Post on 17-Nov-2018
CARLOTACAFIERO
DAREDAÇÃO
O sol a pino e o calor de lascarnãotiraramavontadedepegaro barco até a Ilha Diana, paraprovaropratomaisrepresenta-tivoda cozinha caiçara, oPeixeAzul-Marinho. O destino era acasadenúmero6dacomunida-de que vive entre o estuário, omareaEmbraport, a30minu-tosdoCentrodeSantos.Ali, o simpático casal Hélio
França e Terezinha Lima, am-bosde70anos,atendemaclien-tela comcomida farta, feita emum fogão ao ar livre, nos fun-dosda casa, e cachaçade frutascomocaraguatáecajamanga.Com o nome de Bar e Lan-
chonete da Ilha Diana (maisconhecidocomoBarda Ilha),olocal divide-se entre comércioeresidência.Na frente, possui um atraca-
dourocomdequecobertoeme-sinhas com vista para o estuá-rio – canto disputado entre os
frequesesparasaborearasdelí-ciasdacasa.Entre pratos como Arroz
LambeLambe,MariscoàVina-grete, TainhaAssadanaBrasa,Moqueca de Peixe, Risoto deFrutos do Mar e Camarão naMoranga,o carro-chefedobar,como seuHélio diz, émesmo oPeixeAzul-Marinho.O prato só é feito sob enco-
mendaporTerezinha,queche-ga a prepará-lo em grandesquantidades, para servir gru-posdeaté60pessoas.Apesardelevaronometradi-
cional, o Azul-Marinho de Te-rezinha não vai na panela deferro – que, em contato com abanana verde, dá a coloraçãoazul. Ela, assim como váriosoutros moradores de antigascomunidades caiçaras, adap-tou a receita para a panela dealumínio.Outros elementos estrangei-
rosaopratoéomolhodetoma-te pronto, o óleo e o azeite. “Eu
tambémfaçoomolhodetoma-tecaseiro”,diz.Mas isso não tira a magia e
exotismo do prato, feito compedaços generosos de bananananica verde e de tainha fres-quinha.Paranaense de Santo Antô-
nio da Platina, Terezinhaaprendeu a fazer a iguaria comomaridoHélio,queporsuavezaprendeu com uma queridamoradora da Ilha Diana, a do-naDina– falecidaem2011, aos93 anos, e dizem ter sido aprimeira moradora do local.Elaétia-avódeHélio.Abananananicaverdeécom-
prada. “Aqui não se plantamaisbanana.Osbananaisanti-gos deram lugar às casas”, con-taHélio,quecomprapeixefres-codeumpescador local.SERVIÇO – TEREZINHAEHÉLIOATENDEMPELOSTELEFONES: 3019-5418/98122-0681E99156-6719.AS LANCHASPARAA ILHADIANASAEMDIARIAMENTE, DETRÁSDAALFÂNDEGA,NOCENTRO.
CLAUDIAG.OLIVEIRA, SOMMELIÈRE
DeMartinoMuscat ViejasTinajas 2014, Valede itata, CLUva: 100%Muscat (6mesesmaceraçãoemânforasdeargila)Cor:douradofortee turvo(12,5˚GL)Nariz: jasmimeflordelaranjeira,damasco,laranja, toquemineralBoca: seco, explosãode frutas,taninos leves, bomcorpoe longo
R$ 149,20ENOTECADECANTER
Santé! Conhecemos três estilosde vinho relativos à sua cor:branco,roséetinto.Entretanto,hoje se fala de vinhos laranjaouorange wines. E você, leitor eleitora,sequestiona–masoquevemaserumvinholaranja?Pois bem, o laranja é um vi-
nho elaborado a partir de uvasbrancas e a sua vinificação ésemelhante ao preparo dos vi-
nhostintos.Atécnicadeprodu-ção utilizada é ancestral, comprovável origem na RepúblicadaGeórgia,noCáucaso.Vamoslá,primeiramentere-
tomemos o básico davinificação. Vinho é o resulta-dodafermentaçãoalcoólicana-turaldomostodasuvas.Omos-to é a mistura de suco, semen-tes, engaços e cascas resultan-
tesdoseuesmagamento.Nos vinhos brancos o conta-
to entre o mosto e a pele dasuvas é usualmentemuito rápi-do, poucas horas de contato. Afermentação em si ocorre semas cascas. O objetivo é um vi-nholeveefresco.Aclássica vinificaçãoemrosé
utiliza uvas tintas e essas ficampouco tempo em contato comas cascas, para criar um vinhodecorrosadaesaborleve.János vinhos tintos o conta-
to direto com a pele da uva sedá durante toda a fermenta-ção, objetivando tudo que sepossa extrair das cascas comomais cores, aromas, sabores e
taninos.Com o vinho laranja a
maceração, ou seja, o contatodas cascas das uvas brancascom omosto prolonga-se até afermentação. O resultado: umvinho que nem é tinto e nem ébranco.Por apresentar uma cor que
vai do dourado ao âmbar, ovinho foi batizado de “laranja”em2004,quandoumimporta-dor inglês provou um dessesvinhos visitando um produtorna região de Etna na Sicília, ointituloueonomepegou.O mundo do vinho atual co-
nhece esse estilo laranjamuitoporcausadoitalianoJoskoGra-vner, renomado enólogo doFriuli. Seus vinhos são filoso-fais,nascemsobtécnicasances-trais, de priscas eras. Gravner,meticuloso e artesanal, preza
mínimos detalhes, do manejodo vinhedo à cantina. É atentoàs fases da lua e às forças da
natureza. Utiliza ânforas debarrofeitasnaGeórgia,revesti-das de cera de abelha, as quaissãoenterradasparaestabilida-de da temperatura. Produz vi-nhos macerados por até 7 me-ses comas cascas e amadureci-dos por até 7 anos emmadeiraeslovena, uma obra de arte.Idealista, Josko Gravner criarótulos de valor inatingível pa-ramuitos.Os laranja são vinhos auste-
ros, densos, encorpados, sensi-velmente de alma tinta. Têmcor forte e às vezes turva pornãoser filtrado.Nonariz flores,frutas maduras, cristalizadas esecas, maçã, damasco, laranja,ervas, minerais, balsâmicos eetc. Na boca uma explosão desabores se alia a taninos quedão ao vinho “n” possibilidadesdeharmonização.Gravner inspiroumuitos se-
guidores e hoje os laranja sãoproduzidos também naEslovênia, Croácia, Portugal,Nova Zelândia, Estados Uni-dos,ChileeaténoBrasil.Experimente! E até a próxi-
mataça!
MOMENTODIVINO@ATRIBUNA.COM.BR
Uma ilhadentroda ilha
No bairro santista Ilha Diana tem azul-marinho, arroz lambe-lambe e camarão na moranga Dona terezinha preserva a tradição oral e prepara as receitas
Ingredientes: 1,5kgde tainhalimpaempostas;3 cebolas grandesemrodelas;3 tomatespicados; 1punhadodecebolinhapicada;6bananasverdes comcasca cortadasempedaçosgenerosos; 3 xícarasdecaldoda cabeçadopeixe(temperadocomfolhade louroecebola).
Preparo: façaumrefogadinhofeito comumfiogenerosodeóleoeoutrodeazeite, ascebolas, o tomate ea cebolinha.Junteo caldodepeixe.Acrescenta-seas bananas, omolhode tomatee, porúltimo,aspostas –paraquenão sedesfaçamnocozimento.Cozinhesomenteatéopeixeestarnoponto.
Vinhos tintos, brancos, rosés e, agora, laranjas
Azulmarinho
Provei e indico