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vamoscuidarBrasildo
Este caderno parte do material didtico:
Mudanas Ambientais Globais: Pensar + agir na escola e na comunidade
ar gua terra fogo
mudanasambientaisglobais
AGIRna escola e na comunidade
PENSAR
REFLEXES,DESAFIOS EATIVIDADES
Ministrio do Meio Ambiente
Ministrio da Educao
realizao
apoio
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2008. Secretaria de Educao Continuada, Alfabetizao
e Diversidade (Secad) Ministrio da Educao
Coordenao Editorial: Eda Terezinha de Oliveira Tassara,
Rachel Trajber
Texto: Silvia Czapski
Edio de Texto: Ananda Zinni Vicentine, Luciano Chagas Barbosa,
Ricardo Burg Mlynarz, Silvia Pompia, Vanessa Louise Batista.
Reviso: Carmen Garcez
Projeto Grfi co: Beatriz Serson, Bernardo Schorr
Ilustraes: Antonio Claudino Batista
Colaboradores:
Ana Jlia Lemos Alves Pedreira, Ayrton Camargo e Silva, Beatriz
Carvalho Penna, Brites Carmo Cabral, Bruno Veiga Gonzaga
Bagapito, Emlia Wanda Rutkowski, Fabola Zerbini, Fernanda de
Mello Teixeira, Flvio Bertin Gndara, Franklin Jnior, Gilvan Sampaio,
Joo Bosco Senra, Jos Augusto Rocha Mendes, Jos Domingos
Teixeira Vasconcelos, Lara Regitz Montenegro, Larissa Schmidt,
Luiz Cludio Lima Costa, Mrcia Camargo, Maria Thereza Teixeira,
Neusa Helena Rocha Barbosa, Patricia Carvalho Nottingham, Paula
Bennati, Paulo Artaxo, Pedro Portugal Sorrentino, Viviane Vazzi
Pedro, Xanda de Biase Miranda.
Tiragem: 106 mil exemplares
Ministrio da Educao
Secretaria de Educao Continuada,
Alfabetizao e Diversidade - SECAD
Esplanada dos Ministrios Bloco L
CEP: 70097-900 Braslia-DF
Tel: (61) 2104-8432
Site: www.mec.gov.br/secad
Ministrio do Meio Ambiente
Secretaria de Articulao Institucional
e Cidadania Ambiental - SAIC
Esplanada dos Ministrios Bloco B
CEP: 70068-900 Braslia-DF
Tel: (61) 3317-1000
Site: www.mma.gov.br
Refl exes, desafi os e atividades / Silvia Czapski. Braslia : Ministrio da Educao, Secad : Ministrio do Meio Ambiente, Saic, 2008.
28 p. (Mudanas ambientais globais. Pensar + agir na escola e na comunidade)
ISBN 978-85-60731-42-8
1. Prtica de educao ambiental. 2. Responsabilidade ambiental. 3. Atividades de classe. I. Czapski, Silvia. II. Brasil. Secretaria de Educao Continuada, Alfabetizao e Diversidade. III. Brasil. Secretaria de Articulao Institucional e Cidadania Ambiental. IV. Srie.
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Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)
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REFLEXES E DESAFIOSSabemos que o meio ambiente no pode ser reduzido a preocupaes com a ecologia
uma rea das cincias biolgicas ou com a natureza. Os seres humanos nem sabem
mais o que natureza, pois o meio ambiente j est to completamente penetrado e
reordenado pela vida sociocultural humana, que nada mais pode ser chamado com cer-
teza de apenas natural ou social. A natureza se transformou em reas de ao nas quais
precisamos tomar decises polticas, prticas e ticas.1
Enfrentamos agora uma crise ambiental nunca vista na histria, que se deve enormi-
dade de nossos poderes humanos. Pois tudo o que fazemos tem efeitos colaterais e
conseqncias no antecipadas que, diante dos poderes que possumos atualmente,
tornam inadequadas as ferramentas ticas que herdamos do passado. Um fi lsofo con-
temporneo, Hans Jonas, descreveu com uma simplicidade contundente a crise tica
de profundas incertezas em que nos achamos: Nunca houve tanto poder ligado com
to pouca orientao para seu uso. Pois , tecnologias altamente impactantes nos
chegam sem manual de instrues ou bula.
A educao ambiental assume, assim, a sua parte no enfrentamento dessa crise, radi-
calizando seu compromisso com mudanas de valores, comportamentos, sentimentos e
atitudes, que deve se realizar junto totalidade dos habitantes de cada base territorial, de
forma permanente, continuada e para todos. Uma educao que se prope a fomentar
processos continuados, de forma a possibilitar o respeito diversidade biolgica, cultural,
tnica, juntamente com o fortalecimento da resistncia da sociedade a um modelo devas-
tador das relaes de seres humanos entre si e destes com o meio ambiente.
Este livro coloca um duplo desafi o: um planetrio, relacionado difcil tarefa de enfrenta-
mento das mudanas ambientais globais; o outro, educacional, visa contribuir para a edu-
cao integral, que resgate uma funo social da escola quase escondida, propiciar um
ambiente de aprendizagem criativo e transformador que d gosto permanecer na escola.
No que se refere ao desafi o planetrio, sentimos em nosso cotidiano uma urgente ne-
cessidade de mudanas radicais para superarmos as injustias ambientais, a desigual-
dade social, a apropriao da natureza e da prpria humanidade como objetos de
explorao e consumo. Vivemos em uma sociedade de risco2, com efeitos que muitas
vezes escapam nossa capacidade de percepo direta, mas aumentam consideravel-
mente as evidncias de que podem atingir no s a vida de quem os produz, mas a de
outras pessoas, espcies e at geraes.
O desafi o da educao integral pode ser enfrentado ao realizar, com planejamento e den-
sidade, os processos de Conferncia na Escola, sendo uma forma de ao fundamental
para atualizarmos e aprofundarmos debates ambientais to urgentes. Com o apoio de
uma educao ambiental crtica, participativa e emancipatria, possibilitamos o empode-
ramento das comunidades locais e propiciamos tambm subsdios para o sempre falado,
mas to difcil exerccio da transversalidade, da inter e transdisciplinaridade das questes
ambientais no cotidiano da vida escolar. Podemos, assim, gerar uma atitude responsvel e
1. BECK, Ulrich; GIDDENS, Anthony; LASH, Scott. Modernizao refl exiva: poltica, tradio e esttica na ordem social moderna. So Paulo: Editora Unesp, 1997.
2. Conceito criado por Ulrich Beck, que designa um estgio da modernidade em que comeam a tomar corpo as ameaas produzidas no caminho da sociedade industrial. Ibid., p. 17.
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comprometida da comunidade escolar com as questes socioambientais locais e globais,
bem como enfatizar a melhoria da relao ensino-aprendizagem.
conferncia na escola: pretexto e texto para um bom trabalho Com uma viso de educao integral, a Conferncia na Escola permite ampliar tem-
pos, espaos e contedos educacionais. Ao distribuir este livro como material didtico
a todas as escolas do ensino fundamental, propomos tambm a consecuo de outros
objetivos mais especfi cos, mas igualmente importantes, como contribuir para a me-
lhoria do desempenho das escolas participantes com base nos resultados do ndice de
Desenvolvimento da Educao Bsica IDEB, incentivar a incluso do conhecimento
sobre os temas no Plano Poltico Pedaggico de cada escola e o empenho na resoluo
dos problemas socioambientais, alm de fortalecer o papel da escola na construo de
polticas pblicas de educao e meio ambiente.
Na I Conferncia Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente (em 2003), 16 mil
escolas criaram suas propostas sobre como Vamos Cuidar do Brasil juntos, de acordo
com o tema e o lema da Conferncia. J na II CNIJMA (2006), as escolas foram insti-
gadas a defi nirem responsabilidades e aes sobre os documentos internacionais dos
quais o Brasil signatrio em mudanas climticas, segurana alimentar e nutricional,
diversidade tnico-racial e biodiversidade.
Assim, as comunidades escolares no se limitam a ser meras reprodutoras desses co-
nhecimentos e responsabilidades, mas acima de tudo se tornam produtoras. assim
tambm, e de forma ainda mais radical (no sentido etimolgico de raiz), na terceira Con-
ferncia, programada para 2008. A constatao da crise ambiental pode representar
uma oportunidade positiva para implantar novos modelos de desenvolvimento, outras
sociedades possveis, mais felizes e saudveis. Vamos cuidar do Brasil com as escolas!
mudanas ambientais globaisMudanas Ambientais Globais3, uma temtica desafi adora para a sociedade e as esco-
las, debatida em uma perspectiva sistmica e integrada, com abordagens das Cincias
Naturais, Cincias Humanas (histria, geografi a), Matemtica e Linguagens. No nosso
livro, essa ampla temtica foi dividida em temas relacionados aos quatro elementos da
natureza gua, ar, terra e fogo em sua abordagem ambiental, retomando conceitos
da fi losofi a ocidental, desde os pr-socrticos at hoje, como tambm olhares da litera-
tura e das artes plsticas.
Cada tema foi trabalhado em duas dimenses: 1) por um lado, tem-se a biosfera, a
atmosfera, a hidrosfera, a energia e a mobilidade vistas como bases de sustentao da
vida e das sociedades humanas no Planeta; e 2) por outro lado, a interveno da tec-
nosfera, de tecnologias de produo e consumo desvinculadas de uma tica voltada
para a sustentabilidade socioambiental e que, dessa forma, resultam na destruio da
qualidade de vida planetria.
3. Sugesto de Carlos Nobre, cientista do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais Inpe, que nos trouxe essa dimenso abrangente de que as mudanas no devem ser consideradas como somente climticas, mas ambientais, sistmicas e complexas.
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Esses temas, j bastante difundidos pela mdia, geralmente so tratados de forma des-
contextualizada de seus processos histricos, com fortes componentes de sensacio-
nalismo e catstrofe, e muitas vezes confundem e reduzem a potncia de ao das
pessoas, chegando a amedrontar crianas e adultos. Portanto, o intuito do livro falar,
de uma maneira clara e objetiva, e na linguagem infanto-juvenil, sobre a complexidade
da matria. De um jeito simples, porm no simplista.
Para trabalhar as mudanas ambientais globais, pedimos ajuda a especialistas4 em cada
tema, professores, cientistas, tcnicos e gestores, que trabalharam diretamente nos textos.
Todos eles enfatizaram a importncia de abordarmos essas questes partindo dos ciclos
do Planeta, j que a natureza trabalha em ciclos nada se perde, tudo se transforma.
Assim, a temtica, que praticamente se imps a ns pela sua emergncia, bem como os
demais temas tratados, so relacionados de maneira didtica aos quatro elementos e
ciclos do Planeta, vinculando-se, ainda, aos problemas contemporneos que afetam os
sistemas naturais e as populaes humanas. Entre os subtemas esto: atmosfera e as
mudanas climticas; biodiversidade e a questo da homogeneizao, das queimadas
e desmatamento; gua e o problema da escassez, da poluio e da desertifi cao; ener-
gia e mobilidade, com a questo do modelo energtico atual e dos transportes.
Cada captulo, portanto, se prope a tratar o tema referindo-se a dois ciclos:
a) um ciclo que podemos chamar de ciclo original, que se processa h mi-lhes de anos e se recicla em um movimento ininterrupto, resultando as-sim nas condies especfi cas que permitiram a existncia da vida na Ter-ra. Nesse ciclo, aborda-se o fenmeno natural, sempre incluindo os seres humanos em sociedade, at a chegada da Revoluo Industrial. Trata-se de um longo perodo em que a concentrao da populao nas cidades ainda era baixa, a industrializao apoiava-se em tecnologias mais bran-das, que no prejudicam a capacidade do Planeta de se regenerar. Todo o lixo gerado tanto no ar como na gua ou no solo reintegrava-se sem causar impactos irreversveis.
Bens essenciais para a vida sempre foram partilhados por todos os seres vivos, pois, ciclicamente, as molculas de elementos por exemplo, o oxi-gnio que respiramos e a gua que bebemos j foram compartilhadas milhes de vezes entre todos os seres que aqui vivem ou viveram. Animais, excrementos, folhas e todo tipo de material orgnico morto se decompem com a ao de milhes de microrganismos decompositores, como bact-rias, fungos, vermes e outros, disponibilizando os nutrientes que vo ali-mentar outras formas de vida. Assim tudo integrado: o que cada um, o que cada povo faz com o ar, a gua e a terra importa para os demais.
b) um ciclo que podemos chamar de ciclo impactado pelos seres humanos. Ado-tamos a II Guerra Mundial (meados do sculo XX) como um marco do rompi-mento da sociedade industrial moderna com os ciclos originais da natureza, ultrapassando a capacidade regenerativa dos sistemas naturais. Verifi camos
4. Eda Tassara (Psicologia Social USP); Ayrton Camargo e Silva (Associao Nacional de Transportes Pblicos ANTP/SP); Emlia Wanda Rutkowski (Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo Unicamp); Flvio Bertin Gndara (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz Esalq/USP); Gilvan Sampaio (Centro de Previso de Tempo e Estudos Climticos Inpe); Joo Bosco Senra (Secretaria de Recursos Hdricos MMA); Jos Domingos Teixeira Vasconcelos (Colgio Vera Cruz SP); Jos Augusto Rocha Mendes (Secretaria de Recursos Hdricos, Saneamento e Obras SP); Paulo Artaxo (Instituto de Fsica USP); Fabola Zerbini (Instituto Kairs).
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que, a partir desse momento, a escala de tempo mudou bruscamente, e as mudanas vm ocorrendo no intervalo de dcadas, no mais de milnios.
Desde a Conveno-Quadro das Naes Unidas sobre Mudana do Clima, durante a
Conferncia Rio-92, realizada pela ONU no Rio de Janeiro, em 1992, a comunidade
internacional reconheceu que a temperatura no Planeta teve um aumento considervel
provocado pelas atividades produtivas humanas. Mais recentemente, em fevereiro de
2007, o relatrio do Painel Intergovernamental de Mudanas Climticas IPCC da ONU
confi rmou o crescente aquecimento global e reafi rmou que h 90% de certeza de que o
efeito estufa seja provocado por atividade humana.
Em grande parte, isso se deve insero histrica de uma lgica capitalista e de
mercado, na qual a produo deixou de ser uma resposta a necessidades bsicas e
reais da humanidade. Grande parte da cincia e da tecnologia passou a constituir uma
forma de os grupos que detm os meios de produo, incluindo o capital fi nanceiro,
acumularem riqueza por meio da induo artifi cial de demandas. Para concentrarem
renda, estimulam o consumo crescente de bens que podem produzir e vender. Mesmo
que para isso seja necessrio esgotar a terra, poluir a gua, acabar com as nascentes,
destruir a biodiversidade, envenenar o ar e provocar mudanas no ambiente que afe-
tam os ciclos da vida.
Quando a mdia aborda as mudanas climticas, comentando os aumentos de picos de
temperatura, do clima, das chuvas e dos ventos, entre tantas alteraes, na realidade
se refere s conseqncias nos ciclos vitais em especial o da atmosfera que geram
amplas mudanas ambientais globais. Tais alteraes interferem na sobrevivncia das
espcies, pois podem inviabilizar algumas delas e favorecer outras. Isso seria o pro-
cesso natural da evoluo, no fosse a extrema rapidez com que se processam essas
mudanas, diferentemente do que ocorre na natureza. Assim, a humanidade est provo-
cando mudanas to repentinas que no h condies para a adaptao das espcies,
e vrias delas tendem a desaparecer.
Certamente, esses impactos no foram feitos de propsito, de forma premeditada,
mas agora que temos esse conhecimento, se no forem mudados os rumos, pode-se
entender que participamos de uma destruio deliberada.
temos alternativas e sadas? Se ns, seres humanos, fazemos parte de um sistema construdo historicamente, com
os valores e atitudes adotados pelas ltimas duas geraes, e provocamos graves mu-
danas no Planeta, ser que conseguiremos achar uma sada?
Todos esses temas esto relacionados entre si e baseados, no fundo, em valores que
geram uma determinada concepo de mundo, de vida, de felicidade, de sociedade.
Nesse modelo de sociedade, valoriza-se muito a realizao pessoal pelo fato de se ter
conforto, poder, status. Por isso, preciso possuir e acumular bens, ocupar uma posi-
o de mando, acima dos outros. Como os bens so fi nitos e as posies sociais so
relativas, a sociedade se estrutura de forma hierarquizada.
Tudo se passa como se as principais condies para a felicidade fossem escassas: so-
mente alguns, considerados ganhadores, conseguindo alcan-las; os demais, vistos
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como perdedores, vo fi cando sem elas. Essa viso estimula a competio, a violn-
cia, o medo da escassez, a necessidade de acumular mais, enfatizando a produo e o
consumo de bens materiais, mesmo os mais desnecessrios.
Alm da relao entre os temas, o livro aborda tambm, em cada captulo, algumas
aes e medidas sustentveis como polticas mitigadoras, adaptativas, preventivas e
transformadoras; formas de conviver e reverter alguns impactos ambientais, enfatizan-
do que no se trata de uma questo a ser discutida daqui a 30, 40 ou 50 anos, mas
no momento atual, em todos os mbitos. Em outras palavras, vamos descobrir, mos-
trar, propor alternativas de mitigao, feitas por governos, empresas e outros setores,
de adaptao s novas condies da humanidade com o Planeta e, principalmente,
aquelas educadoras, tanto para prevenir, como para termos condies de transformar
a viso de mundo e as bases socioeconmicas, que geraram e esto aprofundando as
condies adversas.
No somente uma questo de reduzir os impactos, de mitigar ou minorar os estragos,
de reduzir a produo do lixo, de cobrar pelo uso ou poluio da gua, mas de propor
uma mudana na forma de ver o mundo, a sociedade e os valores que realmente contri-
buem para a sobrevivncia humana com qualidade de vida. Pensar com responsabilida-
de pelo presente e pelo futuro, no s no curto prazo, mas numa perspectiva que supere
a lgica de acumulao insustentvel.
Essa confi gurao de sociedade nem sempre foi assim. No assim atualmente com os
povos originrios ou as populaes tradicionais que lutam por manter as tradies con-
servacionistas, e com quem devemos aprender a cuidar do Planeta. Somos parte de um
modelo civilizatrio, historicamente construdo, que no garante sustentabilidade para a
vida. Essas constataes levam as pessoas a se questionarem se no seria necessria
uma grande reviso desse modelo. Para tal, partimos dos conhecimentos e do debate
democrtico para construir novos caminhos.
a era dos limitesA ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, tem afi rmado que comeou a era dos limites.
Segundo ela, as informaes sobre clima so dramticas e para evitar o catastrofi smo,
que pode paralisar, a competio tem de ser substituda por uma atitude solidria e co-
operativa.5 A reeducao vale, inclusive, para pases pobres que pensam ter o direito de
devastar o meio ambiente s porque os ricos fi zeram isso ao longo da histria.
O conceito de sociedade de risco levanta a questo dos (auto)limites do desenvolvimen-
to e a nossa tarefa de rediscutirmos padres de responsabilidade, segurana, controle,
conseqncias dos danos causados pela sociedade industrial moderna para a socieda-
de e o meio ambiente.
Este livro pode apoiar as escolas a construir, aproveitando diferentes saberes, projetos
de pesquisa sobre processos produtivos e de consumo compatveis com os limites do
Planeta, que rompam com o padro atual e garantam princpios de respeito s pessoas
e natureza. Juntamente com o Passo a Passo para a Conferncia / Projetos na Escola
e Educomunicao que o acompanha, aporta um conjunto de instrumentos para intervir
5. BARROCAL, Andr. Carta Maior, 27/04/2007, em uma audincia pblica promovida pelas Comisses de Meio Ambiente e da Amaznia da Cmara Federal.
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sobre a realidade, divulgando a informao e mobilizando todas as pessoas a respeito
da responsabilidade das comunidades com relao s suas opes.
importante que cada Conferncia na Escola se aproprie criticamente de cada frase
e cada sugesto do seu variado contedo, transmutando-as para as suas atitudes e
prticas cotidianas.
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SUGESTES DE ATIVIDADESEstas atividades tratam de como apoiar a escola em sua tarefa de formar cidados e
cidads com esprito cientfi co, preparados para conhecer e interagir com seu meio.
Para que cada escola se torne um centro de produo (no s de reproduo) do conhe-
cimento, com pesquisas em cincias humanas e biolgicas, precisamos trilhar alguns
caminhos, para os quais sugerimos algumas pistas.
Esses caminhos passam pela informao, pelo conhecimento e pelos saberes acu-
mulados. Algumas pistas se encontram nesta publicao, Mudanas Ambientais
Globais: pensar + agir na escola e na comunidade, que prope subsdios para um
trabalho pedaggico inserido em contextos da contemporaneidade. Ele se baseia na
praxis da inter e transdisciplinaridade da educao ambiental, provocando a refl exo,
incentivando o debate, o raciocnio e a capacidade de aprender de forma continuada
e permanente.
A educao ambiental educa com a sociedade, a vida e o Planeta em mente. Quando
aprendemos a reconhecer a complexidade da vida, passamos a respeitar, preservar e
conservar. Precisamos conhecer nossa realidade para poder realizar nossos sonhos
de qualidade de vida e construir a nossa felicidade. Cada escola pode ser, e algumas
vezes j , um local de pesquisas do mundo, partindo e voltando para seu cotidiano e
sua prpria realidade.
O professor e a professora no precisam somente reproduzir o saber acadmico, mas
podem e devem tambm produzir conhecimentos e realizar pesquisas sobre nossos
sistemas naturais, to ricos em beleza e diversidade de espcies, bem como sobre as
culturas humanas com as quais convivemos, muitas vezes de forma respeitosa e inte-
grada, outras vezes modifi cando e destruindo sem limites, principalmente ao longo das
ltimas dcadas.
Inovar, dialogar e fazer pesquisa sobre o meio ambiente no um bicho de sete cabe-
as. uma questo de atitude, raciocnio e mtodo. Nesta parte do livro, propomos
trs tipos de atividades que podem ser adaptadas e utilizadas na escola com todos os
temas. Basta criatividade!
I. METODOLOGIA CIENTFICA6
A metodologia de pesquisa cientfi ca exige rigor ao descrever o caminho percorrido para
a produo dos saberes, de modo que outros possam trilhar percursos semelhantes,
comparando com seus prprios resultados e ampliando os conhecimentos existentes
sobre o assunto. O que caracteriza a Cincia seu mtodo. Sendo crtica, ela oferece
como metodologia a busca de elementos para o julgamento de verdades.
Ao longo da era moderna, o mtodo cientfi co passa a ser aplicado para criticar o que
se tem como verdades sobre fatos do mundo, inicialmente do mundo natural, passan-
do, aos poucos, ao mundo social. Muitos pensadores contriburam para construir uma
forma do pensar cientfi co que auxilia na busca de respostas a questes relacionadas
ao mundo natural e social.
6. Conceituao proposta pela Profa Eda Terezinha de O. Tassara.
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Para descrever os fatos da natureza ou sociais, devemos partir de uma srie de proce-
dimentos de observao criteriosa, ou mediante a experimentao, que um controle
obtido por meio de uma interveno planejada sobre a ocorrncia desses fatos.
Se o argumento construdo conseguir conjugar adequadamente a descrio desses fa-
tos a experincia com a demonstrao lgica da verdade das afi rmaes sobre os
mesmos a razo , aceitando que pode haver outras verdades, ou explicaes as
hipteses , este ser um argumento de prova das afi rmaes em questo as teses.
A pesquisa cientfi ca pode estruturar-se em torno de perguntas especulativas: O que
o arco-ris? Ou ento de grandes perguntas metafsicas: Como se originou o Universo?
Ou, ainda, de perguntas aplicadas soluo de problemas prticos da realidade social
ou natural: Como resolver o problema da violncia urbana? Ou: Como impedir a eroso
nos loteamentos? Ou: Como encontrar uma vacina para o vrus da Aids?
Nestes ltimos casos, trata-se de pesquisa de orientao tecnolgica, uma vez que se
destina resoluo de problemas tcnico-prticos.
A exigncia que os conhecimentos que venham a orientar as solues sejam cientfi -
cos. No entanto, essas pesquisas no precisam ser desenvolvidas apenas por cientistas
em laboratrios sofi sticados nas universidades ou centros especializados. claro que
temos muito a aprender com os cientistas, mas sabemos que, em cada local, h pes-
soas que monitoram muito bem os processos da natureza no cotidiano, aquelas que
retratam de maneira encantadora o que as pessoas pensam e falam sobre sua realidade.
O conhecimento popular oferece riquezas fundamentais para o conhecimento cientfi co,
e a escola se torna um espao onde podemos fazer os dois dialogarem, comunicando
seus achados e contribuindo para o crescimento de todos.
A internet, quando disponvel, pode ser utilizada para a pesquisa de dados e informa-
es sobre qualquer tema. uma verdadeira biblioteca universal e democrtica, muito
rica em informaes. Mas, para que ela contribua com o processo educacional, preci-
so ter alguns cuidados.
Os alunos precisam perceber que no devem copiar tudo indiscriminadamente. Ao con-
trrio, devem tentar avaliar o contedo com o olhar crtico de quem sabe que se trata
de um meio de comunicao sem um fi ltro de qualidade. As informaes so, muitas
vezes, excelentes. Mas, s vezes, no so confi veis. Por isso, fundamental aprender
a selecionar o que interessa, adaptar o contedo as suas necessidades e informar a
fonte das buscas. Dessa maneira, a rede mundial de computadores pode se tornar uma
aliada, no uma inimiga da sala de aula.
um por todos e todos pelo conhecimento!Cada aluno e aluna dos grupos deve participar de todas as etapas do trabalho. As
inquietaes, curiosidades e sonhos dos jovens devem ser trabalhados desde a de-
fi nio da pesquisa, seus caminhos e resultados, at sua apresentao e a avaliao
fi nal da atividade.
Dessa forma, cada pessoa poder sentir que est contribuindo individualmente com
suas idias, textos e registros, e o professor ou professora ter subsdios para avaliar o
desempenho de cada um e cada uma na construo das experincias coletivas.
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As atividades propostas abaixo pretendem ajudar a produzir o pensamento cientfi co na
escola, junto com os jovens, pelo caminho das descobertas e do dilogo com pessoas
da regio que conhecem seu entorno, com tcnicos, com acadmicos, com pesquisa-
dores e com os livros.
A situao de conferncia de meio ambiente na escola, ou uma feira de cincias, apre-
senta momentos especiais para a comunicao dos resultados do trabalho, de modo
que mais pessoas possam se enriquecer com esses resultados.
Isso trar seriedade e segurana para o grupo, uma oportunidade de experimentar dife-
rentes maneiras de socializar os contedos de seu trabalho, alm de propiciar interven-
es mais consistentes e transformadoras na comunidade.
Assim, todas as pesquisas realizadas pela escola devem ser consideradas com grande
seriedade tanto na dimenso de gerao de conhecimentos quanto em seu poder de
comunicar com outros pblicos fora da sala de aula, e at de propor polticas pblicas
locais que gerem mudanas. Para isso, essencial divulgar as aprendizagens para a es-
cola como um todo, para a comunidade escolar e para os rgos interessados por meio
de diferentes formas de comunicao.
atividades para a sala de aula
1. MAPEAR E PESQUISAR A BACIA HIDROGRFICA PARA CONSTRUIR MAQUETES
Esta atividade provoca a discusso sobre vrios temas a respeito da gua na regio
onde vive a comunidade escolar. Alm de descobrir que vivem e estudam numa deter-
minada bacia hidrogrfi ca, importante tambm que os alunos saibam de onde vem a
gua, para onde vai e como ela usada em sua bacia.
O primeiro passo representar os corpos dgua e seus usos pela populao local
atravs da construo coletiva de um mapa ou um cartograma, uma espcie de
mapa que pode ser preparado sem muito rigor com a escala e ainda incluir desenhos
ou mesmo fotos apresentando os locais, construes, atividades etc. S depois ser
construda a maquete.
Cada etapa de descobertas e de pesquisas precisa ser sistematizada com os alunos,
de modo que os aprendizados em todo o processo constituam textos coletivos. Isso
importante, para haver registros, participao, aprendizagem, mais clareza conceitual e
apropriao dos contedos trabalhados por parte de cada um e de todos.
etapas
1. Pesquisas para mapear a bacia hidrogrfi ca
Mapear duas representaes. Na primeira, a situao original da bacia hidrogrfi ca
da qual faz parte o municpio, ou o bairro, mostrando o que acontece no percur-
so da gua, at desaguar em outros rios, e depois chegar ao mar. Na segunda, a
situao atual, com os mltiplos usos da gua naquela bacia hidrogrfi ca e suas
conseqncias.
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As buscas podem ser feitas na internet, na prefeitura ou na polcia, com organizaes
ambientalistas, um rgo de pesquisa se existir e for de fcil acesso na regio e mes-
mo por meio de entrevistas com moradores. importante buscar um mapa da regio
para localizar os rios, seus afl uentes, as diversas nascentes, lagos e lagoas. Cada grupo
de alunos pode escolher um corpo dgua para aprofundar a pesquisa, contribuindo
para a produo conjunta do mapa da bacia. Pesquisar como era antes, se houve mu-
dana de curso, construo de represas ou outras mudanas importantes, e por que
elas aconteceram.
Quando chegar mais prximo da escola, pode-se organizar uma visita a uma nascente,
e seguir com o curso da gua at algum ponto do rio abaixo para observar como est
a margem e os arredores. fundamental anotar tudo, especialmente onde fi cam os
pontos mais altos e os mais baixos para onde a gua corre quando chove. Aproveitar
para verifi car as condies das guas ao longo do percurso, se o rio parece poludo,
se h pescadores, reas de lazer, vegetao nativa, construes e assim por diante.
Alm de anotar, d para fazer desenhos, fotografi as, e at entrevistar algum que te-
nha uma relao direta com o curso dgua: um morador ou moradora da vizinhana,
por exemplo.
interessante buscar tambm um contato com o Comit de Bacia da regio, acom-
panhar uma atividade, convidar uma pessoa desse Comit para ir escola. Os dados
levantados ajudaro a construir o mapa, ou o cartograma, que servir de base para
a maquete.
2. Construo da maquete com a bacia hidrogrfi ca original e os usos da gua
hora de sistematizar as informaes. Renam dados sobre cada uso da gua na re-
gio, e de que forma ele ocorre em cada caso. Confrontem os achados com os dados
do captulo gua desta publicao. A gua usada com cuidado? H desperdcio?
Poluio? O que acontece com quem vive ou trabalha rio abaixo? Pesquisem de onde
vem a gua das torneiras, para onde vai o esgoto; se a gua tratada, se o esgoto vai
para fossas ou encanado. Anotem tudo.
O prximo passo ser planejar a maquete, pensando conjuntamente em cada item a
ser representado, e quais materiais sero usados para faz-la. Todos podem contribuir,
trazendo sucatas e objetos, alm da cola, tesoura, fi tas adesivas, tintas etc. Planejem
junto cada passo, registrem, desenhem, antes de comear a montagem.
A maquete poder ser exposta na prpria escola para a comunidade escolar e as pesso-
as da prpria comunidade, que podero assim conhecer e discutir a situao da bacia
hidrogrfi ca de sua regio.
2. A GUA LEVA PARA OS RIOS E MARES
Por que e como as matas ciliares ajudam a manter a fertilidade do solo e evitar o asso-
reamento dos rios?
Montagem para demonstrar como a gua das chuvas leva para os rios material dis-
solvido, que fi nalmente chega ao mar (esta experincia dura cerca de um ms, pois as
sementes precisam brotar).
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Planejar e fazer a montagem com os alunos, para que possam aperfeioar o experimen-
to, ter melhores resultados e demonstrar para os pais e a comunidade.
etapas
1. Peguem dois tabuleiros de metal ou plstico. Furem ambos em uma das laterais me-nores, bem perto do fundo. Vedem esse furo com uma pedra, rolha ou tampa.
2. Coloquem terra nos dois tabuleiros at quase a borda. Em um deles, semeiem plantinhas de fcil crescimento pode ser capim, alpiste, milho, rabanete ou outra semente de rpido crescimento. Deixem em um local onde haja sol pelo menos algumas horas por dia, para facilitar o crescimento das plantas, e reguem sempre que necessrio, no incio da manh ou fi m da tarde. Guardem o outro tabuleiro sem sementes.
3. Quando as plantas do primeiro tabuleiro tiverem crescido at cerca de 1 palmo de altura, coloquem os dois, um ao lado do outro, com uma leve inclinao (podem colocar um calo sob a parte de trs de cada tabuleiro), deixando o furo tampado na parte da frente.
4. Demonstrao. Despejem bastante gua com regador em cima dos tabuleiros, si-mulando uma boa chuva. Observem como a gua escorre sobre a terra e parte dela escoa para fora, pela lateral mais baixa dos tabuleiros. No plantado, ela sair lmpida, em menor quantidade. No outro, sair em maior quantidade (enxurrada) e turva, (lixiviao).
5. Discusso. Depois de regar, esperem uns 15 minutos, destampem o furo e verifi -quem que h gua que drenou para o fundo do tabuleiro. Observem a diferena da gua que sai pelo furo. No tabuleiro com a cobertura vegetal, ela em maior quantidade (penetrou no solo) e lmpida. No outro, a gua pouquinha e turva. Podemos concluir que o solo se mantm melhor no tabuleiro que tem cobertura vegetal (as razes das plantas fazem com que a gua penetre melhor na terra). No outro, a gua, em vez de penetrar no solo, causa mais eroso que uma perda do solo e fi ca poluda (barrenta).
Essa simulao de chuva em dois tipos de terreno comprova alguns fatos:
se o solo est exposto (sem cobertura vegetal), a chuva pode provocar per- da de fertilidade (no processo de eroso, a gua leva embora os nutrientes do solo que fi cam na sua superfcie);
como se d o turvamento das guas e o assoreamento dos rios;
como as matas ciliares permitem a drenagem da gua da chuva, que entra mais limpa nos rios.
Pode-se fazer um terceiro tabuleiro, impermevel, com a terra bem socada e coberta
por piche ou tinta plstica, para demonstrar que, com o solo asfaltado, as enxurradas e
enchentes aumentam (a gua no penetra no solo), carregando lixo para os rios.
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3. FONTES DE ENERGIA A ENERGIA QUE NOS MOVIMENTA
Como a energia uma base da nossa existncia?
No caderno Fogo, que trata da questo da energia, discutimos como cada fonte de
energia produz calor, movimento e trabalho, cada uma tem sua histria, sua geografi a e
sua biologia. Podemos comear pela energia do nosso corpo.
O objetivo desta atividade calcular quantas quilocalorias (kcal) cada aluno e cada
aluna consome em um dia tpico de sua semana. Tem gente que se preocupa com isso:
nutricionistas, merendeiras, preparadores fsicos dos esportistas e, tambm, quem faz
exerccios para emagrecer. Essas pessoas pensam na quantidade de kcal que quei-
mada por minuto nas atividades fsicas que realizamos durante um dia.
Sabemos que as crianas se movimentam o dia todo, esto em constante atividade
fsica, mesmo sem nenhuma pretenso esportiva ou de aperfeioamento do desempe-
nho fsico. Na tabela a seguir, esto relacionadas as quantidades aproximadas de kcal
por minuto que uma pessoa despende ao realizar diferentes atividades fsicas.
etapas
1. O professor ou professora deve propor aos alunos que escolham um dia da sema-na em que tenham atividades bem diversifi cadas, aquele que considerarem mais apropriado para fazer uma estimativa de quantos minutos dedicam a cada uma das aes: dormir, caminhar, correr, estudar, alimentar-se, praticar esporte, divertir-se, descansar etc.
Consumo aproximado de energia em diferentes atividades
Atividade kcal / min
Dormir 1,1
Sentar e escrever, ver TV, ouvir msica 1,2
Alimentar-se 1,4
Dirigir automvel 2,8
Caminhar normalmente 4,5
Subir escadas 15,0
Correr 11,5
Pedalar a 15 km/h 5,5
Andar a cavalo 2,5
Jogar futebol tnisvleibasquete
8,06,12,87,5
Praticar musculao 10,0
Nadar a 55 m/min 14,0
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10,48,8
Surfar 8,0
Praticar mergulho 9,0
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2. Com base nas informaes da tabela, pea que faam as contas de quantas kcal despendem em cada uma das atividades. Por exemplo, se algum dormiu 9 horas naquele dia, ter dedicado 540 minutos a essa atividade (60 min x 9 h). Multiplicando 540 minutos por 1,1 kcal/minuto, chega-se a 594 kcal, que a quantidade de energia gasta durante o sono.
3. Se houver alguma atividade que no conste da tabela, os alunos devem fazer uma estimativa da quantidade de kcal despendida nela por minuto, por comparao com as outras. Ao fi nal desse processo, cada um obter aproximadamente a quantidade de energia que foi necessria para realizar todas as suas atividades, nos 1.440 minu-tos daquele dia (24 h x 60 min).
4. Cada um construir sua prpria tabela, como a exemplifi cada abaixo. Note que, como exemplo, ela contm apenas quatro atividades, mas cada pessoa dever listar tudo o que fez em 24h (uma nova linha por atividade):
5. A comparao entre os resultados de cada pessoa da classe pode gerar uma refl e-xo sobre o excesso de atividades de alguns e o sedentarismo demasiado de outros. Mas, especialmente, sobre a quantidade, a qualidade e a diversidade de alimentos que deve ser ingerida para a manuteno da vida em movimento.
6. Vale tambm convidar uma nutricionista da cidade, que poder comparar o resultado de cada um com o clculo de quantas kcal ingeriram, em mdia, em alguns dias de
observao sistemtica sobre a prpria alimentao.
4. O TAMANHO DA BIOSFERA, A ESFERA DA NOSSA VIDA
Como foi criada a biosfera? Quanto tempo levou esse processo? Como a ao humana
pode modifi car a vida no Planeta?
Essa atividade deve ser executada em um ptio ou quadra e consiste no desenho de
uma circunferncia representando, em escala, o Planeta Terra, com a camada da bios-
fera sua volta.
Necessidades
um pedao de barbante (6 m), giz ou carvo.
AtividadeTempo despendido na atividade (min)
Energia usada em 1 minuto (kcal/min)
Total de energia por atividade (kcal)
Dormir 540 1,1 594
Estudar 300 1,2 360
Jogar futebol 60 8,0 480
Andar 30 4,5 135
(adicionar linhas at completar as 24h do dia)
TOTAL 1.440 = (24 x 60)(soma de todas as linhas dessa coluna)
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etapas
1. Informativa e de pesquisa
Com a ajuda de um globo terrestre, o professor ou professora deve explicar que a Terra
um planeta esfrico com 6 mil km de raio. Em sua superfcie criou-se e agita-se a teia da
vida, com toda a sua diversidade e interdependncia (todos dependendo uns dos outros).
Esse espao se chama biosfera (bio = vida, sfera = esfera). A biosfera formada pelo solo
frtil, as guas (que tenham oxignio, calor e luz) e a parte mais densa da atmosfera (
medida que se distancia da superfcie da Terra, o ar fi ca mais rarefeito). Essa camada onde
tem vida como a conhecemos no Planeta representa uma fi na casquinha!
De fato, a camada da biosfera, que tem uma altura no superior a 15 km, vai de 3 km
abaixo da superfcie do mar (pois pode haver vida nas profundezas do mar, mas difi cil-
mente a mais de 3 km) at 12 km de altura da atmosfera (acima disso, o ar no sufi -
ciente para se respirar e a presso baixa demais, inviabilizando a vida).
2. Desenho e vivncia
A turma deve ser dividida em grupos. Cada grupo, com giz ou carvo, traa um
crculo com 6 m de raio (12 m de dimetro), que representa a Terra em escala, cada
metro equivalendo a 1.000 km. Para isso, usa-se o barbante com 6 m de compri-
mento: fi xa-se uma ponta no cho e, na outra, coloca-se o giz, que deve ser girado
para traar o crculo.
Esse crculo representa a Terra, como se fosse cortada ao meio. Na parte externa, onde
vivemos, fi ca a superfcie dos continentes e dos oceanos. E por cima, envolvendo tudo,
a atmosfera.
Com uma rgua, cada grupo deve desenhar um crculo representando uma camada de
20 km ao redor do desenho da Terra, mantendo a escala indicada. Como cada metro
representa 1.000 km, cada grupo deve representar no desenho a camada da biosfera,
que tem uma altura no superior a 15 km.
Os alunos verifi cam os desenhos: nessa escala, 15 km so representados por 15 mm,
ou seja, 1,5 cm quase a largura do trao do giz ou carvo.
3. Debates
Ficamos impactados ao perceber quanto estreita a faixa de nosso Planeta em que a vida
possvel e com sua conseqente fragilidade. Vamos debater as trs provocaes abaixo:
O que est acontecendo com a biosfera?
Durante bilhes de anos, vrios elementos como os ventos, a gua, as bactrias, algas e
tantos outros mais complexos ainda fi zeram um incessante trabalho conjunto de trans-
formao para criar as complexas condies dos ciclos do clima, dos solos e das guas
onde fosse possvel a evoluo da vida. Isso tudo aconteceu de maneira integrada, com-
partilhada, complementar e interdependente, at chegar na teia da vida dos dias atuais.
Se essa teia da vida muda radicalmente, os seres vivos precisam de tempo para mudar
tambm? Qual a responsabilidade dos seres humanos?
Este livro traz os ciclos, os impactos e algumas aes responsveis que a humanidade
como um todo deve adotar. Cada indivduo e cada coletivo precisam mudar valores,
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atitudes, hbitos e comportamentos (nessa ordem, de trs para a frente e da frente para
trs, ao mesmo tempo).
O Planeta est ameaado pela ao humana? Ou sero as condies da vida, como a que
conhecemos neste sculo 21 da histria da nossa civilizao, que estariam ameaadas?
Estamos modifi cando a biosfera e as condies da vida na Terra, na forma como so
atualmente. Entretanto, isso no afetar as estruturas fundamentais do Planeta, que conti-
nuar seguindo seu rumo, como os outros planetas do Sistema Solar e da galxia...
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II. HISTRIA ORAL: CONHECER HISTRIAS PARA FAZER A HISTRIA AMBIENTAL
O objetivo desta atividade sensibilizar cada aluno e cada aluna para a percepo dos
valores que orientam as relaes de sua comunidade com o meio ambiente, conhecen-
do um pouco as mudanas ocorridas ao longo do tempo.
O professor ou professora pode propor a atividade para a sua turma iniciando com
uma conversa sobre onde cada um nasceu, como so suas famlias, seus vizinhos
e conhecidos, se conhecem algum que tenha passado parte de sua vida em um
outro lugar. Sugira, ento, a atividade de desenhar o perfi l da comunidade escolar
em relao a suas origens e seu modo de vida atual. Traga a conversa para o meio
ambiente natural. Ser que os antepassados tratavam a terra de maneira diferente
da de hoje? Como ser que usavam a gua? O que comiam? Como lidavam com os
bichos e as plantas?
Depois, discuta como eles comparam esses costumes dos antepassados com os atuais
e qual sua relao com o bairro onde vivem.
Para responder melhor a esse questionamento, precisamos fazer um levantamento na
comunidade. Existem vrios mtodos para realizarmos um levantamento bem-feito.
Para este caso, sugerimos um deles: histrias de vida baseadas em entrevistas. Esse
mtodo ajudar a colher as informaes de que precisamos, desde que sejam esco-
lhidas as pessoas certas para darem os depoimentos: gente com mais idade, com um
gosto especial por contar casos, que saiba falar bonito e colorido. Essas pessoas po-
dem at desconhecer a leitura e a escrita, nunca terem freqentado a escola, mas tm
um contato especial com a natureza e com os outros; elas so profundas observadoras
da sociedade e da vida, alm de contarem histrias muito bem, a partir de sua prpria
experincia de vida. Cada um de ns conhece algum assim!
etapas
1. Mtodo para a coleta de dados: roteiro da entrevista
Histria de vida: este mtodo exige algum tempo disponvel. Quantas vezes j ouvimos
nossos pais, avs, tios, amigos da famlia contarem momentos de suas vidas, passa-
gens que marcaram e esto bastante presentes em suas memrias?
Quando nos propomos a utilizar o mtodo de coletar histrias de vida, isso que
devemos fazer: ouvir com respeito e registrar tudo com cuidado. Vamos pedir que
algum nos conte sua vida, desde suas primeiras lembranas, deixando que as his-
trias venham tona de maneira descontrada, sem exigir muita preciso nas datas,
nos nomes, simplesmente desenrolando o novelo de sua memria. Como um rio que
vai fl uindo e a gente fi ca sentado na margem, s observando, sentindo a passagem
da gua.
Seguem alguns exemplos de questes que podem ajudar a turma a orientar os entre-
vistados sobre o que contar de sua vida. No entanto, eles so apenas indicativos e no
devem impedir que a classe toda participe da criao de seu prprio roteiro.
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As questes podem direcionar um pouco as histrias de vida para a questo ambiental,
deixando sempre que as pessoas entrevistadas fi quem vontade para respond-las.
Se quem estiver fazendo a entrevista perceber que precisa fazer algumas intervenes
para garantir as informaes importantes para a sua pesquisa, pode ir perguntando com
muita delicadeza ao longo da conversa, mas sem interromper muito.
Qualquer que seja o mtodo, mais dirigido ou menos, importante explicar para a pes-
soa entrevistada a fi nalidade de seu depoimento, para que ela saiba que est partici-
pando de uma pesquisa da escola sobre como era a relao das pessoas com o meio
ambiente e o que podemos aprender para modifi car as relaes atuais. Pergunte seu
nome completo, onde nasceu e a idade.
preciso, tambm, fazer um levantamento com toda a turma dos assuntos que julgam
importantes para a pesquisa, sempre lembrando que fundamental entender como se
d o envolvimento das pessoas com seu meio ambiente, o seu sentimento de pertencer
a um mundo, se a diversidade (biolgica e social) da cidade est desrespeitada e o que
podemos fazer para mudar essa situao.
2. Registro das histrias de vida
Com o roteiro da pesquisa na mo, cada um vai colher seu depoimento com a pessoa
escolhida. A maneira mais fcil utilizar um gravador e depois escutar a fi ta, que pode
ser transcrita por inteiro, ou apenas para anotao dos pontos importantes. Se no for
possvel utilizar um gravador, as anotaes devem ser feitas no decorrer da conversa.
ROTEIRO PARA AS ENTREVISTAS Modelo
Nome do entrevistado ou da entrevistada:
Local de nascimento (cidade, estado, pas):
Data de nascimento: Idade: anos
Tipo de trabalho:
Endereo atual:
Conte-nos sobre suas aventuras de infncia, o que seus pais faziam, como eram suas brincadeiras de criana.
Conte-nos como se tratava a terra, as plantas, os bichos e a gua quando era criana.
Faa uma comparao com as maneiras de as pessoas tratarem a natu- reza agora.
Conte-nos sobre seus sonhos e esperanas na poca. E os seus sonhos atuais.
Fale um pouco sobre como poderemos melhorar a qualidade de vida em nossa cidade.
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Cada turma deve utilizar os recursos tecnolgicos de que dispe: pode-se gravar em
vdeo, em udio, tirar fotografi as do entrevistado ou entrevistada (sempre com seu con-
sentimento), ou fazer o registro por escrito, mo.
Algumas pessoas especiais, que todo mundo queira ouvir, podem ser convidadas a vir
conversar na sala de aula. Nesse caso, a sala pode ser preparada para receb-las, por
exemplo, com todas as cadeiras em crculo, desenhos enfeitando as paredes, um vaso
de fl ores e at alguma coisa gostosa para todos comerem no fi nal da conversa.
3. Sistematizao dos resultados
Depois de colhidos os depoimentos, o resultado da pesquisa pode vir de maneiras di-
ferentes. Por exemplo, cada aluno ou aluna pode fazer seu relatrio escrito, para de-
pois trabalhar em grupos. A partir da leitura das transcries, cada grupo pode fazer
o levantamento dos principais temas abordados nas entrevistas: como era a infncia
das pessoas entrevistadas, como elas tratavam a natureza e como tratam agora, o que
continua igual mas precisa mudar, o que sugerem para mudar, entre tantos outros que a
turma considere interessantes.
Pode ser que aparea um tema levantado pelos entrevistados que no estava no roteiro.
Se isso acontecer, o tema deve tambm fazer parte do resultado da pesquisa.
Na sistematizao do material coletado, a transposio da linguagem oral para a es-
crita ser um excelente exerccio de observao dos padres de nosso idioma e seus
usos. A explorao da fala de quem conta a histria pode mostrar a todos que no
existe um falar errado ou um falar certo: o idioma se manifesta de forma rica e
diversa e est disponvel para todas as nossas necessidades de comunicao, desde
contar uma histria at fazer um relatrio cientfi co. O importante saber utilizar todas
essas possibilidades, cada qual em seu contexto, respeitando a diversidade e a perti-
nncia de cada uso.
Temos certeza de que essa sugesto ser modifi cada e enriquecida por todos que a
considerarem uma inspirao para o trabalho com a cultura, a linguagem, a cincia, a
histria e as artes, sobre o meio ambiente no espao escolar.
4. Comunicao (veja a parte de Educomunicao do Passo a Passo para a Confe-
rncia na Escola)
Toda a pesquisa deve ser comunicada a mais pessoas, no apenas aos alunos que
participaram diretamente do trabalho. Nesse momento, entram a comunicao e a inter-
disciplinaridade. Cada disciplina contribui com uma parte.
A atividade pode envolver diretamente a matemtica, na produo e diagramao de
um jornal mural. A cartolina deve ser medida e quadriculada para contar com uma dis-
tribuio harmoniosa e homognea dos textos e fotos. A preciso e o planejamento so
fundamentais, pois nada pode dar errado. Aqui podem ser trabalhados conceitos como
centmetros, metros, permetro e rea.
A geografi a ajuda a mapear as trajetrias de vida, os lugares de onde vieram e por onde
passaram os entrevistados. Para isso, interessante ter mapas variados (do municpio,
do estado, do Brasil, do mundo). Comparem as atividades que as pessoas desenvol-
viam nos seus locais de origem e vejam como, nos novos lugares de moradia, elas
tiveram que mudar de vida. Debatam as razes para essas mudanas. Discutam as
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diferentes opinies sobre as relaes das pessoas com o meio ambiente e seus sonhos
de qualidade de vida.
Caso tenham tirado fotografi as, podem ser feitas fotocpias, ou, ento, fazer desenhos
para compor os relatrios e o jornal mural.
5. Era uma vez... coleta de literatura oral
interessante fazer um levantamento da literatura oral da comunidade, com foco em his-
trias e lendas presentes no imaginrio das famlias da turma, em especial aquelas que
protegem o meio ambiente natural. Sabemos que essas histrias que passam oralmente
de gerao a gerao representam uma maneira que as populaes tm de mostrar como
entendem a vida e a morte, quais so seus valores, que atitudes aprovam ou condenam.
O primeiro passo ser identifi car na comunidade um bom contador ou boa contadora de
histrias. Esses importantes personagens so fundamentais para a preservao da me-
mria coletiva dos grupos e esto presentes em todos os lugares. Identifi que, junto com a
turma, qual pessoa sabe e gosta de contar histrias e convide-a para vir at a escola para
que os alunos ouam o que ela tem a dizer. Pode ser mais de uma pessoa tambm.
Prepare um espao diferente para receber essa pessoa (ou pessoas): cada um pode
trazer um tapetinho de casa para sentar-se no cho. O importante quebrar a rotina e
arranjar de outro modo o espao da sala de aula.
lies aprendidas com as histrias
Depois de ouvir as histrias, possvel escolher uma delas, ou vrias, para trabalhar
em grupos. H inmeras possibilidades de se recontar uma histria, por meio de vrias
linguagens, e aqui h algumas sugestes, mas todas elas devem comear por um tra-
balho de pesquisa dos elementos presentes na narrativa.
Se na histria h um personagem que um animal, estudem o seu aspecto, os seus
hbitos, o seu papel no ecossistema. Se a histria se passa no meio da mata, procurem
defi nir que tipo de vegetao comporia essa mata, o nome das plantas, como elas so.
Tambm importante desmontar a histria com os alunos, identifi cando a seqncia
das aes e o que acontece em cada uma delas. Enquanto esse trabalho acontece,
pea que todos tragam materiais de sucata para a classe: papis, caixas, tintas, tecidos,
latas, embalagens etc. Depois de ter os elementos e o enredo da histria bem claros,
escolham a maneira pela qual toda a turma ou cada grupo prefere apresentar sua hist-
ria. Vocs podem seguir uma das sugestes abaixo ou inventar sua prpria maneira de
comunicar a histria.
Compondo as cenas no teatro
Cada ao se desenrola em um local e podemos chamar cada conjunto de ao e cen-
rio de cena. Distribuam as cenas entre os grupos para que cada um seja responsvel
por representar uma delas plasticamente, utilizando todo tipo de sucata para compor
cenrios e personagens.
Dando voz aos bonecos
Uma apresentao de teatro de fantoches rene todas as linguagens, dando oportuni-
dade para que os alunos trabalhem com texto escrito e falado (na elaborao do roteiro
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e falas de personagens e narradores); expresso plstica (na construo dos persona-
gens e cenrios a partir de material de sucata); msica, etc.
Seja qual for a maneira escolhida para recontar a histria, organizem um grupo que ter
como proposta coloc-la no papel. Essa turma ir transportar a linguagem oral para a
escrita, compondo um livro da histria, que poder ser ilustrado, aproveitando aqueles
que gostam de desenhar. Para produzir e reproduzir o livro, vale utilizar todo tipo de tec-
nologia: mimegrafo, xerox, computador ou outra qualquer que estiver disponvel.
um exemplo de pesquisa com histria oral
Roas e queimadas: por que se queimam as fl orestas?
Como toda pesquisa, precisamos comear por perguntas intrigantes e por uma hip-
tese. O objetivo chamar ateno para o problema das queimadas e compreender por
que uma prtica de manejo pode ser adequada ou no, dependendo das condies, dos
objetivos, das responsabilidades e da escala em que praticada.
Devemos pesquisar vrias opinies em livros e tambm conversar com pessoas mais ve-
lhas da comunidade, ou com agricultores experientes. Os alunos so desafi ados a desco-
brir quem queima e por que se queima a mata. No passado e no presente.
Atualmente, existem outras prticas aprendidas com os ensinamentos antigos e tambm
com a cincia. Elas tm conceitos e histrias diferentes, que podem ser pesquisados:
agricultura orgnica, agroecologia, permacultura, agricultura biodinmica.
Vamos pesquisar e entrevistar pessoas que atuam com as diversas prticas de manejo?
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A Qual a diferena entre queimar uma pequena roa de coivara e provocar uma queimada em centenas de alqueires de ecossistemas preservados
para plantar pasto ou uma cultura de soja?
Roa de coivara uma prtica de manejo do solo feita tradicionalmente pe-
los ndios e caboclos. So pequenos plantios com menos de um alqueire,
adequados aos ecossistemas tropicais e com as seguintes caractersticas:
plantio de diversas variedades de cada espcie, imitando a fl oresta em sua
diversidade (se no ano tiver mais ou menos sol e chuva, ou algum tipo de
praga atacar, sempre haver variedades resistentes que sobrevivero);
proteo da mata com um aceiro, faixa capinada em volta da roa, pareci-
da com um caminho, para que o fogo no se alastre;
manuteno das rvores grandes no terreno;
adubao do solo com as cinzas, sem repetir a queimada no mesmo local;
rotao das roas deixar aquele local descansar por no mnimo 7 anos
antes de voltar a plantar, recuperando a vegetao nativa.
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III. JOGO DE PAPIS SOCIAIS | RPG8
Conhecidos como RPG, os jogos de simulao de papis dos atores sociais estimulam
o raciocnio, a pesquisa, a observao dos comportamentos na sociedade e a sistema-
tizao de informaes relevantes.
Alm disso, esses jogos desenvolvem a imaginao, a inveno, a capacidade de traba-
lho em grupo, a expresso oral, a argumentao, a simulao de situaes e a dramati-
zao. E trabalhar com Jogo de Papis Sociais bem divertido.
Criar situaes de desempenho de papis sociais uma forma de abordagem peda-
ggica de temas e questes que envolvam confl itos. E essa estratgia especialmente
recomendada para motivar os alunos e desenvolver temas de maior complexidade, com
diversos pontos de vista, posies polticas e interesses econmicos, como o caso
das questes ambientais.
Regras bsicas
O exerccio proposto consiste na simulao de uma audincia pblica a respeito de uma
situao especfi ca, por uma classe, convidando-se uma outra para assistir s discus-
ses. Essa segunda classe sero os ouvintes, como se fossem o rgo do governo que
vai dar o parecer (julgar a matria) e tomar as decises para encaminhar o caso.
O professor, ou professora, forma grupos para representar cada ator social. Cada grupo
estuda o caso e monta a defesa do ator social que representa. Para isso, faz pesquisas
sobre o tema, que ajudaro muito na argumentao.
No dia da apresentao, cria-se uma mesa de mediao (professor ou professora e mais
dois ou trs alunos), cuja funo dar a palavra a cada ator, limitando o tempo e, ao fi nal,
abrindo inscries para discusso, contra-argumentao, regulando tambm o tempo.
Os tempos, assim como as regras (ouvir sem interromper, ser respeitoso, etc.), devem
ser estabelecidos logo de incio pela mesa de mediao com clareza e transparncia.
A seo de debates se inicia pela explicao resumida da situao escolhida para as
pessoas que julgaro o caso. Ainda antes dos debates, a mesa de mediao pede uma
primeira votao secreta, que fi car guardada numa urna, sem ningum olhar.
Ao fi nal dos debates, a mesa de mediao pedir s mesmas pessoas que tornem a votar,
agora j conhecendo o problema com maior profundidade em votao secreta tambm,
para a qual ser usada uma segunda urna. Depois, ocorre a apurao da segunda e da pri-
meira votao, o que permitir perceber se houve mudanas de opinio aps os debates.
Finalmente, as pessoas do grupo de ouvintes avaliam o desempenho dos atores sociais,
se foram convincentes em sua argumentao. E dizem se mudaram ou no de posio
e por qual razo. Ento, o professor ou professora comenta e completa, ou at corrige
se tiver havido alguma distoro nas informaes.
caso hipottico
Est sendo analisado o projeto para a construo de uma grande usina hidreltrica, com
um lago que deixar submerso um territrio onde existem duas comunidades ribeirinhas:
8. RPG a sigla, em ingls, para Role Playing Game. So jogos de simulao de papis sociais.
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um quilombo e uma aldeia indgena. Na regio tambm h um stio arqueolgico, com
uma gruta com desenhos e inscries pr-histricas, alm de reas de mata nativa em
bom estado de conservao.
A energia eltrica gerada por essa usina poder ser utilizada para facilitar vrias ativi-
dades econmicas na regio, benefi ciando cinco municpios com ndices de desenvol-
vimento humano (IDH) bastante baixos, e ir favorecer um grupo industrial que utiliza
eletricidade em grandes quantidades para produzir alumnio.
Os empreendedores que esto propondo a construo da usina realizaram estudos de
impacto ambiental (EIA) para provarem que vale a pena essa usina, e enviaram o rela-
trio com o resultado desses estudos (Relatrio de Impacto ao Meio Ambiente RIMA)
para as autoridades responsveis pela deciso de permitir ou no esse empreendimen-
to. Para discutir o RIMA, ser realizada uma audincia pblica sobre a questo.
Os atores sociais
1. Vrios moradores da regio (alm dos quilombolas e ndios, vrios moradores de
pequenos bairros rurais e sitiantes isolados), que podem ser obrigados a sair de suas
casas, mas somente sero indenizados se comprovarem que so os proprietrios. Mui-
tos deles, no entanto, no tm documentos comprovando a antiga posse da terra ou a
propriedade regular dela.
2. Um grande empresrio que quer a energia da usina para sua fbrica, pois ela, assim,
sair barata para ele, j que o investimento do governo. Ele poder ter um preo com-
petitivo e exportar seu produto. O empresrio convence os prefeitos da regio, apoiando
as campanhas polticas deles e prometendo progresso, empregos etc.
3. O testa-de-ferro de um fazendeiro muito rico que grileiro de terras. Sabendo da
futura desapropriao, tenta comprar as terras bem barato, abaixo do valor, conven-
cendo os moradores que, com a desapropriao das terras pela chegada da usina, elas
passaro a valer menos e daqui a pouco ningum vai querer comprar. E, para quem no
se convence, o capanga invade, ameaa as famlias, coloca cercas e negocia com o
cartrio para registrar as terras em nome do fazendeiro, j que maioria dos moradores
de posseiros antigos sem registro das terras.
4. Uma associao dos moradores da regio, formada h algum tempo, que leva mora-
dores para participar das audincias e defender seus direitos na negociao, garantir a
titulao de suas terras e, principalmente, discutir a validade do projeto de hidreltrica.
A diretoria consultou tcnicos do Ibama e descobriu que as audincias pblicas deve-
riam ser no para aprovar ou reprovar um nico projeto, mas para estudar alternativas.
Existe a possibilidade de reduzir a cota (altura/profundidade) da rea a ser alagada; ou
de fazerem quatro hidreltricas menores, alagando menos e impactando menos, em
quatro lugares diferentes ao longo do rio. As condies seriam mais favorveis, com
menor custo e menos destruio, mas o fazendeiro e o industrial no aceitam, pois no
ganhariam tanto dinheiro.
5. Algumas famlias muito carentes, que desejam que a usina seja construda, diante
de promessas de empregos, riquezas e progresso para a regio feitas pelos interes-
sados na usina: o empresrio do alumnio, a construtora contratada, prefeitos e em-
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presas fornecedoras de equipamento que se interessam pela obra grande e no pelas
quatro menores.
6. Tcnicos responsveis pelos estudos (EIA-RIMA) que fi zeram recomendaes mos-
trando que, apesar do impacto ambiental, vale a pena a construo da usina, se forem
tomadas algumas medidas mitigadoras como indenizar os proprietrios, doar terreno
aos quilombolas e aldeia indgena para reconstrurem suas comunidades em local pr-
ximo, promover refl orestamento em outros locais para compensar as matas destrudas,
fazer projetos de educao ambiental, etc. Mas eles no levaram em considerao o
fato de que existem stios de patrimnio cultural na regio que desapareceriam sob as
guas: um antigo engenho do quilombo, um cemitrio indgena e o paredo com ins-
cries testemunhando que a regio fora habitada por grupos humanos pr-histricos.
Os estudos no apontaram essas riquezas ningum consultara de fato os moradores
sobre o valor da regio.
7. Quatro dos cinco prefeitos que querem a construo da usina, pois isso traria desen-
volvimento regio que at agora estava esquecida pelo governo estadual ou federal,
gerando empregos durante a construo e, depois, conforme prometido, pelo uso tu-
rstico da represa com passeios de barco, pesca, hotis e pousadas nas margens. Eles
acham que se j difcil construir uma usina, imagine quatro.
8. O prefeito da cidade mais prxima da represa, que contra essa soluo, pois seu
municpio ir perder muitas terras frteis, ter problemas com os posseiros e quilombo-
las que no tm ttulos vlidos de propriedade e podero ser simplesmente expulsos,
sem conseguir indenizao, indo parar na periferia do municpio. Ele ter problemas
tambm com o aumento da criminalidade, com os canteiros de obras, ter de prover
educao e sade para esses operrios e famlias e, aps a construo, ter proble-
mas com os trabalhadores que fi caro desempregados e que tendero tambm a ir
parar na periferia da cidade.
Agora a refl exo
H confl itos socioambientais em seu municpio? Ento, inspirando-se nesse exemplo, a
classe pode pesquisar os detalhes, os mltiplos interesses e agendas secretas de cada
ator social envolvido e montar o seu prprio Jogo de Papis Sociais.
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PARA SABER MAIS
Quem aprende quer ir mais fundo. Trazemos abaixo algumas indicaes bibliogrfi cas,
propostas pelos especialistas que contriburam para a produo deste livro e a equipe
de Coordenao Geral de Educao Ambiental do MEC. So textos que ajudaro a
cumprir o desafi o de pensar + agir na escola e comunidade.
publicaes da srie Desafi os da Educao Ambiental
BRASIL, Ministrio do Meio Ambiente. Diretoria de Educao Ambiental. Identi-dades da educao ambiental brasileira. Braslia: 2004. 156p. Disponvel em:
www.mma.gov.br
Um painel comparativo com as caractersticas das variaes poltico-pedaggicas da educao ambiental existentes no Brasil em suas mltiplas nomenclaturas.
BRASIL, Ministrio do Meio Ambiente. Diretoria de Educao Ambiental. Encon-tros e caminhos: formao de educadoras(es) ambientais e coletivos educadores. Braslia: 2005. Disponvel em:
www.mma.gov.br
Textos de vrios autores que oferecem refl exes tericas e sugestes de prti-cas para conceitos que vm animando a Educao Ambiental Crtica e Emanci-patria, no vol. 1, e a formao de educadoras/es ambientais e coletivos edu-cadores, no vol. 2.
BRASIL, Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, Consumers International. Ministrio da Educao. Ministrio do Meio Ambiente. Consumo Sustentvel: Ma-nual de educao. Braslia: 2005. Disponvel em :
www.mma.gov.br
Composto por sete temas - como gua e lixo -, apresenta para cada um deles uma conceitos e prticas, propondo temas para pesquisa e construo de proje-tos de trabalho na escola.
BRANDO, C. R. Aqui onde eu moro, aqui ns vivemos: escritos para conhe-cer, pensar e praticar o municpio educador sustentvel. 2 ed. Braslia: Minist-rio do Meio Ambiente, Programa de Educao Ambiental, 2005.
www.mma.gov.br
Com base nos princpios do Programa Municpios Educadores Sustentveis, apresenta o espao pblico como pertencente ao cidado, aponta caminhos para o convvio no contexto da sustentabilidade praticada no mbito municipal, ampliando a concepo dos processos educacionais.
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mudanas climticas
Documento Base da III Conferncia Nacional de Meio Ambiente. Disponvel em:
www.mma.gov.br/cnma/conferencia
Apresentao do tema e sugestes de aes prticas.
Marengo, J, A 2006: Mudanas climticas globais e seus efeitos sobre a biodiver-sidade - Caracterizao do clima atual e defi nio das alteraes climticas para o territrio brasileiro ao longo do Sculo XXI. Ministrio do Meio Ambiente MMA, Braslia, Brasil, 212 p. (Srie Biodiversidade, v. 26). Disponvel em:
www.mma.gov.br
O que h em estudos observacionais e de modelagem da variabilidade climtica no Brasil, tendncias climticas observadas desde o incio do sculo XX e proje-es o sculo XXI.
Cadernos de Mudana do Clima | Ncleo de Assuntos Estratgicos da Presidn-cia da Repblica
www.nae.gov.br
IPCC, 2007 Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). Climate Change 2007: The Physical Science Basis Summary for Policymakers. Disponvel em:
www.ipcc.ch/SPM2feb07.pdf
Resumo, em ingls dos principais pontos apresentados em fevereiro de 2007
sites
Ministrio da Cincia e Tecnologia. Documentos e informaes sobre mudanas climticas
www.mct.gov.br
Centro de Previso de Tempo e Estudos Climticos do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (CPTEC/INPE)
www.cptec.inpe.br/mudancas_climaticas (principal)www6.cptec.inpe.br/~grupoweb/Educacional/MACA_MAG/ (educacional)
www6.cptec.inpe.br/mudancas_climaticas/abc/index.html (mudanas climticas para crianas)
Ministrio do Meio Ambiente
www.mma.gov.br
Ministrio da Educao Secretaria de Educao Continuada, Alfabetizao e Diversi-
dade (Secad)
www.mec.gov.br/secad
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software educacional
www.museuvirtual.unb.br - Mudanas climticas para crianas (software educativo cria-do pelo Laboratrio baco da Faculdade de Educao da UnB)
Internacionais (todos tm verses em ingls, francs, espanhol)
Painel Internacional de Mudanas Climticas acesso aos relatrios e notcias:
http://www.ipcc.ch/
Programa de Meio Ambiente da ONU
http://www.unep.org/
Centro da ONU para a Conveno Quadro para Mudanas Climticas da ONU
http://unfccc.int/
Organizao Meteorolgica Mundial
http://www.wmo.ch/pages/index_en.html
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