Beatriz Ferreira Milhazes

Post on 04-Jul-2015

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(Rio de Janeiro, 1960).

A artista e a irmã, a coreógrafa Márcia Milhazes, foram criadas num ambiente que estimulava a criatividade. A mãe,

Glauce, é professora de história da arte. O pai, o advogado José Milhazes, sempre foi

um apaixonado pela música brasileira.

• Nós criamos trabalhos que são camadas e camadas de idéias buscando significados. Bia tem personalidade e coragem. É um privilégio ter uma irmã que me estimula. Dividimos até o silêncio. Diz a irmã.

Beatriz milhazes é formada em Comunicação Social, ingressou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, em 1980,

onde, mais tarde, lecionou e coordenou atividades culturais.

Integrou a Geração 80, um grupo de artistas que buscou retomar a Pintura,

contrapondo-se às vertentes

'conceituais' dos anos 70.

Características das obras da artista:

• Bordados, flores, rendas e mandalas se sobrepõem em infinitas camadas, numa leitura atualíssima de nossa tradição barroca - sobre um pedaço de plástico. A pele de tinta que seca sobre o plástico é depois decalcada sobre a tela, que ganha, pouco a pouco, camadas superpostas de tinta.

• Nas colagens, a artista usa materiais cotidianos como embalagens de bombom e balas para recriar seu vocabulário pictórico.

• É possível identificar elementos da cultura brasileira e ícones como as exuberantes fauna e flora, as ondas do mar, o calçadão de Copacabana, frutas, além de uma combinação inusitada de curvas, caracóis, motivos florais e rococós, que a artista plástica declara ser baseada em recortes do modernismo europeu, na artdecó.

• Exuberância das formas e a textura das cores.

• Pintura geométrica e cores caipiras, rigor formal e carnaval. A capacidade de conciliar universos tão distantes talvez explique o sucesso de Beatriz Milhazes.

• Beatriz usa os contrastes e afinidades entre as cores para equilibrar dezenas de elementos.

• Seu método consiste no desenho e na pintura de motivos e arabescos, com um colorido estonteante.

• As pinturas de Beatriz Milhazes jamais se rendem ao figurativo. Verdadeiramente abstratas, são relações visuais intensas, citações ou "pinturas sobre a natureza" como traduzem os críticos: "o diário de uma naturalista, tão impressionada com a exuberância de formas e cores da natureza quanto com as sutis e simples estruturas que as regem.‖

• Nas telas,os quadrados, retângulos e listras desprendem-se do fundo da pintura para aparecer em primeiro plano. Nota-se forte referência às tradições da Op-Art e Geometria Abstrata, em contraponto ao vocabulário carnavalesco e barroco particular da artista.

• Beatriz estabelece uma composição dinâmica onde os elementos – arabescos, círculos, flores, listras e quadrados - se sobrepõem uns aos outros criando uma sensação ótica de constante movimento.

• As "armadilhas" das formas superficialmente bonitas e com caráter decorativo de suas pinturas atraem o público, que imediatamente percebe que é possível ultrapassar o prazer instantâneo do primeiro contato, pois elas se revelam uma erudição discursiva, cheia de detalhes trabalhados de forma conceitual. Uma elaborada organização de planos, texturas e harmonia de composição.

Sucesso também lá fora

O nome de Beatriz Milhazes começou a circular fora do país

em 1993, ano em que fez sua primeira exposição no exterior.

Em Caracas, Venezuela.

Beatriz tem hoje quadros nas coleções de museus como o MoMa e o Guggenheim, em

Nova York, o Reina Sofia, em Madri, e o Century Museum

of Contemporary Art, no Japão.

Com 22 anos de carreira foi aberta a exposição Mares do Sul. A primeira

grande exposição individual da artista no país. Foram apresentados

23 trabalhos, todos inéditos na cidade, três deles produzidos

especialmente para a exposição.

Selecionar os 23 trabalhos não foi tarefa fácil. "Para produzir uma grande exposição de Beatriz é

essencial a vinda de quadros que estão fora do Brasil", diz o

curador Adriano Pedrosa.

O que dizem os críticos:

• Hoje críticos de revistas e jornais anunciam com entusiasmo a descoberta da carioca.

• A edição de outubro de 1993 da revista inglesa Frieze dedica a matéria de capa, escrita pela crítica Jennifer Higgie, ao trabalho da artista, com expressões elogiosas do tipo "caleidoscópio psicodélico de cores, flores, amor" e "loucura tecnicolor".

• O jornalista Celso Martins escreve que as obras individuais da artista em Londres, Paris e Nova York foram muito bem recebidas, com elogios "à frescura e à complexidade" do trabalho.

• Uma publicação inglesa, saiu em setembro de 1993 com uma seleção super-rigorosa de pouco mais de 100 nomes de pintores contemporâneos de todo o mundo. Apenas dois artistas brasileiros foram citados por críticos e curadores: Beatriz Milhazes e Adriana Varejão.

• Em um texto do catálogo da exposição — produção do Instituto Arte Viva com curadoria de Adriano Pedrosa — o crítico Paulo Herkenhoff diz que também não é qualquer um que atinge o domínio que Beatriz tem da cor.

O que diz a própria artista:

• A questão central é a honestidade. Só sendo honesto consigo mesmo e suas questões é que seu trabalho acaba aparecendo.

• Minha pintura tem as mesmas características desde o início da carreira, mas fui criando novos problemas para ela e tendo mais segurança sobre meus desejos.

• Sempre amei pintura geométrica, mas não poderia pintar só retângulos e círculos, porque meus interesses em arte vão muito além disso.

• A cor organiza tudo. Com ela, trabalho a tela como se ela fosse música — diz a artista, que formou uma espécie de linguagem com os desenhos que se repetem em seu trabalho.

• ―Dois aspectos me atraem: a forma de lidar com a repetição das imagens e a liberdade com o uso das cores.‖

• Sou uma ―devoradora de imagens.‖

Os muitos convites para exposições internacionais fazem com que Beatriz passe boa parte do ano viajando, mas sempre que

pode ela volta para o ateliê que mantém desde o início da carreira num sobrado no

Horto, com vista para o Cristo e para o agito do Clube Condomínio.

No artigo sobre sua obra que foi capa da última "Frieze", a mais importante revista de

arte da Inglaterra, a crítica Jennifer Higgie escreveu, espantada, que Beatriz "ainda"

morava no Rio. A pintora diz que não gosta de perder de vista a atmosfera carioca.

Reconhecida por sua disciplina, Beatriz

construiu sua carreira como formiguinha, amadurecendo um passo de cada vez

para desabrochar em

meados dos anos 90.

Autora da pesquisa

professora de Artes

Lediane Andreia Laux