Post on 14-Sep-2015
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Estudo de caso com profissionais
da Enfermagem
Absentesmo uma palavra com origem
no latim, onde absens significa estar
fora, afastado ou ausente
O absentesmo consiste no ato de
se abster de alguma atividade ou funo
JOUSTOUHighlight
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Dentro do contexto organizacional, o
absentesmo pode ser compreendido como as
ausncias ao trabalho por motivos relacionadas
ao prprio empregado e a fatores de natureza
organizacional e social
O absentesmo pode ser causado por doenas,
por motivos familiares, motivos pessoais,
dificuldades financeiras e de transporte, falta
de motivao, atitudes imprprias da entidade
patronal, etc.
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O absentesmo pode revelar aos responsveis pelaempresa informaes importantes sobre o climaorganizacional que nela existe
Ex.: dados sobre funcionrios que no estotrabalhando bem com a equipe; necessidade deum tratamento mais humano pela chefia; ou atmesmo uma excessiva carga laboral em algumasocasies
Em muitas ocasies, o absentesmo apresentacausas sociais ou psquicas, e no materiais. Poresse motivo, uma das melhores maneiras decombater o absentesmo fomentar as relaeshumanas dentro da empresa
O ABSENTESMO NAS EQUIPES DE ENFERMAGEM
O hospital possui caractersticas
organizacionais peculiares: um ambiente em
que a assistncia ao cliente no pode ser
adiada e deve ser de qualidade
Percebe-se que existe uma precarizao das
condies e relaes de trabalho, que afetam
diretamente o moral das equipes, causando
baixos nveis de satisfao e motivao dos
empregados e altos nveis de absentesmo e
rotatividade
Observou-se nos hospitais que costuma-
se considerar absentesmo apenas as
licenas mdicas por motivo doena, o
que demonstra que os hospitais no
esto preocupados com o contedo
dessas faltas
No entanto, verifica-se que a questo do
absentesmo muito mais complexa e
multifatorial
As ausncias justificadas por atestado mdico soum fenmeno mundial, mas no eliminam um certoclima de desconfiana quanto veracidade equanto responsabilidade do trabalhador pelasausncias
20 a 25% do absentesmo relacionado doenajustifica a ausncia ao trabalho
So raros os estudos que vo alm da doena,relacionados realidade concreta de vida dotrabalhador, compreendendo sua situaosocioeconmica
Sobrecarga de trabalhoBaixa remuneraoMuitas horas extrasTrabalho desgastanteSubstitutos improvisados
Essas questes afetam no s aqualidade do servio prestado como asade do trabalhador
Quando o trabalho realizado em
equipe, a ausncia de um elemento traz
sobrecarga aos companheiros e afeta a
qualidade do trabalho
A pesquisa foi realizada atravs de
entrevistas com auxiliares de
enfermagem de um hospital pblico de
grande porte em Belo Horizonte
A escolha das entrevistadas recaiu sobre
as que tinham faltas ou licenas mdicas
frequentes
O absentesmo foi considerado em sua
totalidade, relacionado ao mundo do
trabalho e da vida pessoal
A partir das discusses foram agrupados
categorias interdependentes: Condies de sade pessoal
Condies sociais que afetam o trabalho
Condies do ambiente de trabalho
Consequncias para o setor de trabalho e
assistncia
Do ponto de vista fsico foram destacadasdoenas crnicas como diabetes,cardiopatias, doenas respiratrias, entreoutras, alm de doenas emocionais,estresse irritabilidade e rejeio aoambiente de trabalho
As entrevistadas relacionaram as alteraesno estado de sade ao estresse decorrentedas caractersticas de trabalho
Alm disso, entraram tambm nessa
categoria o transporte coletivo precrio,
m remunerao, infra-estrutura
domstica inadequada e sobrecarga
fsica e mental no trabalho
So as situaes cotidianas relacionadas
organizao das auxiliares para se
dirigirem ao trabalho
Responsabilidades familiares, a diviso
sexual do trabalho e o papel da mulher
na sociedade e na famlia (cuidar dos
filhos pequenos e doentes, por exemplo)
Essa classe trabalhadora no tem acesso a
servios de sade de qualidade e isso provoca
grande revolta porque elas no podem oferecer
a seus familiares sequer aquilo que fazem em
troca de pssimos salrios
Historicamente as mulheres so consideradas
pela sociedade como cuidadoras, o que implica
em sobrecarga na vida privada e pouca
valorizao nas organizaes, onde as profisses
ligadas funo de cuidar so, em sua maioria,
pouco valorizadas
Inclui a organizao e as relaes detrabalho. Na realidade observada, aquantidade de recursos humanos, a divisodas tarefas e do tempo mostrou-seinadequada
Falta material bsico como roupas, materialesterilizado e equipamentos em quantidadee qualidade
A defasagem nos recursos humanos grande e vem sendo compensada com horasextras
A falta de organizao no trabalho e ovolume excessivo de pacientes implica noestabelecimento de prioridades paraatender os clientes
Isso tudo gera insatisfao e sobrecargapara os funcionrios, alm de aumentar oestresse, o absentesmo e reduzir aqualidade da assistncia
Observou-se ainda negligncia daadministrao no fornecimento deinstrumentos de trabalho necessrios assistncia, demora no reparo deequipamentos e excesso de burocracia
impressionante como as auxiliares
descrevem o sofrimento fsico e psquico
que experimentam na sua relao com a
organizao em seu cotidiano de
trabalho, onde, por um compromisso
tico, apesar de todas as dificuldades
encontradas, buscam exercer as
atividades assistenciais.
O trabalho desgastante, pesado,
cansativo e estressante das auxiliares
caracteriza o que Dejours classifica
trabalho patognico, situao em que os
trabalhadores so impossibilitados de
elaborar estratgias defensivas para
dominar o sofrimento no trabalho e
transform-lo em processos criativos,
sendo, ento, impelidos para a doena
Diante dessas dificuldades, muitas vezes
as auxiliares lanam mo de mecanismos
de fuga e resistncia e simulam uma
doena para fugir da situao
indesejvel de sofrimento no trabalho,
mesmo que isso signifique corte em seu
salrio
As consequncias so vistas pelas
auxiliares em dois eixos que penalizam
as prprias auxiliares e os clientes:
sobrecarga de trabalho e queda na
qualidade da assistncia
A realidade observada com as auxiliares de
enfermagem nos permite compreender que o
absentesmo decorrente do intenso sofrimento,
tanto na vida pessoal, quanto de trabalho e que,
na maioria das vezes, no recebe o apoio e o
reconhecimento de sua importncia para a
sociedade
Deve-se pensar na reduo do sofrimentono trabalho atravs da adoo de umagesto de Recursos Humanos mais flexvel eda promoo de um ambiente de trabalhohumanizado, solidrio e participativo entreos membros da equipe
Porm, isso s tem chance de acontecer apartir do momento em que o cuidar passara ser uma funo valorizada
SAMPAIO, Jder dos Reis (org).
Qualidade de vida, Sade Mental e
Psicologia Social: estudos
contemporneos II. So Paulo: Casa do
Psiclogo, 1999.