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BANHO DEboas práticas
PRÊMIO PARA INICIATIVAS DE USO RACIONAL DA ÁGUACHEGA À NONA EDIÇÃO MADURO E, AO MESMO TEMPO,RENOVADO, COM A PARTICIPAÇÃO DO PÚBLICO INFANTIL
PRÊMIO PARA INICIATIVAS DE USO RACIONAL DA ÁGUACHEGA À NONA EDIÇÃO MADURO E, AO MESMO TEMPO,RENOVADO, COM A PARTICIPAÇÃO DO PÚBLICO INFANTIL
MARCOS MICHELIN/EM/D.A PRESS-20/10/05
REALIZAÇÃO:
ESPECIALQuarta-feira, 15 de dezembro de 2010
EDITORIAL
2 ●● Especial ●● ESTADO DE MINAS ●● Quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
Em sua nona edição, o Prêmio Furnas Ouro Azul,
criado no início da década pelos Diários Associados,
com patrocínio de Furnas Centrais Elétricas,
comprova que a preservação dos recursos hídricos
não é um esforço isolado, mas um trabalho cada vez
mais participativo. Empresas, governos,
organizações não-governamentais, pessoas físicas e
até as crianças, que este ano ganharam uma
categoria especial no concurso, demonstram a
consciência crescente de que, para proteger a água,
recurso crítico para o futuro do planeta, os melhores
resultados são sempre fruto de colaboração.
De quase 400 projetos inscritos no Ouro Azul
de 2010, a maior parte dizia respeito a iniciativas
que relatavam ou previam não ações verticais, de
mão única, mas o envolvimento de comunidades,
produtores rurais, funcionários de empresas e
cidadãos comuns para atingir os objetivos. E isso
se refletiu entre os vencedores: dos 38 premiados
– incluindo os 13 trabalhos da categoria mirim –,
apenas quatro, relacionados a novas tecnologias
de uso racional da água e feitos por estudantes e
nível superior e pós-graduação, não incluíam a
conscientização e a participação de outras pessoas
entre as estratégias propostas.
No caso das crianças, que enviaram cerca de
290 redações e desenhos ao prêmio, descrevendo
seu engajamento na preservação da água, aspectos
como criatividade e originalidade dos trabalhos só
não surpreenderam mais os jurados que a
maturidade demonstrada pelos autores mirins,
com idades entre 5 e 10 anos. Na visão de meninos
e meninas, alunos de escolas da Grande BH, a
humanidade só conseguirá se desenvolver de
maneira sustentável, com respeito ao meio
ambiente e, principalmente, aos recursos hídricos,
se cada um arregaçar as mangas e fizer sua parte.
Aliás, embora o júri tenha definido 13
campeões nas subcategorias infantis, todas as
crianças foram merecidamente premiadas. Depois
da cerimônia de entrega de troféus aos vencedores,
os pequenos participantes começaram a receber,
sem exceção, em suas escolas, kits com ecobags,
réguas e bloquinhos (ecologicamente corretos), um
peixe mascote, certificado de participação e a
cateirinha de “Guardião (ã) Ouro Azul”, com a qual
lhes foi passado “o dever de ajudar a cuidar e
conservar a água para o benefício da sua família e
da comunidade em que vive”.
Neste caderno, o leitor encontra o resumo das
iniciativas campeãs do Ouro Azul de 2010 em todas
as categorias – empresas privadas e públicas,
comunidades (ONGs e associações comunitárias e
pessoas físicas), estudantes de nível superior e pós-
graduação (mestrado e doutorado), cujas principais
informações estão disponíveis também no site
www.ouroazul.com.br. Na seção dedicada às
crianças, são apresentadas reproduções das
redações e dos desenhos premiados e o Destaque
mirim, dado a um estudante de Mateus Leme
(MG), autor de uma cartilha sobre como lidar com
o lixo. Que a publicação sirva de inspiração para
que mais pessoas, não importa a idade, deem as
mãos e participem da luta por um planeta melhor,
com água de qualidade para todos.
pelo planetaDe mãos dadas
Todas os participantes mirins do concurso devem receber kits e a carteirinha de GuardiõesOuro Azul, se comprometendo a cuidar da água para benefício de suas famílias e comunidades
PAULO CUNHA/OUTRA VISÃO
CATEGORIAEMPRESA PRIVADA
1ºLUGAR
GESTÃO DA ÀGUA NA LAFARGE
Responsável: Lafarge Concreto ● Local: Belo Horizonte (MG)
3 ●● Especial ●● ESTADO DE MINAS ●● Quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
Construção deum mundo melhor
Economizar água na produçãode concreto e no uso desse materialem canteiros de obras, o que certa-mente traria ganhos financeirospara a empresa, foi apenas um dosobjetivos do projeto que levou aLafarge, líder mundial em mate-riais de construção, a conquistar oprimeiro lugar na categoria Empre-sas privadas da 9ª edição do PrêmioOuro Azul.
Além de um bem estruturadoprograma de contenção de recursoshídricos em unidades espalhadaspor 45 municípios de Minas, Rio eSão Paulo, a empresa também sepreocupou em conscientizar e en-volver, nas ações do projeto 2010 é oano da água na Lafarge, centenas defuncionários e seus familiares, prin-cipalmente as crianças.
"Nas campanhas de divulgação,tivemos um enfoque especial nasfamílias e filhos dos nossos 700 fun-cionários e contratados, para quetodos estendessem a suas vidas aspráticas de uso sustentável daágua", diz a especialista em marke-ting da Lafarge, Márcia Vieira. Umdos frutos dessa estratégia foi acriação de brigadas infantis, deno-
minadas Guardiões da água, comdezenas de meninos e meninas im-buídos do espírito de preservaçãodos recursos hídricos.
VIGILANTES "Criamos um exércitode vigilantes mirins permanentes,preocupados em evitar o gastodesnecessário em suas casas, na es-cola e onde quer que estejam", afir-ma Márcia, lembrando que ascrianças ainda contribuem ativa-mente com a campanha, por meiode relatos de suas experiências edicas de economia de água, envia-das por e-mail à Lafarge.
Em relação às unidades da em-presa, o resultado do programa deredução do consumo também foisurpreendente, segundo a especia-lista. "Estabelecemos a meta de gas-tar diariamente, em cada unidade, omáximo de 250 litros de água pormetro cúbico de concreto, seja naprodução ou na umidificação demateriais e no uso em canteiros deobras", afirma ela.
"Esperávamos economia de 10%no total de água utilizada, mas, en-tre junho e outubro, esse percentualchegou a 21%, o que foi motivo de
Lafarge envolve funcionários e suas famílias,principalmente as crianças, em campanha bem-sucedida de contenção dos gastos de recursos hídricos
muita comemoração", acrescenta,lembrando que as ações da campa-nha têm apoio da Companhia de Sa-neamento de Minas Gerais (Copasa)e do Instituto Mineiro de Gestão dasÁguas (Igam). Em cinco meses, aeconomia global de água na Lafargechegou a 29,6 milhões de litros, oequivalente a 12 piscinas olímpicas.
Empresa criou brigada deguardiões mirins entre filhos
dos empregados paraespalhar informações sobre
a economia de água
REPRODUÇÃO
CATEGORIAEMPRESA PRIVADA
4 ●● Especial ●● ESTADO DE MINAS ●● Quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
2ºLUGAR
GESTÃO SUSTENTÁVEL DE RECURSOSHÍDRICOS NA ARCELORMITTAL AÇOS LONGOS
Responsável: ArcelorMittal ● Local: Belo Horizonte (MG)
3ºLUGAR
SUSTENTABILIDADE HÍDRICANA FIAT AUTOMÓVEIS S/A
Modelo deeconomia
O segundo lugar do Prêmio Ou-ro Azul de 2010, na categoria Empre-sas privadas, ficou com um projetoque já dura cinco anos e que faz daorganização responsável um mode-lo em economia de água no setor si-derúrgico. A Gestão sustentável derecursos hídricos na ArcelormittalAços Longos envolve, segundo o ge-rente de meio ambiente da empre-sa, José Otávio Andrade Franco, umasérie de ações, adotadas desde 2005,que culminaram em indicadores in-vejáveis de sustentabilidade.
“Hoje, por exemplo, em todas asnossas unidades, o índice de recircu-lação de água na produção de aço éde 98%. Além de obter maior produ-tividade e redução de custos, capta-
Índice de recirculação na aciaria de Monlevade, auditadopela Agência Nacional das Águas (ANA), atingiu 99%,
percentual que a empresa espera repetir em outras unidades
MARCELO SOUBHIA/DIVULGAÇÃO
Estratégias desustentabilidade daArcelormittal têmenfoque especial na água mos boa parte da água utilizada das
chuvas e estamos contribuindo pa-ra a conservação de rios, nascentes ematas ciliares”, afirma o gerente.
O projeto de recirculação foiadotado de forma pioneira na em-presa na unidade de João Monleva-de, na Região Central de Minas. Emseguida, a tecnologia foi transferida
para outras, como as de Juiz de Fora,na Zona da Mata, e de Piracicaba(SP). “Em Monlevade, fomos recen-temente auditados pela Agência Na-cional das Águas (ANA) e chegamosa uma reutilização de 99%. Nossameta é de atingir esse percentual demaneira global na empresa”, dizJoão Otávio.
Com sistema dereciclagem de água, Fiatpassou a fabricar carrosusando recursospróprios, sem precisar deum único litro da Copasa
A reutilização de água em proces-sos industriais também deu à Fiat Au-tomóveis S/A posição de destaque nacategoria Empresas privadas do Prê-mio Ouro Azul. A empresa repetiu aterceira colocação obtida no concursode 2008 com o sistema de recirculaçãoda fábrica de Betim, na Grande BH.Mas, desta vez, apresentou resultadosmuito melhores. “Implantamos novastecnologias na Estação de Tratamentode Água e elevamos de 92% para 99% oíndice de reaproveitamento de recur-sos hídricos no processo produtivo”,diz o supervisor de meio ambiente dafábrica, Cristiano Félix.
“Significa que, para fabricar um car-
ro em Betim, agora, simplesmente nãoprecisamosmaiscaptaráguapotáveldaCompanhia de Saneamento de Minas(Copasa),jáquetodaelaérecicladainter-namente”,completa,lembrandoqueis-so ganha importância especial ao se re-gistrar que a montadora da Fiat, em Be-tim, é recordista mundial na produçãode veículos, com 700 mil unidades/ano.
Segundo Cristiano, o novo modelode tratamento, implantado a partir de2008,ébaseadoemsistemasdenomina-dos membrana MBR (Membran Biolo-gicalReactor)eosmosereversa.“Comes-sastecnologias, aumentamosovolumedeáguadeáguarecirculadaeobtivemoscondições ambientais ainda melhores”.
Sucesso ampliadoResponsável: Fiat S/A Local: Betim (MG)
STU
DIO
CER
RI/
DIV
ULG
AÇÃO
CATEGORIAEMPRESA PRIVADA
4ºLUGAR
REAPROVEITAMENTO DE ÁGUA NOVA USADA NA REFRIGERAÇÃO DASBOBINAS DOS CONCENTRADORES MAGNÉTICOS DE ALTA INTENSIDADE
Responsável: Vale ● Local: Mariana (MG)
5ºLUGAR
UTILIZAÇÃORACIONAL DOSRECURSOS HÍDRICOSNA CENTRAL DECONCRETO OLHOSD'ÁGUA (MIX-II)
Responsável:SupermixConcretoS/ALocal: Belo Horizonte (MG)
A natureza agradece
em nova doseReciclagem
Equipe da Vale em Marianaconsegue resfriar equipamentossem usar “água nova”
O uso constante de água para refrigerar equipa-mentos sujeitos ao superaquecimento representaum dos muitos riscos aos mananciais próximos aunidades industriais, além de gastos significativospara as empresas. Pensando nisso, a equipe da Valena Mina de Alegria, em Mariana, a 110 quilômetrosde Belo Horizonte, desenvolveu um projeto que per-
Classificada entre as cinco melhores em-presas privadas com projetos para uso sus-tentáveldeáguanoOuroAzulde2008,comaexperiência de reciclagem de recursos hídri-cosemumaunidadedeBrasília(DF),aSuper-mixConcretoS/Avolta,esteano,afiguraren-treasprimeirascolocadasdoprêmio.Ainicia-tiva , quinta colocada, tem características se-melhantes, embora seja mais completa, e foidesenvolvida na Central de Concreto da em-presanobairroOlhosD'Água(Mix-II),emBH.
SegundoodiretorRobetoPerez,oprojetoconsistiuemumconjuntodemedidastécni-casedeconscientizaçãodecolaboradorespa-ra racionalizar a utilização e recuperar parteda água gasta no processo de carga e retornode concreto. “O sistema conta com um Tan-que de Decantação Sem Reciclador (TDSR)que permite recuperar 152 metros cúbicospor dia ou 3,8 mil metros cúbicos por mês, oequivalenteaquase57%dototalutilizadonaMix-II”, diz o empresário.
mite eliminar o consumo de “água nova” no resfria-mento do maquinário responsável pela separação dominério extraído.
“São os concentradores magnéticos de alta densi-dade, cujas bobinas geram muito calor e precisam sersempre refrigeradas”, explica o analista Anderson La-ge, integrante do grupo de Círculos de Controle deQualidade (CQC) Usina de Talentos, da Vale, e que ins-creveu o projeto, quarto colocado nesta edição doPrêmio Ouro Azul. “Com R$ 25 mil, montamos o sis-tema que reutiliza água nesse processo de resfria-mento. Ele permitiu economizar 80 metros cúbicospor hora, o que representa 20% da outorga que temospara usar a água do Córrego das Almas”, acrescenta.
5 ●● Especial ●● ESTADO DE MINAS ●● Quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
Sistema de refrigeração de bobinas em unidade da Vale permite economia de 80 metros cúbicos de água por hora
JUAREZ RODRIGUES/EM/D.A PRESS- 2/5/07
Finalista na categoria em 2008, Supermixaprimorou projeto e repetiu o feito
HUMBERTO CATÃO/DIVULGAÇÃO
CATEGORIAEMPRESA PÚBLICA
1ºLUGAR
PROJETO DE RECUPERAÇÃO E PRESERVAÇÃO DE 40 SUB-BACIAS FORMADORAS DOS AFLUENTES DO RIO SÃO FRANCISCO
Responsável: Emater-MG/RuralminasLocal: Belo Horizonte (MG)
6 ●● Especial ●● ESTADO DE MINAS ●● Quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
A preservação do Rio da Integração Nacionalrequer um esforço continuado para evitar a de-gradação de um dos mais importantes cursosd'água do país e do mundo. Parte importante des-se trabalho foi premiada com o primeiro lugar nacategoria Empresas públicas do 9º Ouro Azul. OProjeto de recuperação e preservação de 40 sub-bacias hidrográficas formadoras dos afluentes doRio São Francisco, parceria entre a Empresa de As-sistência Técnica e Extensão Rural de Minas Ge-rais (Emater-MG) e a Fundação Rural Mineira (Ru-ralminas), foi planejado no início da década, massaiu do papel a partir de 2005 e colheu excelentesresultados até o momento.
“Implantamos mais de 7,5 mil bacias de capta-ção de enxurradas, formamos cerca de 8,5 mil hec-tares de áreas protegidas por terraços e readequa-mos, do ponto de vista ambiental, 670 quilômetrosde estradas vicinais em 40 municipíos mineiros”,
Cuidados com o Velho Chico
afirma o coordenador técnico de meio ambiente daEmater, Ênio Resende de Souza. “E já temos proje-tos semelhantes em fase de implantação em mais200 cidades”, acrescenta, lembrando que diversasoutras entidades, públicas e não-governamentais,também estão envolvidas nas ações.
Segundo Ênio Souza, as medidas contempla-ram, além de obras para conter erosões e outrosdanos ambientais – e aumentar a quantidade e a
qualidade de águas superficiais nas sub-bacias –, oenvolvimento de dezenas de produtores rurais.“Essas pessoas e suas comunidades passam porum amplo trabalho de conscientização e de trans-ferência de tecnologias para garantir a conserva-ção mais perene dos recursos hídricos”, explica.
ESTRADAS As modificações em centenas de quilô-metros de estradas podem ser consideradas umdos destaques do projeto. De acordo com Ênio,muitas vezes por falta de orientação técnica, prefei-turas simplesmente mandam passar tratores nes-sas vias da zona rural para adequá-las ao trânsito deveículos, principalmente em períodos de chuva. Oresultado é o acúmulo de terra em locais inapro-priados, o que facilita o carreamento por enxurra-das e a consequente poluição de lagos, rios e nas-centes. “Por meio de adequações relativamentesimples, evitamos boa parte desses problemas”, diz.
Parceria de órgãos públicosmineiros garante construção debacias de captação, proteção deáreas e adequação de estradaspróximas ao Rio São Francisco
Uma das 7,5 mil pequenas bacias construídas pela Emater e a Ruralminas em 40 municípios mineiros, para assegurar água a produtores rurais
ENIO SOUZA/DIVULGAÇÃO
CONSTRUÇÃO DE RESERVATÓRIOSDE ÁGUA NO SEMIÁRIDO MINEIRO
CATEGORIAEMPRESA PÚBLICA
2ºLUGAR
CAMPANHA DE REGULARIZAÇÃO DOUSO DE RECURSOS HÍDRICOS EM MG:“ÁGUA: FAÇA O USO LEGAL”Responsável: Igam ● Local: Belo Horizonte (MG)
7 ●● Especial ●● ESTADO DE MINAS ●● Quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
Registros foram feitos pelo Igam com apoio de dezenas de entidades e órgãos públicos, como a PM
Governo mineiro faz campanha pararegularizar a exploração de recursoshídricos no estado e espera atingir370 mil usuários até final de 2011
da leiTodos dentro
A campanha Água: faça ouso legal!, do Instituto Mineirode Gestão das Águas (Igam), fi-cou com o segundo lugar na ca-tegoria Empresas públicas do 9º
Prêmio Ouro Azul. O motivo doreconhecimento foi o esforçodo governo do estado, que in-cluiu a ação no projeto estrutu-rador Consolidação da Gestão
de Recursos Hídricos em BaciasHidrográficas, para que consu-midores de todas as regiões mi-neiras possam legalizar, semburocracia, o uso que fazem daágua, contribuindo para a pre-servação dos mananciais.
Segundo a coordenadora dacampanha, Ana Carolina Mi-randa, o projeto começou a seraplicado em agosto de 2007 etermina este mês. Primeiro, pormeio de campanhas informati-
vas, os técnicos do Igam mobili-zaram e conscientizaram con-sumidores de determinadas re-giões para que formalizassempedidos de outorga de direitode uso ou fizessem o chamadocadastro de uso insignificantede recursos hídricos.
Em seguida, passado o pe-ríodo de registros, tiveram iní-cio a fiscalização e eventuaispunições. “Fizemos um projetopiloto, no Sul de Minas, e, de-
pois de dois meses da etapa deconscientização, tivemos ape-nas dez registros. Quando volta-mos e começamos a fiscalizar,mais de 1,5 mil consumidoresresolveram nos procurar”, con-ta Ana Carolina. A campanha, apartir da qual espera-se regula-rizar a situação de 370 mil con-sumidores de Minas, até o finalde 2011, é feita pelo Igam emparceria com quase 40 entida-des, públicas e privadas.
Parceira da Emater-MG noprojeto que conquistou o pri-meirolugarnacategoria,aRural-minas também ficou com a ter-ceira colocação entre as empre-sas públicas no Prêmio OuroAzul de 2010, com o projetoConstrução de reservatórios deágua no semiárido mineiro. Deacordo com o diretor técnico da
3ºLUGAR Responsável: Fundação Ruralminas
Local: Belo Horizonte (MG)
Barragem construída em Caraí,no Jequitinhonha, ajuda aamenizar a falta de água
Para matar a sedefundação, Amilton Reis, o proje-toprevêainstalaçãodecentenasdebarragenspequenasemédiase bacias de captação de água daschuvas em 188 municípios: 110na região Norte de Minas, 43 noVale do Jequitinhonha e 35 noVale do Mucuri.
“Dividimos o trabalho emquatro frentes, duas no Norte e
duas no Jequintinhona e no Mu-curi. Estabelecemos um limitedecincointervençõespormuni-cípio, definidas em audiênciascom as comunidades, prefeitu-ras e outras órgãos, e, com essametodologia, conseguimos nú-meros expressivos até o mo-
mento”, afirma Reis. Em todo oano passado, segundo ele, comorçamento de R$ 3,6 milhões,em recursos estaduais, foramfeitos 36 barramentos e 284 ba-cias de captação.
Já no primeiro semestre de2010, com menos recursos (R$ 2
milhões, também do governoestadual) os técnicos construí-ram 32 barramentos e 402 ba-cias.“Emmenostempo,fizemosquase a mesma quantidade debarragens e 30% a mais de ba-cias, sendo que o custo médiodasbarragenscaiupelametade”,afirmaodiretor.Atéofinaldesteano, os números devem subirbastante. “Completaremos mais25barragense266bacias”,acres-centouReis, lembrandoaimpor-tância dessas ações em regiõesnas quais a sede é o maior pro-blema da população.
DIVULGAÇÃO
IGAM/DIVULGAÇÃO
CATEGORIAEMPRESA PÚBLICA
8 ●● Especial ●● ESTADO DE MINAS ●● Quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
4ºLUGAR
SISTEMA INTEGRADO DE PROTEÇÃO DE MANANCIAIS- SIPAM
Responsável: Copasa ● Local: Belo Horizonte (MG)
5ºLUGAR
FLORES E ÁGUASDA NASCENTEDO VELHAS
Responsável: SecretariaMunicipal de MeioAmbiente de Ouro PretoLocal: Ouro Preto (MG)Projeto participativo Adeus,
pedreira
Programa da Copasa para proteger centenas de mananciais aposta em apoio dascomunidades no replantio em áreas degradadas e no cercamento de nascentes
O trabalho de recuperação deuma área degradada por anos deexploração, em uma antiga pe-dreira – e onde se encontra umadas nascentes do Rio das Velhas,um dos principais afluentes doSão Francisco –, foi o quinto colo-cado na categoria Empresas pú-blicas do Prêmio Ouro Azul. Oprojeto Flores e águas da nascen-te do Velhas, desenvolvido pelaSecretaria Municipal de MeioAmbiente (Semma) de Ouro Pre-to, a 100 quilômetros de Belo Ho-rizonte, teve como objetivo repo-voar com espécies nativas a vege-tação da região das Camarinhas,na periferia da cidade.
Além disso, também se procu-rou reintegrar econômica e social-mente trabalhadores da antiga as-sociação dos exploradores dequartzito e suas famílias, morado-res do local e que atuaram na reti-rada de pedras até a proibição daatividade, em 2002. Segundo a di-retora de projetos da Semma, Jose-fa Lafuente, houve a implantaçãode uma unidade de produção demudas para o replantio.
Trabalhadores que antes se de-dicavam a atividades prejudiciaisao meio ambiente ganharam no-vas funções. "Isso acabou transfor-mando a antiga associação. Agora,como viveiristas, as pessoas estãorecuperando a área, por meio da re-moção dos resíduos de quartzito,da construção de taludes e da reve-getação, entre outras ações", diz ela.
Conscientização é a palavra-chave do Sistema Inte-grado de Proteção de Mananciais (Sipam), projeto daCompanhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa)que obteve a quarta posição entre as empresas públicasna 9ª edição do Prêmio Ouro Azul. O programa tem porobjetivo melhorar a gestão ambiental em bacias hidro-gráficas e racionalizar os usos múltiplos dos recursosnaturais. Por meio de ferramentas de comunicação,sensibilização e mobilização ambiental, a Copasa seduzusuários, transformados em agentes sociais para multi-plicar boas práticas.
"Fornecemos meios físicos para algumas ações, comomaterial para cercamentos, por exemplo, mas o principalé a parte de conscientização, com a ida de nossas equipes
aos mais diversos locais para conseguir o apoio e a parti-cipação das comunidades nos projetos, inclusive nas es-colas", diz o diretor de meio ambiente da Copasa, CarlosGonçalvez de Oliveira Sobrinho.
De acordo com ele, o Sipam, que já cobriu 152 manan-ciais em Minas, mas deve se estender a todo o estado, con-siste em várias etapas, que vão do diagnóstico ao geren-ciamento de resultados, passando pela criação de comis-sões de proteção e pela implementação de medidas pre-ventivas e reparadoras. "Os trabalhos de recuperação dasbacias são desenvolvidos em dois anos, com recuperaçãode vegetação nativa em matas ciliares, cercamento denascentes e projetos de educação ambiental, disseminan-do técnicas conservacionistas de manejo do solo", afirma.
Trabalho de conscientização com alunos das redes públicas e particular são ponto forte do projeto
JUAREZ RODRIGUES/EM/D.A PRESS-6/3/08
CATEGORIA
(ONGs e associações comunitárias)COMUNIDADES
1ºLUGAR
GRUPO DE AÇÃO AMBIENTAL GUAXINIM – PROMOVENDO A CONSERVAÇÃO DA ÁGUA, SOLO, BIODIVERSIDADE E A VIDANA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL PRÁTICA VISANDO À MELHORIA DA QUALIDADE DE VIDA EM NOSSO PLANETA
Responsável: Grupo de Ação Ambiental Guaxinim ● Local: Arcos (MG)
9 ●● Especial ●● ESTADO DE MINAS ●● Quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
Chamado selvagem
Mobilizar produtores rurais, comunidades ealunos de escolas públicas para o recolhimento detoneladas de lixo na zona rural, evitando o acúmu-lo de rejeitos perto de cursos d'água. Essa é a tônicado projeto vencedor da categoria ONGs e associa-ções comunitárias da 9ª edição do Prêmio OuroAzul. O responsável é o Grupo de Ação AmbientalGuaxinim, criado no ano passado em Arcos, a 210quilômetros de Belo Horizonte, no Centro-Oeste doestado, e que tem coordenação-geral da Empresa deAssistência Técnica e Extensão Rural de Minas Ge-rais (Emater-MG).
Funcionário da Emater-MG e presidente do Gua-xinim, o engenheiro agrônomo Zenaido Lima da Fon-seca conta que a ideia de retirar lixo de grotões, com oapoio de voluntários, surgiu em um momento de co-munhão com a natureza, na comunidade de São Do-mingos, em Arcos. “Durante um trabalho de campo,conversei com as plantas e perguntei o que poderiafazer para proteger a natureza. Pouco depois, seguiacom o carro da Emater por uma estrada de terra quan-do senti uma necessidade súbita de parar, descer e en-trar na mata”, diz.
Zenaido caminhou por alguns metros até se depa-rar com um depósito de lixo, praticamente em cimade uma pequena nascente. “Foi como se eu tivesse si-do conduzido até ali por uma força maior, para ver deperto aquele grave problema ambiental. Defini, na-quele dia, qual seria a minha contribuição”, explica. Aprimeira providência do engenheiro foi procurar o lí-der comunitário da região, com quem conseguiuagendar um segundo encontro, reunindo os morado-res. Em seguida, foi à Secretaria Municipal de Educa-ção de Arcos, onde lhe sugeriram envolver os alunos
Presidente de ONG de Arcos (MG)garante que inspiração para criarprojeto foi obra de uma forçamaior: a própria natureza
da Escola Municipal Rural Laura Andrade.“Em pouco tempo, conseguimos atrair muitos
parceiros para o projeto de retirar lixo de perto denascentes, como a Polícia Militar do Meio Ambiente,a Copasa, a prefeitura, o IEF, a Associação dos Recicla-dores de Arcos, empresas e sindicatos”, afirma Zenai-do. Criou-se o Núcleo Guaxinim Laura Andrade e,por meio do que o engenheiro chama de “ação prá-tica educativa”, os alunos da escola, filhos de agricul-tores da região, participaram da primeira coleta.
“Hoje, já temos um segundo núcleo em Arcos, nacomunidade de Boa Vista, e sempre fazemos a coletade lixo em grotões, num trabalho que envolve cercade 300 voluntários”, diz Zenaido, que criou uma tercei-ra frente de atuação do Grupo Guaxinim em São Ga-briel da Cachoeira (AM) e pretende montar a quarta,em breve, no Norte de Minas.
Voluntários arregimentados pelo Grupo Guaxinimjá fizeram a coleta de toneladas de detritos emgrotões, protegendo nascentes e matas ciliares
ZENAIDO FONSECA/ARQUIVO PESSOAL
EEmm ppoouuccoo tteemmppoo,,ccoonnsseegguuiimmooss aattrraaiirrmmuuiittooss ppaarrcceeiirrooss ppaarraa oopprroojjeettoo ddee rreettiirraarr lliixxooddee ppeerrttoo ddee nnaasscceenntteess■■ Zenaido Lima da Fonseca, funcionário da
Emater-MG e presidente do Guaxinim
CATEGORIA
(ONGs e associações comunitárias)COMUNIDADES
2ºLUGAR
VIGILANTES DA ÁGUA: UMA PROPOSTA METODOLÓGICA PARAO MONITORAMENTO PARTICIPATIVO DA QUALIDADE DA ÁGUA
Responsável: Fundo Cristão para Crianças Local: Belo Horizonte (MG)
3ºLUGAR
AGENTE AMBIENTAL – PRODUTOR RURALPRESTADOR DE SERVIÇOS AMBIENTAIS
Responsável: Instituto Xopotó Local: Brás Pires (MG)
10 ●● Especial ●● ESTADO DE MINAS ●● Quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
Existem métodos simples ede fácil aplicação pelos quaisqualquer pessoa pode monito-rar a qualidade da água de ma-nanciais, o que ajuda a prevenirdoenças e a definir estratégiasde combate à poluição dos re-cursos hídricos. O Fundo Cristãopara Crianças, organização não-governamental mundial quepromove o desenvolvimentoinfantil, apostou nessa ideia e,em 2001, criou o projeto Vigilan-tes da água, segundo colocado,este ano, na categoria Comuni-dades – ONGs e associações co-munitárias do Ouro Azul.
Responsável pelo projeto, o
agrônomo Carlos Eduardo Sisteexplica que a capacitação degrupos de moradores de regiõesrurais sem serviços adequadosde tratamento de água para ava-liar amostras dos recursos hídri-cos já foi feita em 25 comunida-des, no Vale do Jequitinhonha,em Minas, e no Vale do Jaguari-be (CE). O programa, que teve as-sessoria técnica da Universidadede Alburn, nos Estados Unidos,inclui não só os ensinamentospara formar os vigilantes, mastambém a distribuição de kitspara análises.
“O monitoramento das fon-tes é feito de forma periódica
por representantes das própriascomunidades. Com os kits, con-segue-se, de maneira simples,barata e rápida, obter indicado-res de 11 parâmetros para veri-ficar a poluição fecal e a potabi-lidade da água”, explica.
“Os resultados, além de dize-remseaspessoaspodemounãoconsumir a água, são a base paraa construção de ações mitigado-rasdapoluiçãodosmananciais”,acrescenta. Em Minas, o projetojá realizou 16 oficinas de capaci-taçãoemcomunidadescarentesdo Jequitinhonha, formando280 vigilantes e beneficiandomais de 17 mil pessoas.
ONG mundialcapacita moradores
de regiões pobresdo país a monitorar
qualidade da águaconsumida
Projeto inclui instruçõespara análise edistribuição de kits demedição a comunidadesque contam comserviços precários deabastecimento
Fontes vigiadas
ÉLCIO PARAÍSO/DIVULGAÇÃO
Geralmente, tentar transfor-mar produtores rurais em pres-tadores de serviços ambientaisnão é tarefa fácil. Mas o desafiofoi assumido pelo Instituto Xo-potó para o DesenvolvimentoSocial, Econômico e Ambiental,emparceriacomaUniversidadeFederal de Viçosa (UFV), e ren-deu, além de bons resultadospráticos, a conquista do terceirolugarnacategoriaComunidades– ONGs e associações comunitá-rias do Ouro Azul de 2010.
Segundo a diretora de rela-ções instutionais da entidade,Vivian Ramos, o programaAgente ambiental: produtorrural prestador de serviços am-
bientais surgiu em 2008, a par-tir da constatação de que 56%das áreas no entorno das nas-centes da bacia do Rio Xopotó,situada entre as regiões Centrale Zona da Mata, apresentavamsinais de perturbação, como aerosão, pela presença de cultu-ras rurais de baixo impacto.
Dividido em três fases –diagnóstico, elaboração e im-plantação de planos de susten-tabilidade – o programa foiadotado em dez dos 14 municí-pios que compõem a bacia. “Es-tamos hoje na terceira fase nes-ses municípios, desenvolven-do, com o apoio de muitos par-ceiros, principalmente os pró-
prios produtores rurais, diver-sas ações de proteção às nas-centes e aos cursos d'água quepassam por cada um”, diz Vi-vian. “Os produtores não ape-nas colaboram com a preserva-ção, como se tornam prepara-dos para receber incentivos fis-cais pelos serviços ambientais,caso da Bolsa Verde, do gover-no mineiro”, conclui.
Instituto Xopotó promoveuma série de atividades,
como reuniões e mutirõespara proteção de nascentes,
sempre com a participaçãode agricultores
INSTITUTO XOPOTÓ/DIVULGAÇÃO
Produtores engajados
CATEGORIA
(ONGs e associações comunitárias)COMUNIDADES
4ºLUGAR
DE OLHO NOS OLHOS: PROTEÇÃOE RECUPERAÇÃO DE NASCENTES
Responsável: Grupo Dispersores ● Local: Brasópolis (MG)
5ºLUGAR
DESENVOLVIMENTO REGIONAL SUSTENTÁVEL
Responsável: Consórcio dos Municípios do Lago de Três MariasLocal: Três Marias (MG)
11 ●● Especial ●● ESTADO DE MINAS ●● Quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
Dois anos depois de figurar entreas cinco entidades não governamen-tais com melhores projetos no Prê-mio Ouro Azul, o Consórcio dos Mu-nicípios do Lado de Três Marias(Comlago) reassume a posição na listade campeões. Em 2008, a atividadeinscrita foi relativa a um programa decapacitação ambiental de filhos e ne-tos de pescadores da região.
Desta vez, segundo a coordenado-
ra-geral do Comlago, Silvia FreedmanRuas Durães, o projeto vencedor é umresumo de tudo o que foi feito pelaentidade em prol do meio ambiente,com enfoque nos recursos hídricos,desde 2000. “O que apresentamos foium documento que fecha de maneirafeliz um ciclo de dez anos bastanteprodutivos”, afirma.
Denominado Desenvolvimento re-gional sustentável, o relatório engloba
Balanço positivoIntegrantes de comunidades, prefeituras e outros órgãos aplaudem ações do Comlago
Organização não governamentalfundadaem2004,oGrupoDispersores,de Brasópolis, Sul de Minas, se dedica aprogramas de adequação de uso e ocu-pação do solo da microbacia VeiasD'Água,queenglobaomunicípio.Como projeto De olho nos olhos – Proteçãoe recuperação de nascentes, a entidadeconquistou o quarto lugar entre outrasONGs e associações inscritas no OuroAzul de 2010. As atividades tiveram oenvolvimento de produtores rurais esuasfamílias,estabelecidosnasimedia-ções do Ribeirão Vargem Grande, prin-cipal curso d'água de Brasópolis.
“Com a ajuda desse pessoal, identi-ficamos 10 nascentes ameaçadas porproblemas diversos e iniciamos nos lo-
cais o replantio de vegetação nativa eoutras ações de recuperação. O projetotambémincluiuadisseminaçãodetéc-nicas de restauração e práticas de edu-cação ambiental em escolas públicas ena comunidade”, diz o diretor-executi-vo da ONG, Evandro Negrão.
Segundo ele, o financiamento doprojeto veio do subprograma ProjetosDemonstrativos(PDA),noMinistériodoMeioAmbiente,edeoutroscolaborado-res,comoobancoalemãoKFWeaagên-ciadecooperaçãotécnicaGTZ,tambémalemã. “Depois desse trabalho, muitaspessoas que moram em outros locaisnosprocuraramembuscadeapoiotéc-nicoparafazeromesmo.Foimuitogra-tificante”, acrescenta o diretor.
Olhos d'águaGrupo de ambientalistas reúne adultos e criançaspara restaurar áreas próximas a 10 nascentes
desde as ações iniciais para mobilizar earticular as prefeituras das oito cidadesqueformamoLagodeTrêsMarias–queculminounadecisãodosmunicípiosdedoar1%deseusrecursosparainiciativasconjuntas de proteção ambiental – atéconquistas quefizeramdaregiãoexem-
plo nacional de boas práticas. Uma dasprincipais, diz Sílvia, foi ter conseguidoviabilizar,comapoiodogovernofederaledasprefeituraslocais,otratamentodeesgoto em sete dos oito municípios. “Emuitosoutrosavançosestãoemcurso”,garante ela.
Crianças são protagonistas de ações ao ajudar no plantio de mudas perto de nascentes
EVANDRO NEGRÃO/DIVULGAÇÃO
COMLAGO/DIVULGAÇÃO
CATEGORIA
(Pessoas físicas)COMUNIDADES
1ºLUGAR
DE OLHO NA SUSTENTABILIDADE
Responsável: Tarcísio Veloso de Oliveira e Maria Lucília Ferreira VelosoLocal: Glaucilândia (MG)
Exemplo aser seguido
Casal de produtoresrurais de Glaucilândia,Norte de Minas, aceitaorientações e apoio daEmater-MG e faz de suapropriedade modelopara outros agricultores
Um casal de pequenos produ-tores rurais de Glaucilândia, noNorte de Minas, aceitou sugestõese intervenções ambientais feitaspor técnicos da Emater-MG, vi-sando, principalmente, ao melhoraproveitamento dos recursos hí-dricos na propriedade. Com isso,Tarcísio Veloso de Oliveira, de 65anos, e Maria Lucília Veloso, de 60,aumentaram a produtividade etrasformaram seu sítio em mode-lo a ser seguido em toda a região.O projeto que trata desse bomexemplo, chamado De olho nasustentabilidade, foi o grandevencedor do Prêmio Ouro Azul de2010 na categoria Comunidades -Pessoas físicas.
“Seu Tarcísio e dona Maria Lu-cília são pessoas simples, mas ti-veram muita sensibilidade paraperceber que a existência de áreasdegradadas na propriedade deles,de 27 hectares, prejudicava as ati-vidades leiteiras, a produção dequeijo e, principalmente, o equilí-brio ambiental”, diz técnico agro-pecuário Antônio Dumont Ma-chado do Nascimento, que inscre-veu o projeto. “Dessa forma, a par-tir de 2005, cederam o sítio e nosajudaram a fazer o replantio e ocercamento de matas ciliares, ter-raços para combater erosão e ba-cias de captação de água pluvial,melhorando bastante seus negó-cios”, acrescenta.
Hoje, o sítio Santa Elisa é umaunidade de demonstração da Ema-ter e recebe visitas constantes deoutros produtores, que acabamconvencidos dos benefícios dasações adotadas. “Antigamente, tí-nhamos dificuldades para conven-cer os agricultores da região da ne-cessidade de fazer alterações emsuas terras, mesmo as que não ti-nham a menor condição de mane-jo. Agora, contamos com 80 produ-tores cadastrados na Emater e de-manda para a construção de 500quilômetros de terraços e 300 ba-cias de captação de chuva”, come-mora o técnico.
Uma das grandes vantagensvista pelos “colegas” de TarcícioVeloso, segundo Antônio, é o fatode que, graças à conformidade ob-tida com as leis ambientais, eletem agora muito mais facilidadepara obter financiamentos agríco-las. “Antes das intervenções, ele
nem pensava em pedir emprésti-mo ao Banco do Brasil, por exem-plo, porque sabia que seria negado.Mas, diante dos avanços, da prote-ção dos mananciais e de outrasbenfeitorias, está produzindo mui-to mais e já conta com financia-mentos para ampliar suas ativida-des”, explica.
Com uma série de adequações
ambientais no sítio, Tarcísio
Oliveira melhorou a
produtividade e ampliou a
fabricação de queijo
12 ●● Especial ●● ESTADO DE MINAS ●● Quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
ANTONIO DUMONT/EMATER/DIVULGAÇÃO
CATEGORIA
(Pessoas físicas)COMUNIDADES
2ºLUGAR
RECUPERAÇÃO DAS MATAS CILIARES DO LAGO DE FURNAS E SEUS AFLUENTES
Responsável: Gaspar Donizetti Luiz ● Local: Campo Belo (MG)
PROJETO DECONTENÇÃO DASVOÇOROCAS DEMORRO DO FERRO
Responsável: Ildeano Sebastião SilvaLocal: Oliveira (MG)
Mãos à obra
Cicatrizesprofundas
Pescador, Gaspar Donizetti sededica também a recuperarvegetação nas margens de Furnas
Umpescadorprofissionalconscientedequeadevasta-ção da vegetação próxima a mananciais compromete aágua,aquantidadeeaqualidadedospeixeseavidanasco-munidades. E, mais importante, que arregaça as mangas evaiàlutaparamudaressarealidade.EsseéGasparDonizet-ti Luiz, morador de Campo Belo, na região do Lago de Fur-nas, e que teve seu projeto eleito como segundo colocadoentrepessoasfísicasdoOuroAzulde2010.“Basicamente,otrabalhoéodemobilizarvoluntários,cultivarmudasdees-péciesnativasefazer,nósmesmos,oreplantioemmatasci-liares bastante prejudicadas aqui da região”, diz ele.
A luta de Ildeano Sebastião daSilva dura quase 15 anos. Emboranão tenha sido vencida, o esforçopor conscientizar comunidade eautoridades sobre causas e riscosda grande erosão verificada emMorro do Ferro, distrito de Oliveira,Centro-Oeste de Minas, valeu a eleo terceiro lugar na categoria Comu-nidades – Pessoas físicas do OuroAzul de 2010. Segundo Ildeano, oProjeto de contenção das voçorocasde Morro do Ferro é o relato de di-versas ações adotadas, desde 1996,para tentar interromper a destrui-ção progressiva do solo.
“Os buracos gigantescos sãouma bomba relógio: ameaçam ca-sas, estradas e os recursdos hídricosda região”, diz. Nos últimos anos, Il-deano liderou estratégias que tive-ram“discretos,masimportantesre-sultados”. “Implantaos coleta seleti-va de lixo, fizemos laudos técnicos,reduzimosqueimadaseaprovamosumaleiqueproíbetráfegodeveícu-los pesados na áerea urbana da co-munidade”, afirma.
O projeto Recuperação das matas ciliares do Lago deFurnas e seus afluentes contemplou, em 2008, o Córre-go dos Bugres, um dos afluentes de Furnas. SegundoGaspar, o trabalho de recomposição da vegetação próxi-ma ao curso d’água foi feita pela Sociedade de Defesado Meio Ambiente (Sodema), da qual ele é voluntário,em parceria com a Prefeitura de Campo Belo, a Associa-ção dos Produtores Florestais do Sudoeste de Minas(Apflor) e o Ministério do Meio Ambiente.
“Agora, estou propondo estender esse trabalho a to-do o lago e aos demais afluentes. Cultivo as mudas nomeu quintal e já tenho mais de 2,5 mil, entre goiabei-ras, angás, jatobás e ipês, prontas para serem plantadas”,afirma. Mas falta uma coisa: “Preciso de um barco paratransportar esse material até as margens e, infelizmen-te, não tenho recursos. Seria ótimo se alguém quisesseme ajudar”, explica, lembrando que o modelo preten-dido custa cerca de R$ 3,8 mil.
13 ●● Especial ●● ESTADO DE MINAS ●● Quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
3ºLUGAR
Erosão ameaça vilarejo e recursos hídricos
Ocupação nas margens do Lago de Furnas e nas proximidades de seus afluentes precisa ser acompanhada de perto
BETO NOVAES/EM/D.A PRESS-22/4/10
ILDEANO SEBASTIÃO SILVA/ARQUIVO PESSOAL
AGRICULTURAFAMILIAR ERECURSOSHÍDRICOS: UM
PROJETO PARA ACONSERVAÇÃO DEMICROBACIAS
CATEGORIA
(Pessoas físicas)COMUNIDADES
4ºLUGAR
FAÇA DO SEU CORAÇÃO UM JARDIM
Responsável: Robson Camilo de FreitasLocal: Sabará (MG)
5ºLUGAR
Responsável: Suely Regina Del GrossiLocal: Uberlândia (MG)
14 ●● Especial ●● ESTADO DE MINAS ●● Quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
Ex-escoteiro e professor de mate-mática de escola pública há 27 anos,Robson Camilo de Freitas é um dosprincipais articuladores do movimen-to SOS Mata do Inferno, que luta pelademarcação e preservação de uma dasmais ricas áreas ambientais da Gran-de BH, em Sabará. O relato das açõesque ele lidera há 15 anos, ao lado deoutros voluntários, como passeatas eatos públicos pela legalização definiti-va da reserva biológica e natural, cer-camento de nascentes da região, ativi-dades de educação ambiental e a cria-ção de um viveiro para replantio deáreas degradadas, mereceu o quintolugar no Ouro Azul de 2010, na catego-
ria Comunidades – Pessoas físicas.“No momento, nossa maior luta é
para que a prefeitura, que já fez o tom-bamento da mata, faça também a de-marcação, com o parcelamento legal, ecerque toda a área, que sofre grandeameaça de empreendimentos imobi-liários”, afirma Robson. O local abriga,além de nascentes cristalinas que desa-guam em ribeirões da região, fauna eflora variadas. O movimento, segundoo professor, já entregou às autoridadesdo município um abaixo-assinadocom nomes de mais de mil moradorescobrandoprovidênciasparaaproteçãoda mata. “Com o trabalhos que temosfeito,acomunidadecompreendeuque
Exuberância em perigo
Ex-escoteiro luta há 15 anos pela demarcação oficialda Mata do Inferno, em Sabará, rico reduto natural esob a ameaça de empreendimentos imobiliários
só com a união de todos conseguire-mos a preservação e uma urbanizaçãoque respeite o meio ambiente”.
A lutacontinua!
Premiado com o Ouro Azul, hádois anos, como melhor projeto de es-tudantes de nível superior, um traba-
lho de professores e alunos de univer-sidades de Uberlândia, referente à con-servação de recursos hídricos a partirdo envolvimento de pequenos produ-tores rurais, teve continuidade e maisuma vez mereceu reconhecimento.Agora, no entanto, o projeto Agricultu-ta familiar e recursos hídricos: Umprojeto para a conservação de Micro-bacias – Córrego Marimbondo, ga-
Pesquisa acadêmica naregião do Marimbondovenceu Ouro Azul de 2008 e,colocada em prática,mereceu nova premiação
SUELU REGINA DEL GROSSI/ARQUIVO PESSOAL
nhou o quinto lugar na categoria Co-munidades – Pessoas físicas, já que ainiciativa prosseguiu graças ao esfor-ço da professora aposentada de geo-morfologia e orientadora da primeirapesquisa, Suely Regina Del Grossi.
“Depois de criarmos e testarmos ametodologia desse trabalho, o quedeu a nossas alunas o primeiro lugardo Ouro Azul, em 2008, começamos a
aplicá-lo com uma série de ações jun-to às famílias de agricultores da mi-crobacia do Marimbondo”, diz ela. “Eos resultados, até o momento, sãomuito bons”, completa.
Entre as atividades desenvolvidasnosúltimosdoisanos,emparceriacomestudantes da Universidade Federal deUberlândia(UFU)ecomatambémpro-fessoraAngelaMariaSoares,daUniver-sidade Federal de Uberaba, Suely desta-ca os trabalhos de educação ambiental.“Os agricultores se conscientizaram so-breanecessidadederegularizaraexplo-ração de água e de fazer o replantio dasmargens e a proteção de nascentes, pa-ra obter um melhor manejo das pro-priedades”, afirma ela.
Voluntários e criançasparticipam de mutirões para o
plantio de mudas em nascentes,na reserva da Grande BH
ROBSON FREITAS/ARQUIVO PESSOAL
CATEGORIA
(Nível superior)ESTUDANTES
1ºLUGAR
FUNCIONALIZAÇÃO DA SÍLICA COM CICLODEXTRINA E SUA UTILIZAÇÃONA REMOÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS EM MEIO AQUOSO
Responsáveis: Lucas Bragança de Carvalho e Tauana Garcia Carvalho (Ufla) ● Local: Lavras (MG)
15 ●● Especial ●● ESTADO DE MINAS ●● Quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
Poluição de rios, lagos e oceanos por efluentes industriaisé um dos principais desafios a serem superados para
garantir o desenvolvimento sustentável
Hora delimpezaEstudantes de química da Ufla propõemnova técnica para eliminar corantes daindústria têxtil despejados em mananciais
Ocontroledapoluiçãodema-nanciais por efluentes de proces-sos industriais é um dos grandesdesafios da humanidade. Cons-tantemente,porexemplo,sãoen-contradasnovastécnicasparaquecorantes usados na indústria têx-til e descartados em rios, córregose lagos possam ser eliminados outer seus efeitos reduzidos sobre oequilíbrio ambiental. O campeãonacategoriaEstudantes de ensinosuperior do 9º Prêmio Ouro Azultem justamente esse objetivo.
Segundo o aluno de químicaLucas Bragança Carvalho, da Uni-versidadeFederaldeLavras(Ufla),que inscreveu o projeto Funcio-nalização da sílica com ciclodex-trina e sua utilização na remoçãode compostos orgânicos emmeio aquoso – elaborado emparceria com a colega TauanaGarcia Carvalho e sob a orienta-ção da professora Luciana de Ma-tosAlvesPinto–, a ideiaépromis-sora e poderá ser aplicada pelasempresasabaixocusto,comgan-hos inestimáveis para a natureza.
"Usando um processo híbri-do, que envolve a sílica gel, que é
inorgânica,eaciclodextrina,umasubstância orgânica, consegui-mos,emtestesdebancada,remo-ver cerca de 90% do corante azulde metileno de meios aquosos",explica o estudante.
"Já havíamos aplicado a mes-matécnicaparareduzir impactosambientais e toxicológicos douso de agrotóxicos. Agora, ela semostrou igualmente eficaz na re-moção de efluentes coloridos defábricas de tecidos", completa,lembrando que a escolha do azulde metileno para os testes se de-veu ao fato de o composto serconsiderado modelo para estu-dos de contaminantes orgânicosde soluções aquosas.
A expectativa do estudante éde que, em breve, o processo de-senvolvido possa ser adotado emescala industrial e ajude a contro-lar a emissão de corantes, um dosgrandes problemas enfrentadospelasempresasdosetor. "Recebero prêmio Ouro Azul, certamente,ajudará muito a dar visibilidade aessa linha de trabalho, o que po-de significar, futuramente, suaadoçãoemlargaescala",dizLucas.
BETO MAGALHÃES/EM/D.A PRESS-4/6/08
CATEGORIA
(Nível superior)ESTUDANTES
2ºLUGAR
Responsável: Amanda Danielle de Freitas (IFSuldeminas) ● Local: Inconfidentes (MG)
16 ●● Especial ●● ESTADO DE MINAS ●● Quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
Vida indica vidaO estudo sobre insetos e ou-
tros organismos presentes emnascentes ou no seu entorno,com o intuito de determinar aqualidade das águas, foi o vice-campeão da categoria Estudan-tes de nível superior do PrêmioOuro Azul em 2010. A respon-sável é Amanda Danielle deFreitas, aluna do último perío-do de tecnologia em gestão am-biental do Instituto Federal deEducação, Ciência e Tecnologiado Sul de Minas, que desenvol-veu a pesquisa, necessária àconclusão do curso, sob a orien-tação da professora Lilian VilelaAndrade Pinto
O projeto Macroinvertebra-
Uso de insetos eoutros organismoscomo bioindicadoresda qualidade denascentes dá prêmioa aluna de tecnologiaem gestão ambiental
dos bentônicos como indicado-res de qualidade de água de nas-centes em diferentes estágios deconservação, segundo Amanda,teve por objetivo analisar a pre-sença dos insetos em três nas-
centes. "Os organismos sãobioindicadores de condiçõesambientais. Alguns são muitosensíveis à poluição e outros,nem tanto", diz a estudante.
"Verificando a existênciade espécies determinadas deinsetos e crustáceos, porexemplo, pode-se dizer queum curso d'água está conser-vado, perturbado ou degrada-do", acrescenta. No estudo, elaencontrou as três situações. "Aideia é estender essa técnica,que permite a avaliação denascentes, a um grande núme-ro de pessoas, o que não serádifícil, já que basta fornecer oscoletores artificiais", afirma.
Com a verificação daexistência ou não de
determinados seres emcorpos d'água, Amanda
classificou nascentesem três categorias
MACROINVERTEBRADOS BENTÔNICOS COMOINDICADORES DE QUALIDADE DE ÁGUA DE NASCENTES
3ºLUGAR
Responsável: Luiza S. Betim, Leidiane Santana Santos e Julliana B. Sampaio (UFV) ● Local: Viçosa (MG)
PROJETO DE CONSERVAÇÃO DE ÁGUA NO PAVILHÃODE AULAS I DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
A preocupação com o pos-sível desperdício de água naUniversidade Federal de Viçosa(UFV) foi o ponto de partida pa-ra três alunas de engenhariaambiental da instituição elabo-rarem o projeto classificado emterceiro lugar na categoria Estu-dantes de nível superior. O es-tudo Conservação de água noPavilhão de Aulas I da UFV,orientado pela professora Ann
Honor Mounteer, consistiu,primeiro, de acordo com aestudante Luiza Silva Betim,em um amplo diagnóstico doprédio no que diz respeito aouso da água, com estudos téc-nicos e questionários respondi-dos por usuários.
"Nossa preocupação nasceuda constatação de que a UFVtem prédios e aparelhos hi-drossanitários antigos e com
vazamentos e, ao mesmo tem-po, poucas ações para estimu-lar o uso racional da água", dizLuiza, que fez o projeto comduas colegas..
Como resultado do diag-nóstico, as três projetaram ce-nários, elaboraram estratégiaspara racionalizar o uso de águae iniciaram uma grande cam-panha com o público e a dire-ção da universidade.
Campanha eficiente
Projeto das alunas da UFV incluiu questionários com professores,alunos e funcionários de um dos pavilhões de aula da UFV
AMANDA DANIELLE DE FREITAS/ARQUIVO PESSOAL
LUIZA BETIM/ARQUIVO PESSOAL
CATEGORIA
(Mestrado e doutorado)ESTUDANTES
1ºLUGAR
VIABILIDADE DA APLICAÇÃO DA PEROXIDASE DE NABO NA DESCOLORAÇÃO DEEFLUENTES TÊXTEIS SINTÉTICOS E PRODUTOS DE DEGRADAÇÃO FORMADOS
Responsável: Maria Cristina Silva (Ufla) ● Local: Lavras (MG)
17 ●● Especial ●● ESTADO DE MINAS ●● Quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
Amostras de água com e semcorante comprovam eficiência
da peroxidase do nabo
Enzima naturalauxilia indústriaProjeto de uso de substância extraídado nabo no controle de poluentes dosetor têxtil, que já havia conquistadoprêmio, passa por novos testes e voltaa figurar entre os campeões
Primeira colocada naedição de 2009 do OuroAzul, na categoria dos estu-dantes de mestrado e douto-rado, uma equipe de pesqui-sadoras da Universidade Fe-deral de Lavras (Ufla) apre-sentou, nesta edição, a evo-lução do projeto anterior, re-ferente ao uso de uma enzi-na natural, extraída do naboe de baixo custo, para filtrare eliminar corantes dosefluentes da indústria têxtil.Com isso, voltou a figurar nalista dos campeões, destavez, na terceira posição.
Segundo a doutorandaem agroquímica Maria Cris-tina Silva, o objetivo, com onovo projeto, foi verificar oefeito da peroxidase do nabono tratamento de efluentesmais similiares aos que asempresas despejam em cur-sos d'água. “Além da cor, osefluentes verdadeiros con-têm outros produtos quími-cos que são utilizados duran-te o tingimento dos tecidos.Por essa razão, tínhamos deavaliar o desempenho da en-
ÉÉ uumm pprroocceessssooeeccoonnoommiiccaammeennttee vviiáávveellee qquuee ppooddee eelliimmiinnaarr sséérriioossiimmppaaccttooss aaooss rreeccuurrssoosshhííddrriiccooss,, nnoorrmmaallmmeenntteeccaauussaaddooss ppoorr eesssseess eefflluueenntteess
zima mesmo na presençadesses produtos”, explica ela.
Para tanto, as pesquisa-doras sintetizaram umefluente, simulando as eta-pas de pré-tratamento etingimento em uma indús-tria têxtil, não se esquecen-do de adicionar as outrassubstâncias. “O resultadofoi que a peroxidase do na-bo ainda assim foi capaz depromover a remoção doscorantes, mesmo na pre-sença de sais e produtosquímicos”, explica.
Maria Cristina diz queos dados obtidos assegu-ram a eficiência do trata-mento enzimático para re-mover corantes e compro-vam que o método é umaalternativa promissora pa-ra aplicação industrial. “Éum processo economica-mente viável e que podeeliminar sérios impactosaos recursos hídricos, nor-malmente causados por es-ses efluentes”, diz.
De acordo com ela, esti-ma-se que aproximada-
mente 20% da carga de co-rantes usada na indústriade tecidos seja perdida nosresíduos de tingimento, du-rante o processamento têx-til, o que representa umdos grandes problemas am-bientais enfrentados pelosetor. A pesquisa tambémé assinada pelas professo-ras Angelita Duarte Corrêae Maria Teresa Pessoa Amo-rim e pelas alunas de gra-duação em química JulianaArriel Torres e Pricila MariaBatista Chagas.
■■ Maria Cristina Silva, doutoranda em agroquímica
DIVULGAÇÃO
CATEGORIA
(Mestrado e doutorado)ESTUDANTES
2ºLUGAR
USO DE INDICADORES E DE FERRAMENTA DEGEOPROCESSAMENTO NA IDENTIFICAÇÃO DA PRESSÃOANTRÓPICA NA BACIA DO RIO SÃO FRANCISCOResponsável: Brenner Henrique Maia Rodrigues (UFMG) ● Local: Belo Horizonte (MG)
3ºLUGAR
INFILTRAÇÃO DE ÁGUA NO SOLO ERECARGA DO LENÇOL FREÁTICO EMFUNÇÃO DA PRECIPITAÇÃO NUMPLANTIO COMERCIAL DE EUCALIPTONA BACIA DO RIACHO FUNDO
Responsável: Ana Paula Vilela (UFV) ● Local: Viçosa (MG)
18 ●● Especial ●● ESTADO DE MINAS ●● Quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
A proposta da mestran-da em engenharia florestalAna Paula Vilela Carvalho,da Universidade Federal deViçosa (UFV), de estudar adinâmica de infiltração daágua da chuva no solo, emplantações de eucalitpo, foia terceira colocada na cate-goria que reuniu trabalhosde pós-graduação strictosensu, no Ouro Azul de2010. Segundo Ana Paula, oestudo, já em curso, tem co-mo cenário a plantação deeucaliptos da empresa Zani-ni Florestal, na bacia do Ria-cho Fundo, em Felixlândia,região Central de Minas.
“A quantidade de flores-tasplantadas,principalmen-te com espécies exóticas, co-mooeucalipto,temcrescidoa cada dia a fim de suprir anecessidade dos mercadosinterno e externo no que diz
respeito à demanda por pro-dutos florestais”, afirma ela.“E o eucalipto tem um cres-cimento muito rápido emrelação às espécies nativas, oquefazcomquesuademan-da por água seja bem gran-de”, acrescenta.
Na pesquisa, Ana Paulamonitora a precipitação, oescoamento superficial, ainfiltração e a consequenterecarga do lençol freático,sob a plantação. “Com isso,queremos conhecer me-lhor a dinâmica das águasnos sistemas produtivosflorestais e, a partir dos re-sultados, propor melhorespráticas de manejo nesse ti-po de cultura”, explica ela.
Dinâmica de infiltração deágua em plantação de
eucalipto é o objeto de estudode Ana Paula Carvalho
Caminho da chuvaDiagnóstico de
ocupação humana
Avaliar, por meio de in-dicadores específicos e ferra-mentas de geoprocessa-mento, a influência da ocu-pação humana na Bacia doRio São Francisco, fazendodo resultado da pesquisa ba-se para a gestão integradados recursos hídricos. Esse éo projeto classificado na se-gunda posição no rankingdos melhores da categoriaEstudantes de mestrado edoutorado do Prêmio OuroAzul. O autor é o mestrandoem análise ambiental do Ins-tituto de Geociências (IGC)da UFMG Brenner HenriqueMaia Rodrigues, sob a orien-tação do professor RicardoAlexandrino Garcia.
Segundo os pesquisado-res, a partir de meados do sé-culo passado as chamadasintervenções antrópicas (hu-manas) na bacia do VelhoChico se deram de formacontínua e crescente e pro-vocaram alterações ao longo
dos cursos d'água, muitasvezes com prejuízos am-bientais. “A intensificação doprocesso de urbanização e aexpansão da fronteira agrí-cola são exemplos de fatoresque modificaram as caracte-rísticas da bacia, objeto donosso estudo”, diz Brenner.
Para verificar o efeito daação humana, os pesquisa-dores criaram o Indicador
Mestrando daUFMG faz pesquisaampla sobre efeitosda presença e açãode comunidadesnabaciadoVelho Chico
Potencial de Pressão Antró-pica (IPPA). Também propu-seram um indicador paraverificar instrumentos degestão dos municípios, rela-tivos à promoção do equilí-brio ambiental. Ao final dotrabalho, concluíram, porexemplo, que cidades mi-neiras estão entre as quemais exercem pressões am-bientais na bacia.
Trabalho propõe indicadores para avaliar a pressão deatividades humanas sobre equilíbrio ambiental do rio
EMMANUEL PINHEIRO/EM/D.A PRESS-29/8/06
ANA PAULA CARVALHO/ARQUIVO PESSOAL
CATEGORIAMIRIM
19 ●● Especial ●● ESTADO DE MINAS ●● Quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
Geração de guardiões
A influência de familiares eeducadores e de campanhas co-mo a do Prêmio Ouro Azul paraque as crianças se preocupemcom o meio ambiente, particu-larmentecomapreservaçãodosrecursos hídricos, é determinan-te para o futuro do planeta. Essaé a lição que se tira dos relatosdos pais dos premiados nas es-treantes categorias mirins doconcurso, que reuniu 287 traba-lhos de verdadeiros “guardiõesda água”, meninos e meninas deescolas da Região Metropolitanade Belo Horizonte.
A contadora Adriane de Sil-va Souza, mãe de Marcella SilvaPinheiro, de 10 anos, campeãna categoria Desenhos – De 8 a10 anos com a obra Não jogueágua fora! Pois ela está indoembora, diz que a filha tem emcasa e na escola ambientesmais que propícios para se en-gajar nessa luta. “Desde peque-na, Marcella sabe da importân-cia de não deixar a torneiraaberta quando escova os den-tes, de tomar banhos mais rápi-dos e de fazer o possível paraeconomizar água”, diz ela.
“Também na escola, semprehá trabalhos que lidam com a
água e, recentemente, duranteuma excursão à Companhia deSanemanto de Minas (Copasa),ela pode ampliar ainda mais osconhecimentossobreoassunto”,acrescenta. MãedeJoãoVítor,co-legadesaladeMarcellanaEscolaEducar, de Belo Horizonte, e queficou com o segundo lugar namesma categoria, a professoraOmara Chaves também ressaltaa importância da educação for-mal para despertar nas criançasa consciência ambiental.
“Oquevemoséque,cadavezmaiscedo,opúblicoinfantiltem
sido sensibilizado pelos educa-dores a mudar de comporta-mento em relação à água e a lu-tar para que outras pessoas fa-çam o mesmo. E isso acaba se re-fletindo em casa”, afirma. O co-mercianteAdsonPedrosa,paideLarissa, de 6 anos, campeã dasubcategoria Redação – De 5 a 7anos com o texto A natureza,confirma que, graças a campa-nhas de mídia e aos ensinamen-tos recebidos no Instituto Cres-cer, onde estuda, a filha se tor-nou,apesardapoucaidade, umaativista de causas ambientais. “É
comumqueelachameaatençãodaspessoasquandovêumpapelnochãooualguémlavandoumacalçada, por exemplo, com clarodesperdício de água”, conta.
JULGAMENTOAequipedejorna-listas do suplemento Gurilândia,doEstado de Minas,responsávelpelos julgamentos na categoriamirim, teve muita dificuldadepara escolher os vencedores. Oproblema foi a originalidade e acriatividade presentes em prati-camente todas as redações e de-senhos,enãoafaltadeinspiração
das crianças para descrever seuengajamento, em casa, na escolaou comunidade onde vive, napreservação e conservação daágua. Foi criado, inclusive, o prê-mio de Destaque mirim para otrabalho do estudante LucasHenrique de Oliveira Prado, deMateusLeme(MG).Elemisturoutextoedesenhoseelaborouumainteressante cartilha sobre comolidar com o lixo. Para os jurados,oqueseconstatou,depoisdaava-liação,équetodos,mesmoquemnão figurou na lista dos premia-dos, foram dignos de aplausos.
Quantidade equalidade detrabalhos nascategorias infantisalimentamesperança de umfuturo de maisrespeito à água
Influenciadas por pais, educadores e pela mídia, crianças se tornam importantes defensoras do uso racional dos recursos hídricos
MARCOS VIEIRA/EM/D.A PRESS
SUBCATEGORIA
(De 5 a 7 anos)DESENHO
1ºLUGAR Rhuan Mateus do
Sacramento LeãoPais: Ricardo ValérioLeão e Gisela Rainhado SacramentoColégio Magnum (BH)
20 ●● Especial ●● ESTADO DE MINAS ●● Quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
ÁGUAOURO AZUL
Maria IsabelMoreira Novais SilvaPais: Wilian Gledsonda Silva Ribeiroe BereniceMoreira NovaisColégio Magnum (BH)
3ºLUGAR Júlia Munhoz
Marques FerreiraPais: Mylânio RodrigoMarques Ferreira eRenata MunhozValadaresInstituto Crescer (BH)
HARMONIADA NATUREZA
MARCOS VIEIRA/EM/D.A PRESS
MARCOS VIEIRA/EM/D.A PRESS
ARQUIVO DE FAMÍLIA
2ºLUGAR
AJUDANDO OPLANETA TERRA
FOTOS: REPRODUÇÃO
SUBCATEGORIA
(De 5 a 7 anos)REDAÇÃO
1ºLUGAR
A NATUREZA
Larissa França PedrosaPais: Adson Rodrigues Pedrosa e FrancisneyFrança de Carvalho PedrosaInstituto Crescer (BH)
2ºLUGAR
A TERRA 3ºLUGAR
PLANTA, PLANTINHA
Estevão Jorge de AndradePais: Emani José de Andrade eMaria Teresa Jorge de AndradeInstituto Crescer (BH)
21 ●● Especial ●● ESTADO DE MINAS ●● Quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
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Beatriz Curvelano Marçal FernandesPais: Renato Marçal Fernandes e AmandaAline CurvelanoInstituto Crescer (BH)
FOTO
S:R
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ÇÃO
SUBCATEGORIA
(De 8 a 10 anos)DESENHO
22 ●● Especial ●● ESTADO DE MINAS ●● Quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
1ºLUGAR
Marcella SilvaPinheiroPais: MarcolePinheiro da Silva eAdriane da Silva SouzaEscola Educar (BH)
NÃO JOGUEAGUA FORA!POIS ELAESTÁ INDOEMBORA
2ºLUGAR
João VitorChaves GuzelaPais: Marco AntônioGuzela e OmaraCaldas ChavesEscola Educar (BH)
O RIO SÃOFRANCISCOESTÁ NOCORAÇÃODE TODOS
3ºLUGAR
Sofia KalapothakisCoutinhoPais: Sander RibeiroCoutinho e EvâniaMaria KalapothakisColégio SantoAgostinho (BH)
CUIDANDO DAÁGUA COMNOSSAS MÃOS
MARCOS VIEIRA/EM/D.A PRESSARQUIVO DE FAMÍLIA
ARQUIVO DE FAMÍLIA
FOTOS: REPRODUÇÃO
SUBCATEGORIA
(De 8 a 10 anos)REDAÇÃO
23 ●● Especial ●● ESTADO DE MINAS ●● Quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
1ºLUGAR
CORDEL DAPRESERVAÇÃO DA ÁGUAJúlia de Paula Roman PujattiPais: Alessandro Pujatti e RenataVieira de PaulaMariana (MG)
2ºLUGAR
NÃO DESPERDICE!A NATUREZA AGRADECE! 3º
LUGAR
A IMPORTÂNCIA DA ÁGUA
Isabela Lobato AndradePais: JaimeAndradePintoeMariadeFátimaL.B.Colégio Magnum (BH)
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Pedro Lustosa Cabral GomezPais:RodrigoSantiagoGomese ElianeL.C.GomesChez L’efant (BH)
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CARTILHA: DICAS PARAPRODUZIR MENOS LIXOE CUIDAR DELECOMPLETAMENTE
Lucas Henrique de Oliveira PradoPais: Roberto Oliveira e Patrícia OliveiraMateus Leme (MG)
DESTAQUE MIRIM
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TROFÉUS
24 ●● Especial ●● ESTADO DE MINAS ●● Quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
O 9º Prêmio Furnas Ouro Azul, criado pelos Diá-rios Associados e patrocinado por Furnas CentraisElétricas, teve a cerimônia de entrega de troféusrealizada em 1º de dezembro, no Teatro Alterosa.Os melhores trabalhos voltados para o uso inteli-gente da água e a conservação dos recursos hídri-cos foram premiados nas categorias estudante uni-versitário e de pós-graduação (mestrado e doutora-do), comunidade (ONGs e associações comunitáriase pessoas físicas) e empresas (públicas e privadas).
“Nossa preocupação sempre foi premiar projetosverdadeiramente viáveis, que possam ser implemen-tados de imediato”, explicou o diretor-executivo dosDiários Associados, Geraldo Teixeira da Costa Neto,que destacou a maturidade da premiação. “Há noveanos, essa discussão sobre as iniciativas de preserva-ção da água não estava na pauta. Isso denota o pio-neirismo dos Diários Associados na criação e manu-tenção do projeto”.
NOVIDADE A grande novidade da nona edição, contu-do,foiacriaçãodacategoriamirim,quepremioudese-nhos e redações de crianças de duas faixas etárias: 5 a7anose8a10anos.“Hátrêsanos, jásentíamosaneces-sidadedeenvolverascriançasnapremiação”,disseGe-raldoTeixeiradaCostaNeto.“Ascriançastêmumafor-ma de ver o mundo diferente da nossa. Uma maneiradeconscientizá-lasédeixarquefalemcomodeverásero mundo em que elas irão viver”, completou.
A entrega dos prêmios para as crianças alterou afeição da cerimônia. A formalidade foi deixada de la-do, substituída pela vibração de pais e professores,que viram meninos e meninas subirem ao palco pa-ra receber seus troféus e certificados com um mistode naturalidade e timidez. “É muito gratificante veras crianças recebendo esse prêmio”, disse a jornalis-ta Teresa Caram, editora do caderno Gurilândia, doEstado de Mina, e que presidiu o julgamento dostrabalhos infantis. “Foram 287 projetos avaliados, en-
tre desenhos e redações. Teremos material para ali-mentar o caderno ao longo de todo o ano de 2011”.
Um dos mais entusiasmados com a premiação in-fantil foi o presidente da comissão julgadora, PauloTeodoro de Carvalho, secretário-executivo do Comi-tê Gestor de Fiscalização Integrada do Estado de Mi-nas Gerais. “Foi uma novidade fantástica”, disse. “Ascrianças dão show em termos de responsabilidade.São destemidas, apontam os erros dos adultos semmedo. É muito importante entendermos o posiciona-mento daqueles que estão assumindo o mundo”.
“Se o prêmio foi criado visando ao futuro, nadamais natural que tenhamos aqui aqueles que viverãonesse futuro”, disse o diretor financeiro de Furnas,Luiz Henrique Hamann. “O objetivo do projeto é dis-seminar a cultura ambiental e propor reflexões paraas pessoas. Queremos continuar contribuindo, inclu-sive, trazendo novos parceiros. Todo trabalho de cons-cientização precisa de pessoas engajadas”, completou.
Cada gota conta
Premiação é marcada, por um lado, pela maturidade do Ouro Azul e, por outro, pela renovação trazida pelas crianças
Vencedores adultos e mirins celebram reconhecimento dos Associados a projetos, redações e desenhos que têm em comum a preocupação com os recursos hídricos
MARCOS VIEIRA/EM/D A PRESS