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Informativo Nº 145 – Segunda Quinzena de Março de 2017
BOAS PRÁTICAS FITOSSANITÁRIAS DO ALGODÃO
A quase totalidade das lavouras de algodão de Mato Grosso do Sul está na fase de
florescimento e frutificação, exceto aquelas da Região Sul que já estão em maturação e início de
colheita.
Neste contexto e sob o ponto de vista fitossanitário, agora os objetivos dos produtores são
conseguir uma boa fixação das estruturas reprodutivas (sadias) que estão sob formação nas plantas,
evitando que as lagartas destruidoras de botões florais, flores e maçãs cresçam e escapem do controle,
bem como ocorram apodrecimentos.
Além disso, devem manter o bicudo sob rigorosa vigilância e combate, primeiro para preservar
ao bom trabalho de redução populacional regionalmente feito nas safras anteriores e também para
evitar danos econômicos em áreas específicas ou generalizadamente na safra atual. A ordem é manter
a situação da praga sob tranquilidade, valorizando os investimentos feitos (como em biotecnologia,
fertilização dos solos e pessoal).
Alinhado aos objetivos, é fundamental ficar atento aos fluxos de percevejos oriundos de áreas
de soja sendo colhida nos arredores dos talhões de algodão.
Ainda, é a partir desta fase que o ácaro-rajado e a mosca-branca aumentam suas populações,
já que as chuvas começarão a escassear. Pelo mesmo motivo, a Spodoptera frugiperda e a
Helicoverpa armigera costumam aumentar seus níveis populacionais, agravado com algumas
tecnologias transgênicas a base de proteínas de Bt perdendo suas eficácias.
Estar vigilante à evolução de doenças, como Ramulária, é essencial para evitar desfolhas
prematuras e perdas na produtividade.
É oportuno ressaltar as principais medidas de combate do bicudo-do-algodoeiro para elas não
caírem no esquecimento:
1. Continuar os tratamentos das bordaduras;
2. Priorizar aplicações com micro gotas oleosas (UBV/BVO), em ótimas condições
meteorológicas e de gestão de riscos;
3. Monitorar as reboleiras e calcular da % de botões florais atacados;
4. Fortalecer Grupos Técnicos de Trabalho Regional;
5. Encurtar ciclo da cultura;
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6. Treinar continuamente os produtores, técnicos, equipes de operacional e monitores de pragas;
7. Reduzir população no final de safra;
8. Fazer colheita rápida e bem executada;
9. Eliminar os restos culturais, as rebrotas de plantas, as tigueras e as plantas voluntárias;
10. Cumprir o Vazio Sanitário – sem prorrogações;
11. Atentar às exigências e fiscalização dos órgãos de Defesa Fitossanitária;
12. Mapear a entressafra com armadilhas a base de feromônio em GIS/GPS;
13. Ter controle do calendário de semeadura (Safra / Safrinha);
14. Realizar aplicações em B1;
15. Adotar medidas complementares de controle: tratamento de soqueiras, eventual combate em
soja e milho com plantas de algodão invasoras, atrai-e-mata, evitar “algodão-milho”, etc.
Núcleo 1 – Chapadão do Sul e Cassilândia
Eng.° Agr. ° Danilo Suniga de Moraes
Em Chapadão do Sul, o algodão safra (foto 1) encontra-se com 100 a 115 DAE (dias após a
emergência), e o segunda safra com 60 a 75 DAE, o desenvolvimento da cultura ocorre normalmente
nas duas modalidades. As condições ambientais (luminosidade, temperatura e disponibilidade de
água) estão adequadas para a cultura até o momento. Os controles de pragas e doenças não têm sido
problemáticos; todos os produtores e suas equipes técnicas estão atentos e agindo de forma proativa
para evitar os tradicionais problemas incontornáveis frutos do descuido, basicamente adotando
práticas de Manejo Integrado para manter as pragas e doenças abaixo do nível de dano.
Foto 1. Algodão Safra em Chapadão do Sul
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A preocupação do momento é a ocorrência de doenças, principalmente no algodão safra, pois
este já fechou as entrelinhas e apresenta um dossel exuberante favorecendo a criação de um
microclima no terço inferior da planta adequado para a ocorrência de doenças como Mofo branco
(Sclerotinia sclerotiorum), Apodrecimento de maçãs (diversos patógenos), Mancha de ramulária
(Ramularia areola) e Mancha alvo (Corynespora cassiicola). É importante que sejam realizados os
monitoramentos constantes destas doenças e observe-se a evolução das mesmas para que a eventual
utilização do fungicida - de forma preventiva ou curativa - seja realizada no momento certo. Antes
do fechamento da entrelinha os produtores têm utilizado fungicida estanhado (como hidróxido de
fentina), pois nesta fase o uso deste tipo de produto é essencial para o sucesso do cultivo, ao longo
dos últimos anos ele tem mostrado uma boa eficiência ao proporcionar assepsia na planta.
O bicudo no Núcleo está sendo controlado em bordaduras e ainda não foi encontrado no
interior dos talhões da região; o percevejo marrom (Euschistus heros) começa a ser encontrado com
maior frequência nas lavouras de algodão safra que já apresentam maçãs (em geral oriundo das
lavouras de soja colhidas nas imediações). Também, a presença de lagartas do gênero Spodoptera
(fotos 2, 3, 4) tem sido comum nos monitoramentos; porém, como citado anteriormente, os índices
populacionais são baixos devido ao bom desempenho do controle.
Foto 2; 3 e 4. Lagartas de Spodoptera recém eclodidas na face inferior da folha (S. eridania), e se alimentando no interior da
maçã e lagarta grande (S. frugiperda) devido a provável escape de controle realizado.
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Núcleo 2 – Costa Rica e Alcinópolis
Eng.° Agr. ° Robson Carolos dos Santos
Os algodoais semeados na modalidade safra estão na fase reprodutiva e em pleno enchimento
das maçãs. No geral, estas lavouras da região apresentam um bom desenvolvimento de plantas e um
bom potencial produtivo, até o momento; os primeiros talhões semeados na região já ultrapassaram
100 DAE. Com o desenvolvimento das
plantas, a maioria das lavouras
semeadas com algodão safra já
fecharam ou estão prestes a fechar as
entrelinhas (foto 5), e
consequentemente ocorre uma
diminuição da aeração e irradiação
solar. Esses aspectos, associados à
elevada umidade relativa do ar, formam um ambiente com um microclima favorável para a
proliferação de fungos e bactérias que podem afetar a sanidade vegetal das folhas e frutos do
algodoeiro.
Neste período foram identificados alguns focos de apodrecimento de maçãs (fotos 6 e 7). É
importante ficar alerta, pois estes apodrecimentos podem estar relacionados ao percevejo-marrom-
da-soja que se dispersa de áreas da leguminosa próximas pois ao se alimentarem podem ocasionar
má formação do fruto e inocular microrganismos (fungos e bactérias) que ocasionam a podridão das
maçãs. Tem-se observado um aumento significativo nos índices de levantamentos a campo do
percevejo-marrom-da-soja (Euschistus heros). Atualmente a podridão das maçãs está associada a
mais 170 espécies de microrganismos, sendo os principais agentes: Colletotrichum gossypii;
Foto 5. Algodão safra fechando entrelinha no município de Costa Rica.
Foto 6 e 7. Maçãs de algodoeiro com sintomas de podridão e deformação.
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Colletotrichum gossypii var. cephalosporioides; Xanthomonas xonopodis pv. malvacearum;
Ramularia areola, Botryodiplodia theobromae e Fusarium spp.
Na região a maioria das
propriedades já identificaram a
presença do bicudo ou sintomas
causados pelo mesmo nas bordas
das lavouras. Até o momento o
ataque da praga predomina nas
bordaduras e em pontos localizados.
Nesse momento inicial da
identificação da praga deve-se
realizar monitoramento e avaliação
da área a ser tratada, o controle deve ser localizado com aplicações sequenciais e intervalos máximos
de cinco dias, geralmente são necessárias três aplicações sequenciais para interromper o ciclo da praga
(foto 8).
Os campos demonstrativos de cultivares do Núcleo 02 (CDN-02) foram semeados nas
modalidades de algodão safra e de segunda safra, e estão localizados na fazenda Nova França na
região do Baús (safra) e na fazenda Garrote no município de Alcinópolis. O campo demonstrativo
semeado na modalidade safra, está com aproximadamente 93 DAE (dias após emergência), e
apresentam um bom desenvolvimento até o momento, a maioria das cultivares apresentam boa
retenção de estruturas reprodutivas e apresentam um bom potencial
produtivo. Já o campo demonstrativo de segunda safra, foi semeado em
janeiro e está com aproximadamente 65 DAE e todas as cultivares estão
na fase reprodutiva apresentando presença de botões florais e flores. Os
campos demonstrativos de cultivares da Ampasul estão disponíveis para
visitas, desde que seja realizado um agendamento prévio com os monitores
da Ampasul ou com a autorização do técnico responsável da propriedade.
Pensando em monitorar o fluxo populacional de mariposas na
região, a AMPASUL distribuiu para os cotonicultores uma armadilha para
captura que é realizada através de um atrativo alimentar (foto 9), devem
ser realizadas duas leituras ao longo da semana, caso o índice de captura
for alto deve-se aumentar o número de leituras. No próximo informe será
disponibilizado as médias de capturas de mariposas no Núcleo.
Foto 8. Pulverização aérea com inseticida para controle de pragas no
município de Costa Rica.
Foto 9. Instalação da
armadilha para captura de
mariposas.
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Núcleo 3 – Centro (São Gabriel do Oeste).
Eng.° Agr. ° Robson C. dos Santos
Não ocorreu a semeadura de algodão nesta região para a safra 2016/17.
Núcleo 4 – Sul (Sidrolândia, Aral Moreira e Campo Grande).
Eng.° Agr. ° Danilo S. Moraes
Em Aral Moreira o produtor iniciou a
colheita (foto 10) e até o momento está
alcançando uma boa produtividade. No
restante das lavouras safras o algodão está em
fase final de maturação, em poucos dias
também inicia-se a colheita.
Maiores informações deste núcleo no
próximo informativo.
TECNOLOGIA DE APLICAÇÃO
Responsável Tec. Agrícola Marcelo Rodrigues Caires
A AMPASUL realizou
acompanhamentos nas aplicações em
bordadura, terrestres e aéreas, para o
controle do bicudo ao longo das últimas
semanas. Essas práticas são comuns, mas
de grande importância, desde que haja
padrões técnicos envolvidos, uma vez que
temos resultados diferentes de acordo com
maneira que são executadas .
As aplicações aéreas em bordaduras
(foto 11) são as que exigem maior cuidado
ao serem realizadas, resaltando alguns aspectos que garantem o sucesso nessas operações, como
estudo prelimiar das áreas levando em consideração o levantamento de campo, onde se indentifica
Foto 10. Colheita do algodão em Aral Moreira.
Foto 11. Aplicações aéreas em bordaduras.
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locais de maior insidência da praga. Nesse caso, algumas propriedades têm aumentado o tamanho da
bordadura de aplicação, tendo uma variação de 50 a 350 metros, outra questão já comentada em outros
informativos da AMPASUL é a identificação da direção do vento e sua velocidade no ato da
aplicação, criando um plano de voo que orienta o piloto a realizar as correções necessárias de altura
e distância da borda, priorizando a primeira passada onde a variação de densidade de gotas tende a
ser maior, já que nessa modalidade de Ultra Baixo Volume (UBV) as faixas de aplicação variam de
30 a 50 metros, dando rapidez na execução dos trabalhos, essas operações acontecem entre uma e
outra pulverização, por esse motivo deve-se fazer a limpeza correta do sistema de aplicação para
evitar falhas pois o entupimento das pontas pode causar impacto direto no fluxo da calda e
conseqüentemente diminuição no número de gotas.
A AMPASUL desenvolve o monitoramento dessas aplicações que dependem de detalhes e
técnicas dando sugestões e orintando sobre o risco não respeitar todos os protocolos, para que seja
alcançada a eficácia esperada no controle do bicudo.
9º CIRCUITO TECNOLÓGICO DO ALGODÃO
No dia 29 de março, a AMPASUL, realizou mais um Circuito Tecnológico do Algodão, foi o
evento realizado em duas fazendas. No período matutino, no Baús, Costa Rica, na Fazenda Guará, de
Odilon Cadore e no período vespertino em Chapadão do Sul, na Fazenda Minuano, do Grupo
Schlatter.
O palestrante Dr. Geraldo Papa (professor
e pesquisador de entomologia da UNESP, Campus
Ilha Solteira) lembrou que o algodão é a cultura
que mais atrai doenças e pragas, portanto,
oportuna a sua participação no evento.
Entre vários assuntos da entomologia na
cultura do algodão, o Professor Papa destacou a
importância da pesquisa para se avançar nos mecanismos de controle e combate às doenças e
principalmente às pragas que atacam a agricultura moderna em país tropical como o Brasil.
Bicudo
Em relação a esta praga, o Professor disse que está comprovado que o melhor mecanismo para
o controle e até a sua erradicação, como aconteceu nos Estados Unidos, são as ações conjuntas.
Foto 12. Circuito realizado na Fazenda Minuano
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Os produtores devem se organizar,
assim como é realizado no Estado de Mato
Grosso do Sul, para se promover o controle de
forma coletiva.
Após as palestras foram realizados
sorteios de duas inscrições para um minicurso
da ESALQ, sobre nematoide. Os ganhadores
foram: em Baús, Weverton Ribeiro da Silva, da
Fazenda São Paulo, do Grupo JCN. Em Chapadão do Sul, o ganhador foi Paulo Buzolin, da Fazenda
Confiança.
- Este informativo não representa o endosso da AMPASUL para nenhum produto ou marca -
Redação e Elaboração: Eng.° Agr.° Danilo S. Moraes, Eng.° Agr.° Robson Santos, Tec. Agrícola Marcelo Caires e Andressa Marks
Foto 13. Professor Dr. Geraldo Papa em sua palestra.