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Revista Eletrônica Existência e Arte 144
Existência e Arte – Revista Eletrônica do Grupo PET – Ciências Humanas, Estética da
Universidade Federal de São João del-Rei – ANO IX – Número VIII – Janeiro a Dezembro de 2013.
DAS PESQUISAS DO PET – UFSJ 2013 - 2014
CADERNO DE RESUMOS
ISSN: 1808-6926
Seminário Interno de Pesquisa PET – Resumos Expandidos 145
Existência e Arte – Revista Eletrônica do Grupo PET – Ciências Humanas, Estética da
Universidade Federal de São João Del-Rei – ANO IX – Número VIII – Janeiro a Dezembro de 2013
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI
Reitora
Valéria Heloísa Kemp
Vice-Reitor
Sérgio Augusto Araújo da Gama Cerqueira
Pró-Reitor de Ensino de Graduação
Marcelo Pereira de Andrade
Pró-Reitor Adjunto de Ensino de Graduação
Márcio Falcão Santos Barroso
Chefe do Departamento das Filosofias e Métodos
Rogério Antonio Picoli
Coordenador do Curso de Filosofia
Fabio de Barros Silva
CONSELHO CONSULTIVO
Adelmo José da Silva, Adriana Andrade de Souza, Alberto Pucheu Neto, Betânia Maria Monteiro
Guimarães,
Caroline Vasconcelos Ribeiro, Christianni Cardoso Morais, Denise da Silva Gonçalves, Éder Jurandir
Carneiro,
Eduardo Aníbal Pellejero, Eliana Henriques Moreira, Enio Paulo Giachini, Faustino Luiz Couto Teixeira,
Fernanda Machado Bulhões, Geraldo Tibúrcio de Almeida Silva, Gilvan Luiz Fögel, Ignácio César
Bulhões,
Ivan de Andrade Vellasco, Maria José Netto Andrade, Maria Teresa Antunes Albergaria, Moisés
Romanazzi
Torres, Paulo Afonso de Araújo, Wanderley Cardoso de Oliveira
EDITORAÇÃO
Petianos
Aline Apipe Faria – André Prock Ferreira – Camila Silva – Caio Penha – Gabriela Ferreira Andrade –
Isabela Oliveira – Jonatas Feix – Leander Barros – Márcia de Ázara –
Marcos Antônio Souza – Mayra Melo – Shênia Souza Giarola
Tutora
Glória Maria Ferreira Ribeiro
PROJETO GRÁFICO E FORMATAÇÃO
Aline Apipe Faria
Shênia Souza Giarola
CAPA DO CADERNO DE PESQUISA
Lucas S. Bertolino
Shênia Souza Giarola
REVISOR
Evandro Figueiredo Cândido
ORGANIZADORES DO CADERNO DE RESUMOS
Aline Apipe Faria
Shênia Souza Giarola
PET FILOSOFIA – UFSJ
Praça Dom Helvécio, 74, sala 2.56, Fábricas, São João del-Rei / MG – Brasil
ISSN: 1808-6926
Revista Eletrônica Existência e Arte 146
Existência e Arte – Revista Eletrônica do Grupo PET – Ciências Humanas, Estética da
Universidade Federal de São João del-Rei – ANO IX – Número VIII – Janeiro a Dezembro de 2013.
CADERNO DE
RESUMOS
PET – Filosofia
Universidade Federal de São João del – Rei - 2013
Seminário Interno de Pesquisa PET – Resumos Expandidos 147
Existência e Arte – Revista Eletrônica do Grupo PET – Ciências Humanas, Estética da
Universidade Federal de São João Del-Rei – ANO IX – Número VIII – Janeiro a Dezembro de 2013
Sumário
O Método Dialético Platônico no Mênon
Ac. Aline Apipe de Faria ......................................................................................................................... 148
Introdução a Metafísica de Aristóteles
Ac. André Prock Ferreira ........................................................................................................................ 152
A Transposição da Concepção Arendtiana de Milagre para o campo da Política
Ac. Caio Luiz Carvalho Penha ................................................................................................................ 154
As Análises Arendtianas acerca das Implicações Políticas da Faculdade do Pensar
Ac. Camila Silva de Paulo ........................................................................................................................ 157
A Inversão Moral dos Valores no Pensamento de Nietzsche e o Surgimento do Ressentimento
Ac. Gabriela Ferreira de Andrade ........................................................................................................... 160
A representação política no pensamento de Karl Marx
Ac. Isabela Alline Oliveira ....................................................................................................................... 162
Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável: Aspectos Normativos Políticos Implicados no Conceito de Sustentabilidade
Ac. Marcos Antônio de Souza Lopes ..................................................................................................... 166
A Construção Arquitetônica e a Questão do Habitar Ontológico Heideggeriano
Ac. Mayra Campos de Melo .................................................................................................................... 171
O Trabalho Alienado e a Banalidade do Mal em Hannah Arendt Ac. Shênia Souza Giarola ......................................................................................................................... 175
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Existência e Arte – Revista Eletrônica do Grupo PET – Ciências Humanas, Estética da
Universidade Federal de São João del-Rei – ANO IX – Número VIII – Janeiro a Dezembro de 2013.
O Método Dialético Platônico no Mênon
Ac. Aline Apipe de Faria1 – Universidade Federal de São João Del Rei
RESUMO:O presente trabalho tem como objetivo elucidar alguns pontos do método
dialético utilizado por Platão, e a forma com que ele o aperfeiçoa, transformando-o em
um recurso filosófico, que é aplicado de forma a contemplar o ser e o inteligível na
busca filosófica por uma compreensão maior do mundo. De forma mais específica,
analisar-se-á o diálogo Mênon, em que o escravo efetua a tarefa de provar através da
experiência maiêutica a tese de que conhecer é recordar. Parte-se da conjectura de que a
compreensão da dialética nesse diálogo fornecerá o alicerce necessário para a
compreensão do método dialético na obra platônica, de modo mais geral.
Palavras-chave: Dialética, Reminiscência, Maiêutica.
Introdução
Nos diálogos platônicos ressalta-se a elaboração de um discurso filosófico,
constituído no entorno da figura do filósofo e de sua apreensão de mundo. O nascimento
deste discurso, a Dialética, provém da necessidade de superar tanto a especulação
natural de seus predecessores jônicos, baseada na gênese de todas as coisas, quanto o
discurso sofista que transforma a argumentação dialética numa técnica da erística, da
contradição e da contestação, tornando o conteúdo do argumento secundário.
O principio dialético mostra o modo como o diálogo flui, nas suas regras,
interrupções, silêncios, mudanças de rumos, questionamentos, construção e
desconstrução das ideias, no uso de mitos e exemplos. Segundo Platão, em Fédon, “o
diálogo – ou o logos como diálogo – é um exercício que afasta a alma do corpo,
enquanto esta se exercita para alcançar as realidades inteligíveis.”
1 Graduanda do segundo período de filosofia da UFSJ. (PET/COFIL/UFSJ)
Prof. Dr. Luiz Paulo Rouanet – Orientador (DFIME/UFSJ).
Agência financiadora: MEC/SESu
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Em Mênon, Platão utiliza-se da dialética, passando pelo processo da refutação
como uma técnica que planta e semeia as “sementes do logos”. Platão demonstra:
MÊNON: - Sócrates! Já muito tempo, antes de conhecer-te pessoalmente, eu sabia
que nada mais fazes do que duvidar e despertar dúvidas no espírito dos outros! E é
por isso que agora, segundo me parece, me tens aqui enganado e enfeitiçado e
embruxado por ti, e cheio de dúvidas! (PLATÃO, 1954, p 77)
Este diálogo platônico tem inicio na busca de uma definição sobre a virtude, e se
ela pode ou não ser ensinada. Sócrates conduz o diálogo levando a novas aporias, até
chegar então à ideia de que conhecimento é anamnese. Conhecer é recordar o que existe
desde sempre no interior da alma. A partir disso, Platão desenvolve uma experiência
maiêutica, como prova da tese proposta. Sócrates interroga o escravo de Mênon, que
não recebeu nenhum tipo de educação, mas que tem em sua alma verdades que sempre
estiveram ali e que com isso pode provar que as ideias se encontram na alma humana,
devendo-se apenas encontrar um caminho para rememorá-las.
E tais conhecimentos foram despertados nêle como de um sono; e creio que
se alguém lhe fizer repetidas vêzes e de várias maneiras perguntas a proposito
de determinados assuntos, ele acabará tendo uma ciência tão exata como de
qualquer pessoa da boa sociedade. (...) Ele acabará sabendo, sem ter possuído
mestre, graças a simples interrogações, extraindo os conhecimentos do seu
próprio íntimo. (PLATÃO, 1954, p.86)
Ao submeter-se à experiência maiêutica, o escravo prova que todo homem pode
tirar do consciente a ideia verdadeira que havia esquecido, pois possui uma alma
imortal, e dotada de verdades, que, no entanto não são apreendidas na vida atual. Porém,
isso não lhe permite circular pela dialética ascendente e descendente, muito menos se
tornar um homem livre com direito a palavra na sociedade ateniense.
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Metodologia
O presente trabalho parte da leitura e análise de obras do Platão e de alguns
comentadores especializados em sua filosofia. Entre as obras encontra-se Mênon, texto
utilizado como base para o desenvolvimento da pesquisa e obras de apoio como Platão:
o cosmo, o homem e a cidade: um estudo sobre a alma, da autora Rachel Gazolla de
Andrade. (Andrade, 1994)
A pretensão da pesquisa que se esboçou no presente resumo, é explicitar o
método mais utilizado por Platão em seus escritos e por Sócrates em seus ensinamentos,
a Dialética particularmente há uma análise mais aprofundada de Mênon, por ser uma
obra que abrange bastante o tema dialético.
Considerações Finais
Levando em consideração o referente trabalho, foi visto o método de escrita
adotado por Platão, que difere bastante daquele da maioria dos filósofos. Esse método é
a dialética, que é utilizada de forma a contemplar o ser e o inteligível em uma busca
filosófica por uma apreensão mais ampla.
Demonstrando de uma forma mais exemplificada a dialética, na obra Mênon de
Platão, o escravo cumpre a tarefa de provar, através da experiência maiêutica, a tese de
que conhecer é recordar. Enquanto sua consciência escrava tem a tarefa de efetivar a
dialética do reconhecimento, por meio da disciplina e do trabalho.
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Referências Bibliográficas
ANDRADE, Rachel Gazolla de. Platão: o cosmo, o homem e a cidade: um estudo sobre
a alma. Petropolis: Vozes, 1994. 214 p.
PLATÃO. Diálogos: Menon; Banquete; Fedro. 3 ed. Rio de Janeiro: Globo, 1954. 263
p. (Biblioteca dos Séculos; 12)
________. Os Pensadores: Platão. Diálogos: O Banquete, Fédon, Sofista, Político. Pp.
57 – 126. Trad: José Cavalcante de Souza, Jorge Peleikat e João Cruz Costa. 5 ed. São
Paulo: Nova Cultural, 1991.
ZSLEZÁK, Thomas Alexander. A imagem do dialético nos diálogos tardios de Platão:
caminho e essência do filosofar ocidental. São Paulo: Loyola, 2011.
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Universidade Federal de São João del-Rei – ANO IX – Número VIII – Janeiro a Dezembro de 2013.
Introdução a Metafísica de Aristóteles
Ac. André Prock Ferreira2 - Universidade Federal de São João del-Rei
RESUMO: Trata-se de explicitar a relação entre ciência idealizada por Aristoteles, que
busca pelos princípios e causas do real e a noção de substância (ousia) que, para o
estagirita, equivale a noção de ser. "... O que é o ser?” é, em outras palavras, a questão
“O que é a substância?" (Aristóteles, 2006 1028b 5). Por conseguinte, as questões que
norteiam a nossa investigação são: como a substância se faz a via de acesso a esse tipo
de ciência que incide sobre o que é necessário e universal? Por que à questão do ser
equivale à questão da substância? Qual é a constituição dessa ciência que, segundo
Aristóteles, é livre por excelência? Este trabalho consiste, fundamentalmente, em
elaborar essas questões que são essenciais para a compreensão do Livro da Metafísica
em pauta para nós.
Palavras-chave: Conhecimento – Ciência – Sabedoria - Aristóteles
Introdução
A questão “o que é filosofia?” apresenta diversas respostas ao longo da história
da filosofia; uma das primeiras definições foi apresentada por Aristóteles no período da
Grécia Antiga e se tornou a base para os outros pensamentos. Pensando em sua
importância em torno da constituição da filosofia, algumas considerações propedêuticas
se fazem necessárias, dentre elas a constituição da metafísica e suas diversas discussões,
que são norteadas pelo termo substância.
2 UFSJ. Universidade Federal de São João del-Rei. Graduando do Curso de Filosofia. (PET/COFIL/UFSJ)
Profª. Drª. Glória Maria Ferreira Ribeiro – Orientadora (DFIME/UFSJ). Agência financiadora: MEC/SESu
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Objetivo
O presente trabalho tem por objetivo explicitar a concepção de Filosofia presente
no Livro I da Metafísica de Aristóteles – que é concebida como a ciência suprema, a
que ele denomina de Filosofia Primeira, sabedoria, Teologia – e, também, discutir a
relação desta ciência com a questão da substância – conceito fundamental no
pensamento aristotélico.
Metodologia
A metodologia adotada foi a revisão de bibliografias.
Considerações finais
Após a realização dessas considerações, podemos perceber que é preciso
investigar sobre a questão da substância, para que, assim, possamos falar sobre a
constituição do ser, mas uma investigação que se dê pelo espanto, pela admiração, pelo
amor, e não uma investigação que vise algum tipo de utilidade.
Referencias
ARISTÓTELES, Metafísica. Trad. Edson Bini, 1° Ed. Bauru, SP: Edipro, 2006
(Clássicos Edipro).
REALE, G. Metafísica – Ensaio Introdutório. 2° Ed. São Paulo: Edições Loyola, 2005.
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A Transposição da Concepção Arendtiana de Milagre
para o campo da Política
Ac. Caio Luiz Carvalho Penha3 – Universidade Federal de São João del-rei
RESUMO: O trabalho em questão busca mostrar a leitura arendtiana do conceito de
milagre dentro do campo da política. Explicitamos aqui o modo inovador com que a
filósofa alemã Hannah Arendt o concebe a partir de uma análise das suas implicações
no domínio dos assuntos humanos. Palavras-chaves: milagre; política; assuntos humanos; nascimento.
Introdução
Existe uma expressiva quantidade de teóricos políticos que optam por não
refletir conceitos celebrizados pelo discurso religioso, tendência que não se encerra na
obra de Arendt. De modo natural, ela trata dos conceitos: milagre, perdão e promessa de
uma perspectiva secular, revelando-os como ferramenta para lidar com problemas
discutidos em sua época e ainda recorrentes nos dias de hoje.
A pensadora serve-se do conceito de milagre, que analisaremos para embasar a
sua proposta de liberdade permeada pela ação, capaz de sustentar o domínio dos
assuntos humanos. Esse processo ocorre na linha contrária ao fluxo determinado da
vida, que se encerra na morte. Ocorre porque não é ela que protagoniza este fluxo – é o
nascimento. Só por ele que o homem se identifica ao surgir no mundo e passa pela
inserção. Os atos e palavras somam-se à expressão dessa inserção. Dessa forma, o
nascimento traz em si o milagre que se desvela na ação política.
Isso se dá pela sua propriedade de novidade, alimentando e dando sentido à
pluralidade que é a condição da política, segundo a autora. Assim, o milagre, enquanto
3 Orientador Professor Dr. José Luiz Oliveira, UFSJ, Depto de Filosofia e Métodos, São João del-Rei,
MG. Bolsista: PET/MEC/SESu.
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Existência e Arte – Revista Eletrônica do Grupo PET – Ciências Humanas, Estética da
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potência capaz de realizar o ainda irrealizado, suplanta a morte, dando sentido para o
espaço público e para os assuntos humanos, sempre interligados à política.
Objetivo
Visando à atualidade desse ponto de seu pensamento, procuramos não apenas
conduzir-nos à compreensão das estruturas em que ele está envolvido, mas também
buscarmos respostas para um mundo que não parece dar à política um valor à altura do
que a autora lhe atribuiu.
Neste trabalho temos a pretensão de analisar o milagre como manifestação da
novidade que suplanta as limitações da vida pela categoria do nascimento, fundamental
nos assuntos públicos, na ação política.
Metodologia
Utilizamos o livro “A condição humana”, da filósofa Hannah Arendt, como
bibliografia básica, refletindo seus pensamentos sobre o conceito de milagre e, também,
elencando o maior número possível de conceitos necessários à sua compreensão. Em
primeiro plano estão: trabalho, obra e ação; este permeia todo o trabalho enquanto
viabilizador da política, campo no qual situamos o conceito de milagre.
Considerações finais
Evidencia-se que o milagre conserva em si o centro do pensamento arendtiano, o
nascimento, em oposição à morte a qual todos estão fadados. O milagre se manifesta,
principalmente, suprimindo-a sob a forma de esperança e de fé, levando os homens na
ação a compreenderem que a vida é liberdade que se realiza na excelência política, no
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Universidade Federal de São João del-Rei – ANO IX – Número VIII – Janeiro a Dezembro de 2013.
espaço público onde ocorrem processos novos análogos a um milagre, tendo em vista
essa propriedade suprimida da natureza humana.
Referências
ARENDT, Hannah. A Condição Humana. Tradução Roberto Raposo, revista e ampliada
por Adriano Correia. 11. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2010.
_______ . A Dignidade da Política. Tradução Helena Martins Frida Coelho, Antônio
Abranches, César Almeida, Cláudia Drucker e Fernando Rodrigues. Rio de Janeiro:
Relume-Dumará, 1993.
_______. A Vida do Espírito. Trad. Antônio Abranches, César Augusto de Almeida e
Helena Martins. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009.
_______. Da Revolução. 2ª ed. Trad. Mauro W. Barbosa de Almeida. São Paulo: Ática
e UnB, 1990.
_______. Eichmann em Jerusalém. 1. Ed São Paulo: Companhia das Letras, 1999.
_______. Entre o Passado e o Futuro. 2. ed. Trad. Mauro V. Barbosa. São Paulo:
Perspectiva, 1997.
_______ . O que é Política? Editoria,Ursula Ludz,. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,
1998.
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As Análises Arendtianas acerca das Implicações Políticas
da Faculdade do Pensar
Ac. Camila Silva de Paulo4 – Universidade Federal de São João del-Rei
RESUMO: O presente trabalho busca explicitar em que medida a faculdade do pensar
possui relevantes implicações no que tange à política, na perspectiva arendtiana.
Palavras-chave: Pensamento; banalidade do mal; ação política.
Introdução
A tensão entre pensamento filosófico e política, na História da Filosofia,
teve seu marco no julgamento de Sócrates. Platão desencantou-se com a vida na polis e
passou a duvidar de certos ensinamentos, ao perceber que a persuasão, utilizada por
Sócrates, de nada lhe valeu no que tange ao convencimento dos juízes acerca de sua
inocência; tampouco lhe serviu para convencer seus amigos da justificativa de sua
escolha de não fugir de sua punição após a condenação. Numa visão platônica, quem
deve governar a polis não é o homem temporariamente bom (os homens que podem ser
persuadidos), mas sim a eterna verdade (os homens que não podem ser persuadidos).
Percebe-se aí a distinção, dada já por Platão, entre os homens que pensam, refletem e
analisam os fatos (e justamente por isso não são facilmente persuadidos) e aqueles que
não pensam, mas que, ao contrário, aceitam discursos facilmente, tendo-os por
4 Orientador: Prof. Dr. José Luiz Oliveira, UFSJ, Depto de Filosofia e Métodos. Bolsista:
PET/MEC/SESu.
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verídicos, homens que são persuadidos facilmente e inaptos para o governo da polis
(atividade política).
Hannah Arendt afirma que não existe uma resposta filosoficamente válida para a
pergunta “o que é política?” A pensadora define que política baseia-se na pluralidade
dos homens e trata da convivência entre diferentes. Portanto, os homens se organizam
politicamente, visando assuntos em comum, fato essencial para evitar o caos absoluto.
O que fez Arendt escrever sobre o pensar foi sua perplexidade diante do caso Eichmann.
Segundo a pensadora, quando não exercitamos a faculdade do pensar, nos tornamos
incapazes de questionar ou rejeitar regras, daí sermos levados simplesmente a obedecê-
las, sem considerarmos suas implicações. Foi o que aconteceu na Alemanha nazista
onde o regime totalitário conseguiu um exército de zumbis caracterizado por obediência
“cega e cadavérica” que se revela como a completa ausência do pensar e do julgar.
O pensar é, portanto, compreendido por Arendt como um ato repleto de
implicações políticas. O tema da banalidade do mal se constitui uma forma de espanto
que levou Arendt a abordar mais relevantemente acerca da faculdade do pensar.
Pretende-se, com o desenvolvimento desta Pesquisa, demonstrar que a abordagem do
pensar, na perspectiva arendtiana, possui relevantes implicações políticas.
Objetivo:
Explicitar e analisar a faculdade do pensar por meio do conceito do dois em um
socrático, demonstrando suas implicações relevantes no âmbito da ação política.
Metodologia
Este trabalho terá como metodologia a pesquisa bibliográfica e apoiar-se-á, em
primeiro lugar, na leitura dos livros A condição humana e O que é política.
Analisaremos o que levou Arendt a demonstrar as condições de uma autêntica
compreensão acerca do tema das implicações políticas oriundas da faculdade do pensar.
Seminário Interno de Pesquisa PET – Resumos Expandidos 159
Existência e Arte – Revista Eletrônica do Grupo PET – Ciências Humanas, Estética da
Universidade Federal de São João Del-Rei – ANO IX – Número VIII – Janeiro a Dezembro de 2013
Referências
ARENDT, Hannah. A Condição Humana. Tradução Roberto Raposo, revista e ampliada
por Adriano Correia. 11. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2010.
_______ . A Dignidade da Política. Tradução Helena Martins Frida Coelho, Antônio
Abranches, César Almeida, Cláudia Drucker e Fernando Rodrigues. Rio de Janeiro:
Relume-Dumará, 1993.
_______. A Vida do Espírito. Trad. Antônio Abranches, César Augusto de Almeida e
Helena Martins. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009.
_______. Da Revolução. 2ª ed. Trad. Mauro W. Barbosa de Almeida. São Paulo: Ática
e UnB, 1990.
_______. Eichmann em Jerusalém. 1. Ed São Paulo: Companhia das Letras, 1999.
_______. Entre o Passado e o Futuro. 2. ed. Trad. Mauro V. Barbosa. São Paulo:
Perspectiva, 1997.
_______ . O que é Política? Editoria,Ursula Ludz,. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,
1998.
_______. Origens do Totalitarismo. Trad. Roberto Raposo. São Paulo: Companhia das
Letras, 1998.
Revista Eletrônica Existência e Arte 160
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Universidade Federal de São João del-Rei – ANO IX – Número VIII – Janeiro a Dezembro de 2013.
A Inversão Moral dos Valores no Pensamento de
Nietzsche e o Surgimento do Ressentimento
Ac. Gabriela Ferreira de Andrade5 – Universidade Federal de São João del-Rei
RESUMO: Segundo Nietzsche, nas obras “A Genealogia da Moral. Uma Polêmica”
(1887) e “Para Além do Bem e do Mal, por fim, Prelúdio de uma Filosofia do Futuro”
(l886) são, por ele, consideradas as mais abrangentes, e preservam as discussões
fundamentais do seu pensamento. A crítica de Nietzsche sobre os valores enraizados na
moral ocidental e a influência destes no desenvolvimento do pensamento metafísico é
sua tentativa de demonstrar o cerne da moral, deparando-se com a degeneração do
indivíduo e como a moralidade o torna um instrumento de domesticação, que acarretará
culpa, má consciência e o dever para com o próximo. A partir dessas constatações,
Nietzsche critica os ideais cristãos que foram pregados em todo ocidente e o verdadeiro
abismo no qual se transformou a tradição ocidental.
Palavras-chave: Cristianismo; Moral; Valor.
Objetivo
O objetivo principal deste trabalho é compreender como se dá a inversão dos
valores empregados pela tradição, a partir da análise que Nietzsche faz, em suas
diversas críticas, à moral judaico-cristã que, para ele, é a simples negação da vida a
favor de um mundo suprassensível.
Metodologia
Utilizamos as obras: “A Genealogia da Moral. Uma Polêmica” (1887) e “Para
Além do Bem e do Mal. Prelúdio de uma Filosofia do Futuro” (l886) que são, por ele,
5 Graduanda em Filosofia pela Universidade Federal de São João del-Rei – UFSJ. Bolsista:
PET/MEC/SESu.
Seminário Interno de Pesquisa PET – Resumos Expandidos 161
Existência e Arte – Revista Eletrônica do Grupo PET – Ciências Humanas, Estética da
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consideradas as mais abrangentes e preservam as discussões fundamentais do seu
pensamento. Essas obas, que já são parte de sua filosofia madura, expressam como
ocorre a inversão dos valores na divisão que filósofo faz para a moral ocidental.
Considerações Finais
Evidencia-se como os valores postos pela tradição foram deturpados em seu cerne, e
como pensamento nietzschiano surge para desvendar, através das diversas ciências
(filologia, filosofia, psicologia e história), como os homens as utilizaram de forma
errada até os dias atuais.
Referências
NIETZSCHE, F. “Introdução teorética sobre a verdade e a mentira no sentido extra
moral”. in. O livro do Filósofo. trad. Rubens Eduardo Ferreira Frias. 3. Ed. São Paulo:
Centauro. 2001.
_________________. Além do bem e do mal, prelúdio a uma filosofia do futuro.Trad.:
Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
_________________. Genealogia da moral. Trad.: Paulo César de Souza. São Paulo:
Companhia das Letras, 1998.
Revista Eletrônica Existência e Arte 162
Existência e Arte – Revista Eletrônica do Grupo PET – Ciências Humanas, Estética da
Universidade Federal de São João del-Rei – ANO IX – Número VIII – Janeiro a Dezembro de 2013.
A representação política no pensamento de Karl Marx
Ac. Isabela Alline Oliveira 6 - Universidade Federal de São João del-Rei
RESUMO: Trata-se do fichamento bibliográfico da obra A Guerra Civil na França, escrita
pelo filósofo alemão Karl Marx sendo organizado e traduzido por Rubens Enderle, em 2006,
pela editora Boitempo. A obra A guerra Civil na França foi originalmente publicada por
Marx como terceiro discurso ao Conselho Geral da Internacional, em advento da Comuna de
Paris, sendo separado em quatro capítulos. Em 1891, quando completava o vigésimo
aniversário da Comuna de Paris, Friedrich Engels reuniu uma nova coleção de trabalhos,
dentre eles decidiu incluir os dois primeiros discursos que Marx fez para a Internacional,
promovendo assim uma base histórica adicional à Guerra Civil por parte de Marx na Guerra
Franco-Prussiana culminando na publicação dessa obra.
Palavras chave: representação política – democracia – Karl Marx
Introdução
È recorrente quando pensamos em representação política associarmos esse
conceito á participação de “todos” no governo, por intermédio de representantes eleitos,
por meio do sufrágio universal. Essa seria a atual forma da representação política
expressa pelo governo representativo.
Entretanto, sabe-se que durante diferentes períodos históricos diversos autores
esboçaram compreensões acerca da representação política que se esquiva do sentido que
“naturalmente” atribuímos à ideia de representação política. Karl Marx foi um dos
6 UFSJ. Universidade Federal de São João Del Rei. Graduanda do Curso de Filosofia.
(PET/COFIL/UFSJ). Profª. Dra. Glória Maria Ferreira Ribeiro – Orientadora (DFIME/UFSJ). Agência
financiadora: MEC/SESu
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Existência e Arte – Revista Eletrônica do Grupo PET – Ciências Humanas, Estética da
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pensadores que retomou o tema da representação política que, para ele estava
intrinsecamente ligado à própria concepção de democracia.
A experiência da Comuna de Paris (1871) foi um elemento essencial para que
Marx pudesse delinear suas concepções políticas, tendo como referência um momento
específico e de intensas lutas políticas na França. Segundo Marx, a Comuna de Paris foi
uma revolução contra o Estado, sendo a primeira experiência histórica de tomada de
poder pela classe trabalhadora. Foi essa experiência que permitiu a Marx elaborar, mais
explicitamente, sua visão acerca da representação política, a partir da análise de como
no seio da Comuna se dava o exercício de tomada de decisões. Sobre isso nos diz Marx:
A Comuna era formada por conselheiros municipais escolhidos
por sufrágio universal nos diversos distritos da cidade,
responsáveis e com mandatos revogáveis a qualquer momento.
A maioria de seus membros era naturalmente formada de
operários ou representantes incontestáveis da classe operária. A
Comuna devia ser não um corpo parlamentar, mas um órgão de
trabalho, Executivo e Legislativo ao mesmo tempo. (Marx, Karl.
“A guerra civil na França”. p.56).
Para Marx a Comuna de Paris foi uma tentativa de aproximação da mais pura
democracia possível dentro da organização social e divisão do trabalho presente na
sociedade moderna que não permite que todas as pessoas participem ativamente da vida
política e influenciem diretamente a tomada de decisões.
Por perceber a lacuna existente entre representantes e representados fruto dessa
forma de organização social, Marx pressupõe que essa separação só será possível com a
construção de uma sociedade comunista, onde não exista a divisão de classes e todos
possam dessa forma exercer a vida política. No entanto a construção dessa sociedade
exige que quando tomado o poder pela classe trabalhadora, que ela saiba utilizar as
instituições para promover determinadas reformas na sociedade, em vistas de
democratizar a participação e promover dentro do governo representativo um ambiente
mais propicio para uma participação mais ampla.
Por isso na Comuna de Paris percebe-se um esforço promover uma diminuição
da superação e da autonomia entre representante e representado, usando para isso o
mecanismo de revogação do mandato. A Comuna busca em seu seio instituir algo mais
Revista Eletrônica Existência e Arte 164
Existência e Arte – Revista Eletrônica do Grupo PET – Ciências Humanas, Estética da
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próximo possível do mandato imperativo, onde exclusivamente o representante deve
expressar os desejos e anseios daquele que o elegeu.
È importante ressaltar que os conselheiros da Comuna não apenas exerciam o
papel de deliberar e pensar a política, mas também tinha uma responsabilidade prática
de exercer as ações propostas, essa não separação entre teoria e prática, mas do que
representar uma junção entre ambas, apresenta um modelo exclusivo de organizar o
Estado, onde o corpo legislativo corresponde também como executivo. Isso implica
numa envergadura do legislativo em não só organizar a Comuna, mas também em
operá-la.
Objetivo
A experiência da Comuna de Paris foi um importante acontecimento histórico,
que permitiu diferentes olhares sobre política e história a partir de uma experiência
concreta de governo de Paris na França. Os escritos da obra A Guerra Civil na França
tem por objetivo mostrar como Marx percebe no seio desse acontecimento algumas
dimensões centrais do seu pensamento político, como a noção de Estado e sociedade
civil, e a que nos debruçaremos nessa análise que será a respeito da representação. Por
entendermos a importância da discussão acerca de uma concepção de democracia
elucidada no pensamento de Marx é que buscamos nessa revisão bibliográfica apontar
como o autor relaciona o entendimento a democracia como forma de governo e sua
relação com a representação.
Seminário Interno de Pesquisa PET – Resumos Expandidos 165
Existência e Arte – Revista Eletrônica do Grupo PET – Ciências Humanas, Estética da
Universidade Federal de São João Del-Rei – ANO IX – Número VIII – Janeiro a Dezembro de 2013
Metodologia
A metodologia adotada foi revisão bibliográfica das obras A guerra Civil na França.
MARX, Karl.
Considerações finais
São vários os aspectos da Comuna de Paris e também do próprio pensamento de
Marx que devem ser resgatados para uma melhor compreensão da relação entre
representação e democracia. Nesse capitulo nossa principal meta é explicitar a
importância da retomada das concepções de Marx acerca da representação, para
repensarmos a relação entre representação política e democracia nos dias atuais.
Referências
MARX, Karl. A guerra civil na França. São Paulo: Boitempo, 2011.
MARX, Karl. A luta de classes na França. São Paulo: Global, 1986.
MARX, Karl. Os 18 Brumário de Luís Bonaparte. São Paulo Boitempo, 2011.
VIANA, Nildo (Org.). Escritos Revolucionários Sobre a Comuna de Paris. 2ª Edição.
Rio de Janeiro: Rizoma Editorial, 2012.
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Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável:
Aspectos Normativos Políticos Implicados no Conceito
de Sustentabilidade
Ac. Marcos Antônio de Souza Lopes7 – Universidade Federal de São João del-Rei
RESUMO: Nesta pesquisa o problema a ser trabalhado trata-se dos “aspectos normativos políticos implicado no conceito de sustentabilidade”, que têm como tema geral “Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável”, pois a Sustentabilidade tem como objetivo definir ações e atividades humanas e, a partir disso, tentar suprir não só as necessidades do presente, pois deverá pensar em uma maneira de, ao suprir as nossas próprias necessidades do presente, não comprometermos o bem estar das futuras gerações. Seguindo esses parâmetros, os seres humanos, de modo geral, poderiam garantir a sustentabilidade e, consequentemente, atingir o desenvolvimento sustentável.
Palavras-chave: Conceito, desenvolvimento sustentável, política, sustentabilidade.
Introdução
A sustentabilidade está relacionada diretamente ao desenvolvimento
econômico, social e ambiental, mas através de meios que não agridam o meio ambiente,
isto é, meios que utilizem os recursos naturais de maneira inteligente. A
sustentabilidade em si ainda abarca dimensões de extrema importância como os meios
políticos e culturais, bem como assuntos de aspecto social como a pobreza, exclusão
social, crescimento acelerado da população mundial, dentre outros aspectos.
O termo “desenvolvimento sustentável” foi mencionado pela primeira vez em 1983,
por ocasião da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pela ONU.
Presidida pela então primeira-ministra da Noruega Gro Harlem Brudtland, essa comissão
propôs que o desenvolvimento econômico fosse integrado à questão ambiental,
estabelecendo-se, assim, o conceito de “desenvolvimento sustentável”. Em 1987 os trabalhos
7 Orientador: Prof.Dr. Rogério Antônio Picoli. UFSJ, DEFIME. Bolsista: Pet/Mec-SESu.
Seminário Interno de Pesquisa PET – Resumos Expandidos 167
Existência e Arte – Revista Eletrônica do Grupo PET – Ciências Humanas, Estética da
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foram concluídos com a apresentação de um documento conhecido como “Relatório
Brundtland”, que se tratava de uma análise dos problemas globais e ambientais. Essa nova
forma de desenvolvimento foi amplamente difundida e aceita na Eco-92, conhecida também
como (Rio-92), e, a partir disso, o termo ganhou força. Esse encontro ou reunião colheu alguns
resultados importantes no que concerne ao futuro do planeta terra, isto é, surgiram
manifestações importantes no que diz respeito a uma transitoriedade da concepção humana
rumo à conscientização no que tange à incompatibilidade do sistema econômico vigente até
então e à preservação do meio ambiente. Como indícios dessa conscientização humana e a
busca de medidas para sanar a convergência entre o sistema econômico e Meio ambiente, os
países presentes Na Rio 92 assinaram um importante documento: a Agenda 21, um conjunto
amplo de documentos e tratados cobrindo biodiversidade, clima, florestas, desertificação, bem
como o acesso e uso dos recursos naturais do planeta (Cf. CAMARGO, 2003, pp. 66-67). O
termo “Desenvolvimento sustentável” foi conhecido primeiramente pelo termo
Ecodesenvolvimento, utilizado até então pelo secretário-geral de Estocolmo-72 Mauricio
Strong, em 1973, com o objetivo de definir uma proposta de um desenvolvimento
ecologicamente orientado e impulsionar os trabalhos do então recém-criado Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Logo depois o termo Ecodesenvolvimento
ganhou o significado de Desenvolvimento Sustentável e que foi primeiramente divulgado por
Robert Allen no artigo “How to save the word” (“Como salvar o mundo”), lançado
simultaneamente pela União Mundial para Conservação da Natureza (UICN), pelo Fundo para
Vida Selvagem (WWF) e pelo Programa das Nações Unidas (Pnuma), pois esse documento
trazia uma nova mensagem, a de que a conservação não é o oposto de desenvolvimento.
O desenvolvimento sustentável é uma estratégia através da qual
comunidades buscam um desenvolvimento econômico que também
beneficie o meio ambiente local e qualidade de vida. Tem-se tornado um
importante guia para muitas comunidades que descobriram que os métodos
tradicionais de planejamento e desenvolvimento estão criando, em vez de
resolver, problemas sociais ambientais. Enquanto os métodos tradicionais
podem levar a sérios problemas sociais e ambientais, o desenvolvimento
sustentável fornece através da qual as comunidades podem usar recursos
mais eficiente, criar infra-estruturas mais eficientes, proteger e melhorar a
qualidade de vida, e criar novos negócios para fortalecer suas economias.
Isso pode nos auxiliar a criar comunidades saudáveis que possam sustentar
nossa geração tão bem quanto as que vierem (O Center of excellennce for
sustainable Development, 2001) (Ibidem, 2003, p. 73).
Revista Eletrônica Existência e Arte 168
Existência e Arte – Revista Eletrônica do Grupo PET – Ciências Humanas, Estética da
Universidade Federal de São João del-Rei – ANO IX – Número VIII – Janeiro a Dezembro de 2013.
Isso quer dizer: usar os recursos naturais com respeito ao próximo e ao meio
ambiente, isto é, os bens naturais e à dignidade humana. O desenvolvimento sustentável tem
por objetivo encontrar meios de não esgotar os recursos, conciliando crescimento
econômico e preservação da natureza. Tal preocupação, no que concerne ao conflito entre
desenvolvimento econômico e preservação ambiental, se torna latente, quando observamos
fatos como, por exemplo: A ONU divulgou alguns dados que dizem que, se a população
mundial passasse a ter os hábitos da população Norte Americana, isto é, se consumíssemos
como eles, seriam necessários mais 2,5 planetas como o nosso para suprir nossos anseios
consumistas. Fica muito claro que estamos utilizando os recursos naturais com tanta
intensidade, que a própria natureza não consegue repor. Seguindo esse movimento, não
demorará muito para atingirmos tal ponto que não teremos nem água nem energia suficiente
para atender às nossas necessidades, consolidando o que muitos Cientistas preveem: que o
futuro assistirá a guerras e conflitos decorrentes da escassez dos bens naturais.
Visando a maiores esclarecimentos e entendimentos sobre o tema geral da pesquisa,
esta, até o presente momento, encontra-se no primeiro estágio: a revisão bibliográfica; assim,
levantaremos diferentes concepções a serem selecionadas e avaliadas e que servirão de fio
condutor da pesquisa, para, a partir disso, trabalhar com o problema de fato (aspectos
normativos políticos implicado no conceito de sustentabilidade). Temos trabalhado com as
seguintes bibliografias; Desenvolvimento Sustentável: Dimensões e desafios (CAMARGO,
2003); o livro destaca a relação entre homem e natureza, as mudanças que ocorreram desde o
final das duas grandes guerras mundiais, assim como as influencias do desenvolvimento
industrial na relação homem-natureza, além de outros pontos importantes como: o
surgimento dos termos sustentabilidade e desenvolvimento sustentável, isto é, expõe o
caminho percorrido ao longo dos anos (a tomada da consciência ambiental) até chegar a tais
concepções: sustentabilidade e desenvolvimento sustentável. Sendo que o livro enfatiza, a
todo instante, o ponto de vista de vários especialistas no tema.
Em seguida outro livro que faz parte das leituras é “Desenvolvimento Sustentável”: O
desafio do século XXI (VEIGA, 2010), especificamente o capítulo três explora “o que é
Sustentabilidade”; e o livro “Uma introdução ao debate ecológico” (MAWHINNEY, 2005) que
expõe o ponto de vista do economista tradicional acerca do debate em relação ao
desenvolvimento sustentável.
Seminário Interno de Pesquisa PET – Resumos Expandidos 169
Existência e Arte – Revista Eletrônica do Grupo PET – Ciências Humanas, Estética da
Universidade Federal de São João Del-Rei – ANO IX – Número VIII – Janeiro a Dezembro de 2013
Metodologia
Este trabalho terá como metodologia a pesquisa bibliográfica, pois apoiar-se-á,
em primeiro lugar, na leitura dos livros Sustentabilidade e Desenvolvimento sustentável:
Dimensões e Desafios (CAMARGO, 2003) e, respectivamente, os livros
Desenvolvimento Sustentável: O Desafio do Século XX (VEIGA, 2010) especificamente
o capítulo 3 “O que é Sustentabilidade”. Em seguida, o livro Uma introdução ao debate
ecológico (Mawhinney, 2005) que expõe o ponto de vista do economista tradicional
acerca do debate em relação ao desenvolvimento sustentável. Nossa pretensão é extrair
as concepções principais e mais relevantes (do problema abordado) dentro do tema geral
sustentabilidade e desenvolvimento sustentável, e como essa temática se relaciona com
esse problema “aspectos Normativos Políticos implicados no conceito de
sustentabilidade”.
Depois de todas as leituras necessárias concluídas, seguiremos para os próximos
passos da pesquisa, que trabalharão na análise das concepções mais relevantes que
conseguimos coletar, ou seja, as principais ideias, concepções, opiniões e conceitos que
giram em torno da Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável.
Considerações finais
A cargo de Tivemos como objetivo trabalhar “os aspectos normativos políticos
implicados no conceito de sustentabilidade”, ou seja, buscar soluções políticas para os
problemas concernentes à incompatibilidade entre o desenvolvimento econômico e o meio
ambiente, problemas esses latentes e de extrema urgência. Entretanto, no que tange a
soluções políticas sobre os problemas em questão, já se pode observar possibilidades a serem
tratadas, a exemplo da Agenda 21, quando apresenta uma série de medidas referentes aos
meios de solucionar a incompatibilidade entre a economia e o meio ambiente. Exemplos como
esses servirão de apoio no decorrer dessa pesquisa.
Revista Eletrônica Existência e Arte 170
Existência e Arte – Revista Eletrônica do Grupo PET – Ciências Humanas, Estética da
Universidade Federal de São João del-Rei – ANO IX – Número VIII – Janeiro a Dezembro de 2013.
Referências
CAMARGO, Ana Luiza de Brasil. Desenvolvimento Sustentável: Dimensões e Desafios.5.ed.Campinas, Sp: Papirus, 2003. VEIGA, José Eli da. Desenvolvimento Sustentável: O Desafio do Século XX.1.ed.Rio de Janeiro: Garamond Ltda, 2010. MAWHINNEY, Mark. Desenvolvimento Sustentável: Uma Introdução ao Debate Ecológico.1.ed.São Paulo: Loyola, 2005.
Seminário Interno de Pesquisa PET – Resumos Expandidos 171
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Universidade Federal de São João Del-Rei – ANO IX – Número VIII – Janeiro a Dezembro de 2013
A Construção Arquitetônica e a Questão do Habitar
Ontológico Heideggeriano
Ac. Mayra Campos de Melo
8 – Universidade Federal de São João del-Rei
RESUMO: Privilegia-se, neste trabalho, a compreensão acerca da relação entre o
fenômeno da existência e o habitar, no pensamento do filósofo alemão Martin
Heidegger (1889-1976); este direciona sua investigação para a recolocação da questão
acerca do sentido do ser, esquecida pelo chamado “pensamento metafísico”. Em sua
análise, Heidegger parte do fenômeno da existência cotidiana, visando a explicitar a
compreensão prévia que o homem já sempre possui do ser. A capacidade de realizar as
possibilidades de ser do homem, seja ser em função de si mesmo, ser-junto às coisas e
ser-com-outros, se traduz, para Heidegger, no Mundo. Partindo desta perspectiva, torna-
se necessário o ato de repensar o modo como o espaço é dado ao homem, em sua lida
com as coisas e os outros, em sua própria maneira ontológica de habitar. Neste
questionamento dos modos de habitar o possível, os quais se demonstram capazes de
permitir ao ser habitar-se na medida em que é, este estudo propõe-se a tecer
considerações acerca da investigação heideggeriana das diferenças entre o construir
material e arquitetônico em contraponto com o construir capaz de remeter-se à esfera
portadora daquilo que, de fato, o homem habita: o ser.
Palavras-chave: Habitar. Heiddeger. Construir.
Introdução
“Não habitamos porque construímos. Ao contrário. Construímos e
chegamos a construir à medida que habitamos, ou seja, à medida que somos
como aqueles que habitam”. (HEIDEGGER, 2010, p.128; grifo do autor).
A tecnologia lentamente separa o homem da possibilidade de uma
existência autêntica. Ao deixar-se submergir em uma rotina cotidiana, o homem perde a
8 Bolsista: PET/Mec-Sesu – Graduanda em Filosofia/UFSJ
Orientadora: Profª. Drª. Glória Maria Ferreira Ribeiro.
Revista Eletrônica Existência e Arte 172
Existência e Arte – Revista Eletrônica do Grupo PET – Ciências Humanas, Estética da
Universidade Federal de São João del-Rei – ANO IX – Número VIII – Janeiro a Dezembro de 2013.
possibilidade de restituir o entendimento do ser, encobrindo aquilo que ele de fato é. O
homem vê-se lançado, a todo o momento, no Mundo, no qual assume sua significância
através do horizonte de significados que permitem ao próprio homem denotar tudo ao
seu redor. A descoberta destes significados permite o vislumbre desse Mundo que se
abre perante o existente. É na estrutura ser-no-mundo que se manifesta a capacidade do
homem de, partindo dessa significação obtida no Mundo, produzir tudo aquilo que se
faz presente, porém velado, transformando-o e ressignificando-o.
Desse modo, ao instaurar-se como memória da condição humana, o Mundo
mostra-se sempre inacabado. Tal ressignificação confere ao discurso espacial a
possibilidade de renovar-se. Porém, o lar ou o ato de possuir uma residência pode ser
compreendido como um local onde a manifestação do habitar mostra-se presente e
possível?
Na necessidade latente de possuir um abrigo, a questão quantitativa vem sendo,
cada vez mais, colocada acima da questão qualitativa, / a qual, por sua vez, é
imprescindível para a resistência de uma construção no tempo. / Desse modo, o real
habitar do homem mostra-se desvalorizado em prol de necessidades cotidianas e
imediatas, / o que demonstra / que, o esquecimento do ser também se estende para o
esquecimento do habitar deste próprio ser.
Ao ser, o homem se faz no Mundo, enquanto que, ao habitar, o homem está
inserido nesse Mundo, possuindo uma realidade formadora de tudo aquilo que o
circunda. Compreende-se, assim, que a meta do construir é exatamente o habitar. Ao
construir algo, o homem constrói a realidade em seu entorno. Caso o homem não fosse
capaz de habitar o Mundo, não poderia neste construir e nem mesmo inserir-lhe as suas
possibilidades. Não sendo possível construir, o homem, por sua vez, não poderia reunir
e integrar na construção a compreensão e realização de sua própria existência.
Seminário Interno de Pesquisa PET – Resumos Expandidos 173
Existência e Arte – Revista Eletrônica do Grupo PET – Ciências Humanas, Estética da
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Metodologia
Ao desenvolver o trabalho, foi utilizada, como apoio e caminho metodológico,
a pesquisa bibliográfica. A compreensão dos termos basilares heideggerianos, tal como
Dasein, deu-se com a leitura da obra “Ser e Tempo”, enquanto que a elucidação acerca
do habitar poético do Mundo deu-se com a leitura das conferências “Construir, Habitar,
Pensar” e “... poeticamente o homem habita...”. Houve, ainda, a leitura de outras obras
relevantes do autor, para que o estudo fosse consolidado através de fichamentos acerca
destas obras lidas.
A compreensão correta do pensamento heideggeriano e do método
fenomenológico hermenêutico por ele utilizado foi unida ao estudo das principais obras
de Edmund Husserl com o intuito de compreender, questionar e diferenciar o método
transcendental husserliano, pautado no sujeito, do método fenomenológico enquanto
ontologia hermenêutica de Heidegger. Foram lidas ainda as obras de Benedito Nunes,
Ernildo Stein, Richard Palmer para uma maior elucidação acerca dos termos estudados e
do método empregado por Heidegger a respeito da questão do habitar autêntico do
homem no Mundo.
Após a compreensão aprofundada da investigação, as dúvidas foram sanadas
pela orientadora através de reuniões e sugestões de outras bibliografias, as quais
serviram de apoio para os questionamentos feitos. Através do incentivo por parte da
orientadora, também houve apresentação de trabalho em evento científico acerca do
tema estudado, o que possibilitou uma compreensão ainda maior do tema.
Considerações finais
A tecnologia mostra-se necessária ao homem, porém, a busca por novas
técnicas arquitetônicas e meios sustentáveis de construção não se mostram capazes de,
sozinhos, sanarem a crise propriamente dita do habitar atual. Desse modo, enquanto o
homem continua a exercer um discurso inautêntico, ele ainda será incapaz de garantir
sua integração com o Mundo. Para que a crise habitacional possa começar a ser
compreendida e então solucionada, de nada adianta apenas formular técnicas avançadas
Revista Eletrônica Existência e Arte 174
Existência e Arte – Revista Eletrônica do Grupo PET – Ciências Humanas, Estética da
Universidade Federal de São João del-Rei – ANO IX – Número VIII – Janeiro a Dezembro de 2013.
na área civil. Para Heidegger, o habitar e o construir devem permanecer sempre juntos
na esfera do pensamento, já que ambos acontecem de forma simultânea e pertencem à
mesma dimensão de existência. É ao aprender a habitar que o homem permite-se
resgatar o ser e resguardar os limites da natureza, restabelecendo a autenticidade
presente no habitar. Ao desvelar suas inúmeras possibilidades, este homem é capaz de,
por fim, (re)encontrar sua capacidade fundamental inerente: o habitar no Mundo.
Referências
BEAINI, Thais Curi. Máscaras do tempo. Petrópolis: Vozes, 1995.
HEIDEGGER, Martin. Construir, Habitar, Pensar. In: HEIDEGGER, Martin. Ensaios e
conferências. Tradução de Márcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis: Vozes, 2010.
________. “...poeticamente o homem habita...”. In: HEIDEGGER, Martin. Ensaios e
conferências. Tradução de Márcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis: Vozes, 2010.
________. Que é isto – A filosofia? In: Que é isto – A filosofia?: Identidade e diferença.
Tradução de Ernildo Stein. Petrópolis: Vozes, 2006a.
________. Ser e Tempo. Tradução de Márcia de Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis:
Vozes, 2006b.
HUSSERL, Edmund. A Ideia da Fenomenologia. Tradução de Artur Morão. Lisboa:
Edições 70, 1990.
________. Idéias para uma fenomenologia pura e para uma filosofia fenomenológica.
Tradução de Márcio Suzuki. 2. ed. Aparecida: Idéias & Letras, 2006.
________. Investigações lógicas. Tradução de Zeljko Loparic e Andréa Maria Altino
de Campos Loparic. São Paulo: Nova Cultural, 1988.
LYOTARD, Jean-François. A Fenomenologia. Tradução de Armindo Rodrigues.
Lisboa: Edições 70, 1986.
NUNES, Benedito. Heidegger & Ser e Tempo. Rio de Janeiro: Zahar. 3. ed. 2010.
PALMER, Richard E. Hermenêutica. Tradução de Maria Luísa Ribeiro Ferreira. Rio de
Janeiro: Edições 70. 1989.
STEIN, Ernildo. A questão do método na filosofia: um estudo do modelo heideggeriano.
São Paulo: Duas Cidades, 1973.
Seminário Interno de Pesquisa PET – Resumos Expandidos 175
Existência e Arte – Revista Eletrônica do Grupo PET – Ciências Humanas, Estética da
Universidade Federal de São João Del-Rei – ANO IX – Número VIII – Janeiro a Dezembro de 2013
O Trabalho Alienado e a Banalidade do Mal em Hannah
Arendt
Ac. Shênia Souza Giarola9 – Universidade Federal de São João del-Rei
RESUMO: Analisar a atividade do trabalho requer, primeiramente, uma reflexão acerca
do homem e de suas condições de vida. Para melhor compreender esse processo, que
desencadeia “abruptamente” a alienação, recorre-se, aqui, à Hannah Arendt. Ela,
enquanto pensadora política, desenvolve um conceito de muita relevância em seus
diagnósticos, o qual denomina banalidade do mal. Logo, nosso objetivo é desenvolver
uma análise da atividade exercida pelo Animal Laborans, a saber, o trabalho. O
trabalho, enquanto atividade puramente animalesca e consumista, lança sobre os ombros
desses homens uma necessidade incessante de viver para consumir e de consumir para
viver, resultando em um ciclo infindável. Desse modo, perde-se a liberdade política e
consequentemente instaura-se a alienação. É por este motivo que se infere, tendo como
embasamento os escritos arendtianos, que a sociedade moderna dos animais laborans
contribui, significativamente, para perpetuar a banalidade do mal, na medida em que se
expande a alienação moderna por meio dos afazeres cotidianos.
Palavras-chave: Alienação; Animal Laborans; Consumo; Trabalho.
Introdução
A história conhece muitos períodos de tempos sombrios, em que o
âmbito público se obscureceu e o mundo se tornou tão dúbio que as
pessoas deixaram de pedir qualquer coisa à política além de que
mostre a devida consideração pelos seus interesses vitais e liberdade
pessoal (ARENDT, 2010, p. 19).
Nos tempos atuais, afirma-se como necessidade a vida puramente
biológica, que, de uma forma desastrosa, esmaga a vida pública e concretiza uma
“proletarização do mundo”. Houve, desde então, uma negação da “vida” e uma “perda
de mundo” ligada às relações humanas. Esses fatores transformaram a política e,
9 Bolsista: PET/Mec- Sesu – Graduada em Filosofia/UFSJ
Orientador: Prof. Dr. José Luiz de Oliveira
Revista Eletrônica Existência e Arte 176
Existência e Arte – Revista Eletrônica do Grupo PET – Ciências Humanas, Estética da
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consequentemente, a economia mundial. Apresenta-se agora, aos olhos humanos, um
eterno movimento de consumir e possuir o maior número de bens possíveis. Eis aí um
instrumento de unificação da sociedade. Unificação ilusória, que proporciona um olhar
fascinado e dá ao homem uma falsa consciência do processo vivido. Ilusória pelo
simples fato de que a linguagem que os une não propicia discussões no âmbito público,
às vezes nem mesmo no âmbito privado. Assim, eles não mais conseguem ser agentes
políticos, mas pura massa atomizada, segregada, facilmente manipulável. É nesse
contexto que ocorre a vitória do animal laborans (homem trabalhador).
A atividade do trabalho torna-se, então, a atividade por excelência do homem
atual; esse trabalho o consome. Consumo não apenas físico, mas também mental. Há
uma inevitável degradação do ser para o ter, movimento que é ininterrupto e
avassalador. O que Hannah Arendt aponta como “perda de mundo” é um
distanciamento do homem da Terra. É um não reconhecer o seu pertencimento frente às
questões mundanas. É um desprendimento que gera perdas catastróficas. Cabe agora
indagar: o que levou o homem a perder a ligação com o mundo? Vamos expor as
tensões que levaram à alienação e, por conseguinte, à inevitável banalização do mal.
Metodologia
Para o desenvolvimento deste trabalho, empregamos como método a pesquisa
bibliográfica. Para a compreensão do pensamento arendtiano, foi preciso ler e fichar as
obras principais da referida autora. Além disso, utiliza-se de algumas obras de
comentadores especializados em seu pensamento. Nossa pretensão é explicitar o que
Arendt entende por vitória do animal laborans e como essa temática se relaciona com o
fenômeno da banalidade do mal. Durante a presente pesquisa, foram desenvolvidas
várias atividades teóricas com o intuito de adquirir um conhecimento consistente das
questões filosóficas norteadoras para a autora em questão.
No decorrer da pesquisa, foram lidas e fichadas, para a confecção do trabalho, as
principais obras de referência: “A Condição Humana”, “A dignidade da Política”,
“Origens do Totalitarismo”, “Da Revolução” etc. Foram utilizadas, de ínício,
exclusivamente as obras de Hannah Arendt, posto que o pensamento arendtiano é
Seminário Interno de Pesquisa PET – Resumos Expandidos 177
Existência e Arte – Revista Eletrônica do Grupo PET – Ciências Humanas, Estética da
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repleto de conceitos que devem ser bem compreendidos; deste modo, adquirimos uma
reflexão adequada sobre os assuntos abordados.
Cada análise dos mencionados textos foi acompanhada pelo orientador, que
estabeleceu reuniões individuais semanais, para sanar possíveis dúvidas e acompanhar
as leituras. Além disso, semanalmente, ocorreu o encontro do GEHANB (Grupo de
Estudos Hannah Arendt e Noberto Boobio). Nele, estabeleceram-se estudos sobre
Filosofia Política Contemporânea, nos quais os textos eram compartilhados com os
integrantes do grupo – orientador do trabalho e alunos de graduação da UFSJ. A
apresentação e discussão dos textos se deram no intuito de evidenciar como Arendt
compreende a esfera da vita activa, que se divide em trabalho, obra e ação, a fim de
compreender como se desenvolve a vitória do Animal Laborans, isto é, a vitória do
trabalho, sendo que seria necessário, segundo a autora, demonstrar tal distinção, pois só
assim seria possível ratificar nossa responsabilidade para com o mundo da política.
Após a leitura da bibliografia básica, foram contempladas diversas obras de Arendt e os
principais comentadores que tratam do tema em questão. Vale ressaltar a importância da
análise dos escritos de Adriano Correia, Nadia Souki, Odílio Alves Aguiar e José Luiz
de Oliveira para a confecção da presente pesquisa.
Outras atividades desenvolvidas durante a confecção da pesquisa foram as
apresentações de trabalho em eventos científicos. Enfim, o percurso descrito acima nos
possibilitou fundamentar este resumo.
Considerações finais
Evidencia-se que o mundo moderno instaurou o isolamento político, pois os
interesses que surgem na era moderna não almejam ultrapassar o indivíduo. Renega-se o
homem enquanto ator político. Agora ele é apenas trabalhador e, por essa razão, ocupa-
se apenas com a manutenção do ciclo biológico. A felicidade, para tais homens isolados,
não ultrapassa o consumo e tampouco o espaço privado.
Enfim, esses homens perderam a ligação com o mundo, pois se distanciaram do
espaço público, onde poderiam consolidar o amor mundi. Não preocupados com as
transações do mundo comum, nem mesmo com as relações humanas, o homem torna-se
Revista Eletrônica Existência e Arte 178
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massa amórfica e capaz de cometer as maiores atrocidades já vistas, isto porque não
pensam, não refletem, gerando, assim, a banalidade do mal. Por banalidade do mal se
entende o mal que é fruto da falta do exercício da faculdade do pensar e não a maldade
que é fruto exclusivo do mal. Assim, enquanto animal laborans, os homens encontram-
se à mercê do mal banal, pois, preocupados com as necessidades biológicas, abdicam da
faculdade do julgar e também da liberdade política. Em suma, é possível afirmar que
vivem uma Era Massificada, que se preocupa tão somente com o possuir e consumir o
maior número de bens possíveis e que, assim, estão sujeitos, a qualquer momento, a
cometer um mal banal. Isto porque, enquanto indivíduos isolados, abdicam da faculdade
do julgar, que é imprescindível para combater o germe da alienação.
Referências
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Seminário Interno de Pesquisa PET – Resumos Expandidos 179
Existência e Arte – Revista Eletrônica do Grupo PET – Ciências Humanas, Estética da
Universidade Federal de São João Del-Rei – ANO IX – Número VIII – Janeiro a Dezembro de 2013
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