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Em busca de um olhar articulado
1Aula
Cristiane Brasileiro
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MetaApresentar uma visão panorâmica e articulada do processo de
desenvolvimento de cursos em EAD a partir de uma perspectiva da
área do design instrucional.
ObjetivosAo final desta aula, você deverá ser capaz de:
• Identificar as contribuições do design instrucional para a
abordagem do processo de desenvolvimento de um curso em
EAD
• Reconhecer a presença das teorias da aprendizagem nos
modelos da área;
• Diferenciar as diversas etapas de desenvolvimento de um curso
em EAD de acordo com o modelo ADDIE.
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Aula 1 – Em busca de um olhar articulado
A perspectiva do design instrucionalNeste curso de especialização, você está estudando a respeito do ensino a distância
e da dinâmica envolvida desde a concepção até a avaliação final de um curso, passando
pela produção de materiais didáticos e pela tutoria exercida nesta modalidade.
Esta disciplina buscará tocar em alguns dos principais aspectos desse processo,
partindo de uma perspectiva do design instrucional – um termo tem sido popularizado
com a emergência e a proliferação do ensino a distância, e que costuma se ligar
especialmente à produção de materiais didáticos. Esperamos que, assim, você passe a
visualizar a elaboração de um curso em EAD de maneira mais abrangente e sistematizada.
Quanod falamos em design instrucional, é interessante recuperarmos algumas
leitura prévias que preparam o terreno pro nosso tema. Portanto, quero iniciar este
tópico apresentando uma colocação geral e interessante de Donald Schon (2000) a
respeito de “design”, simplesmente. Para esse autor, o design engloba ao mesmo tempo
complexidade e síntese, já que ele reúne coisas e faz com que outras venham a existir.
Para reforçar esta idéia, acompanhe outras definições a respeito deste termo:
O objetivo das atividades de design não é obter a solução ótima mas sim, a solução
que mais satisfaça uma série de limitações e interesses individuais.
A atividade de design envolve atividades como planejar, delienar, desenhar, esboçar,
projetar ,esquematizar, criar, inventar e executar (...) é um produto do intelecto e do
meio usado par aexpressar e materializar essa idéia. (VALENTE e CANHETTE, 1993 apud
BITTENCOURT, 2006).
O design é um processo interminável de invenção e reiunvenção de soluções [...] é uma
prática de significação de novas realidades, potencialmente criativa e inovadora; uma
prática heterogenea de resolução de problemas, envolvendo contextos específicos
muito diversificados e sujeitos históricos sujeitos a desejos, emoções, hábitos e
ideologias contraditórias. (CAUDURO, 1996 apud BITTENCOURT, 2006)
Com base nessas definições, podemos perceber que o design é um termo que se aplica
diretamente à elaboração de materiais para a área educacional. Segundo Bittencourt e
Orofino (2006, p. 20) a aplicação do projeto de design na EaD determina que:
• o projeto de aprendizagem a distância seja efetivamente baseado em princípios;
• a elaboração de produtos e serviços funcionais e atraentes constituam seu objetivo
essencial;
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Aula 1 – Em busca de um olhar articulado
• os procedimentos para auxiliar decisões na solução de problemas sejam coerentes
e planejados.
De acordo com Maia (2007, p. 51), ainda, o conceito de design pode ser entendido
como todo o projeto instrucional, educacional, pedagógico ou didático de um curso.
O design instrucional, portanto, “não se restringiria ao tratamento, publicação e
entrega do conteúdo, mas incluiria a análise, o planejamento, o desenvolvimento, a
implementação e a avaliação de um curso”. Essa, está claro, é uma visão macro do
processo de design. Em outras palavras, nessa acepção todo o processo de definição
de um curso estaria inserido na visão do trabalho do designer instrucional, daí nossa
escolha por essa perspectiva para abrir esta disciplina.
Breve histórico do design instrucionalEmbora pareça um assunto recente, falar em design instrucional envolve entender
um processo de desenvolvimento ao longo do tempo, e a conceitos atrelados a diversas
áreas do conhecimento. Par a começar o estudo, vamos entender o que este termo
significa para depois, o contextualizarmos melhor no ensino a distância.
Segundo Filatro (2004, p. 3) o termo design indica o resultado de um processo
ou atividade em termos de forma e funcionalidade, com propósitos e intenções
claramente definidos. Já o termo instrucional se relaciona à atividade de ensino que
se utiliza da comunicação para facilitar a aprendizagem. Assim, o design instrucional
pode ser entendido como uma ação que busca definir um conjunto de atividades sobre
uma dada realidade e aliar um planejamento, desenvolvimento e aplicação de métodos,
técnicas, atividades, materiais para promover a aprendizagem em uma dada situação,
com o objetivo de apresentar uma solução para algum problema identificado.
A partir desses conceitos iniciais, é possível entender o fato do design instrucional
ter se tornado mais evidente na época da Segunda Guerra Mundial, quando das
operações militares dos Estados Unidos. Considerando a essência de seu conceito,
algumas pessoas acreditaram que serviria como uma ferramenta para a resolução de
problemas e tomada de decisão. Neste contexto, o design instrucional foi utilizado
para treinar rapidamente centenas de milhares de militares para guerra. Segundo Leigh
Douglas, Ralph Tyler havia estudado, uma década antes da guerra, que os objetivos
eram mais úteis para desenvolvedores instrucionais se fossem escritos em termos de
comportamentos dos aprendizes que fossem desejáveis. Com base nesse conhecimento
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Desenvolvimento de Curso com Foco no Aluno
e na experiência de criar métodos padronizados de distribuição instrucional utilizando
máquinas, pesquisadores militares desenvolveram alguns filmes de treinamento e
outros materiais para propósitos instrucionais.
No contexto educacional, Gomez (2004, p. 127) afirma
que o conceito de design instrucional teve a contribuição da
taxonomia de Bloom (1973), dos anos 1950. Bloom considerava
importante a classificação dos objetivos de aprendizagem, já que
perseguia o propósito de oferecer guias claros e compreensíveis
para uma avaliação sistemática e atingir a totalidade do processo
cognitivo.
Muito próximos a esse referencial, os designers trabalham
seus projetos com a finalidade de atingir maior eficácia nas estratégias de instrução
para as pessoas. Os seguidores dessa proposta behaviorista afirmam que ela permitiria
integrar novos conhecimentos, transferi-los e generalizá-los a outras situações,
consolidando estratégias de pensamento e ação que facilitam novas aprendizagens.
Para tentarmos fechar uma definição mais densa sobre o termo, podemos dizer,
de modo geral, que o design instrucional é baseado em pesquisas teóricas e práticas
nas áreas de cognição, psicologia educacional e de resolução de problemas. Você pode
pensar nisso como a criação de materiais que trarão uma mudança de habilidades no
aluno e ligarão aquilo que o aluno ainda não consegue fazer com o que você gostaria
que ele fosse capaz de fazer. Para esta disciplina, de todo modo, adotaremos a seguinte
definição de design instrucional, proposta por uma colega proeminente da área:
Ação intencional e sistemática de ensino, que envolve o planejamento, o
desenvolvimento e a utilização de métodos, técnicas, atividades, materiais, eventos
e produtos educacionais em situações didáticas específicas, a fim de facilitar
a aprendizagem humana a partir dos princípios de aprendizagem e instrução
conhecidos. (FILATRO, 2004, p. 64)
Taxonomia
É um termo de origem grega e se refere a um sistema de classificação que não visa somente organizar uma coleção de classes de objetos ou entidades, mas que tenha seqüência e cumulatividade, caracterizando um processo continuo.
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Aula 1 – Em busca de um olhar articulado
A presença das teorias de aprendizagemO design instrucional, além de se afixar como ciência que cria especificações
sistemáticas acerca de um conjunto de informações, também agrega contribuições
advindas das teorias de aprendizagem.
É importante, de fato, que o design instrucional tenha uma visão transdisciplinar
em relação a todas às áreas do conhecimento para atender a perspectiva da diversidade.
Desse modo, o papel do design instrucional, ao fazer uso das teorias da aprendizagem,
é promover a interação do ensino, da aprendizagem e das tecnologias educacionais.
Esta interação, no entanto, só é possível por meio da cognição que envolve os processos
mentais.
Veja agora um pouco mais destes processos de maneira breve e sucinta, numa
visão geral a respeito da influência das teorias de aprendizagem sobre a área do design
instrucional.
ComportamentalismoO ponto principal no comportamentalismo é que a aprendizagem ocorre com a
mudança de um comportamento, por meio de estímulo e resposta. Sendo assim, o
comportamentalismo não leva em consideração o que ocorre dentro da mente do
sujeito durante o processo de aprendizagem, e sim as respostas emitidas pelo sujeito aos
estímulos fornecidos pelo ambiente externo são estudadas assim como cada mudança
de comportamento que representa a aprendizagem.
Segundo Filatro (2004), por influência desta teoria em 1950, Bloom formulou
a taxonomia dos objetos educacionais com base na cognição (desenvolvimento
de habilidades intelectuais), afetividade (mudanças nos interesses, atitudes,
comportamentos e valores) e no sentido humano (psicomotor). Tal taxonomia
influenciou o design instrucional no sentido da criação de uma linguagem comum e
padronizada para classificar as atividades educacionais que chegou ao Brasil em meados
da década 1970.
Em 1965, o desenvolvimento do design instrucional ainda é marcado pela
contribuição de Robert Gagné. Este completou o modelo da taxonomia dos objetos
educacionais de Bloom com a descrição dos resultados da aprendizagem em cinco tipos
e apresentou também nove condições externas de aprendizagem.
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Desenvolvimento de Curso com Foco no Aluno
A teoria comportamentalista, em seus pressupostos, muito contribuiu para o
desenvolvimento do design instrucional. Veja no quadro a seguir uma amostra das
principais dessas contribuições:
Amostra dos insights comportamentalistas para o design de ambientes de aprendizagem(*)
Aprender fazendo. As pessoas aprendem realizando a tarefa. “Colocar em prática”.
Taxonomias. Os resultados de aprendizagem diferenciados de acordo com a complexidade. “Estímulo e resposta”.
Foco nos resultados. Comportamentos mesuráveis são o melhor índice de resultado de aprendizagem.
Decomposição de tarefas. Tarefas menores, mais manipuláveis e aprendidas separadamente.
Transferência. Oportunidade de praticar a tarefa para saber desempenha-lá.
(*) Tabela 1: adaptada de FILATRO, Andrea. Design instrucional contextualizado: educação e tecnologia. 2004, p. 79.
Para concluir a abordagem desta teoria, vale ressaltar que ela tem como foco
principal a manipulação do ambiente externo como mecanismo de mudança, por meio
de condutas observáveis e manipuláveis.
CognitivismoO cognitivismo é outra teoria da aprendizagem que também contribuiu muito para
o desenvolvimento do design instrucional. As primeiras sementes do cognitivismo
foram lançadas por Jean Piaget em 1920, quando criou um sistema teórico amplo
para o desenvolvimento das habilidades cognitivas que definiu como: o estudo do
desenvolvimento do pensamento abstrato com base em um substrato biológico ou
inato.
A teoria do cognitivismo investiga a mente e o comportamento humano e é um
ramo da psicologia que se desenvolveu como área separada desde os fins dos anos de
1950 e meados dos anos 1960. Esta teoria pesquisa os artifícios de processamento da
informação e de organização do conhecimento pela mente humana, tem como tarefa
árdua compreender os diferentes estilos de pensamento e estilos de aprendizagem.
As verificações realizadas pelos cognitivistas se baseiam nos processos psicológicos
cognitivos, que também podem ser chamados ou conhecidos por processos psicológicos
básicos ou mentais.
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Aula 1 – Em busca de um olhar articulado
Vamos conhecer um pouco mais sobre estes processos já que a revolução cognitiva
não se restringiu à psicologia, mas foi também uma revolução no campo do design
instrucional.
Os processos psicológicos ou mentais estão relacionados
à sua memória e sua atenção. Cada vez que você realiza
uma reflexão sobre esses processos mentais, acontece o que
chamamos de metacognição - que é a capacidade que o sujeito
tem de pensar sobre a maneira como resolve os problemas que
se apresentam na realidade e as muitas tarefas do cotidiano.
Nessa metacognição estão presentes outros processos
como o pensamento, a linguagem, a imaginação, a percepção,
a emoção/motivação, frustração/conflito e tudo isso de
forma consciente. Vamos nos ater a três processos psicológicos
de grande importância para o design instrucional que é a
atenção, memória e pensamento.
O processo psicológico da atenção tem sua importância na aquisição do
conhecimento. Este processo confere ao sujeito a capacidade de concentrar, de focar
em um dado estimulo específico. O processo psicológico da memória é responsável por
armazenar e recuperar no momento certo as representações e informações transmitidas.
Já o processo psicológico do pensamento é compreendido pelo cognitivismo como
responsável pela capacidade de comparar, generalizar, abstrair, relacionar e analisar
um dado contexto de uma determinada informação. Estes processos psicológicos são
estudados pelo cognitivismo de forma isolada e em sua inter-relação.
Toda pesquisa da Psicologia cognitivista influenciou diretamente o design
instrucional e na configuração que o mesmo apresenta na atualidade nos princípios
de criação dos ambientes de aprendizagem. No cognitivismo, a condição básica para
que ocorra a aprendizagem está relacionada com a intenção do sujeito, mesmo que
involuntária, de tornar coerente aquilo que lhe é incoerente e o que permite atender a
nova percepção da realidade.
Metacognição
O controle consciente do funcionamento de nossos próprios processos mentais e a reflexão sobre eles é chamado de metacognição. A capacidade de metacognição é fundamental para que o sujeito seja capaz de resolver os problemas que se apresentam a ele na realidade e para realizar muitas das tarefas que se impõem no cotidiano.
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Desenvolvimento de Curso com Foco no Aluno
(Sócio) ConstrutivismoAgora você conhecerá outros teóricos que confrontaram e influenciaram nos
métodos tradicionais de ensino e aprendizagem. Esses teóricos enfatizaram a necessidade
de se preocupar com o modo como o ser humano se diferencia dos animais pelo
desenvolvimento de capacidades que se manifestam e se originam nas relações sociais.
Para Bruner, um desses teóricos, o conhecimento é um processo, não o acúmulo
de sabedoria científica armazenada em livros textos. O que este teórico quer dizer
é que a aprendizagem acontece por meio da descoberta. E quando esta descoberta
acontece, é porque está relacionada com as experiências pessoais do sujeito. Sendo
assim, o conceito não deve ser entregue ao sujeito sem lhe dar a chance de formulá-lo.
O conceito deve ser construído junto com o sujeito sobre um conhecimento prévio.
Já de acordo com Piaget, o conhecimento é fruto da interação entre o sujeito e
objeto por um processo permanente de construção e desconstrução, o que resulta
na formação das estruturas cognitivas. Para Piaget, o ensino potencializa e favorece
a construção das estruturas cognitivas do sujeito. Ele não concorda, portanto, que o
conhecimento nasça com o indivíduo e seja dado pelo meio social. Nesta teoria, Piaget
afirma que o sujeito constrói seu conhecimento na interação com o meio físico e social
e esta construção irá depender do indivíduo e das condições apresentadas pelo meio
em que está inserido. Ainda assim, a aprendizagem ou construção de conhecimento
ocorre somente se o conhecimento prévio na estrutura cognitiva do indivíduo lhe dá
condições para assimilar as características essenciais do conhecimento novo. Podemos
destacar, nesse sentido, que para o design instrucional a aprendizagem sempre envolve
construção e compreensão, assim como acredita essa linha pedagógica.
O psicólogo Vygotsky, por fim, traz para a educação uma perspectiva
socioconstrutivista ou sociohistórico cultural. Essa perspectiva tem como base as
funções psicológicas superiores – entendidas, nesse caso, como sendo fruto do
desenvolvimento cultural (e não genético, como defende Piaget em sua teoria). Para
Vygotsky, é a aprendizagem que sustenta o desenvolvimento humano e toda formação
dos processos superiores do pensamento se dá pela atividade instrumental humana.
Pra tntar entender como se dá a aprendizagem, esse teórico criou cinco conceitos que
estão interrelacionados. Vamos a eles?
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Aula 1 – Em busca de um olhar articulado
a. Atividade humana
Para construir este conceito, Vygostky fez uso da visão de trabalho que Marx
defendia orientar a construção do sujeito e de suas implicações para a espécie humana,
que a definiram pela capacidade de:
• estar conscientemente direcionado para finalidade;
• utilizar instrumentos mediadores para realizar a atividade;
• produzir algo como sua própria subjetividade, o seu jeito de ser.
b. Mediação
A mediação semiótica é a formação consciente das funções psicológicas superiores
e ocorre a partir da atividade do sujeito com a ajuda de instrumentos socioculturais.
De acordo com Baquero (1998, p. 36), os instrumentos de mediação são uma fonte de
desenvolvimento - a cada novo ou avançado instrumento de mediação que o sujeito
busca são considerados progressos no desenvolvimento. A atividade humana pode
produzir e transformar a natureza ou o objeto e transformar a si mesmo como sujeito
do conhecimento. Estamos descrevendo aqui uma relação dialética e não uma relação
de interação. A relação dialética é contraditória e é mediada semioticamente. Então
a mediação semiótica é o meio para se realizar uma atividade. Como exemplo, temos
a palavra como mediador social. (BAQUERO, R. Vygotsky e a aprendizagem escolar.
Porto Alegre: Artes Médicas, 1998).
c. Internalização
Transformação de um processo interpessoal em um pessoal. Não acontece de forma
imediata, mas como conseqüência de uma série de eventos ocorridos ao longo do
desenvolvimento.
d. Funções Psicológicas Superiores
Estas funções aparecem no ser humano de maneira natural com o amadurecimento
do Sistema Nervoso Central (SNC) em condições ambiente favoráveis. As funções
psicológicas podem ser elementares (se são exemplos delas a atenção involuntária e
inteligência prática) ou superiores (quando promovem o desenvolvimento do ser
humano nas interações sociais que são mediadas pela linguagem).
A formação de processos superiores de pensamento, de acordo com Filatro
(2004) se dá pela atividade instrumental e prática, em interação e cooperação social
que nos conduz ao quinto conceito de Vygotsky de zona de desenvolvimento proximal.
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Desenvolvimento de Curso com Foco no Aluno
Os instrumentos psicológicos ordenam e reposicionam a informação, por meio da
inteligência, memória e atenção.
e. Zona de Desenvolvimento Proximal
O que é mais importante? Saber o que já está desenvolvido no sujeito ou observar
suas ações? O conceito de zona de desenvolvimento proximal foi uma das contribuições
mais significativas de Vygotsky para a educação, e um instrumento forte o design
instrucional encarar os desafios em relação às formas de ensinar. Afinal, zona de
desenvolvimento proximal é a distancia entre o nível de desenvolvimento atual
(determinado pela solução independente de problemas), e o nível de desenvolvimento
potencial (determinado pela solução de problemas sob a orientação de adultos ou em
colaboração com os pares mais capazes).
Se você deseja saber um pouco mais sobre a Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP)
leia o artigo “Vygotsky e a Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP): três implicações
pedagógicas”, disponível no seguinte endereço: http://www.uma.pt/carlosfino/
publicacoes/11.pdf
Mai
s
Em conformidade com esses princípios, aprender não seria uma simples ação
individual de obter informação, mas um processo dialético que envolve o social,
ferramentas e o mundo físico. Em 1990, a visão (socio) construtivista dissemina
as formas de ensinar no campo do design instrucional. A partir disso, designers
instrucionais vêm pesquisando modelos que possibilitem a criação de um espaço
favorável para construção de um ambiente construtivista na educação on-line.
Veja, a seguir, alguns dos princípios do pensamento Vygotskiano e suas implicações
para o design instrucional on-line.
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Aula 1 – Em busca de um olhar articulado
Princípios do pensamento vygotskiano e suas implicações para o design instrucional on-line (*)
A aprendizagem é orientada a demanda.
Os ambientes virtuais de aprendizagem rastreiam a historia, o perfil e progresso do aluno. Organizar conteúdos segundo a necessidade de aprendizagem.
A aprendizagem é uma construção social mediada pelos atores sociais por meio de linguagens, signos e ferramentas.
Capitalizar as dimensões sociais nos ambi-entes virtuais de aprendizagem e dispor de ferramentas de aprendizagem.
A aprendizagem é reflexiva e metacognitiva, internalizando do social para o individual.
Ambientes virtuais de aprendizagem como facilitadores da reflexão e metacognição permitindo a aprendizagem pela prática e reflexão.
A aprendizagem esta incorporada em ricos contextos culturais e sociais.
Ambientes virtuais de aprendizagem que promovam a interação de maneira atualizada.
A aprendizagem é socialmente distribuída entre as pessoas.
A localização da informação nos ambientes virtuais de aprendizagem deve ser facilitada.
A aprendizagem equivale a transferir conhe-cimentos de uma situação a outra, desco-brindo significados relacionais e associados.
Lanças desafios aos alunos nos ambientes virtuais de aprendizagem.
(*) Tabela 2: adaptada de FILATRO, Andrea. Design instrucional contextualizado: educação e tecnologia. 2004, p.90.
Depois de conhecer algumas correntes teóricas que influenciaram direta ou
indiretamente o design instrucional, completamos nossa análise com a compreensão
da educação de adultos, a andragogia.
É sabido que a pedagogia significa a arte e a ciência de educar crianças. Por estar
centrada no conhecimento do professor, a pedagogia baseia-se na suposição de que os
alunos ou aprendizes não têm maturidade suficiente para tomar certas decisões, e, por
isso, o professor conduz o que será aprendido e como isso vai acontecer.
Segundo DeAquino (2007, p. 11), o “modelo pedagógico não considera as mudanças
que ocorrem no ser humano quando ele passa da infância para a adolescência e depois
para a fase adulta, e isso pode criar resistência ao aprendizado nos adultos”. O autor
ressalta que há uma “discussão” em torno da questão da pedagogia ser a forma mais
adequada para o ensino e aprendizagem dos adultos ou se a andragogia, uma abordagem
que considera a postura crítica e a necessidade de experimentação, seria capaz de trazer
resultados melhores para esse grupo de aprendizes.
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Desenvolvimento de Curso com Foco no Aluno
Andragogia Definida inicialmente por Malcolm Knowles como a arte e a ciência de ajudar
adultos a aprender, hoje é uma alternativa à pedagogia e refere-se à educação centrada
no aprendiz para pessoas de todas as idades.
No modelo andragógico de aprendizagem, a responsabilidade pela aprendizagem
é compartilhada entre professor e aluno. Os adultos buscam independência e a
responsabilidade por aquilo que julga ser importante aprender.
Para Knowles, o modelo andragógico está fundamentado em quatro suposições
básicas para os aprendizes (DeAQUINO, 2007, p. 11):
1. seu posicionamento muda da dependência para a independência ou
autodirecionamento;
2. as pessoas acumulam um “reservatório” de experiências que pode ser usado como
base sobre a qual será construída a aprendizagem;
3. sua prontidão para aprender torna-se cada vez mais associada com as tarefas de
desenvolvimento de papéis sociais;
4. suas perspectivas de tempo e de currículo mudam do adiamento para o imediatismo
da aplicação do que é aprendido e de uma aprendizagem centrada em assuntos para
outra, focada no desempenho.
De modo geral, a andragogia e a pedagogia apresentam diferenças significativas na
maneira de abordar o aprendiz, o ambiente de aprendizagem e a forma como ocorre a
interação professor-aluno. Vejamos:
Pedagogia Andragogia(aprendizagem centrada no professor) (aprendizagem centrada no aprendiz)
Os aprendizes são dependentes. Os aprendizes são independentes e autodirecionados.
Os aprendizes são motivados de forma ex-trínseca (recompensas, competição etc.)
Os aprendizes são motivados de forma in-trínseca (satisfação gerada pelo aprendizado)
A aprendizagem é caracterizada por técni-cas de transmissão de conhecimento (aulas, leituras designadas).
A aprendizagem é caracterizada por projetos inquisitivos, experimentação, respeito mútuo e cooperação.
O planejamento e a avaliação são conduzidos pelo professor.
A aprendizagem deve ser baseada em experiências.
A avaliação é realizada basicamente por meio de métodos externos (notas, testes e provas).
As pessoas são centradas no desempenho em seus processos de aprendizagem.
Tabela 3: comparação entre pedagogia e andragogiaFonte: adaptado de JARVIS, P. The sociology of adult and continuing education. Bechenham: Croom Helm, 1985. (citado em DeAQUINO, 2007, p. 12)
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Aula 1 – Em busca de um olhar articulado
Modelos de design instrucionalOs modelos podem nos remeter a uma idéia estática de representação de algum
fenômeno. Pra desfazermos essa impressão, começarmos este tópico expondo
exatamente o que entendemos por modelo:
Um modelo é uma figura mental que ajuda a compreender algo que não conseguimos
ver ou experimentar diretamente. (Dorin, Demmin & Gabel, 1990 apud MERGEL, 1998)
Thompson (2001) afirma que os modelos de design instrucional aceleram o processo
de planejamento de curso, ajuda na comunicação interna e garante que nenhuma
fase do design instrucional seja esquecida. Eles podem ser usados para avaliar uma
instrução existente. Considerando o contexto educacional, podemos perceber que hoje
já existem diversos modelos de design instrucional, mas podemos observar que o que
todos têm em comum (THOMPSON, 2001):
• avaliam as necessidades;
• identificam metas e objetivos;
• analisam a audiência e ajustes;
• desenvolvem conteúdos e ofertas;
• avaliam e redefinem o projeto.
Sendo o design instrucional constituído de um processo dinâmico com constante
movimento de avanço-feedback-ajustes, é possível verificar que a alteração os objetivos,
que também altera o conteúdo e ambos precisam ser redirecionados. Tendo isso em
vista, é importante lembrar que todo e qualquer conteúdo a ser tratado pelo design
instrucional deve ser criteriosamente planejado, organizado e executado.
Um exemplo claro no contexto do ensino a distância, está no fato de as aulas não
serem ministradas presencialmente. Por este motivo, as equipes envolvidas na produção
dos materiais didáticos devem antecipar as necessidades dos aprendizes, principalmente o
design instrucional que atentará para uma construção marcada pela clareza nos recursos
empregados, atividades sugeridas, feedback e demais instruções envolvidas.
Essa atividade fica melhor sistematizada quando há o estabelecimento de um
modelo de design instrucional por trás, dando o suporte conceitual necessário para
a atividade. Assim, esse modelo torna-se uma ferramenta para o planejamento geral
ajudando indivíduos e equipes do projeto a trabalharem no processo de planejamento
da instrução. Considerando a relevância do uso de modelos, podemos constar que a
maioria deles utiliza os estágios básicos: design, desenvolvimento, avaliação e revisão
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Desenvolvimento de Curso com Foco no Aluno
(WILLIS, 1993). Vejamos:
Seguindo os estágios acima apresentados, o estágio de design envolve determinar a
necessidade de instrução considerando dados externos e as experiências anteriores nas
quais a instruções foram efetivas para atender essas necessidades. Além disso, é neste
momento que se avalia o público-alvo, a faixa etária, interesses e níveis educacionais. A
partir da natureza do problema e nas necessidades levantadas, estabelece-se as metas e
objetivos instrucionais.
Design
• determinar as necessidades
• analisar a audiência
• estabelecer metas
Revisão
• desenvolver e implementar
um plano de revisão
Desenvolvimento
• criar um roteiro de conteúdo
• revisar materiais existentes
• organizar/desenvolver conteúdos
• selecionar/desenvolver materiais
e métodos de entrega
Avaliação
• revisar metas e objetivos
• desenvolver uma estratégia
de avaliação
• coletar e analisar dados
O estágio de desenvolvimento é responsável por criar o roteiro de estudo baseado
no levantamento feito no estágio anterior. É importante rever os materiais que já
existem antes de enviar aos alunos. A partir do conteúdo, é importante também pensar
a organizar os mesmos e procurar exemplos relevantes para os alunos. O desafio maior
está na integração dos diversos componentes (áudio, vídeo, impresso) para evitar a
necessidade de criar experiências paralelas de aprendizagem.
Figura 1: O processo básico de desenvolvimento instrucional
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Aula 1 – Em busca de um olhar articulado
O estágio de avaliação determina se o método instrucional e se os materiais estão
de acordo com as metas e objetivos previamente estabelecidos. A avaliação precisa ser
estudada e planejada corretamente para avaliar a efetividade da instrução. O estágio de
revisão é um resultado direto do processo de avaliação e é importante para se avaliar as
forças e fraquezas do curso. Por este motivo, sugere-se que a revisão seja planejada tão
logo o curso termine para que mudanças necessárias sejam implementadas.
Focalizaremos, agora, um modelo que tem se destacado sobre os demais: o ADDIE.
Esse modelo para design instrucional é composto por, basicamente, 5 etapas: Analysis,
Design, Development, Implementation and Evaluation (Análise, Projeto, Desenvolvimento,
Implementação e Avaliação, respectivamente).
Filatro (2008, p. 19) afirma que, na situação didática, esse modelo tem a vantagem
de distinguir as fases de concepção (análise, design e desenvolvimento) e execução
(implementação e avaliação), “envolvendo o planejamento criterioso e a produção
de cada um dos componentes do design instrucional antecipadamente à ação da
aprendizagem”. Vejamos melhor, a seguir o que cabe a cada etapa. Vale destacar que
essas etapas são muito similares à estrutura genérica apresentada por Willis (1993).
Etapa 1: Análise (Analysis)Esse é o momento inicial do trabalho, onde o designer instrucional faz a análise
das necessidades de aprendizagem segundo o perfil do público-alvo à luz do material
instrucional disponível. Essa etapa busca detectar o problema, a necessidade de
formação e produzir um documento de avaliação destas necessidades buscando
atender a demanda. Esse documento, que será o fruto da análise inicial, deverá sempre
ser trabalhada em conjunto com os especialistas na área em específico. Lisle (1997)
apresenta alguns componentes que podem compor esta análise:
• Análise da meta: produzir resumo dos resultados pretendidos para desem-penhos
específicos que possam ser mensurados;
• Análisedodesempenho: determinar as razões e soluções para as atuais diferenças
entre os comportamentos e os resultados pretendidos;
• Análisedopúblico-alvo: descobrir as características dos potenciais formandos;
• Análise da tarefa: especificação e determinação da exata natureza da tarefa,
os alunos devem aprender, analisando-o em sub-divisões, e decidir o que pode ser
assumida aspectos a ter em vigor antes da formação;
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Desenvolvimento de Curso com Foco no Aluno
• Seleção de mídia: encontrar a melhor combinação de meios para realizar a
formação, tal como determinado nas outras componentes;
• Análisedecustos:a determinação do custo do projeto, e ajustando o projeto para
atender restrições orçamentais.
Etapa 2: Projeto (Design)A partir do que foi detectado na primeira etapa, o objetivo neste momento
é desenvolver um plano detalhado de como será o “produto final”. Como ele será
apresentado? Segundo Filatro (2008, p. 28-29) este é momento para pensar o
mapeamento e seqüenciamento dos conteúdos a serem trabalhados, a definição de
estratégias de aprendizagem para alcançar os objetivos traçados, a seleção de mídias e
ferramentas mais apropriadas e a descrição dos materiais que deverão ser produzidos
para utilização por alunos e educadores.
Nesse momento, é válido a construção de storyboard e de fluxograma de toda a
estrutura do produto acabado. Isso porque, neste momento diversos profissionais
participam das soluções a serem sugeridas para o referido material: designers
instrucionais, designers gráficos, roteiristas e o próprio especialista no conteúdo. Lisle
(1997) aponta várias questões-chave a serem resolvidas, nesta etapa:
• Designdeinterface: envolve um desenvolvimento consistente, acessível, de layout
atraente para facilitar a navegação [no caso de ser em uma mídia digital] e manuseio do
produto de modo geral;
• Sequenciação: decidir sobre a melhor forma pedagógica para o local no qual as
diferentes lições e sub-componentes;
• Designdaaula:desenvolver as estratégias a serem seguidas dentro de cada lição para
melhor expor o ensino, com destaque para a motivação e maximização de retenção;
• Controledoqueoaprendizacessa: decidir o quanto o aluno pode ter controle sobre
o fluxo de lição, identificando os principais pontos da decisão da seqüência da lição.
Etapa 3: Desenvolvimento (Development)Nessa etapa, onde o problema está definido, as estratégias traçadas, o design do
produto fixado, e aí chega o momento de novos profissionais entrarem em cena. Trata-
se dos profissionais que trabalharão a execução do projeto por parte dos programadores,
designers gráficos, desenhistas, roteiristas e especialistas no assunto. Embora o processo
de braimstorming acerca de como produzir efetivamente exista - e seja necessária -
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Aula 1 – Em busca de um olhar articulado
esta equipe também tem uma rotina de trabalho previamente definida, com a clareza
das atribuições de cada um no processo. Durante essa fase, um modelo de trabalho é
normalmente desenvolvido e, o resultado deverá ser a entrega do conteúdo didático
previamente planejado. Trata-se, portanto, da fase da “produção e adaptação de recursos
e materiais didáticos impressos e/ou digitais, a parametrização de ambientes virtuais e a
preparação dos suportes pedagógicos, tecnológico e administrativo” (FILATRO, 2008,
p. 30). Devido à especificidade da atividade e do grande envolvimento dos diversos
profissionais, esta etapa consome bastante tempo no processo de produção de um
material, tendo em vista a necessidade de estudar viabilidades, adequação tecnológica,
estratégias didáticas apropriadas e muita criatividade para expressar o conteúdo e
estimular o aluno a se envolver com o conteúdo da forma desejada. Em todo o tempo,
o designer instrucional acompanha o processo e as discussões envolvidas nesta etapa.
Ele faz validações junto à equipe de produção e com os professores conteudistas.
Etapa 4: Implementação (Implementation)De acordo com Filatro (2008), na fase de implementação acontece a aplicação
efetiva da proposta de design instrucional. Essa etapa ainda é formada, internamente,
por duas fases: a publicação e a execução.
A publicação engloba toda a preparação do ambiente virtual e definição de papéis
das pessoas envolvidas. Por exemplo: carregar todo o conteúdo para o ambiente virtual,
definir formas de interação, horários das atividades. Na execução, os alunos “realizam
as atividades propostas, interagindo com os conteúdos, ferramentas, educadores e
outros alunos, conforme o desenho do curso” (FILATRO, 2008, p. 31).
A execução é o momento onde a prática, por parte de alunos e professores se
efetiva. Tudo o que foi planejado antecipadamente é executado e é importante que
seja acompanhado pela equipe de design instrucional para que tenham o feedback
necessário para a próxima etapa, a de avaliação.
Etapa 5: Avaliação (Evaluation)Esse é o momento de avaliar a proposta utilizada e rever as estratégias implementadas.
Não somente estratégias, mas também a solução educacional projetada de modo geral e
saber dos resultados de aprendizagem dos alunos. Cabe destacar, que neste momento,
é importante haver instrumentos adequados para fazer a coleta de informações
necessárias. A partir destas informações, tem-se informações para analisar todas as fases
e fazer os devidos ajustes.
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Desenvolvimento de Curso com Foco no Aluno
A avaliação precisa prever e antecipar ações a serem realizadas para certificar
a seriedade do projeto e estabelecer credibilidade diante os usuários do material
elaborado. Segundo Bittencourt e Orofino (2006, p. 148), a avaliação é necessária para
não se perder os objetivos de ensino e a sustentabilidade do projeto em questão. Sua
função é indicar se os objetivos foram alcançados ou não. Para realizar esta avaliação,
pode-se usar métodos de coleta de informação como entrevistas e questionários.
Para Garcia Aretio (1995), a avaliação de qualidade em EaD só é realizada se estiver
centrada nos distintos níveis de coerência, ajuste ou adaptabilidade, resumidos nas
seguintes relações:
a. funcionalidade: coerência entre os objetivos, metas e resultados educativos,
sistema de valores, expectativas e necessidades culturais e socioeconômicas de uma
comunidade;
b. eficácia e efetividade: coerência entre metas e objetivos educacionais
(considerados como valiosos e desejáveis pela instituição promotora de Projeto) e os
resultados alcançados;
c. eficiência: coerência entre entradas, processos, meios e resultados educativos
(relação/entrada/meio/produto);
d.disponibilidade: coerência entre metas e objetivos institucionalmente propostos,
bem como entre os recursos humanos, materiais e aspectos econômicos que foram
disponibilizados para o início do processo;
e.inovação: coerência entre os resultados obtidos, cujas deficiências se concretizam
no catálogo de melhorias necessárias ao alcance das metas e decisão de inová-las e
revisá-las bem.
Como a avaliação atua como um instrumento sistemático de correção de falhas e
promoção de acertos, ela não pode ser realizada isoladamente do processo de execução
e acompanhamento das ações. Deve ser planejada e tornar-se tarefa e competência de
todos os envolvidos no processo.
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Aula 1 – Em busca de um olhar articulado
Resumindo
Nesta primeira aula, você foi apresentado a uma perspectiva
teórica que busca abarcar todo o processo de desenvolvimento
de um curso em EAD: a do design instrucional. A idéia foi conhecer
um pouco de seu histórico, como é aplicado no meio educacional e
identificar o modelo mais difundido e utilizado, o ADDIE.
Tendo as etapas do modelo claras, a visualização do processo de
desenvolvimento do trabalho fica mais facilitada, favorecendo
alterações e melhorias. Vale destacar que a aplicação de um modelo
de design instrucional, portanto, é válido desde uma visão macro (que
engloba todo o desenvolvimento de um curso) até uma visão micro
(que pode englobar, por exemplo, apenas a produção de materiais
didáticos).
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