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Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação 1
BLOGS EDUCATIVOS como um
Currículo Tecnocultural
Gabriela Silveira Meireles (UFMG)
Marlucy Alves Paraíso (UFMG)
Resumo Este trabalho tem como objetivo mostrar como os blogs educativos atuam não apenas como ferramenta de trabalho para professoras/es, mas funcionam também como um currículo tecnológico que divulga saberes e produz modos de subjetivação. Discute-se aqui que formas de poder estão em jogo tanto na produção de saberes divulgados nesses blogs quanto na constituição dos modos de ser sujeito. Para isso, entendemos os blogs estudados como um currículo tecnocultural que envolve algum tipo de tecnologia para produzir, divulgar, ensinar uma ou mais culturas. O trabalho é parte de uma pesquisa realizada em 34 blogs educativos sobre alfabetização criados por professoras alfabetizadoras, cujas análises são feitas com base no referencial pós-crítico da educação e do currículo que têm usado sobretudo conceitos dos estudos do filósofo Michel Foucault. Os blogs educativos sobre alfabetização criados por professoras alfabetizadoras são uma invenção de um outro espaço de divulgação de suas experiências e práticas educativas e de troca com colegas que compartilham angústias, dificuldades, soluções e experimentações sobre o ensino nessa etapa da escolarização. O argumento aqui defendido é o de que os blogs estudados se constituem em um currículo tecnocultural que, mais do que divulgar atividades e comentários sobre a alfabetização, opera divulgando saberes e culturas conflitantes, disponibilizando posições de sujeitos múltiplas e ensinando valores, comportamentos e procedimentos para serem adotados na escola e na vida.
Palavras-chave: Blogs educativos, alfabetização, Currículo, Tecnocultura Abstract This work aims to show how the educational blogs act not only as a tool for teachers / es, but also act as a technological curriculum which promotes knowledge and produces modes of subjectivity. The intent here is to understand that forms of power are at stake both in the production of knowledge as the constitution of the ways would be subjected. For this, we understand how curriculum technocultural all artifacts that involve some form of technology to produce, disseminate, teach one or more cultures. The text is the result of a survey conducted in 34 educational blogs on literacy created by teachers, whose analyzes are made based on post-critical framework that has mostly used concepts of the philosopher Michel
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Foucault studies. Educational blogs on literacy created by literacy teachers are attempts to create another space dissemination of their experiences and educational practices and exchange with colleagues who share anxieties, difficulties, solutions and experimentation. The argument put forward here is that the Blogs disclosed constitute one technocultural curriculum, as part of the world of Information and Communication Technologies (ICTs), producing and disseminating the often conflicting cultures. This curriculum notion stems from the expansion of the notion of pedagogy that understands there is pedagogy in other places not conventionally thought of as educational. The various technologies (television, film, internet, blogs, among others) are part of a 'cultural pedagogy' broader, teaching behaviors, procedures, habits, values and attitudes which are appropriate and desirable. In this study we show how this curriculum more publicize activities and comments on literacy operates disseminating knowledge and conflicting cultures that offers multiple subject positions and teaches values, behaviors and procedures to be adopted in school and in life.
Keywords: Educational Blogs, Curriculum, Technoculture.
1. Sobre o currículo tecnocultural
Durante muito tempo o currículo foi compreendido como “um arranjo
sistemático de matérias, ou um elenco de disciplinas e de conteúdos” (SANTOS;
PARAÍSO, 1996, p. 82). Depois, passou a existir também uma preocupação com as
estratégias necessárias para se preparar o jovem ou a criança para a vida adulta
(SANTOS; PARAÍSO, 1996). Além disso, o currículo já foi definido como um “conjunto
de experiências trabalhadas pela escola ou conjunto das atividades e dos meios para
se alcançarem os fins da educação” (SANTOS; PARAÍSO, 1996, p. 82). Tais definições,
entretanto, sempre estiveram relacionadas à escola, que deveria definir seus objetivos
de ensino e, só então, produzir uma “seleção, organização e avaliação dos conteúdos
escolares” (SANTOS; PARAÍSO, 1996, p. 82).
Somente a partir da década de 80 é que os estudos curriculares no Brasil
passam a receber influências de autores que assumiam uma perspectiva teórica crítica.
O campo ampliou suas discussões e análises. Desde os anos 90, com o boom das
políticas educacionais com foco no currículo, incluindo a criação dos Parâmetros
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Curriculares Nacionais (PCN), o currículo vem se tornando “um dos temas de maior
discussão e problematização na educação brasileira” (PARAÍSO, 2010, p. 31). Outro
motivo que colocou o currículo na centralidade das discussões educacionais foi a
ampliação do referencial teórico desse campo de estudos. Como mostra Paraíso (2010,
p. 32), “até o início dos anos 1990, as análises curriculares utilizavam aportes,
sobretudo, sociológicos e pedagógicos”. A partir daí, os estudos curriculares foram
deslocando “a primazia das análises de classe social e multiplicaram as categorias para
o olhar social, passando a operar também com categorias de gênero, etnia, geração,
idade, sexualidade etc” (PARAÍSO, 2010, p. 32).
É nesse momento que as teorizações e anáises dos currículos começaram a
incorporar as “contribuições advindas das análises culturais” (PARAÍSO, 2010, p. 32),
sobretudo as contribuições do campo dos Estudos Culturais. Os Estudos Culturais,
iniciados por Richard Hoggart, Raymond Williams e P. Thompson no final da década de
50, na Universidade de Birmingam (Inglaterra), efetuaram “mudanças radicais no que
diz respeito à teoria cultural” (COSTA, 2005, p. 108), principalmente no que se referia à
noção de cultural, que passa a englobar “um amplo leque de sentidos cambiantes e
versáteis” (COSTA, 2005, p. 108). A cultura deixa de “ser domínio exclusivo da
erudição, da tradição literária e artística, de padrões estéticos elitizados, e passa a
contemplar, também, o gosto das multidões” (COSTA, 2005, p. 108). Ao reconhecer
que havia outras culturas sendo divulgadas e que eram pouco estudadas, os Estudos
Culturais foram, aos poucos, ampliando o seu leque de investigações, abordando
questões como “raça e etnia, o uso e a integração de novas tecnologias como o vídeo e
a TV, assim como produtos na constituição de identidades de gênero, de classe, bem
como as geracionais” (ESCOSTEGUY, 2006, p. 11).
Essas questões utilizadas no campo do currículo trouxeram diferentes
implicações para os estudos curriculares. Dentre tais implicações, vale ressaltar a
ampliação dos objetos de estudos como é o caso da incorporação, por exemplo, das
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tecnologias digitais como objeto de análise. Tal movimento se evidencia em diferentes
produções do campo. De um modo geral ampliaram os estudos que exploram a
relação entre “Tecnologia, Estudos Culturais e Educação”1 e analisam diferentes
temáticas, grupos etários, áreas do conhecimento e artefatos culturais. Algumas
dessas análises podem ser vistas em Ribeiro (2011), Bicudo e Rosa (2010), Sales e
Paraíso (2011), Vitelli (2012), Cruz (2012)2. Ao analisarem diferentes artefatos
tecnoculturais, esses trabalhos mostram como diferentes artefatos disponibilizam
possibilidades de ensinar e aprender. E isso tem muitas implicações para o currículo,
entendido como um artefato de ensino por excelência implicado na produção de
sujeitos. Afinal, esses artefatos tecnoculturais são compreendidos como todos aqueles
artefatos que envolvem algum tipo de tecnologia para produzir, divulgar, ensinar uma
ou mais culturas (Ex: Filmes, Músicas, Celulares, Internet, Orkut, Facebook, Twiter,
Jogos Eletrônicos, Blogs e outros).
Ao falar da força dos diferentes artefatos tecnológicos na educação das
pessoas, Green e Bigum (1995) esclarecem que “esse processo está vinculado aos
novos desenvolvimentos tecnológicos e culturais, especialmente à televisão, à
computação e ao vídeo, como (re)organizadores da ação e do significado humanos”
(GREEN; BIGUM, p. 211). Para os autores, a “cultura da mídia, entendida em sentido
amplo, produz novas formas de vida e pelo menos algumas dessas são humanas ou
reconhecíveis como tal” (GREEN; BIGUM, 1995, p. 219).
1 Realizei uma busca no Portal de Periódicos da CAPES (http://www.periodicos.capes.gov.br/), em 26/10/2013, com as palavras
“Tecnologia, Estudos Culturais e Educação”. Dentre os resultados encontrados, selecionei alguns.
2 Seguem os nomes dos trabalhos, com os nomes dos/das autores/as e ano de publicação são os seguintes: “Crianças,
gênero e sexualidade: realidade e fantasia possibilitando problematizações” - Claudia Maria Ribeiro (2011); “Educação Matemática
na realidade do ciberespaço-que aspectos ontológicos e científicos se apresentam?” - Maria Aparecida Viggiani Bicudo; Mauricio
Rosa (2010); “Juventude ciborgue e a transgressão das fronteiras de gênero” - Shirlei Rezende Sales; Marlucy Alves Paraíso (2011);
“Corpos e ‘modelos’ de masculinidades: o foco nas mídias” - Celso Vitelli (2012); “Os movimentos sociais e a mídia em tempos de
globalização: um estudo das abordagens de jornais Brasileiros e Espanhóis sobre o MST e os direitos humanos” - Fabio Souza Da
Cruz (2012).
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Além disso, os artefatos tecnoculturais possuem uma caraterística que merece
ser pensada: a de que eles são constantemente “transformados e cambiantes”
(GREEN; BIGUM, 1995, p. 230). São, portanto, ainda mais complexas as formas de
conhecer, de aprender e de ensinar. Tendo como foco as potencialidades de um
currículo tecnocultural e os ensinamentos que ele produz, operamos aqui com a noção
de currículo tecnocultural, para referir-nos àqueles currículos que focalizam os diversos
tipos de tecnologias, nos quais se divulgam ou produzem uma ou mais culturas. Essa
noção de currículo tecnocultural decorre da ampliação das noções de pedagogia e de
currículo, na medida em que passamos a entender que há pedagogia em outros locais
não convencionalmente pensados como educacionais, tais como: “o cinema, o teatro,
a televisão, a publicidade, a arquitetura, os fóruns de saúde pública, o jornalismo
impresso, a música popular, os festivais onde se contam histórias e os estudos e rituais
religiosos” (SIMON, 1995 p. 71).
Entendendo que um currículo é o espaço onde saberes3 são divulgados e
aprendizagens são oportunizadas, reconhecemos que ele é também um “espaço de
silêncios de determinadas culturas, de relações de poder de diferentes tipos”
(PARAÍSO, 2010b, p. 12). Como afirma Costa (2005), a finalidade de uma “pedagogia
cultural” deve ser a de buscar esquadrinhar os ‘ensinamentos’ que cada uma dessas
tecnologias divulga, usando os referentes da própria educação (professora/professor,
aluna/o, ensino/aprendizagem, etc) para, em seguida, extrapolar para outros campos e
referentes.
Ao utilizarmos essa noção de currículo tecnocultural, queremos marcar dois
posicionamentos: 1) Afirmar que não estamos tratando de um currículo escolar,
embora saibamos que o currículo escolar também seja cultural, isto é, que nele há
3 Saber é aqui entendido na perspectiva foucaultiana, que o percebe como um “conjunto de elementos,
formados de maneira regular por uma prática discursiva” (FOUCAULT, 2005a, p. 204).
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componentes de diversas culturas; 2) Demarcar que a tecnologia por nós investigada –
os blogs educativos sobre alfabetização criados por professoras alfabetizadoras – não
é necessariamente uma tecnologia que circula no espaço escolar. Entendemos, pois,
que as diversas tecnologias (televisão, cinema, internet, blogs, dentre outras), fazem
parte de uma ‘pedagogia cultural’ mais ampla, que, como mostra Paraíso (2001, p.
144), “ensina comportamentos, procedimentos, hábitos, valores e atitudes,
considerados adequados e desejáveis”, independente do seu uso como estratégia de
ensino. Ao ensinar tudo isso, essas tecnologias divulgam um currículo que, por
abordarem os artefatos aqui indicados como tecnológicos, configuram um currículo
tecnocultural.
O currículo dos blogs educativos sobre alfabetização investigados na pesquisa
que dá base para este trabalho têm divulgado saberes, discursos e potencializado
ações educativas diversificadas. São eles que discutiremos a seguir.
2. Os blogs educativos como um currículo tecnocultural que
divulga saberes e posições de sujeito
Os blogs são uma página da web, que pode ser atualizada constantemente,
sendo composta em sua maioria por pequenos parágrafos apresentados de forma
cronológica, embora haja outros tipos de organizações, mais recentes. Seu conteúdo
varia conforme o assunto de que tratam, englobando desde piadas, notícias, poesias,
ideias, diários, relatos de viagens, sensações, discussões políticas, filosóficas, culturais,
dicas de beleza, informações sobre saúde, doenças, dicas sobre o cuidado com os
bichos de estimação, fotografias, depoimentos, até o que a imaginação do/da autor/a
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permitir. O blog é sempre criado por um/uma ou mais autores/as4. Alguns blogs são
resultado da colaboração de um grupo de pessoas que se reúnem para compô-lo e
atualizá-lo. Em outros blogs aparecem pseudônimos.
Os blogs são ferramentas relativamente novas no cenário mundial e nacional.
“O primeiro blog surgiu aproximadamente na segunda metade da década de 90 e foi
de Tim Berners-Lee, intitulado “O que há de novo?”5. “O segundo weblog a surgir foi a
página de Marc Andressen, também denominada "O que há de novo?"6. No Brasil, os
primeiros registros de blogs foram: a) o da gaúcha Viviane Menezes, intitulado
“Delights to Cheer”7; e b) o do santista Renato Pedroso Junior ou Nemo Nox,
denominado “O Diário da Megalópole”8. Foi há bem pouco tempo que os blogs
começaram a ser usados com fins educacionais. Não há um levantamento realizado
com esta finalidade, mas a maioria dos blogs na área educacional que acessamos no
período de realização da pesquisa são dos anos 2000 para cá.
Nesse universo de blogs relacionados ao campo educacional, dentro daquilo
que denominamos de blogs educativos, é possível encontrar: 1) Blogs relacionados a
Disciplinas específicas e aos saberes relacionados a ela, onde alunas/os e
professoras/es expressam dúvidas e as solucionam no espaço online; 2) Blogs onde
4 Mesmo sabendo da complexa discussão sobre “o autor” feita por Foucault (2001), neste projeto considero que o/a autor/a tem
sua importância, sobretudo para o critério da escolha dos blogs a serem investigados, como será mostrado mais adiante. De todo
modo, considero importante ter em consideração que Foucault (2001, p. 264), ao perguntar “Que importa quem fala?”, levanta
questionamentos contundentes para mostrar o que ele chama de “apagamento do autor” na sociedade contemporânea.
5 O nome original desse blog era “What`s new?”, o qual foi publicado pela primeira vez em 1992. Estas informações estão
disponíveis em: < http://blogvme.blogspot.com.br/2007/09/surgimento-dos-blogs_12.html>. Acesso em: 16/07/2013.
6 Com o mesmo título do primeiro blog, “What`s new?”, este blog foi igualmente criado na década de noventa. Estas informações
encontram-se disponíveis em: < http://blogvme.blogspot.com.br/2007/09/surgimento-dos-blogs_12.html>. Acesso em:
16/07/2013.
7 Viviane Vaz de Menezes foi a primeira brasileira a criar um blog, o qual foi publicado em fevereiro de 1998 e escrito em inglês.
Ver em: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/1,,EDG74942-5856,00.html. Acesso em: 10/09/2013.
8 Esse foi o primeiro blog brasileiro em português, publicado em 31 de março de 1998. Ver em:
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/1,,EDG74942-5856,00.html. Acesso em: 10/09/2013.
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as/os professoras/es disponibilizam atividades, provas, exercícios relativos a uma
disciplina/ área de conhecimento para as/os alunas/os; 3) Blogs com informações,
reportagens e curiosidades sobre áreas diversas do conhecimento; 4) Blogs voltados
especificamente para a preparação de alunas/os para o Exame Nacional do Ensino
Médio (ENEM) /Vestibular; 5) Blogs usados na Educação à Distância (EaD) como
recurso didático-pedagógicos; 5) Blogs de Educação Infantil (com atividades,
informações sobre o cuidado da criança, desenvolvimento infantil, etc); 6) Blogs sobre
Alfabetização (com atividades, rotinas de sala de aula, dicas para outras/os
professoras/es, espaço de diálogo entre elas/es).
Analisamos aqui os blogs educativos sobre alfabetização criados por
professoras alfabetizadoras, por se tratar de um nível de ensino onde atuamos como
professora e/ou pesquisadora. Ao acessar esses blogs fomos percebendo que eles não
somente atuavam como um recurso auxiliar para o/a professor/a (que costumam
pesquisar materiais de aula, atividades, planos, planejamentos, etc), mas também
atuavam nos ensinando e divulgando culturas, saberes e posições de sujeito. Muito
além de servirem de recurso/suporte didático auxiliar em sala de aula, os blogs
ensinam modos de ver e viver, divulgam saberes e demandam “posições de sujeito”9.
Um dos saberes divulgados nos blogs educativos sobre alfabetização criados
por professoras alfabetizadoras, conforme observamos na pesquisa aqui divulgada, é o
saber dos/as especialistas, que costuma ser acionado por uma lógica da “descoberta
de uma verdade”, assumindo uma espécie de “conhecimento pericial”, que “se
impõem por si” e que é de “domínio exclusivo dos especialistas” (SOUSA, 2008, p.
186). As teorizações propostas pelos experts geralmente estão sustentadas por um
9 Os diferentes saberes divulgados nesses blogs atuam na produção de determinadas posições de sujeito. Essas posições remetem
aos “significados produzidos discursiva e culturalmente sobre os sujeitos, que atuam como pontos de ancoragem da noção de si
mesmo” (PARAÍSO; REIS, 2014, p. 239). Os blogs aqui investigados demandam diferentes posições de sujeito, que podem se
compor de um ou mais saberes.
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“trabalho de investigação teórica e/ou empírica” (AQUINO, 2013, p. 207). Muitas vezes
esses “sistemas de expertise” justificam e delimitam “campos de intervenção” (BUJES,
2003, p. 11) de determinados profissionais como médico, psicólogo, fonoaudiólogo,
que possuem “uma maior responsabilidade, não tanto pela cura ou correção dos
indivíduos, mas pela administração de acordo com uma lógica de minimização de
riscos” (KLAUS, 2011, p. 184).
Esse tipo de saber é divulgado em 8 links dos 31 blogs investigados, quando
autoras como Emilia Ferreiro e Ana Teberosky são citadas pelas blogueiras para
descrever as “quatro fases” necessárias para que uma criança “esteja alfabetizada”i.
Essas fases remetem à teoria da “Psicogênese da Língua Escrita”, que visa
“Diagnosticar quanto os alunos já sabem antes de iniciar o processo de alfabetização”ii.
Como mostra a professora Alécia, essas fases são divididas em: “pré-silábica: não
consegue relacionar as letras com os sons da língua falada; silábica: interpreta a letra a
sua maneira, atribuindo valor de sílaba a cada uma; silábico-alfabética: mistura a lógica
da fase anterior com a identificação de algumas sílabas; alfabética: domina, enfim, o
valor das letras e sílabas”iii.
O saber dos/as especialistas é acionado também para definir a tarefa de
alfabetizar. A professora Nayara Barrocal divulga uma entrevista com a professora
Magda Becker Soares, para defender que “deve-se alfabetizar letrando”iv, ou seja,
“orientar a criança para que aprenda a ler e a escrever levando-a a conviver com
práticas reais de leitura e de escrita: substituindo as tradicionais e artificiais cartilhas
por livros, por revistas, por jornais, enfim, pelo material de leitura que circula na escola
e na sociedade, e criando situações que tornem necessárias e significativas práticas de
produção de textos”v. Essa mesma posição é assumida pela professora Ana Márcia
que, mesmo sem citar um/a especialista, expõe em uma entrevista ao Rio Educa:
“Alfabetizar é ir além de ler e escrever, cabendo ao professor orientar o aluno ao uso
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da leitura e da escrita de modo interpretativo, a fim de ser possível à criança não só ler
e escrever, mas compreender o que foi lido e saber fazer uso da palavra”vi.
O saber dos/as especialistas é acionado também para definir métodos para
alfabetizar. Três dos 31 blogs analisados divulgam descrições dos principais métodos
“sintéticos” e “analíticos”vii. Um dos blogs apresenta separadamente somente os
métodos “Alfabético” e “Fônico”viii, explicando que o primeiro é também conhecido
como soletração e tem como princípio a ideia de que “a leitura parte da decoração
oral das letras do alfabeto, depois, todas as suas combinações silábicas e, em seguida,
as palavras”ix. Já o segundo método, também conhecido por método sintético ou
fonético, parte “das letras (grafemas) e dos sons (fonemas) para formar, com elas,
sílabas, palavras e depois frases”x. Todos os métodos apresentados concorrem e são
acionados por um discurso da alfabetização que quer definir o melhor caminho para
tornar os sujeitos alfabetizados.
O mesmo ocorre quando os blogs sobre alfabetização divulgam 6 links sobre
“metodologias” ou modos de trabalhar com as “hipóteses”xi de escrita dos/as
alunos/as. Geralmente, essa metodologia é pautada em “concepções de
alfabetização”, no “construtivismo”, na ideia de “letramento” e no “paradigma
do alfabetizar letrando” proposto pela educadora Magda Soares”xii. Conforme aponta
uma das blogueiras, "Revisitar tais concepções, possibilita ao professor/a
alfabetizador/a rever a sua prática pedagógica,na perspectiva da ação-reflexão-ação,
detectando limites e possibilidades, auxiliando na resignificação do seu olhar para o
processo de construção da língua escrita e da sua postura metodológica"xiii. O blog da
professora Tatiana, expõe, inclusive, “Objetivos – Aluno Pré-silábico e Silábico”xiv a
serem atingidos pelos/as alunos/as em cada um dos níveis de aquisição da escrita.
O saber dos/as especialistas também é acionado pelas avaliações externas
realizadas nos primeiros anos do ensino fundamental (1º ao 5º ano). Nesse caso, não
há um/a único/a teórico/a definindo o que deve ou não ser avaliado, mas a própria
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avaliação e as questões nelas propostas assumem um “lugar de verdade”, tornando-se
referência tanto para os modos de ensinar quanto para as próprias práticas avaliativas.
Ao serem propostas pelo Governo (municipal, estadual e federal), as avaliações em
larga escala passam a se situar no âmbito das leis e das normas que definem o que
deve ser ensinado, adquirindo um status de verdadeira. Isso pode ser notado quando,
ao sugerir avaliações já realizadas em larga escala, a professora Glauce indica que
sejam apresentados aos/às alunos/as “vários textos tipo Prova Saresp”xv. É comum
encontrar nesses blogs linksxvi sobre as avaliações externas, os quais geralmente
divulgam provasxvii e simuladosxviii (de língua portuguesa e de matemática) que são
disponibilizados pelas blogueiras como “modelos de avaliação” a serem realizados
pelos/as alunos/as. Além disso, um dos blogs divulga algumas habilidades a serem
adquiridas no período da alfabetização, conforme os indicadores da Avaliação Nacional
da Alfabetização (ANA)10 propostos para os eixos “Leitura” e “Escrita” do Portuguêsxix.
Além disso, os blogs educativos sobre alfabetização divulgam saberes das
diferentes disciplinas escolares (Língua Portuguesa, Matemática, Ciências Naturais,
História, Geografia, Artes, etc). Um deles é o saber da disciplina de Ciências Naturais,
que aparece em 199 links e/ou postagens dos blogs educativos sobre alfabetização.
Esse número elevado de links parece estar relacionado à capacidade que ele tem de
acionar os saberes dos diferentes especialistas (médico, biólogo, dentista, psicólogo,
fonoaudiólogo) para autorizar aquilo que geralmente divulgam. Esse tipo de saber
10 Os indicadores da Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA) para Língua Portuguesa são: Eixo estruturante: Leitura – H1 Ler
palavras com estrutura silábica canônica, H2 Ler palavras com estrutura silábica não canônica, H3 Reconhecer a finalidade do
texto, H4 Localizar informações explícitas em textos, H5 Compreender os sentidos de palavras e expressões em textos, H6 Realizar
inferências a partir da leitura de textos verbais, H7 Realizar inferências a partir da leitura de textos que articulem a linguagem
verbal e não verbal, H8 Identificar o assunto de um texto, H9 Estabelecer relações entre partes de um texto marcadas por
elementos coesivos. Eixo Estruturante: Escrita – H10 Grafar palavras com correspondências regulares diretas, H11 Grafar palavras
com correspondências regulares contextuais entre letras ou grupos de letras e seu valor sonoro, H12 Produzir um texto a partir de
uma situação dada. Disponível em:
http://download.inep.gov.br/educacao_basica/saeb/ana/documento/2014/documento_basico_ana_online_v2.pdf. Acesso em:
12/10/2015.
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concorre na produção de um discurso da alfabetização quando define, por exemplo, o
tipo de sujeito que esse currículo quer formar – um sujeito que não apenas seja
alfabetizado, mas que assuma como hábito uma vida saudável. Os blogs sobre
alfabetização investigados demonstram, assim, uma preocupação em produzir uma
posição de sujeito saudável para os/as alunos/as em período de alfabetização. Essa
subjetividade costuma ser demandada em atividades da disciplina de Ciências
(Naturais) e também em Projetos11, quando, por exemplo, saberes sobre o corpo,
sobre prevenção, saúde, alimentação saudável e sobre o autocuidado são acionados.
A produção dessa posição de sujeito saudável implica em fazer com que os
indivíduos se tornem capazes de conhecer o próprio corpo para, em seguida, imprimir
nesse corpo condutas de autocuidado e de auto-observação que o torne saudável.
Cuidar do corpo é uma das formas do “cuidado de si”, descrito por Foucault (1994,
p. 262) como “conhecimento de si” e também como “conhecimento de certo número
de regras de conduta ou de princípios que são ambos verdades e prescrições”12. Em
um post denominado “Projeto Eu”xxxix a professora Miriam Veiga divulga atividades
sobre a “Higiene Pessoal”, que ensinam sobre os objetos que usamos para ficar “bem
limpinhos e cheirosos”, sobre os nomes desses objetos (pente, cotonete, torneira,
sabonete, etc), além de solicitar a cada aluno/a que “Recorte e cole os produtos que
você usa para sua higiene pessoal”. Do mesmo modo, no “Projeto: Minha
11 As professoras-blogueiras aqui investigadas utilizam muito o trabalho com Projetos, onde costumam se dedicar a uma temática específica (Ex: Identidade, Meio Ambiente, Copa do Mundo) que geralmente não seria trabalhada nos conteúdos formais das disciplinas. Tal prática se aproxima, em minha opinião, de uma tentativa de trabalhar alguns desses temas de forma transversal, o que nem sempre é realizado com êxito. Ressalto, ainda, que esse trabalho com Projetos não é o mesmo que John Dewey (1904) ou que Fernando Hernández (1994) propõem respectivamente em suas obras “Experiência em educação” e “Os projetos de trabalho: uma forma de organizar os conhecimentos escolares”. Tais autores se aproximam muito da ideia de uma “Pedagogia de Projetos”, descrita por Silva e Tavares (2010, p. 240) como uma pedagogia que “propõe então mudanças na postura pedagógica, além de oportunizar ao aluno um jeito novo de aprender, direcionando o ensino/aprendizagem na interação e no envolvimento dos alunos com as experiências educativas que se integram na construção do conhecimento com as práticas vividas”.
12 Trecho traduzido por mim.
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Identidade”xxxvii são disponibilizadas várias atividades, dentre elas a de pintar os
objetos de higiene pessoal (Figura 1.).
O blog da professora Vivian Ferreira traz no post “Corpo Humano”xx atividades
sobre as partes do corpo (Figura 1.), os ossos do esqueleto, Auto-retrato, Música sobre
os Dentes, Cuidados com o Corpo, Caça-Palavras e Cruzadinhas sobre as partes do
Corpo, Desenho sobre Como eu sou, Diferenças entre o Corpo Feminino e o Masculino,
sobre as Minhas Características, sobre o Início da Vida e sobre os Membros. O mesmo
ocorre no blog de Janaína Spolidório, em que são disponibilizadas algumas “Ideias para
ensinar sobre ‘Corpo Humano’”xxi, materiais para simular as “células” (Figura 1.), para
montar o “Esqueleto Humano”, para trabalhar os “Cinco Sentidos” e para trabalhar os
“Sistemas e Aperelhos”.
Figura 1
Já a professora Tatiana, divulga em seu blog um texto sobre “Esquema
Corporal”xxii, em que explica que “A imagem corporal que o indivíduo tem de si mesmo
é o ponto de referência para todo o tipo de aquisição de conhecimento. É através do
domínio do próprio corpo que irá estruturar e organizar o conhecimento do mundo
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exterior”. Segundo ela, para se adquirir um esquema corporal bem estruturado é
necessário: “- adquirir consciência global de seu corpo; - identificar e localizar as partes
do corpo; - descobrir diferentes posições do corpo; - dominar o ato respiratório; -
perceber a simetria corporal; - tomar consciência do sistema muscular e ósseo”xxxv.
Essa sequência de atos a serem aprendidos e executados pelas crianças evidenciam
que é necessária uma série de procedimentos desses/as alunos/as em relação a
eles/elas mesmos/as e a seus corpos. Como mostra Silva, Oliveira, Silva, Polaro,
Radünz, Santos e Santana (2009, p. 699), tais procedimentos remetem ao autocuidado,
que consiste em uma atividade aprendida pelo indivíduo e “orientada para um
objetivo”, geralmente para “atividades em benefício da vida, saúde e bem estar”, que
têm como propósito “ações de cuidado” que contribuam para o “desenvolvimento
humano”. Com isso, institui-se uma “pedagogia do cuidado”, definida por Saupe e
Budó (2006, p. 328) como um tipo de educação que visa promover a “transformação”
dos indivíduos. Essa busca pela produção de um corpo saudável está relacionada
também à busca pela produção da posição de sujeito saudável. Nesse sentido,
aprender a cuidar de si e do próprio corpo é também um modo de aprender a cuidar
do mundo e dos outros.
A preocupação com a alimentação também se torna alvo de investimento
desses blogs, sendo considerada um elemento importante para a “promoção da
saúde”xxiii. O post “Alimentação”xxiv divulgado pela professora Adri, considera que
“Criar bons hábitos alimentares é muito importante, pois as necessidades do
organismo estão relacionadas a uma alimentação saudável, rica em nutrientes e
associada a exercícios físicos”. Cuidar da alimentação, além de ser uma forma de
cuidar do corpo, é também uma forma de manter esse corpo saudável. Ao propor a
realização do “Projeto: viva a vida com os vegetais”xxv (Figura 2.), a professora Ana
Márcia afirma que “As crianças têm muita dificuldade para comer vegetais, dando
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preferência a alimentos que muitas vezes não são saudáveis, mas é papel da escola
orientá-las e nada melhor que um projeto que tenha como personagem principal os
vegetais”. Um dos objetivos apontados nesse projeto consiste em “Mudar a postura
alimentar dos alunos levando-os a valorizar os vegetais na alimentação trazendo assim
benefícios para sua saúde”. Na mesma direção, a professora Janaína Spolidório
disponibiliza em seu blog uma “Apostila sobre Alimentação Saudável”xxvi, denominada
“Explosão de Sabores” (Figura 2.), em que ela se propõe a “apresentar alimentos e
ainda acrescentar textos e atividades que provocam uma ampliação de áreas”. Do
mesmo modo, a professora Miriam Veiga também divulga o post “Projeto Alimentação
Saudável”xxxviii, que define o que é uma alimentação saudável e sua importância para
a nossa saúde. Em seguida, ela solicita que os/as alunos/as façam uma lista dos
alimentos que eles/as consideram saudáveis, formulando perguntas como: “O que
precisamos fazer para ter uma alimentação equilibrada?” (Figura 2.). Além disso, outra
a professora Janaina Spolidório mostra que é importante que “esses hábitos sejam
criados desde a infância, primeiramente dentro de casa, mas podendo contar com o
apoio da escola”xxvii. Assim, essas blogueiras assumem como uma de suas funções a de
ensinar a esses/as alunos/as como eles/as podem se tornar saudáveis. A divulgação
por parte dessas professoras-blogueiras a respeito do que seria uma “boa
alimentação” é uma das formas de investimento para a produção da posição de sujeito
saudável.
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Figura 2
Outra forma de investimento na produção desse tipo de subjetividade é aquela
relacionada à “prevenção de doenças”xxviii. O desenvolvimento de ações que impeçam,
por exemplo, a proliferação da Dengue e a consequentemente evitação de que nosso
corpo se contamine com ela pode ser mais uma demonstração da preocupação em se
produzir uma posição de sujeito saudável. É nesse sentido que a professora Adri
disponibiliza em seu blog um post denominado “Dengue – Turma da Mônica”xxx, em
que divulga uma revistinha da Turma da Mônica sobre a Dengue e algumas atividades
da Turma da Mônica para “acabar com a Dengue”xxxi (Figura 3.). Além disso, divulga
atividades para prevenir a Denguexxxii. A professora Vivian Ferreira ensina, além disso,
sobre “os principais meios de prevenção da dengue”, apontando “os principais
sintomas da dengue”, a importância de buscar um “posto de saúde”, os equipamentos
necessários para “combater a dengue”, sobre “como é o mosquito que transmite a
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dengue”, maneiras de “evitar a dengue”, propondo ainda a produção do “Meu gibi
contra a dengue” e de um “Livrinho da dengue”xxvi (Figura 3.).
A mesma professora ensina também sobre os “cuidados preventivos do vírus
da gripe”, sobre “hábitos que devemos ter para proteção da gripe suína ou comum”,
sobre os “sintomas que diferenciam a gripe do resfriado comum”xxvii. A temática da
Gripe Suína também é divulgada no blog da professora Priscilla, no post “Atividades
sobre Gripe Suína”xxviii (Figura 3.), em que divulga cartazes feitos com os/as
alunos/as, caça-palavra, cruzadinha e exercícios sobre os sintomas e o tratamento da
Gripe H1N1, bem como atividade de interpretação de texto. A professora Adri divulga,
ainda, o post “Atividades-Piolho”xxix (Figura 3.), com textos que explicam “Como
pegamos piolho?”, como combater os piolhos, qual remédio usar (Kwell), os “Cuidados
com o piolho” e algumas atividades como “Jogo dos 7 erros”, “Cruzadinha do Piolho” e
um modelo de bilhete para os pais olharem as cabecinhas das criançasxxxiii.
Figura 3
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Considerações Finais
Procuramos mostrar neste trabalho que os blogs educativos atuam não apenas
como um recurso didático-pedagógico, mas que eles também agem como um currículo
tecnocultural. Além disso, buscamos evidenciar aquilo que os blogs sobre alfabetização
ensinam e divulgam, as estratégias por eles adotadas para ensinar certas coisas
(acionando os saberes dos experts, por exemplo) e as lutas desses saberes para serem
considerados verdadeiros. Conforme a análise aqui realizada, é possível notar que
esses blogs disponibilizam determinados saberes que vão demandando algumas
posições de sujeito. Assim, são demandadas posições de sujeito que vão desde a
professora que aplica bem uma teoria, porque conhece as teorias de alfabetização e
desenvolve suas práticas em consonância com o que dizem as/os especialistas em
alfabetização, até a posição da professora que, além de ensinar a ler e a escrever,
também ensina aos/às alunos/as sobre hábitos saudáveis. Isso tem a ver com o tipo de
sujeito que o currículo dos blogs educativos sobre alfabetização quer formar: um/uma
aluno/a que saiba ler, escrever e contar, mas que saiba também cuidar de seu corpo,
manter-se limpo e saudável.
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