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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE
CAMPUS DE FRANCISCO BELTRÃO
PDE
CADERNO TEMÁTICO
Professor Orientador: Luciano Candiotto
Acadêmico: Eustério Luis Veit
BARRACÃO – PR
NOVEMBRO DE 2007
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SUMÁRIO 1. HISTÓRIA DA EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO E CONSUMO DE ENERGIA PELO HOMEM.....................................................................................................................................3
2. RELAÇÃO ENERGIA E PODER .........................................................................................7
3. ESGOTAMENTO, POLUIÇÃO E DEGRADAÇÃO DO MEIO AMBIENTE POR CAUSA DAS FONTES DE ENERGIA CONVENCIONAIS.................................................10
3.1. ENERGIA NUCLEAR......................................................................................................14
3.2. BIOMASSA ......................................................................................................................16
3.3. PETRÓLEO.......................................................................................................................18
4. FONTES ALTERNATIVAS DE ENERGIA......................................................................21
4.1. BIODIGESTORES ...........................................................................................................22
4.2. ENERGIA EÓLICA .........................................................................................................23
4.3. ENERGIA GEOTERMICA ..............................................................................................24
4.4. ENERGIA HIDRELÉTRICA............................................................................................24
4.5. ENERGIA SOLAR ...........................................................................................................25
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................27
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................28
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1. HISTÓRIA DA EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO E CONSUMO DE ENERGIA PELO
HOMEM1
O homem viveu em um longo período, onde a energia que ele utilizava era
proveniente, única e exclusivamente da força muscular. O uso do fogo, iniciado a algumas
centenas de milhares de anos atrás – pelo homem de Pequim há 400 mil anos - foi o primeiro
avanço tecnológico, bem como os utensílios para caça e pesca.
Há cerca de doze mil anos ocorreu a primeira grande revolução energética, na qual o
homem passa do uso da energia primária fornecida pela natureza para uma energia final
derivada de diversos tipos de conversores. Com a utilização de animais de tração tem-se a
potência disponível aumentada no mínimo quatro vezes, favorecendo a produção agrícola e a
pecuária, especialmente, o transporte, armazenamento e preparação de alimentos (HÉMERY
et. al, 1993).
Com a sedentarização, o homem acaba desenvolvendo também, atividades de olaria,
artesanato da cerâmica e outros artefatos.
No IV milênio antes de Cristo surgem os primeiros focos civilizatórios próximos dos
grandes vales aluviais como o Indu, Tigre, Eufrates, Nilo, que passam a utilizar a cultura
irrigada de cereais. Mais tarde, o aproveitamento dos ventos com a navegação marítima
marcaram, a história nos três milênios que antecederam nossa era. Até durante os impérios de
Roma e da Grécia, a principal fonte de energia era a força humana. Tanto que, a mão-de-obra
escrava correspondia a 80% da população (HÉMERY et. al, 1993).
Utilizando a energia eólica, os gregos formam uma frota marítima armada notável para
assegurarem o acesso às rotas comerciais e portos essenciais, simbolizada pela trirreme,
embarcação que combina vela e remo. Entre os séculos VI e V a.C. foram desenvolvidos
vários mecanismos mecânicos úteis como o parafuso, a polia, as rodas dentadas e as
engrenagens o que auxiliou na construção de máquinas de guerra e aparelhos de elevação de
cargas em portos e minas. Mais tarde criaram-se mós rotativas de eixo vertical para trituração
de minerais, a mó de vai-e-vem movida a mão em torno de um ponto exterior para cereais,
máquinas e prensas para fabricar azeite e vinho. A mão-de-obra escrava continua essencial.
O período de 31 a.C. a 410 d.C. marca o domínio romano. Neste período foi utilizada
como fonte de energia, a madeira em escala industrial, especialmente na fundição de metais
1 Texto retirado de Hémery et. al (1993); Ribeiro (1998) e Conselho global de energia eólica (2006).
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para a produção de armas. Com isto foi desmatada a Península Ibérica e também a Espanha.
Muitas fundições romanas acabaram sendo transportadas para os países nórdicos onde a
madeira ainda era abundante (HÉMERY et. al, 1993). Mas, mesmo o avanço técnico em obras
de engenharia, a utilização de moinhos com força animal ou hidráulica não substituiu a grande
dependência da mão-de-obra escrava.
A utilização da energia na China merece uma referência à parte, onde a produção por
conversão da radiação solar utilizando técnicas pré-industriais adquiriu cedo formas
características, principalmente pela quase total ausência de escravos nas relações produtivas.
No meio rural chinês prevaleceu o uso das energias biológicas, em especial da energia física
dos homens e das mulheres livres, alimentados por fontes de energia que vinha de cereais de
alto rendimento calórico – milhete, trigo, arroz com safras contínuas e sistema de irrigação
eficiente.
Outra característica histórica importante na China desde seu período medieval, foram
as inovações tecnológicas implantadas, por exemplo na hidráulica. Dispositivos de elevação
de água tais como poços com balancins, já desde o século V a. C. nórias e bombas de cadeia
sem fim a partir do século II d.C., complexos sistemas de irrigação para grandes áreas.
Os chineses foram pioneiros em inúmeros inventos mecânicos, antecedendo os
europeus em alguns casos em séculos. Na tração animal substituíram o arreio de garrote para
cavalos por arreio de peitoral desde 1000 a.C. e depois usaram o arreio de quarto dianteiro a
partir do século III d.C. Tinham rodas hidráulicas para mover foles, martelos metálicos,
moinhos hidráulicos horizontais, a conversão do movimento rotativo em movimento
longitudinal com bielas motrizes e haste de pistão, moinhos de vento, a fabricação do bronze
no século VIII a.C. e do ferro por forjamento e gusa por cadinho no século VI a.C. Além do
carvão vegetal é empregado combustível fóssil (hulha) nas fundições, na cocção de alimentos
e no aquecimento doméstico desde muito antes do mundo ocidental. No século II a.C.
fabricam aço e já possuem altos fornos. Quando na Europa entre 750 e 1100 d.C. são
exploradas as florestas em larga escala, a China generaliza o emprego de energias fósseis para
atender a crescente demanda de combustível da população, de metal para a agricultura,
exércitos e Estado, também para compensar o desflorestamento (HÉMERY et. al, 1993).
No fim do Império Romano suas cidades passaram a se despovoar, pois os mais ricos
preferiam se instalar em vilas fortificadas, protegidos por exércitos próprios. A escravidão
seria substituída por uma nova ordem social – a servidão. O uso de energia dependia da lenha
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e a tração animal como lida de campo, transporte e locomoção e fontes renováveis como a
hidráulica e ventos.
A soma de vários fatores colaborou para a mudança à um novo sistema energético,
como os grandes descobrimentos, a Reforma e o Renascimento. Vários conhecimentos
técnicos e científicos alteram os sistemas produtivos, como a introdução nas fundições dos
altos fornos na Europa, a combinação ferro-carbono no início do século XIV e as caravelas
com leme de popa no transporte marítimo.
A Revolução Industrial é o coroamento de um grande avanço científico que se iniciou
com o Renascimento, onde grandes gênios impulsionaram a ciência incorporando o método
científico. Entre 1760 e 1840 registraram-se profundas mudanças na Europa. Teve início a
fabricação dos bens de produção e consumo em escala industrial. Houve um grande surto de
urbanização com o deslocamento de mão-de-obra do setor primário para o setor secundário,
ou seja, de bens manufaturados e em menor escala para o terciário ou de serviços (HÉMERY
et. al, 1993).
O aumento do uso de carvão mineral teve grandes reflexos na indústria siderúrgica. O
setor metalúrgico foi montado desde o início em moldes empresariais, altamente capitalizado
e provocou o uso da caldeira a vapor nos transportes ferroviários e na indústria.
A eletricidade passou a ser utilizada no final do século XIX, e, em meados do século
XX passa a ser usado em larga escala o mais versátil dos combustíveis fósseis, o petróleo.
A concentração da população nos centros urbanos adquire um ritmo sem precedentes.
Em 1800 a população do mundo era de 1 bilhão de habitantes e apenas 2,5% vivendo no
meio urbano. Em 1900 apenas 11 cidades do globo excediam a população de 1 milhão de
habitantes (RIBEIRO, 1998).
A História mostra que o homem necessita cada vez mais energia. Aumenta o consumo
a medida que o homem utiliza novas técnicas. Na Pré-História estima-se que o homem
nômade consumia 5 mil kcal/dia, enquanto o agricultor em 5000 a.C. passa a usar 10 mil
kcal/dia. Com a urbanização desencadeada ao final da Idade Média , 1400 d.C. e a
conseqüente ocupação de vastas florestas européias o consumo elevou-se para 26 mil kcal/dia.
Em plena era industrial, por volta de 1875, o uso intensivo do carvão permitiu atingir o nível
médio de 77 mil kcal/dia (RIBEIRO, 1998).
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A questão da segurança energética esta na lista de prioridades da agenda política
internacional. As preocupações concentram-se nos custos e na disponibilidade física de
fornecimento. No momento,cerca de 80% da demanda energética global é atendida por
combustíveis fosseis (CONSELHO GLOBAL DE ENERGIA EÓLICA, 2006).
O incessante aumento da demanda energética é suprido à custa da exaustão desses
recursos, que são finitos. A concentração geográfica das fontes de petróleo e geração também
não È compatível com a distribuição da demanda. Alguns países dependem quase que
inteiramente de importação de energia.Com a perspectiva de esgotamento no século XXI de
importantes fontes de energia de origem fóssil como o petróleo e o gás natural a humanidade
defronta-se com a necessidade de alterar sua matriz energética na busca de um modelo de
crescimento sustentado. Soma-se a isto a complexa questão ambiental com a degradação de
recursos e ambientes, a poluição e seus efeitos nocivos, os riscos no uso da energia nuclear, as
desigualdades sociais e econômicas, a superpopulação entre outros. Talvez a meta seja atingir
um desenvolvimento com crescimento nulo, como preconizado por entidades como o Clube
de Roma na década de 1970, com o uso centralizado nas fontes renováveis de energia. A
política energética está na base do planejamento econômico, juntamente com outros setores de
apoio como transportes e comunicações. Somente com a melhora da qualidade de vida de toda
a população haverá bem-estar social e sobrevivência futura (RIBEIRO, 1998).
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2. RELAÇÃO ENERGIA E PODER2
Os governantes de todos os países do mundo, especialmente os altamente
industrializados, estão muito preocupados com as fontes de energia. Esta é uma das razões
para transferirem parte das suas indústrias para os países subdesenvolvidos, pois as indústrias
são grandes consumidoras de energia. O Brasil é um dos países mais procurados para este fim.
Existe uma grande diferença entre os países quanto a capacidade de produzir energia,
mas principalmente quanto ao consumo de energia. Segundo Goldenberg et. al. (1998, p 173)
“(...) somente os EUA, com 6% da população mundial, consomem 35% da energia mundial”.
Além disso, entendemos que a capacidade de consumo tem a ver, proporcionalmente, com a
quantidade de resíduos sólidos produzidos e despejados, e que quanto mais se produz, mais se
degrada o meio ambiente.
Os países desenvolvidos acabam transferindo diversas indústrias poluentes para os
países subdesenvolvidos, aproveitando o fácil acesso à matérias-primas e mão-de-obra barata.
Como conseqüência desse processo, os rejeitos industriais intensificam a degradação
ambiental (poluição, contaminação, erosão, etc.) também nos países pobres, e estes, acabam
sendo responsabilizados por boa parte da degradação ambiental, que muitas vezes provém de
interesses dos países mais ricos.
Sabendo da esgotabilidade dos combustíveis fósseis e da tendência de aquecimento
global, organismos internacionais, governamentais ou não, vem conclamando as nações ricas
e pobres a descobrir, explorar e produzir energias renováveis e menos impactantes.
A posse de fontes de energia significa poder para um país, pois a energia é
fundamental para o progresso e o crescimento econômico. É desnecessário dizer que todos os
países do mundo desejam se tornar desenvolvidos. Mas, se isto acontecer, pode ser, com
certeza, muito danoso ao meio ambiente, pois não existem recursos naturais disponíveis para
padrões de consumo tão altos como os dos países ricos.
Importante lembrar que além da população estar aumentando cada vez mais, cada dia,
também, surgem novas invenções e aplicabilidades para a energia. Essa situação leva,
inexoravelmente, cada vez mais, ao esgotamento de algumas fontes como a do petróleo, que
gera poluição e resíduos; e o carvão mineral e vegetal, responsável por desmatamentos e
extrações de minérios.
2 Texto retirado de Goldenberg et. al. (1998, p 173), e Hammond et al. (1975, p. 63).
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A descoberta da energia nuclear se deu com o objetivo de construir a bomba atômica.
Aliás, o único país do mundo que possui a tecnologia para construir bomba atômica, são os
Estados Unidos. Pelo menos provaram que tem, e não tiveram escrúpulos para usá-la. O
piloto do avião que jogou a bomba, depois de velhinho declarou que não se arrependeu, e se
recebesse ordens, jogaria a bomba de novo. Então, os EUA, caso achassem conveniente,
usariam novamente a bomba atômica.
Depois de usar a energia do átomo para o mal: a bomba atômica, os cientistas
pesquisaram um jeito de usá-la para o bem: as usinas nucleares. Os combustíveis de urânio,
utilizadas na energia nuclear, são capazes de liberar 1.500.000 vezes mais calor que o carvão.
De acordo com Hammond et al. (1975, p. 63), “a fissão do átomo libera muitos resíduos como
a radioatividade e descarregam seu calor residual diretamente nos rios e lagos”.
Os Estados Unidos, mesmo sendo um dos grandes produtores de petróleo do mundo,
depende de importar a maior parte desse combustível. Isso deve contribuir, também, e
decisivamente, para o déficit econômico e financeiro que eles tem, todos os anos, há muito
tempo.
Para superar o déficit na balança de pagamentos, os EUA, criam estratégias para
explorar outros países, criando pretexto para tomar medidas impopulares e inaceitáveis, como
invadir e se apoderar das riquezas, especialmente o petróleo, do Afeganistão e do Iraque, e
prender, criminalizar e matar seus governantes e a sua população.
As empresas norte americanas e européias, especialmente indústrias estão, na sua
maior parte, instaladas nos países emergentes. Porque o mais importante não é produzir, mas,
comercializar.
Para produzir, um país precisa:
- explorar, e, muitas vezes, destruir os seus recursos naturais;
- investir e produzir muito em fontes de energia;
- ter muita mão de obra barata, salários baixos, poucos direitos trabalhistas e trabalhadores
que se deixam explorar;
- permitir pouca preocupação com o meio ambiente, lixo e poluição;
- fazer investimento em rodovias;
- manter monoculturas agrícolas, que favorece a proliferação de pragas nas lavouras;
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- usar indiscriminadamente agrotóxicos;
- favorecer a concentração de terra nas mãos de poucos. Criminalizar movimentos populares
como dos sem terra.
Um país com esse perfil é ideal para as multinacionais se instalarem. Pois, permite a
produção a baixos custos para os europeus e norte americanos comercializarem esses
produtos.
As principais fontes de energia, as convencionais, como o petróleo, estão controladas
por pessoas e empresas muito poderosas. O poder dessas empresas/corporações, se confunde,
também, muitas vezes, com o poder político. O petróleo enriqueceu muito algumas pessoas e
países. Dá muito poder. Então, mesmo com todos os problemas, custos, poluição, escassez,
não existe muito interesse, em muitos governos, por fontes alternativas de energia, como a
solar, eólica, geotérmica e biomassa. Embora exista investimentos em energia limpa e
renovável, esta alternativa energética ainda não recebeu a atenção necessária pois é mais
barato transferir as fontes poluidoras para os países pobres (o que gera um grande problema
ecológico e sócio-econômico nestes países.
Por fim, a energia é essencial para reduzir a pobreza, porque traz diversos benefícios
nas áreas de saúde, educação e igualdade. Mais de 25% da população mundial não têm acesso
a serviços modernos de energia. Na África subsaariana, 80% das pessoas ainda não têm
acesso à eletricidade.
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3. ESGOTAMENTO, POLUIÇÃO E DEGRADAÇÃO DO MEIO AMBIENTE POR
CAUSA DAS FONTES DE ENERGIA CONVENCIONAIS3
O tempo hábil que temos para a transformação da nossa matriz energética, de
combustíveis fósseis, para as energias renováveis, é relativamente curto. Na próxima década,
a maioria das usinas de energia existentes nos países mais industrializados do planeta, chegará
ao fim de sua vida útil e terá que ser substituída. Os planos de geração de energia para os
próximos anos, devem definir o suprimento de energia para as próximas gerações.
Enquanto o mundo industrializado precisa urgentemente repensar sua estratégia
energética, o mundo em desenvolvimento deve aprender com os erros passados e construir
suas economias, desde o começo, sobre as bases sólidas de um fornecimento de energia
sustentável. Uma nova infra-estrutura deve ser construída para possibilitar que isso aconteça.
As energias renováveis poderiam suprir 35% das necessidades mundiais de energia até
2030, considerando a vontade política de promover sua aplicação em larga escala, em todos
os setores e de forma global, unida a medidas de eficiência energética de longo alcance. A
mudança climática global, conseqüência do incessante aumento dos gases de efeito estufa na
atmosfera do planeta, já está alterando ecossistemas e a causando cerca de 150 mil mortes por
ano (GREENPEACE, 2007).
Um aquecimento global médio de 28C ameaça milhões de pessoas com o aumento da
fome, malaria, inundações e escassez de água. O principal responsável pelo efeito estufa é o
dióxido de carbono (CO2), produzido pela queima de combustíveis fosseis para a geração de
eletricidade e transporte.Para que a elevação da temperatura seja mantida dentro de limites
aceitáveis, é necessário reduzir significativamente as emissões de gases de efeito estufa. Isso
faz sentido tanto do ponto de vista ambiental quanto econômico (GREENPEACE, 2007).
Impulsionada pelos recentes aumentos excessivos do preço do petróleo, a questão da
segurança do fornecimento de energia entrou na pauta da agenda política internacional. Uma
das raízes para esses aumentos de preço é o esgotamento progressivo dos suprimentos de
todos os combustíveis fosseis (CONSELHO EUROPEU DE ENERGIA RENOVÁVEL
APUD GREENPEACE, 2007).
Os tempos de petróleo e gás barato estão chegando ao fim. Urânio, o combustível das
usinas nucleares, também é um recurso finito.As reservas de energias renováveis, por sua vez,
3 Texto retirado de Greenpeace (2007), e UNAC (2007).
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são tecnicamente acessíveis a todos, e abundantes o suficiente para fornecer cerca de seis
vezes mais energia do que a quantidade consumida mundialmente hoje.
Apesar de a energia nuclear produzir pouco dióxido de carbono, sua utilização acarreta
múltiplas ameaças às pessoas e ao meio ambiente. Dentre elas, incluem-se os impactos
ambientais da mineração, processamento e transporte e urânio, o risco da proliferação de
armas nucleares, o insolúvel problema do lixo nuclear e a ameaça constante de acidentes
graves.
A Agência Internacional de Energia (AIE) prevê um crescimento anual do Produto
Interno Bruto (PIB) para o período entre 2004-2030 é de 3,4%, também prevê um consumo de
energia, no período 2004-2030, de 4% (AGÊNCIA INTERNACIONAL DE ENERGIA apud
GREENPEACE, 2007).
O efeito estufa é o processo pelo qual a atmosfera retém parte da energia irradiada
pelo Sol e a transforma em calor, aquecendo a Terra e impedindo uma oscilação muito grande
das temperaturas.Um aumento dos gases de efeito estufa, provocado pela atividade humana,
está acentuando esse efeito artificialmente, elevando a temperatura global e alterando o clima
do planeta. Entre os gases de efeito estufa estão dióxido de carbono (CO2) - produzido pela
queima de combustíveis fósseis e pelo desmatamento, o metano liberado por práticas
agrícolas, animais e aterros de lixo, e o óxido nítrico resultante da produção agrícola e de uma
série de substâncias químicas industriais (GREENPEACE, 2007).
Todos os dias, o meio ambiente é prejudicado pelo uso de combustíveis fósseis
(petróleo, carvão e gás) para energia e transporte.Como conseqüência, as mudanças climáticas
já estão afetando a vida de bilhões de pessoas.A previsão È que essas alterações no clima
destruirão o modo de vida de muitas pessoas nos países em desenvolvimento, além de
acarretar a perda de ecossistemas e espécies nas próximas décadas.
De acordo com o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), Órgão
das Nações Unidas, que elabora relatórios baseados no melhor conhecimento científico
disponível, a temperatura mundial poderá aumentar até 5.88 C nos próximos cem anos. Esse
aumento seria a alteração climática mais brusca já vivida pela humanidade.
Para evitar que isso ocorra, uma política climática global deve ter por objetivo manter
o aumento da temperatura global em menos de 28C em relação aos níveis pré-industriais.
Acima desse limite, os prejuízos aos ecossistemas e a alteração do sistema climático serão
muito mais drásticos. Há pouco tempo hábil para mudar o sistema energético global e impedir
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que isso ocorra: no mais tardar, até o final da próxima década, as emissões globais de gases
estufa terão que atingir seu pico e entrar em declínio para atingir o objetivo de manter o
aumento da temperatura abaixo de 28C (GREENPEACE, 2007).
Hoje, as mudanças climáticas já prejudicam pessoas e ecossistemas, como provam o
derretimento das geleiras polares e do permafrost (solo congelado da região ártica), a
destruição de recifes de corais, o aumento do nível do mar e as ondas de calor cada vez mais
intensas.
Não são somente os cientistas que estão testemunhando essas mudanças. Os que
vivem no ártico aos moradores de ilhas equatoriais, as pessoas já sofrem os impactos das
mudanças climáticas.
Um aquecimento global médio de 28C já representa uma ameaça a milhões de
pessoas, com aumento do risco de fome, malária, inundações e falta de água.
Esta é a primeira vez que a humanidade encontra-se diante de uma crise ambiental de
tamanha magnitude. Se não houver ação imediata para deter o aquecimento global,os danos
serão irreversíveis.A única maneira de evitar os danos é reduzir rapidamente as emissões.
Alguns prováveis efeitos do aquecimento global, se a tendência atual for mantida:
- elevação do nível do mar provocado pelo derretimento das geleiras e pela expansão térmica
dos oceanos devido ao aumento da temperatura média global;
- liberação extensiva de gases de efeito estufa com o derretimento das camadas congeladas de
solo (permafrost) e a morte de florestas perenes;
- aumento na freqüência de eventos climáticos extremos, como ondas de calor,secas e
inundações de alta intensidade.A incidência global de secas já dobrou nos últimos 30 anos;
- impactos regionais severos. Na Europa, aumento das inundações em rios e zonas costeiras,
erosão e perda de pântanos. Enchentes também afetarão severamente áreas baixas nos países
em desenvolvimento, como Bangladesh e o sul da China;
- ameaça sobrevivência de sistemas naturais como geleiras, recifes de corais, manguezais,
ecossistemas alpinos, florestas boreais e tropicais, pradarias, pântanos e campos nativos;
- aumento do risco de extinção de espécies e de perda da biodiversidade;
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- maiores impactos nos países mais pobres da África subsaariana, sul e sudeste da Ásia e da
América do Sul andina, bem como nas pequenas ilhas incapazes de se proteger do aumento
das secas e do nível do mar, da disseminação de doenças e do declínio da produção agrícola;
- o aquecimento causado pelas emissões pode determinar o derretimento irreversível da manta
de gelo da Groenlândia, aumentando em mais de sete metros o nível do mar nos próximos
séculos. Novas evidências da taxa de desprendimento de partes de gelo da Antártida apontam
para o risco de derretimento do continente;
- a diminuição, substituição ou desaparecimento da Corrente Atlântica do Golfo trará
dramáticos efeitos para a Europa e pode abalar o sistema global de circulação oceânica;
- grandes liberações de metano,provocadas pelo derretimento do permafroste aquecimento dos
oceanos, aumentarão a concentração desse gás na atmosfera, provocando mais aquecimento
(GREENPEACE, 2007).
Ao reconhecer essas ameaças, as nações signatárias da Convenção Quadro das Nações
Unidas sobre Mudanças Climáticas, de 1992, criaram o Protocolo de Kyoto em 1997. O
Protocolo de Kyoto passou a vigorar no início de 2005 e seus 165 países-membros
encontram-se duas vezes ao ano para negociar novos detalhes e as etapas subseqüentes do
acordo. Apenas duas grandes nações industrializadas, Estados Unidos e Austrália, não
ratificaram o protocolo (GREENPEACE,2007).
O Protocolo de Kyoto obriga seus signatários a reduzir suas emissões de gases estufa
em 5,2% em relação aos níveis de 1990,no período de2008 a 2012.Esse compromisso resultou
na adoção de uma série de metas de redução regionais e nacionais. A União Européia, por
exemplo, comprometeu-se com uma redução total de 8%. A UE também concordou em
aumentar a proporção da energia renovável (UNAC, 2007).
No momento, os países signatários de Kyoto estão negociando a segunda fase do
cordo, que cobre o período de 2013 a 2017. O Greenpeace exige que os países
industrializados reduzam suas emissões em 18%, considerando seus níveis de 1990, para o
segundo período de compromisso, e em 30% na terceira fase, que abrange o período de 2018
a 2022. Somente com esses cortes teremos uma chance razoável de manter o aquecimento
global abaixo do limite de 28C. O ano de 2007 foi crucial para o futuro do clima, já que os
países-membros do Protocolo de Kyoto definiram, em encontro em dezembro na Indonésia,
um novo mandato de negociações para os períodos de compromisso ainda em 2008 e 2009.
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Caso contrário, não haverá tempo hábil para ratificar e implementar metas mais ambiciosasde
redução para o segundo período, que vai de 2013 a 2017 (UNAC, 2007).
3.1. ENERGIA NUCLEAR4
A exploração de urânio utilizado nas usinas de energia nuclear, é extraído de enormes
minas no Canadá, Austrália, Rússia e Nigéria. Os mineiros podem inspirar gás radioativo,
aumentando suas chances de contrair câncer pulmonar.
A mineração de urânio produz enormes quantidades de resíduos, inclusive partículas
radioativas que podem contaminar a água e os alimentos. O urânio natural e o concentrado
(yellow cake) contêm somente 0,7% do urânio 235. Para utilizar o material em um reator
nuclear, a proporção precisa ser de 3% ou 5%, daí a necessidade de enriquecimento de urânio,
processo atualmente realizado em 16 instalações em todo o mundo. O enriquecimento gera
enormes quantidades de resíduos, já que 80% do volume total se transformam em produto
residual, um lixo radioativo de longa duração. O material enriquecido é convertido em
dióxido de urânio e comprimido em projeteis, que preenchem tubos chamados de varetas de
combustível (AZEVEDO, 1996).
O pior acidente com esse tipo de equipamento aconteceu em setembro de 1999 em
Tokaimura, no Japão. Dois trabalhadores da usina morreram e varias centenas de pessoas
foram contaminadas. Os núcleos do átomo de urânio são quebrados no reator nuclear (a
chamada fissão nuclear) e liberam grandes quantidades de energia. A água do reator esquenta,
gerando vapor. O vapor comprimido é convertido em eletricidade por uma turbina geradora.
Esse processo cria um coquetel radioativo com mais de cem subprodutos. Um deles é o
plutônio, altamente tóxico e de longa duração.
Um reator nuclear gera, anualmente, plutônio suficiente para produzir até 39 armas
nucleares. O reprocessamento envolve a extração química de urânio e plutônio radioativos das
varetas de combustíveis usadas dos reatores. Atualmente, há mais de 230 toneladas de
plutônio estocadas em todo o mundo, frutos do reprocessamento. Apenas cinco quilos são
suficientes para fazer uma bomba nuclear. Reprocessar não significa reciclar: significa
aumentar o volume de resíduos em dezenas de vezes, além de despejar, todos os dias, milhões
4 Texto retirado de Azevedo (1996), e Greenpeace (2007).
15
de litros de dejetos radioativos no mar. O reprocessamento também demanda transporte de
material radioativo e resíduos nucleares em navios, trens, aviões e rodovias em todo o mundo.
Não há instalações de armazenamento definitivo para resíduos nucleares disponíveis
em lugar algum do mundo. O armazenamento seguro de resíduos, que se mantém altamente
radioativos por milhares de anos, continua improvável, deixando uma herança fatal para as
futuras gerações. Apesar disso,a indústria nuclear continua a gerar quilos e quilos de resíduos
diariamente poderia contaminar o meio ambiente com enormes quantidades de material
radioativo. Não há nenhum modo de garantir a segurança do transporte nuclear. Embora as
usinas nucleares produzam muito menos dióxido de carbono do que a queima de combustíveis
fósseis para gerar energia,seu funcionamento causa diversas ameaças às pessoas e ao meio
ambiente (GREENPEACE,2007).
Os principais riscos são:
- lixo nuclear;
- riscos de segurança.
Esses riscos explicam por que a energia nuclear não foi considerada como uma
tecnologia futura no Cenário da Revolução Energética (GREENPEACE, 2007).
A fabricação de uma bomba nuclear requer material fóssil especial, urânio 235 ou
plutônio 239. A maioria dos reatores nucleares utiliza urânio como combustível e produz
plutônio como resíduo de suas operações. Impossível evitar totalmente que uma grande usina
de reprocessamento nuclear evite a transformação do plutônio em armas nucleares.
Uma usina de separação de plutônio de pequena escala pode ser construída em um
período de quatro a seis meses,portanto, qualquer país com um reator ordinário pode produzir
armas nucleares de forma relativamente rápida.
O fato á que as usinas e as armas nucleares cresceram como irmãs siamesas. Depois
que os controles internacionais contra a proliferação nuclear começaram, Israel, Índia,
Paquistão e Coréia do Norte obtiveram armas nucleares, demonstrando a conexão entre a
energia nuclear para fins civis e militares. Tanto a Agência Internacional de Energia Atômica
(AIEA), como o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (NPT) carregam uma contradição
inerente buscam promover o desenvolvimento da energia nuclear pacífica e, ao mesmo tempo,
tentam deter a disseminação das armas nucleares. Israel, Índia e Paquistão utilizam suas
16
atividades nucleares civis como fachada para se capacitar na fabricação de armamentos,
operando fora das salvaguardas internacionais.
Mesmo sendo uma signatária do NPT, a Coréia do Norte desenvolveu uma arma
nuclear. O maior desafio para os controles da proliferação nuclear tem sido a disseminação da
tecnologia de enriquecimento de urânio para países como Líbia e Coréia do Norte. O próprio
diretor geral da AIEA, Mohamed El Baradei, já afirmou que, se um país com total
competência no ciclo de desenvolvimento de combustíveis nucleares decidir, por qualquer
razão, abandonar seus compromissos de não-proliferação, a maioria dos especialistas acredita
que ele estaria apto a produzir uma arma nuclear em questão de meses.
O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas das Nações Unidas também
alerta que as tentativas de resolver o problema das mudanças climáticas com um programa de
construção de reatores rápidos que utilizam plutônio como combustível, representam uma
grave ameaça à segurança global. A indústria nuclear alega que pode resolver o problema de
seus resíduos nucleares enterrando-os profundamente no solo, mas sabe-se que essa medida
não isolará o material radioativo do meio ambiente para sempre.
Um depósito profundo apenas diminuirá a liberação de radioatividade no meio
ambiente. A indústria faz projeções de durabilidade argumentando que as doses de radiação
liberada no entorno dessas áreas seriam aceitavelmente baixas no caso de um eventual
vazamento. Porém,o conhecimento cientifico disponível hoje não È suficientemente
avançado para fazer tais previsões com segurança(GREENPEACE, 2007).
3.2. BIOMASSA5
A Biomassa também é um tipo de fonte de energia. O fator crucial para o uso
comercial da biomassa é o custo da matéria-prima básica, que hoje varia de um custo negativo
para resíduos de madeira (crédito para custos de coleta e tratamento do lixo evitado),
passando por materiais residuais de baixo custo até chegar a plantações de biocombustíveis de
custo elevado. Consequentemente, o espectro de custos de geração de energia a partir de
biomassa é bastante amplo. Uma das opções mais econômicas é o uso de restos de madeira
oriundas de turbinas a vapor de usinas combinadas de calor e energia (CHP).
5 Texto retirado de Calheiros (2006).
17
A gasificação de biocombustíveis sólidos, por outro lado, que proporciona uma ampla
variedade de aplicações, ainda é relativamente cara. Espera-se que custos mais acessíveis de
produção de eletricidade sejam alcançados com a utilização de gás de madeira em micro
unidades de CHP (motores e células combustíveis) e em usinas a gás e vapor.
Há ainda um grande potencial para uso de biomassa sólida na geração de calor tanto
em pequenos quanto em grandes centros geradores de calor conectados às redes de
aquecimento locais. A conversão de plantações em etanol e ‘biodiesel’ a partir de ésteres
metílicos e etílicos proveniente de diferentes oleaginosas ganhou muita importância nos
últimos anos na Europa, EUA e Brasil.
Os processos para a obtenção de combustíveis sintéticos de gases biogênicos também
terão um papel importante. Existe um grande potencial para explorar as modernas tecnologias
na América Latina, Europa e economias em transição, tanto em fontes estacionárias quanto no
setor de transportes. Para essas regiões, prevê-se que, no longo prazo, 60% do potencial de
biomassa serão provenientes das plantações específicas para a produção de energia e o
restante de resíduos florestais e industriais de madeira e palha. Em outras regiões, como o
Oriente Médio, o sul da Ásia ou China, o uso adicional da biomassa é restrito, em
decorrência, no geral, da baixa disponibilidade ou porque seu uso tradicional já é bastante
difundido. Nestes casos, tecnologias mais eficientes poderão aperfeiçoar a sustentabilidade do
atual uso da biomassa. Da biomassa pode-se obter o biodiesel. Então, para produzir o
biodiesel são plantadas enormes áreas de monoculturas, nas quais proliferam determinadas
tipos de pragas. Para combater as mesmas, e, também para matar ervas daninhas, são
utilizadas toneladas de venenos em cada safra.
Os pesticidas, “venenos da lavoura” ou “agrotóxicos”, são compostos utilizados na
agricultura para combater plantas, insetos ou fungos indesejáveis (herbicidas, inseticidas e
fungicidas, respectivamente) visando garantir maior produtividade. Nas áreas de cultivo de
soja, cana-de-açúcar, algodão, bem como nas áreas de arroz irrigado na própria o uso
excessivo desses compostos está, contaminando tudo, inclusive uma das mais importantes e
ainda conservadas áreas úmidas do mundo, o Pantanal Mato-Grossense.
Os princípios ativos desses compostos foram detectados no fundo dos rios (sedimento)
em pesquisa realizada pela Embrapa Pantanal em conjunto com a UFMT, na ação de pesquisa
“Monitoramento Limnológico e Ecotoxicológico da Bacia do Alto Paraguai (BAP)”, que faz
parte do projeto “Respostas ecológicas de longo prazo a variações plurianuais das enchentes
18
no Pantanal Mato-Grossense”, financiado pelo CNPq (Programa Ecológico de Longa Duração
- PELD), para o período 2000-2009. Nos últimos 40 anos, a intensa atividade agropecuária na
região de planalto, em geral, não tem respeitado a legislação que obriga a manter conservadas
as áreas de proteção permanente, como as matas ciliares (matas ao longo dos rios e córregos)
e as áreas de nascentes, bem como as áreas de reserva legal (CALHEIROS, 2006).
3.3. PETRÓLEO6
O petróleo é o sangue da economia moderna global, como ficou claro na crise de
fornecimento da década de 70. É a fonte mais importante de energia, suprindo 36% das
necessidades mundiais. O petróleo é empregado quase que exclusivamente para usos
essenciais como transporte. No entanto, a capacidade das reservas de petróleo suprirem a
crescente demanda global tem gerado um debate acalorado, por vezes obscurecido por
informações pobres e a recente escalada de preços.As informações públicas sobre as reservas
de petróleo e gás são inconsistentes e não totalmente confiáveis por razões legais, comerciais,
históricas e, às vezes, políticas. As fontes mais conhecidas e citadas são os periódicos da
indústria de petróleo Oil & Gas Journal e World Oil. Estas publicações têm utilidade limitada,
já que relatam dados sobre as reservas, fornecidos pelas empresas e governos sem qualquer
análise ou verificação independente. No mais, não existe uma padronização universal para a
definição de reservas e seus respectivos relatos. Os dados geralmente sustentam diferentes
grandezas físicas e conceituais. Uma terminologia confusa (“evidenciada”, “provável”,
“possível”, “recuperável”, “razoável certeza”), somente contribui para o problema
(GREENPEACE, 2007).
Historicamente, as companhias privadas de petróleo vêm subestimando suas reservas,
obedecendo a regras conservadoras do mercado financeiro e à prudência comercial. Toda vez
que uma descoberta era feita, apenas uma parte dos recursos estimados pelos geologistas era
relatada; as revisões nos anos seguintes aumentariam as reservas daquele mesmo campo
petrolífero. Companhias nacionais de petróleo, representadas quase que integralmente pela
Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), não estão sujeitas a qualquer tipo
de contabilidade. Portanto, seus relatórios periódicos são ainda menos esclarecedores. No
final da década de 80, os países da OPEP declararam possuir reservas de petróleo muito
maiores do que as reais, enquanto competiam por quotas de produção. Estas quotas de
6 Texto retirado de Greenpeace (2007).
19
produção eram alocadas de forma proporcional ao volume de reservas. Entre 1985 e 1990,
após a nacionalização das companhias, os países da OPEP aumentaram suas reservas
conjuntas em 82%. Essas revisões duvidosas nunca foram verificadas. Muitos desses países
continuaram declarando as mesmas reservas ntocadas durante anos, sem que nenhuma grande
descoberta tenha sido feita e a produção tenha continuado no mesmo patamar. Para piorar, as
reservas de petróleo e gás da antiga União Soviética foram superestimadas em cerca de 30%
porque os registros originais foram mal interpretados. Apesar de as companhias privadas
estarem agora se tornando mais realistas em relação à extensão de suas reservas, os países da
OPEP controlam a maioria absoluta das reservas conhecidas. As informações sobre os
recursos destes países continuam insatisfatórias. Em resumo, as informações sobre esses
recursos devem ser consideradas com cautela. Uma estimativa imparcial e confiável das
reservas mundiais de petróleo deveria ser elaborada com base em uma avaliação média
retroativa das descobertas regionais (GREENPEACE, 2007).
O gás natural foi a fonte de energia fóssil que mais cresceu nas últimas duas décadas,
impulsionado por seu papel cada vez maior na geração mista de eletricidade. Geralmente, o
gás é considerado uma fonte abundante, mas existem poucos estudos conclusivos sobre as
reservas de gás. Os campos de gás são mais concentrados que os de petróleo e foram
descobertos mais rapidamente, pois alguns poucos campos representam a maior parte das
reservas mundiais: o maior campo de gás do mundo tem 15% dos “Últimos Recursos
Recuperáveis” (Ultimate Recoverable Resources), comparado aos 6% do maior campo de
petróleo. Infelizmente, os dados sobre as reservas de gás sofrem dos mesmos males de
imprecisão de informações que atinge o petróleo, já que o gás vem do mesmo tipo de
formação geológica e tem os mesmos atores envolvidos na sua exploração. De forma geral, a
maioria das reservas descobertas é inicialmente subestimada e, então, gradualmente revisada
para cima, oferecendo uma impressão otimista de crescimento. Acredita-se que as reservas da
Rússia, as maiores do mundo, foram superestimadas em cerca de 30%. Devido às
similaridades geológicas, os recursos de gás seguem a mesma dinâmica de depleção do
petróleo e, portanto, os mesmos ciclos de descoberta e produção. As informações existentes
para o gás são ainda menos confiáveis do que as disponíveis para o petróleo. Não é possível
saber ao certo a quantidade de gás que já produzida, já que o gás queimado e expelido nem
sempre é considerado. Diferentemente das reservas publicadas, os estoques tecnicamente
conhecidos têm se mantido praticamente constantes desde 1980. A grosso modo, as novas
descobertas têm se equiparado à produção (GREENPEACE, 2007).
20
3.4. CARVÃO7
O carvão era a maior fonte mundial de energia primária até ter sido ultrapassado pelo
petróleo nos anos 60. Atualmente, o carvão fornece quase 25% da energia mundial. Apesar de
sua abundância, o crescimento da exploração do carvão é hoje ameaçado pelas preocupações
ambientais. O futuro do combustível será determinado pelos acontecimentos relacionados à
segurança energética e ao aquecimento global. O carvão é um recurso abundante e melhor
distribuído geograficamente do que o petróleo e o gás. As reservas recuperáveis globais são as
maiores entre todos os combustíveis fósseis. Boa parte dos países do mundo tem pelo menos
um pouco de carvão. Grandes consumidores ou futuros grandes consumidores de energia,
como Estados Unidos, China e Índia, são auto-suficientes em carvão e continuarão a sê-lo no
futuro previsível. O carvão vem sendo explorado em larga escala há dois séculos. Desta
forma, tanto o produto quanto as fontes existentes são bem conhecidas e não existem
previsões de identificação de novos depósitos substanciais. Extrapolando as estimativas
futuras da demanda, o mundo consumirá 20% de suas atuais reservas até 2030 e 40% até
2050. Ou seja, se as tendências atuais forem mantidas, ainda haveria fornecimento de carvão
por algumas centenas de anos. Os custos reais da produção energética convencional incluem
gastos absorvidos pela sociedade, como os impactos à saúde e a degradação ambiental local e
regional – da poluição por mercúrio à chuva ácida –, assim como os impactos negativos das
mudanças climáticas. Para que o mercado se torne verdadeiramente competitivo, os custos
externos devem ser incluídos no preço da energia. Isso requer que os governos apliquem o
princípio do “poluidor pagador”, que, entre outras coisas, cobra taxas dos emissores de CO2
ou fornece compensações adequadas a quem não polui. A adoção do princípio do “poluidor
pagador” para as fontes de eletricidade, ou compensação equivalente para as fontes de
energias renováveis são essenciais para se atingir um grau de competitividade mais justo nos
mercados mundiais de eletricidade (GREENPEACE, 2007).
7 Texto retirado de Greenpeace (2007).
21
4. FONTES ALTERNATIVAS DE ENERGIA
A natureza oferece uma ampla variedade de opções para a produção de energia. Trata-
se, essencialmente, da questão de como converter a luz do sol, o vento, a biomassa ou a água
em eletricidade, calor ou energia, do modo mais eficiente, sustentável e rentável possível.
Em média, a energia solar que atinge a Terra é de cerca de um quilowatt por metro
quadrado. De acordo com a Associação de Pesquisa para a Energia Solar, a energia
disponibilizada pelas fontes de energias renováveis é 2.850 vezes maior do que a demanda
atual do planeta. Em apenas um dia, a luz do sol que chega à Terra produz energia suficiente
para satisfazer as atuais exigências mundiais de energia por oito anos. Apesar disso, apenas
um percentual desse potencial está tecnicamente acessível. Mesmo assim, ainda é suficiente
para fornecer seis vezes mais energia do que o mundo precisa atualmente (GREENPEACE,
2007).
Fontes convencionais de energia recebem subsídios estimados em US$ 250-US$ 300
bilhões, por ano, em todo o mundo, resultando em mercados profundamente distorcidos. O
WorldWatch Institute estima que o total mundial de subsídios ao carvão é da ordem de US$
63 bilhões, enquanto só na Alemanha o total é de US$ 21 bilhões, incluindo apoio direto de
mais de US$ 85.000 por mineiro.
Os subsídios reduzem artificialmente o preço da energia, mantêm a energia renovável
fora do mercado e sustentam as tecnologias e combustíveis não competitivos. A eliminação
dos subsídios diretos e indiretos dos combustíveis fósseis e nuclear ajudaria a criar um
ambiente de competição justa no setor energético.
O relatório Força Tarefa sobre Energias Renováveis, produzido pelo G8 em 2001,
argumenta que “reconsiderá-los (os subsídios) e fazer um redirecionamento, mesmo que
pequeno, desses consideráveis fluxos financeiros em direção às renováveis proporcionaria
uma oportunidade de trazer consistência para novos objetivos públicos e internalizaria os
custos sociais e ambientais nos preços” (RELATÓRIO FORÇA TAREFA SOBRE
ENERGIAS RENOVÁVEIS, 2001). A Força Tarefa recomendou aos países do G8 “tomar
medidas para remover os subsídios e incentivos das tecnologias energéticas ambientalmente
nocivas e desenvolver e implementar mecanismos de mercado que lidem com as
externalidades, capacitando as tecnologias de energias renováveis a competir no mercado em
bases mais igualitárias e justas” (RELATÓRIO FORÇA TAREFA SOBRE ENERGIAS
RENOVÁVEIS, 2001).
22
A energia renovável não precisaria de incentivos especiais se os mercados não fossem
distorcidos e se os produtores de eletricidade (e do setor energético como um todo) não
estivessem virtualmente liberados para poluir. Os subsídios para as tecnologias poluidoras são
altamente improdutivos. Retirar os subsídios da eletricidade convencional economizaria não
apenas dinheiro dos contribuintes, mas também reduziria drasticamente a necessidade deste
tipo de apoio à energia renovável.
Segue uma descrição mais completa do que pode ser feito para eliminar ou compensar
as atuais distorções no mercado energético (GREENPEACE, 2007).
4.1. BIODIGESTORES 8
São equipamentos hermeticamente fechados e servem para tratar resíduos orgânicos.
São capazes de reduzir até 70% a matéria orgânica e por isso são acoplados a biofiltros (e a
zonas de raízes) que aumentam sua capacidade na remoção de carga orgânica, podendo
chegar a 90% de eficiência.
Os biodigestores possuem três fases de fermentação: acido gênica, acetogênica e
metano gênica. Esta última é a responsável pela produção do biogás, mistura de metano e
outros gases (em menor quantidade) que pode ser usada como fonte de calor, combustível e
energia. O biossólido resultante desses processos de fermentação é de alto valor nutricional
para as plantas e o líquido gerado no efluente pode ser utilizado para fertirrigaçãoe cultivo em
geral. É um biossistema.Biossistema implica uma mudança no conceito de modelo
produtivo.Deixa-se de lado a forma atual de produção, onde os resíduos são considerados
rejeitos, e busca-se um sistema integrado, onde tudo pode ser reaproveitado em um novo
ciclo.
Em diversos municípios, Brasil afora, os biodigestores são utilizados no tratamento
dos esgotos da cidade, para auxiliar no tratamento do mesmo.Na zona rural, onde se
desenvolvem intensa atividade de gado leiteiro e/ou suinocultura, os dejetos, esterco, dos
animais poder ser uma grande problema devido ao poder de contaminação do mesmo.Porém
se passar pelo biodigestor, os dejetos se descontaminam, fermentam, e se transformam em
fertilizante liquido, sem mau cheiro, de grande qualidade e pronto para o uso.
8 Texto retirado de Lermontov (2007).
23
Para o agricultor, pode agregar muito valor à sua atividade. Podendo dobrar o seu
retorno financeiro. Além de produzir o gás que poder ser aproveitado para mil e uma
atividades, assim com o gás de cozinha, ele, também contribui para:
- a limpeza das águas;
- a reciclagem dos nutrientes;
- a saúde das populações beneficiadas;
- o reaproveitamento energético;
- a geração de novos postos de trabalho;
- a transformação em fertilizante.
Segundo Lermontov (2007), a construção de biodigestores ainda não é muito
incentivada no Brasil.
4.2. ENERGIA EÓLICA 9
Em um curto período de tempo, o desenvolvimento da energia eólica resultou no
estabelecimento de um próspero mercado global. As maiores turbinas de vento do mundo,
várias delas instaladas na Alemanha, têm capacidade de 6 MW. O custo de novos sistemas
tem, contudo, estagnado em alguns países nos últimos anos devido ao contínuo aumento da
demanda e investimentos consideráveis dos fabricantes no aperfeiçoamento da tecnologia e
desenvolvimento e introdução de novos sistemas. O resultado é que o fator de aprendizagem
observado para turbinas de vento construídas entre 1990 e 2000 na Alemanha era somente
0,94. Contudo, desde que os desenvolvimentos técnicos proporcionaram aumentos de
produção, os custos de geração de eletricidade tendem a diminuir. Prevê-se um maior
potencial de redução de custos, com a taxa de aprendizagem correspondentemente mais alta
(GREENPEACE, 2007).
Enquanto o relatório Perspectivas da Energia Mundial 2004 da AIE espera que a
capacidade eólica mundial cresça somente a 330 GW até 2030, a Avaliação Energética
Mundial das Nações Unidas prevê um nível de saturação global de cerca de 1.900 GW para o
mesmo período. Já a versão 2006 do Perspectivas Global de Energia Eólica projeta uma
9 Texto retirado de Greenpeace (2007)
24
capacidade global acima de 3.000 GW até 2050. Uma curva de experiência para turbinas
eólicas é derivada da combinação dos atuais fatores de aprendizagem observados com uma
previsão de alto crescimento no mercado, orientado através do Panorama Global de Energia
Eólica, indicando que os custos para turbinas eólicas, será reduzidos em 40% por volta de
2050 (GREENPEACE, 2007).
4.3. ENERGIA GEOTERMICA10
A energia geotérmica tem sido utilizada mundialmente há tempos para aquecimento,
enquanto a geração de eletricidade é limitada a poucos locais com condições geológicas
específicas. Extensas pesquisas adicionais e desenvolvimentos são necessários para acelerar o
progresso dessa tecnologia. Em particular, a criação de vastas superfícies de troca de calor
subterrâneas (tecnologia HDR) e o aperfeiçoamento de geradoras de calor e energia com o
Ciclo Orgânico Rankine (ORC, em inglês) (GREENPEACE, 2007).
Como uma grande parte dos custos das usinas geotérmicas são decorrentes da
perfuração profunda, as informações já disponíveis do setor petrolífero podem ser usadas,
com fatores aprendizagem observados de menos de 0,80. Considerando um crescimento
médio global do mercado de energia geotérmica de 9% ao ano até 2020, reduzido para 4%
depois de 2030, o resultado seria uma potencial redução de custos em 50% até 2050. Além
disso, apesar dos altos valores atuais (cerca de 20 centavos/kWh), os custos da produção de
eletricidade – dependendo dos custos de fornecimento de calor – estão previstos para baixar
para cerca de 6-10 centavos/kWh no longo prazo. Devido à sua oferta não flutuante, a energia
geotérmica é considerada um elemento-chave na infra-estrutura futura de oferta de energia
baseada em fontes renováveis.
4.4. ENERGIA HIDRELÉTRICA11
É uma tecnologia madura que vem sendo utilizada para geração de eletricidade de uso
comercial em larga escala. Um potencial adicional pode ser explorado primeiramente pela
modernização e expansão dos sistemas existentes. O limitado potencial de redução de custos
remanescente poderá, provavelmente, ser anulado com o aumento dos problemas das futuras
obras e o crescimento das exigências ambientais. Pode-se prever que, para os sistemas de
pequena escala, onde os custos de geração de energia são geralmente mais altos, a 10 Texto retirado de Greenpeace (2007). 11 Texto retirado de Greenpeace (2007).
25
necessidade de cumprir as exigências ecológicas envolverá proporcionalmente custos mais
altos que para os grandes sistemas (GREENPEACE, 2007).
Apesar dos grandes impactos ambientais que a construção das usinas hidrelétricas
provocam, sem falar dos problemas sociais com os atingidos pelas barragens, dos prejuízos
econômicos provocados pela inundação das terras utilizadas para agricultura, a energia
hidrelétrica, é considerada, pela maioria das pessoas, como alternativa, renovável e limpa.
4.5. ENERGIA SOLAR12
O aproveitamento da energia gerada pelo Sol, inesgotável na escala terrestre de tempo,
tanto como fonte de calor quanto de luz, é hoje, sem sombra de dúvidas, uma das alternativas
energéticas mais promissoras para enfrentarmos os desafios do novo milênio. E quando se
fala em energia, deve-se lembrar que o Sol é responsável pela origem de praticamente todas
as outras fontes de energia. Em outras palavras, as fontes de energia são, em última instância,
derivadas da energia do Sol.
É a partir da energia do Sol que se dá a evaporação, origem do ciclo das águas, que
possibilita o represamento e a conseqüente geração de eletricidade (hidroeletricidade). A
radiação solar também induz a circulação atmosférica em larga escala, causando os ventos.
Petróleo, carvão e gás natural foram gerados a partir de resíduos de plantas e animais que,
originalmente, obtiveram a energia necessária ao seu desenvolvimento, da radiação solar. Para
Hammond et al. (1975, p. 82), “a energia solar não só aquece a superfície terrestre, mas,
também impulsiona as chuvas, os ventos, e as correntes oceânicas, e fornece, ainda, energia
para ciclos de vida das plantas e animais através da fotossíntese”.
O Sol fornece anualmente, para a atmosfera terrestre, 1,5 x 10 kWh de energia. Trata-
se de um valor considerável, correspondendo a 10000 vezes o consumo mundial de energia
neste período. Este fato vem indicar que, além de ser responsável pela manutenção da vida na
Terra, a radiação solar constitui-se numa inesgotável fonte energética, havendo um enorme
potencial de utilização por meio de sistemas de captação e conversão em outra forma de
energia (térmica, elétrica, etc.) (GREENPEACE, 2007).
12 Texto retirado de Greenpeace (2007); Paltz (1981) e Braga et al. (2001, p.28/29)
26
Por suas características de fonte renovável não poluidora, como insumo gratuito e
abundante no Brasil, a energia solar se impõe como área de interesse nacional, sobretudo após
a crise mundial do petróleo a partir de 1970, quando a Companhia Nacional do Petróleo
passou a ter interesse em pesquisar e incentivar o uso desta fonte de energia.
A tecnologia disponível para transformar energia solar em eletricidade é a dos painéis
solares. O módulo solar fotovoltaico são células constituídas de silício monocristalino com
99,9% de pureza, revestidos com material anti-reflexivo e providos de contatos para captação
de energia elétrica. Além do módulo solar, é necessário também um controlador de carga e
uma bateria que armazena a energia elétrica gerada pelo módulo solar.
Esse tipo de tecnologia está longe de ser viável para a população devido aos altos
custos dos painéis solares e outros materiais necessários para sua implementação pela
população. Apenas um módulo regulador de carga e conversor custa em torno de R$ 3.000,00
(Solar Brasil Tecnologia & Energia Fotovoltaica LTDA, 2008).
Portanto, é um desafio para a humanidade pesquisar a energia solar, para tornar o
custo dos materiais utilizados mais acessível ou utilizar materiais alternativos, de baixo custo
para popularizar e viabilizar a sua utilização.
Segundo Paltz (1981) a energia solar, com suas múltiplas utilizações diretas na
geração de calor para processos térmicos à baixa temperatura (inferior a 100 ºC), é uma
alternativa viável, nas áreas industrial, agrícola e doméstica dos países de primeiro mundo.
Na visão de Braga et al. (2001, p.28/29),
Com relação ao Brasil, já se dispõe de tecnologias desenvolvidas em Centros de Pesquisa, que já estão sendo transferidas, principalmente ao meio rural, como fonte alternativa de calor no aquecimento da água para agroindústria, doméstico, aquecimento de ambientes, de estufas, de viveiros, secagem de produtos agrícolas, tratamento térmico de solos.
Em abril de 2008, o governo de Santa Catarina, em parceria com a Celesc, lançou o
“Projeto Sou Legal, To Ligado”, que vai beneficiar 35 mil famílias de baixa renda com
diversas ações de inclusão social e eficiência energética, entre as quais está prevista a
instalação de aquecedores solares. Existem outros projetos como este, inclusive manuais
disponíveis na internet como o disponibilizado pela Secretaria do Meio Ambiente e Recursos
Hídrico do Estado do Paraná, no site:
http://www.meioambiente.pr.gov.br/arquivos/File/meioambiente/solar.pdf.
27
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nos dias atuais, se torna relevante a discussão em relação às fontes de energia, a
disputa pelas mesmas, seu esgotamento, os impactos ambientais que causa, sustentabilidade,
demanda e preço.
As fontes de energia são objeto de grandes disputas nacionais e internacionais, ao
longo de toda história mundial. Houveram épocas nas quais até povos foram escravizados
para servirem como fonte de energia oriunda do trabalho braçal. Ainda atualmente, ocorrem
grandes guerras em função da disputa por fontes de energia. É muito importante para um país
ter muitas fontes de energia, pois a energia impulsiona a produção, o consumo e a economia
como um todo. Quanto mais fontes de energia um país tem, mais poder ele tem.
O grande impacto ambiental acontece devido à forma inescrupulosa de acúmulo de
capital, que gera, entre outras coisas, o consumismo. Em virtude do grande impacto
ambiental, causado pelas fontes de energia convencionais, têm-se a necessidade de lançar um
novo olhar sobre as mesmas.
Hoje a humanidade está diante de um dilema: ou desenvolve a economia
fundamentada em bases capitalistas, que tornam precárias as condições de vida no planeta, ou
opta por fontes alternativas, limpas e sustentáveis de energia.
É um desafio desenvolver fontes alternativas, limpas e renováveis e mais baratas,
como a energia solar, eólica, geotérmica, biomassa, das marés, entre outras.
28
REFERÊNCIAS
AZEVEDO, Carlos Vicente Goulart de, Análise Energética do Ciclo do Urânio Combustível - Etapa Intermediária de Obtenção do UF6, dissertação de mestrado CCTN/UFMG, Belo Horizonte, 1996. BRAGA, Carlos A. da S. et al. Automatic solar heating system for control of pathogens in irrigation water. Revista brasileira de engenharia agrícola e ambiental. , Campina Grande, v. 5, n. 2, 2001. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-43662001000200025&lng=en&nrm=iso>. Acessado em 24 de Maio 2008. CALHEIROS, D.F.; Poluição por pesticidas no Pantanal. Agronline.com.br. Disponível em: <http://www.agronline.com.br/artigos/artigo.php?id=310>. Acessado em 27 de novembro de 2008. Celesc Distribuição lança programa de eficiência energética para famílias catarinenses. 2008. Disponível em <http://cel63.celesc.com.br/portal/home/index.php?option=com_content&task=view&id=75&Itemid=1>. Acessado em 24 Maio 2008. Conselho Global de Energia Eólica, Plugging the Gap - Renewable Energy Systems. 2006. Evolução Energética: Perspectivas para uma energia global sustentável. Greenpeace, abril de 2007. Disponível em <http://www.greenpeace.org.br/energia/pdf/cenario_global_pt.pdf>.
Acesso em 15 de Novembro de 2008. GOLDEMBERG, José. Energia e desenvolvimento. Estud. av. , São Paulo, v. 12, n. 33, Aug. 1998 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40141998000200002&lng=en&nrm=iso>. Acessado em 27 Nov. 2008. HAMMOND, Allen L. METZ, William D. e MAUGK, Thomas H. Zahar editores, 1975, Rio de Janeiro. HAMMOND S. B.; GEHMLICH, D. K.. Engenharia elétrica. São Paulo: McGraw-Hill. 1975. HÉMERY, Daniel; BEBIER, Jean Claude; DELÉAGE, Jean-Paul. Uma História da Energia. Brasília. Editora Universidade de Brasília. 1993. LERMONTOV, André. Biodigestores: Energia Limpa e Sustentabilidade Local. Rio de Janeiro, Jun. 2007. Orçamento encomendado junto a empresa Solar Brasil Tecnologia & Energia Fotovoltaica LTDA. Solar Brasil Tecnologia & Energia Fotovoltaica LTDA. 2008.
29
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