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Rayany Márcia Alves Vieira
AVALIAÇÃO DO PERFIL LIPÍDICO DE ADOLESCENTES ESCOLARES
COM NÍVEIS SOCIOECONÔMICOS DIFERENTES NO MUNICÍPIO DE
PARACATU, MG
Monografia apresentada ao Curso de
Biomedicina da Faculdade TECSOMA,
como requisito parcial para a obtenção do
título de Bacharel em Biomedicina.
Orientador Temático: MSc. Márden
Estêvão Mattos Júnior
Orientadora Temático do projeto: Msc.
Cláudia Peres da Silva
Orientador Metodológico: Geraldo B. B.
Oliveira
Coorientadoras: Mara Cristina Aranha
Fernandes e Maraíza Cristina da Silva
Msc Cláudia Peres da Silva
Paracatu
2012
Rayany Márcia Alves Vieira
AVALIAÇÃO DO PERFIL LIPÍDICO DE ADOLESCENTES ESCOLARES
COM NÍVEIS SOCIOECONÔMICOS DIFERENTES NO MUNICÍPIO DE
PARACATU, MG
Monografia apresentada ao Curso de Biomedicina da Faculdade TECSOMA, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Biomedicina.
_______________________________________________
MSc. Márden Estêvão Mattos Júnior (Orientador) – Faculdade TECSOMA
_______________________________________________
MSc. Cláudia Peres da Silva (Orientadora, professora e Coordenadora do
curso) – Faculdade TECSOMA
_______________________________________________
Geraldo B. B. Oliveira (Orientador Metodológico) – Faculdade TECSOMA
_______________________________________________
MSc. Cláudia Peres da Silva (Orientadora, professora e Coordenadora do
curso) –) – Faculdade TECSOMA
Paracatu, 16 de Junho de 2012
Dedico este trabalho ao meu DEUS Santo e Verdadeiro que me deu a oportunidade de
sonhar e realizar este sonho, a minha família pelo imenso amor e incentivo e ao meu
namorado Fernando Henrique por compartilhar e vencer os obstáculos da vida comigo.
.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente ao meu Deus vivo e verdadeiro por abençoar e
guiar cada etapa deste projeto, a benção do Senhor Jesus impulsionou-me a
conquistar esta vitória com ajuda de pessoas muito especiais.
Agradeço aos meus pais José e Zildete e aos meus irmãos Janielton,
Jânisson, Gerielton e José F. Filho por apoiar e condicionar a realização deste
projeto.
Agradeço ao meu namorado Fernando Henrique por me acompanhar e
ajudar no desenvolvimento de cada etapa deste sonho.
Agradeço ao meu orientador Márden Mattos pela orientação e
conhecimento transmitidos ao longo deste trabalho.
Agradeço as minhas coorientados Mara Cristina e Maraiza Cristina pela
abençoada ajuda e incansável apoio durante o desenvolvimento deste trabalho.
Agradeço a coordenadora do curso Cláudia Peres pelo apoio e incentivo.
Agradeço ao professor Geraldo pelo ensino metodológico.
Agradeço aos funcionários do Laboratório Santa Lúcia pelo empenho e
ajuda.
Agradeço aos funcionários da Faculdade TECSOMA pelo auxilio e
apoio, especialmente as bibliotecárias Mari, Meire, Elide, Cecília e ao zelador
João.
Agradeço a minha colega e amiga, Débora Andrade por compartilhar e
me auxiliar nos desafios deste trabalho.
Agradeço a Diretora e funcionários do Colégio SOMA pela imensa ajuda,
especialmente a professora Nilce.
Agradeço a Diretora e funcionários da Escola Estadual Altina de Paula
pela imensa ajuda.
Agradeço aos alunos do nono ano do Colégio SOMA e aos alunos do
primeiro ano da Escola Estadual Altina de Paula pela participação, eles foram o
motivo da realização e concretização deste trabalho.
Agradeço todas as pessoas que direta ou indiretamente contribuíram
para a realização deste trabalho. Sem vocês a concretização deste trabalho
não seria possível. Muito obrigado!
O meu Senhor é o meu pastor, nada me faltará.
Salmos, capitulo 23, versículo 1
RESUMO
O perfil lipídico dos adolescentes é um importante dado para o diagnóstico e
avaliação das dislipidemias, que podem surgir em consequência da obesidade
infanto-juvenil. A obesidade encaixa-se atualmente em uma epidemia mundial
considerado um problema de saúde pública. Fatores socioeconômicos,
alimentação inadequada e inatividade física atuam como fatores de risco para
ocorrência da obesidade, e consequentemente das dislipidemias, doenças
cardiovasculares, hipertensão arterial e diabetes mellitos tipo 2. Resultando na
perda de qualidade vida de indivíduos jovens, que provavelmente terão o
tempo mínimo livre de doenças crônicas não transmissíveis. O presente estudo
realizado com adolescentes escolares da cidade de Paracatu objetivou realizar
um estudo comparativo do perfil lipídico de adolescentes estudantes de escolas
públicas e particulares e correlacionar os resultados com as condições
socioeconômicas e comportamentais dos alunos. A pesquisa de campo
quantitativo-descritivo realizou uma pesquisa laboratorial, socioeconômica e
comportamental por meio da realização do Lipidograma Completo e um
questionário, respectivamente, com os adolescentes que se dispuseram a
participar da pesquisa. Para participação dos alunos os responsáveis
assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido. A média lipídica de
Colesterol Total, LDL-c e Triglicérides apresentada pelos alunos da escola
particular foi superior ao dos alunos da escola pública, enquanto que a média
do HDL-c foi inferior. Os resultados foram classificados de acordo com
intervalos de referências previstos pela Sociedade Brasileira de cardiologia,
onde a maioria dos alunos da escola particular apresentou valores de CT
(61,5%), LDL- c(23%), TG (38,4%) aumentados e desejáveis de HDL-c
(61,5%), diferente da maioria dos alunos da escola pública que demostraram
valores desejáveis para CT (66,6%), LDL-c (83,4%), HDL-c (70,9%) e TG
(62,5%). Mesmo que a maioria dos alunos de escola particular obtiveram
resultados desejáveis de HDL, ressalta-se que 38,5% se incluíram nos níveis
indesejáveis, e novamente este percentual foi superior ao da escola pública. O
nível socioeconômico dos estudantes de escola pública foi inferior aos da
escola particular, que em contrapartida demonstrou praticar atividades físicas
rotineiramente. Porém, a condição dos escolares públicos é desfavorável a
execução de exercícios físicos, pois a escola não oferece as condições
necessárias e os alunos não tem condição de criá-las sozinhos. Contudo, a
realização deste trabalho foi de grande importância para que medidas
profiláticas relacionadas às mudanças no estilo de vida pudessem ser criadas e
inseridas nas escolas, minimizando a ocorrência da obesidade e suas
consequências na faixa etária jovem da população.
Palavras-chave: Perfil lipídico de adolescentes. Obesidade na infância.
Dislipidemias em crianças e adolescentes.
ABSTRACT
The lipid profile of adolescents is an important data for diagnosis and evaluation
of dyslipidemia, which may arise as a consequence of obesity in children and
adolescents. Obesity fits currently a worldwide epidemic considered a public
health problem. Socioeconomic factors, poor diet and physical inactivity act as
risk factors for the occurrence of obesity, dyslipidemia, and consequently,
cardiovascular disease, hypertension and type 2 diabetes mellitos. Resulting in
loss of quality of life of young individuals who are likely to have the minimum
free of chronic diseases. The present study of adolescent students from the city
of Paracatu aimed to perform a comparative study of the lipid profile of
adolescent students from public and private schools and to correlate the results
with the socioeconomic and behavioral characteristics of students. The field
research conducted a quantitative-descriptive laboratory research,
socioeconomic and behavioral through to the completion of a questionnaire and
full lipid profile, respectively, with the teenagers who were willing to participate.
To the responsible participation of students signed a consent form. The average
lipid total cholesterol, LDL-C and triglycerides presented by students from
private schools was higher than that of public school students, while the mean
HDL-C was lower. The results were classified according to intervals of
references provided by the Brazilian Society of Cardiology, where the majority
of private school children had values of CT (61.5%), LDL-c (23%), TG (38.4% )
increased and desirable HDL-c (61.5%), unlike most public school students who
demonstrated desirable values for CT (66.6%), LDL-c (83.4%), HDL-c ( 70.9%)
and TG (62.5%). Even though most students from private schools had desirable
HDL results, it is noteworthy that 38.5% is included in undesirable levels, and
again this percentage was higher than the public school. The socioeconomic
level of public school students was lower than the private school, which in turn
showed physical activities routinely. However, the condition of public school and
unfavorable running exercise, because the school does not offer the necessary
conditions and the students can not afford to raise them alone. However, this
work was of great importance for preventive measures related to changes in
lifestyle could be created and placed in schools, minimizing the occurrence of
obesity and its consequences in the age group of the population.
Keywords: Lipid profile of adolescents. Obesity in childhood. Dyslipidemia in
children and adolescents.
LISTAS DE TABELAS
TABELA 1 Pontos de corte sugeridos pelo NCEP e NHANES para classificação
de dislipidemia em crianças e adolescentes (mg/dl).........................................23
TABELA 2 Valores de referência lipídica propostos para a faixa etária de 2 a 19
anos...................................................................................................................26
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CEBRAS - Centro Educacional Brasil
CT - Colesterol Total
DM - Diabetes Mellitus
I DPAIA - I Diretriz da Prevenção da Aterosclerose na Infância e adolescência
EEAPG - Escola Estadual Altina de Paula Guimarães
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
HAS - Hipertensão Arterial Sistêmica
HDL-c - High Density Lipoprotein (Lipoproteína de Alta Densidade)
LDL-c - Low Density Lipoprotein (Lipoproteína de baixa densidade)
NCEP - National Cholesterol Educaton Program
NHANES – National Health and Nutrition Examination Survey
OMS - Organização Mundial da Saúde
PA - Pressão Arterial
PAD - Pressão Arterial Diastólica
PAS - Pressão Arterial Sistólica
SBC – Sociedade Brasileira de Cardiologia
III SBSD - III Diretrizes Brasileiras sobre Dislipidemias
TG – Triglicérides
VLDL-c - Very Low Density Lipoprotein (Lipoproteínas de Densidade Muito
Baixa)
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 - Média do Perfil Lipídico dos Adolescentes..................................45
GRÁFICO 2 – Classificação do Colesterol Total e Triglicérides dos Alunos
Pesquisados com Base nos Valores Preconizados pela SBC..........................45
GRÁFICO 3 - Classificação do Colesterol Total e Triglicérides dos Alunos
Pesquisados com Base nos Valores Preconizados pela SBC..........................46
GRÁFICO 4 - Idade dos Adolescentes..............................................................47
GRÁFICO 5 - Sexo dos Adolescentes da Escola Pública.................................47
GRÁFICO 6 - Sexo dos Adolescentes da Escola Particular..............................48
GRÁFICO 7 - Renda Familiar do Público Estudado..........................................49
GRÁFICO 8 - Número de Pessoas na Família..................................................49
GRÁFICO 9 - Profissão dos Responsáveis pelos Adolescentes da Escola
Pública...............................................................................................................50
GRÁFICO 10 - Profissão dos Responsáveis pelos Adolescentes da Escola
Particular............................................................................................................50
GRÁFICO 11 - Alimentos Consumidos Pelos Adolescente...............................51
GRÁFICO 12 - Prática de Atividade Física Regularmente................................52
GRÁFICO 13 - Tempo de Uso do Computador.................................................53
GRÁFICO 14 - Obesidade na Família...............................................................54
GRÁFICO 15 - Integrantes Obesos na Família.................................................54
GRÁFICO 16 - Portadores de Hipertensão Arterial...........................................55
GRÁFICO 17 - Portadores de Diabetes Melitos................................................56
GRÁFICO 18 - Portadores de Doenças Cardiovasculares................................57
GRÁFICO 19 - Portadores de Colesterol Alto...................................................58
GRÁFICO 20 - Portadores de Triglicérides Alto na Corrente Sanguínea..........58
GRÁFICO 21 - Portadores de Outras Doenças.................................................59
GRÁFICO 22: Rotina que Fazem Consultas Médicas.......................................60
GRÁFICO 23: Rotina que Fazem Exames Laboratoriais..........,........................60
GRÁFICO 24: Conhecimento do Lipidograma Completo..................................61
GRÁFICO 25: Rotina que Vai ao Nutricionista..................................................62
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14
1.1 Justificativa ........................................................................................................ 17
1.2 Objetivos ........................................................................................................... 18
1.2.1 Objetivos Específicos .................................................................................... 18
2 REFÊNCIAL TEÓRICO..........................................................................................20
2.1 Perfil Lipídico dos adolescentes ..................................................................... 20
2.2 Qualidade Nutricional dos adolescentes ....................................................... 26
2.3 Obesidade ......................................................................................................... 28
2.4 Dislipidemias, Doenças vasculares e Cardiovasculares .............................. 29
2.5 Hipertensão arterial .......................................................................................... 32
2.6 Diabetes Mellitus .............................................................................................. 33
3 MATERIAIS E MÉTODOS.....................................................................................35
3.1 Tipo de Pesquisa .............................................................................................. 35
3.2 Delimitação do Público-alvo ............................................................................ 35
3.3 Critérios de inclusão e exclusão ..................................................................... 36
3.4 Caracterização do Município ........................................................................... 36
3.5 Fatores éticos ................................................................................................... 37
3.6 Caracterização do Local de estudo ................................................................ 37
3.7 Desenvolvimento do estudo ............................................................................ 38
3.7.1 Pesquisa socioeconômica, cultural e comportamental .............................. 38
3.7.2 Caracterização da coleta sanguínea ............................................................. 38
3.7.3 Caracterização da Análise Bioquímica ......................................................... 40
3.7.4 Plotação de resultados .................................................................................. 42
3.7.5 Atividades de educação em saúde ............................................................... 42
4 RESULTADOS.......................................................................................................44
4.1 Análise Bioquímica .......................................................................................... 44
4.2 Pesquisa socioeconômica, cultural e comportamental ................................ 46
5 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 63
APÊNDICES ............................................................................................................. 79
ANEXO ..................................................................................................................... 92
14
1 INTRODUÇÃO
Atualmente, a obesidade é considerada uma doença crônica e
epidêmica, isso porque a sua prevalência aumentou drasticamente nas últimas
décadas tanto em países desenvolvidos como nos países em desenvolvimento,
sendo ela relacionada com a taxa de morbidade e mortalidade. (OLIVEIRA,
2004).
É notável que as tendências da obesidade não sejam mais restritas a um
determinado grupo étnico ou região. Tem-se observado um aumento constante
desta doença na América do Norte, América Latina, África do Sul, Malásia e
nações do Pacifico. No Brasil, estudos realizados demostram que o sobrepeso
e a obesidade já atingem mais de 20% das crianças e adolescentes, como em
Recife, onde a obesidade já alcança 35% dos adolescentes avaliados.
(OLIVEIRA, 2004; SILVA; BALABAN; MOTTA, 2005).
Estudos epidemiológicos têm mostrado que populações jovens que
apresentam níveis elevados de Colesterol total (CT), Triglicérides (TG) e de
Lipoproteína de baixa densidade (LDL-c) e níveis baixos de Lipoproteína de
alta densidade (HDL- c) estão sujeitas a uma maior incidência de doenças
crônicas, como Diabetes Mellito (DM) tipo 2, doenças cardiovasculares e
coronarianas, o que diminui o tempo de vida livre de doenças por consequência
do aumento de Índice de Massa Corporal da população. Por mais, o nível de
colesterol na infância é fator determinante para o nível de colesterol na vida
adulta. (LIMA, 2004; OLIVEIRA, 2004; GRILLO, 2005).
Alterações metabólicas como resistência à insulina, dislipidemia,
hipertensão, alterações trombogênicas e hiperuricemia estão presentes na
infância e na adolescência. Tais alterações juntamente com histórico familiar,
inatividade física e qualidade nutricional podem contribuir potencialmente para
desenvolvimento de aterosclerose e as demais doenças crônicas nas primeiras
décadas da vida, já que estudos longitudinais clássicos demonstram uma forte
associação entre o excesso de peso na infância e a alta incidência de doenças
cardiovasculares na vida adulta. (OLIVEIRA, 2004; GRILLO, 2005).
Grillo e outros ressaltam que “[...] no Brasil, as doenças cardiovasculares
são a principal causa de morbimortalidade, acontecendo em idade precoce e,
por conseguinte, levando a um aumento significativo de anos perdidos na vida
15
produtiva (GRILLO et al, 2005, p. 76)”.
Estudos epidemiológicos demonstram associação direta entre doença
cardiovascular, especialmente as ateroscleróticas e hipercolesterolemia, sendo
que a maioria destes comprovam que o nível de colesterol na infância é
condizente com o nível de colesterol na vida adulta. (MOURA, 2000;
OLIVEIRA, 2004).
Neste sentido o estudo de Elias (2004), demonstra que o perfil lipídico
desfavorável e aumento da pressão arterial em conjunto a outros fatores de
risco representam para a Organização Mundial da Saúde (OMS) uma condição
para o maior desenvolvimento de aterosclerose na infância.
Para Honorato (2010), quanto mais prevalente a obesidade, maior é o
estímulo para estudar grupos populacionais mais vulneráveis ao problema, em
que se possam levantar questionamentos relacionados à determinação da
etiologia desta patologia. Intervenções na qualidade de vida de crianças e
adolescentes são de suma importância para alertar os períodos críticos no
desenvolvimento da obesidade. Desta forma, recomenda-se a inserção de
atividades preventivas de problemas de saúde e nutrição específicas dentro
das políticas de saúde pública, com objetivo de diminuir os desfechos
negativos na vida adulta.
O organismo humano é um sistema metabólico integrado que através de
cuidados é controlado por vários mecanismos. Por outro ângulo, ele é também
um sistema aberto que interage com o meio ambiente. Apesar das duas
características contraditórias, o organismo trabalha para obter o equilíbrio
interno, porque a interação com o meio externo produz perturbações que na
maioria das vezes causam percas significativas à hibridez do organismo. Por
exemplo, a quantidade e a composição dos alimentos que consumimos
possuem impactos expressivos sobre a nossa saúde, como desnutrição e a
obesidade, que no presente momento são os principais problemas de saúde
pública no mundo. (BAYNES; DOMINICZAK, 2010).
Segundo Baynes e Dominiczak (2010) os principais componentes
estruturais do organismo são as proteínas, os carboidratos e os lipídios. Os
lipídios são utilizados como fonte de energia e estão glicoconjugados com
carboidratos e proteínas, além de compor a espinha dorsal das membranas
celulares. A forma mais simples dos lipídios é os ácidos graxos, triglicerídeos e
16
fosfolipídios, encontrados principalmente no plasma, tecido adiposo e
membranas biológicas, respectivamente.
Os ácidos graxos podem estar livres ou como componentes de lipídios
complexos, quando os ácidos graxos fizerem uma única dupla ligação são
denominados monoinsaturados, já com duas duplas ligações ou mais são
denominados poli-insaturados. Os triglicerídeos estão geralmente esterificados
com o glicerol, formando um triacilglicerol que é armazenado na forma sólida
(gordura). Quando necessário em resposta a sinais hormonais eles são
degradados a glicerol e ácidos graxos, que são liberados no plasma para o
metabolismo de outros tecidos. Os fosfolipídios contêm um espectro de ácidos
graxos ligados ao fosfato esterificado, o fosfato atua como ponte diéster ligando
o diacilglicerídio a um composto nitrogenado polar, frequentemente a uma
colina, etanolamina ou a uma serina. Estas ligações irão formar as principais
estruturas dos fosfolipídios das membranas biológicas. (BAYNES;
DOMINICZAK, 2010).
Segundo Baynes e Dominiczak, (2010) e Henry, (2008) a principal fonte
de lipídios do organismo é a alimentação, e após a ingestão eles são digeridos
e absorvidos. Posteriormente ao processo de metabolização os lipídios da dieta
(Triacilgliceróis, colesterol, ésteres de colesterol, fosfolipídios e ácidos graxos
não esterificados) são absorvidos na superfície das células intestinais do
intestino delgado. A maioria das gorduras hidrossolúveis (ácidos graxos e 2-
monoacilgliceróis) são absorvidas. Enquanto, somente cerca de 30 a 40% das
gorduras lipossolúveis (colesterol) são absorvidas. Através do sistema linfático
os lipídios absorvidos chegam à circulação como quilomícrons e lipoproteínas.
As lipoproteínas plasmáticas transportam todo o colesterol e lipídios
esterificados do sangue para os locais de reserva energética e utilização. As
lipoproteínas estão divididas em quatro classes importantes: Quilomícrons,
Lipoproteínas de densidade muito baixa (VLDL), LDL-c e HDL-c. As
apolipoproteínas são proteínas especificas que compõem a parte proteíca das
lipoproteínas e possuem função importante no transporte de lipídios ativando
ou inibindo as enzimas envolvidas no metabolismo de lipídios e/ou ligando as
lipoproteínas aos receptores de lipoproteínas presentes na superfície celular. A
dosagem das lipoproteínas plasmáticas, colesterol total e triglicerídeos
compõem o perfil lipídico do ser humano, e é baseado na dosagem destes
17
elementos juntamente com a avaliação do perfil genético, comportamental e
alimentar do individuo que se obtêm subsídio para descrição do risco a
doenças crônicas. (HENRY, 2010).
1.1 Justificativa
De acordo com Lima e outros (2004) a prevalência do sobrepeso e da
obesidade na infância aumentou significativamente nos últimos anos, indicando
uma epidemia mundial. Fato preocupante, pois as alterações metabólicas e
consequências oriundas da obesidade que antes eram evidentes somente em
adultos, hoje já são observadas na faixa etária mais jovem.
No Brasil, o processo de transição nutricional (mudanças demográficas,
socioeconômicas e epidemiológicas) nas últimas décadas promoveu somente
nas regiões Sudeste e Nordeste, um aumento na prevalência de sobrepeso e
obesidade de 4,1% para 13,9% em crianças e adolescentes de 6 a 18 anos. A
frequência de obesidade entre os familiares é o fator de risco crucial para que a
criança se torne obesa, isso porque a soma de influência genética com fatores
ambientais (hábitos alimentares) determina o perfil lipídico da criança.
(OLIVEIRA et al, 2004; LIMA et al, 2004).
As concentrações elevadas de triglicérides, colesterol total e sua fração
LDL-c associada à diminuição dos valores de HDL-c aumentam a probabilidade
do desenvolvimento de dislipidemias, que são consideradas um dos principais
fatores determinantes para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
(GRILLO et al, 2005).
De acordo com Elias e outros (2004), respectivamente, a prevalência da
hipertensão arterial entre crianças e adolescentes é estimada em 6 a 8%. Este
aspecto demonstra a importância da orientação e prevenção dos fatores de
risco aos adolescentes, como obesidade, excessiva ingestão de sal e
sedentarismo. Fatores que parecem estar associados à elevação dos valores
da pressão arterial. Para a OMS o perfil lipídico desfavorável e elevação da
pressão arterial e conjunto com fatores de risco particulares representam uma
condição para o desenvolvimento da aterosclerose na infância.
A obesidade gera consequências drásticas a saúde, estudos
epidemiológicos mostram atualmente uma associação do crescimento
18
expressivo na incidência de doenças crônicas, como o diabetes Melitos tipo 2 e
as doenças coronarianas, com a diminuição do tempo de vida livre de doenças,
à medida que ocorre um aumento do IMC da população, resultando em
crianças e adolescentes com síndrome metabólica. (OLIVEIRA et al, 2004).
Tendo como referência os fatores que predispõem os adolescentes a
obesidade e consequentemente doenças crônicas, este estudo viabilizou o
conhecimento de possíveis alterações nos exames bioquímicos em amostras
sanguíneas advindas de adolescentes escolares, que juntamente com as
informações socioeconômicos, culturais e comportamentais concluiu proposta
do projeto. Além disso, a pesquisa forneceu meios a permitir o acesso às
medidas profiláticas que favoreçam a saúde e qualidade de vida dos
adolescentes pesquisados. Em Paracatu, dados sobre o assunto são escassos,
por isso mesmo, torna-se importante conhecer o perfil lipídico de adolescentes,
para que as medidas educativas e preventivas possam ser inseridas na
população.
1.2 Objetivos
O trabalho pesquisado objetivou realizar um levantamento comparativo
do perfil lipídico dos adolescentes escolares de níveis socioeconômicos
divergentes por meio de exames laboratoriais e questionários
socioeconômicos, comportamentais e culturais.
1.2.1 Objetivos Específicos
Realização do Lipidograma completo dos adolescentes;
Aplicação de um questionário que avaliou dados sociais, econômicos,
comportamentais e ambientais dos adolescentes escolares;
Comparação dos resultados laboratoriais com os dados sociais,
econômicos, comportamentais e ambientais da população estudada;
Comparação dos achados laboratoriais das duas escolas
paracatuenses;
Discussão das possíveis consequências das alterações lipídicas nos
adolescentes;
19
Desenvolvimento de atividades de educação em saúde, com ênfase
para a prevenção e reeducação dos hábitos alimentares e
comportamentais.
20
2 REFERÊNCIAL TEÓRICO
De acordo com Brasil (2006), o panorama de doenças não
transmissíveis no mundo e no Brasil tem demostrado um novo desafio para a
saúde pública. O perfil nutricional desenhado no Brasil é complexo,
demostrando a importância de um modelo de atenção á saúde que insira ações
de promoção de saúde, prevenção e tratamento de doenças crônicas não
transmissíveis.
Nos últimos tempos o sedentarismo e o excesso de peso estão
explícitos na vida das crianças e jovens no mundo. A alimentação inadequada
aliada à falta de interesse na pratica de atividade física são características que
levam o individuo a obesidade infantil. A saúde dos jovens é um problema de
responsabilidade pública, toda a sociedade é responsável por buscar soluções
melhores para o futuro das crianças e adolescentes. Atualmente não se gasta
tanta energia em atividades diárias como antigamente, maneira de viver que
provoca transtornos a saúde das pessoas. Vida saudável e ativa na infância
promove benefícios nos aspectos físicos, sociais e emocionais, permitindo o
controle de doenças degenerativas na vida adulta. (ALVES, 2003).
2.1 Perfil Lipídico dos adolescentes
Segundo a OMS, a adolescência compreende a faixa de dez a dezenove
completos, e é constituída como uma fase critica do processo de crescimento e
desenvolvimento humano, determinada por numerosas transformações
relacionadas aos aspectos físicos, psíquicos e sociais do indivíduo.
(LOURENÇO; QUEIROZ, 2010).
A obesidade infantil cresce de forma significativa no mundo
determinando várias complicações na infância e na idade adulta. Na idade
infantil o manejo torna-se mais difícil devido a mudanças de hábitos e
dependência de disponibilidade dos pais, além do escasso entendimento sobre
os danos da obesidade. (MELLO; LUFT; MEYER, 2004).
De acordo com a OMS, a prevalência da obesidade infantil cresceu
cerca de 10 a 40% nos últimos anos na maioria dos países europeus, sendo
que esta ocorre com mais frequência no primeiro ano de vida, entre 5 e 6 anos
21
e na adolescência.(DIETZ e EBBELING apud MELLO; LUFT; MEYER, 2004).
Para Carvalho e outros (2008), a obesidade quando iniciada nos
primeiros anos da vida tende a permanecer ou se agravar com o avançar da
idade. Os fatores sociais, econômicos, demográficos, dietéticos e estilo de vida
determinam as condições de saúde do ser humano. Por consequência da
mudança no perfil epidemiológico no Brasil, as prevalências de dislipidemias,
obesidade, hipertensão arterial sistêmica e diabetes têm crescido
drasticamente entre adultos. (BRASIL, 2006).
De acordo com Araújo (2011), estudos científicos evidenciam a
importância da avaliação dos valores dos lipídios séricos durante a infância,
pois quando elevados nesta fase, tendem a permanecer elevados durante a
vida adulta. Atualmente as doenças devem ser compreendidas em longo prazo,
pois as exposições a fatores físicos e sociais presentes durante a vida
determinam a sua ocorrência e gravidade. Este modelo revela a importância de
investigar possíveis mecanismos biológicos, psicológicos, comportamentais e
sociais dentro da vida do indivíduo e gerações.
No Brasil, a obesidade está presente em todas as classes econômicas,
sendo predominante em indivíduos de classe social mais alta. A condição
socioeconômica influência a obesidade através da educação, da ocupação e
da renda resultando em padrões comportamentais específicos que afetam a
ingestão calórica, taxa de metabolismo e gasto energético. (MELLO, MEYER e
LUFT, 2004).
Existe relação direta entre o colesterol sérico na vida adulta e a
morbimortalidade cardiovascular. Contudo, o colesterol pode ser considerado
importante fator de risco alterável que aflige a história natural do processo
natural de aterosclerose. Estudos epidemiológicos do perfil lipídico de crianças
e adolescentes revelam que o nível de colesterol na infância é um fator
preditivo do nível de Colesterol na vida adulta. (ARAÚJO 2011, CARVALHO et
al, 2007).
Araújo (2011) completa que o colesterol plasmático quando elevado na
infância no decorrer da vida seria potencializado pela obesidade, história
familiar, inatividade física e hipertensão arterial. Por isso é necessário o inicio
da prevenção desde a infância e a adolescência.
Estudos demonstram a associação entre doença coronariana (DAC) com
22
taxas séricas elevadas de CT e LDL- c e taxas reduzidas de HDL – colesterol.
Ainda existem discussões quanto à participação dos triglicerídeos na
aterogênese, mas sua dosagem sérica de rotina é justificada pela sua
frequente vinculação com a doença cardiovascular aterosclerótica e outros
distúrbios metabólicos. Outro fator também relacionado com alterações no
perfil lipídico é o aumento da prevalência de doenças cardiovasculares e
hipertensão arterial em adultos, adolescentes e crianças brasileiras, que
atualmente tem sido associada à diminuição da prática de atividade física e as
modificações no padrão alimentar. (WANG et al apud ARAÚJO, 2011;
CARVALHO et al, 2007).
Para Araújo (2011), a adiposidade em excesso está relacionada a
alterações dos fatores de risco cardiovasculares com CT, LDL-c, HDL-c, TG,
Glicemia e pressão arterial na infância. Sendo que a obesidade está
intimamente ligada com a ocorrência de fatores de risco para doenças
cardiovasculares na juventude. Essa condição também eleva o risco de
aterosclerose na vida adulta e até mesmo na adolescência.
Os níveis séricos de CT, TG e Lipoproteínas sofrem mudanças durante o
curso de vida e sexo do ser humano. Na infância a maior parte do Colesterol é
composta por LDL-c e HDL-c com níveis baixos de TG. As crianças e
adolescentes do sexo feminino possuem níveis séricos de Lipídios e
Lipoproteínas superiores ao do sexo masculino. Essa diferença torna-se mais
expressiva durante a adolescência. A partir dos 10 anos de idade as meninas
apresentam índices maiores de HDL-c do que os meninos, sendo que no final
da adolescência essa diferença aumenta significativamente. As meninas
também apresentam maiores níveis de CT e LDL-c a partir dos 14 anos. Já os
meninos apresentam queda do HDL-c e LDL-c devido à evolução dos estágios
puberais de Tanner. Por isso, recomenda-se obter o perfil lipídico até no
máximo 10 anos de idade, antes dos efeitos da puberdade, para que as
variações que ocorrem durante este período não influenciem o diagnóstico.
(Araújo, 2011).
Para Araújo, (2011) caso haja alteração no perfil lipídico, um novo perfil
dever ser obtido para confirmação do primeiro. Se a alteração persistir as
causas secundárias devem ser excluídas e o tratamento dietético iniciado, e
após 6 a 8 semanas do tratamento outra avaliação deve ser realizada. Araújo
23
(2011) reforça dizendo que, “os pontos de corte preconizados atualmente pelo
National Cholesterol Educaton Program (NCEP) para a classificação de
alteração nos níveis de lipídicos são dirigidos a crianças e adolescentes entre 2
e 19 anos.”(ARAÙJO, 2011.p.31).
Classificação essa que recebe críticas por não levar em consideração
possíveis diferenças entre os sexos e variação natural que ocorre nas
lipoproteínas durante o período de crescimento e maturação sexual,
estimulando pesquisadores importantes na área sugerisse atualização do
NCEP de 1992. Atualmente, foi proposta a utilização dos pontos de corte
definidos a partir do estudo populacional americano NHANES (National Health
and Nutrition Examination Survey). (ARAÚJO, 2011).
Segue abaixo os pontos de corte apresentados pelo NCEP e NHANES:
Tabela 1 – Pontos de corte sugeridos pelo NCEP e NHANES para
classificação de dislipidemia em crianças e adolescentes (mg/dl).
(continua) NCEP NHANES
12 Anos
Colesterol Total M F
Normal <170 <200,3 <184,5
Limítrofe 170 a 199 200,3 a 233,2 184,5 a
211,4
Elevado >ou= 200 >ou= 233,2 >ou= 211,5
LDL
Normal <110 <96,7 <92,0
Acima do
Normal
- 96,7 a 125,2 92,0 a 114,4
Limítrofe 110 a 129 125,3 a 158,8 114,5 a
136,0
Elevado >ou= 130,0 >ou= 153,9 >ou= 136,1
HDL
Normal >60 >ou= 65,7 >ou= 57,2
Baixo <35 <ou= 43,7 <ou= 39,9
24
(Continuação)
NCEP NHANES
12 Anos
TG
Normal <90 <127,4 <141,6
Limítrofe 90 a 129 127,4 a 162,7 141,6 a 179,6
Elevado >ou= 130 >ou= 162,8 >ou= 179,7
NHANES
13 Anos 14 Anos
Colesterol Total M F M F
Normal <200 <184,5 <193,0 <182,1
Limítrofe 200,3 a 233,1 184,5 a 211,4 193,0 a 225,3 182,1-209,1
Elevado >ou=233,2 >ou= 211,5 >ou=225,4 >ou=209,2
LDL
Normal <96,7 <92,0 <94,4 <93,2
Acima do Normal
96,7 a 125,2 92,0 a 114,4 94,4 a 121,7 93,2-115,1
Limítrofe 125,3 a 253,8 114,5 a 136,0 121,85 a 149,2 115,2-137,2
Elevado >ou=123,9 >ou=136,1 >ou=149,3 >ou=137,3
HDL
Normal >ou= 65,7 >ou= 57,2 >ou= 63,4 >ou= 56,8
Limítrofe 65,6 a 43,8 57,1 a 39,9 63,3 a 42,6 56,7 a 40,3
Baixo <ou= 43,7 <ou= 39,8 <ou= 42,5 <ou= 40,2
TG
Normal <127,4 <141,6 <131,0 <135,4
Limítrofe 127,4 a 162,7 141,6 a 179,6 131,0 a 170,7 135,4-170,7
Elevado >ou=162,8 >ou=179,7 >ou=170,8 >ou=170,8
15 Anos 16 Anos
Colesterol Total M F M F
Normal <187,2 <182,5 <188,7 <186,4
Limítrofe 187,2 a 220,3 182,5 a 211,0 188,7 a 223,0 186,4-217,2
Elevado >ou=220,4 >ou=211,1 >ou=223,1 >ou=217,3
LDL
Normal <92,0 <94,0 <93,2 <94,7
Acima do
Normal
92,0 a 118,2 94,0 a 117,1 93,2 a 102,2 94,7-118,6
Limítrofe 118,3 a 144,5 117,2 a 139,5 120,3 a 174,2 118,7-142,2
Elevado >ou=144,6 >ou=139,6 >ou=147,3 >ou=142,3
HDL
Normal >ou=59,9 >ou=57,6 >ou=59,2 >ou=58,4
25
(conclusão)
NHANES
15 Anos 16 Anos
M F M F
Limítrofe 59,8 a 40,3 57,5 a 39,9 59,1 a 39,9 58,3 a 39,9
Baixo <ou=40,2 <ou=39,8 <ou=39,8 <ou=39,8
TG
Normal <138,1 <127,4 <140,7 <129,2
Limítrofe 138,1 a 185,8 127,4 a 158,3 140,7 a 191,1 129,2-161,9
Elevado >ou=185,9 >ou=158,4 >ou=191,2 >ou=162,0
17 Anos 18 Anos
Colesterol Total M F M F
Normal <191,4 <191,0 <195,3 <196,1
Limítrofe 191,4 a 227,3 191,0 a 225,0 195,3 a 232,7 196,1-223,1
Elevado >ou=227,4 >ou=225,1 >ou=232,8 >ou=233,2
LDL
Normal <95,1 <95,5 <97,1 <97,4
Acima do
Normal
95,1 a 122,9 95,5 a 120,9 97,1 a 125,6 97,4 a 124,4
Limítrofe 123,0 a 151,1 121,0 a 145,7 125,7 a 154,6 124,5-150,7
Elevado >ou=151,2 >ou=145,8 >ou=154,7 >ou=150,8
HDL
Normal >ou=59,2 >ou=59,2 >ou=59,6 >ou=59,6
Limítrofe 59,1 a 39,9 59,1 a 39,9 59,5 a 39,9 59,5-39,9
Baixo <ou=39,8 <ou=39,8 <ou=39,8 <ou=39,8
TG
Normal <143,4 <135,4 <146,0 <142,5
Limítrofe 143,4 a 194,6 135,4 a 171,6 146,0 a 198,1 142,5-184,9
Elevado >ou=194,7 >ou=171,7 >ou=198,2 >ou=185,0
Fonte: Qualidade da alimentação e sua associação com perfil lipídico e com índice de
massa corporal em escolares – ARAUJO, 2011.
A Associação Americana do Coração também sugeriu valores de
normalidade para classificar o perfil lipídico de crianças e adolescentes.
Valores estes que seguem o NCEP, com exceção para os Triglicerídeos que
são considerados aumentados quando estiverem acima de 150mg/dl.
(ARAÚJO, 2011).
26
A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) posicionou-se e definiu
pontos de corte para serem utilizados pela nossa população:
Tabela 2 – Valores de referência lipídica propostos para a faixa
etária de 2 a 19 anos
Lipídeos Desejáveis
(mg/dL)
Limítrofes
(mg/dL)
Aumentados
(mg/dL)
CT < 150 150-159 >ou=170
LDL-C <100 100-129 >ou= 130
HDL-C >ou=45
TG <100 100-129 >ou= 130
Fonte: I Diretriz de Prevenção da Aterosclerose na Infância e na Adolescência –
Sociedade Brasileira de cardiologia, 2005.
O conhecimento e avaliação dos principais fatores de risco para a
obesidade na infância são de grande relevância, porque o excesso de tecido
adiposo estar diretamente relacionado com alterações dos fatores de risco
cardiovasculares como CT, LDL-c, HDL-c, TG, glicemia e pressão arterial. A
obesidade estão relacionada com Dislipidemia, resistência a insulina e
Diabetes tipo 2 que consequentemente associa-se a doenças cardiovasculares.
Medidas profiláticas que visam o consumo com gasto energético, alimentação
saudável e a prática de atividade física devem ser desenvolvidas e inseridas na
comunidade, família e escola. As medidas devem ter como base os fatores que
contribuem para o desenvolvimento da obesidade e suas consequências.
(ARAÚJO, 2011).
2.2 Qualidade Nutricional dos adolescentes
Hábitos alimentares na infância são de grande relevância para um
adequado crescimento e desenvolvimento, e refletem nas condições de saúde
de vida adulta. Fatores como preferências e exposições alimentares, a
condição socioeconômica da população, o custo e indisponibilidade dos
alimentos influênciam no hábito alimentar e refletem na qualidade de vida.
(RAUBER apud ARAÚJO, 2011).
27
O aumento da ingestão de calorias é caracterizado por fenômeno de
transição nutricional que juntamente com a composição e qualidade alimentar
se relacionam com a ocorrência da obesidade. Além disso, houve uma
mudança nos padrões alimentares, explicando em partes o crescimento da
adiposidade nas crianças como também o consumo elevado de açucares
simples, sódio, alimentos industrializados, bebidas hipercalóricas, gorduras
saturadas e trans concomitante a diminuição do consumo de carboidratos
complexos, hortaliças, verduras, frutas e leite. Estudos demostram que o atual
padrão alimentar baseia-se em elevado concentração de lipídeos e açúcar
enquanto o consumo de frutas e vegetais esta muito abaixo do recomendado.
(ARAÚJO, 2011).
Os hábitos alimentares na infância são de suma importância para o
desenvolvimento e crescimento adequado, refletindo nas condições de saúde
na vida adulta. Por isso, a relação intima da obesidade com a presença de
fatores de risco cardiovasculares na infância e adolescência. O excesso de
tecido adiposo esta associado com a alteração dos fatores de risco
cardiovasculares como Colesterol Total, Lipoproteína de baixa densidade
(LDL), Lipoproteína de alta densidade (HDL), Triglicérides (TG), glicemia e
pressão arterial em jovens. Sendo que, esta condição aumenta o risco de
aterosclerose na vida adulta e até mesmo na adolescência. Pesquisas
realizadas nas últimas décadas demonstram que alimentação de crianças
avaliadas com instrumento de avaliação alimentar mostra o aumento da
prevalência de fatores de risco para doenças crônicas, como obesidade,
hipertensão arterial e níveis aumentados de colesterol. Existe nos países
desenvolvidos grande oferta de alimentos, porém o consumo relacionado à
qualidade nutricional nem sempre é adequado, onde há excessos e até mesmo
deficiências nutricionais, como nos países em desenvolvimento. Contudo, a
situação nutricional e alimentar da população devem ser avaliados e colocados
como prioridade em qualquer lugar do mundo. Afinal, os hábitos alimentares
das crianças são influenciados por fatores como hábito pessoal e familiar,
educação materna, nível socioeconômico e ambiente cultural. (MONTEIRO;
VICTORA; BARROS, 2004; ARAÚJO, 2011).
28
2.3 Obesidade
Nos últimos 30 anos as prevalências de sobrepeso e obesidade
aumentaram drasticamente. Dentro do cenário epidemiológico do grupo de
doenças crônicas não transmissíveis a obesidade destaca-se por ser uma
doença e simultaneamente um fator de risco para outras doenças crônicas,
como Hipertensão e Diabetes, patologias com taxas de prevalência elevadas
no Brasil. O modo de vida adotado pela população atual determina um padrão
nutricional que aliado ao sedentarismo é uma situação desfavorável á saúde da
sociedade. (BRASIL, 2006).
Doenças e agravos não transmissíveis crescem diariamente, e no Brasil
é a principal causa de óbitos em adultos. A obesidade é ainda um dos maiores
fatores de risco para o adoecimento deste grupo. A profilaxia e o diagnóstico no
inicio da doença são aspectos de suma importância para a promoção de saúde
e diminuição de morbimortalidade não somente por apresentar fatores de risco
percussores de outras doenças, mas por intervir na longevidade e qualidade de
vida, e ainda por produzir complicações diretas na aceitação social dos
indivíduos quando excluídos da estética espalhada pela sociedade atual.
(BRASIL, 2006).
Declarada como epidemia mundial a obesidade esta presente em países
desenvolvidos e subdesenvolvidos acometendo crianças e adolescentes,
tornando-se problema de saúde pública, sendo relacionada com hipertensão
arterial, doença cardíaca, osteoartrite, diabetes mellitus tipo II e alguns tipos de
canceres, tendo maior impacto na morbidade da população. Na adolescência, a
obesidade esta relacionada ao aumento da pressão arterial e dislipidemias, a
elevada ocorrência de diabetes e distúrbios da esfera emocional. (DEVANEY e
KRANZ apud ARAÚJO, 2011; HONORATO et al, 2010; MONTEIRO,
VICTORA, BARROS, 2004).
De acordo com Cornachioni, Zadra e Valentim (2011), observa-se uma
queda muito importante do metabolismo de crianças sedentárias, sendo esta
queda ainda maior quando os jovens são obesos. Fato que pode contribuir
para ocorrência da obesidade e outras doenças. Sendo assim, a obesidade na
infância cresce significativamente a cada dia determinando várias
complicações na infância e durante a vida adulta.
29
Para Who citado por Araújo (2011) a obesidade é uma doença
caracterizada pelo acumulo excessivo de gordura corporal, consequente do
balanço energético positivo que acarreta repercussões a hibridez do
organismo. Hernandes e Valentini (2010) completam descrevendo a obesidade
como um distúrbio nutricional e metabólico que pode ser estudado pelo
aumento da gordura corpórea e consequente aumento do peso corporal.
A obesidade é uma patologia multifatorial com elevado grau de
complexidade de difícil controle e prevenção. Deve ser avaliada e tratada como
uma doença que desenvolve por diferentes fatores de risco mórbidos, sendo
relacionada ao aumento do índice de mortalidade. Crianças e adolescentes
obesos apresentam 2,4 vezes maior chance de ter Colesterol alto no sague e
7,1 vezes de ter taxas elevadas de Triglicérides do que indivíduos eutróficos.
(OLIVEIRA et al, 2004; DAMASO apud CORNACHIONI, ZADRA E VALENTIM,
2011).
Variáveis sociais, ambientais, biológicas e econômicas têm sido
relacionadas à ocorrência de obesidade, que pode ser classificada em causas
neuroendócrina, iatrogênica, alimentação inadequada e/ou inatividade física e
característica proveniente de distúrbio genético. Quando não tratada as
consequências da obesidade refletem por toda vida do individuo, o que
provavelmente limita sua qualidade de vida. (CORNACHIONI; ZADRA e
VALENTIM, 2011, HONORATO et al, 2010).
2.4 Dislipidemias, Doenças vasculares e Cardiovasculares
De acordo com Giuliano e Caramelli (2008), no mundo a prevalência de
dislipidemias em crianças e adolescentes varia de 29 a 33%, quando o nível de
Colesterol Total for superior a 200 mg/dL. No Brasil esta prevalência varia entre
28 a 40 % das crianças e adolescentes, quando o valor sérico do colesterol
Total adotado for superior a 170 mg/dL. Porém, essa prevalência é
subestimada pela III Diretriz Brasileira de Prevenção da aterosclerose, que
estabelece o limiar normal de até 150 mg/dL.
As dislipidemias são alterações metabólicas lipídicas consequentes de
distúrbios em qualquer fase do metabolismo lipídico que proporcionam
repercussões nos níveis séricos de lipoproteínas. As dislipidemias podem ser
30
classificadas em primárias, secundárias e Fredrickson. As dislipidemias
primárias podem ser subdivididas em genótipas (alterações monogênica e
poligênica) e fenótipas, que são avaliadas através de análises bioquímicas que
consideram os valores de Colesterol total, fração LDL, Triglicérides e fração
HDL. As dislipidemias secundárias são aquelas que estão associadas com
outras patologias, e de Fredrikson que avalia o padrão das lipoproteínas em
eletroforese. (JELLINGE e FACE, 2000; BRASIL, 2007).
As dislipidemias podem atuar como evento primário, mas na maioria das
vezes esta atua como evento secundário a obesidade infantil. Atuando como
um dos fatores determinantes para a aceleração do progresso da aterosclerose
e ocorrência de doenças cardiovasculares juntamente com o excesso de peso,
isso porque concentrações elevadas de Colesterol Total, fração LDL e
Triglicerídeos plasmáticos associados a concentrações diminuídas da fração
HDL aumentam a possibilidade dessas doenças ocorrerem. (GRILLO et al,
2005; GIULIANO e CARAMELLI, 2008; CARVALHO et al, 2007).
A importância da dislipidemia na infância cresceu na última década,
quando notou-se sua associação casual com a aterogênese. Consequências
que antigamente eram tradicionalmente descrita em adultos, atualmente se
estendem com grande prevalência e intensidade na idade jovem. (GIULIANO e
CARAMELLI, 2008).
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), perfis lipídicos
desfavoráveis juntamente com elevação da pressão arterial particularmente em
associação com outros fatores de risco representam uma condição ligada ao
maior desenvolvimento da aterosclerose na infância. (ELIAS et al, 2004).
Na avaliação do risco de doença coronariana aterosclerótica, além do
colesterol, as medidas de LDL-c e de TG que atuam como fatores de risco
HDL-c colesterol, atuante na proteção e lipoproteína de muito baixa densidade
(VLDL) – colesterol que é percussor do LDL colesterol tem sido utilizados.
Alguns autores até sugerirem a utilização de razão Colesterol/HDL ou
Colesterol/LDL para avalição do risco de doenças cardiovasculares. (MOURA
et al, 2000).
A hiperlipidemia evidência grande importância para a ocorrência de
aterogênese em crianças e adolescentes. Estudos demostram inicialmente a
infiltração de lipídeos e proteoglicanos na camada intima dos vasos,
31
posteriormente, os macrófagos infiltram e formam células espumosas.
Populações com hiperlipidemias têm frequente presença de placas
ateromatosas na segunda década de vida verificadas em necropsias. Nota-se
também o aumento da espessura médio-intimal arterial na ultrassonografia
quando há disfunção endotelial, especialmente em crianças com elevado nível
da fração LDL colesterol. Estudos revelam também o aumento de
concentrações de mediadores inflamatórios, como interleucina 18 e proteína c
reativa de alta sensibilidade, sugerindo um perfil de estado inflamatório
característico da aterosclerose. Fato potencializado pela obesidade em
decorrência do sinergismo do efeito inflamatório da dislipidemia e do aumento
da relação entre leptina e adiponectina. (GIULIANO e CARAMELLI, 2008).
O inicio da aterosclerose na infância decorrente do aumento do
colesterol plasmático é potencializado pela obesidade dentre outros fatores,
tais como histórico familiar, inatividade física e hipertensão arterial. O processo
de aterogênese inicia-se na infância com a formação de estrias gordurosas
precursoras das placas ateroscleróticas. Na aorta a placa de aterosclerose
começa a surgir a partir dos 3 anos de idade, na adolescência a mesma
começa atingir as coronárias e progride subsequentemente nas outras fases da
vida.(CARVALHO et al, 2007; GRILLO et al, 2005).
A presença de lesões ateroscleróticas precoces nas primeiras décadas
de vida é um aspecto importante que dever ser levado em consideração.
Alterações metabólicas na infância e adolescência podem contribuir para o
desenvolvimento deste processo, já que estudos clássicos demonstram forte
ligação entre o excesso de peso nas primeiras décadas de vida e alta taxa de
morbimortalidade na vida adulta por doenças cardiovasculares. (OLIVEIRA,
2004).
As doenças cardiovasculares são a principal causa de morbimortalidade
no Brasil, ocorrendo em idade precoce levando a um aumento significativo da
perca de anos produtivos durante a vida. Cerca de 1 milhão de óbitos
anualmente são atribuídos a essas doenças, sendo que no Brasil a cada
100.000 habitantes 152,75 foram a óbito. (GRILLO et al, 2005).
Cerca de 60% das crianças e adolescentes com excesso de peso
apresentam pelo menos um fator de risco: hipertensão, dislipidemia ou
32
hiperinsulinemia para a ocorrência de doenças cardiovasculares, sendo que
20% exibem dois ou mais fatores de risco. (GRILLO et al, 2005).
2.5 Hipertensão arterial
Atualmente, a hipertensão arterial tornou-se um dos principais
problemas de saúde pública, representando um fator de risco para ocorrência
de doenças cardiovasculares. (FELICIO, 2008).
De acordo com Elias et al, (2004) apesar da população adulta ter uma
ênfase maior com associação entre pressão arterial e doença arterial
coronariana, acidentes vasculares cerebrais e doenças renais, valores da
pressão arterial demostrados na infância parecem associados com Hipertensão
arterial em idade mais avançada. Estima-se que a prevalência da Hipertensão
arterial varia de cerca de 6% das crianças e 8% dos adolescentes. Sendo
assim, as crianças e os adolescentes devem ser precavidos quanto aos fatores
de risco; obesidade, ingestão excessiva de sal e sedentarismo que influenciam
para ocorrência de elevados valores de pressão arterial quando estiverem na
vida adulta.
Estudos epidemiológicos demonstram que hipertensos exibem perfil
lipídico desfavorável com maior frequência do que a população em geral. A
relação biológica interna entre a pressão arterial e os lipídios parece estar
associada á doença coronariana. (ELIAS et al, 2004).
Para Felício (2008), a Hipertensão arterial caracteriza-se por um valor de
pressão arterial (PA) em repouso além do limiar desejado, 120 por 80 mmHg.
Esta alteração pode acometer a pressão arterial sistólica (PAS), pressão
arterial diastólica (PAS) ou ambas. Denominada “assassina silenciosa”, a
hipertensão arterial é uma doença de evolução insidiosa que na maioria das
vezes progride de forma assintomática, sendo este o ponto mais relevante para
complicações. Ao longo da evolução, as artérias sofrem modificações
estruturais, que provocam diminuição do aporte de sangue em importantes
órgãos-alvos, como coração, cérebro, rins e olhos.
33
2.6 Diabetes Mellitus
De acordo com Vieira (2010) e Santos, Balzaneli e Andrade (2009), o
Diabetes Mellitus (DM) é uma doença crônica, que a cada ano acomete 150
milhões de pessoas no mundo, sendo mais de 90% dos casos são de DM do
Tipo 2, com o agravante que muitas delas desconhecem que são portadoras da
doença, podendo ser considerado um problema de saúde publica.
O diabetes é uma condição crônica de saúde evidenciada basicamente
pelo excesso de glicose no sangue e síntese deficiente de insulina pelo
pâncreas. O aparecimento da doença se dá pela alteração da quantidade de
insulina produzida pelo pâncreas, órgão responsável pela manutenção dos
níveis normais de glicose no sangue. Caracterizada por hiperglicemia crônica,
esta exibe alterações no metabolismo dos carboidratos, lipídeos e proteínas.
(SANTOS; ENUMO, 2003; QUEIROZ, 2008).
Estima-se que cinco milhões de brasileiros sejam diabéticos, sendo que
metade deles desconhecem seu diagnóstico, com incidência de 1 ou 2 para
cada 1000 crianças e adolescentes com Tipo I. Ocupa a quarta causa de
mortes no país, além de ser a segunda doença crônica mais comum na
infância e adolescência. Fato que demonstra que atualmente o diabetes é um
dos mais importantes problemas de saúde devido à incapacitação produzida,
pelo número de pessoas afetadas, mortalidade e custos do tratamento.
(SANTOS; ENUMO, 2003).
De acordo com Santos e Enumo (2003) O Diabetes mellitus é o motivo
maior de preocupação na adolescência, a doença pode comprometer o
desenvolvimento físico. Estudos demonstram que o mau controle do diabetes
pode levar a um quadro de atraso no crescimento, consequência dos episódios
de internação por cetoacidose, gerando também infelicidade, tristeza e
desânimo. Relatam-se também dificuldades escolares e sociais devido a uma
diminuição na auto-estima, decorrentes dos cuidados exigidos pela doença,
que fazem com que os jovens sintam-se diferentes dos demais adolescentes.
Contudo, se a patologia for controlada com a prática de atividades físicas, dieta
e controle glicêmico interferências significativas poder ser evitadas no curso do
crescimento, maturação sexual e até mesmo do desenvolvimento psico-
emocional.
34
Complicações em longo prazo ocorrem devido a alterações micro e
macrovasculares que provocam disfunção, dano ou falência de vários órgãos, e
induzem os diabéticos a exibirem elevado risco de doença vascular
aterosclerótica, como as doenças coronarianas, arterial periférica e vascular
cerebral, que são as principais responsáveis pela morbidade e mortalidade e
demostram a principal causa de morte de 52% dos pacientes com DM.
(SANTOS; BALZANELI; ANDRADE, 2009).
Segundo Santos, Balzaneli e Andrade (2009) a hipertensão arterial
sistêmica (HAS) acomete cerca de um bilhão de pessoas no mundo,
representando um fator de risco independente para doença cardiovascular.
Sendo que cerca de 70% dos pacientes com DM Tipo 2 são acometidos e 80%
morrem devido a eventos trombóticos associados com HAS e dislipidemia. O
reconhecimento de alterações do perfil lipídico é de extrema importância,
principalmente quando a patogênese multifatorial do diabetes pode-se
complicar pela HAS e ambas estão ligadas a resistência insulínica, contribuindo
com aumento do risco de doenças cardiovasculares.
Diabetes Mellitus (DM) engloba um grupo de doenças metabólicas
caracterizadas por hiperglicemia e associada a complicações, disfunções e
insuficiência em vários órgãos, principalmente olhos, rins, nervos, cérebro,
coração e vasos sanguíneos. Consequente de defeitos de secreção e/ou ação
de insulina que envolve processos patogênicos específicos, como por exemplo,
destruição de células beta do pâncreas, resistência á ação da insulina,
distúrbios da secreção da insulina, entre outros. Classificada em diversos tipos
que se diferem quanto à causa, evolução clínica e tratamento. O DM Tipo 1 é
uma doença auto-imune órgão-específica onde ocorre uma lesão nas células
beta do pâncreas ou outras patologias que prejudicam a síntese da insulina. Já
no DM Tipo 2 ocorre o contrário, ocorre o aumento da concentração de insulina
plasmática em resposta compensatória das células beta pancreáticas a uma
menor sensibilidade dos tecidos alvos aos efeitos metabólicos, condição
denominada resistência insulínica. Em consequência da redução da
sensibilidade da insulina a utilização e armazenamento dos carboidratos,
aumentam o nível de glicose sanguínea e estimula o aumento compensatório
na secreção de insulina. (GUYTON, 2006; VIEIRA, 2010; QUEIROZ, 2008).
35
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Descrito abaixo a metodologia adotada para realização do trabalho.
3.1 Tipo de Pesquisa
De acordo com Richardson (2007), o método de pesquisa significa a
escolha de procedimentos sistemáticos para a descrição e explicação de
fenômenos pesquisados.
O trabalho em pesquisa trata-se de um trabalho de campo quantitativo-
descritivo com delineamento de levantamento de dados, onde será realizada
pesquisa empírica para análise de características de um público delimitado
quanto idade e classe escolar. Este estudo utilizou artifícios quantitativos,
questionários e procedimentos de amostragem, para a coleta sistemática de
dados que forneceram resultados para a verificação da hipótese discutida
(MARCONI & LAKATOS, 2010).
Segundo Marcone e Lakatos (2010), a pesquisa de campo é utilizada
como meio de obter informações e/ou conhecimentos sobre um dado
problema, no qual objetiva-se encontrar uma respostar ou em uma hipótese
que se espera comprovar. Além de encontrar novas manifestações e relações
entre eles.
Na pesquisa de campo observam-se fatos e fenômenos na maneira em
que ocorrem espontaneamente, por meio de controles adequados e objetivos
pré-estabelecidos que diferenciem suficientemente o que deve ser coletado
(MARCONI & LAKATOS, 2010).
3.2 Delimitação do Público-alvo
O público-alvo da pesquisa constitui-se de alunos do ensino fundamental
e Médio, regularmente matriculados em duas escolas de níveis
socioeconômicos diferentes, uma escola de ensino particular: Centro
Educacional Brasil (CEBRAS) e uma escola de ensino público: Escola Estadual
Altina de Paula Guimarães localizadas na cidade de Paracatu, Minas Gerais.
36
3.3 Critérios de inclusão e exclusão
Os critérios para inclusão do público alvo na pesquisa foram:
Os alunos deviam ser devidamente matriculados nas escolas
pesquisadas;
Alunos com faixa etária que compreende a adolescência;
Estudantes da oitava série do Ensino fundamental ou o primeiro
ano do Ensino Médio.
Os critérios de exclusão do público alvo da pesquisa foram:
Alunos portadores de deficiências ou doenças que não
compatibilizem com os termos ou procedimentos da pesquisa;
Alunos que fazer tratamento para acnes com o medicamento
RoaKutan;
Alunos que façam uso contínuo de medicamentos a base de
corticóides;
Todos os adolescentes que dispuseram a participar da pesquisa
estavam dentro dos critérios de inclusão e nenhum apresentou critérios de
exclusão.
3.4 Caracterização do Município
A cidade de Paracatu localiza-se no planalto central do noroeste do
estado de Minas Gerais e abrange uma área total de 8.229,11 km2 com 83.560
habitantes de acordo com estimativa populacional do IBGE de 2009, sendo que
a maioria esta centrada da zona urbana. A capital de Minas Gerais, Belo
Horizonte está localizada a 490 km de Paracatu. Em meados de 1693, a cidade
foi descoberta e ocupada pelos bandeirantes que foram atraídos pela
exploração do ouro local. O município apresenta terrenos planos e elevados,
com destaque para as montanhas e vales. A altitude média é de 500 a 950
metros em relação ao nível do mar. A Bacia do São Francisco e Bacia do
Paraná banham a cidade, sendo que o rio Paracatu é o afluente de maior
importância para a hidrografia da cidade, atualmente usado para a irrigação de
lavouras e pescaria. O ecossistema predominante da cidade é o cerrado com
37
fauna e flora típicas e clima tropical semi-úmido, com invernos secos e verões
chuvosos. A economia da cidade baseia-se nas atividades agropecuárias
(bovinocultura de corte e leiteira, produção de grãos, cereais e frutas) e
exploração e extração de minério (ouro e zinco). A economia da cidade cresceu
por consequência do aumento da população. Assim, a geração de resíduos
pelos estabelecimentos domésticos e comerciais provoca impacto sócio-
ambiental na cidade. (MACEDO, 2005).
3.5 Fatores éticos
Inicialmente para o desenvolvimento do trabalho, o projeto de pesquisa
foi aprovado pelo Secretário de Saúde da cidade de Paracatu, MG. Em
seguida, as diretoras das escolas interessadas aprovaram e assinaram os
ofícios e termos de autorização para a realização do projeto. Os ofícios e
termos de autorização assinado estão em Apêndice A e B.
Posteriormente a aprovação do diretório escolar foi realizada uma
palestra ministrada pela acadêmica responsável pelo projeto, com caráter
educativo com os alunos para apresentá-los à natureza do trabalho, seus
objetivos, métodos, benefícios e riscos inerentes as possíveis alterações
lipídicas e suas consequências. Os alunos que aceitaram a participar do projeto
entregaram no dia da coleta sanguínea o termo de consentimento livre e
esclarecido assinado pelos seus responsáveis (Apêndice C).
3.6 Caracterização do Local de estudo
O CEBRAS (Centro Educacional Brasil) é um colégio de ensino
particular, localizado na Rua Orlando Ulhôa Batista, 380 – Paracatu-MG. O
colégio foi fundado por Márcio José dos Santos e Walderez Porto Gonçalves
dos Santos no ano de 1990. O colégio trabalha com ensino maternal, primário,
fundamental e ensino médio.
A EEAPG (Escola Estadual Altina de Paula Guimarães) é uma escola
estadual de ensino público, localizada na Rua dos Operários, 160, Bairro Vila
Mariana – Paracatu-MG. A escola oferece ensino gratuito a crianças e
adolescentes de classes sociais menos favorecidas.
38
O Laboratório Santa Lúcia é um laboratório de Análises Clínicas fundado
juntamente com a Policlínica São Lucas. Este se localiza na Rua Geraldo
Álvares da Silva Campos, 477, Bairro Santa Lúcia na cidade de Paracatu –
MG. A Biomédica Mara Cristina Aranha Fernandes em sociedade com o
Médico Marcelo Mendes Fernandes são os proprietários e responsáveis
técnicos do laboratório. O laboratório possui selo de qualidade outorgado pela
Sociedade Brasileira de Análises Clínicas, certificado como excelente pela
ABNT/INMETRO/NBR ISO 9002.
3.7 Desenvolvimento do estudo
A palestra educativa ministrada no contato inicial objetivou explicar o
conteúdo pesquisado pelo projeto, expondo informações básicas que
esclareceram bem o assunto em discussão. Ao final da palestra foi aplicado
aos alunos um questionário sócio-cultural, econômico e comportamental,
objetivando avaliar estes parâmetros na população em estudo (Apêndice D). O
questionário foi lido em voz alta para entendimento de todos os alunos. Ainda
neste encontro os pesquisados foram informados sobre o procedimento
completo de coleta de dados, que foi realizado no dia seguinte ao encontro de
apresentação do projeto.
3.7.1 Pesquisa socioeconômica, cultural e comportamental
Aspectos socioeconômicos, culturais, e comportamentais foram
investigados através da aplicação de um questionário aos alunos pesquisados.
Os questionários padronizados foram compostos por um cabeçalho de
identificação e perguntas fechadas que foram aplicados aos alunos juntamente
com o termo de consentimento livre e esclarecido no primeiro encontro. Os
alunos levaram o questionário para discutirem e responderem juntamente com
os pais, e devolveram juntamente com o Termo livre esclarecido assinado pelo
responsável no dia da realização da coleta de amostra.
3.7.2 Caracterização da coleta sanguínea
39
Após o primeiro contato foi realizada a segunda visita para a coleta de
amostra sanguínea para realização dos exames bioquímicos. Na primeira visita
foi explicado todo o procedimento de coleta, inclusive o tempo de jejum exigido
para realização do lipidograma. Todos os alunos relataram fazer jejum de 12
horas para coleta da amostra apropriada para realização dos exames.
Foi montado um boxe de coleta em cada uma das escolas pesquisadas
no local destinado pela direção. Os boxes foram compostos de uma cadeira
escolar de braço, mesa de apoio para suporte de materiais (seringas, agulhas,
luvas, algodão, curativo, tubos seco a vácuo, estante para tubos, garrote e
álcool 70%). A coleta sanguínea foi realizada pela acadêmica Rayany Márcia
Alves Vieira, supervisionada pela Biomédica Coorientadora do projeto Mara
Cristina Aranha Fernandes.
No inicio do horário de aula foi formado uma fila com os alunos
pesquisados para o inicio da coleta. Inicialmente foi recolhido o termo de
consentimento livre e esclarecido juntamente com o questionário respondido,
por conseguinte o aluno sentou- se na cadeira e a acadêmica portando os EPIs
necessários iniciou o procedimento. O nome completo e o número do aluno
foram transcritos para o tubo de coleta, ficha de identificação (Apêndice E) e
para o mapa bioquímico (Apêndice F). Em seguida, foi colocado o garrote no
braço do aluno pesquisado, realizando a assepsia com um chumaço de
algodão umedecido no álcool 70% com movimentos de cima para baixo
repetido por três vezes para em seguida efetuar a punção venosa, a fim de
retirar com a seringa descartável 5 ml de sangue. Ao efetuar a conecção da
agulha com a seringa o êmbulo foi movimentado para descolamento do
mesmo. Foi utilizada para a coleta a agulha de 25x7 mm, com uma seringa de
um volume total de 5 ml. Ao encerrar a punção o aluno foi orientado pressionar
o algodão com o dedo e manter o braço esticado para não haver
extravasamento de sangue para os tecidos. Por conseguinte, a amostra
coletada foi colocada no tubo a vácuo siliconado de 9 ml, já identificado no
início da coleta. Por fim, a seringa foi descartada juntamente com a agulha em
um coletor para materiais perfurocortantes e após colocar um curativo no local
da punção o aluno foi encaminhado para um café da manhã.
40
3.7.3 Caracterização da Análise Bioquímica
Após o encerramento da coleta os alunos foram informados da data de
entrega dos laudos e dispensados para retorno as aulas. As amostras
sanguíneas foram levadas rapidamente para o Laboratório Santa Lúcia, onde a
acadêmica Rayany Márcia realizou os exames supervisionada pelas
Biomédicas Maraíza Cristina e Mara Cristina.
Inicialmente, os tubos devidamente identificados foram calibrados e
colocados na centrifuga para centrifugar por 5 minutos a 3000 rotações por
minuto. Após centrifugação a parte líquida foi separada dos elementos
figurados, e o soro (parte líquida com elementos da coagulação consumidos)
foi separado do coagulo em tubos de ensaio devidamente identificados com
nome e número do aluno.
Por conseguinte, iniciou-se a etapa de análise das amostras. O controle
interno de qualidade do Laboratório foi realizado antes das análises para
avaliação de todos os procedimentos e parâmetros utilizados.
O lipidograma é composto pela dosagem sérica de CT, HDL-c e
Triglicérides e cálculo do LDL – c e VLDL-c. Após dosá-los utilizando a
calculadora os demais os parâmetros foram calculados de acordo com fórmula
de Friedewald e Cols, recomendadas pela American Academy of
Pediatrics.(RIBAS e SILVA, 2009). Segue abaixo a fórmulas para os cálculos:
VLDL-c = Triglicérides / 5
LDL-c = Colesterol total – (VLDL + HDL-c)
Durante esta fase analítica foi utilizada o aparelho semiautomático Bio
2000, centrifuga, homogeneizador, banho maria, pipetas de vidro, micropipetas,
ponteiras, estantes e os kits LABTESTE de Colesterol, HDL-c e triglicérides. O
aparelho utilizado para a dosagem bioquímica foi o Bio 2000, um aparelho
semiautomático de alta performance, compacto, versátil que inclui todos os
componentes de hadware e software para executar os mais variados testes.
Este sistema de Bioquímica é composto por fotômetro, bomba impressora,
teclado e display, componentes que facilitam a rotina bioquímica dentro do
41
laboratório de análises clínicas. Devido à alta capacidade da bomba do Bio
2000 aspirar pequeno volume, os testes têm sua reprodutibilidade aumentada.
As amostras separadas após centrifugação foram organizadas em
ondem numérica crescente em uma estante enquanto em outra foram
colocados os tubos de ensaio para realização das reações. As dosagens de
CT, HDL-c e TG foram determinados por métodos enzimáticos utilizando
reagentes LABTEST.
O Colesterol Total foi o primeiro exame realizado, o Kit LABTESTE de
Colesterol total é composto por um reagente de colesterol e o padrão. Foi
tomado um tubo para o calibrador e os outros para reação de cada amostra,
estes foram identificados, com o número, nome e exame. No tubo de ensaio
padrão foi pipetado 0,5 ml de reagente de colesterol mais 5 ul do calibrador.
Nos tubos de ensaios para reação da amostra foi pipetado 0,5 ml de reagente
de colesterol e 5 ul da amostra. As reações foram homogeneizadas e
incubadas a 37 graus no banho maria. Em seguida foi realizada a leitura no
aparelho semi-automático Bio 2000, onde os parâmetros do Kit Labtest já
foram devidamente cadastrados. O aparelho ler as absorbâncias e
automaticamente já efetua os cálculos liberando o resultado final, que foram
atenciosamente anotados no mapa bioquímico.
Em seguida foi realizado HDL colesterol, O Kit HDL colesterol e
composto pelo reagente precipitante e padrão, porém é necessário utilizar o
reagente de colesterol LABTEST para realizar o exame. Novamente foram
separados os tubos e identificados com número, nome e exame. Em um tubo
12 x 75 foi colocado 200 ul do padrão mais 200 ul do reagente precipitante, e
nos demais tubos identificados respectivo as amostras foram pipetas 200 ul da
amostra e 200 ul do precipitante, em seguida foram agitados vigorosamente
por 30 segundos no homogeneizador. Os tubos foram levados para á
centrifuga por 15 minutos a 3500 rotações por minuto. Após a centrifugação
formou-se um botão no fundo tubo, pois as lipoproteínas de muita baixa
densidade (VLDL) e as lipoproteínas de baixa densidade (LDL) são
quantitativamente precipitadas e colesterol ligado às lipoproteínas de alta
densidade (Colesterol HDL) é determinado no sobrenadante. Os tubos foram
retirados da centrifuga com cuidado e pipetados 50 ul do sobrenadante
imediatamente em outro tubo de ensaio com 0,5 ml de Reagente de colesterol,
42
as reações foram homogeneizadas e levadas ao banho maria para incubação
por 10 minutos. Por conseguinte, foi realizada a leitura no Bio 2000 e anotado
os resultados.
Por fim, foi realizada a dosagem de triglicérides com Kit LABTESTE,
este é composto pelo regente de triglicérides e pelo padrão. Em um tubo
denominado calibrador foi pipetado 0,5 ml de reagente mais 5 ul do calibrador e
nos tubos testes devidamente identificados foram pipetados 0,5 ml de reagente
mais 5 ul de soro. Todos foram homogeneizados e incubados por 10 minutos a
37 graus no banho maria. Em seguida, as reações foram lidas e os resultados
anotados.
Os resultados fora do valor de referência proposto pelo kit LABTEST
foram todos repetidos para confirmação. Em seguida, os laudos foram
montados, conferidos e devidamente assinados pela Biomédica supervisora de
todo o procedimento para entregá-los aos alunos pesquisados.
3.7.4 Plotação de resultados
Todos os resultados obtidos através do questionário e da analise
bioquímica foram compilados e apresentados através de gráficos e/ou tabelas
no Microsoft Word e Excel, 2010. Sendo que para os resultados da analise
bioquímica, antes da compilação foi realizada a média aritmética de acordo
com os valores de referência preconizados pelo laboratório em acordo com a
bula dos testes utilizados (LABTEST).
Realizou-se uma classificação do perfil lipídico de acordo com os valores
preconizados pela SBC também demonstrados em gráficos.
3.7.5 Atividades de educação em saúde
Tendo como referência os resultados obtidos junto à investigação
socioeconômica, cultural e comportamental e com a analise bioquímica das
amostras foi realizada atividades de educação em saúde com enfoque
preventivo através de uma breve reunião com os alunos pesquisados.
Foi realizada uma reunião com o público pesquisado. Durante a reunião
a acadêmica Rayany Márcia apresentou os resultados obtidos na pesquisa e
desenvolveu uma palestra educativa com incentivo a alimentação balanceada
43
nutritiva, prática de atividades físicas e controle laboratorial rotineiro. No final
da palestra foi aberto tempo para perguntas e em seguida os laudos foram
entregues aos alunos. Por fim, em forma de agradecimento os alunos foram
homenageados e presenteados com uma simples lembrança. Em anexo A o
modelo do laudo entregue para os alunos.
44
4 RESULTADOS
A seguir descrito os resultados da pesquisa.
4.1 Análise Bioquímica
Após a realização e assinatura dos exames bioquímicos, os resultados
foram avaliados e separados de acordo com cada escola. Por conseguinte,
realizou-se a média aritmética da escola pública e particular de cada parâmetro
que compõe o Lipidograma. A escola particular apresentou resultados de
Colesterol Total, LDL- colesterol e Triglicérides superiores e HDL- colesterol
inferiores aos da escola pública (GRAF. 1). Ressalta-se que de acordo com os
valores de referência do Laboratório onde foram realizadas as análises que se
baseiam no Kit LABTEST nenhuma das escolas demonstraram valores fora do
desejável. Contudo, quando avaliados de acordo com os parâmetros da SBC a
escola particular manteve-se com valores indesejáveis.
Como descrito na Tabela 2, a SBC preconiza valores de normalidade
para á classificação do perfil lipídico de crianças e adolescentes de
naturalidade brasileira. Sendo os valores de referência do Laboratório
baseados em estudos com a população geral, os resultados dos alunos foram
classificados de acordo com os valores determinados pela SBC para uma
melhor delimitação. A maioria dos alunos da escola particular obteve resultados
aumentados, enquanto que a maioria dos alunos da escola pública manteve-se
dentro dos valores desejáveis (GRAF. 2 e 3).
45
Gráfico 1 - Média do Perfil Lipídico dos Adolescentes
50,6
69,3
20,05
100,2
44,5
108,3
24,5
122,5
140,06
177,38
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
C oles terol
T otal
HDL L DL VL DL T rig lic erídes
P úblic a P artic ular
Fonte: Dados da Pesquisa
Gráfico 2 – Classificação do Colesterol Total e Triglicérides dos Alunos
Pesquisados com Base nos Valores Preconizados pela SBC
66,60%
16,60%
16,60%
15,40%21,10%
61,50% 62,50%
20,20%
8,30%
30,80%
30,80%
38,40%
CT Escola
Pública
CT Escola
Particular
TG Escola
Pública
TG Escola
Particular
Desejável
Limítrofe
Aumentado
Fonte: Dados da Pesquisa
46
Gráfico 3 – Classificação do Colesterol Total e Triglicérides dos Alunos
Pesquisados com Base nos Valores Preconizados pela SBC
Fonte: Dados da Pesquisa
4.2 Pesquisa socioeconômica, cultural e comportamental
Foram entregues 37 questionários que descreviam a situação social,
econômica e comportamental dos alunos juntamente com o termo de
consentimento livre e esclarecido a cada um dos alunos que se dispuseram a
participar da pesquisa, que foram devolvidos respondidos e assinados no dia
da coleta sanguínea.
Dos 37 alunos participantes 24 eram estudantes da escola pública e 13
estudantes da escola particular. A faixa etária do público alvo variou de 13 a 17
anos, sendo a maioria de 15 anos na escola pública e 14 anos na escola
particular (GRAF. 1). Quanto ao sexo, nas duas escolas a maioria dos
participantes foi do sexo feminino (GRAF.4 e GRAF. 5).
47
Gráfico 4 - Idade dos Adolescentes
Fonte: Dados da Pesquisa
Gráfico 5 - Sexo dos Adolescentes da Escola Pública
Fonte: Dados da Pesquisa
48
Gráfico 6 - Sexo dos Adolescentes da Escola Particular
Fonte: Dados da Pesquisa
Nos dados sócio-culturais questionados aos estudantes adolescentes do
Ensino Fundamental e Médio, a renda familiar mensal descrita pelos alunos da
escola particular foi superior aos da escola pública (GRAF. 6), sendo que a
superioridade se encaixa em rendas acima de dois salários mínimos, enquanto
que a maioria dos alunos de escola pública relatou renda de somente um
salário mínimo. Contudo, o número de integrantes das famílias dos
pesquisados foram na maioria de 4 a 6 pessoas (GRAF. 7). Fato que
demonstra a diferença na qualidade de vida dos alunos. Ressalta-se que
quanto as profissões dos responsáveis pelos alunos obteve-se variáveis
demonstradas no Gráfico 8 e 9.
49
Gráfico 7 - Renda Familiar do Público Estudado
Fonte: Dados da Pesquisa
Gráfico 8 - Número de Pessoas na Família
Fonte: Dados da Pesquisa
50
Gráfico 9 - Profissão dos Responsáveis pelos Adolescentes da Escola
Pública
Fonte: Dados da Pesquisa
Gráfico 10 - Profissão dos Responsáveis pelos Adolescentes da Escola
Particular
Fonte: Dados da Pesquisa
Quando questionados quanto à alimentação, praticamente metade dos
adolescentes pesquisados relatou consumir uma dieta balanceada, já a outra
51
parte relatou consumir sim uma dieta balanceada, mas em conjunto com Fast-
Food e guloseimas (GRAF. 10). Uma pequena parte dos alunos relatou ainda
ser vegetariano e não consumir verduras, legumes e frutas.
Gráfico 11 - Alimentos Consumidos Pelos Adolescente
Fonte: Dados da Pesquisa
Em relação à prática de atividades físicas, a escola particular obteve
maior número de alunos que disseram praticá-las do que a escola pública
(GRAF. 11). Sendo, que nas duas escolas ocorrem aulas de educação física,
com a diferença que na particular o incentivo e número de modalidades
esportivas são bem maiores. Porém, o tempo de uso do computador foi
superior para os alunos de escola particular, onde a maioria deles relatou
52
ficarem 2 horas na frente do computador, enquanto as maiorias dos alunos de
escola pública disseram ficar menos que duas horas no computador como
demonstrado no Gráfico 12.
Gráfico 12 - Prática de Atividade Física Regularmente
Sim Não As Vezes
29,20% 29,20%
41,60%
69,20%
7,60%
23%
Pública
Particular
Fonte: Dados da Pesquisa
53
Gráfico 13 - Tempo de Uso do Computador
Menos queDuas Horas
Duas Horas Entre Tês eQuatroHoras
Mais queQuatroHoras
Não PossuoComputador
41,60%
16,70% 16,70%
12,50%15,50%
23%
53,80%
15,30%
7,30%
0,00%
Pública
Particular
Fonte: Dados da Pesquisa
A pesquisa de doenças crônicas na família iniciou-se com o
questionamento sobre a obesidade da família, onde mais de 50% dos alunos
das duas escolas relataram ter alguém acima do peso na família (GRAF. 13).
Ressalta-se que o integrante mais obeso da família dos pesquisados da escola
pública foi a mãe, já na escola particular mais de 50% relataram ter mais de um
integrante obeso na família, como descrito pelo Gráfico 14.
54
Gráfico 14 - Obesidade na Família
Fonte: Dados da Pesquisa
Gráfico 15 - Integrantes Obesos na Família
Fonte: Dados da Pesquisa
Os portadores de hipertensão arterial na família dos alunos pesquisados
foram bem equilibrados, onde na escola particular obteve-se um maior índice
de pessoas portando a doença como revela o Gráfico 15. Levando em
consideração os alunos que disseram sim, na escola pública dos 45,80%
55
portadores de hipertensão arterial, 36,3% são mais de um integrante da família,
27,2% são as mães, 8,1% são os pais e 9,1% os parentes próximos. Na escola
particular dos 53,80%, 28,5% são os pais, 28,5% os parentes próximos, 28,5%
mais de um integrante da família e 14,2% as mães.
Gráfico 16 - Portadores de Hipertensão Arterial
Fonte: Dados da Pesquisa
Os portadores de diabetes na família dos pesquisados foi pequeno, onde
os alunos da escola pública apresentou maior úmero de portadores (GRAF.
16). Dos 29,2% portadores da doença na escola pública 85,7% são parentes
próximos e 43% a mãe dos alunos. Já na escola particular com apenas 7,6%,
os portadores são os avós do público pesquisado.
56
Gráfico 17 - Portadores de Diabetes Melitos
Sim Não Não Informou
29,20%
58,30%
12,50%
7,60%
76,90%
15,30%
Pública
Particular
Fonte: Dados da Pesquisa
Quando questionados sobre os portadores de doenças cardiovasculares
na família mais de 50% dos alunos relataram não ter ninguém na família
(GRAF. 17). Os 25% da escola publica que relataram ter algum portador de
doenças cardiovasculares na família, 83,3% são parentes próximos e 16,6%
são pais dos alunos, já na escola particular onde 34,4% disseram ter
portadores da doença na família, 60% são mais de um integrante a família e
40% parentes próximos dos adolescentes pesquisados.
57
Gráfico 18 - Portadores de Doenças Cardiovasculares
Sim Não Não Informou
25%
62,50%
12,50%
38,40%
61,50%
0,00%
Pública
Particular
Fonte: Dados da Pesquisa
Outros elementos importantes pesquisados foram taxas de Colesterol e
Triglicérides elevados no sangue, onde a maioria dos alunos relatou não ter
ninguém com os índices aumentados na família, como descritos nos Gráficos
18 e 19. Da pequena parte que disse ter alguém com os índices elevados na
família, dos 29,1% a escola pública 42,8% foram ás mães, 28,7% eram
parentes próximos e 28,57% mais de um integrantes da família; da escola
particular dos 46,2%, 33,3% foram os pais, 33,3% foram parentes próximos e
16,6% mais de um integrante da família.
58
Gráfico 19 - Portadores de Colesterol Alto
Sim Não Não informou
29,10%
62,50%
8,30%
46,20%
53,80%
0,00%
Pública
Particular
Fonte: Dados da Pesquisa
Gráfico 20 - Portadores de Triglicérides Alto na Corrente Sanguínea
Sim Não Não informou
12,50%
66,60%
16,60%
38,40%
61,60%
0,00%
Pública
Particular
Fonte: Dados da Pesquisa
59
Quanto ao questionamento do aluno ou alguém da família ser portador
de outras doenças, grande maioria dos adolescentes pesquisados respondeu
não ter nenhuma, demonstrado no Gráfico 20. A pequena porcentagem que
respondeu ter outras doenças presentes na família referiu-se a doenças
respiratórias e alérgicas.
Gráfico 21 - Portadores de Outras Doenças
Sim Não Não Informou
20,80%
62,50%
16,70%15,30%
84,70%
0,00%
Pública
Particular
Fonte: Dados da Pesquisa
Quanto ao questionamento sobre a rotina com os adolescentes fazem
consultas médicas e exames laboratoriais de rotina os resultados foram
surpreendente, pois mesmo os adolescentes de condição socioeconômica
superiores apresentaram resultados desfavoráveis, como demonstrados nos
Gráficos 21 e 22.
60
Gráfico 22: Rotina que Fazem Consultas Médicas
Mais de duasvezes por ano
Duas vezes aoano
Uma vez aoano
Somentequando esta
doente
4,10% 4,10%8,30%
83,30%
21,40%
0,00%7,60%
69,20%
Pública
Particular
Fonte: Dados da Pesquisa
Gráfico 23: Rotina que Fazem Exames Laboratoriais
Mais de duasvezes por ano
Duas vezes aoano
Uma vez aoano
Somentequando está
doente
0,00%4,10% 4,10%
87,50%
0,00%
7,60%
30,70%
61,50%
Pública
Particular
Fonte: Dados da Pesquisa
61
Outro importante aspecto pesquisado foi o conhecimento dos alunos
sobre o Lipidograma Completo, onde quase 100% dos alunos das duas escolas
disseram não conhecer o exame (GRAF. 23).
Gráfico 24: Conhecimento do Lipidograma Completo
Sim Não
0,00%
100,00%
7,60%
92,30%
Pública
Particular
Fonte: Dados da Pesquisa
Os alunos revelaram também a rotina com que vão à nutricionista, onde
a maioria deles disseram nunca ter procurado o serviço prestado por este
profissional (GRAF. 24).
62
Gráfico 25: Rotina que Vai ao Nutricionista
Uma vez por ano Quando necessitei dedieta
Nunca fui
4,10%8,30%
87,50%
0,00%
30,70%
76,90%
Pública
Particular
Fonte: Dados da Pesquisa
63
5 DISCUSSÃO
De acordo com Grilo et al, (2005), atualmente, no Brasil estudos que
descrevem a prevalência de alterações lipídicas na faixa etária infanto-juvenil
são escassos, porém entre os realizados os valores percentuais são
divergentes, apontando valores superiores aos encontrados nos alunos de
escola pública e inferiores aos alunos de escola particular.
No estudo de Ribas e Silva (2009), os estudantes de escola particular
apresentaram a média do perfil lipídico sem muitas alterações, onde o CT foi
de 142,8 mg/dl, LDL 83,6 mg/dl, TG 86,7 mg/dl e HDL 41,8 mg/dl, um pouco
abaixo de desejável. Já no estudo de Grilo et al (2005) realizado com crianças
e adolescentes de baixa renda, a média do CT (145,1 mg/dl), LDL (82,6 mg/dl)
e TG (61,8 mg/dl) dos escolares foram inferiores, sendo que o HDL (49,2
mg/dl) apresentou valor superior. Em contrapartida, o estudo realizado com
adolescentes no México por Ramirez-López et al (2003) demostrou resultados
superiores para CT, LDL e TG e ligeiramente inferiores de HDL do que estudos
brasileiros. Ressalta-se, que o estudo realizado por Romaldin et al (2003) com
crianças e adolescentes em São Paulo e o estudo de Franco e Alves (2005)
realizado com adolescentes em Pernambuco também demonstrou valores de
CT, LDL e TG superiores e valores levemente inferiores de HDL.
Na pesquisa de Pereira (2010) realizada com adolescentes estudantes
de escolas públicas do Recife-PE a prevalências de dislipidemias foi de 63,8%.
Valor semelhante ao encontrado por Gama, Carvalho e Chaves (2007) em um
estudo realizado com crianças, onde cerca de 68,4% das crianças tinham um
ou mais de parâmetros lipídicos alterados. Percentual considerado altíssimo
quando relacionado com estudos anteriores. No presente trabalho também foi
observado valores aumentados de CT, LDL – c e TG e diminuídos de HDL – c
para os adolescentes estudantes de escola particular, já os de escola pública
uma pequena porcentagem demostrou valores aumentados.
A constatação dos diferentes resultados do perfil lipídico de um grupo de
mesma faixa etária pode justificar-se em alguns fatores como diferença nos
hábitos alimentares da população e característica socioeconômica. (GRILO et,
2005). A lipoproteína HDL – colesterol que atua como fator protetor contra
64
doenças cardiovasculares, foi o componente lipídico que demonstrou o maior
percentual de alteração (RIBAS e SILVA, 2008), como relatado nos estudos
anteriores relacionado com o presente estudo. Níveis baixos de HDL –
colesterol é um fator de risco importante para ocorrência de aterosclerose,
estudos relatam que a principal dislipidemia associada á obesidade é
caracterizada per elevações leves e moderadas de TG e diminuição de HDL –
Colesterol. (GRILO et al, 2005).
Para Brotons et al citado por Rivas e Silva (2008) os níveis séricos de
lipídeos e lipoproteínas sofrem alterações importantes durante a infância e
adolescência, sendo que em média indivíduos do sexo feminino demonstram
níveis superiores de CT, HDL e LDL quando comparados aos do sexo
masculino, fato atribuído a ocorrência da menarca. Mas, estudos
epidemiológicos também mostram que a alteração na distribuição dos lipídios
nas crianças e adolescentes do sexo feminino não depende de idade ou etnia.
(MORRISON e PIETRO apud RIBAS e SILVA, 2008). As diferenças de
alterações lipídicas quanto ao sexo no presente trabalho não foram
significantes.
Alguns estudos juntamente com as SBC demostram correlação entre
colesterol sanguíneo aumentado e a incidência por doenças cardiovasculares,
revelando que o risco aumenta quando o colesterol é superior a 200 mg/100ml.
Contudo, a partir de dezembro de 2005, a SBC por meio da I Diretriz de
prevenção de Aterosclerose na infância recomenda aconselhamento dietético a
partir de 150 mg de colesterol/100 ml de sangue e avaliação de rotina a partir
de 170 mg de colesterol/100 ml de sangue com intenção de prevenir a
ocorrência de doenças cardiovasculares. (BRASIL, 2001; BRASIL, 2005).
A falta de padronização nas amostragens e nas metodologias,
principalmente quando relacionado com a definição dos intervalos de
referências, dificultam a comparação desse fenômeno epidemiológico nos
diferentes estudos. Pois muitas pesquisas utilizam os pontos de corte
recomendados pela III Diretrizes Brasileiras sobre Dislipidemias (III SBSD), que
escolheram os valores do National Cholesterol Education Program (NCEP),
que foram estabelecidos paras as crianças e adolescentes dos Estados
Unidos. Uma prática que pode induzir a potenciais vieses, pois desconsideram
diferenças étnicas, socioeconômicas, hábitos alimentares e constituição física
65
da população brasileira. Assim, no ano de 2005 a I Diretriz da Prevenção da
Aterosclerose na Infância e adolescência (I DPAIA) propôs novos valores de
referência de lipídios e lipoproteínas direcionados as crianças e adolescentes
brasileiros. Os intervalos de referência determinados pela I DPAIA são
descritos na tabela 2 deste trabalho.
O estudo de Ribas e Silva (2008), foi realizado em uma escola de ensino
privada, onde cerca de 49% dos alunos tinha entre 13 e 19 anos, e o sexo do
público alvo esteve em equidade, resultados semelhantes ao deste estudo. O
número de escolares com perfis lipídicos desfavoráveis diminuem à medida
que aumenta a idade, ou seja, a juventude é uma importante época a ser
investigada. Sendo, que estudos demonstram que crianças e adolescentes
com faixa etária de 10 a 15 anos são grupos etários merecedores de
investigação de outros fatores de risco dada a alta taxa de dislipidemia.
O estudo de Giuliano et al (2005) também demonstrou que a maioria das
médias dos componentes do perfil lipídico apresentados pelo escolares de
Florianópolis foram descritos com o aumento da idade, sendo que escolares de
7 a 10 apresentaram maiores médias lipêmicas. Para Ribas e Silva (2009),
esse fenômeno é esperado, pois crianças tendem a crescer compensando o
excesso de peso no futuro. Outro fator que pode contribuir para esta diminuição
é a preocupação com a beleza estética demonstrada pelos adolescentes que
cada vez em número maior buscam a prática de atividade física espontânea.
(MALDONADO apud RIBAS; SILVA, 2008).
No Brasil, a obesidade esta presente nas diferenças faixas econômicas,
principalmente nas classes mais privilegiadas. A classe socioeconômica
influência na obesidade por meio da educação, da renda mensal e da
ocupação, originando padrões comportamentais específicos que afetam a
ingestão calórica, gasto energético e taxa metabólica. (CORNACHIONI;
ZADRA; VALENTIM, 2011).
Grilo et al (2005) realizou um estudo com escolares de Santa Catarina e
constatou uma renda per capita média de R$ 86,63, bem próxima da pobreza.
Sem muita diferença do presente estudo onde a maioria dos alunos de escola
pública obteve renda familiar de 1 salário mínimo. Ressalta-se que devido ao
número de integrantes da família variar entre 4 e 6, o rendimento mensal torna-
se muito inferior ao necessário para sobrevivência digna. Mesmo que os dois
66
estudos tenham sido realizados com populações de localidades e nível
socioeconômico diferentes, os estudantes demonstraram situações
semelhantes. Gerber e Zielinky (1997) concluíram no estudo realizado com
adolescentes escolares em Bento Gonçalves-RS que os fatores de risco para
aterosclerose são evidenciados na infância e deveriam ser investigados
independentes do nível socioeconômico.
Segundo Grilo et al, ( 2005) apesar dos estudos que avaliam a influência
do nível socioeconômico no perfil lipídico não serem muito consensuais, as
pesquisas demonstram médias inferiores de CT, TG e das lipoproteínas para
grupos com condições desfavoráveis economicamente, como demostrado no
estudo de SILVA; BALABAN; MOTTA, (2005) realizado com adolescentes
escolares onde os alunos de condição socioeconômica melhor obtiveram
valores lipídicos superiores aos alunos de condição inferior, resultado
semelhante ao do presente estudo.
Os valores médios lipídicos observados nos alunos de escola particular,
pode ser explicado pelo fato dos estudantes de escola pública apresentarem
um estilo de vida mais saudável quando comparados ao da rede privada.
Geralmente, os estudantes de escolas públicas se exercitam mais e
apresentam uma alimentação mais equilibrada, pois a merenda oferecida em
algumas escolas é supervisionada por nutricionistas, e muitos alunos têm como
alimentação somente a merenda escolar. (PEREIRA et al, 2010). Notou-se com
este estudo que os adolescentes estudantes de escolas públicas em sua
maioria vão para escola andando e se alimentam na escola com uma merenda
saudável servida todos os dias pelas serviçais. Já os alunos da escola
particular, vão e retornam para casa de carro, moto ou outro automóvel e se
alimentam de forma menos saudável, pois a escola não oferece merenda.
Segundo Mello, Meyer e Luft (2004) vários fatores influenciam no
comportamento alimentar, entre eles fatores externos (unidade familiar,
atitudes com os pais e amigos, valores sociais, culturais e alimentos rápidos) e
fatores internos (necessidades e características psicológicas, imagem corporal,
valores e experiências pessoais, auto-estima, preferências alimentares, saúde
e desenvolvimento psicológico). Dentro dos fatores externos, pesquisas
demonstram baixa qualidade nutricional no lanche escolar, com reduzida
quantidades de fibras, cálcio e ferro e elevadas quantidades de carboidratos
67
processados, lipídios e sódio. Fato que demostra excesso de peso, inatividade
física e grande quantidade de gordura abdominal. Estudos alertam que as
escolas devem proporcionar programas de exercício físico e educação
alimentar para os jovens.
Machado (2009) relata que a prática de atividade física tem mostrado
uma redução no risco de doenças do coração, diminuição da pressão arterial
em repouso, diminuição da perda da base mineral com o avançar da idade,
diminuição das dores nas costas e do cansaço, além de fornecer uma forma
eficaz de controlar a gordura corporal. A atividade física abrange várias
atividades diárias, como trabalhos diários, de lazer e esporte de recreação e
competição, sendo que o exercício pode ser considerado como um
componente voluntário de toda a atividade física.
Khawali; Andriolo e Ferreira (2003) demonstrou que agudamente a
atividade física possui propriedade de aumentar a capitação de glicose pelas
células musculares e o exercício sustentado induz ao aumento da sensibilidade
a insulina. Para Giuliano e Carneiro (2004) nos últimos tempos as crianças
tornaram-se menos ativas incentivadas pelos avanços tecnológicos. Uma
relação positiva entre a inatividade, ao tempo gasto assistindo televisão e o
aumento da adiposidade foi observado em escolares. Por outro lado, o
aumento da atividade física diminui o risco de obesidade, atuando na regulação
do balanço energético e mantendo ou preservando a massa magra em prejuízo
da massa gorda.
No presente estudo 62,2% dos adolescentes estudantes de escola
particular disseram praticar alguma atividade física, já na escola pública os
resultados não foram tão favoráveis, pois 46,6% disseram praticas exercícios
físicos somente de vez em quando.
O estudo de Ribas e Silva (2009) demonstrou que 28,8% do público em
estudo estava acima do peso, o estudo de Grilo et al (2005) também
apresentou o percentual de 7,4% de adolescentes obesos. Diferente dos
resultados do trabalho onde os adolescentes relataram não estarem obesos
somente integrantes de suas famílias. Segundo Grilo et al (2005) estudos
relacionam a obesidade com fator de risco para as dislipidemias de forma
geral, não somente com a diminuição do HDL – c. Carneiro et al (2000)
estudando grupos de adolescentes obesos e não obesos, mostrou associação
68
entre adiposidade e perfil lipídico desfavorável para TG e HDL – c. Já no
estudo de Valverde et al apud Grilo et al (2005) encontraram nível lipídico
acima de valores normais em 91,9% de 74 adolescentes estudados,
principalmente para HDL – c com 93,6%.
Para Grilo et al (2005) muitos estudos não verificam associação entre
obesidade e hipercolesterolemia em escolares, condição que sugere a
influência de outros fatores de risco que não a obesidade, como fatores
comportamentais e genéticos. Para Forti et al apud Grilo et al (2005) em todo o
mundo a maior parte das dislipidemias em criança e adolescentes deve ser
associados com hábitos alimentares e costumes individuais e familiares
inadequados, como a inatividade física. Monge-Rojas apud Grilo et al, (2005)
demonstrou em sua pesquisa realizada na Costa Rica, que os baixos valores
de HDL-c poderiam ser atribuídos a condições genéticas da população.
Existem evidências sugestivas alterações nos genes para apolipoproteínas AI,
AIV, B e E, o que contribui para heterogenicidade de perfil lipídico.
As dislipidemias classificam-se em primárias e secundárias, onde as
primárias exibem uma conotação genética e algumas só se manifestam em
função da influência ambiental. As dislipidemias consideradas prevalentes são
as hipercolesterolemias familiares homozogóticas, que apesar de raras, são
consideradas graves. (BRASIL apud PEREIRA et al, 2010).
Entretanto, a grande parte das dislipidemias que acometem crianças e
adolescentes são relacionadas ao estilo de vida inadequado. Sendo assim, a
manutenção de um modelo dietético com nutrientes adequados, o controle do
peso corporal, a prática de atividades físicas e abandono do tabagismo são
atitudes que ajudam na prevenção de alterações lipídicas, como também para
a construção de hábitos saudáveis na vida adulta. (CABASTINI &MANFROI;
BRASIL apud PEREIRA, et al, 2010).
Existem subclasses do LDL, a LDL tipo B é pequena e densa, já a outra
subclasse é de maior tamanho. As partículas de LDL tipo B devido ao seu
menor tamanho e pela maior densidade atravessam com mais facilidade a
barreira endotelial sendo mais facilmente oxidáveis fato que as tornam mais
aterogênicas. Sendo assim, mesmo em indivíduos com níveis desejáveis de
LDL- c, o perfil lipídico pode ser menos favorável dependendo da proporção
entre as subclasses das lipoproteínas. (SIQUEIRA; ABDALLA; FERREIRA E
69
LIMA et al apud PEREIRA, 2010).
As relações entre os parâmetros do perfil lipídico devem ser realizadas
com muito cuidado, já que a razão TG/HDL-c correlaciona-se diretamente com
o nível de LDL tipo B no plasma, fato este que pode indicar um perfil lipídico
mais aterogênico. (PEREIRA et al, 2010).
De acordo com Pereira et al (2010) a dislipidemia é geralmente
secundária a obesidade infantil, exibindo uma positiva associação entre a
incidência da obesidade e dislipidemias em crianças e adolescentes. O
mecanismo que pode explicar esta relação talvez seja a ativação da via cinase
AMP-dependente, induzida pelo aumento da insulina e da leptina e pela
redução da ativação da adiponectina, que por sua vez eleva a oxidação dos
ácidos graxos. Nessas crianças, a adiponectina tem uma associação positiva
com a sensibilidade à insulina e com as taxas de HDL-c e negativa com as
taxas de TG. De acordo com Santos e Spósito citado por Pereira et al (2010) a
dislipidemia principal relacionada com a obesidade é descrita por elevações
leves e moderadas do TG e pela diminuição do HDL-c. Como observado no
presente estudo onde 38,4% dos estudantes da escola particular demonstrou
níveis de TG aumentados e 38,5% níveis de HDL-c indesejáveis.
De acordo com Mello, Meyer e Luft (2004) a quantidade total de gordura,
o excesso de gordura no tronco ou região abdominal e o excesso de gordura
visceral, são complicações da obesidade infantil que poder resultar doenças
crônico-degenerativas com a elevação do colesterol e a hipertensão arterial
sistêmica, que juntas, aumentam o risco de doença coronariana, além do
diabetes e inatividade física. Complicações que aumentam a taxa de
mortalidade.
Vários são os fatores importantes na origem da obesidade, entre eles
destacam-se fatores genéticos, fisiológicos e metabólicos. Entretanto, os que
poderiam explicar este crescente aumento do número de indivíduos obesos
estão mais relacionados ás mudanças no estilo de vida e nos hábitos
alimentares, pois a maioria dos estudos concorda que o aumento do consumo
de alimentos ricos em açucares simples e gorduras juntamente com a
diminuição na prática de atividades físicas, são os principais valores
relacionados à obesidade. (CORNACHIONI; ZADRA; VALENTIM, 2011).
Labstein et al citado por Ribas e Silva (2008) demostraram a importância
70
do controle de peso durante a infância e adolescência, pois a obesidade além
de atuar como um fator de risco independente para o desenvolvimento da
aterosclerose, pode estar relacionada a uma série de fatores de risco, como
hipertensão arterial, diabetes melitos tipo 2 e dislipidemias.
A massa corporal associa-se com a dislipidemia em múltiplas causas
metabólicas como a resistência insulínica, hiperinsulinemia, hiperglicemia e
aumento da proteína transportadora de ésteres de colesterol secretada pelos
adipócitos e outros. O controle do peso corporal juntamente com o da gordura
localizada parece ser uma medida eficaz no controle da dislipidemia, com
diminuição de LDL-c e aumento de HDL-c, principalmente em meninas. (RIBAS
e SILVA, 2008).
No estudo realizado não se obteve alunos com doenças crônicas, estas
foram descritas somente nos familiares. Como abordado no contexto do
trabalho, o estilo de vida é um fator determinante para ocorrência destas
doenças, sendo assim mesmo que haja predisposição o comportamento
saudável dos adolescentes pode livra-los da obesidade, dislipidemias,
hipertensão arterial, doenças cardiovasculares e diabetes mellitos tipo 2.
No presente estudo observou-se também que os estudantes tanto de
escola pública como de particular não faz rotineiramente consultas médicas,
exames laboratoriais e consultas com nutricionista. Já que a prevenção e a
melhor opção a sociedade paracatuense necessita cuidar melhor da sua saúde
que consequentemente lhes resultaram em excelente qualidade de vida.
Outro item de grande importância pesquisado que obteve resultados
negativos foi conhecimento sobre o lipidograma completo. Fato preocupante,
pois a III Diretriz Brasileira sobre Dislipidemias e III Diretriz de Prevenção da
Aterosclerose do Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de
Cardiologia, a solicitação do perfil lipídico pelos médicos deve ser uma pratica
comum, pois esta detecta doenças com as Dislipidemias precocemente. A
relação dos valores aumentados de Colesterol sérico e doenças
cardiovasculares tem sido intensamente demonstrada. O perfil lipídico é
também utilizado como parâmetro essencial para a profilaxia e diagnostico de
vários tipos de hiperlipidemias. Além disso, investigações epidemiológicas do
perfil lipídico em crianças alcançam grande importância diante das evidências
do começo do processo aterosclerótico na infância e das tendências das
71
dislipidemias persistirem durante a vida adulta. (ROVER et al, 2011).
72
6 CONCLUSÂO
Alterações no perfil lipídico de adolescentes atualmente tem sido
largamente estudados, pois as doenças crônicas não transmissíveis que
antigamente acometia a população idosa hoje atingem os jovens diminuindo
seu tempo de vida livre de doenças. Além disso, os fatores socioeconômicos e
comportamentais atuam como fatores de risco para ocorrência da obesidade e
dislipidemias, que se tornaram fatores que predispõem a doenças
cardiovasculares, hipertensão arterial e diabetes mellitos tipo 2.
O presente trabalho desenvolvido com adolescentes escolares de níveis
socioeconômicos diferentes na cidade de Paracatu-MG demostrou resultados
satisfatórios alcançando os objetivos propostos. A investigação bioquímica
juntamente com a investigação social, econômica e comportamental revelou
que os adolescentes escolares da escola particular demonstraram valores
lipídicos superiores aos da escola pública. Tendo por base, a Sociedade
Brasileira de Cardiologia, as maiorias dos adolescentes de ensino privado
revelaram valores de CT, LDL-c e TG aumentados enquanto que a fração HDL-
c apresentou valores indesejáveis. Já a maioria dos alunos de ensino público
demostrou resultados lipídicos dentro dos valores desejáveis.
Os estudantes da escola particular obteve a renda mensal superior aos
de escola pública, uma condição que demostra a diferença socioeconômica
entre eles que influencia diretamente na qualidade de vida dos mesmos. Pois,
a renda dos adolescentes pode viabilizar comportamentos nutricionais
inadequados. A prática de exercícios físicos foi relatada em grande parte dos
adolescentes de escola particular, já na escola pública a maioria disse praticar
atividades físicas às vezes, este fato pode ser justificado pelo fato de que nas
escolas particulares o incentivo a pratica de atividades físicas é maior, além da
disponibilidade dos materiais e também pelo fato dos alunos de escola publica
irem e voltarem da escola a pé.
Nota-se que os resultados do trabalho foram de grande valia para o
público pesquisado, pois informações essenciais sobre o perfil lipídico dos
adolescentes podem ser utilizadas nas melhorarias da qualidade de vida, além
de estimular as famílias e as escolas na criação de metas que diminuam a
ocorrência da obesidade na adolescência.
73
Além disso, a concretização deste trabalho disponibiliza dados
científicos para Paracatu-MG e região, colaborando para criação e
implementação de medidas profiláticas que melhorem a condição de vida não
somente dos adolescentes, mas da população em geral.
74
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APÊNDICES
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APÊNDICE A – OFICIO ASSINADO
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82
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APÊDICE B - TERMO DE AUTORIZAÇÕES ASSINADOS
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APÊNDICE C – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
O respeito devido à dignidade humana exige que toda pesquisa se
processe após consentimento livre e esclarecido dos sujeitos, indivíduos ou
grupos que por si e/ou por seus representantes legais manifestem a sua
anuência à participação na pesquisa (IV, da Res. 196/96, do CNS).
Título do projeto: “Avaliação do Perfil Lipídico de Adolescentes Escolares com
Níveis Socioeconômicos Diferentes no Município de Paracatu, MG” cujos
resultados serão utilizados na monografia da acadêmica do oitavo período do
Curso de Biomedicina da Faculdade TECSOMA, Rayany Márcia Alves Vieira.
Objetivos: O projeto pretende avaliar e comparar o Perfil Lipídico de
Adolescentes escolares com níveis socioeconômicos divergentes através de
exames laboratoriais Bioquímicos e questionários socioeconômicos. Por
conseguinte, baseados nos resultados incentivar a medidas profiláticas que
melhorem a condição de vida dos alunos participantes.
Procedimentos utilizados: Será aplicado aos alunos um Questionário
Socioeconômico composto de perguntas curtas e objetivas e posteriormente a
adesão do grupo em estudo será coletado 5 ml de sangue venoso após 12
horas de jejum para realização do Lipidograma Completo. Este procedimento
contará com materiais descartáveis para evitar qualquer tipo de contaminação.
Riscos e benefícios: Esta pesquisa não apresenta riscos aos adolescentes.
Ao realizarmos a coleta de sangue poderá haver um leve desconforto, que
poderá ser minimizado pela competência técnica da acadêmica e da Co-
orientadora do projeto Mara Cristina Aranha Fernandes, Biomédica
responsável pelo Laboratório Santa Lúcia instalado a mais de 20 anos na
cidade de Paracatu- MG.
Este projeto beneficiará aos participantes com informações de grande
relevância sobre o seu perfil lipídico e medidas profiláticas para o controle
e/ou manutenção do mesmo. Além de conhecimentos sobre as consequências
da obesidade e sobre possíveis erros alimentares que influênciam diretamente
para a manutenção da saúde e prevenção de doenças.
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Você terá acesso aos resultados dos exames que lhe serão
entregues em uma palestra educativa.
Todas as informações obtidas serão analisadas e utilizadas para
desenvolvimento e desfecho do projeto monográfico, não sendo em
hipótese alguma divulgado o nome de nenhum adolescente participante.
Os dados pessoais serão utilizados para identificação dos exames que
posteriormente lhe serão entregues. Não há despesas pessoais para o
participante e nem para a Escola em qualquer fase do estudo.
A acadêmica responsável pelo projeto juntamente com os Orientadores
e a Faculdade Tecsoma se coloca a disposição para esclarecimentos de
eventuais dúvidas.
Rayany Márcia - Bio-medica18@hotmail.com
A sua participação não é obrigatória, mas se poder compartilhar com a
pesquisa os resultados serão utilizados para fins científicos e estarão a sua
disposição.
Consentimento livre e esclarecido
Eu, _____________________________, RG__________________, certifico
que, tendo lido as informações e sido suficientemente esclarecido (a) sobre
todos os itens pela pesquisadora, estou plenamente de acordo com a
realização do experimento. Assim, autorizo a execução do trabalho de
pesquisa, exposto acima, com a minha colaboração espontânea.
Paracatu, Minas Gerais,____de_______________de 2012.
_________________________________
Assinatura do responsável
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APÊNDICE D – QUESTIONÁRIO SOCIOECONÔMICO,
COMPORTAMENTAL E CULTURAL
Questionário padronizado aplicado aos voluntários do projeto de pesquisa: “AVALIAÇÃO DO PERFIL LIPÍDICO DE ADOLESCENTES ESCOLARES COM
NÍVEIS SOCIOECONÔMICOS DIFERENTES NO MUNICIPIO DE PARACATU, MG”. 1 Dados pessoais Nome Completo_____________________________________________ Idade:_____ Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino Peso______ Altura______ 2 Dados Sócio-Culturais:
Nível de escolaridade:________________________________________________ Renda familiar:_____________________________________________________ Número de pessoas na família:________________________________________ Profissão do responsável:_____________________________________________ 3 Que tipo de alimentos você consome diariamente? ( ) Frutas, legumes, verduras, massas (arroz, macarrão e feijão) , carnes (branca e vermelha), leite e derivados ( ) Batatas fritas, hamburges, pizzas, sorvetes, refrigerantes, enlatados ( ) Um pouco de cada uma das refeições citadas acima ( ) Sou vegetariano ( ) Não como verduras e nem legumes
4 Você pratica alguma atividade física?
( ) Sim ( ) Não ( ) Ás vezes
5 Quantas horas por dia você fica no computador?
( ) Menos que duas horas ( ) Duas Horas ( ) Entre Três e Quatro horas ( ) Mais que Quatro horas ( ) Não possuo computador
6 Alguém da sua família estar acima do peso?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei informar 7 Se sim, Quem?
( ) Pai ( ) Mãe ( ) Irmãos ( ) Outros 8 Você ou alguém da sua família é portador de Hipertensão arterial? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei informar
Se sim quem_________________ 9 Você ou alguém da sua família é portador de Diabetes Melitos? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei informar
Se sim quem_________________
10 Você ou alguém da sua família é portador de Doenças Cardiovasculares? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei informar
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Se sim quem_________________
11 Você ou alguém da sua família tem taxas de colesterol alto no sangue?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei informar
Se sim quem_________________
12 Você ou alguém da sua família tem alta taxa de Triglicérides no sangue?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei informar
Se sim quem_________________
13 Você ou alguém da sua família é portador de outras doenças? ( )Sim ( ) Não ( ) Não sei informar
Se sim, quais doenças e quem________________________________ 14 Você faz tratamento para acnes com o fármaco Roakutan?
( )Sim ( ) Não ( ) Não sei informar 15 Você faz algum tratamento com remédios corticóides?
( )Sim ( ) Não ( ) Não sei informar
16 Com que rotina faz consultas médicas? ( ) Mais de duas vezes por ano ( ) Duas vezes por ano ( ) Uma vez por ano ( ) Só quando estou doente
17 Com que rotina você faz exames laboratoriais de rotina? ( ) Mais de duas vezes por ano ( ) Duas vezes por ano ( ) Uma vez por ano ( ) Só quando estou doente
18 Você conhece o exame Lipidograma Completo?
( ) Sim ( )Não
19 Com que rotina você vai à nutricionista? ( ) Uma vez por ano ( ) Quando necessitei de dieta ( ) Nunca fui
Ser saudável é ser feliz!Cuide-se...Muito obrigado pela participação! Rayany Márcia Alves Vieira
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APÊNDICE E – FICHA DE IDENTIFICAÇÃO
FICHA DE IDENTIFICAÇÃO
NÚMERO (Cadastro interno do Laboratório
NOME COMPLETO IDADE
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APÊNDICE F – MAPA BIOQUÍMICO
Mapa Bioquímico / /2012
Número Nome CT HDL TG LDL VLDL LT
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ANEXO
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ANEXO A – EXEMPLO DO LAUDO DO LABORATÓRIO ONDE FORAM
REALIZADAS AS ANÁLISES