Post on 17-Apr-2015
Breve História da Semiologia
(1) Período Clássico;(2) Período Medieval;(3) Racionalismo;(4) Empirismo Britânico;(5) Iluminismo.
Período ClássicoPlatão: (428/27-347 a. C.)(1) Os signos verbais, naturais ou convencionais,
são representações incompletas da verdadeira natureza das coisas;
(2) O estudo das ideias nada revela sobre a verdadeira natureza das coisas, uma vez que a realidade das ideias é independente das representações sob a forma de palavras;
(3) O conhecimento mediado por signos é indirecto e inferior ao conhecimento imediato, e a verdade sobre as coisas através das palavras é inferior ao conhecimento da verdade em si.
Período Clássico (cont.)Aristóteles (384-322 a. C.):“Um nome é um som falado significante por
convenção. Eu digo por convenção, porque nenhum nome é natural, mas apenas quando se torna um símbolo”.
Signos:(1) Marcas escritas são símbolos de sons falados;(2) Sons falados são signos e símbolos de
impressões mentais;(3) Impressões mentais são cópias das coisas;(4) Enquanto os eventos mentais e as coisas são
os mesmos para a humanidade, o discurso não é.
Período Clássico (cont.)Estóicos (Zenão de Cítio, séc. III a. C.):
O signo liga três componentes: (1) o significante material;(2) o significado ou sentido;(3) o objecto externo referente.
Enquanto que o significante e o objecto são entendidos como entidades materiais, o significado é considerado incorpóreo.
Período MedievalAurelius Agostinho:
Signo:(1) Plano semântico: “um signo é o que se
mostra a si mesmo ao sentido, e que, para além de si, mostra ainda alguma coisa ao espírito”;
(2) Plano comunicacional: “a palavra é o signo de uma coisa que pode ser compreendida pelo auditor quando é proferida pelo locutor”.
Período Medieval (cont.)Para Todorov, Santo Agostinho é o primeiro
semiótico:
(1) os seus estudos têm propósitos cognitivos;(2) estuda os signos em geral e não apenas
os linguísticos.
RacionalismoDescartes (1596-1650):
(1) negação da zoosemiótica: os animais caracterizam-se, não só pela ausência de linguagem, como pela ausência de razão;
(2) axioma das ideias inatas: pressupõe a prioridade do conhecimento intelectual sobre a experiência perceptual;
(3) variabilidade dos sons e constância das ideias.
Racionalismo (cont.)Leibniz (1646-1716):(1) visão pansemiótica: inclui, nos signos,
palavras, letras, símbolos químicos e astronómicos, caracteres chineses, hieróglifos, marcas musicais, algébricas e aritméticas e outros signos que usamos, em vez das coisas, quando pensamos.
(2) “Um signo é aquilo que percepcionamos e, por outro lado, consideramos conectado com outra coisa, em virtude da nossa ou da experiência de outrem”;
Racionalismo (cont.)
(3) os signos são ferramentas úteis e necessárias que servem de abreviatura a concepções semânticas mais complexas que representam.
Empirismo BritânicoJohn Locke (1632-1704):Signos (dois tipos):(1) ideias;(2) palavras.
Rejeita o axioma das ideias inatas: “as ideias provêm das sensações dos objectos externos”, por reflexão. A mente percepciona e reflecte (cada uma per si).
Iluminismo FrancêsDiderot (1713-1784):(1) Distinção entre signos linguísticos e não
linguísticos;(2) Superioridade da linguagem não verbal: a
linguagem dos gestos, não é só mais expressiva, mas também mais lógica que a linguagem verbal: no seu ponto de vista, a linearidade da linguagem falada implica uma visão distorcida da realidade.
Semiologia / Semiótica Ciência do século XXPais:Saussure reivindica a ciência “que estudaria em
que consistem os signos, que leis os regem”, e propõe a designação “semiologia” (do grego semeion, “sinal”).
Charles Sanders Peirce (1839-1914) entendia a Semiótica, enquanto doutrina formal dos signos, apenas como um outro nome da ciência da Lógica.
Semiologia / Semiótica (cont.)Peirce e Charles Morris concebem a Semiótica
como a ciência das ciências, incluindo todas as demais.
“A Semiótica tem uma dupla relação com as ciências: ela é simultaneamente uma ciência entre as ciências e um instrumento das ciências”.
Morris
Semiologia e Semiótica - comparaçãoContaminadas pelos seus fundadores
Eduardo Prado Coelho:(1) ponto de partida: Saussure parte do acto
sémico entendido como facto social que, por via do circuito da fala, estabelece uma relação entre, pelo menos, dois interlocutores; Peirce parte da ideia de semiosis, que explana a lógica de funcionamento do signo e que exige a intervenção de uma personagem: o intérprete;
Semiologia e Semiótica – comparação (cont.)(2) limites das ciências: a Semiologia confronta-se
com limites e existem objectos exteriores ao seu âmbito, o. s., não semiotizáveis: a Semiologia inclui-se na Psicologia Social; Peirce entende que tudo é semiotizável, pelo que a Semiótica não tem freios;
(3) concepção do signo: Saussure perspectiva o signo como entidade psíquica de duas faces – significante e significado – que se condicionam mutuamente; em Peirce, o signo é sobretudo um processo de mediação, que tende para a infinitude.
Peirce e os seus Sistemas Triádicos A. Divisão da Semiótica:
(1) Pragmática: estuda o sujeito falante, independentemente do código empregue;
(2) Semântica: estuda a relação entre os signos e as coisas significadas;
(3) Sintaxe: estuda as relações formais entre os signos.
Peirce e os seus Sistemas Triádicos (cont.)B. Composição do Signo:
a) O signo propriamente dito ou representamen (Morris chamar-lhe-á "veículo sígnico"): é "aquilo que representa"; b) o interpretante ou "imagem mental": é o signo criado na mente de alguém (o "intérprete") pelo representamen; c) o objecto: é aquilo (algo) que é representado, o referente, a coisa.
O signo liga-se ao objecto através do interpretante.
Peirce e os seus Sistemas Triádicos (cont.)
Semiosis ou semiose: criação ininterrupta de significados associados ao signo inicial, possível num indivíduo, o intérprete.
Peirce e os seus Sistemas Triádicos (cont.)C. Tipologia dos Signos:(1) Índice: a relação entre o signo e o objecto
assenta numa relação de contiguidade, de transitoriedade, em que se observa a passagem de um estado para outro. Ex.º: nuvens que ameaçam chuva
(2) Ícone: a relação estabelecida entre o signo e o objecto assenta na semelhança. Dispensa, por isso, a aprendizagem de um código.Ex.º: foto
Peirce e os seus Sistemas Triádicos (cont.)(3) Símbolo: a relação entre o signo e o
objecto está convencionada, exigindo, para a sua descodificação, uma aprendizagem.
“O Homem é mais um ser simbólico do que racional”.
Morris
Pode dizer-se que o índice antecede, o ícone está presente e o símbolo representa.