Post on 18-Nov-2014
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UTFPR | DADINTecnologia em Design Gráfico
Teoria do DesignProfa. Maureen Schaefer França.
profa.maureen@gmail.com
Arts & Crafts
Inglaterra: contexto socioeconômico
-Riqueza material X miséria das massas.
-Industrialização: condições de
trabalho e de vida desumanas.salários baixos, falta de proteção contra acidentes de
trabalho, ar contaminado, limpeza de máquinas no
domingo, cortiços...
Arts & Crafts
Jornada de trabalho: 14 a 16 horas.
Nova classe social: os proletariados (antigos camponeses, artesãos e
suas mulheres).
Inglaterra: contexto socioeconômico
-Fábricas: poluição ambiental.
-Produção em massa: baixa qualidade
dos objetos. falta de acabamento, materiais baratos.
Arts & Crafts
Exemplo: contaminação da água: comprometimento na qualidade das cervejas
Contexto políticoEssas questões impulsionaram o surgimento de movimentos reformistas em diversas áreas na metade do S 19.
Arts & Crafts Protestos: condições desumanas de vida e de trabalho, poluição, produtos de baixa qualidade.
Sindicatos -Melhores condições de trabalho, educação e moradia.-Objetos simples, baratos e honestos.
Elite -Contra o “mau do gosto” dos objetos industriais.
Movimentos de artistas e artesãos
-Contra a má qualidade, desonestidade* e fealdade dos objetos industriais.-A favor da revitalização do artesanato. -Elevar o padrão da produção e do gosto dos consumidores.
Representantes da indústria e do comércio
-Reformas nos processos de produção.-Melhoria na formação profissional.
Cidades-jardim -Movimento de proteção à natureza.-Reforma agrária e do sistema de saúde.
*Formas técnicas disfarçadas com ornamentos históricos
Design e política: uma questão de sobrevivência nacional (1830~1840)
-Graves condições econômicas.1ª depressão comercial a afetar a nova economia industrial.
-Preocupação com o comércio internacional. a concorrência poderia produzir bens de design superior.
-A melhoria do design parecia vital para asobrevivência econômica da Grã-Bretanha.
Arts & Crafts
Estratégias:
-Escolas de design subsidiadas
pelo governo.
-Exposições de arte e design.
South Kensington (1837)
-Primeira escola de design
subsidiada pelo governo.
-Objetivo: abastecer a indústria
com designers bem treinados.
Arts & Crafts Domínio das Belas Artes: a indústria percebe que suas necessidades não estavam sendo atendidas adequadamente.
The Illustrated London News, 1843http://www.victorianlondon.org/education/schoolofdesign.htm
Arts & Crafts
Para algumas pessoas, a aparência de inferioridade do design britânico
devia-se à mecanização e à falta da habilidade artística do trabalhador.
Mas para Robertson, o mau design foi atribuído ao sistema capitalista
que põe a quantidade e o lucro à frente da qualidade.
J. C. Robertson, editor da Mechanics Magazine, em depoimento à Comissão Especial sobre Artes e Manufaturas em 1835.
Society of Arts (1843)
-Presidência: Príncipe Albert.
-Grupo de artistas.Henry Cole + Owen Jones + Richard Redgrave +
Matthew Wyatt.
-Objetivo: colocar as Belas Artes a
serviço dos objetos manufaturados.
-Estratégias: exposições e veículos de
comunicação.
Arts & Crafts Journal of Art and Manufactures: melhorar o
padrão da indústria.
Henry Cole: Inventor do cartão de Natal (1845)
Henry Cole: Responsável pelo primeiro selo de postagem do mundo: Penny Black (1839)
A cultura burguesa moderna fez uma separação brusca entre o mundo das
artes e o mundo da técnica e das máquinas, de modo que a cultura se
dividiu em dois ramos.
Essa separação tornou-se insustentável no final do século XIX. A palavra
design entrou nessa brecha como uma espécie de ponte entre esses dois
mundos.
Arts & Crafts
O ornamento era visto como um ingrediente necessário que dava prazer aos sentidos. O problema era estabelecer a harmonia entre
decoração e função.
Journal of Design (1849)
-Henry Cole (fundador) e Richard Redgrave (editor).
Problemas:
-Design identificado apenas como ornamentação.
-Separação do design dos processos de produção.
Objetivo: adequação do ornamento à função,
considerando o contexto de uso pelo consumidor.
Arts & Crafts
Produtos com excessos decorativos eram consumidos para proclamar a
posição recém-adquirida das novas classes médias.
Fabricantes usavam a decoração para fazer artigos simples parecerem mais
complexos e artesanais e portanto mais caros do que precisavam ser.
A aplicação indiscriminada de ornamentos resultava com muita frequência
num abismo entre estilo e função.
Arts & Crafts Design desonesto
Lareira Proserpine de Alfred Stevens para Hoole, 1850. Conciliação entre ornamento e utilidade: padrões decorativos funcionavam como saídas de
ventilação.
Arts & Crafts
A Grande Exibição (1851)
-Ideia de Henry Cole.
-Exposição: comércio e nacionalismo.
-Propósito: melhorar o gosto do público,
educar os artesãos.
Arts & Crafts
Mostrar os avanços da época: máquinas, produtos, matérias-primas.
Todavia, muitos produtos eram artesanais.
Arts & Crafts
Palácio de Cristal (1851) de Joseph Paxton: uso de novos materiais – abordagem funcional, sem ornamentos. Unidades pré-fabricadas e padronizadas de ferro e vidro.
http://www.vam.ac.uk/content/articles/w/watercolours-of-great-exhibition/
A Grande Exibição (1851)
-Design motivado pelas vendas.
-Anarquia estilística: conflito entre o
velho e o novo.
-Entusiasmo geral pelo ornamento. aplicações não-funcionais, mas como
representações de riqueza, status e bom gosto
(classe média).
Arts & Crafts
Arts & Crafts
The Royal Commissioners, H. W. Phillips.
Reação do grupo de Cole: uso inapropriado de ornamentos, sem regras.
A exposição gerou debate sobre bom e mau gosto no design.
The Grammar of Ornament (1856)
-Autor: Owen Jones (1806-1889).artista decorativo, escritor e educador britânico.
-Estudo dos ornamentos de diversas
culturas.
-Uso apropriado e funcional de
motivos e cores.
Arts & Crafts
Viagem à Europa: estudo aprofundado dos desenhos e ornamentos da Itália, Grécia, Turquia, Egito e Espanha.
Arts & Crafts
Movimentos reformadores de artistas e artesãos
-Arts & Crafts (Inglaterra).
-Jugendstil (Alemanha).
-Art Nouveau (França, Bélgica).
-Deustcher Werkbund (Alemanha).
Arts & Crafts Interessam, sobretudo, aqueles movimentos que criaram novas formas para o cotidiano.
Arts & Crafts (1860-1880)
-Movimento socioestético britânico.
-A arte ao alcance da classe
trabalhadora através do design.
Arts & Crafts
John Ruskin (1819-1900) W. Morris Mackmurdo
Ruskin: escritor e artista foi responsável pela inspiração filosófica do movimento.
Arts & Crafts
Objetivos
Qualidade artesanal.revitalização do artesanato, produtos honestos.
Formas honestas, mais singelas e belas. contraposição ao Estilo Vitoriano.
Melhoria das condições de vida e de trabalho.
Ruskin: arte + ofício, trabalho artesanal, habitação popular, educação e benefícios de aposentadoria.
Trabalhos vistos como tarefas de cunho social e moral.
Gothic Revival (1830)
-Movimento arquitetônico que
influenciou o Arts & Crafts.
-Preocupação com o futuro: reavaliar a
contribuição do passado.
-Idade Média: forte conexão entre arte
e cristianismo – representando o auge
da perfeição. Ruskin e Pugin
Arts & Crafts Gothic Revival: movimento de base
espiritual em contraposição a ideia
de estilo como mero símbolo de
status social.
Augustus Pugin (1812 –1852), o arquiteto da Rainha Vitória. Autor do Palácio Westminster. Católico devoto valorizava a
fé da Idade Média.
Arts & Crafts
Houses of Parliament (1840-60). Autoria: Barry e Pugin.
Idade Média: época na qual o artesanato e a arte, a utilidade e a beleza ainda teriam constituído uma unidade.
Wallpaper for the Palace of Westminster, 1847.
Bread plate, ca. 1850.
William Morris (1834-1896)
-Artista, arquiteto, designer, escritor e
socialista - líder do movimento Arts &
Crafts.
-De família abastada, foi criado no meio
rural rodeado por igrejas, mansões e
florestas.
-Leituras de histórias medievais, crônicas e
poesias.
Arts & Crafts
1853: conhece Edward Burne-Jones (1833-1898) no Exeter College. Em uma viagem à França (1855), eles decidem se tornar artistas em vez de clérigos.
Arts & Crafts
Edward Burne-Jones - Laus Veneris, 1869, oil with gold paint on canvas, 122 x 183 cm.
William Morris
-Morris abandona a carreira de
arquiteto e junto a Burne-Jones
parte para a pintura.
-Realizam pinturas românticas
de pompa medieval.
William Morris
-Casa-se com Jane Burden.
-Red House: entra em contato com o
design.má qualidade dos artefatos vitorianos: criação de
peças próprias (móveis, vitrais e tapeçarias).
Arts & Crafts
La Belle Iseult, 1858
Phillip Webb
Morris, Marshall, Faulkner and Co.
(1861) e Morris & Co. (1875)
-Inspiração: arte medieval e plantas.
-Criada no modelo medieval das
corporações de construtores.
-Serviu de modelo para numerosas
guildas.
Arts & Crafts Preocupado com os problemas da industrialização, tentou implementar as ideias de Ruskin: união da arte e do trabalho a serviço da sociedade
Móveis relativamente caros produzidos artesanalmente.
P. Webb, Cabinet 1861, Morris, Marshal, Faulkner & Co.
Arts & Crafts
William Morris. Sussex Rush-Seated Chairs. c. 1860.
Morris, Ladder back, c. 1860.
-Assento em palha-Tom rural, rústico-Torno: retorno à Idade Média
Arts & Crafts
Sussex Rush-Seated Chairs. Page from the Morris and Co. catalogue. c. 1860.
Interior de uma casa com móveis e decoração Arts and Crafts.
Arts & Crafts
'Acanthus', wallpaper, 1875. William Morris, Pink and Rose, wallpaper design, ca. 1890.
Arts & Crafts
William Morris. Rose and Lily, 1900. Fruit (or pomegranate) wallpaper, 1866.
Arts & Crafts
Morris, Vitral, c. 1890.
Alguns tecidos eram estampados com corantes vegetais.
Tapetes tecidos manualmente.
Century Guild (1882)
-Grupo de designers, artistas e arquitetos.
-Mobiliário, vitrais, bordados, livros.
-Influências: renascimento, natureza e
japonismo.
Arts & Crafts O movimento foi respaldado por uma série de guildas. Essas comunidades realizavam exposições, sendo baseadas em ideais socialistas e muitas vezes religiosos.
Arthur Mackmurdo: Folha de rosto para seu livro Wren’s City
Churches (1883).
Century Guild (1882)
Arts & Crafts Alguns projetos do Mackmurdo anteciparam o Art Nouveau, explorando pela primeira vez o abstrato entrelaçamento de padrões florais. Mas o designer acabou por não aprofundar esse caminho e o Art Nouveau só veio a tomar corpo uma década depois.
Mackmurdo: Cadeira, 1881.
Arthur H. Mackmurdo. ca. 1887-ca. 1888. Woven wool and cotton.
Century Guild: Hobby Horse (1884)
-Primeiro periódico a apresentar o
ponto de vista do Arts & Crafts.
-Inspiração nos artesãos do passado e
livros medievais.
Arts & Crafts
Mackmurdo: precursor do Movimento de Imprensa Particular, que advogava uma preocupação estética na produção de livros.
Century Guild: Hobby Horse (1884)
-Impressoras privadas: livros requintados.
-Preocupação: proporção, margens,
espaçamento, escolha de papel e tipos.
-Impressão xilográfica de ilustrações feitas
à mão.
Arts & Crafts
Selwyn Image (1849-1930)
Arts & Crafts
Guild of Handicraft (1888)
Charles Ashbee (1863-1942)-Arquiteto e designer.-Trabalhos em metal.
Arts & Crafts
Charles Voysey
-Arquiteto e designer.
-Inglaterra, 1857-1941.
Sociedade das Artes Unidas (1888)
-Presidência: Walter Crane.
-Promoção de exposições.
Arts & Crafts
Apresentações e palestras: Design (Crane), Tapeçaria (Morris), Projeto de livros (Emery Walker).
Primeira exposição: Sociedade de Exposições de Artes e Ofícios.
Exibição que dá nome ao movimento.
Kelmscott Press (1892-1898)
-Morris: interesse antigo por
livros.
-Livro como forma de arte.
-Papel artesanal, velino,
impressão manual, xilos feitas à
mão.
Arts & Crafts
The Story of the Glittering Plain: primeiro livro com ilustrações de W. Crane. Tipo Troy inspirado nos trabalhos de Peter Schoeffer.
Kelmscott Press (1892-1898)
Arts & Crafts
W. Crane, Bases of Design. Relação entre páginas duplas, margens.
W. Morris, marca para Kelmscott Press, 1892.
Arts & Crafts
Golden – primeiro tipo inspirado nos tipos romanos venezianos de Nicolas Jenson.
Craftsman/Golden Oak/Mission Style
O movimento inglês inspirou designers
norte-americanos que procuravam
refúgio da industrialização crescente do
seu país.
Arts & Crafts
Cadeira de Gustav Stickley, 1904: madeira e couro.
Craftsman/Golden Oak/Mission Style
-1898: Gustav Stickley viaja à Europa
onde conhece Voysey e Ashbee.
-Ao retornar, cria a revista The
Craftsman.
-Popularização de ideias de design
ligadas à honestidade e simplicidade.
Arts & Crafts
Cooperação entre artistas
e a indústria
Christopher Dresser (1834-
1904) criou objetos
funcionais e simples. Para
ele, era melhor se adaptar
aos novos tempos do que se
revoltar contra ele.
Cooperação entre artistas e a indústria
Conjunto de chá em prata de 1880 para James Dixon, de Sheffield.
H. Cole, O. Jones e Christopher Dresser – foram favoráveis à produção industrial .
Christopher Dresser foi bastante influenciado pelos ensinamentos de Owen Jones, amigo de Henry Cole, durante sua passagem pela School of Design de Londres .
Ênfase na geometria, rejeição de representações estilísticas.
Simplicidade baseada na análise da função e na facilidade de
fabricação.
Economia de materiais e redução de custos.
Cooperação entre artistas e a indústria
C. Dresser, regador de metal pintado, 1876. Richard Perry, Son & Company.
JC. Dresser, jarro de vinho. 1880.
Compreensão das técnicas dos metalúrgicos das empresas para as quais prestou serviço.
Toast or letter rack, 1881, prata. Terrina e concha, ca. 1880. Biscuit box with cover, ca. 1870
Cooperação entre artistas e a indústria
Meios de Transporte
Meios de transporte Locomotivas: projetos em situação de originalidade.
Wylam Dilly (1813) construída por Christpher Blackett. Exemplo das formas sem embelezamento, uso na mina de carvão. Sua forma deriva diretamente da função mecânica.
Carpinteiros e ferreiros.
Meios de transporte
Formas neoclássicas
Engenheiros.
Concorrência: ênfase na aparência.
Meios de transporte
Locomotiva 1666 (1893) de Samuel Johnson. A simetria segura e as linhas fluidas e limpas são características do design inglês de locomotivas do final do S 19.
Anúncio móvel: Formas da locomotiva e do vagão,
decoração interna, uniformes da tripulação,
mobília, cartazes.
Meios de transporte
Vagão Traveller da Liverpool and Manchester Railway, começo da década de 1830.
Diligências sobre vagão-plataforma.
Êxodo de construtores de coches para oficinas de construção ferroviária.
Vagão inglês1a classe: decoração e conforto embora não
houvesse iluminação, aquecimentos e toaletes.
2a classe: bancos duros de madeira.
3a classe: paredes baixas.
Meios de transporte
Vagão americano-Padronização, corredor, portas na frente e atrás,
aquecedor, toalete, iluminação com lampiões.
-Distâncias longas, extremos climáticos.
-Diligências não caem em desuso.
-Maquinista (na Inglaterra, condutor).
1898
Integração design-indústria
Navegação-Contraste entre a estrutura exterior e interna.
-Grande hotel flutuante.
Naus de madeira deram lugar a estruturas de ferro e aço movidas por máquinas
a vapor e turbinas.
Cálculos de velocidade ditavam a forma do casco.
Rivalidade nacional e comercial: diferenciação
estética e prática.
Cenários exóticos: cabanas de caça da Baviera,
mansões Tudor – um mundo de fantasia.
Enjôos e perigos do mar: diversão.
Teoria do Design
Referências
CARDOSO, Rafael. Uma introdução à história do design. São Paulo: Edgard Blücher, 2000.
FORTY, Adrian. Objetos de desejo: design e sociedade desde 1750. São Paulo: Cosac Naify, 2007.
MEGGS, P.; PURVIS, A. História do design gráfico. São Paulo: Cosac Naify, 2009.
SCHNEIDER, Beat. Design – uma introdução: o design no contexto social, cultural e econômico. São Paulo:
Blucher, 2010.
SPARKE, Penny. Design in context. Chartwell Books Inc., 1987.
Vídeos:
-Ep. 01 da série Genius of Design. Ghosts in the machine. William Morris: 00:25:50 ~ 00:33:00
-Cama de Morris: https://www.youtube.com/watch?v=wn4eDQyk9-0
-Casa de verão de Morris: https://www.youtube.com/watch?v=c1Uq7gxKx6c
-William Morris: http://www.youtube.com/watch?v=WIp5C-qToPI