Post on 07-Apr-2016
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DISCIPLINA: DISCIPLINA: Redação Redação CientíficaCientífica
Profa. Lílian MoreiraProfa. Lílian Moreira
Ao citar a passagem bíblica, o acusado se esqueceu de que ela faz parte de um texto e que seu significado não é autônomo. Não se pode isolar uma frase do texto e querer dar-lhe o significado que se deseja.
Uma mesma frase pode ter significados distintos dependendo do contexto em que está inserida.
(Exemplo: A porta está aberta.)
Conclusão: para entender qualquer frase do texto é preciso confrontá-la com as demais, caso contrário o sentido encontrado pode ser o oposto do esperado.
Atribua diferentes sentidos para a frase isolada a seguir:
A nossa cozinheira está sem paladar.
2- Todo texto contém um pronunciamento dentro de um debate maior.
Nenhum texto é uma peça isolada, nem a manifestação da individualidade de quem a produziu.
A construção de um texto marca a posição ou participação em um debate mais amplo que está sendo travado na sociedade (veja o exemplo a seguir).
Agora veja o restante do texto e perceba se sua interpretação anterior é conveniente ao conjunto do texto.
Conclusão: o que define as relações interpessoais são os interesses, o narrador estava preocupado em recuperar o serviço de engraxate, não a pessoa que lhe prestava o serviço.
Por trás desta história inventada, há um pronunciamento sobre a hipocrisia humana, sobre o egoísmo que se esconde nos sentimentos que unem as pessoas.
Os dois primeiros trechos citam o terceiro.
Com muita frequência, um texto retoma o outro. Quando ocorre em textos científicos, isso é feito de maneira explícita. O texto citado vem entre aspas e indica-se o autor e o livro donde se extraiu a citação.
Num texto literário, a citação de outros textos é implícita. O autor pressupõe que o leitor compartilhe com ele um mesmo conjunto de informações a respeito das obras que compõem um universo cultural.
A citação de um texto por outro, esse diálogo entre textos se chama INTERTEXTUALIDADE.
Um texto cita o outro basicamente com duas finalidades: A) reafirmar o que foi citado; B) contradizer, contestar o que foi citado.
No caso A), ocorre o que se chama PARÁFRASE. No caso B), ocorre a PARÓDIA
A percepção por parte do leitor das intertextualidades depende de seu repertório cultural.
TEXTO 1I carta de São Paulo aos Coríntios
“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse Amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse Amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tivesse Amor, nada disso me aproveitaria. O Amor é paciente, é benigno; o Amor não é invejoso, não trata com leviandade, não se ensoberbece, não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal, não folga com a injustiça, mas folga com a verdade. Tudo tolera, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O Amor nunca falha.
Havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; porque, em parte conhecemos, e em parte profetizamos; mas quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; mas o maior destes é o Amor.”
TEXTO 2
Amor é fogo que arde sem se ver(Luis Vaz de Camões)
Amor é fogo que arde sem se ver,é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;é um andar solitário entre a gente; é
nunca contentar-se de contente;é um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favornos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
MONTE CASTELO (Renato Russo)
Ainda que eu falasse a língua dos homens.E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.
É só o amor, é só o amor.Que conhece o que é verdade.O amor é bom, não quer o mal.Não sente inveja ou se envaidece.
O amor é o fogo que arde sem se ver.É ferida que dói e não se sente.É um contentamento descontente.É dor que desanima sem doer.
Ainda que eu falasse a língua dos homens.E falasse a língua dos anjos,Sem amor eu nada seria.
É um não querer mais que bem querer.É solitário andar por entre a gente.É um não contentar-se de contente.É cuidar que se ganha em se perder.
É um estar-se preso por vontade.É servir quem vence o vencedor;É um ter com quem nos mata lealdade.Tão contrário a si é o mesmo amor.
Estou acordado e todos dormem,Todos dormem, todos dormem.Agora vejo em parte.Mas então veremos face a face.
É só o amor, é só o amor.Que conhece o que é verdade.
Ainda que eu falasse a língua dos homens.E falasse a língua dos anjos,Sem amor eu nada seria.
O TEXTO E SUAS RELAÇÕES COM A HISTÓRIA
Ao produzir um texto, o escritor trabalha com as ideias de seu tempo e da sociedade em que vive. As concepções, as ideias, os valores não são tirados do nada, mas surgem das condições de existência.
Todo texto assimila as ideias da sociedade e da época em que foi produzido (não, necessariamente, narra fatos históricos).
Como a sociedade é dividida por interesses antagônicos dos diferentes grupos sociais, ela produz ideias contrárias entre si. Por isso há textos que transmitem as ideias antagônicas.
Para entender com maior eficácia o sentido de um texto, é preciso verificar as concepções correntes na época em que ele foi produzido.