui da região.
As folhas velhas caem
Ficando amareladas
De junho a agosto
As árvores ficam peladas.
Também nessa época
Os animais começam sofrer
Procurando nas matas
Folhas verdes para comer
Sombra pra descansar
E água fria para beber.
Agosto para nós
É um mês de muita luz
Levantamos o mastro
Em louvor ao bom Jesus.
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Já no mês de setembro
As árvores começam florir
Todos ficam alegres
Esperando o fruto vir.
Versos 2
Vamos falar da seca
Lá no Xacriabá
Pois é um tempo
Que temos que cuidar.
Da mata o roçado
Pô fogo encoivarar
Temos que ter cuidado
Para o fogo não passar.
Pro fogo não passar
Para o outro lugar
Não podemos destruir
Precisamos preservar.
No tempo da seca
Temos muita poeira
È a época mais quente
Isso não é brincadeira.
Nessa época fazemos
Muitos artesanatos
Colares pulseiras
panelas anéis e pratos.
Fazemos também
muitos eventos
aniversários e rezas
e também casamentos
Na época da seca
É triste demais
Pois é nessa época
Que as folhas cai
E nisso quem sofre
São os animais.
Os animais coitados
Fica triste e fracos
Pois sofrem de fome
Sem água e sem mato.
Sem água e sem mato
Não dar pra viver
Então os bichinhos
Começam a sofrer.
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Depois de sofrer
Começam alegrar
Pois voltam o verde
No Xacriabá
O verde volta
No mês de outubro
Pois é maravilhoso
O verde do mundo.
Versos 3
No tempo da seca
Lá no Xacriabá
A terra é muito dura
Que nada pode plantar
Lá no Xacriabá
Muitos terrenos são ressecados
Os animais vivem fracos
E também desanimados.
Quando as folhas caem
Fica uma solidão
As árvores desfolhadas
Que toma conta do chão.
De setembro para outubro
Tudo vai se animar
As árvores se começam
Todas se reflorestar
No mês de setembro
É tempo de encoivar
Os homens vão pra roça
E as mulheres vão ajudar.
Quando terminar as coivaras
As mulheres vão descansar
Vão procurar as sementes
Pra no tempo se plantar.
No ano de 2009
Acabou ficando no chão
As pessoas cuidaram das roças
Sem ver a cor da alimentação.
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Praticamos a tradição
Fizemos muita pintura
O povo Xakriabá
Dança, pula, canta
Com animação pura
Nos dias Santos comemoramos
Com festejo e animação
Com reza reis e samba
Alegramos nossa nação.
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TEXTOCilene Araújo, Elizabete, Valdeir, Elzio, José Reis, José Nunes, Wilson e Nilma.
A vida do povo Xacriabá é marcada e orientada basica-
mente por dois tempos: o tempo da seca que vai de abril a
setembro e o tempo das chuvas de outubro a março.
Dentro desses dois tempos há uma infinidade de ativi-
dades sendo elas produtivas, sociais e rituais.
Em cada mês há uma seqüência de atividades.
Abril
O mês de abril para nós Xacriabá é o primeiro tempo
da seca e início das atividades do nosso povo. Na quarta
feira de cinzas é o dia de escolher o local para colocar roça
de toco.
Também se inicia no dia 23 ou 24 a Festa de Santa Cruz
em várias aldeias como Sumaré III, Barreiro Preto e Forges.
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No dia 19 de Abril tem a comemoração do índio todo
ano tem uma festa na aldeia Brejo Mata Fome, onde várias
aldeias e escolas participam. Nesse dia tem várias apresen-
tações culturais.
Desse mês em diante as pessoas começam a construir
casas.
È durante esse mês também que as pessoas guardam
a semana das dores e da paixão. Durante a quaresma as
pessoas começam a jejuar e guardar os dias mais finos des-
se período. Nessas duas últimas semanas da quaresma as
pessoas têm um maior respeito: não comem carne, não
castigam seus filhos, não montam a cavalo e nem costu-
mam andar a noite. Pois é nessa época que os mais velhos
contam histórias do lobisomem e da mula sem cabeça. Não
pode comer e nem beber coisas doce e sim amargo. Guar-
dar a primeira água do dia, ela será benta, para remédio
tomar para fechar o corpo dos males, contra tempestade
jogar água do lado que vir. Na sexta feira santa é dia de dar
benção aos padrinhos e pais ajoelhados.
É o mês do boi gordo, onde os criadores vendem alguns
animais que estão gordos.
Foi neste mês que o nosso cacique Rodrigo morreu, es-
pecificamente no dia 26.
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É neste mês que alguns animais começam a cantar ou
aparecer avisando que a estação seca está se iniciando
como a tanajura, gavião e anum branco.
ATIVIDADES
- Marcar roça – Quarta feira de cinzas
- Inicio da festa de Santa Cruz (Rezas e festas)
- Comemoração do dia do índio
- Construção de casas no período da seca
- Bichos que começam a cantar ou aparecer avisando
que a estação seca está iniciando
- Inicio da arrumação das estradas
- Boi gordo
- Respeito ao dia da morte de Rodrigo (cacique)
- A quaresma, semana das dores e da paixão
- Época das histórias – Lobisomem
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Maio
As festas de Santa Cruz que iniciam nos dias 23 ou 24
de Abril terminam aqui neste mês, especialmente nos dias
02 ou 03.
Essas rezas acontecem durante nove dias, em algumas
são realizadas festas, muita comida e bebida, é um mês mui-
to divertido.
Em algumas aldeias inicia a novena de Maria que são de
nove dias também, mas com exceção de uma aldeia que
celebra 31 dias de rezas, começando no dia primeiro e ter-
minando no último dia.
É o mês também que o céu fica nublado durante o dia.
Nesse mês o caburé começa a cantar anunciando que o
frio está chegando.
As roças novas são começadas a serem roçadas nessa
época especialmente as que são colocadas na mata, porque
desse período em diante as folhas começam a cair.
Neste mês também o frio se inicia e com ele vem a po-
eira, pele ressecada e algumas doenças respiratórias como
gripe e bronquite. Há também o início da colheita da feijoa,
abóbora e o plantio de hortas e roça irrigada.
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ATIVIDADES
- Final das festas de Santa Cruz
- Início das festas de Maria e tremino
- Início do frio
- O caburé começa a cantar anunciando que o frio está
chegando
- Início do roçado
- Início da poeira, pele ressecada e doenças respiratórias
(gripe, bronquite)
- Início da colheita da feijoa
- Início de caída das folhas da mata
- Colheita da abóbora
- Férias dos alunos
- Plantio de hortas
- Roças irrigadas – plantio
- Céu nublado durante o dia
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ATIVIDADES
Junho
O mês de Junho é o mês que inicia a colheita das roças,
como por exemplo, a quebra do milho, colheita de batata
doce e assado da mesma, e neste mês inicia também a fa-
bricação de tijolos e telhas. Neste mês o frio se torna mais
intenso, tem também os festejos de São João (fogueiras) e
a festa tradicional onde acontecem os batizados e tratados
de compadres e comadres pulando a fogueira, festejo de
Santo Antônio, festejo de São Pedro (fogueira dos viúvos e
viúvas), preparação de biscoito. É também observado pelos
mais velhos as profecias de São João.
- A quebra do milho
- O frio se torna mais intenso
- Festejo de Santo Antônio
- Festejo de São João (fogueiras) e a festa tradicional
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- Festejo de São Pedro
- Colheita e assado da batata doce
- Preparação de biscoito
- Observação das profecias
- Início da fabricação de tijolo e telha
- Batizados e contratos de compadres e comadres pu-
lando a fogueira.
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Julho
Desse mês em diante que os animais precisam de cui-
dados maiores.
Época da produção de farinha.
Férias dos alunos da rede municipal.
Os mais velhos tem a experiência das profecias de San-
tana Velha e Santana Nova.
ATIVIDADES
- Desse mês em diante que os animais precisam de cui-
dado maior
- Produção de farinha
- Férias dos alunos da rede municipal
- Profecias de Santana velha e nova.
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Agosto
Início das queimadas nas roças, também nas florestas.
É época de muito calor, ar poluído. Época de porco gor-
do, também acontece faltar água em algumas regiões. A ve-
getação está sem folha, também acontecem muitos rede-
moinhos.
É o período de plantar plantas através de galhos. Existe
a tradição da festa de Bom Jesus. A tradição da Festa de
São João Evangelista em Rancharia de 20 a 29 de Agosto.
É época das águas estarem secando os poços que ficam as
pessoas mexendo para pegar peixes. È o início das caçadas
de animais silvestres.
Também é o período da coleta de alguns frutos, exem-
plo: Jatobá, maracujá de boi e de veado.
Tempo de rezar penitência para chover. De guardar a
primeira segunda feira de Agosto que é dias e água.
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ATIVIDADES
- Início das queimadas
- Muito calor
- Mês dos porcos gordos
- Falta d`água
- Ar poluído
- Vegetação sem folhas e seca
- Redemoinhos
- Plantar plantas através dos galhos
- Festejo do Bom Jesus
- Festejo de São João Evangelista
- Mexer os poços para pegar peixes
- Início da caça
- Coleta de jatobá
- Coleta de maracujá de veado e de boi
- Rezados e penitências para pedir chuva
- Guardar a primeira segunda feira do mês de agosto –
Dias e águas
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Setembro
É o período do povo cuidar das capoeiras. De estocar as
palhadas, fazer coivaras.
È o período de finalização das roças.
É o período dos pastos estarem pouco e as criações es-
tarem magras, as vezes até morrem. È o período das plantas
estarem florescendo.
É o período da colheita das hortas. Muita falta d`água.
Tempo de reprodução de animais silvestres, exemplo: tatu,
veados.
ATIVIDADES
- Cuidar das capoeiras
- Estocar as palhadas
- Fazer coivaras
- Finalização das roças
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- Criação magra
- Algumas plantas enflorecerem
- Colheita das hortas
- Falta de água
- Falta de comida para a criação
- Reprodução de animais silvestres (veados, tatus)
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Tempo das ÁguasTempo de reencontro, alegria e fartura
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TEMPOS DAS ÁGUAS Tempo de reencontro, alegria e fartura
Outubro
Aqui no Xakriabá, apesar das mudanças climáticas esta-
rem bastante intensas nos dias de hoje. Consideramos os
tempos das águas do mês de outubro a março.
Quando está iniciando recebemos alguns avisos de al-
guns bichos. Um exemplo desses avisos é do teú que apa-
rece com freqüência fazendo rastros, tipo avisando que
entrou nas águas.
Depois disso os diversos ambientes existente começam
a se modificar. As árvores vão ficando verdinhas e outras
dispõem a brotar. Classificamos esse início das águas tam-
bém como tempo dos brotos.
Nas primeiras chuvas os animais de caça como o veado,
teú, tatu, moco e o coelho são encontrados com facilidade.
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Os animais de criação como, o gado e cavalo ficam mais
fracos e alguns frutos como manga, caju, umbu, goiaba nos
lugares de vazante começam a dar e nos outros locais
como no tabuleiro, que é fora da vazante, algumas árvores
frutíferas como o pequi, a cabeça, começam a florar.
É também hora de começar a plantar o milho, feijão,
feijoa, melancia, melão, mandioca e outros.
Comemoramos o dia de Nossa Senhora Aparecida com
rezas nas comunidades.
Novembro
Os animais de criações ficam mais fortes e gordos, as
frutas aparecem com fartura, os riachos enchem e trans-
bordam causando as enchentes e facilitando a pesca que é
de muita fartura.
Nesse tempo também acontecem as limpas que classifi-
camos em duas a 1ª (??????????)
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Dezembro
Através de projetos sociais desenvolvidos pela Associa-
ção Aldeia Barreiro Preto, Junto com as escolas acontece
o reflorestamento das nascentes e plantações de árvores
nos quintais das escolas. Há também o grandioso encontro
da comunidade escolar indígena Xakriabá onde no total
de 32 escolas, sendo 7 sedes, se reúnem para celebrar as
formaturas dos alunos que formam no ensino fundamental
8ª série e o médio 3ª série. Essa festividade acontece com
vários momentos de costume com apresentações de dan-
ças e cantos, forró, entrega de certificados e outros.
Guardamos o dia de Santa Luzia com rezas em aldeias. É
realizada as Novenas de Natal e também reunimos paren-
tes para desenvolver as praticas culturais como danças de
rituais e jogos de costumes tradicionais Xakriabá.
Enfim, para nós as águas é momento de bastante alegria.
Porque trabalhamos na roça para garantir o sustento, as
escolas estão paradas. E nas festas que comemoramos que
encontramos com nossos parentes das aldeias vizinhas e
também com muitos que estavam fora da terra Xakriabá,
que saem a procura de trabalho nos corte de cana, café e
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até mesmo em casa de famílias nos rumos de Mato Grosso,
São Paulo e Lagoa da Prata.
Janeiro
É a 2ª limpa de acordo a necessidade de cada roça plan-
tada.
Durante esse período não saímos muito de casa. Princi-
palmente quando percebemos o céu bastante escuro sem
estrelas com as nuvens voltando contra a correnteza da
água, percebemos que não vai ser uma chuva mancinha,
mas com trovões e fortes relâmpagos. É mais de casa para
roça. Quando a chuva da uma parada costumamos obser-
var a lua nova que por ela conseguimos ver se vai voltar
chover ou estiar naqueles dias.
No entanto no período que estamos em casa utilizamos
muito o tempo para confeccionar artesanatos com mate-
riais como a fibra do buriti, embiruçu, com sementes como;
sabonete, lagrima, coité, porcada, osso de gado, madeira do
itapicuru e de barro, essas matérias primas são colhidas no
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período de seca e os trabalhos com as mesma varia com o
costume de cada aldeia.
Mesmo que não saímos muito encontramos com vários
parentes nos encontros que são feito no trabalho da lida
com a roça (trocas de dias de serviços) o que chamamos
de multirões, que são encontros muito animados até mes-
mo para conversar entre parentes.
Em termos festivos temos a tradição de participar das
Festas de Santos Reis que são conduzidas por algumas fa-
mílias que tem promessa feita aos santos. E nós recebemos
em casa a folia e seus acompanhantes, que pedem um es-
paço para cantar e louvar Santos Reis e fazer também o
samba que é muito bonito e divertido.
Em fevereiro acontecem as reuniões com pais, alunos,
lideranças e comunidades para o início das aulas. Dentro
deste mesmo momento de encontro acontece a constru-
ção do calendário escolar para o ano letivo.
Fevereiro
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Março
Mais pro final das águas em março, começamos a colhei-
ta das primeiras plantas que foi feita no início das águas. E
plantar a roça que chamamos de fim das águas.
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Aqui no Xakriabá, apesar das mudanças climáticas esta-
rem bastante intensas nos dias de hoje. Consideramos os
tempos das águas do mês de outubro a março.
Quando está iniciando as águas recebemos avisos de
alguns bichos. Um exemplo desses avisos é do teu (bicho
rasteiro que aparece com freqüência fazendo rastros, tipo
avisando que entrou nas águas).
Depois disso os diversos ambientes existente como a
mata, o tabuleiro, o carrasco, a caatinga começam a se mo-
dificar. As árvores já grandes vão ficando verdinhas e outras
começam a brotar.
O início das águas também é classificados aqui para nós
como tempo dos brotos. Nesse tempo começa as primei-
ras chuvas, os animais de caça como o veado, teú, tatu,
moco e o coelho são encontrados com mais facilidade e os
animais de criação como, o gado e cavalo ficam mais fracos.
Nas águas costumamos dizer que é o tempo de fartura,
pois muitos frutos no início começam a florar e do meio
para o fim das águas deixa nossa alimentação mais comple-
ta. Temos alguns como a manga, o caju, umbu, goiaba, jato-
bá, pequi, murici, grão de galo, saputá, coquinhos, goiabinha,
cabeça de nego, amor de longe, cabeça de frade, maracujá
do tabuleiro, maracujá da mata, bananinha, milho de cobra,
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ananais, abacaxizinho, cocô tuncu, cocô de raposa, mangaba,
pitomba, jabuticaba, tamarindo, porcada, xixa. Esses frutos
nos lugares de vazante começam a dar mais cedo e nos
outros locais como no tabuleiro que é fora da vazante al-
gumas árvores começam a florar como o pequi, a cabeça
e outros.
É também hora de começar a plantar o milho, feijão,
feijoa, melancia, melão, mandioca e outros.
Dos meados das águas para o fim, os animais de criações
ficam mais fortes e gordos, as frutas aparecem com fartura,
os riachos enchem e transbordam causando as enchentes
e facilitando a pesca que é de muita fartura.
Nesse tempo também acontecem as limpas que classifi-
camos em duas a 1ª e 2ª limpa de acordo a necessidade de
cada roça plantada.
É a 2ª limpa de acordo a necessidade de cada roça plan-
tada.
Durante esse período não saímos muito de casa. Princi-
palmente quando percebemos o céu bastante escuro sem
estrelas com as nuvens voltando contra a correnteza da
água, percebemos que não vai ser uma chuva mancinha,
mas será uma chuva com trovões e fortes relâmpagos.
É tempo de ficar mais de casa para roça. Quando a chuva
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da uma parada costumamos observar a lua nova, onde por
ela conseguimos ver se vai voltar chover ou estiar naqueles
dias ou meses. Ao observar se ela estiver bastante curvada
com aspecto de uma bacia derramando água é sinal que
vai chover bastante nos próximos dias ou mês. Se não é
porque a chuva foi embora.
No entanto no período que estamos em casa utilizamos
muito o tempo para confeccionar artesanatos com mate-
riais como a fibra do buriti, embiruçu, com sementes de
sabonete, lagrima, coité, porcada, osso de gado, madeira do
itapicuru e também a cerâmica do que é trabalhada com
o barro. Essas matérias primas são colhidas no período de
seca e os trabalhos com as mesma varia com o costume
de cada aldeia.
Mesmo que não saímos muito encontramos com vários
parentes em momentos de trabalhos da lida com a roça
(trocas de dias de serviços)o que chamamos de mutirões-
que são encontros muito animados até mesmo para comer
comidas tradicionais e conversar entre parentes.
Em termos festivos temos a tradição de participar das
Festas e rezas em respeito ao dia de Nossa Senhora Apa-
recida, Santa Luzia, Novenas de Natal e festejos de Santos
Reis que são conduzidas por algumas famílias que tem pro-
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messa feita aos santos. E nós recebemos em casa a folia e
seus acompanhantes, que pedem um espaço para cantar e
louvar Santos Reis e fazer também o samba que é muito
bonito e divertido.
Através de projetos sociais desenvolvidos pela Associa-
ção Aldeia Barreiro Preto, junto com as outras associações
comunitária das aldeias e as escolas, acontece o refloresta-
mento das nascentes e plantações de árvores nos quintais
das escolas.
Há também o grandioso encontro da comunidade es-
colar indígena Xakriabá onde no total de 32 escolas, sendo
7 sedes, se reúnem para celebrar a formaturas dos alunos
que formam no ensino fundamental 8ª série é o médio 3ª
série. Essa festividade acontece com vários momentos de
costumes com apresentações de danças e cantos, forró, en-
trega de certificados e outros.
Apesar de quase não sairmos de casa com riachos
cheios, estradas que ficam de difícil acesso, o tempos das
águas é momento de bastante alegria. Porque as escolas
estão paradas trabalhamos mais na roça para garantir o
sustento. E não dispensamos as festas que são feitas para
realização de nossas práticas culturais com danças de ritu-
ais e jogos de costumes tradicionais Xakriabá, é também
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momento de encontrar com muitos que estavam fora da
terra Xakriabá, que saem à procura de trabalho nos corte
de cana, café e até mesmo em casa de famílias nos rumos
de Mato Grosso, São Paulo e Lagoa da Prata.
Como em nossa região, norte de Minas, as águas vai de
outubro a março, as aulas da fim e também início ainda
nesse período, então acontecem as reuniões com pais alu-
nos lideranças e comunidades para o início das aulas. Den-
tro deste mesmo momento de encontro é feita a constru-
ção do calendário escolar para o ano letivo e começamos
a colheita das primeiras plantas que foram feitas no início
das águas. E plantar a roça que chamamos de fim das águas.
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Não vai não meu bem
Que lá tem ladeira
Refrão
Se escorregar e cai
Quebra a galha da roseira
Nos tempos das águas
E os meses de animação
O gerais é muito verde
Da melancia e melão.
De outubro a março
A chuva são mais freqüente
Alegrando os animais
E também o ambiente
No mês de outubro
As arvores ficam verdinhas
Os animais ficam fraco
Porque comem as folhinhas
As folhinhas que eles comem
Não tem sustento não
Alguns deles morrem
E outros ficam bons.
E também tem o tatu
Que cava muito o chão
Porque a terra está mole
Não encontra nem torrão.
O tatu ta no buraco
As formigas nas raízes
Os sapos cantam crá crá
Dizendo que estão felizes.
No tempo das águas
As andorinhas fazem verão
São nos dias de neblinas
E também de animação.
No tempo das águas
E a alegria dos animais
Tem muitos alimentos
No cerrado e no gerais.
Terminamos esses versos
Com bastante alegria
Porque eles falam das águas
E também do dia-a-dia.
MÚSICA DAS ÁGUASADRELINA E IRACEMA
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E também tem o tatu
Que cava muito o chão
Porque a terra está mole
Não encontra nem torrão.
O tatu ta no buraco
As formigas nas raízes
Os sapos cantam crá crá
Dizendo que estão felizes.
No tempo das águas
As andorinhas fazem verão
São nos dias de neblinas
E também de animação.
No tempo das águas
E a alegria dos animais
Tem muitos alimentos
No cerrado e no gerais.
Terminamos esses versos
Com bastante alegria
Porque eles falam das águas
E também do dia-a-dia.
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Música das Frutas do TabuleiroAdrelina e Iracema
Música das Frutas do Tabuleiro
Adrelina e Iracema
A roseira da folha dourada
Lá no tronco da roseira
Rosa branca e desprezada
Vamos falar para vocês
Das frutas do tabuleiro
Que alimentam nosso povo
E também os catingueiros
No tabuleiro tem várias frutas
Não conseguimos nem contar
Cagaita, caju, etc.
E também maracujá
O pequi é um alimento
Que nós todos adoramos
Alimenta e cura doença
E só dá uma vez por ano
O ananais parece abacaxi
Só que ele é pequeninho
Quem gosta dele são as pessoas
Porque ele é bem docinho
Tem a cabeça de negro
Que parece com a condença
Se comer ela demais
A pessoa fica doente
A cagaita é um alimento
Seve para os animais
Para as pessoas esperar
Cutia, veado e outros mais
O maracujá é uma fruta
Serve de alimentação
Também faz o suco dele
Que serve para pressão
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O xixá é uma fruta
Que parece com pião
O xixá a gente come
O pião fazem sabão
O imbu da no cerrado
Cabeçudo no tabuleiro
O caju perto de casa
E a pitomba no terreiro
Agradecemos papai do céu
Que é nosso protetor
Márcia e Maíra
Foi quem nos ajudou.
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CALENDÁRIO
Elizimar Gomes dos Santos
Janeiro – dia de Santos Reis e chegada do folião.
Fevereiro – dia 12 Confraternização em homenagem a
Rosalina e demais lideranças. Início das aulas.
Março –
Abril - dia 19 – Dia do Índio
Maio – dia 02 confraternização da retomada da aldeia
Morro Vermelho.
Junho – Dias 22, 23, 24 e 25. Dia de São João Batista. Dia
29 dia de São Pedro. Dia de Santo Antônio
Julho –
Agosto – Dia 05 – dia de Bom Jesus.
Setembro – dia 29 – dia de São Miguel.
Outubro – 12 de outubro – Nossa Senhora e dia das
Crianças.
Novembro –
Dezembro – Colheita.
Chegada de diversas pessoas, de diversos lugares como:
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CALENDÁRIO
Eva Ferreira Pinto
Lagoa da Prata, Brasília, São Paulo, Bahia e etc.
Término do ano letivo.
Início das Férias.
Dia 25, início da Folia de Reis.
Tempo da chuva - Tempo da lama.
Tempo das cheias - Tempo do verde.
Tempo das luas ¬- Tempo das goiabas.
Tempo das frutas - Tempo das flores
Tempo dos insetos - Tempo dos bichos
Tempo da Festa de Reis - Tempo dos dias de santos.
Tempo Do frio – Tempo da colheita.
Tempo da Quaresma – Tempo das Noivas.
Dia das mães, todos os dias, tempo das aulas, dia do índio,
na verdade é todos os dias, tempo da poeira e dos roçados,
Festa do Bom Jesus da Lapa, dia dos Pais, tempo dos bro-
tos, tempo do canto dos pássaros, Dia de Nossa Senhora
e das crianças, Tempo das festas juninas, tempo de corpus
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cristo, tempo das festas de santa cruz, dia do professor, dia
de finados e de todos os santos, tempo do Natal - Tempo
da seca – Tempo do sol quente, Tempo do calor, Tempo da
caça, Tempo de plantar, Tempo de colher, Tempo das hortas,
Tempo dos redemoinhos, Tempo dos ventos, Tempo das fé-
rias escolares, Tempo de cada estação, Tempo de rodeios e
vaquejadas, Tempo dos gordos e magros, Tempo dos capins
verdes, Tempo das profecias, Tempo das gripes e resfriados,
Tempo de fazer farinha – Tempo de moer e etc...
Santília Ferreira de Souza
Março a abril comemora o dia do índio que será repre-
sentado dia 19. Inicia a semana da coresma, semana Santa,
Sexta-feira da Paixão, e dia de jujuar, Não comer carne, be-
ber bebida doce.
Maio – reza de Santa Cruz, da Mães – no segundo mês
de maio.
Junho – 22 e 25 comemoram as festas juninas, dia 24
acende a fogueira de São João, 29 a Fogueira de São Pedro
onde Comemora o dia dos viúvos e viúvas,
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Os períodos das chuvas são do mês de outubro ao mês
de março.
Mês de outubro também é o início dos plantios de mi-
lho, feijão, mandioca, batata doce, quiabo, melancia e etc.
Mês de agosto comemora o dia do Bom Jesus, dia 06,
com Comemoração, rezas, mastros e forró.
Elício de Souza Almeida
Tempo de seca
Colheita do mel de abelha, colheita de algumas frutas
ou vage do cerrado como favela, caça aos animais como a
cotia etc.,, corte da cana de açúcar – hora de fazer rapadu-
ra, fazer farinha da mandioca, roçado do capim, tempo que
várias pessoas vão trabalhar nas usinas de açúcar.
Tempo das Águas
Colheita do feijão e melancia, maxixe, plantio de cana de
açúcar,, o fruto do umbu, manga e etc.
Tempo da reprodução e da alegria de sapos e peixes,
tempo de fazer queijo e outros derivados do leite de vaca.
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Iusnei
Ranilson da Silva Correa
Tempo do piqui – novembro a fevereiro.
Tempo da cabeça de nego de fevereiro a maio.
Tempo de cheias de outubro a abril.
Época das rezas de Santa Cruz 23 de abril a 2 de maio.
Tempo do plantio.
Tempo das limpas na roça.
Tempo das roçadas e derrubadas das matas.
Tempo das colheitas de mantimentos.
Tempo das Rosas de Santa Cruz.
Tempo da Novena da Coresma.
Tempo dos festejos e rezas do Santo Reis.
Tempo da seca, frio, ventania e poeira.
Tempo das festas junina e das fogueiras.
Tempo das colheitas do pequi, cabeça de nego, caju, coquim
e outros.
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Tempo de caçadas.
Tempo de ceveiro e espera.
Tempo da chuva e calos.
Tempo de matas verdes.
Tempo de vegetação seca e as queimadas.
Tempo de alegria.
Júlio Cesar
Tempo de preparo das roças.
Tempo de chuva.
Tempo de plantio.
Tempo de limpa.
Tempo da colheita.
Tempo do pequi.
Tempo do umbu.
Tempo de Santa Cruz.
Tempo São João Batista.
Tempo da Seca.
Tempo Das Águas.
Tempo da laranja.
46
Tempo da Goiaba.
Tempo do cabeça de nego.
Tempo do Dia do Índio.
Tempo das Festas.
Tempo do milho.
Tempo do feijão.
Tempo da abóbora.
Tempo da melancia.
Tempo da fejoa.
Tempo dos animais.
Tempo das plantas.
Tempo das caças.
Tempo de apresentações culturais.
Elma marcos de Almeida
Tempo de chuva, Tempo de plantar, Tempo das frutas,
tempo da rezas, tempo de festejos, tempo de colher as
roças, tempo de caçar animais, tempo de fartura, tempo
das frutas do tabuleiro como cagaita, cajuzinho, bico doce,
jatobá, bananinha, pequi, porcada, grão de galo, tempo de
47
casamento, tempo de insetos, tempo de visitar parentes
distantes, tempo de reunir a comunidade, tempo de traba-
lhar, tempo de estudar, em fim tempo de se divertir.
Vanessa S. Pinheiro
Junho:
22.23.21.25. Comemora o dia de São João Batista
29. dia de São Pedro
Agosto:
05. Comemora o dia de Bom Jesus da Lapa
Setembro:
Tempo da colheita
Dezembro:
25. Natal e início de Santo Reis
Janeiro:
06: dia de Santo Reis e término
Fevereiro:
Mês que inicia a semana santa
Março:
Semana Santa
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Abril:
Semana Santa
19. dia do índio
Maio:
Rezas de Santa Cruz
Dias das Mães
Laerson Sousa Lopes
Tempo da coleta das frutas
Tempo de fazer o rosado
Tempo da chuva
Tempo dos festejos de Santo Reis
Rezas tradicionais, como de santa cruz, o mês de março,
festas juninas, tempo da pesca, da caça, do plantio, da coleta
de frutas, sementes, colheita das roças, arrumar as estradas,
tempo que inicia as chuvas e a seca. Tempo de arrumar as
estradas, comemoração do dia do índio, tempo da fartura,
e o tempo dos bois magros e gordos.
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ANEXO
Questões
50
VANESSA SEIXAS E ELIZIMAR GOMES
1- E que dia comemora as festas de Santa Cruz ?
2- Quando que termina?
3- Em que mês comemora o dia de Santa Cruz?
4- Este é o mês, que o céu fica nublado durante o dia,
e o caburé começa a cantar, anunciando o que?
Disciplina: Uso do Território
IVONETE E MARCILENE XACRIABÁ E JAIR
Prof: Márcia
Questões
01. Quais são os cuidados que devemos ter com os
animais?
02. Quais as atividades que todos gostam de fazer nas
férias?
03. O que é usado na produção da farinha?
04. Qual é o mês que é plantado a mandioca?
05. Qual o tempo do plantio antes da colheita?
51
06. Quais são as espécies de animais encontradas na
sua aldeia?
07. Quais são os animais que estão em extinção?
Perguntas do mês de fevereiro
Professora: Márcia
ALUNAS: SANDRA FERNANDES PIMENTA E
ELMA MARCOS DE ALMEIDA
01. Será que em todo o ano bissexto a quarta-feira de
cinzas é no mês de fevereiro?
02. Será que em todas as escolas acontecem reuniões
com os pais e alunos no inícios das aulas?
03. Como é feito o calendário da sua escola?
04. Existe alguma comemoração neste mês em sua co-
munidade?
52
Trabalho de Calendário
NOME: LAERSON SOUSA LOPES
SANTÍLIA FERREIRA DE SOUZA
Tuma: B
Prof: Márcia
Elabora perguntas sobre o mês de abril.
01. Qual o dia mais comemorado no mês de abril em
sua região?
02. Porque a organização em vários aspectos acontece
no mês de abril?
03. Será que as quartas-feiras de cinza acontecem sem-
pre no mês de abril?
04. Na quarta-feira de cinza é o dia de escolher o local
para colocar a roça de toco. Porque?
05. No Xacriabá no dia 19 de abril comemora o dia
do índio. Em outras etnias indígenas comemora no mesmo
dia?
06. Porque a paixão de Cristo todo ano não comemora
no mesmo dia do mês?
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Perguntas do mês de março
O tempo
NOMES: EVA FERREIRA PINTO
RONILSON DA SILVA CORREA
Data: 15-04-2011 turma: B
01. Por que esse mês recebe o nome de março?
02. Quais as colheitas colhidas nesse mês?
03. Quais as frutas do cerrado nesse período?
04. Quais as plantações nesse mês?
05. Como são feitos os tipos de plantio?
06. Como a comunidade organiza esse plantio?
07. Por que a comunidade acha que este mês é o fim
das chuvas?
08. Porque esse mês é considerado o mês de plantio?
09. Quais o tipos de frutos que são colhidos nesse
mês?
10. Qual a estação deste mês?
11. Quais os tipos de comemoração deste mês?
12. Qual o mais tradicional?
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Calendário
Perguntas relacionadas ao mês de agosto
Professora: Márcia
ALUNAS: ROSEMERE E ROSILENE
01. Todos os agricultores fazem queimadas ao mesmo
tempo?
02. Quando é época de muito calor o que devemos
fazer?
03. O ar poluído provoca alguns tipos de doença, quais
são eles?
04. Porque acontece muitos redemoinhos do mês de
agosto?
05. Quais tipos de frutos podemos coletar no mês de
agosto?
06. Quais são os tipos de festejos que temos no mês de
agosto?
07. Em que mês as pessoas mexem os poços para pegar
peixes?
08. Quando podemos falar que e dias e águas?
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Perguntas relacionadas com o texto do mês Setembro
NOME: ROSÂNGELA DE ARAUJO CARNEIRO
01. Será o que os outros povos fazem em setembro?
02. Será que neste mês já estão finalizando seus roça-
dos?
03. Será que conhecem ou sabem o que é uma capoei-
ra? Ou pensam que capoeira é um tipo de dança?
04. Será que a preparação para fazer um roçado é igual
a de nós indígenas?
05. E o tempo das roças será que são os mesmos dos
nossos?
06. Será que criam muitos animais? Será que neste mês
os animais enfraquecem, ou seja, ficam magros?
07. Será que os animais são iguais uns aos outros?
08. Será que os animais comem as mesmas coisas que
os animais da minha aldeia comem ou comem um tipo de
ração especial?
09. Será que falta pasto para suas criações?
10. Será que em todos os lugares as plantações enflo-
rescem no mesmo período?