Post on 06-Sep-2018
A socialização de conhecimentos sobre a avaliação da aprendizagem em Educação
Física Escolar: Perspectiva Positivista e Materialista Histórico-Dialético.
Autor: Prof. Lindomar Luiz Medeiros Milkeviecz1
Orientadora: MS. Maria Teresa Martins Fávero2
RESUMO
O presente artigo foi construído durante o Programa de Desenvolvimento Educacional do Paraná no intuito de apresentar os resultados de intervenções pedagógicas realizadas com a finalidade de socializar conhecimentos sobre a avaliação da aprendizagem em Educação Física escolar na perspectiva Positivista e Materialista Histórico-Dialético. A investigação realizada caracterizou-se como sendo uma pesquisa qualitativa, descritiva, bibliográfica de campo; o universo da pesquisa compreendeu alunos procedentes de colégios públicos do Estado do Paraná que freqüentam o ensino médio. A amostra selecionada caracterizou-se como sendo não-probabilística composta por alunos de uma 3ª série do período noturno de um Colégio Estadual pertencente ao Núcleo Regional de Loanda. O instrumento escolhido para a coleta de dados foi um questionário aberto contendo dez questões, utilizado antes das intervenções (diagnóstico) e novamente empregado ao final da implementação (avaliação final); os resultados obtidos foram interpretados tendo como referência a filosofia materialista histórico-dialético proposta por Karl Marx. Nessa perspectiva, os resultados alcançados demonstraram que apesar dos educandos avançarem na compreensão sobre a necessidade de a avaliação estar comprometida com a aprendizagem e não com a seleção dos mais aptos para o sistema e explicitar as relações entre a avaliação com o mercado de trabalho, os mesmos continuaram ao final das intervenções concordando com a forma como ela é realizada durante as aulas de Educação Física, mesmo concluindo que a avaliação está mais a serviço da sociedade capitalista do que aos educandos que não conseguiram estabelecer relações entre a avaliação com o aumento das desigualdades sociais. Esses resultados apontam a necessidade de mais intervenções que possibilitem aos educandos acessarem, compreenderem e refletirem sobre determinados conhecimentos das filosofias marxistas e comtiana para poderem atuar de forma significativa sobre a avaliação em Educação Física, realizando as mudanças necessárias para colocá-las a sua disposição no intento de buscar melhores condições de existência. Palavras-chave: Avaliação; Educação Física; Positivismo; Materialismo histórico-
Dialético.
1 Professor do Programa de Desenvolvimento Educacional da rede Pública do Estado do Paraná, Pós-graduação em Didática e metodologia do ensino, graduado pela Universidade Estadual de Maringá, atualmente é docente do Colégio Ary João Dresch de Nova Londrina e Princesa Izabel de Marilena. 2 Mestre em Educação pela Universidade Estadual de Maringá, graduada em Educação Física pela Universidade Estadual de Maringá, atualmente é docente do Curso de Educação Física da FAFIPA de Paranavaí.
1 Introdução
A pesquisa que deu origem a este artigo foi idealizada no cerne do Programa de
Desenvolvimento Educacional (PDE) da Secretaria da Educação do Estado do
Paraná em parceria com a Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
através da qual se articula uma política de formação continuada, que tem como um
dos seus objetivos, levantar e propor de soluções para os problemas presentes na
Educação Básica do Estado do Paraná.
Um dos grandes problemas enfrentado na Educação Básica do Brasil e do Estado
do Paraná, em todas as áreas que compõem o currículo escolar, inclusive em
Educação Física, é o da avaliação da aprendizagem que na visão de Luckesi (
1997), está a serviço do modelo social liberal que organiza a sociedade de acordo
com seus interesses de classe dominante.
Para Pirolo (2009), a palavra avaliação significa dar ou depositar valor em alguma
coisa; nesse sentido, ela sempre fez parte do cotidiano de nossas vidas desde o
alvorecer da humanidade até os dias atuais, pois os homens estão avaliando suas
possibilidades em todos os momentos.
Os homens sempre avaliaram tendo como base sua visão de mundo, de sociedade,
de ser humano, de trabalho, avaliando e sendo avaliado num contínuo permanente.
Para Marx (2003), o modo de produção, ou seja, a forma como o trabalho é
realizada em uma sociedade determina todas suas relações sociais. Nesse olhar,
avaliação também é determinada pela forma como o homem produz sua existência.
Na sociedade primitiva, asiática, escravista, feudal, capitalista ou socialista; a
avaliação sempre foi determinada pela forma com que o homem transforma a
natureza e produz sua subsistência.
Na atual sociedade capitalista, o lucro é o coração do sistema, que organiza toda
sociedade sempre com a intenção de expandi-lo; dessa forma, a escola acaba
alinhando a avaliação da aprendizagem de acordo com os interesses capitalistas, de
separar os mais aptos dos menos aptos, no intuito para ampliar o processo de
acumulação.
Cabe a escola romper com essa lógica perversa do capital colocando à disposição
dos educandos os conhecimentos necessários para que possam lutar por mudanças
que conduzam a classe trabalhadora que freqüenta a escola pública a melhores
condições de existência.
Nas reflexões de Saviani (2005), somente pela apropriação de determinados
conhecimentos e a desapropriação dos seus caracteres burgueses será possível
implantar caracteres proletariado nesses saberes escolares.
Com a finalidade de abordar esse problema, uma Unidade Didática foi gestada,
sendo norteada pela filosofia materialista histórico-dialética formulada por Karl Marx,
aplicada com o intento de socializar os conhecimentos sobre a avaliação da
aprendizagem em Educação Física nas Perspectivas Positivista e Materialista
Histórico-Dialético.
No início da Unidade Didática e ao final da implementação, foi aplicada uma
pesquisa realizada com o apoio de um questionário que levantaram os dados
necessários que conduziram a escrita deste artigo.
A investigação realizada caracterizou-se como sendo uma pesquisa qualitativa,
descritiva, bibliográfica de campo, investigou alunos procedentes de colégios
públicos do Estado do Paraná que freqüentam o ensino médio na 3ª série do período
noturno de um colégio estadual pertencente ao Núcleo Regional de Loanda, situado
no Noroeste do Estado do Paraná.
Os resultados apresentados pela pesquisa demonstram um pequeno avanço na
apreensão dos conhecimentos socializados, demonstrou também a necessidade de
novas intervenções que possibilitem aos educandos acessar e aprofundar suas
reflexões sobre os conhecimentos produzidos historicamente sobre avaliação da
aprendizagem em Educação Física para que de posse desses conhecimentos
possam atuar de forma significativa sobre a escola e a sociedade em que vivem no
intento de produzir avanços que os conduzam no processo de emancipação social.
Essa investigação não teve em nenhum momento a intenção de esgotar o assunto
sobre a avaliação da aprendizagem em Educação Física, devido à amplitude do
tema e as limitações a que as pesquisas estão sujeitas, mas sim de produzir dados
que subsidiem futuras intervenções e reflexões sobre o processo no meio escolar,
que proporcionem condições de avançar de modo significativo em direção a uma
sociedade mais sociável, mais justa e humana.
2 A avaliação em diversos momentos históricos
A avaliação sempre esteve presente nos mais distintos locais e momentos históricos
que compõem a sociedade. Os homens sempre estabeleceram relações,
comparações, enfim sempre avaliaram suas possibilidades tomando como base sua
visão de sociedade e de mundo. “Esta visão de sociedade, de trabalho, de homem –
certa, errada, falsa ou velha – é que faz com que a avaliação tome diferentes
significados assim como tome diferentes formas quando de sua execução”
(PARANÁ, 1986, p. 03).
Para sobreviver, o homem atua sobre a natureza, transformando-a, produzindo sua
subsistência, numa ação conhecida como trabalho. “O trabalho é um processo de
que participa o homem e a natureza, processo em que o ser humano, com sua
própria ação, impulsiona, regula e controla seu intercambio material com a natureza”
(MARX, 1968, p. 211).
Nessa visão, a avaliação assim como todas as outras esferas que compõem a
sociedade é realizada sempre a partir de um ponto de referência; para Lessa e
Tonet (2008), o modo como é realizada a transformação da natureza, ou seja, o
trabalho é que determina todas as ações numa sociedade. “É sempre a partir de
determinada forma de trabalho (primitiva, asiática, escravista, feudal, capitalista ou
outra) que se ergue determinada forma de sociabilidade” (LESSA & TONET, 2008,
p. 106).
Segundo SAVIANI (2007), nas primeiras formas de organizações sociais, os homens
se apropriavam coletivamente dos meios de produção. Nessas sociedades mais
primitivas, imperava o modo de produção comunal também conhecido por
“comunismo primitivo”. Tudo era realizado em comum acordo, nesses grupos a terra
era uma propriedade coletiva, sendo as avaliações realizadas no intuito de manter a
sociedade coesa na luta contra as adversidades naturais e sociais.
Para Pereira (2010), com o avanço nas formas de organização social foi possível
produzir além do necessário, ou seja, um excedente que permitiu determinadas
trocas e divisões do trabalho mais complexas que conduziram a novas formas de
organização social. “Quanto mais as formações sociais se desenvolveram, mais elas
articulavam a vida dos indivíduos entre si e mais heterogênea se tornam, dando
origem a diferentes e novas relações sociais, instituições e complexos sociais”
(LESSA e TONET, 2008, p. 76).
Com a evolução das relações sociais, novas formas de sociedade foram sendo
constituídas, dentre elas destacou-se a Grega por ser a civilização que mais
influenciou o Ocidente; nas sociedades gregas, o trabalho recebeu um novo
enfoque. “Na sociedade grega, berço da civilização ocidental, o trabalho era visto em
função do produto, e este, por sua vez, em função de sua utilidade ou capacidade de
satisfazer à necessidade humana” (Woleck, 2002, p. 03).
A sociedade Grega era uma organização muito complexa e avançada tanto que
muitas descobertas realizadas naquela época nos influenciam até os dias atuais,
entretanto, a sociedade grega tinha seu modo de produção toda estruturada no
escravismo, configurada em duas classes sociais;
“Na Antigüidade, tanto grega como romana, configura- se esse fenômeno
que contrapõe, de um lado, uma aristocracia que detém a propriedade
privada da terra; e, de outro lado, os escravos. Daí a caracterização do
modo de produção antigo como modo de produção escravista. O trabalho é
realizado dominantemente pelos escravos” (SAVIANI, 2007, p. 155).
Para Lobato (2001), na Grécia, a escravidão era uma instituição social, nessa visão
predominante entre os gregos de sociedade idealizada, alguns nasceram para
trabalhar e os outros para usufruir do trabalho destes. Nessa sociedade, as
avaliações só poderiam ser realizadas com o intento de manter as estruturas sociais
que lhes beneficiassem “sob esta forma de ver o mundo, o trabalho e os homens, os
gregos faziam suas avaliações. A avaliação só poderia servir para manter esta
sociedade considerada ideal, a mais perfeita” (PARANÁ, 1986, p. 03).
A invasão da Grécia pelos romanos e a assimilação de sua cultura permitiram ao
povo dominador desenvolver novas visões culturais, entretanto com a fragmentação
do Império Romano toda a estrutura criada e organizada pelo Estado dissipou-se
tanto social, militar como comercialmente “Entretanto, por volta do século III, o
Império Romano passou por uma crise econômica e política, o que acarretou o fim
de suas conquistas territoriais” (LELIS, 2008, p. 37).
As vastas áreas da Europa que estavam sob o domínio romano passaram a se
organizar em partes menores e autônomas denominadas feudos que deram início a
um novo modo de produção. “Por isso, a principal característica foi a organização da
produção em unidades autosuficientes, essencialmente agrárias e que serviam
também de fortificações militares para a defesa: os feudos” (LESSA e TONET, 2008,
p. 63).
Na visão de Fonseca (1995), o que caracterizava a organização social dos feudos
era a propriedade da terra que na época era o principal meio de produção, as
relações de produção e exploração eram realizadas entre os servos e os senhores
feudais.
Naquele tempo, a Igreja detinha um grande poder nas determinações sociais, tudo
era creditado à intenção divina e o trabalho era realizado apenas como forma de
expiação dos pecados “O trabalho, nesse período, não era considerado (e nem
poderia ser) instrumento de ascensão social, uma vez que a posição do indivíduo na
sociedade era um desígnio da vontade divina” (ARAÚJO & SACHUK, 2007, p. 58).
Na visão da Igreja, tanto a ordem social como também a ordem natural das coisas
não deveriam ser alteradas, então a avaliação a ser realizada deveria considerar a
maneira de viver e pensar a sociedade e suas possíveis correções. “A preocupação
com a ordem social, por sua vez, exigia, também, mecanismos de avaliação para
correção de comportamento de homens, na sociedade, que pudessem querer
subverter a estrutura social já definida por leis divinas” (PARANÁ, 1986, p. 05).
Com a ampliação da produção nos feudos, surge um excedente que necessita ser
negociado, este comércio passou a ser realizado nos burgos o que propiciou o
surgimento de novas classes sociais, dentre elas, os burgueses. “Com o comércio e
as cidades, surgiram duas novas classes sociais: os artesãos e os comerciantes,
também chamados de burgueses” (LESSA e TONET, 2008, p. 65).
Para Fonseca (1995), somente com a superação das relações de produção feudal é
que foi possível a ascensão do modo capitalista de produção.
“Só quando o livre contrato se tornou realidade e o regime de trabalho
assalariado predominante, trazendo a necessidade de persuadir o
empregado a trabalhar, é que se consolida a concepção de trabalho
denominada capitalista tradicional, que exalta o trabalho, atribuindo-lhe,
portanto, alta centralidade” (ARAÚJO & SACHUK, 2007, p.59).
No capitalismo, as configurações da produção são reorganizadas de forma
diferenciada, o que caracteriza essa nova forma de organização produtiva é a
reunião dos meios de produção e dos trabalhadores sob uma condição
historicamente nova sob a batuta dos burgueses. “A sociedade burguesa é a
organização histórica mais desenvolvida, mais diferenciada da produção” (MARX
apud Duarte, 2003, p. 68).
Para Barroco (2003), a Revolução Francesa é um dos momentos mais significativos
para os burgueses que se consolidam no poder superando a sociedade feudal, até
aquele momento os burgueses possuem um discurso progressista e revolucionário,
após se consolidarem no poder, o discurso passa a ser conservador no sentido de
manter os privilégios alcançados. “A classe burguesa outrora revolucionária, torna-
se conservadora e reacionária buscando assegurar os privilégios conquistados com
as transformações políticas e econômicas da sociedade” (FACCI et al., 2011, p. 19).
Essa nova forma de organização social e econômica, que continua tendo o trabalho
como elemento fundante, exige que novas formas de avaliações sejam realizadas a
partir da nova concepção de sociedade desenvolvida. “O mundo novo exige que o
trabalho – e não discursos ou conhecimentos religiosos – seja o ponto referência
para as avaliações” (PARANÁ, 1986, p. 06).
A burguesia que chegou ao poder com um discurso de igualdade não estendeu essa
igualdade a propriedade privada e aos campos sociais como o trabalho e as formas
de organização da produção. “A igualdade não é considerada um “direito natural”,
não se estende ao campo social nem é tratada em função do direito do trabalho, do
sufrágio universal, da igualdade entre sexos ou mesmo no âmbito de uma crítica ao
colonialismo e à escravidão” (Barroco, 2003, p. 161).
Com os progressos nos procedimentos produtivos e o desenvolvimento do processo
industrial, a hegemonia burguesa passa a sofrer constantes abalos e busca nas
ciências as respostas para os seus problemas.
“No século XIX (...) O crescimento da nova ordem econômica - o capitalismo
- traz consigo o processo de industrialização, para o qual a ciência deveria
dar resposta e soluções práticas no campo da técnica. A partir dessa época,
a noção de verdade passa, necessariamente, a contar com o aval da
ciência (...) a ciência avança tanto, que passa a ser um referencial para a
visão de mundo” (BOCK apud Chaves & Chaves Filho, 2000, p.72).
A pretensa neutralidade apregoada pelas ciências naturais passou a servir como
uma dos alicerces principais do Positivismo e foi um dos critérios que levou essa
filosofia a ser escolhida como a mais adequada aos interesses dos capitalistas
durante o período da revolução industrial, pois “[...] refletia no âmbito filosófico, a
preferência do capitalismo pelo desenvolvimento da sociedade industrializada.”
(XAVIER, 2009, p. 02).
Para os Positivistas, as ciências orientariam o desenvolvimento do processo
industrial, contrapondo os filósofos socialistas que pregavam a necessidade de uma
revolução por parte das instituições, eles pensavam uma sociedade organizada
independente dos problemas sociais, “[...], assim também o Positivismo se
caracterizou como a ideologia da burguesia conservadora. Por isso, ele exorcizou as
contradições e a negatividade, fixando-se apenas no lado positivo (daí seu nome) da
sociedade burguesa, [...]” (SAVIANI, 2005, p. 61).
Nos estudos de Cotrim citado por Oliveira (2010), compreende-se por Positivismo,
atualmente de forma mais ampla, o método filosófico desenvolvido por Augusto
Comte que se caracterizou, conjuntamente, pela plena confiança nos benefícios da
industrialização, no otimismo depositado ao progresso capitalista, no culto à ciência
e à valorização do método científico, voltados a uma reforma intelectual da
sociedade.
Naquele período muito conturbado de revoltas e mudanças, outros pensadores se
voltaram para o problema e sugeriram caminhos diferentes para organizar a
sociedade e resolvê-los.
“Nesse mesmo contexto, em um país não muito distante da França, dois
outros pensadores teciam suas constatações acerca daquela sociedade em
transformação. Marx e Engels, sob uma outra perspectiva, também
buscavam entender a sociedade. Seu pensamento, no entanto, tinha por
objetivo transformar a sociedade” (RUCKSTADTER, 2005, p. 04).
Para Ahler (2009), Karl Marx (1818-1883) foi um pensador da sociedade industrial,
preocupando-se notadamente com o trabalho humano, o valor do trabalho, o salário
atribuído a este meio de sobrevivência e a justiça social e econômica produzida em
suas relações. Ele contemplou e investigou esses problemas sob a perspectiva do
trabalhador, o proletariado. Na sua perspectiva, a sociedade está organizada em
duas classes antagônicas, uma minoritária que detém os privilégios (modo de
produção) e outra que por não possuir posses produtivas vende sua força de
trabalho para sobreviver.
Na acepção de Marx (2006) sobre a sociedade capitalista, o trabalhador assim como
seu trabalho, é desprovido de si mesmo, transformado em mercadoria através do
processo de alienação, para que ele se torne livre é necessário reconhecer o
processo que o escraviza e lutar contra ele para liberta-se.
“Seu ponto de partida foi à realidade social: a sociedade moderna,
capitalista. Nela o ser humano trabalhador é um despossuído do seu ser, do
seu valor (alienação/exploração). Para ele era necessário redimir, resgatar,
reconciliar o ser humano (ser social) consigo mesmo, desaliená-lo. Isto
significa torná-lo livre, mas para isso era necessário passar do “reino da
necessidade para o reino da liberdade” (AHLER, 2009 p. 6).
Ainda na visão de Ahler (2009), para se livrar da exploração a que está submetido, o
homem necessita se emancipar e no processo de emancipação necessita se libertar
da condição de alienação na qual se encontra. Para realizar seu intento, não são
necessárias lutas armadas ou autodestrutivas, mas a posse de determinados
conhecimentos, ou seja, da capacidade de desenvolver uma práxis que transforme a
realidade através do conhecimento, o caminho para essa mudança passa pela
educação.
Entretanto, como já foi visto, o modelo adotado pela burguesia para organizar a
sociedade e a educação foi o modelo positivista, que sempre esteve sujeito a
reestruturações produtivas como o taylorismo, fordismo e o toyotismo.
“O taylorismo, fordismo e o toyotismo não são apenas modelos de produção
em uma empresa, entendem-se como paradigmas mais amplos e
complexos que envolvem as transformações ocorridas nas relações sociais”
(Masuzaki, 2009, p. 06).
O capitalismo passa atualmente por uma nova reorganização do capital a partir do
Consenso de Washington de 1989 que propõe reformas ditas “neoliberais” que
consistem na privatização do patrimônio público, abertura do mercado interno ao
capital internacional de forma ampla e irrestrita, desregulamentação financeira, do
mercado e da força de trabalho.
“-[...] 1. Equilíbrio orçamentário, sobretudo mediante a redução dos gastos
públicos; 2. Abertura comercial, pela redução das tarifas de importação e
eliminação das barreiras não-tarifárias; 3. Liberalização financeira, por meio
da reformulação das normas que restringem o ingresso de capital
estrangeiro; 4. Desregulamentação dos mercados domésticos, pela
eliminação dos instrumentos de intervenção do Estado, como controle de
preços, incentivos etc.; 5. Privatização das empresas e dos serviços
públicos-” (SOARES, 1996, p. 23).
O neoliberalismo em voga atualmente na sociedade capitalista tornou-se um projeto
hegemônico que traz em seu bojo um discurso ideológico, através do qual proclama
a necessidade de determinados ajustes, como uma forma de desenvolver a
economia e atender aos anseios sociais, mas a realidade contradiz esse discurso
como constata Mészaros (2008) ao citar um relatório sobre o desenvolvimento
humano produzido pelas Nações Unidas:
“-[...], O 1% mais rico do mundo aufere tanta renda quanto os 57% mais
pobres. A proporção, no que se refere aos rendimentos, entre os 20% mais
ricos e os 20% mais pobres no mundo aumentou de 30 para 1 em 1960,
para 60 para 1 em 1990 e para 74 para 1 em 1999, e estima-se que atinja
os 100 para 1 em 2015. Em 1999-2000, 2,8 bilhões de pessoas viviam com
menos de dois dólares por dia, 840 milhões estavam desnutridos, 2,4
bilhões não tinham acesso a nenhuma forma de aprimorada de serviços de
saneamento, e uma em cada seis crianças em idade de freqüentar a escola
primária não estava na escola. Estima-se que cerca de 50% da força de
trabalho não agrícola esteja desempregada ou subempregada-”.
(MÉSZAROS, 2008, p. 73-74).
Como é possível perceber pelos dados expostos, as desigualdades na perspectiva
econômica neoliberal só vem aumentando diuturnamente, é necessário emancipar o
trabalhador através da educação, que é um instrumento que vem sendo utilizado
pela elite dominante somente como uma forma de reprodução do capital “Em lugar
de instrumento da emancipação humana, agora é mecanismo de perpetuação e
reprodução desse sistema” (SADER, 2008, p.15).
Para Mészáros (2008), são necessárias intervenções educativas que proporcionem
condições de contrapor a dominação e os avanços do capital através do
estabelecimento da solidariedade socialista.
A avaliação a ser realizada nesse momento histórico passa por transformações
necessárias à sociedade; para que se torne mais justa, ela deve estar atrelada a um
projeto de sociedade mais humana “Se não existe projeto de vida para os homens
obterem o que ainda não foi alcançado, não há necessidade social de avaliação [...]”
(PARANÁ, 1986, p. 29).
3 A avaliação da aprendizagem em Educação Física escolar
A avaliação da aprendizagem no Brasil nas diversas áreas que compõem o currículo
escolar, inclusive no campo da Educação Física, está comprometida com o modelo
de sociedade imposta pelos burgueses a partir de sua consolidação no poder.
“A avaliação da aprendizagem escolar no Brasil, hoje tomada in genere,
está a serviço de uma pedagogia dominante que, por sua vez, serve a um
modelo social dominante, o qual, genericamente, pode ser identificado
como modelo social liberal conservador, nascido da estratificação dos
empreendimentos transformadores que culminaram na revolução Francesa”
(LUCKESI, 1997, p. 29).
Para Luckesi (1997), a palavra avaliação provém da composição dos termos a +
valere tem sua genealogia no latim, significando “dar valor a...”, ou seja, atribuir um
valor ou qualidade a alguma coisa.
Apesar de a avaliação ser realizada a todo o momento pelo homem nos mais
diversos espaços e tempos, dentro da escola ela somente assumiu a forma atual no
século XX, a partir de estudos do americano Ralph Tyler. “A denominação avaliação
da aprendizagem é recente. Ela é atribuída a Ralph Tyler, que a cunhou em 1930” (LUCKESI, 1997, p. 170).
Segundo Carlan (1996), atualmente coexistem duas tendências em Educação Física
que trazem em sua essência duas propostas antagônicas socialmente e que
conduzem em seu bojo visões diferenciadas sobre o ensino, a aprendizagem e a
avaliação. Uma propõe a manutenção das atuais estruturas sociais, a outra propõe
transformações sociais que conduzam a classe dos menos privilegiados, os
proletariados e os excluídos a melhores condições de existência.
Para realizar seu intento, essas diferentes propostas educativas buscam sua
sustentação em diferentes filosofias; uma está voltada para o pensamento positivista
de Augusto Comte e outra está direcionada para o pensamento materialista
histórico-dialético de Karl Marx.
“Assim, ficou constatada a existência de duas tendências ou concepções de
educação física no Brasil, uma voltada para o paradigma das ciências
naturais, norteada pelo pensamento liberal e positivista de educação; e a
segunda voltada para o paradigma crítico/social sustentada
fundamentalmente pela concepção dialético-marxista” (CARLAN, 1996, 24).
A corrente Positivista no Brasil passou a receber um grande impulso a partir de
1850, como um conjunto de reformas necessárias à consolidação da burguesia no
poder nos grandes centros urbanos.
“O Positivismo penetra no contexto histórico do Brasil da segunda metade
do século XIX, marcado por ideais republicanos, pelo liberalismo político,
pela luta para a abolição dos escravos, pelo ecletismo e pela ascensão de
uma burguesia urbana, que vai ser decisivo na transição império-república”
(PAIXÃO, 2000, p. 21).
Para Paixão (2000), no final desse mesmo século, a filosofia positivista acaba
adentrando de forma definitiva na educação e no circulo dos intelectuais devido à
necessidade de reformas políticas e sociais. A Educação Física em seu início dentro
da escola também sofreu influência do Positivismo. “Sua constituição foi fortemente
influenciada, [...], a partir da segunda metade do século XIX, pela medicina,
fundamentando-se nos princípios filosóficos positivistas” (BRACHT apud NUNES &
RÚBIO, 2008, p.58).
Ao adentrar à escola, a Educação Física passou a ser influenciada pelo Positivismo
e elas têm três premissas básicas que sustem a teoria, segundo Löwy citado por
Chaves & Chaves Filho (2000), a primeira é a de que a sociedade é organizada por
leis naturais, ou seja, elas são independentes das aspirações e dos atos dos
homens. “A sociedade é regida por leis naturais invariáveis, independentes da
vontade e ação humana e na vida social reina harmonia natural” (CHAVES &
CHAVES FILHO, 2000, p. 73).
A segunda é a de que as ciências naturais devem ser entidades neutras sem
determinismos sociais, econômicos ou políticos. “As ciências da sociedade, assim
como as da natureza devem limitar-se à observação e à explicação dos fenômenos,
de forma objetiva, neutra, livre de julgamentos de valor ou ideologias, [...]” (XAVIER,
2009, p. 04).
A terceira considera que a partir do pressuposto de que nas ciências naturais a
organização social é semelhante à presente na natureza, justifica-se a utilização dos
mesmos métodos e processos em ambas. “A sociedade pode ser estudada pelos
mesmos métodos e processos empregados pelas ciências da natureza” (Chaves &
Chaves Filho, 2000, p. 73).
A visão da Educação Física numa perspectiva Positivista levou a construção de uma
forma avaliativa chamada de classificatória, que visa mais disciplinar e controlar o
comportamento do aluno do que produzir dados para análise da aprendizagem.
“A avaliação positivista, comumente classificada como classificatória,
fundamenta-se numa concepção de educação centrada na transmissão de
conteúdos e tem propósito certificativo e de controle de aprendizagem e
comportamento” (SILVA & FRANÇA, 2006, p. 69).
Esse modelo de avaliação, a classificatória, presente na Educação Física escolar
não condiz com os ideais de igualdade preconizados na Revolução Francesa, não
condiz com as demandas sociais impostas à educação e com o processo de
redemocratização do país, pois sua principal função é conservar as atuais estruturas
sociais e suas desigualdades. “A avaliação educacional escolar como instrumento
de classificação, [...], não serve em nada para a transformação; contudo, é
extremamente eficiente para a conservação da sociedade, pela domesticação dos
alunos” (LUCKESI, 1997, p. 43).
As reflexões de Carlan (1996) sustentam que essa visão Positivista na Educação
Física tem o propósito de selecionar e excluir, desconsiderando a luta de classes,
sustenta-se em princípios funcionalistas que só preveem possibilidades para a
interação, continuidade, conservação, harmonia, equilíbrio e ajustamentos sociais.
“A seletividade social já está posta, a avaliação colabora com a correnteza,
acrescentando mais um fio de água” (LUCKESI, 1997, p. 26).
Contudo Carlan (1996) ressalta que no Brasil a visão Positivista presente na
Educação Física, começou a ser questionada a partir da década de 1980, devido à
necessidade da área atender as novas demandas sociais que lhe foram impostas a
partir do processo de redemocratização social. “Por volta do ano de 1980, iniciou-se, na Educação Física, um momento de
grande ebulição de críticas a essas características acumuladas e
construídas na área, ao longo do tempo - [...] A avaliação em Educação
Física não ficou de fora das críticas” (SOUZA JUNIOR, 2004, p. 209).
A Educação Física passou a assumir uma postura mais crítica em relação aos
problemas sociais enfrentados pela classe trabalhadora, realizando essa mediação a
partir de sua contextualização na sociedade capitalista. “[...] pela análise da função
social da educação e da EF em particular, como elementos constituintes de uma
sociedade capitalista marcada pela dominação e pelas diferenças (injustas) de
classe” (BRACHT, 1999, p. 78).
No intuito de atender as demandas sociais impostas sobre a educação, a Educação
Física e conseqüentemente sobre a avaliação, novas correntes de pensamento
fizeram emergir novas Tendências dentro da Educação Física que levaram as novas
práticas avaliativas. “[...] algumas iniciativas procuraram superar tais críticas,
estabelecendo para a avaliação a necessidade de romper o caráter terminal,
seletivo, biofisiológico, esportista” (SOUZA JUNIOR, 2004, p. 209).
Na perspectiva de Bracht (1999), para realizar determinadas críticas à sociedade, é
fundamental compreender a realidade social, para isso foi necessário conduzir os
pressupostos teóricos da área das ciências biológicas para as ciências humanas
mais especificamente para a teoria marxista. “[...] muito influenciadas pelas ciências
humanas, principalmente à sociologia e à filosofia da educação de orientação
marxista.” (BRACHT, 1999, p. 78).
Marx foi um filósofo alemão que pesquisou profundamente as relações sociais e
econômicas do seu tempo e desenvolveu um método para analisá-las conhecido
como materialismo histórico-dialético, ou seja, um método de interpretação da
realidade.
“Se o mundo é dialético (se movimenta e é contraditório) é preciso um
Método, uma teoria de interpretação, que consiga servir de instrumento para
a sua compreensão, e este instrumento lógico pode ser o método dialético
tal qual pensou Marx” (PIRES, 1996, p.86).
Para Lessa e Tonet (2008), Marx era materialista, ou seja, para ele a matéria era
quem determinava as idéias e não o oposto como afirmavam os positivistas, e
nessas considerações, era essencial considerar o processo histórico “É com esta
preocupação que Marx deu o caráter material (os homens se organizam na
sociedade para a produção e a reprodução da vida) e o caráter histórico (como eles
vêm se organizando através de sua história)” (PIRES, 1996, p.86).
Segundo MARX (2003), para o homem existir, ele age sobre a natureza,
transformando-a, produzindo sua sobrevivência através do trabalho. Assim, para
compreendermos a realidade social, é fundamental consideramos a história e todas
as mudanças que levaram a sociedade a se estruturar da forma como ela se
apresenta atualmente tendo como pano de fundo o modo de produção:- “São as
condições de vida material que dominam o homem; e estas condições, e por
conseqüência o modo de produção, são as que têm determinado e determinarão os
costumes e as instituições sociais, econômicas, políticas, jurídicas, etc.” (MARX,
2003, p. 11).
Nessa concepção de análise material, o trabalho é categoria central para os homens
porque é a forma mais simples e concreta que eles desenvolveram para constituir a
sociedade. A base das relações sociais são as relações de produção e as
configurações estruturadas a partir do trabalho.
A partir das reflexões de Frizzo (2008), é possível perceber que na sociedade
capitalista, o trabalho é explorado, pois é comprado por um preço sempre menor do
que vale realmente, definindo assim, um processo de alienação, ou seja, da
expropriação da atividade essencial de sua essência.
Sob a exploração do trabalho, os homens acabam por tornarem-se menos homens,
tornando impossível para os proletários, promoverem a humanização de si mesmos
através do trabalho. São essas relações que a educação deve desvendar aos
educandos. “Este movimento contraditório humanização/alienação interessa muito à
educação. Parece que essa questão é fundamental para a organização do processo
educacional. A educação estará, em suas várias dimensões, “a serviço” da
humanização ou da alienação?” (PIRES, 1996, p.90).
A educação a serviço da humanização deve trazer em sua essência elementos
condizentes com o processo educativo, pavimentando um caminho que leve a
mudanças sociais.
“Para compreender a questão da avaliação, portanto, não se pode cair no
reducionismo de um universo meramente técnico de entendimento, sendo
necessária a consideração de outras dimensões desse processo como, por
exemplo, as suas significações, implicações e conseqüências pedagógicas,
políticas e sociais (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 103).
Nessa perspectiva, a avaliação deveria realizar um diagnóstico da aprendizagem
para que novas intervenções sejam realizadas a fim de que o conhecimento seja
construído tendo como horizonte, uma sociedade mais humana e mais justa
socialmente e não a mera adequação aos padrões sociais estabelecidos por quem
está no poder. “Nesse contexto, a avaliação educacional deverá manifestar-se como
um mecanismo de diagnóstico da situação, tendo em vista o avanço e o crescimento
e não a estagnação disciplinadora” (LUCKESI, 1997, p. 32).
Para Arroyo (1985), existe uma política global de negação de saberes as camadas
populares, esta ação se dá num contexto mais amplo, da desqualificação da própria
escola e de todos seus componentes, é necessário enfrentar esse desafio colocando
os conhecimentos produzidos historicamente sobre avaliação da aprendizagem em
Educação Física à disposição dos educandos para que através de sua apropriação
possam intervir de forma mais significativa na escola e na sociedade em que vivem
e atuam. “Portanto, é fundamental a luta contra essa sonegação, uma vez que é
pela apropriação do saber escolar por parte dos trabalhadores que serão retirados
desse saber seus caracteres burgueses e se lhe imprimirão os caracteres
proletariado” (SAVIANI, 2005, p. 55).
A escola é um local onde ao mesmo tempo em que é possível reproduzir o projeto
de construção do capitalismo, é possível construir o exercício da resistência e da
luta através da reflexão e da ação, para isso a socialização de determinados
conhecimentos é essencial. Nessa linha, este trabalho expõe os resultados da
socialização de conhecimentos sobre a avaliação da aprendizagem em Educação
Física escolar na perspectiva Positivista e materialista histórico dialética, pois, “[...] o
conhecimento deve constitui-se numa ferramenta essencial para intervir no mundo”
(FREIRE apud GADOTTI, 1998, p. 118).
Não existe outro caminho para a sociedade que não o do socialismo para Lessa
(2009) citando Mészaros, pois a situação da sociedade está ficando tão deteriorada
que a violência e a miséria imperarão de forma absoluta:- “Podemos ir ao socialismo
ou à barbárie – ‘‘se tivemos sorte’’, [...], pois poderemos terminar com a extinção da
humanidade.” (LESSA, 2009, p. 81).
4 A socialização de conhecimentos sobre a avaliação da aprendizagem em
Educação Física escolar na perspectiva Positivista e materialista histórico -dialético.
O presente artigo é parte integrante do Programa de Desenvolvimento Educacional
(PDE) da Secretaria da Educação do Estado do Paraná em parceria com a
Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior através do qual se articula uma
política de formação continuada que possui como um dos seus objetivos, levantar e
propor de soluções para os problemas presentes na educação Básica do Estado do
Paraná. “Organização de um programa de formação continuada atento às reais
necessidades de enfrentamento dos problemas ainda presentes na Educação
Básica paranaense; (PARANÁ, 2010, p. 04).
A presente turma ao qual este projeto está subordinado iniciou suas atividades no
segundo semestre de 2010, teve a duração de dois anos que compreenderam aulas,
seminários, cursos, encontros, inserções acadêmicas, teleconferências, encontros
de orientações, discussões no grupo de trabalho em rede (GTR) que serviram para
socializar e subsidiar a constituição de um Projeto de Intervenção Pedagógica na
Escola, uma Produção Didático-Pedagógica, a qual foi aplicada na escola e serviu
de base para uma pesquisa científica que ao final do programa possibilitou a escrita
deste artigo científico.
O Projeto de Intervenção Pedagógica no qual se inseriu a pesquisa realizada que
deu origem a este artigo, foi concebido no intuito de responder a seguinte questão
norteadora: “Que reflexões sucederiam aos alunos do 3º ano do Ensino Médio, do
período noturno, das escolas Públicas do Estado do Paraná caso tivessem acesso
às diferentes formas que a avaliação da aprendizagem em Educação Física pode
assumir no contexto escolar?”
A Implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica compreendeu um período
de 64 horas, desenvolvida através de um conjunto com aulas expositivas de
quarenta e cinco minutos sob o enfoque da metodologia Histórico-Crítica de
Dermeval Saviani.
Nessa linha, os conhecimentos iniciais sobre a avaliação da aprendizagem foram
investigados, direcionados pela visão de Gasparin (2007) sobre metodologia o qual
atribui a prática social inicial, o princípio de todo o processo de intervenção
pedagógica. Dessa forma, através de uma pesquisa diagnóstica, investigaram-se os
conhecimentos preliminares que os alunos possuíam nas diferentes perspectiva
positivista e materialista histórico-dialética.
Ao final da implementação do projeto, novamente a mesma pesquisa foi aplicada no
intuito de levantar os dados sobre a apreensão dos conteúdos socializados que
subsidiaram a construção deste artigo.
A pesquisa aplicada caracterizou-se como sendo uma pesquisa qualitativa,
descritiva, bibliográfica de campo. A opção pela pesquisa qualitativa se deu por
possibilitar a interpretação dos fatos de forma crítica e ampla considerando os
condicionantes que permeiam a sociedade, e não de forma reducionista e alienada,
“[...], defendendo uma visão holística dos fenômenos, isto é, que leve em conta os
componentes de uma situação em suas interações e influências recíprocas”
(ANDRÉ, 1995, p.17).
Para Bogdan citado por Triviños (1987), a pesquisa qualitativa possui inúmeras
características, dentre elas, tem o ambiente natural como fonte direta dos dados e o
pesquisador como instrumento chave do processo, vincula sua preocupação com o
processo e não somente com os resultados, desse modo os dados produzidos foram
analisados de forma indutiva, o significado tem um papel fundamental para uma
pesquisa essencialmente de cunho descritiva.
A coleta dos dados foi realizada no ambiente natural, ou seja, na escola onde atuam
os educandos, sem a interferência do pesquisador sobre os mesmos, o que a
caracterizou como sendo uma pesquisa de campo, que “Consiste na observação de
fatos e fenômenos tal como ocorrem espontaneamente, na coleta de dados a eles
referentes e no registro de variáveis que se presumem relevantes, para analisá-los”
(LAKATOS & MARCONI, 1991, p.186).
O universo da pesquisa realizada compreendeu alunos procedentes de colégios
públicos do Estado do Paraná que frequentam o ensino médio no período noturno, a
amostra selecionada caracterizou por ser não-probabilística eleita por acessibilidade,
sendo composta por todos os alunos de uma turma da 3ª série que frequentam o
ensino médio no período noturno de um Colégio Estadual do Núcleo Regional de
Loanda situado na região Noroeste do Paraná.
O instrumento escolhido para realizar a coleta dos dados, no período inicial da
intervenção pedagógica (diagnóstico) e novamente ao final (avaliação final) foi um
questionário contendo 10 questões abertas, pois “O questionário é a forma mais
usada para coletar dados, pois possibilita medir com melhor exatidão o que se
deseja. [...]. Ele contém um conjunto de questões, todas logicamente relacionadas
com problema central” (CERVO, 2002, p. 48).
Os dados coletados foram organizados de forma minuciosa, descartando as
informações incompletas e confusas que pudessem distorcer a interpretação das
questões elaboradas, a codificação permitiu a categorização dos dados de forma a
facilitar a tabulação e a transmissão.
A tabulação que segundo Lakatos & Marconi “É a disposição dos dados em tabelas,
possibilitando maior facilidade na verificação das inter-relações entre eles” (1991, p.
167), foi realizada confrontando os resultados do questionário inicial diagnóstico com
os resultados do questionário avaliativo final em cada uma das dez questões.
A análise dos dados foi realizada na mesma visão de Gil (1999) na qual é
imprescindível verificar as relações existentes entre o fenômeno estudado e a
questão norteadora que encaminhou o estudo. “A análise tem como objetivo
organizar e sumarizar os dados de tal forma que possibilitem o fornecimento de
respostas ao problema proposto para a investigação” (GIL, 1999, p.168).
O próximo passo executado foi a interpretação dos dados, para Gil “... a
interpretação tem como objetivo a procura do sentido mais amplo das respostas, o
que é feito mediante sua ligação a outros conhecimentos anteriormente obtidos”
(1999, p. 168). Os conhecimentos obtidos foram interpretados a luz dos objetivos
propostos para o trabalho, os quais foram construídos a partir das considerações
materialista histórico-dialético de Karl Marx.
Para Pádua (2007),
“[...] a concepção marxista da história parte do princípio de que a produção
e o intercâmbio de bens materiais constituem a base de toda ordem social,
portanto, não são as idéias (razão) que determinam o comportamento do
homem, mas a forma com que os homens participam da produção de bens
é que determina seus pensamentos e ações” (p. 22).
A concepção marxista é orientadora da pedagogia histórico crítica de Dermeval
Saviani a qual serviu de base para as Diretrizes Curriculares da Rede Pública de
Educação Básica do Estado do Paraná vindo por esses motivos também a servir
como pressuposto norteador da construção dos objetivos deste trabalho, o que a
coloca como princípio orientador também da análise dos resultados.
Diante disso, a análise dos dados foi realizada confrontando o questionário
diagnóstico (inicial) e o questionário avaliativo (final) como se segue:
Na 1ª questão da pesquisa (questionário diagnóstico inicial), foi perguntado ao aluno
se após tantos anos realizando avaliações se ele saberia o significado da palavra
avaliação, 52% dos alunos responderam que a avaliação serve para avaliar o
conhecimento e a aprendizagem, já no questionário final 82% responderam que a
avaliação serve para avaliar a aprendizagem e para selecionar os melhores para o
mercado de trabalho, percebe-se mudanças na visão sobre a avaliação, caminhando
em direção ao conceito desenvolvido por Luckesi (1997) e socializado durante as
intervenções de que a palavra avaliação provém da composição dos termos a +
valere tem sua origem no latim, significando dar valor a algo, ou seja, atribuir um
valor ou qualidade a alguma coisa e vem sendo utilizada atualmente como uma
forma de seleção para o mercado de trabalho.
Na 2ª questão, foi perguntado aos alunos se eles tinham ciência de que a avaliação
era realizada em outros espaços além da escola, e as respostas no questionário
inicial foram muito diversificadas como: Na vida, em casa, nos esportes, entretanto a
mais mencionada foi no mercado de trabalho, apontado por 39% dos entrevistados;
no questionário final, as respostas continuaram diversificadas, aumentando para
42% a porcentagem dos que acreditavam que a avaliação é realizada principalmente
no mercado de trabalho.
Percebe-se nesse caso a estreita relação que é estabelecida pelos alunos entre a
avaliação e o mercado de trabalho, porém as respostas ficaram um pouco distantes
dos conceitos socializados aos alunos que no entender de Paraná (1986), o homem
vive realizando avaliações em todos os momentos de sua vida entrelaçados com
sua visão de mundo, de sociedade, de homem e de trabalho.
Na 3ª questão, foi perguntado aos alunos, por que a avaliação no meio escolar é
considerada um momento crucial de extrema importância; as respostas obtidas no
questionário inicial foram muito diversificadas como: Demonstrar o desempenho do
professor e do aluno, porque aprova, porque influência nas matérias, no questionário
final 43% afirmou que o momento da avaliação é crucial por revelar a aprendizagem
dos alunos e testar seus conhecimentos.
As respostas indicam um avanço em direção ao conceito socializado de que a
avaliação é um momento crucial por ser segundo Luckesi (1997) um diagnóstico
comprometido com a aprendizagem dos alunos.
Na 4ª questão, foi perguntado aos alunos se existem relações entre as avaliações
nas diferentes áreas que compõem o currículo escolar, no questionário inicial a
diversidade de respostas como: Porque ela tem que existir, por causa das médias ou
porque as matérias têm semelhanças entre si, não permitiu estabelecer um ponto de
vista mais padronizado sobre o assunto; no questionário final, a diversidade de
respostas persistiu apesar de mostrar uma mudança bem tímida de visão sobre o
tema: Sim, existem vários tipos de avaliações, sim, pois as matérias são diferentes,
sim, devido ao currículo.
Apesar das respostas caminharem em direção aos conhecimentos socializados que
tiveram como base o Coletivo de Autores (1992) de que apesar das avaliações
seguirem as especificidades da matéria na qual é realizada, ela deve estar
relacionado ao processo pedagógico e comprometida com mudanças sociais que
beneficiem a classe que frequenta a escola.
Na 5ª questão, foi perguntado aos alunos se os alunos concordavam com a forma
como a avaliação é realizada em Educação Física na escola, no questionário inicial
73% concordaram, entretanto as justificativas foram muito diversificadas como:
Porque aprendemos sobre a saúde, influencia as pessoas a fazerem exercícios ou
porque abrange vários critérios.
No questionário final, 82% concordaram com a forma que a avaliação é realizada em
Educação Física apesar da diversidade de justificativas, sendo que algumas
relacionavam a avaliação da área ao mercado de trabalho, avançando timidamente
em direção aos conteúdos socializados na visão de Barbosa (2004), a atual forma
assumida pela avaliação no meio escolar tem servido mais como um instrumento de
controle social, pois tem produzido seletividade e exclusão.
Na 6ª questão, foi perguntado aos alunos se realizada da atual forma como vem
sendo realizada, a avaliação da aprendizagem no meio escolar serve mais aos
interesses dos educandos ou da sociedade capitalista, no questionário inicial a
resposta que sobressaiu foi aos interesses dos educandos com 43% enquanto que
no questionário final 60% responderam que a avaliação da forma como é realizada
serve mais aos interesses da sociedade capitalista em conformidade com os
apontamentos de Luckesi (1997) socializados aos alunos de que a atual
configuração assumida pela avaliação escolar serve a um modelo social dominante
identificado como modelo social liberal consolidado na Revolução Francesa.
Na 7ª questão, foi perguntado aos alunos se eles conheciam a filosofia Positivista
concebida por Augusto Comte e a influência desta corrente de pensamento sobre a
educação. No questionário inicial, 50% dos alunos respondeu que não conhecem,
não sabem explicar, responder ou nunca ouviu falar e o restante forneceu respostas
incoerentes com a pergunta.
No questionário final, 82% disseram não conhecer, não compreender ou não
respondeu a pergunta, respostas bem distantes dos conhecimentos socializados na
visão de Saviani (2000) de que o Positivismo de Augusto Comte chegou ao Brasil
pelas mãos da burguesia e desde então tem influenciado a educação.
Na 8ª questão, foi perguntado aos alunos se eles conheciam a filosofia materialista
histórica dialética concebida por Karl Marx e as propostas de mudanças sociais que
essa concepção propõe. No questionário inicial, 65% dos alunos responderam que
não conheciam, lembravam ou leram a respeito de Marx e suas propostas de
mudanças sociais.
No questionário final, 78% responderam que não conheciam, não lembravam ou não
ouviu falar de Marx e suas propostas, respostas bem distantes dos conceitos
socializados com base nas reflexões de Lessa & Tonet (2008) de que Marx postulou
uma teoria a partir da produção material, considerando sua historicidade e suas
contradições (materialismo histórico dialético) a partir da visão dos trabalhadores,
contrapondo a visão dos burgueses, propondo mudanças na sociedade que
conduzissem a classe trabalhadora a melhores condições de existência.
Na 9ª questão, foi perguntado aos alunos se é possível propormos mudanças nas
formas avaliativas presentes no meio educacional. As respostas apresentadas no
questionário inicial foram muito distintas como: a avaliação deveria ser realizada
com mais clareza, com provas orais, avaliar o comportamento ou até mesmo estudar
mais.
No questionário final, novamente uma diversidade de respostas que não permitiram
chegar a um consenso como, por exemplo, mudando a forma de avaliar as pessoas,
opondo-se à forma como ela é realizada, realizando avaliações diferenciadas,
respostas diferentes em relação à pesquisa inicial, entretanto um pouco distante dos
conceitos trabalhados de Luckesi (1997) de que a atual forma de avaliação escolar
estipulou como função da avaliação a classificação e não o diagnóstico tendo como
horizonte norteador as transformações sociais.
Na 10ª questão, foi perguntado aos alunos se a forma como a avaliação é realizada
em Educação Física possui alguma relação com o aumento das desigualdades
sociais. Essa questão também ofereceu uma diversidade de respostas como não,
pois a avaliação é igual para todos, a educação física é somente uma atividade
física, não porque alguns estudam mais do que outros.
No questionário final, novamente a mesma diversidade de respostas como: não sei,
pois educação física e desigualdades sociais são diferentes, não, pois na minha
escola a educação física é praticada com igualdade, somente são excluídos os que
não fazem a parte prática, entretanto algumas ponderações se aproximaram do
conhecimento socializado dada por um dos alunos de que “Talvez, pois em algumas
escolas fazem avaliações para escolher o melhor e deixar de lado os ruins, isso
influencia na desigualdade social” resposta bem próxima da assertiva de Luckesi
(1997) socializada aos alunos de que a desigualdade social existe independente da
avaliação, entretanto a forma como ela é realizada acaba contribuindo com a
correnteza acrescentando mais um fio de água.
5 Conclusão
A alienação do trabalho da forma atual como está organizada na sociedade
capitalista acaba despojando o trabalhador do fruto do seu trabalho conduzindo a
grande maioria da sociedade a sobreviver em condições desumanas.
Para superar a situação a que está sujeito, os trabalhadores necessitam apoderar-se
de determinados conhecimentos que lhes possibilitem compreender a situação de
exploração a que estão submetidos para que possam pavimentar um caminho para
sua emancipação.
A educação e seus componentes, nesse caso, a avaliação da aprendizagem é um
dos possíveis caminhos que lhes é presumível compreenderem e avançarem no
processo de resistência aos ditames do capital.
Com isso, este trabalho que socializou conhecimentos sobre a avaliação da
aprendizagem em educação física na perspectiva positivista e materialista histórico -
dialético pretendeu contribuir no processo de emancipação humana através da
educação.
Os resultados alcançados demonstram que houve avanços na compreensão de que
a avaliação deve estar comprometida com a aprendizagem e não com a seleção dos
alunos mais aptos para seguir à frente no processo escolar.
As intervenções conduziram os educandos a ampliar a relação entre a avaliação e a
seleção realizada pelo mercado de trabalho, mas ficou defasado ao não desenvolver
um conceito de avaliação que estivesse presente em todos os momentos da vida do
educando.
Mesmo após as intervenções os alunos, continuaram concordando com a forma que
a avaliação vem sendo realizada no meio escolar, de forma excludente, não
estabelecendo relação entre a avaliação da aprendizagem e o processo de exclusão
ao qual a prática está articulada na sociedade.
Houve avanços no posicionamento dos alunos em relação à forma como a avaliação
está organizada atualmente no meio escolar, pois na perspectiva dos educandos a
avaliação da aprendizagem está muito mais a serviço da sociedade capitalista do
que dos alunos.
Apesar da influência secular do Positivismo de Comte sobre a educação, os alunos
não reconhecem a influência dessa corrente filosófica sobre suas vidas, as
intervenções mostraram-se insuficientes na compreensão do Positivismo de Comte e
das razões que levaram a burguesia a adotá-lo para organizar a sociedade e a
educação.
O mesmo resultado foi encontrado sobre Marx e a filosofia materialista histórico
dialética, apesar das intervenções e das políticas educativas do Estado do Paraná
estar embasada na pedagogia histórico-crítica de Dermeval Saviani que tem seus
alicerces nas teorias Marxistas, os alunos desconhecem o trabalho de Marx e suas
propostas de transformações sociais.
As mudanças propostas pelos alunos sobre avaliação da aprendizagem após as
intervenções continuaram a ser mais de ordem técnica e intrínseca ao meio escolar
do que sobre a organização social a que a educação está indubitavelmente
articulada.
Mesmo após a intervenção, a pesquisa demonstrou que os alunos não conseguem
estabelecer relações entre a seleção realizada pela avaliação e as gritantes
desigualdades sociais sobre as quais a nossa sociedade está organizada.
Esses resultados demonstram que a avaliação da aprendizagem em Educação
Física é um tema muito amplo e de difícil compreensão quando relacionado aos
condicionantes sociais, somente algumas intervenções mostraram- se insuficientes
para avançar de modo significativo na apreensão dos conhecimentos socializados e
as possíveis reflexões sobre eles desenvolvidas.
Seguramente este trabalho não teve a intenção de esgotar o tema proposto, mas
produzir dados que contribuam de forma efetiva com futuras intervenções, que
possibilitem maiores avanços na socialização de conhecimentos essenciais aos
processos de transformação social. Para Saviani (2005), é fundamental a luta contra
a sonegação de conhecimentos, uma vez que é pela apropriação de determinados
conhecimentos transmitidos, que os trabalhadores transformarão estes saberes
burgueses em saberes proletariado.
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