Post on 10-Dec-2014
CENTRO UNIVERSITÁRIO DO ESPÍRITO SANTO – UNESC
BRUNO SPERANDIO NETTO
DRIÉLE LUTZKE
RAFAELLA ALVES SPERANDIO
YARA FERRAÇO SUAVE
ATIVIDADE COMPLEMENTAR
COLATINA
2012
BRUNO SPERANDIO NETTO
DRIÉLE LUTZKE
RAFAELLA ALVES SPERANDIO
YARA FERRAÇO SUAVE
ATIVIDADE COMPLEMENTAR
Atividade interdisciplinar apresentada ao Centro Universitário do Espírito Santo – UNESC, sob a orientação dos professores do curso de Medicina Veterinária do 6º período, como requisito para obtenção de nota.
COLATINA
2012
INTRODUÇÃO
Neste trabalho foram descritas três doenças que frequentemente acometem o
membro pélvico dos animais domésticos.
A luxação coxofemoral é uma doença comum nas articulações do quadril de
caninos e felinos, enquanto a osteoartrite e a osteocondrite dissecante são afecções
frequentes na articulação társica de equinos.
O objetivo desta pesquisa foi realizar uma revisão bibliográfica que
caracterizasse cada uma destas afecções, suas causas, formas de diagnóstico e
tratamentos.
Vê-se a importância desta revisão principalmente no contexto em que se
engloba os conhecimentos transmitidos entre as diferentes disciplinas do curso,
ressaltando a relação que existem entre elas para a identificação de sinais clínicos,
a utilização de meios diagnósticos, para se chegar casuísta da doença e assim
proceder com o tratamento adequado.
DESENVOLVIMENTO
1 LUXAÇÕES COXOFEMORAIS
Segundo Fossum (2005), luxações coxofemorais são deslocamentos
traumáticos da cabeça femoral a partir do acetábulo.
1.1 Etiologia
As luxações representam grande importância na clínica ortopédica de
pequenos animais, onde a articulação coxofemoral é a mais frequentemente luxada
em cães e gatos, não demonstrando predileção por raça, idade ou sexo (FOSSUM
et al. 2005; MURAKAMI, 2012).
As luxações coxofemorais têm como principal causa traumas externos,
ocasionados principalmente por atropelamentos, quedas e brigas, onde ocorre um
deslocamento da cabeça do fêmur para fora da articulação do acetábulo, sendo que
a luxação craniodorsal é a mais frequente (BARBOSA, 2008; BARBOSA &
SCHOSSLER, 2009; BARROS, 2009; MURAKAMI, 2012).
1.2 Anatomia relevante
O osso do quadril é o maior dos ossos planos, sendo formado por três partes, o
ílio, o ísquio e o púbis, os quais geralmente se fundem quando o animal atinge idade
adulta. Juntos formam o acetábulo, uma cavidade que se articula com a cabeça do
fêmur. O ílio se estende do acetábulo em direção cranial, estando situado na parede
lateral da pelve; o ísquio estende-se do acetábulo em direção caudal formando
caudalmente a parede ventral da pelve; e o púbis estende-se do acetábulo em
direção medial ao osso do lado oposto onde se fundirá (GETTY, 2008; MURAKAMI,
2012).
A articulação coxofemoral ou articulação do quadril apresenta conformações e
estruturas muito similares nos cães e gatos, sendo uma articulação esferoidal capaz
de realizar movimentos de flexão, extensão, abdução, adução, rotação e
circundução. Medialmente, a cabeça do fêmur possui uma incisura onde se insere o
ligamento da cabeça do fêmur, o qual se origina no sulco púbico. Também faz parte
desta articulação o lábio acetabular, o ligamento transverso do acetábulo, a
membrana sinovial e a cápsula articular (GETTY, 2005; MURAKAMI, 2012).
Na articulação coxofemoral não existem ligamentos colaterais, e os músculos
que se localizam na área desta articulação permitem grande movimentação da
articulação, sendo que o principal aspecto estabilizador dessa articulação é sua
própria configuração esferoidal, sendo que o ligamento redondo e a cápsula articular
são estruturas de tecido mole que auxiliam na contraposição à luxação (BARBOSA
& SCHOSSLER, 2009; BARROS, 2009).
O músculo glúteo médio surge do ílio, se inserindo no trocanter maior do fêmur,
promovendo a extensão da articulação do quadril e a abdução do quadril, sendo
inervado pelos nervos glúteos, e irrigado pela artéria glútea cranial, pela iliolombar,
pela lombar, pela iliacofemoral e pela ilíaca circunflexa profunda. O músculo glúteo
profundo surge da borda lateral do ílio, e também se insere no trocanter maior,
abduzindo a coxa e girando-a medialmente, sendo que seu suprimento sanguíneo é
realizado pela artéria glútea cranial e a inervação é realizada pelo nervo glúteo
cranial. O músculo articular do quadril surge por um fino tendão no ílio, cruza a
superfície flexora do quadril, e se insere no colo do fêmur, auxiliando na flexão desta
articulação. O músculo adutor longo surge no tubérculo púbico apresentando forma
de “V”, e se inserindo distalmente à fossa trocantérica. O músculo obturador externo
apresenta forma de leque surgindo da superfície ventral da pelve e se convergindo
para a fossa trocantérica, auxiliando no movimento giratório lateral do membro e na
adução da coxa, sendo inervado pelo nervo obturador, e irrigado pela artéria femoral
circunflexa medial e pela obturadora. O músculo quadrado da coxa é curto, surgindo
da tuberosidade isquiática, também se inserindo na fossa trocantérica, sendo
irrigado pela artéria lombar e pela ilíaca circunflexa profunda, e a inervação é
realizada por nervos lombares. O músculo iliopsoas consiste no músculo psoas
maior e no ilíaco que se unem para inserção no trocanter menor do fêmur,
produzindo o movimento de flexão da articulação do quadril e da coluna vertebral, e
lateralmente, gira o membro, sendo irrigados pela artéria lombar, pela ilíaca
circunflexa profunda e pela femoral profunda, e a inervação é realizada pelo nervo
lombar e pelo femoral (GETTY, 2005).
1.3 Diagnóstico
Animais com luxação coxofemural geralmente apresentam história clínica de
traumatismo e claudicação, sendo que nas maiorias dos casos esta lesão é
unilateral e o grau de comprometimento do membro variará aos danos sofridos pelos
tecidos moles, dependendo das forças traumáticas, da direção e da duração da
luxação. Se a luxação é craniodorsal, o animal comumente manterá o membro em
adução, no entanto, se a luxação é caudoventral, o membro provavelmente será
mantido em abdução (BARROS, 2009; FOSSUM et al. 2005; MURAKAMI, 2012).
Segundo Barros (2009), este tipo de luxação pode estar associado a fraturas
“em lasca” da região proximal do fêmur e são regularmente complicadas através da
cabeça femoral.
Os sinais clínicos encontrados normalmente sugerem dor de súbito
aparecimento, deformidades que promovam a claudicação e consequente ausência
de sustentação do membro do membro pélvico afetado. Durante os movimentos de
flexão e extensão do membro este pode apresentar crepitação e tumefação
(FOSSUM et al. 2005; MURAKAMI, 2012).
O diagnóstico da luxação coxofemoral traumática se orienta na anamnese, nos
sinais clínicos apresentados e confirmado através de exames radiográficos em
projeções lateral e ventrodorsal da pelve, para a exclusão de outras possíveis
afecções que possam apresentar sinais clínicos semelhantes aos descritos, já que a
conduta terapêutica adotada será diferente (BARROS, 2009; FOSSUM et al. 2005;
MURAKAMI, 2012).
1.4 Tratamento
As abordagens que podem ser adotadas para a estabilização de luxações
coxofemorais variam entre reduções fechadas, onde há a recolocação manual do
fêmur no acetábulo, ou reduções abertas, que incluem técnicas cirúrgicas extra e
intra-articulares que produzem a estabilização da luxação (MURAKAMI et al., 2012).
1.4.1 Tratamento não-cirúrgico
A redução fechada é a mais comumente empregada na rotina clínica, devendo
ser o método de eleição para a correção de luxações sem grandes complicações,
antes de se optar por um tratamento cirúrgico (BARBOSA, 2008; BARBOSA &
SCHOSSLER, 2009; BARROS, 2009; FOSSUM et al. 2005; MURAKAMI, 2012).
Consiste basicamente em recolocar a cabeça do fêmur dentro do acetábulo.
Esta técnica junto a imobilização da articulação, pode apresentar resultados
satisfatórios se empregada em até no máximo 5 dias após o trauma, entretanto, em
casos de recidivas, a redução aberta é necessária (BARBOSA & SCHOSSLER,
2009; BARROS, 2009; FOSSUM et al. 2005; MURAKAMI, 2012).
1.4.2 Tratamento cirúrgico
A redução aberta consiste na intervenção cirúrgica da luxação quando a
redução fechada não é possível, o quadril encontra-se instável após a redução
fechada, a luxação é fruto de complicações, o trauma ocorreu a mais de 5 dias ou é
uma luxação recidiva. A técnica cirúrgica adotada dependerá do histórico clínico do
animal, peso corpóreo do paciente, tipo de luxação, doenças concomitantes, lesão
cartilaginosa, integridade da cápsula articular, nível de atividade do animal,
cooperação do proprietário e limitações financeiras deste (MURAKAMI, 2012).
Com o advento da ortopedia veterinária, vários procedimentos cirúrgicos foram
desenvolvidos para devolver a integridade da articulação coxofemoral ao animal,
entre eles técnicas extra e intra- articulares, onde algumas foram escolhidas para
serem descritas no tópico 1.4.2.2 (BARROS, 2009).
1.4.2.1 Anestesia e preparação cirúrgica
Alguns protocolos anestésicos podem ser adotados para este tipo de
procedimento, Sia (2009) descreve o procedimento realizado com cães hígidos
adotando o seguinte protocolo anestésico: como MPA foi administrada maleato de
acepromazina junto ao cloridrato de petidina por via intramuscular. A indução foi
realizada com propofol por via intravenosa, sendo que seguidos 20 minutos pode ser
realizada a intubação orotraqueal do animal para a manutenção com anestésico
volátil, no caso, o halotano foi escolhido, sendo inalado pelo animal através de um
circuito semi-fechado.
Realiza-se a anestesia epidural do animal através de lidocaína ou bupivacaína,
podendo ser associadas à morfina como cita Fossum (2005), já que essa
associação irá proporcionar alívio da dor pós-operatória por até 20 h.
Sia (2009) recomenda uma tricotomia ampla seguindo os padrões de assepsia
cirúrgicos.
1.4.2.2 Técnica cirúrgica
A capsulorrafia é um procedimento extra-articular que consiste na sutura da
cápsula articular quando existe uma luxação e esta não se rompeu ou sofreu apenas
uma pequena ruptura, podendo ser reconstruída com fio monofilamentar
inabsorvível, através de um padrão interrompido. Entretanto, este método de
redução só apresentará fiel segurança se esta não se apresentar muito lesionada e
a conformação da articulação coxofemoral encontrar-se normal ou quase normal
(BARBOSA & SCHOSSLER, 2009; BARROS, 2009; FOSSUM et al. 2005).
Quando a cápsula encontra-se comprometida, ou o quadril continua instável,
outra técnica extra-articular pode ser adotada que é a translocação ou transposição
do trocanter maior, a qual promove uma boa estabilidade articular, sendo
inicialmente necessária uma osteotomia trocantérica maior distalmente e uma menor
caudalmente, para que esse seja reposicionado e estabilizado em um novo local.
Sua fixação neste novo ponto pode ser realizada com pinos ortopédicos ou fios de
cerclagem em bandas de tensão (BARROS, 2009; FOSSUM et al. 2005).
A estabilização da articulação coxofemoral também pode ser alcançada através
de técnicas intra-articulares, entre elas cita-se a colocação de um pino transarticular.
A aplicação deste pino é utilizada principalmente quando a cápsula articular está
gravemente lesionada ou esta luxação é recidivante. Para a colocação do pino, deve
ser pré-perfurado um orifício um pouco menor que o pino a partir do terceiro
trocanter atravessando a cabeça femoral e saindo na inserção do ligamento
redondo. O pino será introduzido por este orifício devendo sair pela fóvea da cabeça
femoral até sua ponta ficar visível. A luxação deve ser reduzida, e o membro
posicionado em abdução e com ligeira rotação interna. Deve-se realizar pressão
sobre o trocanter maior para a inserção do pino na fossa acetabular
aproximadamente a 1 cm do canal pélvico, sendo que seu excesso deve ser cortado
e o restante curvado para evitar que este migre (BARROS, 2009; BARBOSA &
SCHOSSLER, 2009; FOSSUM et al. 2005).
1.4.2.3 Pós-operatório
No pós-operatório pode-se aplicar uma bandagem de Ehmer para a
sustentação do peso do animal, o que auxiliará na redução coxofemoral precoce, a
qual pode ser removida de 4 a 7 dias após a redução. É aconselhável reexames no
período de 3 dias após a retirada da bandagem e antes do animal regressar a
atividades não-supervisionadas (BARBOSA & SCHOSSLER, 2009; FOSSUM et al.
2005).
Em casos de fixações através de pino transarticular, exames radiológicos
devem ser realizados para assegurar a eficácia da técnica, sendo que os pinos
devem ser removidos entre 14 a 21 dias de pós-operatório (BARBOSA &
SCHOSSLER, 2009).
1.4.2.4 Complicações e prognóstico
O prognóstico das reduções cirúrgicas aparentemente não é favorecido com a
técnica de reconstrução adotada, entretanto está ligada a estabilidade atingida após
a redução e com o intervalo de tempo entre a luxação e a redução, sendo que,
animais que foram reduzidos precocemente, e que atingiram uma estabilidade
adequada, geralmente tem um prognóstico bom em cerca de 70 a 75% dos casos
(BARBOSA & SCHOSSLER, 2009; FOSSUM et al. 2005).
Em casos de reduções fechadas, o prognóstico bom para a redução e
recuperação só é atingido em 50% dos casos. Já em casos de redução aberta, o
índice de sucesso e manutenção de função é observado em 80 a 90% dos animais
reestabelecidos (BARBOSA & SCHOSSLER, 2009; FOSSUM et al. 2005).
Segundo Barbosa (2008), Barbosa & Schossler (2009) e Barros (2009), a
inserção de pino transacetabular através da cabeça e colo femorais, apresenta
prognóstico favorável, sendo que a complicação apresentada na inserção destes
pinos seria com relação a sua quebra ou penetração, ou uma futura re-luxação da
articulação.
Barbosa & Schossler (2009) relatam a eficiente da capsulorrafia em 72,7% dos
casos empregados.
2 OSTEOARTRITE TÁRSICA
Segundo Melo, Ferreira e Flório (2008) e Oliveira (2008), a osteoartrite társica
também denominada esparavão ósseo, é uma forma de artrite proliferativa e
anquilosante, se caracterizando como uma doença articular degenerativa como cita
Fantini (2010), constituindo em um dos tipos mais comuns de artrite tanto em seres
humanos como em animais, possuindo alta prevalência em equinos que apresentam
claudicação.
2.1 Etiologia
A osteoartrite társica é uma artropatia comum em equinos utilizados para
provas de salto, apartação, vaquejada e em animais de tração. É uma afecção
comumente descrita em equinos adultos, contudo já foi relatada em animais jovens
submetidos a exercícios intensos (FANTINI, 2010; MELO, FERREIRA & FLÓRIO,
2008).
Desta forma, apesar da etiologia da osteoartrite não ser esclarecida, algumas
teorias têm sido propostas para explicar a origem e desenvolvimento deste
processo, sendo elas: má-conformação do tarso, sobrecarga no osso subcondral,
instabilidade articular, processo de sinovite-capsulite, distúrbios nutricionais,
hereditariedade, estresse mecânico intenso, repetitivo e/ou excessivo e
traumatismos de origem direta ou indireta que promovam movimentos “anormais” e
exagerados sobre a articulação, o que produz uma intensa compressão e
sucessivas rotações dos ossos társicos (FANTINI, 2010; MELO, FERREIRA &
FLÓRIO, 2008; OLIVEIRA, 2008).
No entanto, independentemente do insulto inicial, aparentemente a osteoartrite
consiste em um processo desencadeado por uma cascata de eventos bioquímicos
mediados por citocinas, enzimas proteolíticas e outras substâncias proinflamatórias
como prostaglandinas, leucotrienos e óxido nítrico (FANTINI, 2010).
2.2 Anatomia Relevante
O tarso ou jarrete do cavalo é formado geralmente por seis ossos curtos,
porém em algumas particularidades pode ser composto por sete ossos, distribuídos
em duas fileiras, uma proximal e outra distal (GETTY, 2008).
O talo ou osso tarso tibial é o osso medial da fileira proximal, sendo que sua
tróclea articula-se com a superfície troclear distal da tíbia formando a articulação
tíbiotársica ou tarsocrural. Sua face distal articula-se com o osso central do tarso,
enquanto sua face plantar apresenta quatro facetas para articulação com o
calcâneo. Em sua face medial, proximalmente existe uma pequena tuberosidade
onde se insere o ligamento colateral medial da articulação do jarrete, e em sua face
lateral uma fossa rugosa permite a inserção do ligamento colateral lateral (GETTY,
2008; SICURO, 2010).
O calcâneo ou osso tarso fibular é o maior osso do jarrete. Proximalmente, por
ser mais alargado forma a tuberosidade do calcâneo, onde em sua face plantar
insere-se o tendão gastrocnêmico, e dorsalmente insere-se um de cada lado, os
tendões dos músculos flexor digital superficial, bíceps, femoral e semitendinoso. Sua
face distal articula-se ao quarto osso tarsiano, enquanto sua face medial apresenta
um processo, o sustentáculo do talão, que dorsalmente se articula através de uma
faceta com o tarso tibial, e esporadicamente se articula distalmente ao osso central
do tarso. Sua face plantar, junto a face medial lisa do corpo formam um sulco para o
tendão do músculo flexor digital profundo, enquanto em sua face medial o ligamento
colateral medial se insere devido a presença de uma proeminência. Centralmente, o
processo coracóide se projeta possuindo facetas medial e distalmente para
articulação com o tarso tibial. Sua borda plantar é rugosa para a inserção do
ligamento plantar longo (GETTY, 2008).
O osso central do tarso articula-se proximalmente ao tarso tibial e distalmente
ao terceiro tarsiano e aos primeiro e segundo tarsianos, e lateralmente apresenta
facetas para articulação com o quarto tarsiano (GETTY, 2008).
No cavalo, o primeiro e segundo tarsianos geralmente encontram-se
fusionados, sendo o menor dos ossos do tarso, onde em sua face medial uma
convexidade dá inserção ao ligamento colateral medial, e uma impressão permite a
inserção do tendão medial do músculo tibial cranial. Já em sua face proximal duas
facetas permitem a articulação com o osso central do tarso e sua face distal articula-
se ao grande metatarsiano e ao pequeno metatarsiano medial (GETTY, 2008).
O terceiro osso tarsiano apresenta formato triangular articulando-se
proximalmente com o osso central e distalmente apoiado pelo grande metatarsiano.
Lateralmente possui duas facetas para articulação com o quarto tarsiano (GETTY,
2008).
O quarto osso tarsiano é cuboide sendo o osso lateral da fileira distal. Sua face
proximal se articula ao calcâneo e ao tarso tibial. Apoia-se distalmente sobre o
grande metatarsiano e sobre o pequeno metatarsiano lateral. Dorsoplantarmente é
dividido por um sulco, que pela aposição de ossos adjacentes formam o canal do
tarso, por onde passa o vaso perfurante proximal, e em sua face plantar apresenta
uma tuberosidade onde se insere o ligamento plantar longo (GETTY, 2008).
A articulação társica ou do jarrete é uma articulação composta sendo formada
basicamente por quatro articulações: tibiotársica (tarsocrural); intertársica proximal;
intertársica distal, e tarsometatársica. A articulação tarsocrural é um gínglimo típico,
a qual fundamentalmente promove os movimentos de flexão e extensão da
articulação társica, enquanto as articulações entre os pequenos ossos társicos, e
entre estes e o metatarso são do tipo planas, e pouco significativos para a
movimentação da articulação como um todo (FANTINI, 2008; MELO, FERREIRA &
FLÓRIO, 2008).
Os músculos desta região recobrem quase toda a tíbia. O músculo extensor
longo dos dedos se origina na fossa extensora do fêmur, se inserindo no processo
extensor da falange distalmente, e dorsalmente nas extremidades proximais das
falanges proximal e média, sendo limitado caudalmente pelo músculo extensor
lateral dos dedos e nervos fibulares superficial e profundo, e dorsalmente pela
articulação tarsocrural. O músculo extensor lateral dos dedos situa-se lateralmente a
perna, se originando do ligamento colateral lateral e do ligamento interósseo, se
inserindo através do tendão do músculo extensor longo dos dedos. O músculo
fibular terceiro consiste em um forte tendão que se origina na fossa extensora do
fêmur, assim como o músculo extensor longo dos dedos, se inserindo por um ramo
na extremidade proximal do terceiro metatársico e terceiro társico, e pelo outro no
calcâneo e quarto osso társico. É mecanicamente responsável pela flexão do jarrete,
sendo cruzado cranialmente pelos vasos tibiais. O músculo tibial cranial se inicia no
côndilo e nas tuberosidades laterais da tíbia se continuando distalmente até acima
do jarrete, onde se inicia o tendão de inserção, que passará através do fibular
terceiro e se dividirá em um grande ramo dorsal e um menor medial, que se inserirão
na crista dorsal do grande metatársico e no primeiro osso társico. O tendão cuneano
é o ramo medial, que passa obliquamente sobre as articulações intertarsiana distal e
tarsometatarsiana, sendo também um músculo responsável pela flexão da
articulação do jarrete. Estes grupos musculares crânio-laterais são irrigados pela
artéria tibial cranial e o suprimento nervoso é realizado pelo nervo fibular (GETTY,
2008; HENDRICKSON, 2010).
O grupo muscular caudal compreende os seguintes músculos: músculo tríceps
sural que engloba o músculo gastrocnêmio e músculo sóleo. O 1º se origina
lateralmente na tuberosidade supracondilóide lateral, e medialmente na
tuberosidade supracondilóide medial, e se insere na tuberosidade calcânea, sendo
responsável pela extensão do jarrete e flexão do joelho, sendo limitado cranialmente
pela articulação do joelho, músculo poplíteo, músculo flexor profundo dos dedos,
vasos popliteais e nervo tibial, sendo que os dedos linfáticos poplíteos situam-se
proximalmente. Sua irrigação é realizada pela artéria poplítea e pela femoral caudal.
O 2º é muito pequeno situado lateralmente ao anterior, se originando na cabeça da
fíbula e se inserindo no tendão do músculo gastrocnêmio, sendo irrigado pela artéria
tibial caudal e pela poplítea. O músculo flexor superficial dos dedos consiste
praticamente em um tendão forte, que se origina na fossa supracondilóide do fêmur
e se insere através de um ramo na tuberosidade calcânea e nas eminências da
falange média e da falange proximal plantar. Junto a outros músculos é responsável
pela extensão da articulação do jarrete, se limitando cranialmente com o músculo
poplíteo, com o músculo flexor profundo dos dedos e com os vasos poplíteos, e
medialmente com o nervo tibial, sendo que seu suprimento sanguíneo é realizado
pela artéria femoral caudal e pela poplítea. O músculo flexor profundo dos dedos
está dividido em três posições, que se unem em um tendão e se inserem na linha
semilunar adjacente a cartilagem da falange distal, promovendo a flexão do dígito e
a extensão da articulação do jarrete, sendo irrigado pela artéria tibial caudal. O
músculo poplíteo é um músculo triangular que se origina no epicôndilo lateral do
fêmur, podendo se inserir em diferentes pontos da tíbia, sendo irrigado pela artéria
poplítea e pela tibial caudal. A inervação de todos os músculos é realizada pelo
nervo tibial (GETTY, 2008).
2.3 Diagnóstico
O sinal clínico característico da osteoartrite társica é o aumento de volume na
face ântero-medial do tarso, entretanto alguns animais podem não apresentar este
sinal clínico. Durante a locomoção, na fase aguda, os equinos afetados podem
apresentar claudicação que melhora com o exercício, entretanto na fase crônica, a
claudicação tende a se agravar com exercícios, sendo que progressivamente,
devido a uma combinação de fatores como dor, sinovite, edema, proliferação óssea,
fibrose peri-articular progressiva e degeneração da cartilagem articular, o equino
apresenta uma limitação na extensão da movimentação do membro pela diminuição
da flexão da articulação társica, o que resulta na redução da amplitude do passo
pelo flerte espasmódico da articulação. O casco pode apresentrar desgaste anormal
na face lateral devido ao tipo de apoio adotado durante a locomoção (MELO,
FERREIRA & FLÓRIO, 2008; OLIVEIRA, 2008; SICURO, 2010).
Várias práticas diagnósticas podem ser aproveitadas para a identificação da
osteoartrite, entre elas estão o teste de flexão do jarrete, desgaste da pinça,
bloqueio do nervo tibial caudal e fibular profundo com anestésico local, entretanto,
este é não um método muito preciso, já que pode ocorrer o bloqueio de outras
regiões, o que pode interferir no resultado final. Na prova do esparavão, a
articulação társica será mantida flexionada forçadamente durante um a dois minutos,
o que poderá intensificar a claudicação no animal com osteoartrite társica. Porém, a
claudicação resultante com este teste pode ser fruto de alguma alteração na
articulação femorotíbio-patelar e, eventualmente coxofemoral, o que também pode
atrapalhar na conclusão diagnóstica (OLIVEIRA, 2008; SICURO, 2010).
Contudo, exames radiográficos são os métodos mais utilizados para o
diagnóstico da osteoartrite társica, onde várias projeções podem ser adotadas para
a avaliação como: dorso-plantar (ou ântero-posterior), látero-medial, dorso lateral
plantaromedial oblíqua, dorsomedial, plantarolateral oblíqua e látero-medial
flexionada, onde as duas primeiras projeções são as mais empregadas nos exames
de rotina. Radiograficamente, pode-se observar redução dos espaços articulares
intertársicos, osteófitos periarticulares, esclerose, rarefações cistiformes, osteítes
rarefacientes ou periostites, anquilose do terceiro osso társico em sua face medial,
do társico central e da região proximal do terceiro osso metatársico, junto a sua face
medial, colapso dos ossos central e terceiro do tarso e fraturas. Raramente as
lesões osteíticas atingem a superfície articular do calcâneo ou o quarto tarsiano
(FANTINI, 2010; OLIVEIRA, 2008; SICURO, 2010).
Tomografia computadorizada, ressonância magnética, e a cintilografia, são
modalidades mais modernas que também podem ser empregadas no diagnóstico da
osteoartrite, podendo ser capazes de apontar precocemente alguns tipos de lesões,
principalmente no exame de regiões mais distais do membro (SICURO, 2010).
2.4 Tratamento
2.4.1 Tratamento não-cirúrgico
Existem terapias para o tratamento da osteoartrite társica, entretanto muitos
cavalos afetados se tornam resistentes a estas terapias, continuando claudicantes.
Além disso, sua evolução provavelmente resultará em uma anquilose, sendo assim,
o tratamento medicamentoso é apenas paliativo, consistindo em repouso, associado
a antiinflamatórios intra-articulares (esteróides) ou fenilbutazona endovenosa,
devendo haver acompanhamento veterinário, devido aos inconvenientes do uso de
corticóides e do retorno precoce dos sinais clínicos após a interrupção do tratamento
medicamentoso. (OLIVEIRA, 2008; SICURO, 2010).
2.4.2 Tratamento cirúrgico
Segundo Oliveira (2008) e Sicuro (2010), o tratamento cirúrgico apresenta os
resultados mais satisfatórios, onde a tenectomia do tendão cuneano foi a técnica
cirúrgica escolhida para ser descrita.
2.4.2.1 Anestesia e preparação cirúrgica
Este procedimento pode ser realizado com o animal em estação e com
infiltração de anestésico local ou com o animal em decúbito sob anestesia geral. Na
1ª sugestão de protocolo anestésico, o membro é tricotomizado, limpo e lavado,
sendo que o campo delimitado para a infusão anestésica é feita em forma de “U”
invertido, dorsalmente ao local da incisão, onde o anestésico pode ser aplicado
acima e abaixo do tendão e na bolsa cuneana para promover sua distensão. Pode
ser necessária a tranquilização ou o cachimbamento do animal para a aplicação do
anestésico. Posteriormente a assepsia do local deve ser realizada antes do
procedimento cirúrgico (HENDRICKSON, 2010).
2.4.2.2 Técnica Cirúrgica
A incisão é feita através da pele, dos tecidos subcutâneos e sobre o tendão
cuneano, de forma com que se exponha este. Os tecidos podem ser incididos
verticalmente, perpendicularmente ao tendão cuneano, o que permite uma certa
margem de erro, ou a incisão pode ser realizada paralelamente às fibras desse
tendão, entretanto o cirurgião deve estar certo do local da incisão, pois não poderá
modificar a incisão para vertical (HENDRICKSON, 2010).
Após a incisão, um par de pinças é disposto sob o tendão cuneano, emergindo
pela borda proximal do tendão, sendo incidido neste ponto, onde a parte distal é
pinçada e retirada (HENDRICKSON, 2010).
Tendo retirado o máximo possível do tendão distalmente, a pele é sutura
adotando-se como padrão pontos interrompidos simples ou o padrão vertical de
colcheiro, onde fio sintético monofilamentar inabsorvível é o recomendado. Se o
protocolo anestésico adotado for a anestesia geral do animal, os tecidos
subcutâneos podem ser suturados com fio absorvível antes do fechamento da pele.
(HENDRICKSON, 2010).
2.4.2.3 Conduta pós-operatória
Devem ser administrados medicamentos antitetânicos, e antibióticos com
frequência esporádica. O membro deve ser envolvido com ataduras, onde a que
manter contato com a incisão não deve ser aderente, enquanto a externa deve ser
elástica e aderente, não se estendendo acima da articulação do jarrete e mantida
por 10 dias, sendo que o animal voltará a se exercitar normalmente quando as
suturas forem retiradas (HENDRICKSON, 2010).
2.4.2.4 Complicações e prognóstico
A eficácia deste tratamento é discutível, entretanto em equinos com osteoartrite
distal do tarso, a técnica foi satisfatória. Uma complicação observada no pós-
cirúrgico é o aumento do tecido mole no local (HENDRICKSON, 2010).
3 OSTEOCRONDRITE DISSECANTE DO JARRETE
A osteocondrite dissecante é uma manifestação da osteocondrose sendo uma
entidade artrítica importante nos cavalos. A osteocondrite dissecante é
provavelmente a doença ortopédica mais importante dos cavalos jovens e atletas,
que traz principalmente prejuízos financeiros, por afetar diferentes articulações com
grande incidência na soldra, jarrete, boleto e paleta (CRUZ, 2011).
É uma doença onde a cartilagem do crescimento começa a se separar do osso
subcondral, o que gera fragmentos cartilaginosos ou osteocondrais que irritam as
superfícies articulares (CRUZ, 2011).
3.1 Etiologia
Segundo Cruz (2011), a osteocondrite dissecante é uma doença de
mecanismos ainda não claramente esclarecidos, sendo que sua incidência está
relacionada especialmente a potros jovens de todas as raças que apresentam
crescimento rápido, onde pesquisas tem apontado uma etiologia multifatorial,
estando ligada principalmente a uma dieta alimentar desequilibrada, especialmente
aquelas ricas em proteínas, energia, cálcio, fósforo, etc. Além deste fator, outros
mais podem ser citados, que em conjunto levam ao desenvolvimento desta doença,
são eles: distúrbio na ossificação endocondral e espessamento da cartilagem
articular, traumatismos, excesso de peso corporal, predisposição genética,
exercícios em excesso ou a falta destes, influências hormonais, estresse mecânico,
defeitos na vascularização, fatores endócrinos, entre outros.
3.2 Anatomia Relevante
Descrito no tópico 2.2.
3.3 Diagnóstico
Geralmente a lesão se desenvolve no primeiro ano de vida do potro, e seus
sinais clínicos são notados entre os 4 meses e 2 anos de idade, entretanto, os
animais podem apresentar um quadro assintomático (CRUZ, 2011).
Entre os sinais clínicos mais comuns da osteocondrite dissecante na
articulação tibiotársica, pode-se destacar a efusão articular, ou seja, o acúmulo de
líquido na articulação causado pela presença de fragmentos cartilaginosos ou
osteocondrais que atuam como fatores irritantes e promovem este quadro (CRUZ,
2011).
A presença de claudicação é um fator discutível, sendo geralmente mais
observado em animais que estão sendo submetidos a treinamentos. Entretanto, esta
observação não é unânime, já que a articulação tibiotársica por apresentar alta
mobilidade e grande capacidade de distensão, pode ter a presença de líquido
articular em grande quantidade e não sinalizar através de claudicação, podendo
evoluir para uma osteoartrite se não for tratada (CRUZ, 2011).
O diagnóstico é realizado através da análise dos sinais clínicos, onde com o
auxílio de exames radiológicos, pode-se chegar a conclusão do quadro, delimitando
sua abrangência nas articulações e observando as alterações que a osteocondrite
possa ter causado. Exames ultrassonográficos apresentam uma eficiência maior na
detecção de lesões não mineralizadas (CRUZ, 2011).
3.4 Tratamento
3.4.1 Tratamento não-cirúrgico
Segundo Cruz (2011), o repouso, o exercício controlado e a terapia intra-
articular, podem até trazer algum resultado, porém se não houver a retirada do
fragmento osteocondral do interior da articulação a osteocondrite dissecante pode
evoluir para uma doença degenerativa.
3.4.2 Tratamento cirúrgico
Nas literaturas consultadas o tratamento para osteocondrite consiste
basicamente na intervenção cirúrgica para a retirada dos fragmentos da articulação,
visto que a permanência pode facilitar uma possível evolução para osteoartrite
(CRUZ, 2011).
Vaz et al. (2008) descreve uma técnica de refixação do fragmento osteocondral
ou cartilaginoso no local de onde foi originado. Apesar da cirurgia apresentar riscos
de graves sequelas, especialmente em casos onde o fragmento fica muito tempo
solto no interior da articulação, o autor acredita que os benefícios que ela pode
oferecer caso detectado o fragmento precocemente são bem maiores a ponto de
evitar uma degeneração articular.
Vilela (2008) descreve a eficácia do implante de ouro no tratamento de diversas
doenças, uma delas a osteocondrite dissecante. Estes fragmentos de ouro seriam
implantados em pontos de acupuntura promovendo a estimulação destes pontos por
um longo período de tempo, promovendo um alívio da dor no local implantado,
prevenindo alterações artríticas adicionais na articulação.
Entretanto, o método mais utilizado e mais eficiente para o tratamento da
osteocondrite dissecante é a artroscopia, que foi a técnica escolhida para ser
descrita (CRUZ, 2011).
3.4.2.1 Anestesia e preparação cirúrgica
Joglar (2011) relata a realização de procedimentos artroscópicos em equinos,
em sua grande maioria, com o animal sob anestesia geral, sendo que segundo a
autora, o decúbito dorsal do animal promove uma redução hemorrágica. Entretanto,
segundo Garcez, Paula & Miranda (2011) para a artroscopia pode ser adotado tanto
o decúbito dorsal quanto o lateral, sendo que o posicionamento adotado dependerá
do membro operado.
Gomes & Alvarenga (1998) relataram a realização do procedimento com a
adoção do seguinte protocolo anestésico: como MPA administrou-se acepromazina
por via intravenosa, e a indução foi realizada 10 minutos após a MPA com éter
gliceril guaiacol diluído em solução glicofisiológica e administrado rapidamente pela
via intravenosa. Após relaxamento muscular foi injetado tiopental sódico por via
intravenosa, posicionou-se o animal para a intubação endotraqueal, sendo que a
sonda foi previamente lubrificada com lidocaína viscosa. A manutenção anestésica
foi realizada com halotano em um circuito circular com reinalação. Previamente a
cirurgia, os animais foram mantidos em jejum alimentar de 24 horas e hídrico de 12
horas.
Garcez, Paula & Miranda (2011) sugerem o corte dos pelos previamente a
cirurgia, realizando um amplo campo cirúrgico, sendo que no dia da cirurgia, deve
ser feita uma nova raspagem, seguindo os padrões de assepsia da rotina cirúrgica.
3.4.2.2 Técnica cirúrgica
O procedimento cirúrgico é iniciado com a retirada do líquido sinovial da
cápsula articular, para a injeção de uma solução eletrolítica balanceada e estéril, que
o volume aplicado varia entre as literaturas. A injeção desta solução promoverá a
expansão da cápsula articular, o que facilitará a inserção do artroscópio na incisão
realizada na cápsula. A solução eletrolítica é bombeada através da válvula de
entrada de fluídos da bainha do artroscópio, de forma que vá removendo qualquer
material presente no interior desta e mantendo a expansão da mesma, durante a
sua visualização (GARCEZ, PAULA & MIRANDA, 2011; GOMES & ALVARENGA,
1998).
São realizadas duas incisões para o acesso intra-articular. A primeira na parte
mais proximal da expansão da cápsula articular onde foi inserido o artroscópio; e a
segunda incisão é realizada próxima ao local de lesão articular para a inserção do
instrumental. Desta forma o artroscópio e o instrumental operam por vias de acesso
separadas (GARCEZ, PAULA & MIRANDA, 2011; GOMES & ALVARENGA, 1998).
Ao final do procedimento cirúrgico é inserida uma cânula de saída na via de
acesso do instrumental, assim os resíduos são aspirados pela ação da pressão
interna exercida pelo sistema de irrigação. Deve ser realizada uma radiografia pós-
cirúrgica para confirmar a correção da lesão. A síntese da pele pode ser realizada
com fio de inabsorvível, monofilamentoso, 2.0 agulhado (GARCEZ, PAULA &
MIRANDA, 2011; GOMES & ALVARENGA, 1998).
3.4.2.3 Conduta pós-operatória
Garcez, Paula & Miranda (2011) e Gomes & Alvarenga (1998) sugerem a
aplicação de curativo no pós-cirúrgico, que deve ser trocado diariamente, exceto nas
72 primeiras horas após o procedimento, período este que deve ser administrado
antibiótico de amplo espectro e antiinflamatórios não-esteroidais. Os pontos podem
ser retirados após 10 dias à cirurgia.
Além disso, como possui uma etiologia multifatorial, sugere-se a correção da
dieta deste animal, visto que distúrbios alimentares e minerais podem ser fatores
causadores da osteocondrite dissecante (CRUZ, 2011).
2.4.2.4 Complicações e prognóstico
O prognóstico pode ser favorável principalmente em animais jovens, entretanto,
o dano articular, a articulação afetada e as atividades realizadas pelo animal podem
interferir em cada prognóstico. Por esse motivo, o acompanhamento diário dos
animais por pessoas que possuam experiência, juntamente com um médico
veterinário é importante, já que qualquer alteração detectada precocemente poderá
ser resolvida mais facilmente, o que pode diminuir o prejuízo financeiro na criação
(CRUZ, 2011; JOGLAR, 2011).
As complicações na artroscopia não são frequentes, sendo que a incidência de
complicações graves equivale a menos de 1 %. Entretanto, infecções, distensões ou
sinovites podem ocorrer caso não for realizada e mantida uma assepsia do local.
Permanência de fragmentos, capsulite, osso neoformado ou mineralização de
tecidos moles são eventualidades que podem ocorrer (GARCEZ, PAULA &
MIRANDA, 2011; JOGLAR, 2011).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA, Anna Laeticia da Trindade. Recuperação funcional coxo-femoral pós-operatória em cães: estudo clínico e biomecânico. Disponível em: <http://coralx.ufsm.br/ppgmv/dissertacoes/Anna%20Laeticia.pdf>. Acesso em 4 nov 2012.
BARBOSA, Anna Laeticia da Trindade; SCHOSSLER, João Eduardo Wallau. Luxação coxofemoral traumática em cães e gatos: estudo retrospectivo (1997-2006). Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/cr/v39n6/a225cr575.pdf>. Acesso em 31 out 2012.
BARROS, Luciano Pereira de. Estudo experimental e comparativo entre as técnicas de pino em cavilha com fio fluorcarbono monofilamentar e colocefalectomia para estabilização coxofemoral em cães. Disponível em: <http://www.fcav.unesp.br/download/pgtrabs/cir/m/3796.pdf>. Acesso em: 4 nov 2012.
CRUZ, Rodrigo Silvério Ferreira da. Tratamento cirúrgico da osteocondrite dissecante em equinos: estudo retrospectivo e análise crítica. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/10/10137/tde-07032012-150325/pt-br.php>. Acesso em: 4 nov 2012.
FANTINI, Priscila. Avaliação toracolombar em equídeos de tração: estudo clínico, termográfico e ultrassonográfico. Disponível em: <http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/BUOS-8TXHPU/teste_dissertacao.pdf;jsessionid=C24FBC5006EFE9A4E2E4272795C66446?sequence=1>. Acesso em: 2 nov 2012.
FOSSUM, Theresa Welch et al. Cirurgia de pequenos animais. 2 ed. São Paulo: Roca, 2005. 1095 – 1101 p.
GARCEZ, Arnaldo Junior; PAULA, Breno Carvalho de; MIRANDA, Carla Aline Marques. Cirurgia artroscópica no cavalo atleta. Disponível em: <http://www.utp.br/medicinaveterinaria/jornadaacademica/CIRURG_ARTROSC.pdf>. Acesso em: 4 nov 2012.
GETTY, Robert. Sisson & Grossman: anatomia dos animais domésticos. 5 ed. 1 v. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.
GETTY, Robert. Sisson & Grossman: anatomia dos animais domésticos. 5 ed. 2 v. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.
GOMES, Thiago Luiz Salles; ALVARENGA, José. Avaliação do desempenho atlético de equinos Puro-Sangue Inglês após cirurgia via artroscópica para tratamento de fraturas do osso carpo-radial. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/bjvras/v35n2/35n2a08.pdf>. Acesso em: 4 nov 2012.
HENDRICKSON, Dean A. Técnicas cirúrgicas em grandes animais. 3 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. 113 – 118 p.
JOGLAR, Filipa Varela de Almeida. Contribuição para o estudo da utilização da artroscopia em equinos em Portugal: Estudo de 50 casos. Disponível em: <https://www.repository.utl.pt/bitstream/10400.5/3518/1/Contribui%C3%A7%C3%A3o%20para%20o%20estudo%20da%20utiliza%C3%A7%C3%A3o%20da%20artroscopia%20em%20equinos%20em%20Portugal.pdf>. Acesso em: 4 nov 2012.
MELO, Ubiratan Pereira de; FERREIRA, Cíntia; FLÓRIO,Rafael Carvalho. Luxação da articulação intertársica proximal em equino: relato de caso. Disponível em: <http://www.sumarios.org/sites/default/files/pdfs/1000-3432-1-pb.pdf>. Acesso em 2 nov 2012.
MURAKAMI, Vanessa Yurika et al. Luxação coxofemoral traumática em cão – relato de caso. Disponível em: <http://www.revista.inf.br/veterinaria18/relatos/RL09.pdf>. Acesso em: 4 nov 2012.
OLIVEIRA, Carlos Eduardo Fernandes de. Afecções locomotoras traumáticas em eqüinos (Equus caballus, LINNAEUS, 1758) de vaquejada atendidos no Hospital Veterinário /UFCG, Patos – PB. Disponível em: <http://www.cstr.ufcg.edu.br/mono_mv_2008_2/monogr_carlos_eduardo_fernandes.pdf>. Acesso em 2 nov 2012.
SIA, D. B. et al. Comparação entre a técnica de substituição do ligamento redondo por implante de fascia lata bubalina preservada em glicerina e o uso de pino transarticular na redução e na estabilização da luxação coxofemoral experimentalmente induzida em cães. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/abmvz/v61n4/v61n4a09.pdf>. Acesso em: 4 nov 2012.
SICURO, Rafael Nerone. Trabalho de conclusão de curso - Clínica odontológica e ortopedia de equinos. Disponível em:
<http://tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/08/CLINICA-ODONTOLOGICA-E-ORTOPEDIA-DE-EQUINOS.pdf>. Acesso em: 2 nov 2012.
VAZ, Carlos Eduardo Sanches et al. Fixação interna de fragmento osteocondral originado de osteocondrite dissecante do joelho. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/aob/v16n4/v16n4a12.pdf>. Acesso em: 4 nov 2012.
VILELA, Priscilla Manfrin Padua. Implante de ouro na acupuntura veterinária. Disponível em: <http://www.institutojp.com.br/monografias/IMPLANTE_DE_OURO_Pri.pdf>. Acesso em: 4 nov 2012.